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Topografia - Notas de Aulas Página 1

NOTAS DE AULAS DA DISCIPLINA TOPOGRAFIA

Prof. Marcos Antonio Timbó Elmiro

Estas notas foram compiladas a partir de diversas fontes: livros, apostilas e outras publicações
impressas ou digitais. Este material didático tem sido adaptado e complementado por meio de
inserção de exercícios, experiências de aulas, trabalhos de campo, além de outras atividades
didáticas. O objetivo geral dessas notas é o uso como um suporte básico e roteiro de aulas nas
disciplinas de Topografia ministradas para os cursos de Engenharia Civil, Engenharia de Minas,
Engenharia Ambiental, Geologia, Geografia, Arquitetura e outros. Como o material vem sendo
atualizado periodicamente, pede-se que sejam relevados quaisquer erros de omissão e/ou de
inclusão de marcas, referências ou textos, etc. Tais falhas vêm sendo corigidas a cada atualização e
são efeitos colaterais decorrentes da boa intenção geral do trabalho, em beneficio da divulgação do
conhecimento desejável à formação de recursos humanos para a sociedade.

LEITURAS SUGERIDAS DISPONÍVEIS EM EBOOK NA BIBLIOTECA UFMG

MC CORMAC, Jack; SARASUA, Wayne e DAVIS, William. Topografia, Rio de Janeiro, Ed. LTC,
2016. Ebook biblioteca UFMG

SILVA, Irineu e SEGANTINE, P C L, Topografia para Engenharia: teoria e prática de Geomática,


Ed. CAMPUS / ELSEVIER, 2015. Ebook bibl UFMG

GHILANI, Charles D. e WOLF, Paul, R. GEOMÁTICA. Pearson Education. São Paulo, 2014.
Ebook biblioteca UFMG

TULER, Marcelo, e SARAIVA, Sérgio, Fundamentos de Topografia. Porto Alegre, Ed.


BOOKMAN, 2014, 324p. Ebook biblioteca UFMG

CASACA, João. et al, Topografia Geral, Rio de Janeiro, Ed. LTC, 2005.

TULER, Marcelo, e SARAIVA, Sérgio, Fundamentos de Geodesia e Cartografia. Porto Alegre, Ed.
BOOKMAN, 2016, 242p. Ebook biblioteca UFMG

TULER, Marcelo, SARAIVA, Sérgio, e TEIXEIRA, André, Manual de Práticas de Topografia.


Porto Alegre, Ed. BOOKMAN, 2017, 144p. Ebook biblioteca UFMG

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OBJETIVOS DA DISCIPLINA TOPOGRAFIA

Dentre os principais objetivos da disciplina Topografia são incluidos: 1) Compreensão dos


conceitos fundamentais relacionados ao campo da topografia, aos instrumentos e métodos
topográficos, assim como suas aplicações nas áreas de Engenharias, Geografia, Geologia,
Arquitetura e demais áreas que lidam com informações do espaço geográfico. 2) Elaboração de
levantamentos de campo utilizando diferentes métodos e instrumentos de topografia. 3)
Compilação, cálculo, processamento e interpretação de medições e demais dados de campo,
construção das plantas topográficas planimétricas, altimétricas e planialtimetricas. 4) interpretação,
análise e extração de informações das plantas e mapas topográficos, traçado de perfis topográficos,
avaliação de áreas de lotes, parcelas e glebas, determinação de volumes de escavação, cortes,
aterros e movimentos de terra, locações e demarcações de projetos e obras.
PROGRAMA DA DISCIPLINA

Dentre os principais tópicos abordados na disciplina são incluidos: Introdução à Topografia;


Planimetria; Medidas lineares e angulares; Estadimetria; Coordenadas geográficas; coordenadas
polares; Coordenadas planas retangulares; Altimetria ; Métodos e intrumentos de levantamentos
topográficos plano-altimétricos; Topologia e representação do relevo; Cálculo de áreas e volumes;
Locações de projetos e obras; Noções de Aerofotogrametria
TRABALHOS PRÁTICOS DA DISCIPLINA

Alguns trabalhos práticos da disciplina são individuais outros em grupos. Os grupos de trabalho são
geralmente formados por três a cinco alunos. Somente receberão notas os alunos presentes e
participantes dos trabalhos. Os trabalhos são, em geral, elaborados e entregues ao professor até a
aula seguinte à distribuição da tarefa. Trabalhos em atraso podem ser eventualmente aceitos, porém
serão sempre penalizados com perda de pontos proporcionalmente ao tempo de atraso. Os trabalhos
podem ser elaborados de forma manuscrita ou usando softwares aplicativos de computador
(TrackMaker/Autocad/Microstation/Topograf/ArcGis/Mapinfo/Spring e/ou outros), porém exige-se
sempre objetivide e boa apresentação.
SISTEMA DE AVALIAÇÃO

Prova Parcial (na metade do curso) 27 pontos


Trabalhos Práticos (ao longo do curso) 38 pontos
Prova Geral (no final do curso) 35 pontos

TOTAL 100 pontos


PRÉ REQUISITOS DESEJAVEIS PARA ACOMPANHAMENTO DA DISCIPLINA

Topografia é baseada essencialmente na aplicação, no terreno, dos conhecimentos matemáticos


básicos de Geometria e Trigonometria: plano cartesiano, ângulos, polígonos, áreas de figuras
geométricas e volumes de sólidos, funções: seno, co-seno, tangente e co-tangente, lei dos senos, lei
dos co-senos, relações métricas nos triângulos, etc. Algumas formulações matemáticas mais
avançadas são necessárias na integração da Topografia com a Geodésia e a Cartografia, o que vem
se tornando uma necessidade cada vez mais exigida nas aplicações atuais.
O uso de Calculadora Científica, planilhas Excel e habilidades práticas de operação em um ou mais
Softwares de CAD/CAC/SIG: Trackmaker, Autocad, Microstation, Topograf, ArcGis, Mapinfo,
Spring e outros são bastante desejáveis para um melhor aproveitamento.

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SUMÁRIO Pag

UNIDADE 1 - Introdução a Topografia 4


UNIDADE 2 – Medição de Ângulos 21
UNIDADE 3 – Medição de Distâncias 25
UNIDADE 4 – Métodos de Levantamentos 28
UNIDADE 5 – Levantamentos com o Sistema de Posicionamento Global - GPS/GNSS 41
UNIDADE 6 – Avaliação de Áreas 54
UNIDADE 7 – Altimetria e Levantamentos Planialtimétricos 56
UNIDADE 8 – Topologia: construção, leitura interpretação e análise de plantas topográficas 65
UNIDADE 9 – Locações e Demarcações (Loteamentos e Arruamentos) 76
UNIDADE 10 – Topografia Aplicada a Construção de Estradas 81
UNIDADE 11 – Volumes de Escavação e Terraplenagem 89
UNIDADE 12 – Modelos Digitais de Elevação 93
UNIDADE 13 – Noções de Aerofotogrametria 97
UNIDADE 14 – Topografia nos trabalhos subterrâneos 101
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 103

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1 - INTRODUÇÃO A TOPOGRAFIA
A Topografia pode ser definida como uma ciência ou tecnologia aplicada que trata dos princípios e
métodos para localização, demarcação e representação tridimensional da superfície, acidentes e
demais feições do terreno (naturais ou antrópicos), com a precisão adequada aos objetivos de cada
tipo de estudo ou projeto. Inclui também no seu objeto de estudo o fundo dos mares, o interior das
minas, dos túneis e das galerias subterrâneas. A aplicação da topografia remonta às antigas
civilizações (Egípcios, Gregos e Romanos) que já se utilizavam de instrumentos e métodos bastante
simples com a finalidade de avaliar áreas, delimitar propriedades, construir vias de acesso, etc.
Desde então a topografia vem evoluindo em seus métodos e instrumentos apoiando-se no
desenvolvimento da Matemática, da Física, da Estatística, da Eletrônica e, mais recentemente, da
Computação e Tecnologia da Informação. Atualmente, existem amplas aplicações da Topografia em
inúmeras atividades da sociedade humana.

A palavra Topografia tem sua origem no grego proveniente da junção de Topos (terreno ou lugar) e
Graphein (descrição). Portanto, significa originalmente a descrição do terreno ou do lugar.
Significado atualmente um tanto limitado, pois a topografia tem, também, uma larga atuação no
controle das intevenções do homem sobre terreno, principalmente para demarcação, monitoramento,
correção e controle das modificações a serem implantadas no campo para que fiquem de acordo
com o que foi planejado no projeto de intervenção.

A Topografia tem aplicações em diversas áreas das atividades humanas, principalmente nos
seguintes campos: Medição, demarcação e georeferenciamento de propriedades rurais e urbanas;
planejamento e construção de rodovias, ferrovias, túneis, pontes, edificações e escavações de minas;
obras de irrigação e drenagem, barragens, canais, oleodutos e aquedutos, linhas de transmissão, etc;
parcelamentos do solo e atividades de urbanização; mapeamento topográfico e cartográfico;
implantação de projetos agrícolas; montagem de máquinas e instalações industriais; oceanografia,
geologia e mineração; e muitas outras.

O conhecimento do terreno com a precisão adequada, através do levantamento topográfico,


possibilita ao especialista elaborar um projeto otimizado e racional, bem adaptado e integrado ao
terreno, permitindo um aproveitamento correto e lógico, resultando em uma construção mais
econômica, mais estética e mais funcional. A Topografia também participa ativamente da locação
dos elementos e componentes da obra no terreno atuando no controle da terraplenagem e em
diversas fases da execução da obra. Uma obra feita sem o suporte adequado da topografia, via de
regra, irá produzir prejuízos permanentes que aumentam proporcionalmente à complexidade da
obra. São muito comuns exemplos de estradas com curvas e rampas inadequadas que causam
acidentes, desconfortos, gastos adicionais de combustível por longos períodos.

Tradicionalmente o levantamento para a representação topografica do terreno tem sido feito através
da medição de ângulos horizontais, ângulos verticais e distâncias lineares, seguindo-se de cálculos
apropriados, desenhos de plantas, perfis topográficos etc., utilizando os princípios da trigonometria
e da geometria. Outros métodos têm surgido nas últimas décadas, por conta de avanços da
tecnologia, segue-se uma breve descrição.

1.1. Visão geral dos métodos de obtenção de dados topográficos

Nos tempos atuais a tecnologia proporcionou o surgimento e o aperfeiçoamento de ferramentas e


métodos que já são largamente utilizadas e enriqueceram os métodos topográficos ampliando as

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possibilidades. Várias dessas técnicas apresentam tendências crescentes de aplicações no presente e


no futuro. Estações Topográficas Eletrônicas, Sistema GPS/GNSS, Fotogrametria Aérea,
Fotogrametria Espacial, Dispositivos de Varredura Laser terrestres e aéreos, Interferometria de
Imagens de Radar, uso de Drones/Vants para fotogrametria e varredura a laser, Softwares de
Topografia, CAD CAC e Geoprocessamento são algumas tecnologias e ferramentas recentes que já
estão incorporadas no dia a dia da topografia. Para uma visão mais geral do assunto segue breve
introdução de alguns desses métodos.
Estações Totais
As estações totais (estações topograficas eletrônicas) representam uma versão moderna da
integração dos instrumentos de levantamentos topográficos medidores de ângulos e de distâncias
tradicionais (teodolitos, trenas e miras graduadas) em um equipamento único, incorporando as
tecnologias do Século 21. Estes instrumentos reúnem em um só aparelho diversas facilidades como
medidores digitais de ângulos horizontais e ângulos verticais, medidores eletrônicos de distâncias,
microprocessador acoplado, memória para armazenamento de programas e dados, programas para
cálculo de coordenadas, cálculo distâncias planas e diferenças de níveis, avaliação de áreas, cálculo
indireto de distâncias, etc., memórias externas para coletar dados, transferência direta de dados da
estação para computadores e vice versa dispensando o uso de cadernetas de anotações. Facilidades
de comunicação com softwares de CAD/SIG, além de outros recursos tornam as estações bastante
versáteis e produtivas para uso em projetos de engenharia e geoprocessamento. A Figura 1 ilustra
uma visão geral da estação eletrônica e do seu modo de operação.

Figura 1 – Visão geral da estação topográfica eletrônica e do seu modo de operação. Observa-se o
ponto inicial de instalação do instrumento em um marco com indicativo de sua posição
conhecida, o ponto de referência de azimute inicial, também com marco indicativo de
sua posicão conhecida (linha semi pontilhada). Estes dois pontos de posição conhecida
permitem o Georreferenciamento da estação topográfica. A partir daí fazem-se as
medidas nos prismas de reflexão do laser instalados nos pontos de posições a serem
determinadas (linhas cheias).

