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Resumo: Neste artigo, proponho uma reflexão sobre as práticas de intervenção de agências
estatais e não-governamentais sobre o futuro de determinados grupos socialmente
marginalizados. Mais do que uma auto-reflexão, pretendo tomar os discursos
operacionalizados pelos atores como uma situação etnográfica (Oliveira, 2004), com a
finalidade de compreender reflexivamente as dimensões políticas e teóricas dos conflitos.
Em particular, abordarei a situação de conflito envolvendo pescadores artesanais –
moradores da Ilha da Marambaia que descendem de ex-escravos – e a Marinha Brasileira.
Palavras-chave: pesquisa, conflito, direito e identidade.
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Em meados do século XIX, são regulamen- do século XIX, o comendador Joaquim de Souza
tadas as Capitanias dos Portos e, com elas, uma Breves. Segundo consta em fontes de memo-
força militar de reserva é formada compul- rialistas existentes sobre a ilha, o comendador a
soriamente pelos pescadores artesanais regis- adquiriu em virtude da expansão cafeeira
trados em cada capitania. Ao se registrarem, fluminense, quando se exigia para as lavouras
eles não mais teriam que servir à Guarda um número crescente de trabalhadores escra-
Nacional, somente prestariam serviço militar vos. O padre Reynato Breves afirma o seguinte:
quando a Marinha os convocasse. Em 1846, o “Envolveu-se o latifundiário nesse comércio,
regulamento aprovado pelo Ministério da peché mignons da época; para tanto adquirindo
Marinha fez com que cada capitania fosse a Ilha da Marambaia, ponto de desembarque e
dividida em distritos e cada distrito entregue a admiravelmente adequado às embarcações
um capataz,1 instituindo-se as denominadas negreiras” (Breves, 1994, p. 676).
“capatazias”. Com a proibição do tráfico de escravos, a
Com a instauração da República, são Marambaia tornou-se ponto estratégico para o
criadas as Colônias de Pesca, subordinadas ao desembarque clandestino de escravos, servindo
Ministério da Agricultura. Em 1920, a Marinha como um importante porto interprovincial (Stein,
novamente passa a ter tutela sobre os serviços 1961) entre Maranhão, Ceará, Pernambuco e
de pesca. Bahia.
Em 1950, as colônias fixam-se na jurisdição O comendador, não liberto das concepções
do Ministério da Agricultura, que organiza a de raça de seu tempo, por outro lado, também
pesca em um sistema confederativo (colônias utilizava a ilha como uma fazenda de branquea-
locais, federações estaduais, confederação mento de seus escravos, tendo como objetivo
nacional) e define estatutos padronizados para “fortalecer a raça”. A Marambaia era conhe-
todas elas. A Colônia de Pesca insurge como cida como a “Restinga das Crias”, pelo fato de
um dispositivo de controle social que a República o comendador “facilitar o contato entre as suas
Nova impõe aos sertões litorâneos, com vistas escravas e os feitores brancos para a melhoria
a sua governabilidade. das raças” (Breves, 1994, p. 755). Diz o padre
Na década de 1930, são fundadas as Esco- Breves: “Conta-se que, quando vinha ao Rio
las de Pesca nos estados de Pernambuco e do com a família, trazia também algumas escravas
Rio de Janeiro, com o objetivo de dispor, para brancas e mesmo alouradas – conseqüência da
cada pescador artesanal brasileiro, um “barco a apuração da raça efetuada na Restinga da
motor e uma casa” (Pondé, 1977). Nesse mo- Marambaia – levando-as luxuosamente vestidas
mento, as políticas para o setor pesqueiro carac- à Ópera italiana” (Breves, 1994, p. 684).
terizavam-se pela tutela desses grupos por parte Essa heterogeneidade social encontrava
do Estado, com um forte teor desenvolvimentista, correspondência nas formas de apropriação dos
visando à transformação desses pescadores em recursos naturais. Na ilha plantava-se café e
uma espécie de “proletários do mar”. Na cana nas encostas do pico da Marambaia,
Marambaia, é criada a Escola de Pesca Darci criava-se gado e pescava-se. A fazenda do
Vargas. Nela, seu idealizador, Levy Miranda, “eito”, onde os escravos estavam destinados
tinha como objetivo “tirar a pesca do seu primi- primordialmente para o trabalho na lavoura,
tivismo, modernizando-a” (Pondé, 1977). estava situada na extremidade da ilha – onde
A Marambaia, em décadas anteriores à hoje estão as instalações da Marinha –, composta
implementação da escola, era um importante arquitetonicamente pelas casas, por uma capela
porto de desembarque de escravos. A ilha era e uma senzala. Essa fazenda estava destinada
de propriedade de um dos maiores fazendeiros para a lavoura, sendo, portanto, a fazenda de
eito do comendador. Os capitães-do-mato, os
1. O capataz, no regime escravista, tinha a atribuição de capatazes e demais trabalhadores da casa
regular o trabalho escravo na lavoura, assenhorando-o em grande residiam onde hoje é a Praia do Sino.
