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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA-UNIFOR
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – CCJ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO
CONSTITUCIONAL - PPGD
Tese de Doutorado em Direito Constitucional
Fortaleza-Ceará
Maio, 2014
SÍDNEY GUERRA REGINALDO
Fortaleza-Ceará
2014
R 335a Reginaldo, Sídney Guerra.
CDU 342.56
SÍDNEY GUERRA REGINALDO
Ao Professor Doutor Gustavo Raposo Pereira Feitosa, por ser este orientador
trabalho.
A todo o Corpo Docente do doutorado em Direito Constitucional da
(UNIFOR).
Muito obrigado!
Práticas de ativismo judicial, embora moderadamente
desempenhadas pela Corte Suprema em momentos
excepcionais, tornam-se uma necessidade institucional,
quando os órgãos do Poder Público se omitem ou retardam,
excessivamente, o cumprimento de obrigações a que estão
sujeitos, ainda mais se tiver presente que o Poder Judiciário,
tratando-se de comportamentos estatais ofensivos à
Constituição, não pode se reduzir a uma posição de pura
passividade. (Voto proferido pelo Min. Celso de Mello dos
direitos dos homoafetivos)
RESUMO
The current work is about the religious judicial activism on the decisions of the
Supremo Tribunal Federa (STF). On the develepment of this thesis, was
necessary to establish the conceptual aspects of the phenomenon called
Judical Activism differentiating it of the Judicialization of Politic Política,
approaching the confrotation between Law and Politics on the new public arena
(social networks) in permanent discussions about social transformations and
the constant seach of a stability society. The slowness of legislative power in
making and voting the laws that intend to follow the social dinamics of society
have influenced the judiciary power on their decisions that, interpreting the
constitutional norms, without taking over their competence, intend to give a
better guarantee to the fundamentals rights presented on the Federal
Constitution. The ascencion of human rights and liberalism made the judiciary
power leave some legal aspects to treat, in their judgments, relevant social
aspects, beyond the ordinary legal aspects. As a result, the Catholic Church
presence in Brazil, its social struggle, since its Discovery, have become a
constitutional conquest, including put its religious politics together with the
individual guarantee on the Federal Constitution. The objective here is to
approach the Catholic Church and the factors that give its religious activism on
the Supremo Tribunal Federal (STF) on the medical question of stem cell.
Le présent travail traite de l' activisme judiciaire religieuse dans les décisions de
la Cour suprême fédérale(STF). Pour le développement de la thèse était
nécessaire d'établir les aspects conceptuels du phénomène appelé l'activisme
judiciaire différencier de la judiciarisation du politique, traite de l' affrontement
entre le droit et la politique dans la nouvelle arène (réseaux sociaux ) dans les
débats publics permanents du changement social et la recherche constante
stabilisation d'une société. La lenteur du format législatif et vote sur les lois
visant à contrôler la dynamique sociale de la société a influencé le pouvoir
judiciaire dans la prise de décisions, l'interprétation des règles
constitutionnelles, sans usurper la compétence, visant à donner plus de droits
fondamentaux logés garantis par la Constitution fédéral en faveur de la
citoyenneté. Ce n'est pas une invasion de la politique du droit. La hausse des
droits de l'homme et le libéralisme fait à la magistrature de jeter de côté
certaines questions juridiques à traiter dans leurs décisions sur les aspects
sociaux pertinents au-delà des aspects purement juridiques. En conséquence,
la présence de l'Église catholique dans la vie politique au Brésil, la lutte sociale,
depuis sa découverte, est devenu un succès constitutionnel, même en
professant sa politique religieuse avec des garanties individuelles prévues par
la Constitution. Pour cela, il ya eu une approche de la participation de l'église et
les facteurs qui ont poussé l' activisme religieux dans la Cour suprême
fédérale(STF) sur la question des cellules souches génétiques.
INTRODUÇÃO ..................................................................................................14
1 O ATIVISMO JUDICIAL
2.4 Getúlio Vargas, o Estado Novo e a relação com a Igreja Católica .............96
CONCLUSÃO .................................................................................................185
REFERÊNCIAS ..............................................................................................206
INTRODUÇÃO
Esta expansão tem por base conferir à Constituição uma vis directiva na
ditadura militar.
Moderador, sua história seria marcada por conflitos políticos, para os quais é
participar das lutas políticas que se travam à sua volta e sofrendo suas
2007)
um papel ativo na esfera política brasileira. Ao longo dos anos que sucedem a
nas diversas constituições, tem sido palco de discussões com a doutrina cristã,
essa temática vem a demonstrar que a igreja também exerce um papel ativo e
demandadas no STF que tenham vié religioso nos últimos cino anos de 2008 a
2013. Para que este escopo seja alcançado, fez-se necessário a elaboração de
audiência pública.
Judicialização da Política.
jurídicos, que ocorrem nas redes sociais, como um novo palco ativista da
política brasileira.
a sua competência, vêm dar uma maior garantia aos direitos fundamentais
Política. A ascensão dos direitos humanos e o liberalismo que fizeram com que
dos Trabalhadores.
células-tronco.
1 O ATIVISMO JUDICIAL
Para tanto, basta observar a reforma do Judiciário por meio da Emenda n.°
judiciais.
nacionais e locais.
Commom Law, ou aqueles países que venham a dar vazão constitucional para
que a Corte Suprema atenda, por meio de suas decisões, os fins sociais e às
político ativo.
24
Thamy Pogrebinschi (2000, p. 2) prescreve que “o ativismo judicial
político.”
uma simples alternativa, mas, sim, em “um compromisso inadiável dos tribunais
Unidos e que foi empregada, sobretudo, como rótulo para qualificar a atuação
da Suprema Corte durante os anos em que foi presidida por Earl Warren, entre
1954 e 1969.