Sistema Global de Posicionamento e Navegação por Satélites – GNSS/GPS


O Sistema de Posicionamento Global – GNSS/GPS é um sistema de posicionamento e navegação
baseado em satélites artificiais que foi projetado de tal forma que em qualquer lugar do mundo e a
qualquer instante existam pelo menos quatro satélites GNSS/GPS (de posição conhecida) acima do
horizonte emitindo sinais para o observador munido de um receptor GNSS/GPS de posicão a
determinar. Esta situação garante a condição geométrica mínima necessária para determinação de
uma posição 3D (latitude, longitude e altitude) em tempo real. Assim, qualquer usuário equipado
com um receptor de sinais GNSS/GPS poderá determinar sua posição 3D imediatamente. Com a

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liberação do GPS para uso geral o sistema mostrou potencialidades muito além das previstas na
concepção inicial e surgiram aplicações em muitas outras áreas além da simples navegação. Uma
delas é o uso em topografia, geodésia e cartografia para levantamentos de precisão compatível com
os melhores métodos convencionais. O Sistema GPS veio a substituir com grandes vantagens os
métodos astronômicos e a geodésia convencional que dão apoio à topogrfia e a cartografia. O
Sistema GPS é constituído por três segmentos distintos conhecidos como: 1) Segmento Espacial, 2)
Segmento de Controle e 3) Segmento do Usuário. A Figura 2 fornece uma visão simplificada do
segmento espacial GPS e do segmento do usuário.

Figura 2 – Visão simplificada do segmento espacial GPS e do segmento do usuário. Fonte: www.

O segmento espacial é composto por uma base de pelo menos 24 satélites em operação (geralmente
existem mais de 24) que orbitam em volta da Terra a uma altitude aproximada de 20.000 km,
distribuídos em seis planos orbitais com inclinação de 55 em relação ao plano do Equador e com
um período de revolução de 12 horas siderais. A posição instantânea de qualquer um dos satélites
do segmento espacial é conhecida com base nas leis gerais da astronomia (leis de Kepler e de
Nilton). A função do segmento espacial é gerar e transmitir para os usuários os sinais GPS (códigos,
portadoras e mensagens de navegação) através dos quais é posivel calcular a posição geográfica do
receptor.
O segmento de controle é responsável pela operação correta e ordenada do Sistema GPS. Este
segmento é constituído por diversas estações de monitoramento espalhadas pelo mundo que
rastreiam continuamente todos os satélites visíveis no campo da antena de monitoramento. A função
principal deste segmento é manter atualizada a mensagem de navegação que é transmitida pelos
satélites para os receptores dos usuários. A mensagem atualizada permite ao receptor determinar a
posição geográfica com a melhor precisão possível dentro de suas limitações técnicas.
O segmento do usuário refere-se a tudo que se relaciona com a comunidade usuária para
determinação de posição, velocidade ou tempo. São os diferentes receptores de sinais GPS, os
algoritmos para resolução dos problemas relacionados, os programas de processamento de sinais, as
metodologias de trabalho, as técnicas de levantamentos, etc. Este segmento é o mais dinâmico, onde
inúmeras soluções surgem a cada dia para atender a diferentes demandas.
O sistema GPS é capaz de fornecer posições geográficas com diversos níveis de precisões desde as
mais baixas (30 m) até precisões altíssimas (1 mm) dependendo do instrumental e das metodologias
utilizadas na coleta e processamento dos sinais. Na disciplina de topografia estaremos interessados
nos métodos diferenciais e relativos (usam pelo menos dois receptores e programas de
processamento de sinais) que fornecem alta precisão, os quais serão abordados com detalhes mais
adiante.
O GNSS (Global Navigation Satellite System) constitui uma ampliação do método de
posicionamento por satélites, pois além do Sistema GPS, incorpora outros sistemas de
posicionamento já disponíveis e/ou em projetos de implantação como os sistemas GLONASS

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(Russo), GALILEU (Europeu), COMPASS (Chinês), além de outros que operam de forma muito
similar ao GPS (USA). O GNSS integra as potencialidades desses vários sistemas, proporcionando
um melhoramento geral da cobertura, da precisão e da disponibilidade de dados de posição.
Fotogrametria Aérea
A Fotogrametria é a técnica utilizada para obtenção de medidas terrestres e mapeamentos precisos
através de coberturas fotográficas de características especiais, obtidas com câmaras cartográficas e
com recobrimento estereoscópico longitudinal (60%) e lateral (30%) das fotografias. É uma técnica
usada principalmente para o levantamento de grandes áreas, onde um avião equipado com uma
câmara métrica calibrada e corrigida de distorções toma as fotografias de forma sequencial e
parcialmente sobrepostas em faixas paralelas, de forma a recobrir estereoscopicamente toda a área a
ser mapeada. As principais fases do método são: o Planejamento e a execução do vôo; Trabalhos de
laboratório e digitalização das imagens; Levantamento de pontos de controle de campo para garantir
georeferenciamento e correção geométrica das imagens na fase de restituição e ortofotos;
Aerotriangulação fotogramétrica para adensamento dos pontos de controle de campo; Reambulação
das fotos para coletar nomenclaturas e esclarecimento de dúvidas; Restituição fotogramétrica para
transformar as fotos de projeções cônicas, com diferentes escalas e inclinações variáveis em mapas
de escala unificada e projeção cartográfica; Geração de ortofotos e ortomosaicos; Extração de
pontos em grades para geração de Modelos Digitais de Terrenos; Trabalhos de edição e editoração
eletrônica dos mapas para qualidade cartográfica final. A fotogrametria é uma técnica largamente
utilizada em Cartografia topográfica para elaboração de mapas, plantas e cartas topográficas e
cadastrais, bem como, para produção de modelos digitais de terreno (MDT) e ortofotos. A Figura 3
ilustra uma visão geral do levantamento topográfico pelo método aerofotogramétrico convencional.

Figura 3 – Visão geral do levantamento topográfico pelo método aerofotogramétrico convencional.


O avião fotografa o terreno em faixas paralelas com recobrimento avante maior que
50% e lateral entorno de 30%. A reconstrução do modelo esteroscópico tridimensional
é feita pela exata geometria inversa com base na projeção perspectiva central das fotos
e nos pontos de controle de campo com posições geodésicas conhecidas. As medidas
planialtimetricas são extraídas do modelo tridimensional reconstruído com exatidão
cartográfica.

Fotogrametria por Satélites e Imagens de Sensoriamento Remoto


O Sensoriamento Remoto é a ciência e técnica que utiliza modernos sensores, equipamentos e
programas de processamento e transmissão de dados, aeronaves e/ou espaçonaves para fins de
estudo do ambiente terrestre por meio do registro e da análise das interações entre a radiação
eletromagnética e as substâncias componentes do planeta em suas mais diversas manifestações. O
Sensoriamento Remoto veio complementar o método fotogramétrico, principalmente para
atualização de mapeamentos e consolidou seu enorme potencial na obtenção de informações
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temáticas. Atualmente muitos satélites de sensoriamento remoto possuem capacidades


estereoscópicas que permitem a obtenção de informações topográficas (3D) e permitem a geração
modelos digitais de terrenos (MDT). Os sistemas orbitais SPOT, IKONOS, QUICKBIRD e
CBERS, dentre outros, são exemplos de sistemas de Sensoriamento Remoto que fornecem dados
topográficos atualmente. A Figura 4 mostra uma visão geral do método de Sensoriamento Remoto.

Figura 4 – Visão geral do Sensoriamento Remoto. A revolução do satélite em orbita quase-polar e a


rotação da Terra permitem cobertura de imagens de qualquer lugar da Terra com a
possibilidade de revisitas periódicas. As imagens obtidas em diferentes bandas do
espectro eletromagnético são processadas e combinadas para gerar vários produtos de
mapeamento topográfico. Fonte: www.

Fotogrametria com Drones e Vants


Câmeras leves e de baixo custo transportadas a bordo de drones e vants associadas à disponibilidade
de softwares de processamento dos dados permitiram o barateamento e disseminação dos métodos
fotogramétricos para uso em levantamentos de pequenas e médias áreas. É um segmento cada vez
mais crescente nas aplicações da topografia.
Varredura Laser
O LIDAR (Light Detection and Ranging) tal como a fotogrametria é uma técnica para levantamento
e mapeamento topográfico de recursos da Terra que permite a obtenção de altimetria precisa, com
alta resolução e em curto espaço de tempo. Um sistema típico de LIDAR utiliza uma combinação de
três diferentes tecnologias avançadas: 1) um Sistema de navegação inercial de alta precisão (Inertial
Navigation System - INS) para fornecer a atitude e a orientação da plataforma 2) um
medidor/varredor de distâncias laser LIDAR (Light Detection and Ranging) e 3) um Sistema de
Posicionamento Global por satélite (GNSS/GPS) usado no modo relativo/diferencial por fase para
fornecer a posição precisa do sensor. Integrando os três subsistemas em um único instrumento
montado no avião ou em um pequeno helicóptero, é possível adquirir rapidamente nuvens de pontos
tridimensionais do terreno abaixo da trajetória de vôo do avião. A Figura 5 ilustra os principais
aspectos da base conceitual do sistema LIDAR.

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Figura 5 – Visão geral do levantamento por varredura a laser. O sensor avança na direção de vôo
enquanto o varredor desloca o feixe de laser lateralmente com um passo angular
constante cobrindo o terreno nas duas dimensões com pontos densamente espaçados.
As posições geográficas dos pontos de terreno (Este, Norte e Altitude) são obtidas com
base na posição GNSS/GPS precisa do Centro Elétrico do emissor de laser, na distância
medida pelo feixe de laser até o chão, no azimute e na inclinação do feixe laser. Fonte:
www.

Interferometria de Imagens de Radar


A Interferometria de imagens de Radar de Abertura Sintética (InSAR) é uma técnica que usa pares
de imagens de radar para produzir modelos digitais precisos da elevação do terreno (MDT). Na
técnica InSAR um par de imagens é adquirido de duas posições da antena do radar, separadas
espacialmente por uma distância, conhecida como linha de base. Como são adquiridas de posições
diferentes, as imagens não se sobrepõem perfeitamente. Assim, é necessário que sejam co-
registradas com exatidão antes que qualquer outra etapa adicional de processamento possa ser
executada. As duas antenas podem ser montadas na mesma plataforma, o que se chama de
modalidade de passagem única ou a mesma área pode ser voada em horários diferentes pela mesma
antena, o que se chama modalidade de passagem repetida. A Figura 6 mostra de forma esquemática
o princípio da operação do método InSAR para levantamento de dados topográficos. Este esquema
foi usado para aquisição dos dados SRTM pelo ônibus espacial ENDEAVOUR no ano 2000, que
disponibilizou dados topográficos do planeta inteiro na forma de MDT. Estes dados podem ser
baixados gratuitamente a partir do site do USGS / Earth Explorer.

Figura 6 – Visão geral do levantamento de dados topográficos SRTM pelo método da


interferometria de imagens de radar InSAR com duas antenas receptoras na mesma
plataforma, realizado pelo Endeavour em 2000. Fonte: www.