unidades administrativas. Friso que a idéia da regulação es-
tava fortemente marcada pela lógica da punição e do casti- Na Marambaia, os escravos eram divididos
go aos escravos. pelo senhor de escravos tanto em termos de suas
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quis a fortuna que eu me encontrasse na mar na Fundação Abrigo Cristo Redentor estava,
Restinga de Marambaia com os antigos em 1965, praticamente extinta por motivos de
escravos do Comendador Joaquim Breves. Falei ordem financeira. Existia ainda a pesca costeira
a vários deles, e de dois pretos recolhi até os
de traineiras, pouco rendosa e que servia mais
nomes: Adriano Júnior e Gustavo Vítor, este
ao ensino prático dos jovens alunos da Ilha da
filho por sua vez de um antigo escravo de
Breves, chamado Vítor, comprado pelo senhor Marambaia” (Pondé, 1977, p. 235).
quando adquirira a Fazenda do pontal da Com isso, a Marambaia é entregue à
restinga da Marambaia. Adriano Júnior residiu administração da Marinha brasileira.
na célebre Fazenda de São Joaquim da Grama,
donde o senhor o trouxe para vir trabalhar nesta Restava ainda a esperança da devolução da
outra fazenda da restinga. Têm para mais de 80 Ilha à Marinha de Guerra. No dia 6 de maio de
anos. É pai de 12 filhos, todos morando na 1970, encaminhou-se essa pretensão ao Presi-
Marambaia. (Chateaubriand, 1924, s/p). dente da República, tendo antes a Provedora
auscultado autoridades da Marinha que
Nos anos 1930, instala-se a Escola de Pesca confirmaram viabilidade da operação. O Presi-
Darci Vargas, obra de Levy Miranda, fundador dente Médici entregou ao Ministro do Plane-
da Fundação Abrigo do Cristo Redentor. Esta jamento o encargo de efetuar a medida
solicitada, em combinação com as autoridades
vem ocupar um espaço de mediação importante,
da Marinha de Guerra e, em solenidade ocorrida
antes reservado ao senhor de escravos. Resta-
em 12 de fevereiro de 1971, a Ilha da Marambaia
belece-se a tutela sobre as famílias da ilha. A retornou à Marinha, conforme o Decreto
fundação acolhe, abriga os pescadores e seus presidencial que indenizou os bens deixados
familiares. pela Fundação e ficou com os encargos traba-
A Escola de Pesca Darci Vargas era, como lhistas dos funcionários. (Pondé, 1977, p. 236)
rememora grande parte dos pescadores que
vivem hoje na Marambaia, “um momento de Com essa transação, estabeleceu-se na ilha
grande prosperidade”. Era um momento de o Centro de Adestramento da Marinha (Cadim).
redenção desse “povo esquecido”, como dizem Nesse momento, muitos dos funcionários da
os moradores locais. Esse era o projeto almejado Escola de Pesca retornaram às suas cidades
pela “era Vargas”: restabelecer a “ordem e o respectivas. Os antigos moradores perma-
progresso” para o desenvolvimento da “nação”, neceram em suas antigas casas, trabalhando em
do “povo” brasileiro. suas roças e nas suas embarcações.
O projeto “republicano” do Estado Novo – A Marinha passou a ocupar as instalações
que se opunha ao projeto político da República da antiga Escola de Pesca nos anos 1970. As
Velha – passou longe da possibilidade de casas foram destinadas aos militares e funcio-
autonomizar esses grupos, instituindo-os como nários do Cadim. A antiga senzala foi transfor-
sujeitos de direito no espaço público. Ao mada em um hotel destinado aos oficiais que
contrário, em seu projeto de “cidadania”, preva- porventura visitassem a ilha. Reformaram-se as
lecia a máxima de que esses grupos, ou indiví- antigas instalações, onde eram guardados os
duos, deveriam ser tutelados paternalmente pelo apetrechos de pesca, tornando-as almoxarifados
Estado, para que fosse possível “combater a sua e paióis para armazenamento de material da
natureza” e elevá-los à civilidade, à moder- Marinha.
nidade. Nesse sentido, a Marambaia constituía Permaneceu a escola com ensino de pri-
local ideal para a implantação de projetos com meiro grau, e os serviços básicos como saúde e
tais características, na visão das autoridades do transporte (através de uma barca destinada aos
Estado Novo. militares e funcionários). Todavia, a fábrica de
No entanto, a escola paulatinamente entrou gelo e de sardinha foi extinta.
