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Ester Cacchi
Formação de Portugal
Portugal, pioneiro da EMC
-> A partir de uma privilegiada localização, Portugal
Introdução tornou-se um entreposto comercial, lucrando a partir
Após a decadência da Roma Ocidental a disso, tornando-se um rico condado. Outro motivo foi
península Ibérica fora invadida por bárbaros que se sua relativa isolação geográfica.
cristianizaram. Foram predominantes na região até
711, até quando os muçulmanos invadiram a península -> No entanto, depois de longos anos de sucesso, a
(expansão islâmica). Dessa forma, o reino visigótico dinastia de Borgonha entrou em crise, pois já não
cristão recuou para o norte. A partir de então, durante atendia aos anseios da nobreza e do clero, sedentos
séculos, os cristãos lutaram para a recuperação desses por ampliação de territórios. Foi quando em 1385 o
condado de Borgonha desabou e João Avis tomou
territórios (Guerras de Reconquista).
Portugal tornando-se rei. O episódio ficou conhecido
-> Durante a guerra entre islâmicos e cristãos
como Revolução de Avis, inaugurando um forte Estado
nasceram os reinos de Leão, Castela, Navarra e Nacional.
Aragão. -> João unificou a moeda, passou a cobrar impostos e
iniciar a expansão marítimo-comercial. Os motivos para
Portugal essa centralização está ligado à expansão do condado
-> Atraídos pelas guerras, cavaleiros vinham aventurar- de Castela (ainda não era Espanha unificada) que,
se na Península Ibérica (contexto de Guerras de como havia feito com outros territórios, tentava
Reconquista e Cruzadas). conquistar Portugal. A nobreza, com medo de perder
-> Em troca de apoio, os reinos ibéricos davam territórios para Castela, apoiava a centralização, porém
a dinastia Borgonha não era capaz de fazer isso. Era
benefícios a quem os apoiassem (exatamente o
necessário ter o apoio da nobreza guerreira. Por esse
contexto de História do Cerco de Lisboa).
motivo, a dinastia de Avis investe tanto em expansão e
-> Um desses cavaleiros destacou-se: Henrique de obtenção de recursos para impedir qualquer invasão e
Borgonha, que, pelo auxilio prestado ao rei Afonso VI, para conceder privilégios (origem da burocracia, uma
de Leão, casou-se com a a filha do monarca, das principais características do Estado Português).
recebendo como dote o condado portuense (Porto Cale Esse contexto estimula e faz crescer o comércio.
- fundado pelos romanos)
-> Em 1139, o filho de Henrique proclamou -> Na primeira metade do século XV, o infante
independência do condado, surgia Portugal como reino D.Henrique, filho do rei (chamado pelos ingleses de “o
independente, governado pela dinastia de Borgonha. navegante”), patrocinou viagens e fundou a escola de
Durante esse período, o reino expandiu-se, Sagres. Expandiram seus territórios, colonizando ilhas
conquistando territórios muçulmanos. A agricultura foi do atlântico.
importante para o povoamento das terras conquistadas. -> Os portugueses contornaram a África em busca das
Essas terras eram dadas à nobreza e ao clero Índias (navegação de cabotagem)_, colonizaram o norte
propiciando reafirmação do poder da nobreza. Porém, da África e dela extraíram escravos, marfim e ouro.
a dinastia de Borgonha preservou sua autoridade, Desenvolveram açúcar tanto no Brasil quanto nas Ilhas
tornando-se poderosa e respeitada. Atlânticas. Monopolizaram ainda as especiarias
-> É nesse contexto que se passa História do Cerco asiáticas.
de Lisboa, que não pode ser considerado um romance -> Os motivos para essa expansão foram: Portugal
histórico e sim pós-moderno, devido às características tornou-se um Estado Moderno muito antes de outras
do enredo._ condados conseguirem efetivar sua centralização,
-> O episódio narrado de forma peculiar por Saramago desenvolveu desde de cedo técnicas marítimas e tinha
é o cerco de Lisboa, que ocorreu no século XII, em um localização muito privilegiada.
que, após a conquista de Santarém, o rei português
Dom Afonso Henriques organizou uma ofensiva contra
os mouros que haviam ocupado a cidade de Lisboa. O ‘
cerco iniciou em 1o de julho de 1147 e estendeu-se até
25 de outubro do mesmo ano. Os portugueses tiveram
apoio dos cruzados franceses, normandos e alemães
nessa batalha. No romance de Saramago, o
responsável por fazer a revisão da obra, coloca um
“não” na resposta dos Cruzados ao pedido de ajuda
dos lusitanos.