Computação e Geoinformática e Tecnologia da Informação

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O advento e desenvolvimento da computação e tecnologia da informação nas últimas décadas veio


contribuir para um grande salto tecnológico da Topografia e Cartografia. Dentre as maiores
contribuições da computação/informática/tecnologia da informação podem ser destacados os
seguintes avanços: 1) desenvolvimento das ferramentas de computação gráfica que viabilizaram os
softwares de de CAD/CAC/SIG; 2) algoritmos para processamento digital de imagens; 3) sistemas
de gerenciamento de bancos de dados; 4) softwares e plataformas para Sistemas de Informações
Geográficas (SIG); 5) mesas digitalizadoras, scanners e impressoras de alta resolução; 6)
Comunicação via Internet.
1.2. Resultados e produtos do levantamento topográfico

O levantamento topográfico realizado por meio dos diferentes métodos e instrumentos disponíveis
tem capacidade de fornecer diversos tipos de informações e análises derivadas do terreno. Segue
uma breve descrição dos resultados mais comumente utilizados.
PLANTAS / CARTAS E MAPAS TOPOGRÁFICOS constituem o produto clássico do
levantamento, os quais são modelos de representação reduzidos do terreno, muito próximos da
realidade, utilizados para diferentes estudos. São a base para elaboração de projetos, demarcações e
locações no terreno das obras de engenharia.
PERFIS TOPOGRÁFICOS são vistas em corte do terreno que servem para estudos do relevo com
finalidades de planejamento e locação de rampas, determinação de declives, terraplenagens, etc.
Podem ser extraídos das plantas topográficas pela análise das curvas de níveis ou elaborados
diretamente a partir de de dados medidos no terreno.
MODELOS NUMÉRICOS DE TERRENO - O conhecimento do relevo topográfico contínuo e
integrado aos demais recursos da superfície terrestre tem sido um aspecto de grande interesse para
estudos e análises em várias áreas das ciências de Terra, notadamente nas questões relacionadas à
organização, planejamento e gestão de recursos distribuídos no espaço geográfico. Tradicionalmente
o relevo da superfície terrestre tem sido representado por meio de curvas de níveis, pontos cotados,
perfis topográficos ou cores hipsométricas em plantas, cartas e mapas topográficos. Essas formas
convencionais de representação, apesar do seu reconhecido valor e da sua utilização tradicional
durante muitos anos, não permitem fazer análises numéricas eficientes, que possam fornecer
respostas rápidas, precisas e adequadas para diversos problemas topográficos. Para melhorar o
desempenho das análises topográficas e a dinâmica geral tem ocorrido uma consolidação do uso dos
Modelos Digitais de Terrenos (MDT) que oferecem a possibilidade de lidar de forma eficiente com
as questões de representação e análise da variação continua da altimetria do terreno. Um Modelo
Numérico de Terreno é definido como uma representação matemática da distribuição contínua do
relevo da superfície topográfica, armazenada em formato digital adequado para utilização em
softwares de computadores. Esta forma de representação tornou-se uma ferramenta muito útil para
tratamento da informação relacionada ao espaço geográfico, permitindo a modelagem, a análise e a
exibição de importantes aspectos do terreno. A Figura 7 ilustra visão em perspectiva de um MDT.

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Figura 7 – Trechos em visão perspectiva de um MDT de grade regular. Os MDT são atualmente
muito usados em analises topográficas.

LOCAÇÕES E DEMARCAÇÕES NO CAMPO de projetos e obras são também importantes


atividades / resultados da topografia aplicados em vários ramos da engenharia e de outras
disciplinas que lidam com intervenções no terreno. A topografia permite a marcação dos detalhes e
elementos planejados com a precisão necessária.
1.3. Interação da topografia e com a geodésia e cartografia

Devido à curvatura da Terra a topografia convencional baseada nos cálculos de geometria e


trigonometria planas e nas medidas obtidas com teodolitos, trenas e outros intrumentos
convencionais, geralmente, tem sua atuação limitada a pequenas extensões da Terra (cerca de 40
km em planimetria e 1 km em altimetria) onde a curvatura da Terra não é significativa, ou seja não
há diferenças entre a superfície da Terra e o seu modelo simplificado de representação. Neste caso a
Terra é considerada sem qualquer curvatura, onde as variações do relevo e demais feições da
superfície são projetadas sobre um plano horizontal de referência, em nível altimétricolocal,
chamado Plano Topográfico. Aplicam-se apenas os conceitos de trigonometria e geometria planas
para as medições, cálculos e representações da planimetria e da altimetria. Além destes limites de
extensão, geralmente é necessário o apoio da Geodésia que é a ciência que atua no estudo da forma
e dimensões da Terra com todos os seus detalhes usando modelos matemáticos mais sofisticados. A
Geodésia é responsável pelo estabelecimento de uma infra estrutura física básica de pontos
terrestres com suas posições geodésicas conhecidas com precisão e fisicamente materializadas por
marcações. Estes pontos servem para dar apoio a elaboração de mapas, plantas e cartas topográficas,
bem como permitir o georeferenciamento, locação ou a demarcação adequada de quaisquer
trabalhos e obras que devam ser amarrados ao Sistema Geodésico Nacional. A implantação,
manutenção e gestão do Sistema Geodésico Brasileiro é atibuição do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A Geodésia utiliza intrumentos similares aos da topografia, porém
são mais precisos, utilizam métodos mais aprimorados de levantamento, os tratamentos de dados e
cálculos são mais elaborados, contemplando todas as peculiaridades e complexidade da superfície
encurvada da Terra.
Assim, para representar uma porção da superfície da Terra (que é um esferóide) através de mapas,
cartas e plantas (que são representações planificadas) é necessário compreender e considerar a forma
real da Terra e defininir um modelo matemático mais simples que mais se aproxime do real para
fins de representação das medidas, cálculos e transformações. É necessário também estabelecer um
sistema de conversão (conhecido como projeção cartográfica) das medidas obtidas ou calculadas na
superfície esférica/elipsóidica do planeta para o plano do mapa, carta ou planta (chamado plano
cartográfico). Outro aspecto importante da representação da Terra através de mapas e plantas é a

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escala de representação dos elementos e feições nas plantas e mapas impressos, tendo em vista que
não é possível ou não é prática a representação em verdadeira grandeza. A Escala (E) é a relação
existente entre a representação gráfica de um objeto (d) no mapa e sua dimensão real (D) no terreno.
É definida pela relação (E = d/D) e geralmente apresentada na forma de fração, por exemplo
1:2000, 1:500 e 1:100. No caso de plantas, cartas e mapas digitais, que são os mais comuns
atualmente, as medidas não estão sujeitas à escala, neste caso escala é considerada somente no
momento da impressão do mapa.
1.4. Modelo forma e dimensões da Terra

As especulações sobre a forma e as dimensões da Terra tiveram suas origens nos mais remotos
primórdios das antigas civilizaçõs, embora tratadas de formas místicas e apoiadas em bases
sobrenaturais. No passado mais remoto da humanidade os primeiros seres inteligentes já
contemplavam o universo infinito e questionavam de diferentes formas a situação do planeta no
contexto da imensa grandeza do mundo e atribuíam à Terra uma importância transcendente no
cenário universal. Existem fartos relatos históricos antigos que atribuem formas bastante inusitadas
para a Terra como, por exemplo, um enorme disco suportado por elefantes gigantes. Pitágoras e
Sócrates, no Século V AC, já se recusavam a aceitar a idéia da Terra plana embora não pudessem
provar. Aristóteles, no Século IV AC, reforçou a idéia da esfericidade da Terra com base nos
seguintes argumentos: 1) contorno circular da sombra da Terra nos eclipses da Lua; 2) variação do
aspecto do céu estrelado com a mudança da latitude; 3) diferença de horário na observação do
mesmo eclipse para observatórios afastados em longitude. Aristóteles, porém, defendia a
imobilidade absoluta do planeta. Arquimedes, no Século IIV AC, afirmou que o diâmetro da Terra
era superior ao da Lua e inferior ao do Sol. Eratóstenes, no Século II AC, determinou o raio da Terra
através de operações geométricas e devido a algumas coincidências achou um resultado muito
próximo do verdadeiro, atualmente conhecido. Sabe-se, atualmente, que a Terra tem, na verdade,
uma forma real bastante complexa, podemos, porém, trabalhar com algumas formas simplificadas e
mais regulares que são os modelos para fins de representação cartográfica sem que sejam causados
prejuízos significativos. Um modelo é uma simplificação de um objeto real mais complexo para
viabilizar estudos e extrair conclusões. As principais formas ou modelos da Terra de interesse para
representação em topografia e cartográfia são:
Superfície Topográfica
Forma verdadeira da Terra com suas montanhas, vales, oceanos e outras incontáveis saliências e
reentrâncias geográficas e topográficas. É a superfície física de existência real (modelo real, objeto
real) onde são executadas, na prática, a maioria das medições e observações topográficas e
cartográficas. É nela que se vive, se constroem as obras e onde se interage com o ambiente e
ocorrem as intervenções. A Figura 8 ilustra a superfície topográfica relacionada com outras
superfícies. Houve bastante exagero de escala para facilitar o entendimento.

Figura 8 – Ilustração, sem escala, da Superfície Topográfica, forma real, em relação às outras duas
superfícies de interesse cartográfico/topográfico (Geoide e Elipsoide).

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Geóide
Forma verdadeira da Terra subtraída das montanhas e depressões, considerando que estes elementos
são muito pequenos – a altitude máxima aproximada é de 9 km no pico do Everest em relação ao
diâmetro aproximado da Terra de 12.740 km (0.07%). A superfície do geóide não tem uma
definição geométrica ou matemática precisa, tendo em vista que é uma superfície definida pelo
valor constante do potencial da gravidade ao nível do mar. Sua forma é aproximadamente esférica
com suaves ondulações e pequeno achatamento nos polos terrestres. Seu diâmetro equatorial é
cerca de 43 km maior que o diâmetro polar. O Geóide pode ser aproximadamente definido como
coincidente com a superfície do nível médio das águas tranqüilas dos mares prolongada sob os
continentes. Esta superfície constitui o modelo de referência padrão para as medidas de altitudes
(ortométricas).
Esfera
É a forma da Terra definida matematicamente como sendo uma simplificação do Geóide,
considerando que o achatamento da Terra é muito pequeno, cerca de 43 km de diferença em relação
ao diâmetro equatorial de 12.740 km (0.3%). É uma forma geométrica simplificada que é utilizada
em cartografia apenas em cálculos auxiliares e em trabalhos mais simplificados.
Elipsóide de Revolução
O Elipsóide de Revolução é definido como sendo o sólido geométrico gerado por uma elipse que
gira em torno do seu eixo menor ou eixo polar (Figura 9). Constitui a forma geométrica com
definição matemática exata que mais se aproxima do geóide (prolongamento do nível do mar pelos
continentes). Portanto, o elipsoide é a forma ou modelo que permite a precisão mais adequada de
representação da superfície da Terra. Os mapas e cartas topográficas, os sistemas de posicionamento
por satélites (GNSS/GPS) e vários processos associados à cartografia e navegação, trabalham sobre
o modelo elipsóidico terrestre. Esta é a forma padrão considerada pela Geodesia para os trabalhos
de precisão rigorosa.

Figura 9 – Superfície do elipsóide de revolução em torno do eixo polar. Modelo matemático da


Terra que mais se aproxima do geóide (modelo físico definido pelo nível do mar). “a” é
o eixo equatorial maior e “b” o eixo polar menor cerc de 21 km.

Uma elipse tem um semieixo maior (a), um semieixo menor (b) e dois pontos de focos (centros)
sobre o semieixo maior. É uma curva definida pelo lugar geométrico dos pontos do plano onde a
soma dos raios vetores, que partem dos dois focos, é uma constante de valor igual ao dobro do semi-
eixo maior da elipse (r1 + r2 = 2a). A equação da elipse é dada por X2/a2 + Y2/b2 =1, onde
Raios vetores r1, r2
Semi-eixo maior a
Semi-eixo menor b
Coordenadas X, Y
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Achatamento f = (a-b)/a
Excentricidade  = [(a2 - b2 )/ a2 ] 1/2
Plano
É a forma ou modelo mais simplificado dentre todas essas apresentadas, prestando-se, apenas, para
uma representação local em uma extensão aproximada de até 40 Km, considerando que a curvatura
da Terra é muito pequena dentro dessa extensão do terreno. Neste caso, todas as medidas feitas
sobre o terreno natural são simplesmente projetadas em um plano horizontal tangente à superfície
terrestre local (chamado Plano Topográfico Local). Muitos trabalhos de mapeamento para obras de
engenharia civil, arquitetura, parcelamentos urbanos e cadastros de agrimensura utilizam apenas o
plano topográfico como modelo terrestre simplificando bastante os cálculos e as representações.
Sistema de Coordenadas Geodésicas ou Geográficas
O sistema de coordenadas geodésicas ou geográficas constitui uma malha eficiente para a
geolocalização inequívoca da posição das feições, objetos e acidentes geográficos da superfície
terrestre. Neste sistema o modelo elipsóidico ou esférico da Terra é dividido em círculos paralelos
ao Equador terrestre chamados PARALELOS e em elípses geocêntricas que passam pelos pólos
terrestres (perpendiculares aos paralelos) chamadas MERIDIANOS. Cada ponto particulara na Terra
terá um único conjunto de coordenadas geodésicas definidas por:
Latitude Geodésica ou Geográfica (): ângulo entre a normal ao elipsóide de referência no ponto
considerado e sua projeção no plano equatorial. Ou seja, é o arco de meridiano que vai do equador
ao ponto considerado. Positiva a Norte (0 a +90), negativa Sul (0 a –90).
Longitude Geográfica ou Geodésica (): ângulo diedro entre os planos do meridiano de Greenwich
e do meridiano que passa pelo ponto considerado. Ou seja, é o arco de paralelo que vai do
meridiano de Greenwich até o ponto considerado. Positiva a Este (0 a +180), negativa a Oeste
(0 a -180)

Altitude Elipsoidal ou Geométrica (h): distância sobre a normal ao elipsóide que se estende desde a
superfície do elipsóide até o ponto considerado na superfície topográfica. Na prática usa-se mais a
altitude em relação ao nível do mar chamada Altitude Ortométrica (H) definida pela distância
vertical que se estende do nível médio do mar (Geóide  Datum Vertical) até o ponto considerado
na superfície topográfica. O nível do mar (geóide) pode passar abaixo ou acima do elipsóide de
referência. A Figura 10 ilustra os conceitos de coordenadas esféricas Geográficas ou Geodésicas.