Todavia, depurada dessa crítica ideológica – até porque pode ser progressista
Esse termo, "ativismo judicial", foi criado por Arthur Schlesinger Junior,
por que de o termo ter uma atenção continuada. (FRANK B. CROSS &
toda a história. Desta forma, o ativismo judicial se mostra muito mais do que
permite aos juízes legislar “da sala de sessões”. A quarta, o distanciamento dos
common law, o afastamento dos precedentes judicias pelo julgador, seja das
(VALLE, 2009)
legislativa.
grande desafio aos juízes. O ativismo passa então a ser o novo desafio aos
juízes. A proximidade do Judiciário com o povo, por meio dos movimentos nas
de ação ou ainda por inércia legislativa, reside razão aos ativistas de provocar
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o Judiciário para que assuma o seu papel político social e resolva aquela
direta da regra, de forma positivada, sob o ponto de vista de seu regente, para
consideradas justas.
juízes responsáveis pelas inovações que a Suprema Corte dos Estados Unidos
apresentava. Essa foi a primeira vez que se ouviu esse termo, contudo, o
mesmo foi aceito pela doutrina que passou a se referir a este comportamento
produto resultante das discussões nas redes sociais, ou seja, o bem estar de
tempo, nas redes virtuais, hoje têm uma dinâmica, uma celeridade, muito maior
do que em outras épocas. Sem contar que atingem um número muito grande
para difundir e promover as suas ideias em conjunto com outras pessoas. Esse
processo politico sempre foi transformador, ainda mais agora sob as condições
da virtualidade real.
2005, p. 166)
partícipe no espaço social, seja ela representada por uma imagem ou mesmo
O que se torna ainda mais interessante é que, mesmo aquele, por algum
discutido.
hegemonia.
social, convém prevenir que se deve estar atento para o poder detido por
já que existe uma ligação das redes sociais em todas as dimensões, permitindo
um determinado país.
Portanto, não se pode se furtar que hoje a sociedade é uma rede global,
participar e dar a sua opinião nas discussões sobre uma determinada nação.
divulgadas quase que imediato nas redes sociais, assim, nesse espaço social
sociais e políticas nas praças virtuais, via de regra, traz o sentido de um critério
para definir o que é justo ou injusto, sob o ponto de vista de diferentes opiniões
sociais das redes virtuais ou midiáticas, contém uma outra divisão e encargo
que não pode e não deve ser ignorado nem em sentido cientifico ou extra
opinião pública.
critério a ser analisado pelo poder Judiciário, mesmo que seja por um
popular.
Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla
sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência
deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem
elementos das discussões políticas são comuns à todos. O próprio Juiz que
seu ponto de vista de casos que não tenha julgado ou mesmo ele próprio tenha
Trabalho.
sobre a decisão tomada contra si. Assim, passa ele a exercer o papel de
em principio articulador de sua discussão, ações ativas que existem para uma
justiça de troca. Cada cidadão contando o seu caso ou aquele que ouviu ser
certo ponto hoje sobre a influência religiosa. Mas não se deve ignorar esse
imparcial.
37
Como o Estado não pode existir sem magistrados e precisa de homens
estabilização da sociedade
sociedade sempre foi a tese defendida pelos políticos ao longo desses anos.
Com isso, a lentidão do Poder Legislativo em dar uma resposta mais imediata
principalmente, pelas constantes mudanças que ocorre nos fatos e nos direitos
Não se pode deixar de ser reconhecer que as lutas por novos direitos
suas decisões, devido às omissões por parte dos demais poderes públicos e,
sociais ou econômicas.
invalidou a lei de Nova York que discutia o impacto sobre a reforma trabalhista
tinham em comum era a vontade, pelo menos como percebidas por seus
ação, quer que seja o direito dos empregadores para definir o que quer que
40
condições eles entenderem para seus empregados ou o direito de uma mulher
de abortar um feto.
Apesar disso, Capelletti (1999, p. 102) ainda registra que, mesmo nos
ditames legais, no entanto, a própria lei é um mito, uma abstração, que deve
disso, a arte de traduzir a lei é sempre criativa, o que muda sao os graus dessa
criatividade.
consagradas.
âmbito interno de seu sistema, por força de sua organização e por conta da
políticas ou administrativas.
constitucional.
prática ativa do Judiciário que determinará o que de fato se deve cumprir à luz
"ativismo."
incompetência judicial. Assim, apesar de alguma ligação que fazem entre erros
à prática de julgar, assim, o termo deve ser ligada não apenas aos resultados,
julgamento competente.
dizendo que
no ativismo judicial:
realismo jurídico.
Arthur Schlesinger Jr. (Green, 2009, p. 52) dá conta que em um caso sobre os
direitos fundamentais dos negros. Faz uma citação elogiosa dizendo que a
emana do povo e por ele será exercido. Deve-se grande parte disso as redes
papel do Legislativo têm ocupado grande parte dos acessos nas redes sociais.
Sobre isso, Canivet (2006) traz uma abordagem partindo da ideia de que
reclamada pelos fatos sociais, decorrendo daí a procura pelo Judiciário a fim
sociais das futuras gerações, subsistindo uma assimetria desses fatos sociais
social.
fundamental para se ter uma prática ativista. Determinar o exato tipo de conflito
legislativa do Estado.
