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Revista Geográfica Venezolana, Vol.

49(1) 2008, 131-150

Os estudos sobre qualidade de vida elaborados por


geógrafos no Brasil e no mundo
The studies on quality of life elaborated by Geographers in Brazil
and in the world

Bueno de Paiva Edir*


Recibido: marzo, 2008 / Aceptado: marzo, 2008

Resumen
Con este trabajo se pretende mostrar la evolución del concepto de calidad de vida a par-
tir de estudios elaborados por geógrafos brasileños y extranjeros. Para ello, se realizó una
H[KDXVWLYDUHYLVLyQGHODOLWHUDWXUDJHRJUi¿FDWDQWRGH%UDVLOFRPRGHRWUDVSXEOLFDFLRQHV
de América Latina, Europa y Estados Unidos. Después se realizó una selección temática y
WHPSRUDOFRQHOREMHWRGHYHUL¿FDUFRPRORVJHyJUDIRV\OD*HRJUDItDKDQWUDWDGRGHVGHHO
punto de vista teórico y espacial, el tema de la calidad de vida.
Palabras clave: FLHQFLDJHRJUi¿FD*HRJUDItDFDOLGDGGHYLGD

Abstract
Neste estudo buscou-se avaliar a evolução do conceito de qualidade de vida a partir de estu-
dos elaborados por Geógrafos brasileiros e estrangeiros. Para que fosse alcançado este ob-
MHWLYRHIHWXRXVHXPDPSOROHYDQWDPHQWRGDOLWHUDWXUDJHRJUi¿FDHPSXEOLFDo}HVRULXQGDV
na América Latina, Europa e Estados Unidos. Após a coleta dos artigos, foi realizada uma
VHOHomRWHPiWLFDHWHPSRUDOTXHWHYHFRPRREMHWLYRYHUL¿FDUFRPRRV*HyJUDIRVHD&LrQFLD
*HRJUi¿FDWrPWUDWDGRVRERSRQWRGHYLVWDWHyULFRHHVSDFLDODTXHVWmRGDTXDOLGDGHGH
vida.
Palavras chaves: FLrQFLDJHRJUi¿FD*HRJUD¿DTXDOLGDGHGHYLGD

1. Introdução ambiente está sendo utilizado, produzido


e transformado pelos grupos humanos.
A cultura de um povo, o seu modo de (VWDVFRQFHSo}HVGHYLGDQRVFRQGX]HP
YLGDRQtYHOGHVXDVDVSLUDo}HVRFRQKH- a uma possibilidade de interpretação da
cimento adquirido e transmitido através organização do espaço e da qualidade de
GDVJHUDo}HVDKLVWRULFLGDGHHVHXVSUR- vida presente neste ambiente.
cessos sociais de produção são aspectos 3RULVWRDVGLIHUHQFLDo}HVVyFLRHVSD-
que indicam a extensão na qual o meio FLDLVUHODFLRQDGDVjTXDOLGDGHGHYLGDGH

* Universidade Federal de Goiás / Campus Catalão, Departamento de Geografía, Catalão (GO)-Brasil, e-


mail: edirbueno@ibest.com.br

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uma certa sociedade, aparecem na mídia 2. A temática da qualidade de vida


FRPUHIHUrQFLDVDFRQWLQHQWHVFRPRDÈIUL- no contexto da ciência geográfica
FDjVUHJL}HVFRPRRVXGHVWHEUDVLOHLURD brasileira
países, como Bangladesh; ou a parcelas de
muitas das grandes cidades pelo mundo 2EMHWLYDQGR YHUL¿FDU FRPR KLVWRULFD-
afora. Estes referenciais de espacialidade e mente os geógrafos brasileiros tinham
de periodização mostram a dimensão es- formulado o conceito e utilizado o termo
pacial como relevante, constituindo assim, TXDOLGDGH GH YLGD QR kPELWR GD FLrQFLD
aspectos de interesse dos geógrafos. Esta JHRJUi¿FD HIHWXRXVH DPSOD SHVTXLVD
relevância está associada ao fato de que os HP GLYHUVRV UHIHUHQFLDLV ELEOLRJUi¿FRV
índices e indicadores sintéticos caracteri- No primeiro estudo contactado, que
zados, normalmente, por médias estatís- trazia alguma consideração desta temá-
WLFDVQmRSHUPLWHPLGHQWL¿FDUDVGLYHUVL- tica, foi elaborado a partir da teoria da
dades máximo-mínimas de amplos fatores percepção ambiental desenvolvido por
socioeconômicos intrínsecos ao cotidiano Oliveira (1983: 3) a qual considerou que
da vida humana e, neste caso, incluem-se “... a qualidade do meio ambiente está
os complexos espaços urbanos. Neste sen- intimamente ligada a qualidade de vida.
tido, o estudo desta condição humana, sob Vida e meio ambiente são inseparáveis.
RSRQWRGHYLVWDJHRJUi¿FRVHID]QHFHVVi- &RP LVWR QmR TXHUHPRV D¿UPDU TXH R
rio em função de que a caracterização da meio ambiente determina as várias for-
sociedade, através da sua condição sócio- mas e atividades ou, ainda, que a vida
espacial, no que aparentemente tem de determina o meio ambiente. ... as con-
melhor e de pior, tem se constituído em dições de qualidade ambiental são muito
SUHRFXSDo}HVFUHVFHQWHV(VWDWDUHIDJDQ- subjetivas e serão boas ou ruins de acor-
KD FRQWRUQRV GHVD¿DGRUHV j PHGLGD TXH do com o tipo e a situação da população
se agigantam em número e proporção os em questão, de como esta população se
espaços humanizados. relaciona e percebe o meio ambiente e a
A velocidade das recentes transfor- vida”.
PDo}HV WHFQROyJLFDV LPSOLFD HP VHPSUH Por outra vertente, Langenbuch
estar se avançando para novos paradoxos (1983) abordou a importância que o
sociais, econômicos, espaciais e políticos transporte público e a locomoção por
que afetam a vida de toda uma sociedade. É veículo individual tem na circulação das
neste emaranhado de categorias de análise SHVVRDV QDV FLGDGHV H D LQÀXrQFLD TXH
TXHD*HRJUD¿DHPIXQomRGDGLYHUVLGDGH isto pode ter para a qualidade de vida das
de suas disciplinas, permite aos geógrafos mesmas. O autor fez um paralelo entre as
XPDYLVmRPDLVDPSOLDGDGDVTXHVW}HVTXH LPSOLFDo}HVVRFLDLVHDDomRGRSRGHUS~-
envolvem a vida humana. Por isto, na se- blico na melhoria destas duas formas de
TrQFLD VmR GHVWDFDGDV DV FRQWULEXLo}HV circulação intra-urbana. Para ele (1983:
que temos dado com nossos estudos para 2) ³DUHGXomRGRVQtYHLVGHUXtGRVQR
a questão da qualidade de vida. embelezamento paisagístico das vias de