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Figura 10 – Ilustração dos conceitos de coordenadas esféricas, geográficas ou geodésicas,


elipsóidicas (latitudes, longitudes e altitudes) usadas para localização inequívoca de
posições na superfície terrestre.

Para uma maior familiarização com as grandezas terrestres são apresentadas algumas medidas
simplificadas e calculadas utilizando o modelo esférico terrestre (modelo simplificado).
Comprimento de um grau de Latitude (Meridiano) (2..r)/360
2 x 3,141592(PI) x 6378160m / 360  111320 m
Comprimento do Minuto de Latitude: 111320m/ 60  1855 m (equivale à milha 1852 m)
Comprimento do Segundo de Latitude: 1855m/ 60  31 m
Comprimento de um grau de Longitude (Paralelo) (2..r.cos)/360
2 x 3,141592(PI) x 6378160 x cos(Lat) / 360 o valor é variável com a Latitude do lugar
no Equador seu valor é igual ao do grau de Latitude  111320 m
na Latitude de 45  78715 m
na Latitude de 60  55660 m
na Latitude de 90  0 m
Projeção Cartográfica da Terra – Mapa
Para manter a correspondência entre as coordenadas esféricas (latitude e longitude) nos mapas
(planos) usa se o recurso matemático da projeção da superfície esférica/elipsóidica terrestre sobre
uma superficie de projeção planificável (cilindros, cones ou planos de projeção). Esta operação
matemática permite criar um sistema de coordenadas planas cartesianas, chamadas coordenadas de
mapa. Cada posição geográfica (latitude e longitude) terrestre passa a ter sua coordenada plana
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cartesiana (X,Y) correspondente no sistema de mapa. Um dos sistemas de coordenadas planas


cartesianas de projeção muito usado globalmente é o sistema Universal Transverso de Mercator
(UTM). A Figura 11 ilustra de forma simples o conceito de projeção abordado.

Figura 11 – Ilustração do conceito da projeção cartográfica, onde as posições geográficas dos


objetos e feições da Terra esférica (definidas por coordenadas geodésicas elipsóidicas)
são projetadas no plano do mapa (definidas por coordenadas planas cartesianas). Fonte:
Fitz (2000)

Distinção entre Mapa, Carta e Planta


Os termos carta, mapa e planta têm muito em comum e freqüentemente são usados como sinônimos
no jargão cartográfico e topográfico. Entretanto, há uma certa preferência em utilizar a terminologia
de acordo com as considerações a seguir.
Mapa - É considerado um documento cartográfico simplificado e diagramático, geralmente
representando uma ampla porção da superfície terrestre em escalas pequenas. Geralmente obtido por
compilação e generalização de outros documentos cartográficos.
Carta - É um documento cartográfico mais complexo, ou mais detalhado e de caráter geográfico
mais científico, apresentando maior precisão, registro da acurácia e confiabilidade e, geralmente,
com articulação sistemática de folhas vizinhas. Sua obtenção geralmente envolve métodos
fotogramétricos, sensoriamento remoto e trabalhos de campo.
Planta - Documento relacionado com escalas grandes, representando áreas de pequenas dimensões
que requerem medidas de precisão feitas com intrumentos de campo e onde, geralmente devido à
pequena extensão, se desconsidera a curvatura da Terra.
Cartas Topográficas - São cartas que contêm informações básicas do terreno em planimetria e
altimetria, servindo de suporte para estudos gerais e para elaboração de outras cartas e mapas
específicos ou mapas temáticos. O método mais comum de elaboração de cartas topográficas é
através do levantamento aerofotogramétrico.
Cartas/Mapas/Plantas Temáticas - Cartas que abordam temas específicos e inventários de recursos
da Terra, geralmente elaboradas sobre um fundo de informações geográficas obtidas a partir da
compilação de algumas informações básicas extraídas das cartas topográficas e complementadas
com as informações temáticas de interesse específico.
1.5. Visão geral dos instrumentos básicos de topografia: conceitos gerais

O TEODOLITO convencional foi durante um longo período o instrumento básico para medir com
precisão adequada os ângulos horizontais e verticais. Permite também a medição de pequenas
distâncias, de forma indireta, utilizando a mira graduada vertical (mira falante) e métodos de

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interseções e triangulações. As partes principais do teodolito são: 1) LUNETA que é formada pela
objetiva, ocular e fios estadimétricos; 2) EIXOS: que são três perpendiculares entre si por
construção; Eixo principal - passa pelo centro ótico da luneta, sendo paralelo ao limbo vertical e
perpendicular ao limbo horizontal passando pelo seu ponto central. Eixo secundário ou eixo de
suporte da luneta - é o eixo perpendicular ao eixo principal, em torno do qual gira a luneta. É
paralelo ao limbo horizontal e perpendicular ao limbo vertical passando pelo seu pnto central. Cruza
o eixo principal no centro ótico da luneta. Eixo ótico ou eixo de colimação ou eixo da luneta - é
formado pela reta imaginária que une o centro da ocular ao centro da objetiva. 3) LIMBOS
GRADUADOS: Limbo Horizontal graduado de 0 a 360 graus ou de 0 a 400 grados. Limbo
Vertical graduado de 0 a 360 ou de 0 a 90 graus ou de 0 a 400 grados.
Qualquer teodolito necessita de uma preparação inicial para fazer medidas de campo os passos
principais são: Montagem do aparelho no tripé; Centragem que é fazer com que a projeção do
centro ótico da luneta caia sobre o ponto topográfico, realizada com auxílio do fio de prumo ou do
prumo óptico. Nivelamento que é fazer com que o eixo principal do intrumento fique coincidente
com a vertical do lugar, realizada através de níveis de bolha acoplados aos limbos horizontais e
verticais; Zerar que é fazer o zero do vernier coincidir com o zero do limbo horizontal;
Apontamento grosseiro que é realizado com alça e massa de mira do aparelho; Apontamento preciso
que é realizado com os parafusos de chamada ou ajustes de movimentos finos horizontal e vertical;
Focalização dos retículos (fios estadimétricos); Focalização do objetivo visado (prisma, balisa, mira,
tripé, etc). A Figura 12 mostra componentes e pricípios do teodolito.

Figura 12 – Ilustração esquemática dos componentes básicos do teodolito. Fonte: Erba et al. (2003)

A ESTAÇÃO ELETRÔNICA ou ESTAÇÃO TOTAL é o equivalente atual do teodolito. Possuem,


além das funcionalidades básicas do teodolito, medidores eletrônicos de distâncias a laser, memória
de armazenamento, processador, leitura digital e programas embutidos para diversos cálculos
topográficos e para transferência dos dados, tudo integrado no instrumento. Existem desde as
estações mais simples até os instrumentos robóticos de operação remota e autônoma.
O ESCANER TERRESTRE DE VARREDURA LASER é o instrumento equivalente uma estação
robótica que faz medições em varreduras horizontais e verticais com alta densidade de pontos,
fazendo o levantamento de forma completamente automática. Vem acompanhada de softwares
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robustos para processamentos dos dados, filtragens de dados, correlação e ajustamento, mosaicos de
dados, construção de modelos digitais de superfícies e de terrenos.
O NÍVEL DE LUNETA é o intrumento topográfico usado para medir diferenças de níveis de forma
direta sem necessidade de cálculos trigonométricos. A MIRA GRADUADA (mira vertical ou mira
falante) é uma regua graduada em mm usada em conjunto com o o teodolito ou nivel de luneta para
medição indireta de distâncias e diferenças de níveis entre pontos. O MEDIDOR ELETRÔNICO
DE DISTÂNCIA é um dispositivo moderno, prático e de alta precisão, baseado em ondas
eletromagnéticas para medir distâncias curtas e longas. Pode ser acoplado ao teodolito ou operar de
forma independente. Já vem integrado nas estações totais. A TRENA é uma fita de aço ou fibra
graduada em cm ou mm para medir distâncias. A BALISA é uma haste metálica ou de madeira
muito usada para fazer visadas e alinhamentos. O GUARDA-SOL é um sombreiro muito útil para
proteção dos intrumentos e do operador contra o sol e a chuva. O RECEPTOR GNSS/GPS é um
instrumento cada vez mais útil para trabalhos de topografia.
CUIDADOS ESSENCIAIS COM INSTRUMENTOS TOPOGRÁFICOS – Estações eletrônicas,
teodolitos, níveis topográficos, receptores GPS/GNSS e demais instrumentos são sensíveis por isso
mercem alguns cuidados especiais relacionados a seguir. Transportar intrumentos opticos e
eletrônicos sempre nos seus estojos apropriados em percursos longos; Proteger os intrumentos
opticos e eletrônicos do sol forte, da chuva e da umidade; Evitar qualquer tipo de choque; Manter o
teodolito/nível/estação sempre bem preso ao tripé e firmar bem o tripé no solo, para evitar quedas;
Nunca apertar demasiadamente os parafusos reguladores dos instrumentos para não danificá-los;
Nunca forçar os movimentos da luneta e da alidade quando o instrumento estiver com os parafusos
fixadores travados; Nunca sentar-se nas caixas ou estojos dos instrumentos; Nunca abandonar o
instrumento no campo; Nunca arremessar as balisas e marretas.
O LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO é o conjunto das operações necessárias para alcançar os
objetivos da Topografia, ou seja, a medição de ângulos e distâncias, coordenadas, confecção de
croquis, e a execução dos cálculos e desenhos para possibilitar a representação gráfica ou de forma
digital dos elementos colhidos no campo. Pode ser Aproximado quando for de execução rápida e
feito com instrumentos e métodos de baixa precisão. De Precisão quando for feito com instrumentos
e métodos de precisão e sujeito a controle rigoroso.
MATERIALIZAÇÃO DOS PONTOS DO LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO - Os pontos
topográficos ocupados pelo teodolito ou estação, durante o levantamento, devem ser materializadas
no terreno, pois, via de regra, precisam ser verificados e/ou reocupados porteriormente. Nas obras
de médio e grande porte vários pontos do levantamento topográfico precisam ser muito bem
monumentados, através de marcações, para utilização posterior na fase de locação do projeto no
campo, no controle e monitoramento da construção e nas verificações da obra após sua conclusão.
A materialização do ponto topográfico é feita através do MARCO TOPOGRÁFICO que é um ponto
topográfico materializado em caráter permanente com pilar de concreto ou de alvenaria com prego
ou chapa metálica no centro (Figura 13). O PIQUETE é um Ponto topográfico materializado em
caráter provisório com estaca de madeira. Pode-se também usar tinta, fita crepe e outros meios
simples para materialização de pontos provisórios.

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Figura 13 – Ilustração de marcos topográficos típicos construídos para duração permanente ou de


longo período para servir de referência a trabalhos topográficos de levantamentos e
locação / demarcação. Fonte: www.

O PLANO TOPOGRÁFICO é um plano horizontal tangente à superfïcie de nível terrestre no local


do trabalho de levantamento. Por definição é um plano perpendicular à linha vertical do lugar
(definida pelo fio de prumo). Sobre este plano são projetadas verticalmente todos as medições,
feições e acidentes do terreno de interesse do levantamento Topográfico para fins de construção da
planta. A Figura 14 ilustra os conceitos importantes do plano topográfico.