Estados Unidos e suas ações sobre as sociedade políticas disse que “não há
nenhum acontecimento político, por assim dizer, que não invoque a autoridade
do juiz e concluiu que, é claro, que nos Estados Unidos, o juiz é um dos
Montesquieu (1973, p. 160) quando disse que “os juízes de uma nação não
são, como dissemos, mas que a boca que pronuncia as sentenças da lei, seres
inanimados que não podem moderar nem sua força nem seu rigor”.
certo sentido, por vezes controverso, com uma visão mais politica do que legal,
para a justiça, como fruto de uma profunda mudança social”. Mas ele alerta,
substituindo o mundo político pelo jurídico que “a justiça não nos livrará
com isso um novo modelo cultural de fazer política pelo viés do judiciário, foi o
Executivo.
49
Este sistema organiza o seu próprio campo de atuação. Não se estar a
do principio de soberania legal: tudo o que leva a uma decisão torna-se legal.
O agir público deve, nesse caso, ser considerado, como mola propulsora
ativa dos grupos sociais, não apenas ocasionalmente, mas como participe ativo
direito.
aplicada ao caso.
está caminhando para uma integração, ou pelo menos uma maior aproximação
entre os poderes. Uma realidade que tem sido traduzida pelas constantes
Esta aproximação tem dois eixos principais que são, como o outro, um
chamados a decidir sobre medidas que deva ser ou foi analisada pelo
legislativo.
resultar desta nova exigência, e é por isso que os tribunais buscam para apoiar
reconhecidos.
sociedade.
É esta persistência que nos convida a avaliar o que parece ser uma de suas
mas não se pode ignorar que a busca de uma tutela jurisdicional, ou seja, a
temos.”
princípios a situações não previstas em leis. Ele cita como exemplo a fidelidade
democrático. A demanda para acabar com o troca-troca de partido, diz, não foi
os caminhos que deverá seguir a sociedade, diante dos fatos sociais que lhe
Constituição Federal.
social.
complementam.
assim submeter qualquer ofensa à Lei Maior à correção pelo Poder Judiciário.
estatais entre os Poderes em uma tênue separação funcional, visto que uma
não termina quando a outra começa ou esta não começa somente quando a
Uma postura ativista por parte do Supremo Tribunal Federal não viola a
produza efeitos práticos, o que gera uma vinculação direta à norma já existente
jurisdicional. Além da obrigação negativa ordenada a todos para que não viole
(1999, p. 385):
judicial.
da supremacia constitucional.
função atribuída pela Constituição e assim, que esta prevaleça e impere sobre
todos os Poderes.
judicial não viola o principio da separação dos poderes, e sim confere meio de
manifestado, mas se mostra inerte mesmo quando a inércia não lhe é uma
característica funcional.
regulamentado.
dos limites de decisão dos juízes e tribunais. Estes estarão sempre vinculados,
supremo.
desembarque cristão.
chegada dos jesuítas à então Terra de Santa Cruz quando fixaram uma cruz
madeira.
da terra descoberta.
Até mesmo onde a mão de obra não deixava espaço para a mão de
Deus, como nas minas, era construído um mosteiro. Era uma invasão romana.
estava perdendo a sua força, muito embora ainda resistia por conta de sua
secularização.
eleitos.
contextualizações diferentes.
por haver sido transportado da teologia para a doutrina do Estado, mas em sua
estrutura sistemática.
Hegel (1997, p. 233-234) por sua vez define as relações entre o Estado
si. A religião, conforme define Engels (1996, p. 136, tradução livre): “nada mais
é do que um reflexo fantástico nas mentes das pessoas das forças externas
que dominam sobre eles em seu cotidiano, uma reflexão em que as forças
príncipe de tais Estados deve ser, como no Estado Judaico, o Deus da religião,
69
o próprio jeová, ou então, como no Tibete, o representante desse Deus, o
dalai-lama.”
Para Philip Boobbyer (1995, p. 169, tradução livre): "na medida em que
tentavam exerce sobre o monarca. Tinha sim um projeto daquilo que seria um
porque pelo tamanho do território brasileiro, não havia ainda uma unidade
domínio cognitivo de Deus e sim da teologia civilis de origem estoica. Era uma
Mas o que estava mesmo por trás dessa discussão era a definição da
religioso do Legislativo.
explicar qual o modelo legislativo que seria adotado no Brasil, definido pela
Constituinte:
Igreja Católica e o Estado. Todos sabiam que d. Pedro não era um fiel seguidor
poder ao imperador.
71
Jorge Miranda (2000, p. 405) assevera que
quando se confundir com uma determinada religião.” Esse talvez poderia ser o
por ele proferidas não chegariam aos ouvidos dos “brasilianos”, mas as
1
A etimologia e o significado do termo grego leitourgia (do qual deriva nosso vocábulo
“liturgia”) são perspícuos. Leitourgia (de laos, povo, e ergon, obra) significa “obra pública” e
designa, na Grécia Clássica, a obrigação que a cidade impõe aos cidadãos possuidores de
certa renda de prover a uma série de prestações de interesse comum, que vão da organização
dos ginásios e dos jogos gímnicos (gymnasiarchia) à preparação de um coro para as festas da
cidade (chorēgia, a exemplo dos coros trágicos para as Dionisíacas), da aquisição de cereais e
óleos (sitēgia) a armar e comandar uma trirreme (triērarchia) em caso de guerra, de dirigir a
representação da cidade nos jogos olímpicos ou délficos (architheōria) ao adiantamento que os
quinze cidadãos mais ricos deviam pagar à cidade sobre as taxas de todos os cidadãos
tributáveis (proeisfora). Tratava-se de prestações de caráter tanto pessoal quanto real (“cada
um”, escreve Demóstenes, “liturgiza, seja com o próprio corpo, seja com as próprias
sustâncias”, “tois sōmasi kai tais ousiais lēitourgēsai”)[1], que, ainda que não fossem elencadas
entre as magistraturas (archai), faziam parte do “cuidado das coisas comuns” (“tōn koinōn
epimeleian”). (GIORGIO AGAMBEN, 2013, p. 12)
72
educacional muito grande, já que as escolas instaladas não representava
documento conciliar).