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PDLRUFLUFXODomRLQWUDXUEDQDDDGDS- OXomR GRV GHVDMXVWHV TXH VH YHUL¿FDYDP


tação da estrutura urbana para receber em diferentes escalas espaciais. Mas até
tanto veículos públicos, quanto parti- DR¿QDOGDGpFDGDGHSRGLDVHUH-
culares que poderiam ser implantadas FRQKHFHUDH[LVWrQFLDGHOLPLWDo}HVFRQ-
para propiciar boa qualidade ambiental sideráveis sobre o conceito de qualidade
e contribuir para a qualidade de vida da de vida tanto para explicar, quanto para
comunidade como um todo”. DSRQWDUSRVVtYHLVVROXo}HVSDUDRSUREOH-
Posteriormente, obteve-se estudo que ma da pobreza. Isto se devia ao fato de
continha comentários a respeito do tra- que os aspectos materiais em um nível
balho desenvolvido por Sliwiany (1987; EiVLFR DOLPHQWRHDEULJR VmRFRQGLo}HV
apud Paula, 1990). Este autor constatou imanentes ao ser humano em qualquer
que a autora consultada anteriormente condição histórica. Foram elas que leva-
comentou que o tema da qualidade de ram os homens a se associar, social e po-
vida tinha começado a ser tratado nas liticamente, com o objetivo de suplantar
décadas de 1970 e 1980, porque naquele suas incapacidades individuais.
momento, pesquisadores e administra- O rápido crescimento das cidades
dores públicos estavam mudando a visão nos países em desenvolvimento e, espe-
que eles tinham dos problemas relativos FL¿FDPHQWHGDVEUDVLOHLUDVQmRWHPVLGR
jV GHVLJXDOGDGHV VyFLRHVSDFLDLV 3DUD acompanhado, no mesmo ritmo, pelo
Paula (1990: 7): “Em termos gerais, o atendimento de infra-estrutura que tra-
nível de vida de uma população pode zem melhoria para a qualidade de vida de
ser associado a um determinado grau de VXDVSRSXODo}HV$VGH¿FLrQFLDVGHUHGHV
acumulação de riquezas tanto material, de água tratada, coleta e tratamento de
quanto cultural e à participação dos in- esgoto, pavimentação de ruas, galerias
divíduos na distribuição e no patrimônio de águas pluviais, áreas verdes e de lazer,
social produzido pelo trabalho do con- Q~FOHRVGHIRUPDomRHGXFDFLRQDOSUR¿V-
junto da sociedade”. sional e de atendimento médico-sanitá-
Assim, como resultado desta reava- rio, são comuns nestas cidades. Por isto,
OLDomR VREUH DV TXHVW}HV VyFLRHVSDFLDLV para alguns autores para se estabelecer
o conceito de qualidade de vida passava um certo padrão de qualidade de vida se
por uma reformulação, que tinha como fazia necessário relacionar os fatores físi-
objetivo adequá-lo a uma realidade mun- cos, químicos, biológicos, sociais, cultu-
dial que se alterava rapidamente. Naque- rais, políticos, econômicos e antrópicos.
le momento, tratar da condição humana Neste sentido, Troppmair (1992a; 1992b)
tinha se tornado uma questão central na e posteriormente Mazetto (2000), rea-
discussão a respeito da procura de um OL]DUDP LPSRUWDQWHV FRQWULEXLo}HV DR
novo modelo de desenvolvimento so- DQDOLVDU DV LQWHUFRQH[}HV H[LVWHQWHV HQ-
cioeconômico. Neste sentido, qualidade tre os diversos aspectos intrínsecos a
de vida deveria ser entendida, também, qualidade de vida e a sua espacialização
como um novo caminho para a reso- JHRJUi¿FD&RPHVWHREMHWLYR7URSSPDLU

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(1992a: 6) destacou o seguinte: “O meio gerada. Assim, sob o ponto de vista de


ambiente, conforme as prioridades dos teorias dominantes até aquele momento,
seus elementos produz uma qualidade a baixa qualidade de vida, em termos ge-
DPELHQWDOTXHSRGHVHUPDOp¿FDRXEH- rais, incluindo a degradação ambiental,
Qp¿FDSDUDDQRVVDYLGD$VVLPHQWHQGR era função do indesejável ritmo de acrés-
por sadia ou boa qualidade de vida, os FLPRV GHPRJUi¿FRV H TXH R HVWDEHOHFL-
parâmetros físicos, químicos, biológi- mento de famílias menores se traduziria
cos, psíquicos e sociais que permitam os HP FRQGLo}HV GH YLGD PDLV SURStFLDV H
desenvolvimentos harmoniosos, plenos e em um meio ambiente mais saudável e
dignos da vida”. protegido (Hissa, 1994: 241). Ela disse o
Portanto, os problemas ambientais seguinte: ³ D GLVFXVVmR VREUH H¿FiFLD
não estão restritos aos efeitos das alte- progresso e qualidade de vida deveria
UDo}HV SURYRFDGDV SHOR KRPHP QD QD- transcender o simples debate sobre polí-
tureza, que colocam em risco a sua pró- tica social, posto que a natureza dos pro-
SULD VREUHYLYrQFLD FRPR HVSpFLH (OHV blemas, freqüentemente ignorada pelas
também estão relacionados ao próprio teorias convencionais e até mesmo por
espaço construído pelo homem, ou seja, algumas das mais progressistas, é bem
HVWH PXQGR DUWL¿FLDO VREUH D VXSHUItFLH mais complexa do que se pode imaginar
terrestre, representado, especialmente, o pensamento neomalthisiano, simples e
SHODVFLGDGHVRQGHDVTXHVW}HVGHRUGHP míope”.
social e não apenas as de ordem física No entanto, na perspectiva urbana,
atuam de forma decisiva na qualidade de R FUHVFLPHQWR SRSXODFLRQDO YHUL¿FDGR
vida de todos. de forma intensa a partir da década de
Um outro aspecto que envolve a ques- 1970, desgastou os laços sociais e os es-
tão da qualidade de vida e que tem sido paços públicos que são valores culturais
discutido em amplos setores da socieda- que, consciente ou inconscientemente,
GHPXQGLDOHHVSHFL¿FDPHQWHGDEUDVL- LQÀXHQFLDPQDLQWHUDomRGDSRSXODomRFRP
leira, é a relação existente entre a dinâmi- VHX HQWRUQR QDV VXDV Do}HV H UHDo}HV
ca da população, crescimento econômico e, mesmo, na melhoria da qualidade de
e meio-ambiente A desaceleração nas YLGD $VVLP D FLGDGH WHP VH WUDQV¿JX-
taxas de crescimento populacional ve- rado ao longo das últimas décadas em
UL¿FDGDQR%UDVLOGHVGHRVDQRVGH espaços cada vez mais fechados, que re-
colocou em cheque, muitas das teorias ÀHWHPDSHUGDGDXUEDQLGDGHHGHPRQV-
que imputavam a pobreza e a margina- tram a espacialização e compartimen-
lidade aos baixos níveis de qualidade de tação da sociedade, que tem interiorizado
vida. Porém, o crescimento econômico muito das atividades sociais que antes se
YHUL¿FDGR QHVWH SHUtRGR PRVWURX TXH desenvolviam em locais públicos (Mello,
QmR VH SRGH WHU PHOKRULD QDV FRQGLo}HV 1995). Esta questão foi avaliada com o
de vida da população se ocorre, conco- seguinte comentário: “Dada a complexi-
mitantemente, a concentração da renda GDGH GR TXH SRGH VLJQL¿FDU D UHFXSH-