-> É importante compreender que, devido ao contexto Exercícios
de guerras de Reconquista, a formação dos Estados 1. (Unicamp 2021) Segundos os historiadores, pela primeira
Modernos de Portugal e Espanha ocorreram de forma vez, uma potência europeia desenvolveu um projeto
muito diferente de países como Inglaterra e França. A planetário que abrangia quatro continentes, a fim de assentar
Igreja teve participação decisiva no processo. as pretensões universais da monarquia. Para isso, os juristas
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espanhóis invocaram a noção de extensão geográfica sem de Barrameda, na Andaluzia, em 20 de setembro de 1519, e
precedentes de suas possessões. Com a monarquia católica comandada pelo português Fernão de Magalhães, a serviço da
surgiram a primeira economia mundial e um regime monarquia da Espanha. A despeito da repercussão da viagem
capitalista e comercial intercontinental. para o desenvolvimento dos conhecimentos náuticos e para a
exploração do Oceano Pacífico, Battista Agnese foi um dos
(Adaptado de Serge Gruzinski, “Babel no século XVI. A poucos cartógrafos a registrar a empreitada de Magalhães.
mundialização e Globalização das Línguas”, em Eddy Stols,
Iris Kantor, Werner Thomas e Júnia Furtado (orgs.), Um
Mundo sobre Papel. São Paulo/Belo Horizonte:
EDUSP/Editora UFMG, 2014, p. 385.)
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ocidentalização” e “uma das primeiras etapas da
Quem eram, de que terra, que buscavam, globalização” é correta porque a conquista do continente
Ou que partes do mar corrido tinham? americano representou
Os fortes Lusitanos lhe tornavam a) a definição da superioridade militar e religiosa do Ocidente
As discretas respostas que convinham: cristão e o início da perseguição sistemática a judeus e
- «Os Portugueses somos do Ocidente, muçulmanos.
Imos buscando as terras do Oriente. b) a demonstração da teoria de Cristóvão Colombo sobre a
«Do mar temos corrido e navegado esfericidade da Terra e o fracasso dos novos instrumentos
Toda a parte do Antártico e Calisto, de navegação.
Toda a costa Africana rodeado; c) o encerramento das relações comerciais da Europa com o
Diversos céus e terras temos visto; Oriente e o imediato declínio da venda das especiarias
Dum Rei potente somos, tão amado, produzidas na Índia.
Tão querido de todos e benquisto, d) o encontro e o choque entre culturas e o gradual
Que não no largo mar, com leda fronte, deslocamento do eixo do comércio mundial para o Oceano
Mas no lago entraremos de Aqueronte. Atlântico.
e) o avanço da monetarização da economia e o lançamento de
Luís de Camões, Os Lusíadas, século XVI. (adaptado) projetos de regulação e controle centralizado do comércio
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000178 internacional.
.pdf
7. (Famerp 2017)
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povoamento, sendo estas as mais encontradas, uma vez nas navegações oceânicas dos séculos XV e XVI, podem-se
que se baseiam em pequena propriedade, trabalho livre e citar
mercado interno; além disso, o Antigo Sistema Colonial a) a influência árabe na Península Ibérica e a parceria com os
garantia superlucros às respectivas metrópoles. comerciantes genoveses e venezianos.
b) dois tipos de colonização significam a coexistência de dois b) a centralização monárquica e o desenvolvimento de
processos históricos diferentes, um ligado à Idade Média e conhecimentos cartográficos e astronômicos.
outro ligado à Idade Moderna, com características c) a superação do mito do abismo do mar e o apoio financeiro
semelhantes, como o comércio triangular, a grande e a e tecnológico britânico.
pequena propriedades, o autogoverno e o exclusivo d) o avanço das ideias iluministas e a defesa do livre-
metropolitano. comércio entre as nações.