2
A eleição de Israel como “povo de Deus” constitui-o imediatamente na função litúrgica (o
sacerdócio é imediatamente régio, isto é, político) e santifica-o assim enquanto nação (o termo
normal para Israel não é goj, mas “am qados, laos hagios”: Dt 7,6) (GIORGIO AGAMBEN,
2013, p. 12)
73
Na noite da agonia, de 11 para 12 de novembro de 1823, a
Assembléia manteve-se, por proposta de Antônio Carlos, em sessão
permanente. Ao princípio da tarde do dia 12 era dissolvida por um
decreto em que o imperador declarava haver “convocado aquela
Assembléia a fim de salvar o Brasil dos perigos que lhe estavam
iminentes” mas, “que havendo ela perjurado na defesa da pátria e de
sua dinastia havia por bem dissolve-la.
Brasil. Todo o domínio deveria ser religioso. “O seu projeto, segundo afirmara
tinha a Igreja Católica na época do governo de seu pai (D. João VI).
que a religião católica seria a religião oficial do Estado, mas que não se poderia
sua comunidade política o faz por duas razões: primeira, porque é a religião da
no fato da religião reputada oficial ser aquela praticada pela maior parte da
população do país, ora na afirmação, por parte do Estado de que a religião por
ele reputada oficial é a única verdadeira, merecendo, pois, por conta de tal
por outro lado, malgrado assumam uma religião como oficial, toleram, em maior
representar perante o seu povo. À guisa desse ponto o Imperador será o guia
responsabilidade alguma”.
76
Como se observa a instituição do Imperador é sagrada porque é advinda
de Deus. O seu poder, no caso o poder político que lhe é concedido na terra, é
Imperador passa a ser o representante político de Deus. É ele quem vai cuidar
por último a Constituição e as demais leis. Ou seja, Deus e o seu poder político
político também.
Isso é retratado por Oliveira Viana (1999, p. 313) quando afirma que
A Igreja Católica tinha prestígio junto à esse novo contexto social que se
religião oficial do Estado com todas as benesses que o poder lhe resguardara,
decisões do Estado.
do Imperador e com isso todas as decisões que viesse a proferir, como Poder
Moderador, não poderiam ser questionadas, nem mesmo pela Igreja Católica.
dentro poder político do governo imperial. Era uma verdadeira queda de braço
maçonaria que por sua vez, após conceder o título de grão-mestre a D. Pedro
Eis um facto.
Nós, Bispos catholicos, por isso mesmo que o somos, devemos, pois,
aceitar esta lei, como todos os dogma e preceitos que constituem a
economia interna de nossa Igreja. Querer que fossemos Bispos
catholicos recusando crer nos dogmas da Santissima Trindade e da
Encarnação. não fora menos absurdo do que querer que o fossemos
negando um ponto da disciplina universal do Catholicismo.
4
O Bispo de Olinda e do Pará são obrigados pelo Império a revogar seus interditos, como eles
se negam acabam sendo presos
84
correspondia, no Império, à união entre o Estado e a Igreja romana: o poder
Para a Igreja, o balanço final era, de acordo com Beozzo (2005, p. 36),
cruzeiro em lugar público, de uma capela, não dispensava a licença que tinha
No período de D. Pedro II, sob o ponto de vista politico, o Brasil era uma
1958, p. 51)
Não se pode esquecer que muito disso se deu por força de uma política
Estado.
atividades do comércio.
bispos.
procissões que jamais poderiam ter conotações políticas, era, de fato, mera
observadora.
Por outro lado, a Igreja Católica não se aquilhava em ficar arredia aos
Com isso, a Igreja Católica, em seu culto missal, impunha ritos litúrgicos,
determinativa de um poder:
seu prestígio para encorajar os esforços dos politicos para trabalharem nesse
caminho de reformas graduais que deveriam serem feitas com prudência para
agricultura brasileira.
sempre e ainda uma vez, o Estado, com uma circunstância especial: a história
portuguesa conseguira, desde suas origens, vencer, vigiar, limitar o clero, mas
na Constituição Republicana
Era de fato o que se poderia dizer um Estado Laico. Tentava afastar de vez
90
qualquer influencia que pudesse a Igreja Católica exercer sobre o Governo ou
julho de 1915 a maio de 1916, ocasião que aproveitaria, segundo Ivã Lins, para
seria a primeira vez que ela enfrentava uma crise institucional e com certeza
Constituição de 1891.
92
Passou em determinados setores políticos, a privilegiar o dialogo nos
batina, sobretudo nas regiões pobres do Brasil. Foi nessas regiões que a Igreja
Católica começa nas paróquias a dar uma ênfase maior as festas religiosas
aproximando o povo da igreja. Com isso, vai aos poucos retomando o seu
rebanho.
naquele órgão.
desestruturada não tinha um projeto para ser reconhecida no país. Roma não
tinha força no Brasil. Portugal era quem poderia ainda ajudar fazendo uma
do Rio de Janeiro entre 1921 e 1930 que iria mudar a história da igreja política
políticos de Deus, por meio das cartas do apostolo Paulo, não tendo, portanto,
sociedade.
seguinte:
à proteção dos pobres, dos humilhados, dos presos, daqueles que estivessem
qualquer ato religioso e nem sequer frequentá-lo. Mas não havia como impedir.