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ração da qualidade de vida urbana, se mento populacional e migração não po-


iniciássemos o processo imediatamente, dem ser resolvidos através de políticas
talvez pudéssemos trazer de volta a vida isoladas de recursos hídricos, negligen-
dos espaços públicos, isentos dos medos FLDQGRVHVXDVHVSHFL¿FLGDGHVWDLVSUR-
característicos das últimas décadas. As blemas requerem decisões deliberadas a
saídas, portanto, devem iniciar na fa- ¿P GH VHUHP HQJOREDGRV FRPR XP HOH-
mília, ganhar o bairro, a comunidade e mento de políticas e estratégias nacional
atingir toda cidade. A democratização e regional”.
do orçamento poderá, ao garantir a O que se pode observar é que nas
participação da comunidade, garantir áreas metropolitanas a qualidade de vida
a territorialização de suas aspirações” da maior parte de seus habitantes não
(Mello, 1995: 197). DWHQGH DRV QtYHLV PtQLPRV GRV SDGU}HV
Assim, a questão da qualidade de internacionais estabelecidos (alimen-
vida urbana envolve muitos outros fato- tação, renda, educação, saúde etc), (Ma-
UHVTXHHPPXLWRVFDVRVVmRH[WHUQRVj chado, 1997). Neste contexto, muitas são
área ocupada pela malha de uma cida- as classes de indicadores e os critérios
de. Por exemplo, a questão da água para SDUD VH LGHQWL¿FDU D TXDOLGDGH GH YLGD
abastecimento tem sido motivo de muita Para esta autora (1997: 17) é necessário
preocupação, pois a contaminação e di- o uso de dois tipos de abordagens para
PLQXLomR GRV PDQDQFLDLV S}HP HP ULV- estudar a qualidade de vida e ambiental:
co o abastecimento deste produto que “... a quantitativa (padrões de qualida-
é fundamental para a vida humana e, de) representada através dos indicado-
principalmente, a urbana. Neste sentido, res do desenvolvimento mundial, como
PXLWRVHVWXGRVWrPSURFXUDGRLGHQWL¿FDU o PNB ‘per capita’, expectativa de vida
também as causas determinantes desta ao nascer, analfabetismo entre adultos e
GH¿FLrQFLDHDVVLPIRUPXODUHVWUDWpJLDV também através de indicadores ambien-
e estabelecer prioridades na conservação, tais como poluição do ar e da água, por
operação e gerenciamento destes recur- H[HPSOR H D TXDOLWDWLYD LQGLFDGRUHV
sos (Ross, 1995; Foresti e Ceccato, 1995). perceptivos) baseada no estudo da ci-
Esta questão de grande relevância para dade como fenômeno experenciado pelo
a vida e a sua qualidade nos centros ur- morador, que percebe a qualidade do
banos, foi avaliada por Foresti e Ceccato meio ambiente que o cerca”.
(1995: 216) com a seguinte observação: Além destes fatores, a autora infor-
“Se não for neutralizado no devido tem- PDTXHRVLQGLFDGRUHVUHIHUHQWHVjVD~GH
po o problema de qualidade da água são importantes para a análise da quali-
em áreas urbanas pode assumir feições dade de vida e ambiental da população.
incontroláveis e isto é particularmente Em muitos casos, uma péssima ou uma
sério se os índices de desenvolvimentos ERD TXDOLGDGH GH YLGD HVWi UHÀHWLGD QD
globais permanecerem baixos. Consi- saúde e no acesso aos serviços de saúde
derando-se que problemas como cresci- por parte das pessoas. Isto, porque sem

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uma saúde estável, nenhum ser humano avaliou-se estudo sobre qualidade de vida
pode lutar para melhorar a sua condição em Minas Gerais pautado na perspectiva
de vida. do desenvolvimento humano sustentável
Por sua vez, a dialética contida na para os anos de 1991 e 2000 e sua progre-
relação desenvolvimento e qualidade de ssão neste período (Paiva, 2003). Nesta
vida e a utilização dos avanços técnico- pesquisa os seguintes resultados foram
FLHQWt¿FRVTXHOHYDPDIUHTHQWHVVDOWRV destacados: “... a qualidade de vida no
de modernização tem, freqüentemente, Estado caracteriza-se por apresentar
desestabilizado os sistemas ecológicos, níveis médios, com uma pequena par-
principalmente nos espaços urbanizados cela dos municípios apresentando (sic)
(Santos e Ferreira, 2002). É esta situação níveis elevados, o que, por si só, já cons-
GH GHJUDGDomR DFHQWXDGD GDV FRQGLo}HV titui motivo de grande preocupação,
naturais que garantiram, historicamen- agravada ainda mais pela heterogenei-
te, o desenvolvimento da humanidade. dade com que se apresenta no Estado.
Porém, a baixa qualidade de vida aliada Neste caso, a marcante divisão estadual
j SREUH]D PDWHULDO GD JUDQGH SDUWH GD em dois blocos distintos, um englobando
população, está no cerne dos questiona- os níveis inferiores e o outro os superio-
mentos feitos perante os avanços técni- res, agrava ainda mais a situação, por
FRFLHQWt¿FRV H RV PHLRV XWLOL]DGRV SDUD comprometer a eqüidade, com as opor-
HVWH ¿P H VHXV UHVSHFWLYRV EHQHItFLRV tunidades apresentando-se de modo
Neste sentido, para eles “O crescimento desigual para os habitantes do Estado.”
GHPRJUi¿FR IH] DXPHQWDU R FRQVXPR (Paiva, 2003: 149).
de recursos naturais como também o 1DVHTrQFLDSDVVDVHDDYDOLDUFRPR
número absoluto de pobres existentes RVJHyJUDIRVGHRXWURVSDtVHVWrPHVWXGD-
no mundo. O avanço da medicina nos do a questão da qualidade de vida e quais
trouxe possibilidades de sobrevivência VmR DV FRQFHSo}HV TXH HOHV XWLOL]DUDP
muito além do pensado e vivido a tem- para caracterizar este estado da condição
pos atrás. A intensa e irracional busca humana.
por matéria-prima em países ditos em
‘desenvolvimento’ fez aumentar as des-
igualdades regionais, sobretudo a im- 3. A temática de qualidade de vida no
possibilidade de países emergentes, do- contexto da ciência geográfica
nos de matérias-primas, ver-se capaz de
utilizar para o próprio desenvolvimento, Logo no início da pesquisa da literatura
o potencial natural-humano que detém” efetuada em diversos periódicos, dois
(Santos e Ferreira, 2002: 7). estudos desenvolvidos por Abaleron
Finalizando esta análise a respeito das (1986/1987 e 1990) chamaram a atenção.
diferentes vertentes sob as quais os geó- 2SULPHLURWHYHFRPR¿QDOLGDGHFRPSUR-
JUDIRV EUDVLOHLURV WrP DERUGDGR D TXHV- var o grau de associação existente entre
tão em diferentes escalas e modalidades, GHWHUPLQDGDVFRQGLo}HVREMHWLYDV HTXL-

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pamentos comunitários e infra-estrutura Inovadora também foi a proposta


