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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO-UNIVASF

CAMPUS SERRA DA CAPIVARA


DISCIPLINA: PRÉ- HISTÓRIA DO NOVO MUNDO
CURSO: ARQUEOLOGIA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL
DOCENTE: GUSTAVO NEVES DE SOUZA
DISCENTE: LYVIA BASTOS RIBEIRO LYRA

Resenha: Cultura Clóvis e Folsom

Diante ao povoamento da América surgem várias teorias sobre os primeiros colonizadores e a sua
chegada no continente. Muitos pesquisadores acreditam que depois de deixar a África, onde surgiu
cerca de 200.000 a 100.000 anos atrás, o Homo sapiens começou a dispersar seus territórios e
colonizar novas terras, adaptando-se a novas regiões com diferentes climas e recursos naturais,
deixando vestígios por onde passavam sendo encontrados sítios arqueológicos em maior número na
Europa, Ásia e Oceania do que na América do Norte, Central e do Sul que também são mais recentes.
Nos sítios citados existe uma certa distância entre o local das matérias primas e o local onde os
artefatos foram encontrados, distâncias entre 320 e 480 km o que demonstra como eles realmente
tinham uma grande capacidade de se deslocarem por longas distâncias e vale lembrar que apesar da
mudança nos tipos de rocha a fabricação de ferramentas seguiam o mesmo padrão.

No momento em que os primeiros humanos conquistavam o mundo, a Terra enfrentava um longo


período glacial, e com isso as temperaturas caíram e as geleiras avançaram nas regiões mais frias e
isso impedia o deslocamento através de algumas rotas e isso deixou a costa noroeste do continente
norte-americano como sendo uma alternativa possível para essa dispersão, levando em direção ao
Estreito de Bering a porta de entrada para as Américas, sendo essa a teoria mais aceita entre a
comunidade cientifica, onde a chegada no continente teria acontecido pela travessia de uma ponte
de gelo ou terras emersas na região do Estreito de Bering, entre onde hoje estão os Estados Unidos
e a Rússia. Estudos realizados indicam que naquele período o nível do mar estava aproximadamente
150 metros mais baixo do que atualmente, formando assim uma sólida faixa de gelo tornando assim
possível a passagem dos hominídeos naquela região. De lá, eles caminharam, movendo-se para o sul
por um corredor livre para o oeste do Canadá conforme a geleira recuou, tornando-se as primeiras
pessoas a colonizar a América.

A cultura Clóvis foi aceita até recentemente como colonizadora do Continente Americano, um dos
debates mais intensos sobre o surgimento do homem americano diz respeito ao tempo de sua
chegada ao continente. Até meados do século XX, os achados arqueológicos que ofereciam dados
mais antigos sobre a presença humana nas Américas derivaram de materiais encontrados no Novo
México, EUA. Nesse local é onde situa-se a “Cultura Clóvis”, assim batizada com o mesmo nome do
sítio arqueológico em que foram encontrados artefatos produzidos por pessoas que habitaram a
região entre 11.500 e 10.900 anos (13.325-12.975 anos calibrados) sendo o depósito de Clóvis o mais
antigo datado em 11.570 ± 70 BP, sendo Debert (Canadá) o mais recente, com uma data média de
10.590 ± 50 BP.

Esse grupo era formado por caçadores de grandes animais do Pleistoceno tardio, como mamutes e
mastodontes, que foram significativos em sua sobrevivência, como evidenciado pelo estudo de
culturas de materiais de Clóvis, onde esses grandes animais puderam ser identificados, podendo ser
abatidos por pontas de pedra lascada bastante afiadas, cuja técnica de produção permitiria que
fossem colocadas na ponta de um cabo.
O povo Clóvis tem potencialmente seus predecessores no Alasca, especificamente no Complexo
Nenana, 11.660 e 10.000 anos. A proveniência atribuída ao Nenana é devida a que já possuía pontas
triangulares e lanceoladas de base côncava, semelhante às pontas de Clóvis.