Estado.”
laicas que eram associações de ajuda mútua. É aqui que a Igreja Católica
governamentais.
conforme explica Max Weber (1993, p. 199 - Tradução livre), “é uma qualidade
imperial.
parlamentar que dissera ser atéia a Constituição do Rio Grande, começa por
acrescentar: Deus é uma pura abstração mental com diferentes nomes, mas
Mas havia, por parte dos fieis, duvida quanto as intenções de Getúlio
de 1935 queria dominar as massas por meio do mito — em 1945 quer destruir
tamanha estrutura, pois estava passando por uma crise institucional financeira.
contribuíram para que a Igreja Católica voltasse a assumir o seu papel político
naquela época, além disso, queria, de fato, deixar o regime teológico político
forte, perene, assumindo todo o controle estatal para impor as leis de Cristo
sob a égide do Papa Pio XI, privantando a religião no Estado, inclusive, desde
conquistado.
Católica
Brasil:
do Estado?
com igualdade jurídica para todas as igrejas e cultos, em que se admitia uma
serviços públicos.
p. 166):
(...)
(...)
(...)
304)
mais famosa após o golpe militar de 1964. De certa forma, era a libertação da
político nas mãos. A sua influência foi tão determinante que na Constituição de
relação era íntima porque não havia como sobreviver sem o capital. Mas a
desculpa era de que sempre ajuda os pobres, pode-se dizer que era uma
sobre o legislativo que segue a ordem da massa e que por sua vez segue a
A Igreja Católica, pos sua vez, respondia que, “há, decerto, no processo
economicamente ricos.
assim por dizer, Alexis de Tocqueville (2007, p. 657 – Tradução Livre) expressa
que
implantadas pela Igreja Católica no legislativo estavam cada vez mais fortes.
narcisista, para com aqueles que ela ajudou a eleger, trazendo isso sempre na
invocação.
Rui Barbosa afirmava que liberdade e religião são sócias e não inimigas.
Dizia ele “não há religião sem liberdade assim como não há liberdade sem
religião.”
a Santa Sé.
(...)
(...)
pessoa. A relação que existe entre a pessoa e o valor é logica e não jurídica,
instituição humana, criada pelos homens e não mais uma Cidade de Deus,
acabando, por vez, a tese do direito divino interferindo nas relações estatais.
homens mas a criação do Estado é de Deus. Mas nem por isso os homens de
Deus devem deixar de lutar por um Estado social mais justo, abominando
Católica quando anunciou que “este Concilio declara que a pessoa humana
homens devem ser imunes de coação, seja por parte de indivíduos, seja por
religiosa ninguém seja obrigado a agir contra a própria consciência e não seja
consciência.”
107
Para Schmitt, (2006, p. 114)
É certo que à igreja está atrelada uma certa ambiguidade. Ela não é
uma inequívoca formação político-religiosa como o reino messiânico
dos judeus. Mas ela também não é uma formação puramente
espiritual na qual conceitos como política e pode não podem ocorrer
de jeito nenhum, que, ao contrário, teria que limitar-se a servi-los.
individuo.
Com isso, toda a verdade espiritual religiosa passa a ter uma nova
conotação. A luta pelos direitos sociais, passando essa a ser o foco da Igreja
DA IGREJA CATÓLICA
(...)
(...)
cobrança de impostos.
Baleeiro disse em seu voto: “Creio, data vênia, que a solução alvitrada pelo
partes, uma dizendo que teve ganho de causa no Supremo Tribunal e a outra
111
que, aplicando-se o Decreto-Lei 322, poderia voltar para resolver o mesmo
aos atos que a lei não proíbe, o cidadão só deve contas a Deus.” (RE n.
33)
religioso e não como profissão de fé, pelo menos essa é e deve ser a intenção,
ações sociais de luta pelos direitos fundamentais, dos direitos e das garantias
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos, salvo o dos que contrariem a
“em 1946 o novo Núncio Apostólico, que substituía Dom Aloísio Masella,
elevado pouco antes ao cardinalato pelo Papa Pio XII. Informado da visão, que
Pe. Helder tinha dos problemas nacionais, o novo Núncio o convidou para ser
situação social das massas é bem antiga. No contexto histórico, o Papa Leão
114
XIII, tratou dessa realidade lançando a encíclica Rerum Novarum, em 1891.
Mir (2007, p. 415) esclarece que “o projeto prioritário da CNBB, nos anos
Católica.”
acusada de fazer política quando se junta aos poderosos”. Ele, que defendia os
rápida e radical, então, eu desejo essa revolução social”, dizia ele. “E vêm me
dizer que isso é comunismo. Comunismo seria mostrar a religião como ópio do
5
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-1949.
6
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-1949.
7
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-1949.
8
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-1949.
9
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-1949.
10
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-
1949.
11
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-
1949.
117
Deus sem os estímulos externos, que falam à imaginação, por
meio de imagens, preces coletivas, manifestações exteriores.
12
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-
1949.
13
Cf. voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-
1949.
14
Cf.voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-1949.
15
Cf.voto proferido no MS n. 1.114/DF, Rel. Min. Lafayette de Andrada, julgado em 17-11-1949.
Esta posição foi severamente criticada por Emília Viotti da Costa.
16
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
118
17
regular . Assim, procedeu-se à abertura de inquérito a fim de
apurar os efeitos da orientação tendenciosa das aludidas
pregações no tocante aos elevados interesses da segurança
nacional, assim comprometidos por motivos da conseqüente
indisciplina militar já concretizada em vários casos
determinados pela obediência àquelas normas adventistas,
divulgados e aconselhados por forma a incitar a desobediência
18
da lei . Em razão disso, foi o pastor condenado pelo Tribunal
de Segurança Nacional.