c) a colonização de povoamento, típica do Sistema Colonial e) o fim do interesse europeu pelas especiarias e a busca de
Mercantilista, baseia-se em grande propriedade, trabalho formas de conservação dos alimentos.
escravo e produção voltada para o mercado externo, o que
implica o exclusivo metropolitano como base das relações 12. (Unicamp 2016) Os estudos históricos por muito tempo
entre Metrópole e Colônia. explicaram as relações entre Portugal e Brasil por meio da
d) os dois tipos de colonização, de exploração e de noção de pacto colonial ou exclusivo comercial. Sobre esse
povoamento, explicam-se por processos diferentes: a de conceito, é correto afirmar que:
exploração está ligada à acumulação de riqueza para a a) Trata-se de uma característica central do sistema colonial
Metrópole moderna, com grande propriedade e trabalho moderno e um elemento constitutivo das práticas
escravo, enquanto a colonização de povoamento liga-se à mercantilistas do Antigo Regime, que considera
Metrópole industrializada. fundamental a dinâmica interna da economia colonial.
e) o sentido profundo da colonização moderna é comercial e b) Definia-se por um sistema baseado em dois polos: um
capitalista, pois as colônias de exploração, típicas do centro de decisão, a metrópole, e outro subordinado, a
Antigo Sistema Colonial, nasceram para as Metrópoles colônia. Esta submetia-se à primeira através de uma série
acumularem riqueza; e é dentro desse processo de análise de mecanismos político-institucionais.
de conjunto que se torna inteligível a existência do outro c) Em mais de uma ocasião, os colonos reclamaram e foram
tipo, a colonização de povoamento. insubordinados diante do pacto colonial, ao exigirem sua
presença e atuação nas Cortes dos reis ou ao pedirem a
9. (Enem 2017) No império africano do Mali, no século presença do Marquês de Pombal na colônia.
XIV, Tombuctu foi centro de um comércio internacional d) A noção de pacto colonial é um projeto embrionário de
onde tudo era negociado – sal, escravos, marfim etc. Havia Estado que acomodava as tensões surgidas entre os
também um grande comércio de livros de história, medicina, interesses metropolitanos e coloniais, ao privilegiar as
astronomia e matemática, além de grande concentração de experiências do “viver em colônia”.
estudantes. A importância cultural de Tombuctu pode ser
percebida por meio de um velho provérbio: “O sal vem do 13. (Udesc 2015) Leia com atenção o fragmento retirado da
norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os Carta de Pero Vaz de Caminha.
tesouros da sabedoria vêm de Tombuctu”.
“E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em
ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. In: pé, com as mãos levantadas, eles [os índios] se levantaram
MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado; e
Porto Alegre: UFRGS. 2008 (adaptado). então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram
a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim
todos, como nós estávamos com as mãos levantadas, e em tal
Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez
importância histórica no período mencionado era o(a) muita devoção.”
a) isolamento geográfico do Saara ocidental.
b) exploração intensiva de recursos naturais. Pero Vaz de Caminha. In: OLIVIERI, A. C. e VILLA, M. A.
c) posição relativa nas redes de circulação. Crônicas do descobrimento. São Paulo: Ática, 1999, p. 23.
d) tráfico transatlântico de mão de obra servil.
e) competição econômica dos reinos da região.
Em relação à Carta de Caminha para o Rei de Portugal, pode-
10. (Fuvest 2016) A exploração da mão de obra escrava, o se dizer que é:
tráfico negreiro e o imperialismo criaram conflitivas e a) Uma narrativa que projeta sobre as populações nativas uma
duradouras relações de aproximação entre os continentes visão de mundo cristão, como se o Brasil fosse uma
africano e europeu. Muitos países da África, mesmo depois espécie de paraíso edênico.
de terem se tornado independentes, continuaram usando a b) Um relato imparcial sobre as populações indígenas, porque
língua dos colonizadores. O português, por exemplo, é língua o autor narra exatamente o que viu e viveu no Brasil.
oficial de c) Uma narrativa capaz de identificar a verdadeira essência
a) Camarões, Angola e África do Sul. das populações indígenas brasileiras que já conheciam o
b) Serra Leoa, Nigéria e África do Sul. cristianismo, e traziam no seu íntimo um conhecimento
c) Angola, Moçambique e Cabo Verde. prévio dos ensinamentos pregados por Cristo a seus
d) Cabo Verde, Serra Leoa e Sudão. discípulos.