GH VHUYLoRV  H DV SHUFHSo}HV VXEMHWLYDV apontada por Bravo e Vera (1993a) que em
VDWLVIDomRDVSLUDo}HVHH[SHFWDWLYDV GH seus estudos objetivaram dar operaciona-
um grupo social residente num território lização teórica e prática ao uso do concei-
temporal e espacialmente delimitado. to de qualidade de vida. Para elas (1993a:
Neste estudo foi destacado que até meados   R WHUPR SRGHULD VHU GH¿QLGR FRPR
dos anos 1970, medir qualidade de vida “... el grado de bienestar individual y en
era só uma questão de indicadores duros grupo determinado por la satisfacción de
os quais, provenientes em sua maioria de las necesidades de la población en salud,
fontes secundárias, ofereciam dados que vivienda y servicios básicos, participa-
sugeriam uma certa universalidade dos ción socioeconómica, seguridad personal,
fenômenos externos aos indivíduos e, por- participación ciudadana y ambiente físi-
WDQWRRXWRUJDYDPYDOLGH]HFRQ¿DELOLGDGH co”. Para as autoras são as ‘necessidades
D HVWDV DYDOLDo}HV 1R VHJXQGR R DXWRU básicas operativas’ que se encontram den-
passou a utilizar o termo qualidade de vida, tro de uma concepção econômica, social
de forma quantitativa (objetiva) e quali- e política que possibilitam a satisfação de
WDWLYD VXEMHWLYD  $¿UPRX DLQGD TXH SRU FRLVDVIXQGDPHQWDLVUHODFLRQDGDVjVD~GH
muito tempo, nos países subdesenvolvidos, habitação, participação sócio-econômica
o seu uso teria se dado através de diagnós- e política, seguridade pessoal e do meio-
WLFR VREUH DV FRQGLo}HV GH KDELWDomR H GH ambiente. Ainda, de acordo com Bravo e
recursos, e que estes possuem pouca ex- Vera (1993b: 276), “conceptualizar cali-
SUHVVmR SRLV QHVWHV HVWDV FRQGLo}HV VmR dad de vida ha ocasionado controversias
na sua grande maioria, mínimas. Para entre los investigadores del tema, por los
Abaleron (1986/1987: 55) o termo faz refe- diferentes enfoques y por denominacio-
rencia a “... el grado de excelencia que una nes asignadas” 3DUD H[HPSOL¿FDU HODV
sociedad ofrece en la provisión de bienes ¿]HUDP UHIHUrQFLDV D HVWXGRV TXH UHOD-
y servicios destinados a satisfacer toda la cionaram qualidade de vida ao bem-estar
gama de las necesidades humanas para social (Smith, 1980); ou ainda de acordo
todos sus miembros, y el consegüinte nivel com Drewnoski (1974; apud Diaz, 1980)
de satisfacción individual y grupal según que fez a associação com o estado de fe-
la percepción que se tenga de esa oferta, licidade do homem e Maslow (1954; apud
accesibilidad y uso”. Smith, 1980), com a relação entre a satis-
Os estudos elaborados por este autor fação das necessidades em seus níveis hie-
representam um marco nas pesquisas so- rárquicos superiores e inferiores. Por sua
bre qualidade de vida na América Latina, vez, Max-Neef (1986) a relacionou com
já que foram apresentadas novas variáveis categorias existenciais tais como: o ser,
de análises qualitativas que até então não ter, fazer e estar, ou ainda, de acordo com
tinham sido pesquisadas, mas que pos- 0DOOPDQQ  TXHD¿UPRXTXHDTXD-
VXHP IRUWHV LPSOLFDo}HV VREUH D YLGD GDV lidade de vida tem a ver com os estados de
pessoas. saúde e satisfação de cada indivíduo.

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Outro estudo que se teve contato foi o sicas de uma dada população que habita
de Guillén e Boada (1996: 31) que trazia e nele constroem suas vidas cotidianas.
FRQVLGHUDo}HV VREUH D WUDMHWyULD GR FRQ- Isto ocorre quando através da cobertura
ceito e continha a seguinte observação a de serviços básicos (comunitários e indi-
UHVSHLWR GR XVR FLHQWt¿FR GD H[SUHVVmR viduais), é auferido ao espaço social em
“Aunque no podemos precisar cuándo se construção, um certo grau de qualidade
introdujo el concepto en el mundo aca- que não ponha em risco a vida em suas
démico, se conocen referencias de que diferentes propriedades.
los primeros estudios sobre el tema se $V UHODo}HV TXH VH DFKDP LQVHULGDV
KLFLHURQ \D D ¿QDOHV GHO VLJOR SDVDGR \ numa dada realidade social, política e es-
comienzos del presente”. Continuando SDFLDOFRPRVLVWHPDSROtWLFRHVXDVDo}HV
a análise deste trabalho, foi constatado SUHFLVDPVHUUHWLUDGDVGDVIRUPDVFDPXÀD-
TXHVRERSRQWRGHYLVWDGDH[LVWrQFLDKX- das que se encontram em discursos e prá-
mana, os autores informaram que o uso ticas demagógicas populistas. Para Rojas
do termo era de certa forma antiga e se (1996: 46) “La actual transición que vive
constituía em uma procura utópica do Venezuela desde el rentismo al capitalismo
ser humano em melhorar a sua condição petrolero, y el proceso de desconcentra-
de vida, tanto no sentido objetivo quanto ción del poder que se vive paralelamente,
subjetivo de ser, em uma corrida contra muestran la relación entre calidad de vida
o tempo e as suas adversidades inerentes el profundización democrática”.
aos processos históricos de evolução da Sob o ponto de vista de um estudo de
humanidade. cunho teórico-prático onde se considerou
Um outro estudo, Geisse e Arenas a ordenação territorial e sua organização
(1996: 23) abordaram a relação existen- espacial, pode ser percebido no trabalho
WHHQWUHHVSDoRJHRJUi¿FRHTXDOLGDGHGH de Santis et al. (1999) para os quais as
YLGD QXPD SHUVSHFWLYD GD FLrQFLD JHR- GLPHQV}HVQmRUHVSRQGHPjVH[LJrQFLDV
JUi¿FD (ODV D¿UPDUDP R VHJXLQWH “El nacionais e regionais. Isto ocorre por-
resultado es que se asume como medio que os programas de desenvolvimento
un soporte ecológico construido por el econômico formulados por estes níveis
ser humano a partir de la naturaleza y de ação não levavam em consideração a
la valoración que el ser humano puede percepção que os moradores locais tin-
hacer de ella. Como calidad de vida se KDP FRP UHVSHLWR DV VXDV FRQGLo}HV GH
asume la condición de respuesta del so- vida. Segundo os autores “Con todo, las
porte o medio a las necesidades básicas valorizaciones medioambientales y so-
del usuario acorde con su propia y sub- cioeconómicos expresadas por los jefes
jetiva valoración”. de hogares encuestados traducen diver-
Isto implica em dizer que para ter sos grados de insatisfacción, aunque va-
qualidade de vida, em qualquer espaço loran aspectos tales como la calidad del
JHRJUi¿FRKiRLPSHUDWLYRGHVHUHODFLR- aire, los recursos escénicos, la disponi-
nar este aspecto com as necessidades bá- bilidad de servicios mínimos, la locomo-