em decadência. Os recursos provenientes do A relação entre o grupo local e a Marinha
governo federal foram se escasseando, e o apoio distinguia-se daquela da Escola de Pesca. Se
por parte de outros órgãos (municipais e esta- esta via na tutela uma forma de subjugar e incluir
duais) era quase inexistente. “A pesca de alto- subalternamente os pescadores no espaço
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público, a Marinha estabeleceu uma tutela sobre Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Itaguaí,
o grupo almejando a sua subjugação aos deveres para que a entidade os apoiasse jurídica e
e às normas punitivas da instituição. Proibiam- politicamente. Nesse âmbito, a Pastoral da Terra
se os roçados, que complementavam a renda inseriu-se como mediadora no conflito local,
das famílias e constituíam espaço social elaborando um dossiê denominado Povos da
fundamental de afirmação das hierarquias, dos terra – povos do mar – Ilha da Marambaia:
laços de sociabilidade, das redes políticas e de do tráfico de escravos, ontem, aos despejos
reciprocidade existentes. Do mesmo modo, de famílias pescadoras, hoje. Sintetizava-se,
foram proibidas antigas vendas que se locali- no título do dossiê, as características predomi-
zavam nas praias. nantes da identidade do grupo: pescadores e ex-
Os conflitos envolvendo os moradores e a escravos, “povos da terra” e “povos do mar”.
Marinha tornaram-se mais tensos no momento
em que a Marinha impetrou diversas ações de Novos tempos, velhas práticas
reintegração de posse – através da Advocacia
Geral da União – contra as famílias de pesca- A partir disso, uma nova situação esboça-
dores da Marambaia a partir de 1998, com a se. Com o dossiê pronto, a CPT reuniu os
alegação de serem estas invasoras e esbulha- moradores – no final de 1998 – para discutir a
doras do patrimônio público.2 situação do grupo diante das ações judiciais.
As ações foram distribuídas por diferentes Propôs-se o envio do dossiê para a Fundação
varas federais, no sentido de dificultar a defesa Cultural Palmares (FCP)3 como estratégia para
dos réus. Do mesmo modo, os moradores foram que o grupo fosse enquadrado no artigo 68 do
acionados individualmente, para não caracterizar Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
uma ação coletiva – o que levaria a população (ADCT) da Constituição Federal, que reco-
a se mobilizar coletivamente contra a União –, nhece o direito à posse das comunidades rema-
mesmo contendo nas ações judiciais justificativas nescentes de quilombos.
semelhantes para a expulsão das famílias. Ainda sem possuir uma dimensão ampla
Nas ações, a União Federal alegava ser sobre os efeitos de tal solicitação, os moradores,
proprietária da ilha – sem nunca apresentar em conjunto com a CPT, enviam o dossiê à FCP,
provas documentais –, tendo adquirido-a em diretamente a sua presidente, em 1999. No
1905. Relatava que a ilha fora entregue à mesmo ano, a FCP elaborou um parecer, de n.
Fundação Cristo Redentor para a construção 035/99, no qual afirmava que, mesmo antes da
da Escola de Pesca, em 1939, e que, após a venda da ilha, os habitantes remanescentes de
falência desta, o local passou para a adminis- escravos já se encontravam no local. Nesse
tração da Marinha. Alegava que, durante o documento, a FCP comprometia-se a dispor
período de funcionamento da escola e da chega- especial atenção ao caso da Marambaia, levando
em consideração o fato de esta ser “indiscu-
da da Marinha, diversas pessoas invadiram e
tivelmente uma comunidade remanescente de
ocuparam, sempre a título precário, partes da
quilombo”.
Ilha da Marambaia e que, em nenhum caso, seja
O processo foi interrompido, sendo nova-
através da escola ou da Marinha, foi estabe-
mente reaberto com a intervenção da Procura-
lecido qualquer vínculo jurídico com os ocupantes
doria da República do Rio de Janeiro, da Seção
de certa área. Desse modo, por mera tolerância,
de Direitos Difusos, que, em 2001, solicitou
assim como exposto nos autos, a Marinha per-
providências em relação à situação da população
mitiu que alguns poucos pescadores perma-
da ilha. No mesmo ano, entretanto, um outro
necessem em humildes habitações já existentes.
procurador, da 2a Região, enviou ofício –
Os moradores da Marambaia, diante da
“urgente e confidencial” –, de no 111, à
situação iminente de serem expulsos, através Fundação Cultural Palmares, solicitando o
de ações judiciais, solicitaram a colaboração da
3. A Fundação Cultural Palmares é um órgão vinculado ao
2. Foram no período ajuizados onze processos, que tramita- Ministério da Cultura, responsável por políticas públicas
vam na Justiça Federal. voltadas para a população afro-descendente no Brasil.