Figura 14 – Ilustração do Plano topográfico onde são projetadas verticalmente as dimensões das
feições geográficas para representação do terreno em planta. Fonte: Erba et al. (2003)

DESENHO E A COMPILAÇÃO DOS DADOS – Durante muitos anos as ferramentas utilizadas


para desenho topográfico foram lápis, escalímetro, transferidor, compasso, esquadros,
coordenatógrafos, régua T, canetas de tinta nankin, tira-linhas, além de outros. O desenvolvimento
da computação veio prover excelentes ferramentas para cálculo, desenho, projeto e análise
topográfica. Atualmente as ferramentas convencionais têm sido, em grande parte, substituídas pelos
softwares de CAD, CAC e SIG (AutoCad, Microstation, Trackmaker e outros programas
especializados em topografia e geoprocessamento) que fornecem muitas ferramentas que subtituem
lapis, prancheta, escala, tinta, papel, etc e agilizam grande parte desse processo topográfico.
A PLANTA TOPOGRÁFICA é o resultado final clássico do levantamento topográfico contendo a
representação em escala reduzida de todos os detalhes e feições do terreno de interesse do
levantamento. A planimétria é representada em projeção ortogonal plana e altimetria representada
por meio de projeção cotada ou de curvas de níveis. A planta topográfica pode ser classificada em
dois tipos: Planimétrica quando não envolve a representação do relevo ou Planialtimétrica quando
representa todas as feições do terreno em planimetria e altimetria. Para que a planta esteja completa,
além das feições do terreno já descritas, deve apresentar também os seguintes elementos: Margens,
Título, Identificação do Local, Datas Importantes (de execução, aprovação, atualização, etc),
Responsável, Escala numérica e Escala gráfica, Diagrama de Orientação em relação ao Norte
Magnético e Norte Geografico, Legenda com símbolos e convenções topográficas para facilitar a
leitura.
A ESCALA é uma redução gráfica submetida ao desenho topográfico o qual, por natureza, não pode
ser feito em verdadeira grandeza ou ampliado. A escala (E) é a relação entre a dimensão gráfica do
objeto (d) e a sua dimensão no terreno (D). É dada pela relação E=d/D
A escolha da escala de uma planta geralmente obedece a três critérios. 1) Minúcia de detalhes
desejada. Por Exemplo, uma casa pode ser desenhada apenas como um símbolo em planta de escala

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1:25.000 ou com seus jardins e demais detalhes na escala 1:100. 2) Espaço disponível ou
conveniente no papel ao qual deverá ser ajustada a escala. Por exemplo, a escala 1:1000 é muito
conveniente para representar um terreno de 150m x 200m em uma folha A4 (210mm x 297mm) 3)
Limitação gráfica de aproximadamente 0.2 mm correspondente à acuidade visual humana (chamado
de erro gráfico), onde qualquer objeto do terreno representado em escala deverá ser igual ou maior
que 0.2 mm. Por exemplo, planta de uma praça onde devem ser representados canteiros circulares
com meio metro de diâmetro precisam ter uma escala maior que 1:2500. Os exercícios a seguir
tratam alguns destes pontos.
1. Ache as escalas apropriada para desenhar plantas de um lote ratangular que mede 200,00 metros
por 300,00 metros em folhas de papel de formato A4, A3 e A2, respectivamente.
2. Ache uma escala apropriada para desenhar a planta de uma quadra urbana onde se deseja
representar de forma legível todos os detalhes que tenham dimensões acima de 1 metro no
terreno.
3. Ache a escala onde os objetos do terreno com 5 m de comprimento devam medir 2,5 cm na
planta.
A escala gráfica é uma barra graduada desenhada na planta obedecendo à escala numérica. Tem
utilidade para identificar a escala numérica da planta nos casos de redução ou ampliação do original
e também para facilidade de extração de medidas da planta sem necessidade de usar réguas ou
escalimetros. Algumas escalas bastante usadas em trabalhos de topografia são.

1:50 e 1:100 - Escalas típicas para plantas de arquitetura.


1:100; 1:200, 1:250 e 1:500 - Escalas típicas para plantas de pequenos lotes urbanos.
1:500, 1:1000 e 1:2000 - Escalas típicas de plantas de quadras, arruamentos e loteamentos urbanos.
1:1000, 1:2000, 1:5000 e 1:10000 - Escalas típicas para plantas de glebas e propriedades rurais.
1:25000, 1:50000, 1:100000 - Escalas típicas usadas no Mapeamento Sistemático Nacional.
EXERCICIOS PROPOSTOS:
1. Considerando o modelo esférico da Terra, qual deve ser a altura mínima do mastro de uma
embarcação para ser avistado a 10 km, 20km e 30km da praia?
2. Pesquise e descreva como Eratóstenes (Séc II AC) determinou o raio da Terra.
3. Qual a contribuição importante de Newton para os estudos da forma da Terra e topografia?
4. Quando montamos o teodolito ou estação no ponto topográfico o seu eixo principal deve
ficar coincidente com a vertical do lugar (fio de prumo). Assim, o eixo principal fica normal
a qual superfície? geóide, elipsóide, esfera ou plano topográfico.
5. Qual a relação matemática entre o raio de um paralelo qualquer e raio do Equador terrestre?
6. Que problemas podem acontecer se usarmos dados de altitude elipsoidal para planejar e
implantar um canal de escoamento de água de pequena declividade?
7. Como um observador situado em Macapá (Equador) vê a estrela Polar Norte (Polaris da
constelação Ursa Menor)?
8. Como um aluno da disciplina Topografia situado no IGC/UFMG vê o Sol ao meio dia
(passagem meridiana) nos dias dos equinócios e nos dias dos solstícios?
9. Como um observador situado no IGC/UFMG vê a estrela Polar Sul (Sigma Octantis)?
10. Ache a melhor escala para desehar o terreno da Figura 16 em uma folha de papel A4 (21cm
x 29,7cm), deixando margem de 1 cm em cada borda da folha.

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2 - MEDIÇÃO DE ÂNGULOS
O levantamento topográfico convencional com teodolito/estação é baseado na medida de ângulos
horizontais, ângulos verticais e distâncias. O Teodolíto é um goniômetro (medidor de ângulos) de
luneta completo que mede tanto ângulos horizontais como verticais. Mede também pequenas
distâncias utilizando o método da taqueometria com auxilio da mira vertical graduada e dos fios
estadimétricos.
Ângulos Horizontais são os ângulos medidos no plano horizontal, ou seja, com o Teodolito ou
estação perfeitamente centrado e nivelado (eixo principal coincidente com a linha vertical e limbo
horizontal coincidente com o plano horizontal). Um ângulo horizontal equivale à diferença entre as
direções de dois alinhamentos. Os levantamentos topográficos, geralmente, envolvem a medição de
poligonais topográficas as quais podem ser abertas ou fechadas. Nas poligonais fechadas, como as
posições e azimutes nos pontos inicial e final são conhecidas, os erros angulares e lineares podem
ser controlados. Já nas poligonais abertas não é possível ter controle dos erros angulares e lineares.
Erro de Fechamento Poligonal – (Efa) é a diferença angular entre o somatório dos ângulos da
poligonal medida com instrumentos e o somatório dos ângulos de um polígono geométrico exato
correspondente. De acordo com o processo de medição o erro pode ser dado pelas fórmulas
Efa =  Aint - 180(n-2) na medição dos ângulos poligonais internos
Efa = Aext - 180(n+2) na medição dos ângulos poligonais externos
Efa = 360 - (Ddir - Desq) na medição dos ângulos de deflexão da poligonal
A Tolerância para o erro de fechamento permitida varia de acordo com os objetivos dos trabalhos e
com a precisão dos instrumentos utilizados.

Uma regra comum para o Erro Tolerável é dada por T = 2 . nonde


 T = erro total tolerável
 = menor leitura angular do limbo do teodolito ou estação utilizado
n = número de vertices da poligonal
A Compensação dos Erros (C) a ser somada a cada ângulo interno medido, caso o erro esteja dentro
da tolerância é dada por C = -Efa/n

Exemplo: uma poligonal de 4 lados medida com um intrumento de (=1’) e apresentou os ângulos
(a1=80 09’; a2=70 29’; a3=85 04’ e a4=124 14’), verificar se atingiu a tolerância e
compensar os erros nos ângulos.

Resposta:
C=-(35956’ – 360)/4 = +1’ a1c=80 10’ a2c=70 30’ a3c=85 05’ a4c=124 15’
2.1. Orientação terrestre (direções: azimutes e rumos)

Os mapas cartas e plantas topográficas são tradicionalmente orientados em relação à direção Norte
da Terra. O Norte é a referência padrão adotada para o eixo vertical da grade de coordenadas planas
retangulares, permitindo que feições e elementos nas plantas topográficas possam ser localizados,
comparados e analisados de forma adequada. Assim, no levantamento topográfico de campo é
necessário determinar o meridiano verdadeiro do lugar (NV) ou, em caráter precário, o meridiano
magnético do lugar (NM). Para a orientação completa e referenciamento adequada do trabalho
topográfico (georeferenciamento) é necessário, além do Norte verdadeiro, determinar também as
coordenadas do ponto inicial do levantamento.
Azimute (Az) - É o ângulo medido no sentido horário, de 0 até 360, formado entre e a direção
Norte (meridiano) e uma direção terrestre qualquer. Contra-Azimute (Caz) é o azimute da direção
inversa, ou seja, o azimute acrescido ou subtraido de 180. (Se Az >180  Caz = Az - 180. Se
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Az <180  Caz = Az + 180). O azimute é a forma mais usual de indicar uma direção
topográfica. Outra forma menos usual de indicar uma direção topográfica é o rumo.
Rumo - É o menor ângulo que uma direção terrestre faz com a linha Norte-Sul (meridiano). O rumo
pode ser contado, tanto a partir do Norte como a partir do Sul, a contagem parte obrigatoriamente
daquele que estiver mais próximo. Portanto o rumo nunca passa de 90 e vem obrigatoriamente
acompanhado da identificação do quadrante (NE, NW, SE, SW). Exemplos, 80NE, 40SE, 30
SW, 10NW.
A conversão entre Azimutes(Az) e Rumos(R) ou vice versa pode ser feita pelas relações abaixo
Primeiro quadrante (NE) R = Az
Segundo Quadrante (SE) R = 180 - Az
Terceiro quadrante (SO) R = Az - 180
Quarto quadrante (NO) R = 360 – Az
O Contra-Rumo é o rumo inverso de uma direção, ou seja, da direção oposta, apresentando sempre
o mesmo valor angular do rumo, porém no quadrante oposto.

NORTE GEOGRÁFICO NORTE DE QUADRÍCULA E NORTE MAGNÉTICO


Em um lugar qualquer da Terra, o Norte Geográfico é definido pela direção do meridiano
geográfico e o Norte Magnético é definido pela direção da agulha da bússola. O Polo Norte
Magnético descreve um movimento lento, ligeiramente irregular, aproximadamente circular e de
período secular, no entorno do Polo Norte Geográfico que é considerado fixo (não é totalmente
fixo). Existe, portanto, um desvio angular entre o Norte da bússola e o Norte Geográfico e a
magnitude desse ângulo depende da localização do observador na Terra. Todas as medidas de
azimutes ou rumos feitas com a bússola são denominadas magnéticas, já os azimutes obtidos nas
cartas, mapas ou através de cálculos geodésicos e topográficos ou são azimutes de quadrícula ou são
azimutes geográficos. O Norte de Quadricula é a direção do eixo vertical da grade de coordenadas
cartesianas planas retangulares do mapa. Este eixo faz um pequeno angulo com o meridiano
geográfico, tendo em vista que os meridianos convergem para os pólos e as linhas da grade
cartesiana são rigorosamente paralelelas. Assim, quando se trabalha com mapas e bússolas (caso
típico dos navegadores) é necessário fazer a conversão entre esses tipos de azimutes (magnético,
geográfico e de quadricula). O ângulo de desvio entre o Norte Magnético e o Norte Geográfico é
chamado de Declinação Magnética e pode ser obtido por meio de cartas magnéticas ou através de
modelos digitais do campo magnético terrestre. O angulo entre o Norte geográfico e o Norte de
quadrícula é chamado Convergência Meridiana e pode ser calculado por fórmulas. É importante
esclarecer que o Norte Magnético sofre perturbações de várias naturezas, sua direção é um tanto
imprecisa, muda a posição com o passar dos anos, e as melhores bússolas fornecem medidas com
erro superior a meio grau, portanto as bússolas somente se prestam para orientações aproximadas.
Orientações precisas devem ser tomadas em relação ao Norte Geográfico usando métodos
adequados como observações astronômicas ou pontos de referência com posições geodésicas
conhecidas. A Figura 15 ilustra os conceitos de Nortes de referência, azimutes e rumos.

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Figura 15 – Ilustração dos conceitos de Nortes de referência e das direções/orientações terrestres


dadas por azimutes e rumos (Verdadeiros Magnéticos e de Quadrícula).