17
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
18
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
19
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
20
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
21
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
119
conscrição militar. Não basta que no ânimo de um ouvinte ela
repercuta com essa intensidade. Se alguém for ouvir a prática
de um padre católico romano, em que se diga “não matarás” e
em que se apregoe o horror da guerra, e, exagerando e
descompreendendo o alcance do ensino, rebelar-se contra o
serviço de armas, nem por isso teria incidido o sacerdote em
crime, pois que se limitara à predica dos mais sãos princípios.
Mas esta relação não existe, a não ser que o pastor adventista,
às declaradas, pregasse, como exemplo da aplicação do
princípio “não trabalharás no sábado” e como exemplo do
princípio “não matarás”, a necessidade de cruzar os braços em
23
face do inimigo atacante.
religiosa, que devem ser respeitadas por uma associação constituída para o
22
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
23
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
24
Cf. relatório proferido pelo Ministro Bento de Faria no HC n. 28.868/DF, Rel. Min. Bento de
Faria, julgado em 29-11-1944.
120
da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Antiga Sé, foi proferido as
seguintes notas:
bens imóveis.
121
Já aí se viu que a Igreja não podia tomar a atitude que teria tomado, no
caso; mas uma coisa é a disciplina jurídica, referente aos bens imóveis
pertencentes à Igreja Católica e toda vez que, em torno desses bens surgir
necessária para professar e cultuar a sua fé. Todas as suas propriedade são
constituídas por meio de doação. Nada de fato é comprado pela Igreja, tudo é
como simples uso e mais tarde incorporado à Ordenação Filipina L. 4, T. 43, foi
também seguido no Brasil pelos primeiros donatários. A este era lícito, pelas
Estado. A Igreja não quer que no mesmo território venha a compartilhar duas
pela caridade cristã; como cidadão deve cooperar com os outros cidadãos com
turamente, aliás – adotam desde 1964 posições diferentes: uns, pelo bordo
tomista, se apegam a Maritain (cujas idéias chegaram, por aqueles anos, a ser
Esse foi o discurso proferido pela Igreja Católica: “Julgamos que não
será demasiado agradecer a Deus, ainda uma vez, pelo que de positivo teve e
comunismo.
pastores devem tornar seus as angústias dos seus povos. Não devemos
isso, a opressão social ou econômica é, por sua própria natureza, uma fonte
muito eficiente de sua gênese, ainda que de modo algum seja a única. Sendo
salvação.”
133-6)
relevo as suas qualidades, e que o país não estava sendo governado por uma
golpe militar, justificou ele, por meio de uma carta dizendo que “em
capelão que celebrou a missa o celebrou por fazer parte do corpo das forças
126
armadas, sob pena de penalidade administrativa ou mesmo expulsão. Da
estrutura hierárquica.
formava.
foco do domínio político brasileiro que era sempre o centro de seu ativismo e
permanecer para derrubar, quando preciso, os governos que por acaso não
Assim, como outrora, para tomar o seu lugar político junto ao Estado,
Para se ter um exemplo, basta observar a luta por uma posição política
(...)
políticos com a bandeira dos Direitos Humanos, levando neste mesmo período
diretamente, mas por meio de sua massa de seguidores que professam a sua
líder católico, Presidente do Centro Dom Vital, em defesa dos dois principais
(...)
clero mais radical e decidiu-se que o tom das declarações públicas da Igreja
esquerda.
Igreja por meio de sua Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)25 e
o Partido dos Trabalhadores (PT) por meio de sua Central Única dos
25
conforme o Código de Direito Canônico, "exercem conjuntamente certas funções pastorais
em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o maior bem que a Igreja proporciona
aos homens, principalmente em formas e modalidades de apostolado devidamente adaptadas
às circunstâncias de tempo e lugar, de acordo com o direito" (Cân. 447).
130
“uma trindade clerical-sindical em formado de partido político e central
sindica, fundados em tempos diferentes, mas que confluíra, para um
só projeto político-religioso no final dos anos 1980. Com dois
desígnios declarados: retomar a entralidade católica no país e tornar
o catolicismo (popular e de massas) um fator político estratégico e
operante dentro do Estado brasileiro.”
segmentos para centralizar o legislativo eleito sob a sua cúria seja de oposição
ou não.
Mas a Igreja Católica, com toda esse luta social, não abandona o seu
deste início de século XXI, dada a naturalidade com que se cuidou do tema da
26
RMS 11.687, rel. min. Hahnemann Guimarães, julgado em 26-10-1964 (DJ de 22-12-1964).
132
sentimento religioso ou a formação de costumes seja mais fechada,
pode haver explosões. Neste caso é que se legitima a intervenção do
poder de polícia da autoridade local. (KAUFMANN, 2012, p. 43-44)
teria plena liberdade de discernir sobre a censura que seria imposta a exibição
aprouvesse.
Direitos Fundamentais
Católica, a grande imprensa ao lado do poder constituído, que era para durar
um tiro.”
seu preambulo.
Nacional. No que se refere, por outro lado, à defesa dos seus direitos,
formação moral religiosa entre em colisão frontal com outros valores da moral
134
vigente. É o caso, por exemplo, do divórcio, da homossexualidade, do aborto e
defende esse direitos, desde que sejam eles proferidos e autorizados pela
Igreja de Roma.
poderia ser atestado como honesto, Simon (2010, p. 152-153) narra o seguinte:
Eu fui depor. O Tribunal queria pô-lo na cadeia porque não tinha feito
concorrência.