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dores enfatizam que solicitaram da referida bem como para a elaboração e manutenção de
ONG a elaboração de um relatório, “visando à suas identidades, calcadas em uma territoria-
eventual caracterização da Comunidade negra lidade específica, em normas locais e sistemas
da Ilha de Marambaia como remanescente de de uso comum.
quilombo”. Do mesmo modo, essas terras da União,
O discurso científico foi reforçado com o geralmente tidas como bens coletivos e, portanto,
apoio das definições das agências estatais que deveriam beneficiar a reprodução desses
ligadas à temática de quilombos. grupos tradicionais, terminam produzindo uma
desorganização no modo de vida deles, através
Vale lembrar que, desde 1992, por iniciativa das de ações judiciais e não-judiciais promovidas pelo
organizações da sociedade civil, do campo próprio Estado, que, ao invés de agir dessa
acadêmico, do Ministério Público Federal e da maneira, deveria gerir políticas que beneficias-
própria União, se estabeleceu o consenso
sem esses grupos e fizessem prevalecer seus
largamente documentado de que o termo
‘remanescente de quilombo’ consiste em uma direitos.
categoria jurídica nova que não encontra Teoricamente, essas ingerências estatais em
perfeita correspondência na categoria histórica relação às políticas públicas estão orientadas por
dos quilombos conforme definido pela parca suposições de que os membros da sociedade
historiografia sobre o tema [...]. são desiguais e, portanto, tal desigualdade deve
ser compensada pela intervenção constante do
Reportava-se à conceituação de remanes- Estado, que não está só à margem, mas acima
cente de quilombo postulada pela Associação da sociedade. Essa posição do Estado implica
Brasileira de Antropologia (ABA) para definir uma sólida autoridade interpretativa, somente
o quilombo em um contexto teórico mais amplo. atribuível a um conhecimento superior e prévio
Cito o documento utilizado na ação: “os quilom- a todos os fatos, razões e, principalmente,
bos são pensados como grupos étnicos, como intenções (Kant de Lima et al, 2003). As ações
um tipo organizacional que confere perten- contra os direitos individuais ou coletivos de
cimento através de normas e meios empregados grupos sociais são tomadas diversas vezes pelo
para indicar afiliação ou exclusão”. Lembram próprio Estado, que idealmente deveria proteger
ainda que a definição de quilombo havia sofrido os cidadãos, mas não o faz.
uma ampliação, abarcando diversas comu- Por outro lado, as agências não-estatais
nidades negras de descendentes de escravos. disputam pela legitimidade do discurso no sentido
Por fim, a ação demanda das rés (a União de atribuir classificações e instituir representa-
Federal e a FCP) o fim de medidas que visem à ções a respeito da identidade dos moradores da
desocupação das casas dos moradores, à não- Marambaia. Como nos indica Bourdieu,
destruição ou danificação das construções, à
permissão do retorno dos moradores que já as lutas a respeito da identidade étnica ou
tivessem sido retirados e à autorização aos regional, quer dizer, a respeito de propriedades
moradores para manter seu estilo tradicional de (estigmas e emblemas) ligadas à origem através
vida. do lugar de origem e dos sinais duradouros
que lhes são correlativos, como o sotaque, são
um caso particular das lutas das classificações,
Entre discursos, memórias e conflitos. lutas pelo monopólio de fazer ver e fazer crer,
de dar a conhecer e fazer reconhecer, de impor
Geertz (1989, p. 41) ressalta que entender
a definição legítima das divisões do mundo
os discursos consiste em “olhar as dimensões social e, por este meio, de fazer e desfazer os
simbólicas da ação social; é mergulhar no meio grupos. (1989, p. 112)
delas”. Mergulhando nessas águas e histórias
da Marambaia, é possível perceber que as terras, Por um lado, o Ministério Público, garan-
ou mais precisamente, os territórios ocupados tindo e sustentando a hipossuficiência dos
por esse grupo tradicional, têm grande relevância pescadores em colaboração com uma ONG; por
para o seu desenvolvimento e reprodução social, outro, uma outra parte do Ministério Público
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in order to understand reflexively the political and ção de unidades de conservação de uso sustentado,
theoretical dimensions of conflict. I will take as an 2003. (artigo no Prelo).
ethnographical situation the conflict between artisanal
MOTA, Fabio Reis. Nem muito mar, nem muita terra.
fishermen from Marambaia Island – who descend from
slaves – and the Brazilian Navy. Nem tanto negro, nem tanto branco: uma discussão
sobre o processo de construção da identidade da
Key-words: research, conflict, law,identity. comunidade remanescente de quilombos na Ilha da
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