Os ANGULOS HORIZONTAIS são ângulos medidos no plano horizontal através do limbo


horizontal do teodolito ou da estação total. A grande maioria dos instrumento são fabricados para
medir diretamente os Ângulos à direita (sentido horário ou azimutal), por isso são os mais
utilizados. Mas, existem também teodolitos que medem Ângulos à esquerda (sentido anti-horário).
Existem também teodolito projetados para medir Ângulos de Deflexão que é o ângulo formado
entre o prolongamento do alinhamento anterior (de Ré) e o alinhamento seguinte (de Vante). A
deflexão é à direita, se o alinhamento seguinte (Vante) está a direita do prolongamento do anterior
(Ré) ou deflexão é à esquerda, se ocorre o contrário. Para medir deflexão deve-se bascular a luneta
em 180˚ e medir a deflexão a direita ou a esquerda. Ângulos Internos são os internos à poligonal no
mesmo conceito da geometria; Ângulos Externos são os externos à poligonal no mesmo conceito
da geometria. Em todas as nossas cadernetas de campo e nos exercícios, se nada for dito em
contrário, serão usados ângulos à direita no sentido azimutal.
ÂNGULOS VERTICAIS - São ângulos medidos no plano vertical através do limbo vertical do
teodolito ou estação. A grande maioria dos instrumento são configurados para medir diretamente o
Ângulo Zenital – que é o Ângulo entre a linha de visada e a linha vertical, contado a partir do zênite,
por isso são os mais utilizados em topografia. Mas, existem também teodolitos que medem Ângulo
de Inclinação – que é o Ângulo entre a linha de visada e a linha do horizonte (+ acima e - abaixo).
Há também o Ângulo Nadiral – que é Ângulo entre a linha de visada e a linha do nadir, contado a
partir do nadir, pouco utilizado em topografia. Clinometros e algumas bússolas, dotadas de
clinômetros, são intrumentos bastante simples usados para medir ângulos verticais com baixa
precisão.
É possivel obter a MEDIÇÃO INDIRETA DE ÂNGULOS através da trilateração, medição dos três
lados de um triângulo, e calculando os ângulos pela Lei dos Co-Senos.
 (b 2  c 2  a 2 ) 
a  b  c  2bcCosA
2 2 2 A  Ar cos 
 2bc 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS:
1. Converter os ângulos 50,89568˚, 300,04986˚ para o sistema sexagesimal (grau, min, seg)
2. Converter os ângulos 30˚ 40’ 20’’, 350˚ 10’ 20’’ para o sistema centesimal (grau e fração)
3. O teodolito ou estação instalado em P1 fez visada em P2 com azimute 10˚45’ e visada em
P3 com azimute 95˚28’ qual o valor do ângulo entre P2 e P3? Se as distâncias P1P2 e
P1P3 são, respectivamente, 50m e 60m, qual a distância P2P3?
4. O teodolito ou estação instalado em P1 fez visada na base de uma torre com ângulo zenital
91˚45’ e visada no topo da torre com ângulo zenital 85˚28’. Qual o valor do ângulo de

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inclinação para a base e para o topo? Qual o valor do ângulo vertical entre a base e o topo
da torre? Se a distância no plano horizontal do teodolito ou estação até a torre é 100m, qual a
altura dessa torre?
5. Ache a declinação magnética atualizada de Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza e
Manaus
6. Converter o azimute 120 magnético para verdadeiro em BH.
7. Dados os azimutes verdadeiros dos lados de uma poligonal de 4 lados, faça um croqui
aproximado,complete o quadro e calcule o valor dos ângulos internos da poligonal.
Lado Azimute ContraAzimute Rumo ContraRumo Angulo Interno
1 – 2 135º 24’
2 – 3 52º 54’
3 – 4 316º 42’
4 – 1 205º 36’
8. Dado o croqui de medição dos lados do lote de terreno da Figura 16 abaixo, calcule os
ângulos internos e desenhe a planta exata do lote. Ache também o valor da outra diagonal
(13).

Figura 16 – Lote medido por trilateração. Resultados calculados: Ângulos: 1) 114˚57’11’’; 2) a.


25˚15’21’’; b.55˚05’48’’ ; 3) 84˚47’03’’ ; 4) a. 40˚07’09’’; b. 39˚47’28’’. Diagonal
13: 74,29m; ÁreaAEIO:.??.

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3 - MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS
As distâncias e comprimentos podem ser medidas por vários processos. Recomenda-se que
distâncias medidas com intervenção manual (trena, mira graduada, etc) sejam medidas duas vezes (a
vante e a ré) com o resultado dado pela média das duas medidas (rejeitando-se os erros grosseiros,
dentro da tolerância admitida). As medições de distância podem ser feitas por métodos diretos e
indiretos. Os métodos de medição direta variam desde aqueles que fornecem resultados
aproximados até aqueles de alta precisão das medidas. Segue breve descrição de alguns processos.
PASSO AFERIDO - O passo devidamente aferido é um meio prático para medir comprimentos
aproximados de alinhamentos. O passo presta-se apenas para realizar croquis e levantamentos
aproximados, sua precisão relativa é da ordem de 1:150.

TRENAS – As trenas são os instrumentos convencionais mais tradicionais para medir distâncias
curtas. A medição a trena pode ser feita de várias formas, de acordo com a situação do terreno.
Medição Com A Trena Horizontalizada é feita com a trena esticada na posição horizontal,
fornecendo diretamente a distância reduzida ao plano topográfico. Neste caso a trena pode ser
apoiada diretamente no terreno se for plano. No caso de terreno com declive utilizam-se
instrumentos auxiliares como a baliza, nível ou fio de prumo para permitir a horizontalidade das
trenadas. Medição Com A trena Inclinada é feita com a trena apoiada no próprio terreno se este tiver
inclinação uniforme, havendo neste caso a necessidade medir a inclinação do terreno (com teodolito
ou clinômetro) e cálculos para redução ao plano do horizonte de acordo uma das formulas:

Dh = Di.cos ou Dh=Di.sen.Z onde  é o ângulo de inclinação e Z é o ângulo zenital

Geralmente as distâncias a medir são maiores que o comprimento da trena, assim, é necessário, em
qualquer método, prolongar o alinhamento das trenadas que pode ser feito com auxilio de balizas, a
olho nu ou com o teodolito.
As medidas a trena estão sujeitas a erros que podem prejudicar a precisão do trabalho. Erros
Grosseiros - são erros decorrentes da falta de cuidados, devem ser obrigatoriamente eliminados
medindo-se a mesma distância mais de uma vez e controlando os resultados de imedito no próprio
local do trabalho. Eros Sistemáticos - ocorrem sempre no mesmo sentido e direção, devem ser
corrigidos. Por exemplo, erro de catenária, erro de inclinação, trena descalibrada (mais curta ou
mais comprida). Erros Acidentais ou Aleatórios - São erros inerente a qualquer processo de medição
e sempre ocorrem, é recomendável que sejam tratados estatisticamente. Em Topografia resultados e
medidas importantes devem ser sempre checados e submetidos a testes de aceitação.

MEDIDORES ELETRÔNICOS DE DISTÂNCIAS - Atualmente é o processo de medição de


distância mais preciso confiável e o mais utilizado, principalmente porque o medidor eletrônico já
vem integrado como no caso das estações totais ou estações topográficas eletrônicas. As Estações
Totais possuem medidores eletrônicos, processador, memória e programas para cálculos
topográficos, tudo integrado em um só instrumento. O princípio básico da medição eletrônica
envolve dois instrumentos (um em cada ponto extremo do alinhamento). O instrumento principal
emite a onda eletromagnética (laser ou microondas) que é refletida pelo instrumento remoto
(geralmente um prisma refletor) de volta para o instrumento emissor o qual mede o tempo (t) que a
onda eletromagnética gasta para ir e voltar. A Distância é obtida multiplicando a Velocidade da
onda (300.000 km/s) por ½Tempo. As distâncias eletrônicas estão sujeitas a pequenos erros devidos
à refração atmosférica que podem ser corrigidos mediante o conhecimento dos parâmetros
atmosféricos. São atualmente muito comuns os medidores ativos que que não precisam de prismas

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refletores. A onda é refletida nos próprios objetos do terreno, entretanto o alcance é muito pequeno,
atingindo apenas poucas centenas de metros.
Redução Das Medidas Eletrônicas Ao Plano Topográfico – o percurso das ondas eletromagnéticas
é reto, portanto os medidores eletrônicos de distância medem a distância inclinada, assim é
necessário calcular a distância plana no nível do horizonte topográfico usando uma das formulas
Dh=Di.cos ou Dh=Di.sen.Z onde  é o ângulo de inclinação e Z é o ângulo zenital

As distâncias podem ser medidas de forma indireta usando relações geométricas e trigonométricas
por meio de métodos conhecidos como triangulação, interseção a vante, interseção a ré, etc. São
método muito convenientes quando ocorem dificuldades de medição direta. Como os teodolitos
podem medir os ângulos horizontais e verticais com grande precisão e os cálculos trigonométricos
não introduzem erros significativos nos resultados, as medidas indiretas podem ser obtidas com a
precisão desejada. As fórmulas mais usadas são:
LEI DOS SENOS: a/senA = b/senB = c/senC, onde a é o lado oposto ao ângulo A, b é o lado
oposto ao ângulo B e c é o lado oposto ao ângulo C.
LEI DOS CO-SENOS: a  b  c  2bcCosA
2 2 2

Exemplo: Na Figura 17 determine o perímetro do lote AEIO, tendo sido medidos a base
AE=100,00m e os 4 ângulos OÂE=125˚30’; IÂE=30˚40’; AÊI=122˚50’ e AÊO= 28˚18’.

Figura 17 – Exemplo de medição indireta de distâncias. Confira as respostas certas: EI=114,31m;


IO=224,50m; AO=107,38m; AI=188,31m; EO=184,40m; ÁreaAEIO:.??.

Existem várias formas de Medição Indireta De Distâncias. A Taqueometria Ou Estadimetria é feita


por meio do teodolito equipado de fios estadimétricos em conjunto com a mira graduada vertical. O
princípio básico da taqueometria é a semelhança de triângulos, conforme ilustração da Figura 18.

Figura 18 – Visão do princípio da taqueometria/estadimetria com a luneta instrumental em visada


horizontal. Fonte: Erba et al. (2003)

Se a luneta está totalmente horizontalizada (Figura 18) a distância é dada por Dh = 100. (fs - fi).
Quando a luneta está inclinada (Figura 19) e mede o ângulo de inclinação () a distância é dada por

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Dh=100.(fs-fi).cos(2); a Diferença de Nível é dada por Dn=100.(fs-fi).sen.cos + Ai – fm; ou


Diferença de Nível Dn = 50.(fs - fi).sen(2) + Ai – fm.
Quando a luneta está inclinada e mede-se o ângulo zenital (Z) a distância e dada por Dh=100.(fs-
fi).sen(2Z); a Diferença de Nível Dn = 100.(fs-fi).senZ.cosZ + Ai – fm; ou Diferença de Nível
Dn=50.(fs - fi).sen(2Z) + Ai – fm.

Figura 19 – Princípio da taqueometria/estadimetria com a luneta instrumental em visada inclinada.


Fonte: Erba et al. (2003)

A medição taqueométrica tem alcance de visada muito limitado e está sujeita a muitos erros,
portanto sua precisão relativa é baixa (da ordem de 1:300). As fontes de erros mais comuns são a
Paralaxe dos fios do retículo; Imprecisão da constante multiplicativa do teodolito; Erros de
graduação da mira; e Erros de inclinação da mira.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:
1. ache a distância plana correspondente à distância inclinada de 1221,50 m, medida com um
ângulo zenital de 8820’50”. Seria possível achar o desnível (distância vertical) entre os
dois pontos?
2. qual o valor medido da distância inclinada sabendo que a distância plana calculada a partir
do ângulo de inclinação de + 333’ 45” resultou 1000,00 m? É possível saber o desnível
(distância vertical)?
3. idem para um ângulo de inclinação de - 333’ 45”.
4. Calcule as distâncias planas das tabelas estadimétricas apresentadas nos exercícios do
Tópico 4.2. Tente achar os desníveis (distância vertical).