Média com a venda de perdão aos pecadores. Conforme Gray (2008, p. 11) “a
135
política moderna é um capítulo da história da religião. Os grandes movimentos
4.1.1 Definições
como a célula que possui a capacidade de gerar diferentes tipos celulares, bem
especifica ser aquele as células originadas entre o quarto e quinto dias após a
fecundação, sem que tenha se alojado ainda no útero, o que ocorrerá após o
sexto dia.
137
Deste modo, é constituído por cerca de 150 células e tal estágio é
possui grande plasticidade, razão pela qual esta célula apresenta uma alta
humano.
produção do organismo adulto, o qual será formado por mais de 200 tipos de
Pranke (2004) argumenta que vivemos uma nova era na medicina e esta
pesquisas médicas.
controversos.
por limitar a capacidade de proliferação celular, uma vez que estas são células
como fonte de células-tronco para fins terapêuticos está no fato dessas células
pode ser considerado como uma pessoa, ele possuirá tutela da Constituição
têm utilizado uma nomenclatura para este estado da célula humana: pré-
útero.
embrião até o 14º dia após a fecundação, ocasião em que já está se formando
éticos, uma vez que com embriões muitos procedimentos não são autorizados.
pessoa humana e merecedor da tutela jurídico-legal que tal estado lhe permite;
desenvolvendo.
63).
antiética e condenável.
(GOLDIM, 2003).
grande parte dos protocolos pela obtenção de células-tronco adultas, por meio
2007).
representada por uma imprensa que apresenta uma noção estereotipada sobre
tronco, o qual tem hesitado entre anunciar os feitos das terapias experimentais
tutelados pela Magna Carta de uma nação, entre esses, o direito à vida,
ruim, por isso, a Igreja aponta a alternativa do uso das células-tronco adultas
genitores. A autora mostra que a aprovação desta lei contou com inúmeros
no Congresso Nacional.
JÚNIOR, 2009, p. 23), uma vez que segundo as crenças religiosas católicas, os
uma vez que tal organização leva em consideração que tais condutas são
propôs uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) sobre tal código legal,
pesquisas científicas, por entender que estes são tutelados pelo princípio do
sem qualquer restrição, fato chancelado pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
pesquisas, a decisão do STF foi um marco a se comemorar, uma vez que tal
muito que contribuir para o tratamento de doenças e é fato que os estudos com
2014).
por isso mesmo, com direitos tutelados pelo ordenamento jurídico pátrio.
meio”, posição sustentada por Sauwen (2008, p. 51), que assevera “a pessoa
nunca pode ser tratada como coisa ou objeto, a reificação do homem é uma
respeitado.
- Princípio do benefício
- Princípio da autonomia
- Princípio da justiça
de uma forma geral, é considerada como um bem social e, por isso mesmo,
Nesse diapasão, todo ser humano é titular de direitos, mesmo que esse
respeitados pelos seus pares e pelo Estado, cabendo a esse último a tarefa de
(LIMA, 2013).
mesmo sobre o prisma jurídico, o qual estabelece que por dignidade da pessoa
grupamento familiar, sendo, pois, esse titular da tutela por parte do Estado e da
sociedade.
tal conceito, enquanto assevera que a dignidade da pessoa humana poder ser
O conceito de pessoa, tal qual é conhecido nos dias atuais, não havia
entre os povos antigos. Sarlet (2013) retrata que na Grécia Antiga o homem
dignidade. Tal conceito foi amplamente utilizado, mais tarde, pelos escolásticos
(SARLET, 2013).
154
Verifica-se que a proclamação do valor distinto da pessoa humana irá
coisa: o ser humano possui dignidade e deve ser considerado como pessoa
(MARQUES, 1995).
natureza humana, sendo que o ser humano seria o único soberano nas
Arendt (1978), por sua vez, expõe que a Declaração dos Direitos do
1930 do mesmo século, e todo esse período entre guerras contribuíram para a
1948.
institui, in verbis:
violado ou usurpado.
direitos.
embrionárias.
que era permitido no texto do PL, o que poderia dar margem, também, à
país.
159
4.5.6 A Lei nº 11.105/2005 (Lei de Biossegurança): Breves
considerações
religiosas.
todo o mundo.
um lado por aqueles que defendiam que a lei era válida, do outro, os que
que a lei não autorizava, bem como questionar os benefícios das pesquisas
desenvolvimento, uma vez que a origem dos mesmos, ensejada por seus
diploma legal, vedando, assim, a utilização das CTE para fins de pesquisas
terapêuticas.
embrionárias.
164
Assim, no dia 05 de março de 2008, na sessão para julgamento da ADIn
o direito à vida.
a bater.
165
Seguindo tal ponto de vista, culminou à decisão do STF, que em 29 de
Inácio da Silva, foi proposta uma ADIn pela Procuradoria Geral da República,
sejam:
configurou como unânime, porque cinco dos onze ministros do STF impuseram
STF conclua ser omissa em determinados pontos, tal órgão poderá assumir as
acalorado debate entre Celso de Mello e Cezar Peluso. Após a leitura do último
alegando que havia seis votos que julgavam a ação improcedente, alegação
que foi prontamente rebatida por Peluso, que indagou o colega sobre o porquê
da exclusão da pessoa do ministro, uma vez que este último também votara
pela improcedência da ação, ainda que com ressalvas, ao que Mello contra-
frases ríspidas e, muitas das vezes, ditas umas sobre as outras, até que o Min.