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ción pública y expresan ingresos per cá- O que se tinha conseguido de artigos
SLWDTXHWLHQGHQDFRQ¿UPDVXQDFLHUWD sobre a temática na fase inicial da pes-
mejoría” (Santis et al. 1999: 66). TXLVD ELEOLRJUi¿FD PRVWURX TXH DV FRQ-
Por isto, estas variáveis passaram a WULEXLo}HVGRVJHyJUDIRVVREUHRVHVWXGRV
ser consideradas relevantes quando da da qualidade de vida, não constituíam
elaboração de estudos, que possibilitem XP H[WHQVR PDWHULDO ELEOLRJUi¿FR H WHy-
WRPDUPHGLGDVTXHGrHPFRQGLo}HVGLJ- rico. Porém, abriu um caminho impor-
QDVGHYLGDjSRSXODomR &DPDUJR  tante na avaliação histórica da evolução
Isto apontou para uma nova forma de ver do conceito e das temáticas estudadas.
o conceito, pois para ela “La calidad de Por isto, com o objetivo de se aprofun-
vida es un nuevo enfoque que se orienta dar a pesquisa, buscou-se ampliar este
a la búsqueda de respuesta a la proble- UROYHUL¿FDQGRQR“Geo Abstract” séries
mática de los cambios contemporáneos. “Human Geography”, o que se poderia
Es una propuesta general de estilo socie- LGHQWL¿FDUGHIRUPDDVVLVWHPiWLFDDUHV-
tal, que alude a un crecimiento orgánico peito da questão e que tivesse sido elabo-
donde el bienestar tiene en cuenta todas rado por geógrafos no período de 1990 a
las facetas del hombre, subrayándose 2SHU¿OGDSUHVHQoDGHFLWDo}HVGH
especialmente las derivadas de su medio artigos, em cujos títulos possuíam a ex-
ambiente natural y social” (Camargo, pressão “quality of life”, apresentou-se
1999: 254). FRQIRUPHRDSRQWDGRQD¿JXUD
O tema qualidade de vida até aquele A pesquisa permitiu constatar que no
momento estava sendo tratado sob di- intervalo de 12 anos tinha havido de for-
YHUVDVIRUPDVVHMDQRUDPRGDFLrQFLD ma continuada e crescente, a publicação
no senso comum e em abordagens indi- de 284 estudos oriundos de diferentes
viduais ou coletivas Freitas e Ramires áreas do conhecimento envolvendo a te-
(2002: 627). Assim, qualidade de vida mática. Embora, a princípio, se pudesse
GL]LD UHVSHLWR jV FRQTXLVWDV TXH D SUy- julgar que nesta publicação ocorreria a
pria sociedade almejava. Isto exigia po- presença marcante de estudos elabora-
líticas públicas e sociais que levassem dos por geógrafos, quando da análise dos
DR GHVHQYROYLPHQWR KXPDQR jV PX- autores dos artigos, foi constatado o con-
GDQoDVQRPRGRGHYLGDQDVFRQGLo}HV trário. A partir da análise dos títulos de
de vida e no estilo de vida, servindo 284 artigos, foram selecionados 48 (em
também ao setor saúde. Para eles: “... função da proximidade temática da Tese
medir a qualidade de vida requer-se em elaboração), sendo que 33 foram con-
um aprofundamento conceitual e me- seguidos em sua forma impressa. Destes,
todológico. As noções de qualidade de descobriu-se que 15 (31,2%) tinham sido
vida têm avançado, entretanto, nos elaborados por geógrafos. Este número
aspectos metodológicos há obstáculos relativamente baixo de artigos publicados
que apresentam grandes desafios a ser neste index, demonstrou o pouco espaço
superados.” GHUHÀH[mRWHyULFRPHWRGROyJLFDHSUiWLFD

Vol. 49(1) 2008, enero-junio 139


Bueno de Paiva E.

Figura 1. A presença de citações de artigos sobre qualidade de vida entre 1990 e 2001 no Geo Abstract. Fonte:
Geo Abstract - Serie Human Geography – 1990-2001. Elsevier – USA. Org., por Edir de Paiva Bueno (2006)

por parte dos nossos colegas estrangeiros. Por sua vez, os processos de remo-
Entre os artigos selecionados, encontrou- delação urbana promovida pelo poder
se, inicialmente Helburn (1982: 446), que S~EOLFRSRGHPOHYDUjGHWHULRUL]DomRGR
efetuou este comentário: ³6LJQL¿FDQWO\ meio-ambiente e desencadeiam uma si-
quality of life has two meanings: one tuação de insatisfação residencial. Neste
personal, the other external: one quite VHQWLGR 3pUH]    D¿UPRX TXH
subjective, the other more objective. The ³'HQWUR GH OD GLVFLSOLQD JHRJUi¿FD OD
two different meanings of quality of life noción de calidad de vida o bienestar
interact: in the former meaning, my per- deriva de la relación entre una persona
sonality and abilities (however they were y/o un grupo de personas y un bien [...]
achieved) are used by me to achieve satis- e incluye todas las cosas o bienes que
factions within a milieu that is the second contribuyen a la calidad de la existência
meaning of the term, and part of my sa- humana”. Segundo o autor, a importân-
tisfaction comes from my contribution to cia dos bens está em função das necessi-
our shared or communal environment”. dades pois, ao se atribuir um valor a um
O autor avaliou que eram vários os bem, há o atendimento de uma satisfação
DVSHFWRVJHRJUi¿FRVGHXPOXJDUTXHSR- que traz um bem-estar social. Por isto,
GLDPLQÀXHQFLDUQDTXDOLGDGHGHYLGDGDV a satisfação residencial como um predi-
pessoas. Porém, ele comentou que os as- cado de qualidade de vida resulta de um
pectos não estéticos eram os mais impor- conjunto de atributos difíceis de se medir
WDQWHVSRLVRFRQKHFLPHQWRGDJHRJUD¿D mas, que se encontram ligados pelas ca-
por parte das pessoas de um lugar ajudava racterísticas das moradias, do bairro, da
a enlargar os horizontes, tornando-as cos- cidade e pelas características socioeconô-
mopolitanas. PLFDVHGHPRJUi¿FDVGRVLQGLYtGXRV

140 Revista Geográfica Venezolana


Os estudos sobre qualidade de vida elaborados por geógrafos..., 131-150

Com a finalidade de mapear a dis- O impacto da migração internacional


WULEXLomR GDV YDULDo}HV GH EHPHVWDU nos últimos 40 anos do século XX tam-
da população a partir da estrutura so- bém foi estudado em relação aos países
cioeconômica regional foi elaborado mediterrâneos do sul da Europa e do nor-
estudo para 25 cidades polonesas (Do- te da África (Garcia, 1996). Também, na
mánski, 1990). Neste, o autor buscou antiga URSS, foi elaborado estudo onde
aferir como as políticas públicas de des- IRL DYDOLDGR FRPR DV LPSOLFDo}HV DGYLQ-
envolvimento industrial com base local das da redistribuição regional do trabal-
eram percebidas pelos seus moradores ho, a partir da migração inter-regional
a partir dos efeitos positivos (oportuni- RFRUULGDHPIXQomRGDVORFDOL]Do}HVGRV
dades de empregos, salários, educação postos de trabalho, dos recursos naturais
H OD]HU  H QHJDWLYRV ULVFRV j VD~GH e da capacidade industrial foram ava-
GHVWUXLomR GD QDWXUH]D H r[RGR UXUDO  liados (Mitchneck, 1991). O estudo teve
Por sua vez, nesta direção de análise foi como eixo de análise as determinantes
elaborado estudo com dados da década HFRQ{PLFDV H JHRJUi¿FDV FRPR HOHPHQ-
de 1980 sobre a estrutura da produção tos essenciais na escolha do destino para
de cidades finlandesas como indústrias, os movimentos migratórios ocorridos en-
serviços, emprego, habitação, meio de WUHH3RULVWRIRLGDGDrQIDVH
vida e educação (Siirilã, S. et al., 1990). particular aos efeitos relativos das va-
O estudo, pautado, por um lado, na riáveis econômicas que afetavam a qua-
avaliação de variáveis concentradas em lidade de vida e as variáveis de gravidade
4 índices como desemprego, pobreza, como distância e tamanho de população.
miséria e insegurança. Por outro, na Ele concluiu com o seguinte comentá-
conformação das municipalidades tam- rio: “The spatial interaction models have
bém em grupos segundo os seus tipos: helped to clarify the pull factors involved
grandes centros populacionais, centros in the migration process produced by
industriais, municipalidades suburba- the economic and quality of life charac-
nas, centros rurais, municipalidades teristics of the origins and destinations
industriais rurais, trabalhadores rurais within the USSR, according to establis-
volantes e municípios com produção de hed neoclassical economic theory. The
bens primários. Os autores concluíram RULJLQVSHFL¿F PRGHOV DFFRXQWHG IRU D
que “In a post-industrial society there ODUJH DQG VLJQL¿FDQW SURSRUWLRQ RI WKH
is no longer the same correlation bet- variation in destination choice from
ween the old types of regional featu- different origins. The gravity factors
res and the desired well-being factors. (effects of distance and population size)
Well-being is substantially and spatia- ZHUHTXLWHVLJQL¿FDQWDQGSURGXFHGWKH
lly multidimensional phenomenon and expected results, indicating that the stan-
therefore its regional variations must dard model can be used to analyze mi-
be described by means of several mea- gration in the USSR. It also corresponds
sures” (Siirilã et al. 1990: 198). with results of the application of gravity