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4 - MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS
Os Levantamentos topográficos podem ser do tipo Planimétricos, quando visam somente a
representação plana das feições, objetos e acidentes do terreno, sem considerar suas altitudes, cotas
ou diferenças de nível. Altimétricos quando visam somente a representação de altitudes, cotas ou
diferenças de nível. Planialtimetricos quando visam o levantamento completo para a representação
das feições, objetos e acidentes do terreno considerando suas posições planas e suas altitudes, cotas,
diferenças de nível e o relevo em geral. A execução de um levantamento topográfico convencional,
geralmente obedece aos passos principais a seguir:
1) Reconhecimento de toda a área a ser medida – deve-se percorrer toda a área e escolher
previamente, de forma adequada, todos os pontos/locais onde deve ser instalado o teodolito ou
estação, ou seja, os vértices de uma poligonal principal e das poligonais secundárias, etc.
2) Definição da Posição e Orientação geográfica do ponto de início da poligonal – devem ser
definidas as coordenadas planas-retangulares de um ponto inicial e um azimute de referência
(verdadeiro ou magnético) a partir desse ponto.
3) Medição e Ajustamento de uma poligonal principal e das poligonais secundárias: (todos os
ângulos e todos os comprimentos dos lados)
4) Medição de todas as feições, pontos e detalhes de interesse do levantamento topográfico a partir
dos vértices poligonais ou dos pontos auxiliares.
5) Cálculos e desenhos das plantas, perfis e de outros produtos derivados do levantamento
topográfico.
4.1. Sistemas de coordenadas planimétricas usados em topografia

Os dois sistemas de coordenadas mais usados em topografia para definição da posição espacial de
pontos e feições do terreno são: coordenadas polares e coordenadas planas-retangulares. Em casos
especiais, usam-se também as coordenadas esféricas geodésicas ou gográficas.
SISTEMA DE COORDENADAS POLARES – Neste sistema a posição relativa de um ponto
topográfico fica definida por um angulo (A) e uma distância (d). É o método natural usado no
levantamento de campo feito com teodolito ou ou estação total. É simples e direto para o desenho
dos trabalhos topográficos com uso do transferidor e escala graduada, porém acumula erros no
desenho gráfico de poligonais. Os softwares de CAD/CAC/SIG posuem ferramentas para desenho
por coordenadas polares, neste caso os erros de desenho de poligonais não são acumulados.
SISTEMA DE COORDENADAS PLANAS-RETANGULARES - Neste sistema a posição espacial
de um ponto topográfico fica definida por uma abcissa (x) e uma ordenada (y) em relação a dois
eixos coordenados ortogonais X e Y de origem. Este método demanda mais cálculos a partir das
medidas do levantamento de campo. Não acumula erros nos desenhos das poligonais feitas no papel
milimetrado. Este tipo de coordenadas são facilmente desenhados usando softwares de
CAD/CAC/SIG que possuem ferramentas para tal. É muito usado, principalmente para os desenhos
que requerem maior precisão; para avaliação analítica de áreas e volumes; e para cálculos indiretos
de azimutes, rumos e distâncias. As COORDENADAS PLANAS-RETANGULARES PARCIAIS
OU RELATIVAS de um ponto (j) medido ou irradiado são as abcissas e ordenadas em relação ao
ponto estação (i) do qual foi medido dadas por
xij = dij sen Azij
yij = dij cos Azij
As COORDENADAS PLANAS-RETANGULARES TOTAIS OU ABSOLUTAS são as abcissas e
ordenadas em relação a origem geral ou absoluta do sistema de coordenadas planas-retangulares. É
recomendável que o trabalho topográfico seja referenciado a um sistema cartográfico de
coordenadas padronizadas de uso consagrado e origens conhecidas. Por exemplo, o Sistema
Universal Transverso de Mercator – UTM que é mundialmente conhecido utilizado. Se isso não for

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viável, usa-se um sistema local onde é sempre conveniente uma definição da origem dos eixos
coordenados situada abaixo e a esquerda da área de interesse do levantamento, de modo a evitar
valores negativos de coordenadas de qualquer ponto do trabalho. As coordenadas absolutas são
dadas por
XJ = Xi + xij ou seja XJ = Xi + dij sen Azij
YJ = Yi + yij ou seja YJ = Yi + dij cos Azij
A Figura 20 ilustra os conceitos de coordenadas planas retangulares, distância inclinada, distância
plana e distância vertical (diferença de nível). Deduz-se da Figura que a altitude (H) é dada por
HJ = Hi + Hij ou seja HJ = Hi + Diij cos Z + At – Ap
Onde: Diij é distância inclinada de i para j; Z é o ângulo vertical zenital de i para j; At é altura do
teodolito em i; e Ap é a altura do prima visado em j.

Figura 20 – Coordenadas planas retangulares, eixos origem (E=X e Y=N), distância inclinada (Di),
distância plana horizontal (Dh), distância vertical (Dv), diferença de nível (Dn).

No sistema de coordenadas planas retangulares a DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS


QUAISQUER, i e j, é dada por dij =[ [(Xj - Xi)2 + (Yj - Yi)] 2]1/2
AZIMUTE DE UM LADO ij é dado por  = Arctan[XJ - Xi] ou  =Arctan[X]
[YJ - Yi] [Y]
O ângulo  representa o rumo (0 a 90) sem indicação do quadrante (NE,SE,SO,NO). Para achar o
azimute Aij a partir do ângulo  é necessário verificar o sinal algébrico de X e Y para definir o
quadrante da direção, conforme a seguir.
Primeiro quadrante (NE): +X + Y Aij = A
Segundo quadrante (SE): +X - Y Aij = 180- A
Terceiro quadrante (SO): - X - Y Aij = 180+A
Quarto quadrante (NO): - X + Y Aij = 360- A

Exercício: calcular as coordenadas planas retangulares dos vértices da poligonal aberta abaixo,
sendo dadas as coordenadas planas locais de Xp1=1000.00 m, Yp1=2000.00 m e Cotap1=800.00 m.
Ache também a distância e o azimute do vértice inicial para o vértice final da poligonal, após
encontrar as coordenadas.

Vértice Pto Visado Âng Horiz Ang Zenital Fs fm fi Coord X Coord Y Azimute
P1 Norte Verd 00 00’
Ai=1.4 P2 134 47’ 94 30’ 1680 1340 1000

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P2 P1 00 00’ 85 40’ 1680 1340 1000


Ai=1.3 P3 70 20’ 94 20’ 1580 1290 1000
P3 P2 00 00’ 85 42’ 1580 1290 1000
Ai=1.5 P4 225 50’ 86 30’ 1998 1499 1000
Como um desafio para os próximos tópicos ache as altitudes ou cotas desses pontos.
4.2. Levantamento topográfico por irradiação

A irradiação é o método mais simples de se fazer um levantamento topográfico. Seu emprego é


conveniente para uso em pequenas áreas e como método auxiliar dos levantamentos por
caminhamentos fechados (poligonais fechadas). Os acertos das medidas e a qualidade do trabalho
são dependentes dos cuidados do operador, pois não é possível fazer controle dos erros. Neste tipo
de levantamento o teodolito ou estação é instalado em um único ponto de situação visual dominante
a partir do qual seja possível obter todas as medidas da área a levantar. O desenho pode ser feito
diretamente por coordenadas polares, usando transferidor e escala graduada ou um coordenatógrafo
polar. Pode-se, também, calcular as coordenadas plano-retangulares e fazer o desenho no papel
milimetrado. Os programas de CAD/CAC/SIG possuem ferramentas para desenho direto no sistema
polar ou plano retangular em arquivo digital.

Exercício: Dadas Xv1=2000 m; Yv1=5000 m; Hv1=800 m, faça o desenho da planta do terreno


abaixo, por coordenadas polares ou retangulares, na escala 1:1000, calcule os comprimentos dos
lados do terreno e compare com o desenho feito em escala.
Vértice. Pto Visado Âng Hor Ang Zenital Fs fm fi Azimute DPl Coord.X Coord.Y
Canto1 00 00’ 85 42’ 2000 1500 1000 50 25’
V1 Canto2 64 47’ 94 30’ 1680 1340 1000
Ai=1.55 Canto3 150 28’ 96 40’ 1700 1350 1000
Canto4 275 50’ 86 30’ 1998 1499 1000
Como desafio para os próximos tópicos ache as altitudes/cotas dos pontos.

Exercício: Dadas Xv1=1000 m; Yv1=4000 m; Hv1=500 m, faça o desenho da planta do terreno, por
coordenadas polares ou retangulares, na escala adequada ou usando software, calcule os
comprimentos dos lados do terreno.
Vértice Pto Visado Âng Hor Ang Z fs fm fi Di Pl Azimute CoordX CoordY
Norte Ver 0000’ 0000’
V1 Canto1 4500’ 8954’ 2000 1500 1000 100 m
Ai=1,5 Canto2 13500’ 9006’ 2500 1750 1000 150 m
5 Canto3 12500’ 9016’ 2500 1750 1000 150 m
Canto4 31500’ 8948’ 2000 1500 1000 100 m
Como desafio para os próximos tópicos ache as altitudes/cotas dos pontos.
4.3. Levantamento por interseção ou triangulação

O método consiste em medir um lado base de um triângulo e seus dois ângulos adjacentes para o
ponto a determinar. Permite medir pontos inacessíveis, como os situados em brejos ou em topos de
prédios, torres, etc. A FÓRMULAÇÃO BÁSICA e a LEI DOS SENOS: a/senA = b/senB = c/senC,
onde a é o lado oposto ao ângulo A; b é o lado oposto ao ângulo B; e c é o lado oposto ao ângulo C.
Isto permite calcular os outros lados do triangulo. O desenho pode ser feito em programa de CAD,
com transferidor e escala (coordenadas polares) ou por coordenadas plano-retangulares. No exemplo

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da Figura 21 pede-se para calcular os comprimentos e os azimutes dos lados, o ângulo no vértice 3 e
as coordenadas planas retangulares do ponto 3 para conferir com os resultados finais já dados.

Figura 21 – Exemplo de intercessão a vante. Resultados do cálculo: Az12: 81˚28’09’’; Az13:


132˚04’09’’; Az23: 193˚10’09’’; Dist12: 404,47m; Dist13: 429,26; , Dist23:
357,01; X3Y3: 608518,66; 7891212,38; Área123:.??.

Neste tipo de medição devem ser evitadas figuras com o ângulo de interseção muito pequeno. Uma
variação possível deste método consiste em medir apenas os três lados do triângulo (trilateração) e
determinar os três ângulos internos usando a lei dos co-senos.
a 2  b2  c 2  2bcCosA
Exercício: Dados Xa=1000,00m; Ya=5000,00m; Za=100,00m e a caderneta de campo abaixo,
preencha os campos calculáveis, faça o desenho do terreno ABCD da na escala 1:1000, calcule o
valor dos lados do terreno e compare com as medidas do desenho feito em escala.
Vertice Pt Visado Ang Horiz Ang Zenital Ao Dist Plana Azimute Coord.X Coord.Y H
A B 00 00’ 00” 90º12’30” 1.50 200,00 m 15º 12’
Ai=1.54 C (mourão) 50º25’42” 91º10’30” 2.0
D (mourão) 95º20’36” 89º30’50" 2.0

B A 00º 00’ 00” 1.56 200,00 m


Ai=1.55 C (mourão) 272º20’30”
D (mourão) 315º36’40”
4.4. Levantamento por caminhamento ou poligonal

Os levantamentos topográficos, via de regra, envolvem a medição de muitas feições, detalhes e


acidentes geográficos. As áreas de interesse, mesmo que sejam pequenas, podem conter muitos
desses elementos. Portanto, geralmente é necessário instalar o teodolito ou estação em mais de um
ponto para permitir a medição completa do trabalho. Assim, o método da poligonal ou
caminhamento poligonal é o mais frequentemente utilizado. Consiste em estabelecer uma poligonal
base ou poligonal principal na área a ser medida e a partir dos pontos ou vértices poligonais fazer a
medição de todos os detalhes e feições de interesse do levantamento. A medição dos detalhes de
interesse é feita pelos processos já estudados anteriormente (irradiação, interseção, triangulação) ou
por meio de outra poligonal. As distâncias são medidas pelos processos já estudados (trena, mira
vertical ou com medidor eletrônico). Os ângulos horizontais e verticais são medidos por qualquer
dos processos já estudados (Ângulos a Direita preferencialmente, Ângulos a Esquerda ou Ângulos

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de Deflexão). Pode-se medir os Ângulos Internos (mais usado) ou Ângulos Externos da poligonal.
As poligonais podem ser do tipo Fechadas ou Abertas. A Poligonal Aberta ocorre quando não há o
fechamento no ponto inicial ou em outro ponto de posição conhecida. Assim, é a menos
recomendada tendo em vista que não é possível fazer o controle dos erros angulares e lineares,
conforme exemplo da Figura 22 onde pede-se para calcular os azimutes 12 e 23 e as
coordenadas planas dos pontos 2 e 3 para conferir com os resultados finais já fornecidos. Se houver
erro em alguma medição angular ou linear intermediária será propagado para os pontos
subsequentes.

Figura 22 – Exemplo de poligonal aberta. Resultados do cálculo: Az12: 40˚30’; Az23: 140˚48’;
X2Y2: 608649.45, 7802760.41; X3Y3: 609344.68, 7801907.97; Dist13:.??.

A Poligonal Fechada é a mais recomendada e ocorre quando o vértice inicial coincide com o vértice
final ou quando os vértices inicial e final são pontos de coordenadas já conhecidas com precisão
certificada, permitindo fazer o controle dos erros angulares e lineares, conforme exemplo da Figura
23 onde pede-se para calcular erro de fechamento angular e os azimutes dos lados poligonais para
conferir com os resultados finais já fornecidos.