Apesar de haver várias pesquisas desenvolvidas sobre populações consideradas pré-clovis, ou seja,
outros grupos anteriores, a teoria mais aceita pela comunidade cientifica é o "Consenso de Clovis ",
devido à falta de fiabilidade das pesquisas desenvolvidas nessas regiões onde são apontadas
datações mais antigas.

Para falar sobre a cultura Folsom é preciso compreender que a cultura Clóvis, foi descoberta
posteriormente, porém ela é mais antiga. Nesse sentido é possível dizer que o termo Folsom foi
usado pela primeira vez no ano de 1927 por Jesse Dade Figgins diretor do Museu de História Natural
do Colorado apesar de ser descoberto anos antes, em 1908 por G. Mcjunkin. Seu nome vem do sítio
localizado na cidade de Folsom (Novo México) e é utilizado para especificar a cultura arqueológica
do paleo-americano que ocupava principalmente o centro da América do Norte.

No começo do século passado, houve uma forte tempestade que resultou em enchentes na cidade
de Folsom, no Novo México resultando na desorganização do solo e trouxe para superfície os ossos
de bisão gigante. Durante a escavação do local em 1927, foram encontrados material lítico associado
a ossos de bisão, o que mais chamou atenção foi um projétil entre as costelas de um búfalo, e
interpretaram que muito provavelmente o animal teria sido morto por caçadores. Então com isso
esse vestígio seria o primeiro indício de que havia hominídeos no continente americano em plena era
do gelo, sendo de grande importância para a aceitação e reconhecimento do povoamento humano
nas Américas.

Depois do aparecimento da datação por radiocarbono, os vestígios desse sítio foram datados em
pouco mais de 10 mil anos antes do presente e essa datação vai variar de acordo com o sítio mesmo
que a gente esteja falando da mesma tradição. Um material um pouco menor e mais refinado foi
encontrado perto de Folsom, que também é uma área do Novo México, e sempre parece estar
associado à captura de bisões, encontrados em estratos superiores à cultura Clovis, portanto, em um
contexto mais recente, data estão entre 10.000 e 10.800 BP. A matéria-prima encontrada em Folsom
é de qualidade superior à dos caçadores de Clovis, com materiais como sílex, jasper, calcedônia e
outras rochas de granulação fina que permitem um melhor controle de lascamentos. Embora a
coexistência de sociedades de caçadores-coletores e megafauna seja uma ideia abortada há muito
tempo, ela só veio ser amplamente aceita na década de 1930 pela comunidade arqueológica norte-
americana, e a descoberta perto de Folsom contribui para essa aceitação, já que os materiais líticos
tinham evidências de terem sido feitos por humanos e possuíam associação a restos de esqueletos
de uma espécie extinta de bisão.

O elemento característico da cultura é a ponta de Folsom executada aplicando pressão sobre uma
lâmina menor que Clovis. Possui base côncava e possui um sulco mais espaçoso, próximo à
extremidade distal da ponta, podendo envolver maior penetração. Junto com essas flechas veio uma
variedade de instrumentos que incluíam lascas, facas bifaciais muito finas, perfuradores, raspadores,
"trituradores", pedras abrasivas, núcleos em flocos, punções, vários pigmentos minerais e pedras
para triturar pigmentos. Assim como Clóvis, a caça é considerada o método mais utilizado de
obtenção de alimentos, seja individualmente ou por abate em massa. Sendo interpretado como
grupos de caçadores bem-sucedidos que tinham acampamentos temporários e organizavam suas
vidas em torno da caça de bisões. Com o passar dos anos de pesquisas sobre Folsom, a descoberta
de materiais líticos associados à megafauna tornou-se cada vez mais frequente. Esses sítios são
basicamente sítios de matança e descarnamento de caça de grande porte. Estando a cultura Folsom
sempre foi associada à captura de bisões.

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