Vol. 49(1) 2008, enero-junio 141


Bueno de Paiva E.

models to other countries. The geogra- 'D PHVPD IRUPD TXH HVWXGRV WrP
SKLFDOSDWWHUQRIWKHGLVWDQFHFRHI¿FLHQW sido formulados buscando comparar,
for example, especially for 1968-1969, internacionalmente, os níveis de bem-
coincides quite well with results of spa- estar, o mesmo também pode ser feito
tial interaction analysis for the United sob o âmbito regional. Nesta direção,
States” (Mitchneck, 1991: 184). tendo como objeto de análise os dados
Por outro lado, o uso do PNB e do dos censos dos anos de 1950-1980 para a
Physical Quality of Life Index (PQLI) população dos estados de Oregon e Was-
formulado por Morris (1979) foi utili- hington (USA), foi elaborado estudo em
]DGRSDUDVHVDEHUFRPR¿FDULDDGLVWUL- que foram utilizadas seis variáveis (ren-
EXLomRJHRJUi¿FDPXQGLDOGREHPHVWDU da familiar média, porcentagem de casas
(Holloway e Pandit, 1992). Com este in- sem água encanada, porcentagem de tra-
tento, o estudo envolveu-se das variáveis balhadores em atividades primárias, taxa
distribuição da renda (renda individual, de desemprego, anos médios de escolari-
GHSHQGrQFLD FRPHUFLDO H D GHVDUWLFX- dade das pessoas com mais de 25 anos e
lação interna do processo produtivo) e, taxa de mortalidade infantil). Estes dados
gastos governamentais (sociais e mili- foram transformados em índices munici-
tares, dívida externa, estrutura da po- pais que buscaram demonstrar as iden-
pulação e direitos políticos e civis), para WLGDGHV JHRJUi¿FDV GDV GLIHUHQFLDo}HV
analisar se teriam resultados diversos inerentes ao ‘status’ socioeconômico da
entre um método e outro. Os autores população em cada Estado (Bridges e
assim concluíram seus estudos: “First, Berentsen, 1993: 13). O estudo mostrou,
the concepts and measures of economic essencialmente, que: “Regional inequali-
development and human welfare upon ties in the Northwest declined from 1950
which we built our measure of the de- to 1970, period but increased in the next
velopment welfare disparity continue decade. This was largely due to several
to be contentious and ambiguous. […] factors. First, counties dominated by
Second, there is a dynamic element to primary production often experienced
the relationship between economic de- decreasing levels of QOL. Second, sur-
velopment and human welfare that we ging employment in metropolitan areas,
do not directly consider. For example, especially the Seattle and Portland, was
the impact of increased national inco- both a cause and effect of higher QOL
me may not be felt immediately in the scores in the metro counties. […] Growth
measures of literacy and life expectan- of the national market and national
cy (which are components of the PQLI) transport/communication network also
EHFDXVHWKHVHPHDVXUHVUHÀHFWWKHFRQ- allowed major cities to export services
ditions of the adult population, which outside the region. In comparison, many
were determined in an earlier period counties in the ‘periphery’ had slow em-
when national income was lower” (Ho- ployment growth and relatively slow
lloway e Pandit, 1992: 68). improvement in QOL scores. Several

142 Revista Geográfica Venezolana


Os estudos sobre qualidade de vida elaborados por geógrafos..., 131-150

counties in Oregon which had net losses A questão da criminalidade tem sido
of manufacturing jobs during the study motivo de investigação por parte de cien-
period experienced particularly slow tistas de inúmeras áreas do conhecimen-
improvement in QOL”. WR H HQWUH HODV RV JHyJUDIRV TXH WrP
$WUDYpV GDV FRQFHSo}HV WHyULFDV IRU- desenvolvido interessantes estudos nesta
muladas por Chojnicki (1988), (siste- área (Herbert, 1993). Com o objetivo de
ma sócio-territorial), Kaufman (1959), investigar como isto afeta a qualidade de
(concepção de uma comunidade local) e vida, o autor criou o index de Incivilida-
Loboda (1987), (idéia da modernização de (sujeira urbana, cães, iluminação das
e da inovação como produto da cultura ruas, ‘gangs’ de adolescentes, barulho e
material de uma comunidade particular), vandalismo), do crime (arrombamento,
(apud Maik, 1993), Maik (1993) investigou roubo de carro, assalto e outros crimes
FRPRDVSRSXODo}HVGH&]DUQNyZH1RZH neste formato) e da satisfação. Ao ser ta-
Skalmierzyce (cidades polonesas), repre- bulados os dados obtidos em questionário
sentada por uma amostra de um segmen- contendo perguntas sobre o cotidiano da
to social (homens com idade entre 30 e 45 vida urbana, o autor chegou as seguintes
DQRV  SHUFHELDP DV LPSOLFDo}HV TXH DV FRQVLGHUDo}HV “This study has focused
LQRYDo}HVQRORFDOGHWUDEDOKRLQÀXHQFLD- on the value of the Index of incivilities as
YDPQDVVXDVFRQGLo}HVGHYLGD3DUDHOH an indicator of quality of life within pu-
“Firstly, a statistically important connec- blic sector residential estates. Evidence
WLRQ ZDV FRQ¿UPHG EHWZHHQ LQQRYDWLRQ points to its value in this context and to
attitudes and such features as: length of its close relationship with other key indi-
stay in a given town (Czarnków) and a cators such as experience of crime, fear
sense of stabilization (Nowe Skalmierzy- of crime and neighborhood satisfaction.
ce). Secondly, there is a clear interdepen- In terms of policies designed to impro-
dence of the innovativeness phenomenon ve the quality of the urban environment
ZLWKIHDWXUHVGH¿QLQJWKHOLYLQJFRQGLWLR- this evidence suggests that they can have
ns, of the respondents, such as: a socio- EHQH¿FLDOHIIHFWEH\RQGWKHLULPPHGLDWH
ecological factor (Czarnków), “per capi- intent. Research into the effects of im-
ta” income (Czarnków), and equipment proved street lighting, revealed what
with durables (Czarnków and Nowe was termed a ‘halo effect’, ‘whereby re-
Skalmierzyce). Thirdly, the situational sidents’ perceptions of a range of neig-
context is an factor forming a system of hborhood qualities improved when a
innovation attitudes in the place of work. single improvement or was completed”
Fourthly, important differences occur (Herbert, 1993: 48).
between innovation activity in support of Outro aspecto que tem sido muito
improvement concerning living conditio- discutido recentemente é as chamadas
ns in the dwelling-place and innovation amenidades que um lugar oferece para
activity supporting improvement of work R HVWDEHOHFLPHQWR GH SDGU}HV GH TXDOL-
conditions” (Maik, 1993: 398). dade de vida diferenciados (Gober et al.,

Vol. 49(1) 2008, enero-junio 143


Bueno de Paiva E.