172
Eros Grau pediu a palavra, aconselhando o presidente a encerrar o julgamento,
sessão, gracejou: “Eu não sou embrião, mas já estou congelando aqui”.
direito à vida e à dignidade e entre a ciência, cujo discurso era o benefício que
tais estudos trazem para a saúde e terapia de certas doenças que vitimizam a
sociedade:
Ementa
Decisão
Resumo Estruturado
Referências Legislativas
Observações
benefícios das pesquisas com células-tronco para a saúde pública no país, foi
possibilidades para que a ciência possa dar respostas para moléstias que, nos
(CNBB, 2014).
183
Reconhecer que o embrião é um ser humano desde o início do seu
ciclo vital significa também constatar a sua extrema vulnerabilidade
que exige o empenho nos confrontos de quem é fraco, uma atenção
que deve ser garantida pela conduta ética dos cientistas e dos
médicos, e de uma oportuna legislação nacional e internacional.
Sendo uma vida humana, segundo asseguram a embriologia e a
biologia, o embrião humano tem direito à proteção do Estado. A
circunstância de estar in vitro ou no útero materno não diminui e nem
aumenta esse direito. É lamentável que o STF não tenha confirmado
esse direito cristalino, permitindo que vidas humanas em estado
embrionário sejam ceifadas (CNBB, 2014).
da pessoa.
O Brasil, nesses últimos cinco anos abrigou tal contenda, em que num
do organismo humano.
aborto, por exemplo, e de outras práticas que atentem contra a vida humana.
CONCLUSÃO
própria igreja, partidos políticos, de um modo geral, todos aqueles que tenham
uma necessidade de uma luta social para não ser implantado no Estado os
Há uma permuta da igreja por essa troca de valores. Com isso, haverá
uma mudança nos ideais políticos e morais dos brasileiros que muitas vezes
sociais que possam atingir os valores religiosos, mesmo que venham a lutar
186
por direitos e garantias fundamentais, sobretudo das minorias reconhecidas
do uso das células-tronco, onde o valor espiritual da cura deve sobrepor o valor
(STF), vem abdicando do seu papel de mero aplicador das leis assumindo um
mais do que nunca, nas redes sociais, livrando determinados anseios sociais
considerado afastado aos olhos do povo, mas não da Igreja Católica que
pode admitir que um magistrado não possa professar a sua fé. Com isso, não
Não se pode dizer que é uma tarefa fácil para o Supremo Tribunal
questões polêmicas que já foram decididas, como é o caso do uso das células-
Isso é extensivo aos demais poderes, Executivo e Legislativo, que não estão
vigente, sendo que esta seria, assim, a resposta correta para o caso concreto.
que tenham viés religioso, realizada de 2008 a 2013, com vetor direcionado ao
apontam os dados coletados, nos últimos cinco anos (vide tabela e gráfico
politicamente às igrejas. De certa forma, com isso, não se pode negar, se deixa
Instrumento processual
Frequência Porcentual
ADPF 5 16,1
ADI 3 9,7
Total 31 100,0
Ano da decisão
190
Frequência Porcentual
2008 5 16,1
2009 2 6,5
2010 3 9,7
2011 5 16,1
2012 9 29,0
2013 7 22,6
Total 31 100,0
Requerente
Frequência Porcentual
Total 31 100,0
Requerido
Frequência Porcentual
Total 31 100,0
192
Frequência Porcentual
Igreja 19 61,3
Total 31 100,0
194
Designação da Religião
Frequência Porcentual
Católica 15 48,4
Evangélica 13 41,9
Espírita 1 3,2
Judaica 1 3,2
Maçonaria 1 3,2
Total 31 100,0
195
como Amigos da Corte (Amicus Curiae), pelo fato das matérias religiosas se
vontade.
Se nota porém que a atuação das igrejas no polo ativo das demandas
têm como mérito das ações o pedido de imunidade tributária, por isso, se
Forma de participação
Frequência Porcentual
Requerente 15 48,4
Requerido 9 29,0
Total 31 100,0
196
doutrinas religiosas. Mas a maior parte das ações que chega no STF
participativa.
197
Objetivo da demanda
Frequência Porcentual
Total 31 100,0
religioso. Com isso, não se pode interpretar que os argumentos tecidos pela
melhor analise, separando cada uma das ações, para se poder traçar um perfil
Resultado
Frequência Porcentual
Improvido 11 35,5
Total 31 100,0
199
Frequência Porcentual
Sim 12 38,7
Não 18 58,1
Total 31 100,0
Frequência Porcentual
Sim 15 48,4
Não 11 35,5
Total 31 100,0
201
Processo serviu para defesa de princípios
relacionados à doutrina religiosa
Frequência Porcentual
Sim 12 38,7
Não 19 61,3
Total 31 100,0
Frequência Porcentual
Sim 2 6,5
Não 29 93,5
Total 31 100,0
202
outros foram demandados sem que tenha havido previamente uma audiência
Frequência Porcentual
Sim 5 16,1
Não 26 83,9
Total 31 100,0
dados pesquisados.
e praticado nas causas em que o mérito a ser discutido não venha a ferir os
cidadãos.
ativismo religioso, vai lutando para implatar os seus dogmas dentro das esferas
AGAMBEN, G. Opus dei. Trad. Daniel Arruda Nascimento. São Paulo: Boi
Tempo Editorial, 2013.
AZEVEDO, T. de. Estado e Igreja em tensão e crise. São Paulo: Ática, 1978.
BOOBBYER, P. The Stalin era. Ohio. USA. Ohio University Press, 1995.
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal: Parte geral. 13 ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009.
GRAY, J. Missa negra. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2008.
LEVY, P. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. 1a. Ed. São Paulo. Ed.
34, 1999.
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