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Como ressignificar histórias tristes?

Saudando a poesia que habita em minhas memórias.

O trabalho na Casa de Cultura Ilê Asè D’Osoguiã, no Planalto Boa Esperança, tem me
despertado de algumas maneiras. Após a série de malefícios societários e pelo
obscurantismo promovido pelo anti-presidente que o país Brasil teve o azar de eleger,
atravessamos uma crise sanitária que nos deixou no luto por mais de 600 mil vidas
perdidas e tantas outras prejudicadas. É certo que levaremos tempo, ou jamais
superaremos isto.

E em meio à depressão instaurada, seja pelo luto causado pelas mortes, seja pelo preço
desemprego generalizado, ou pela alta no preço de produtos e insumos básicos
necessários para que uma condição de vida digna e humana exista – eu renasço junto
dos meus.

O Valentina é também meu território.

Bairro majoritariamente composto por pessoas negras. Bairro-quilombo. De pessoas


lindas. Bairro da minha infância, alegre e contente. De quando lhe atravessava e ia - eu
menina - com meus tios e primas para as praias de maceió do litoral sul. Gramame,
Jacarapé, Jacumã. Amo todos os seus rios. Mesmo quando engolia água aprendendo a
nadar. Toda a sua mata. Brincar de menina índia, negra, de todas as cores, com amigos
de todas as cores. Quando a maior das preocupações eram os bichos-de-pé.

Subir em pé de oliveira. Amava o fato de ter uma árvore tão exuberante e que pintava
nossas bocas, línguas e todo o chão de roxo. A árvore que tem o nome igual o meu:
oliveira. Oliveira, pretinha, roxinha, reluzente.

É muito importante estar viva para ver com os meus olhos, ‘que há terra há de comer’,
mas que vai demorar para isso acontecer pois, assim como os meus eu re (existo), aquilo
que os tolos entendem como “atraso de desenvolvimento”, é o fator que possibilita a
manutenção da natureza e dos espaços verdes.

Também é um fato que o Valentina e suas adjacências têm se transformado


rapidamente. Pipocam por sua superfície “prédios-caixas”, sem muita preocupação com
a delimitação das áreas verdes e de mata atlântica, outrora, característica proeminente
em nossa cidade-território. É evidente que não apenas este bairro se encontre a mercê de
desgovernos descompromissados com questões ambientais, como outros, Bancários é
outro bairro que ainda hoje se “desenvolve” abocanhando a mata, os saguis e bichos-
preguiça.

Apesar de você, João Pessoa, cabra-macho- exterminador-de- futuros-verdes, tenho


encontrado realidades felizes.

“Apesar de você amanhã há de ser outro dia”.

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