1993). Estas amenidades, normalmente, níveis de qualidade de vida em um de-


são paisagem que possuem potencial re- WHUPLQDGR HVSDoR JHRJUi¿FR 0DVVDP
creativo, lugares singulares que possuem B. H. et al., 2000). Este procedimento
VLJQL¿FDGR KLVWyULFR H FRP LGHQWLGDGH foi apresentado da seguinte forma: “In
rural. A valorização de ambientes com summary, for the data analyses, and
certas características de amenidades under the methods applied, Statistica™,
constitui um subproduto do aumento do or similar statistical software packages,
ÀX[R GH SHVVRDV TXH EXVFDP OD]HU HP appear to offer a number of advantages.
função do aumento das horas de não-tra- 7KHVHLQFOXGH L HDVHRIXVH LL WKHDEL-
balho típica da sociedade pós-industrial. OLW\WRSORWDQGODEHOWKUHHD[HVDQG LLL 
(VWDLQÀXrQFLDIRLDQDOLVDGDQDFLGDGHGH the ability to rotate surfaces to obtain
Sedona’s (Arizona, EUA), onde se pode the optimal perspectives for viewing in-
YHUL¿FDU DV FDUDFWHUtVWLFDV VRFLRHFRQ{- dividual cases. The greatest advantage
PLFDVHGHPRJUi¿FDVEHPFRPRDVDYD- of surface modeling packages like Arc
OLDo}HVSHVVRDLVVREUHDVDPHQLGDGHVGR View™ is that a variety of spatial analy-
OXJDU1HVWHVHQWLGRRVDXWRUHV¿QDOL]DP tical techniques can be applied to gene-
o estudo considerando que: “The presence rate a complex 3-D surface. Contours
of amenity towns like Sedona in no me- can also be generated to plot movement
tropolitan areas increases the contrasts over the surface that may not corres-
from one place to another in very much pond to changes in QoL scores (along or
the same way that such sharp contrasts within a contour interval)”, (Massam et
arise and persist in metropolitan areas. al. 2000: 11).
The emergence of a highly specialized Entendemos que a aplicação de um
and complex regional economy in which destes programas de computador, como
some places provide jobs while neighbo- o apresentado, permite que os dados nu-
ring communities provide housing and méricos sejam visualizados na forma de
the intangible qualities of small town life mapas e, esta forma de exposição facili-
drastically alters die economies, socio- ta em muito para aqueles que não tem
logies, and political geographies of con- tempo para analisar os dados gerais, seus
temporary no metropolitan America” FiOFXORVHLQWHUSUHWDo}HVGHFXQKRDFDGr-
(Gober et al. 1993: 19). mico. Neste caso, esta forma de apresen-
Também, novas alternativas de cálcu- tação facilita a comparação temporal e es-
ORWrPVLGRRIHUHFLGDVFRPRREMHWLYRGH pacial dos diferentes níveis de qualidade
melhor avaliar as diferentes facetas que a de vida, além de facilitar o entendimento
qualidade de vida pode apresentar espa- por parte dos administradores públicos e
cialmente. Neste sentido, duas técnicas da população sobre a qualidade de vida
computacionais baseadas nos programas em grandes ou pequenas cidades.
‘Statistica™ e Arc View™’ tem sido utili- O crescente interesse sobre qualidade
zadas para gerar imagens de superfícies GHYLGDHQWUHRVDFDGrPLFRVRVIRUPXOD-
em 3-D que permitir visualizar os (des) dores de política social e os governantes

144 Revista Geográfica Venezolana


Os estudos sobre qualidade de vida elaborados por geógrafos..., 131-150

demonstram a enorme importância de VDULDPHQWH j ULTXH]D PDWHULDO ,VWR WHP


se monitorar o progresso social. Como despertado o interesse para outros fatores,
FRQVHTrQFLD H[LVWHP PXLWDV IRFRV GH tais como; a inclusão social e a qualidade
análises sobre a qualidade de vida, como política e ambiental. Por sua vez, Maldo-
por exemplo: os determinantes das di- nado (2002) elaborou um importante es-
IHUHQoDV GH JrQHUR 1HVWH FDVR SRGHVH tudo sobre os indicadores de qualidade
citar a percepção dos problemas locais GHYLGDGDVSRSXODo}HVUXUDLVGD$PpULFD
como causadores de morbidade diferen- Latina. O autor abordou a questão tendo
ciada entre homens e mulheres (Dunning FRPRUHIHUrQFLDDSUREOHPiWLFDDPELHQWDO
et al., 2001). Esta questão, foi avaliada na a realidade agrária e a ocupação do espaço
cidade de Saskatoon (Canadá), através rural, bem como foram avaliados dados
de perguntas chaves como: qualidade de VREUH DVSHFWRV GHPRJUi¿FRV H XPD VpULH
vida pessoal e na comunidade compor- de variáveis relacionadas a área da saúde
tamento, saúde e felicidade, atividades e HDVFRQGLo}HVGHKDELWDomRHPHLRUXUDO
JDVWRV JRYHUQDPHQWDLV H GHPRJUi¿FRV $R ¿QDO GH DFRUGR FRP DV FDWHJRULDV GH
A citação a seguir aponta uma das con- análise, os países latino-americanos foram
FOXV}HVTXHRVDXWRUHVFKHJDUDP“More agrupados em categorias sub-divididas
gender differences emerged in the mul- HPD LPSRUWkQFLDHFRQ{PLFDHFRQGLo}HV
tivariate stage of analysis, with fewer sociais da população do campo; b) con-
SUHGLFWRUVVLJQL¿FDQWO\UHODWHGWRPHQ¶V GLo}HVKLJLrQLFDVHVDQLWiULDVF GLQkPLFD
overall quality of life than to women’s populacional das áreas rurais e, d) con-
RYHUDOOTXDOLW\RIOLIH6SHFL¿FDOO\EHLQJ GLo}HVDPELHQWDLVHVLWXDomRGDVWHUUDV
GLYRUFHGZLGRZHGZDVDVLJQL¿FDQWSUH- Por isto, o interesse central nos estu-
dictor of poor quality of life for both wo- dos sobre qualidade de vida tem se voltado
men and men, however, for women, other SDUDDVUHODo}HVHQWUHDVSHVVRDVHGHVWDV
variables were also important predictors para com o cotidiano do ambiente urba-
such as being middle age, being single, no (Pacione, 2003). Esta aproximação
and having a poor opinion of the overall foi apontada porque os geógrafos tem se
quality of their neighborhood.” (Dunning preocupado com esta questão, a ponto de
et al. 2001: 6). introduzir o conceito de ‘indicador social
Em período recente, o maior interesse WHUULWRULDO¶ SDUD LGHQWL¿FDU H DQDOLVDU DV
despertado por estudos sobre qualidade YDULDo}HV VyFLRHVSDFLDLV GD TXDOLGDGH
de vida tem demonstrado um paradoxo GHYLGDHPGLIHUHQWHVHVFDODVJHRJUi¿FDV
da abundância na sociedade moderna, sejam elas global, regional ou local. Uti-
segundo a qual a qualidade de vida tem lizando-se desta premissa, ele elaborou
crescido em proporcionalidade ao avanço HVWXGRVREUHDJHRJUD¿DGDTXDOLGDGHGH
tecnológico e a renda. Porém, muitas pes- vida em Glasgow (Escócia). Neste estudo,
soas residentes nos países desenvolvidos particular atenção foi dada as (des) van-
WrPSHUFHELGRTXHTXDOLGDGHGHYLGDQmR tagens no espectro da qualidade de vida,
se encontra relacionada apenas, ou neces- LGHQWL¿FDQGR D QDWXUH]D LQWHQVLGDGH H

Vol. 49(1) 2008, enero-junio 145


Bueno de Paiva E.