e) Camarões, Congo e Zimbábue. d) Um relato que expressa total ignorância e despreparo do
cronista sobre o caráter dissimulado e estratégico das
11. (Unesp 2016) Entre os motivos do pioneirismo português populações indígenas, que desejavam tão somente ganhar
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a confiança dos viajantes europeus para obter lucros e d) a percepção das perdas e dos ganhos individuais e
fazer alianças políticas para derrotar seus inimigos. coletivos provocados pelas navegações e pelos riscos que
e) Um relato sem valor histórico, pois está marcado por uma elas comportavam.
perspectiva eurocêntrica e preconceituosa sobre os e) a dificuldade dos navegadores de reconhecer as diferenças
habitantes nativos do Brasil. entre os oceanos, que os levou a confundir a América com
as Índias.
14. (Fgv 2014) Sobre as relações entre os reinos ibéricos e a
expansão ultramarina, é correto afirmar que a
a) centralização do poder no reino português só ocorreu após
a vitória contra os muçulmanos na guerra de Reconquista,
o que garantiu o estabelecimento de alianças diplomáticas
com os demais reinos ibéricos, condição para sanar a crise
do feudalismo por meio da expansão ultramarina.
b) guerra de Reconquista teve papel importante na
organização do Estado português, uma vez que reforçou o
poder do rei como chefe político e militar, garantindo a
centralização do poder, requisito para mobilizar recursos a
fim de bancar a expansão marítima e comercial.
c) canalização de recursos, organizada pelo Estado português
para a expansão ultramarina, só foi possível com a
preciosa ajuda do capital dos demais reinos da península
Ibérica na guerra de Reconquista, interessados em expulsar
o invasor muçulmano que havia fechado o rentável
comércio no Mediterrâneo.
d) expansão marítima e comercial precisou de recursos
promovidos pelo reino português, ainda não unificado, que
usou a guerra de Reconquista para garantir a sua
unificação política contra os demais reinos ibéricos, que
lutavam ao lado dos muçulmanos como forma de impedir
o fortalecimento do futuro Estado luso.
e) vitória do reino de Portugal contra os muçulmanos foi
garantida pela ajuda militar e financeira do Estado
espanhol, já unificado, o que permitiu também a expansão
marítima e comercial, condição essencial para o fim da
crise do feudalismo na Europa Ocidental.
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Gabarito: As Grandes Navegações podem ser consideradas uma etapa
da Globalização devido ao (1) fato de que proporcionou um
Resposta da questão 1: encontro entre diferentes etnias e povos, ainda que tenha
[C] ocorrido o massacre dos americanos pelos europeus e (2) ao
aumento da circulação de produtos no eixo do Oceano
O texto faz referência à formação dos Impérios Ultramarinos Atlântico, inaugurando o que podemos chamar de comércio
de Espanha e Portugal. Segundo o historiador Gruzinski, o global.
apoio da Igreja Católica – na figura do Papa, legitimando a
colonização –, a transferência da estrutura administrativa Resposta da questão 7:
europeia para o além-mar – com a abertura de instituições nas [B]
Colônias que reproduziam a administração europeia nas
Américas – e a adoção do trabalho compulsório/escravo – Somente a proposição [B] está correta. O mapa representa o
seja de africanos ou de indígenas – foram elementos contexto das Grandes Navegações no século XV quando os
fundamentais para o sucesso das Monarquias católicas europeus realizaram diversas viagens e, através delas,
ibéricas na colonização. ampliaram seus conhecimentos sobre o mundo,
aperfeiçoaram os mapas, aproximaram regiões do ponto de
Resposta da questão 2: vista do comércio e da cultura contribuindo para o processo
[B] de globalização.
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sua concepção de mundo, a cultura cristã ocidental. Sua
narrativa não identificou a verdadeira essência das
populações indígenas brasileiras. Não podemos concordar
com a ideia de que os indígenas eram dissimulados e
estratégicos e que possuíam interesses em obter lucros. O
documento tem um grande valor histórico.
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