LQFLGrQFLD GDV P~OWLSODV SULYDo}HV H[LV- FRPRVVHXVSDGU}HVHLQGLFDGRUHVSRLV


WHQWHV QD FLGDGH 8PD GDV FRQFOXV}HV D neles estão inseridos fatores subjetivos,
que ele chegou foi a seguinte: “Clearly, in que levam em conta a percepção que o
order to attaint be goal of a live able city indivíduo tem em relação ao seu ambien-
a wider range of social, economic and te e ao seu próprio modo de vida. Além
HQYLURQPHQWDO QHHGV PXVW EH VDWLV¿HG destes fatores, existem os fatores objeti-
Not all of these fall within. the regulative vos (econômicos, sociais, políticos), que
power of urban geographers, planners se manifestam distintamente no espaço
and designers. The city is not a closed JHRJUi¿FR SRVVLELOLWDQGR LQWHUSUHWiORV
system but is linked to regional, national de várias maneiras.
and international systems that impinge Cabe ainda ressaltar a importância
on the quality of urban life. However, que os geógrafos tem para esta área de
those components that can be manipula- estudo. Isto ocorre porque nós podemos
ted positively must not be overlooked. In falar melhor a respeito dos lugares, bem
RUGHU WR LQÀXHQFH XUEDQ OLYDELOLW\ VXF- como avaliar impactos ambientais e for-
cessfully geographers and others must mular planos de ação de longo prazo para
¿UVWDFNQRZOHGJHWKHVXEMHFWLYLW\RIWKH o uso da terra e proteção do ambiente
objective environment” (Pacione, 2003: natural. Analisando estes aspectos dos
29). lugares nós não estamos projetando a
Finalizando esta análise a respeito YLGD GDV SHVVRDV PDV LQÀXHQFLDQGR R
das diferentes vertentes sob as quais os desígnio dos lugares, dentro dos quais as
JHyJUDIRV WrP DERUGDGR D TXHVWmR GD pessoas fazem suas vidas muito melhor.
qualidade de vida em diferentes escalas 1HVWHVHQWLGRVHID]QHFHVViULRLQWHQVL¿-
e modalidades, pode-se perceber que há car a formação de geógrafos que tenham
uma gama variada de temas abordados. XPDYLVmRFUtWLFDGDVLQWHUUHODo}HVH[LV-
Isto tem ocorrido porque os fatores que tentes entre meio-ambiente e qualidade
LQÀXHQFLDPLQWHUIHUHP QD TXDOLGDGH GH de vida.
vida de um indivíduo ou sociedade são
encontrados de forma diferenciada no
espaço, o que gera inúmeras facetas, que 4. Conclusões
podem ser boas ou más.
Como se pode notar, a complexidade Os estudos sobre qualidade de vida feitos
do ambiente urbano envolve uma gama por geógrafos incluem-se no contexto de
de aspectos de tal ordem, que seria im- um interesse crescente pelo tema entre
SRVVtYHODDSHQDVXPDFLrQFLDRXDXPHV- DFDGrPLFRVJRYHUQDQWHVHVRFLHGDGHHP
SHFLDOLVWD LGHQWL¿FDU RX SURSRU VROXo}HV geral. Estes estudos podem também ser
aos diferentes problemas que ocorrem entendidos como forma de monitora-
neste ambiente. Pode-se também, obser- mento do progresso social e dependem de
YDUTXHQmRpIiFLOGH¿QLUHWUDEDOKDUFRP um constante aprimoramento conceitual
a temática da qualidade de vida, nem e metodológico, incluindo aqui os novos

146 Revista Geográfica Venezolana


Os estudos sobre qualidade de vida elaborados por geógrafos..., 131-150

recursos técnicos computacionais para tização ou de participação consciente na


DQiOLVHV HVWDWtVWLFDV H UHSUHVHQWDo}HV vida pública; as que trabalham com as
JUi¿FDV categorias existenciais (ter, ser, realizar
O tema tem sido e deve ser estudado HWF TXHLQÀXHPQRHVWDGRGHIHOLFLGDGH
por diversos especialistas. Uma das con- ou bem estar social; as que incluem o uso
WULEXLo}HVGRVJHyJUDIRVUHVLGHQRIDWRGH dos espaços públicos e o usufruto de dife-
terem possibilitado uma leitura da evo- rentes amenidades (paisagísticas, simbó-
lução histórica do conceito e das temá- licas etc.) e outras.
ticas estudadas, mostrando uma corre-
ODomR HQWUH DV WUDQVIRUPDo}HV UHDLV HP
GDGRSHUtRGRGDKLVWyULDHDVGLVFXVV}HV 5. Nota
acerca dos modelos de desenvolvimento
social, do crescimento econômico, dos Este artigo constitui parte do capitulo
DYDQoRV WpFQLFRFHQWt¿FRV H GRV SUREOH- I da Tese de Doutorado sob o título:
mas ambientais. 'LQkPLFD GHPRJUi¿FD H D FRQIRU-
No conjunto dos estudos levantados, mação sócio-espacial da cidade de
observa-se o grande número de variáveis catalão (GO): uma análise dos níveis
VLJQL¿FDWLYDVTXHSRGHPVHUSULRUL]DGDV de desenvolvimento humano entre
segundo os pressupostos e objetivos des- H, defendida em junho de
tes mesmos estudos. Boa parte dos es- 2006, junto ao Programa de Pós-Gra-
tudos selecionados apontam para duas GXDomR HP *HRJUD¿D 81(63&DP-
classes distintas de variáveis de análise: pus de Rio Claro (SP)-Brasil.
D TXH HQJORED DV FRQGLo}HV REMHWLYDV GD
vida individual e social, dadas pelo alcan-
ce da provisão de bens e serviços para o 6. Referências citadas
atendimento das diferentes necessidades
humanas; e a que trataria dos aspectos ABALERON, C. A. 1986 / 1987. Condicionantes
GH QDWXUH]D VXEMHWLYD UHODWLYRV jV SHU- objetivos y percepción subjetiva de calidad de
FHSo}HV GDV SRSXODo}HV SDUD XPD DYD- vida en areas centrales y barrios o vecindarios.
liação qualitativa. 5HYLVWD*HRJUD¿D. São Paulo. 6/6: 103-142.
Dessa forma, os estudos se distin- ABALERON, C. A.1990. Uma aproximación objeti-
guem por uma abordagem da qualida- va y subjetiva a la calidad de vida de la pobla-
GH GH YLGD UHODFLRQDGD jV FRQGLo}HV GH ción de algunos barrios – con características de
vida as mais variadas: tais como, as que mayor o menor marginalidad – de San Carlos
XOWUDSDVVHP DV FRQGLo}HV PtQLPDV SDUD de Bariloche, Argentina. Conicet, Fundación
uma vida digna (ou as que transcendem Bariloche. Argentina. 41 p.
DV GLVFXVV}HV VREUH DV SROtWLFDV VRFLDLV BRAVO, M. T. D. y S. F. VERA. 1993a. Consideracio-
em vista dos ajustes necessários para os nes metodológicas: una operacionalización del
quadros da desigualdade social); as que concepto de calidad de vida. Revista Geográ-
se associam aos processos de democra- ¿FD9HQH]RODQD. 34(1): 43-53.

Vol. 49(1) 2008, enero-junio 147


Bueno de Paiva E.

BRAVO, M. T. D. y S. F. VERA. 1993b. El con- GARCIA, A. A. 1996. Diferencias de bienestar


cepto de calidad de vida: una revisión de su \ SROtWLFD GHPRJUi¿FD HQ HO 0HGLWHUUiQHR
alcance y contenido. 5HYLVWD *HRJUi¿FD (VWXGLRV *HRJUi¿FRV. Tomo LVII, N°
9HQH]RODQD. 34(2): 275-295. 224.
BRIDGES, J. L. and W. H. BERENTSEN. 1993. GEISSE, M. G. y H. S. ARENAS. 1996. 5HÀH[LR-
Regional development and socio-econo- nes en torno a los conceptos de ‘medio’ y ‘ca-
mic well-being in Oregon and Washington, lidad de vida’ desde la perspectiva de ciencia
1950-1980. Papers. 64: 1-17. JHRJUi¿FD 5HYLVWD GH *HRJUD¿D 1RUWH
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