Figura 23 – Exemplo de poligonal fechada. Resultados do cálculo: Erro angular: 0˚00’00”; Az21:
43˚, Az12: 223˚, Az23: 142˚10’50”, Az32: 322˚10’50”, Az34: 62˚31’20”,
Az43: 242˚31’20”, Az41: 312˚29’20”, Az14: 132˚29’20”, Az14: 112˚19’20”.

O cálculo completo do caminhamento ou poligonal fechada, onde os erros angulares e lineares são
controlados, envolve as fases a seguir.

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1) ERRO DE FECHAMENTO ANGULAR (EFA) - O erro de fechamento angular permite ter um


controle da correção com que os ângulos foram medidos e pode ser obtido de várias formas.
Se a poligonal foi sempre orientada para o Norte de Referencia nas medições angulares em todos os
pontos de estações, então
Erro de Fechamento Angular = (AZchegada – AZpartida) ± 180
Se a poligonal teve as suas medições angulares nos pontos de estações sem orientação para o Norte
de Referencia, então

Erro de Fechamento Angular = Aint - 180(n - 2) (mais usada)


Erro de Fechamento Angular = Aext - 180(n + 2) (pouco usada)
Erro de Fechamento Angular = 360 - (Ddir - Desq) (pouco usada)
A TOLERÂNCIA ANGULAR de fechamento poligonal varia de acordo com a finalidade do

trabalho e com a precisão do instrumento medidor, usaremos a relação prática: T = 2.. n


onde
T = erro total tolerável
 = menor graduação de leitura angular do limbo do teodolito ou estação utilizado
n = número total de vertices poligonais
Por exemplo, uma poligonal de 9 lados, medida com aparelho de  = 1’ permite um T = 6’.
Se EFA for maior que T presupoe-se a ocorrência de erros grosseiros e o trabalho deve ser refeito.

A CORREÇÃO DE COMPENSAÇÃO ANGULAR (C = -EFA/n) deve ser somada a cada ângulo


interno da poligonal ou a cada azimute de lado poligonal. Para azimutes de lados da poligonal a
correção é acumulativa nas mudanças de estações. Se houver irradiações para outros pontos de
interesse, os ângulos e azimutes para esses pontos são igualmente corrigidos.
Exemplo: verificar a tolerância angular e compensar os erros dos 4 ângulos (a1, a2, a3, a4) da
poligonal de 4 lados

a1=80 09’ a2=70 29’ a3=85 04’ a4=124 14’ T = 2.. n n=4 =1’

2) ERRO DE FECHAMENTO LINEAR - permite ter um controle da correção com que os lados
poligonais foram medidos. São necessárias as várias etapas a seguir para seu cálculo e correção.

2.1) CÁLCULO DOS AZIMUTES DOS LADOS POLIGONAIS (h, i ,j são os pontos RE,
ESTAÇÃO e a VANTE,  é o ângulo horizontal)
Azij = Azih - esq Azij = Azih + dir
Azij = Azih + 180 + Ddir Azij = Azih + 180 - Desq

2.2) O CÁLCULO DAS COORDENADAS DOS VÉRTICES POLIGONAIS (i ,j são os pontos


ESTAÇÃO e a VANTE,  é o ângulo horizontal)
Xj = Xi + xij ou Xj = Xi + dij sen Azij
Yj = Yi + yij ou Yj = Yi + dij cos Azij
O ERRO LINEAR é dado em cada eixo de coordenadas pela diferença entre as coordenadas FINAIS
de chegada XF, YF e coordenadas INICIAIS de partida XI, YI.
Ex = XF - XI Ey = YF - YI
Erro por cada metro em X Emx = Ex /Perímetro (erro unitário no eixo X)
Erro por cada metro em Y Emy = Ey/Perímetro (erro unitário no eixo Y)
Erro total ET= [ (Ex )2 + (Ey ) 2]1/2 (erro resultante dos dois eixos X e Y)

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Erro Relativo ER= 1: Perímetro / Et (percurso que resultará erro de 1 m)

A TOLERÂNCIA LINEAR é variável com a finalidade do trabalho. Para os propósitos da nossa


disciplina será tomado como referência geral para Levantamentos Rurais: ER = 1:10.000; e para
Levantamentos Urbanos: ER = 1:25.000. Para referências mais adequadas do assunto existem as
normas do CREA, NBR 13.133 e as Leis do Georeferenciamento de Imóveis Rurais (Lei 10.267).

2.3) COMPENSAÇÃO DO ERRO LINEAR - Se o erro de fechamento linear estiver dentro da


tolerância aceita, as coordenadas de cada ponto da poligonal medido devem ser compensadas com
uma correção proporcional ao percurso de medição, dada por:
Correção X no ponto n Cx(n) = -(PerímetroParcial(n).* Ex)/PerímetroTotal
Correção Y no ponto n Cy(n) = -(PerímetroParcial(n).* Ey)/PerímetroTotal
onde
PérimetroParcial(n) = Somatório dos lados desde a orígem até o ponto n
PerímetroTotal = Somatório total dos lados poligonais
Feita a compensação uma DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS QUAISQUER é calculada pela
regra de Pitágoras.
d ij =[(Xj - Xi)2 + (Yj - Yi)] 2]1/2
um AZIMUTE DE UM LADO é calculado pela relação (i é o ponto origem do azimute e j é o ponto
destino do azimute).
 = Arctan |[XJ - Xi]| ou  = Arctan |X|
|[YJ - Yi]| |Y|
O ângulo  é reduzido ao quadrante 0 a 90. Portanto, representa o rumo sem indicação do
quadrante. Para achar o azimute Aij (0 a 360) é necessário analizar o quadrante de  pela variação
das coordenadas (XJ - Xi) e (YJ - Yi).
Primeiro quadrante Aij = A X +, Y +
Segundo quadrante Aij = 180 - A X +, Y -
Terceiro quadrante Aij = 180 + A X -, Y -
Quarto quadrante Aij = 360 - A X -, Y +
As coordenadas dos pontos de irradiação (partindo dos pontos poligonais) somente devem ser
calculadas após a completa compensação angular e linear da poligonal. Ou seja a partir dos
azimutes e das coordenadas compensadas dos pontos de estações da poligonal.
2.4) DESENHO DA POLIGONAL COMPENSADA requer os passos: Definir escala de acordo
com os princípios já estudados; Reservar espaço suficiente no papel para desenho dos detalhes
extrapoligonais como pontos de irradiação e triangulação, título, legendas, e outros; Quadricular o
papel ou usar papel milimetrado, marcar os pontos poligonais e concluir o restante do desenho final.
Os programas de computador para topografia, CAD/CAC/SIG facilitam e substituem todas estas
tarefas.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Dada a caderneta de campo de poligonal abaixo, faça nicialmente um croquis aproximado da
situação real para facilitar a visão geral do trabalho. Calcular o erro de fechamento angular; Fazer a
compensação angular; Calcular os azimutes e rumos dos lados poligonais; Calcular as coordenadas
planas-retangulares; Calcular os erros de fechamento linear Ex, Ey, Et, Er; Verificar se está na
tolerância de 1:1000; Fazer a compensação linear do erro; Calcular as coordenadas dos dois furos de
sondagem; Calcular a distância e o azimute do furo de sondagem 1 para o furo de sondagem 2

Vértice Ponto visado Ângulo Ângulo Leitura da mira Distância Azimute


Horiz Zenital fs fm fi Plana Verdadeiro
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P1 P5 00 00’ 88 30’ 1800 1400 1000 79,95 10 30’
Ai=1.44 P2 130 13’ 92 18’ 1900 1450 1000 89,86 140 42’
Furo Sonda1 170 54’ 95 40’ 1120 1060 1000 11,88 181 24’
P2 P1 00 00’ 87 42’ 1900 1450 1000 89,86 320 42’
Ai=1.42 P3 80 25’ 91 48’ 2000 1500 1000 99,90 41 06’
P3 P2 00 00’ 88 12’ 2000 1500 1000 99,90 221 06’
Ai=1.49 P4 50 43’ 93 54’ 1700 1350 1000 69,68 271 48’
P4 P3 00 00’ 86 06’ 1700 1350 1000 69,68 91 48’
Ai=1.40 P5 239 49’ 89 30’ 1804 1402 1000 80,39 331 36’
Furo Sonda2 200 06’ 86 34’ 1100 1050 1000 9,96 291 54’
P5 P4 00 00’ 90 30’ 1804 1402 1000 80,39 151 36’
Ai=1.39 P1 38 55’ 91 30’ 1800 1400 1000 79,95 190 30’

Confira as respostas na tabela a seguir


Pto Azimute Dist Plana Coord X Corr X Coord Y Corr Y X Y
Ajustada Ajustada

P1 500,00 1000,00
P1–P2 140 42’ 89,86 m 556,92 -0,04 930,46 -0,05 556,88 930,41
P2– P3 41 06’ 99,90 m 622,59 -0,08 1005,74 -0,10 622,51 1005,64
P3–P4 271 48’ 69,68 m 552,94 -0,11 1007,93 -0,14 552,83 1007,79
P4–P5 331 36’ 80,39 m 514,70 -0,14 1078,64 -0,19 514,56 1078,45
P5–P1 190 30’ 79,75 m 500,17 -0,17 1000,23 -0,23 500,00 1000,00
=419,58m Ex=+0,17 Ey=+0,23
P1 181 24’ 11,88 m 499,71 988,12
Furo1
P4 291 54’ 9,96 m 543,59 1011,50
Furo2

Xj=Xi + dij.senAzij Yj=Yi + dij.cosAzij Ex=Xf – Xi =0,17 m Ey=Yf – Yi =0.23 m


Et=(Ex2 + Ey2) ½ =0,28 m Er=1: Pt/Et =1: (419,58/0,28) Er = 1:1499 Cxn=-(Ex/Pt).Pp
2 2 ½
Cyn = -(Ey/Pt).Pp Dij=[(Xj - Xi) + (Yj - Yi) ] Tg(AZij)=(Xj - Xi)/(Yj - Yi)

Na poligonal da Figura 23, se as distâncias planas fossem: 12=100m, 23=95m, 34=130m,


41=125m, qual seria o erro de fechamento linear (Erro X, Erro Y, Erro Total e Erro Relativo)? O
erro seria aceitável ou seria considerado um erro grosseiro, devendo ser refeito o trabalho?

No exemplo da Figura 24 (abaixo) uma poligonal fechada foi desenvolvida para achar o
comprimento e a direção do ponto de Ínicio até o ponto Final de uma feição topográfica linear.
Encontrar esses valores seguindo os passos aprendidos nesta seção.

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Figura 24 – Exemplo de uma poligonal fechada para achar o comprimento e a direção de uma feição
em linha reta desde o ponto de Ínicio até o ponto Final. Resultados erro angular
poligonal ??; comprimento e azimute da feição linear: ??. ??.

A página seguinte apresenta um modelo de planilha para caderneta de anotações das medidas de
campo para ser usado em aulas práticas. .......................................................................................

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - DEPARTAMENTO DE CARTOGRAFIA


CADERNETA ESTADIMÉTRICA

VÉRTICE PONTO ANG ANG LEITURA DA MIRA DIST DIST ALTITUDE AO CROQUIS E
AI VISADO HORIZONTAL VERTICAL fi fm fs INCLINADA PLANA OBSERVAÇÕES

2 2
Dp = Di sen Z Dp = Di cos  Dp = 100(fs-fi).sen Z Dp = 100(fs-fi).cos  H1 = H2 + 50(fs-fi).sen 2Z + Ai - Ao H1 = H2 + 50(fs-fi).sen 2 + Ai - Ao

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Dada a caderneta estadimétrica abaixo referente ao levantamento planimétrico de uma propriedade, fazer a memória de CÁLCULOS e o DESENHO DA PLANTA
do levantamento, conforme diretrizes abaixo:
As coordenadas planas do vértice inicial P1 são Xp1=1000.00m, Yp1=5000.00m e Altp1=800.00m.
Na caderneta estadimétrica os pontos com as letras:
E  são do eixo de uma estrada com 4 metros de largura
C  são de uma casa de formato retangular
G  são de um galpão de formato retangular
P  são da poligonal principal fechada
DP  são os vértices das divisas da propriedade cercada com tela de arame
MR  margem interna de um córrego de 6 m de largura que é também divisa natural da propriedade
Obs. A RUA PRINCIPAl tem largura de 12 metros
1. Calcular o erro de fechamento angular da poligonal principal fechada.

2. Verificar se atinge a tolerância angular de 6’ n .


3. Fazer a compensação angular da poligonal fechada.
4. Calcular todas as distâncias reduzidas ao plano topográfico. Utilize a fórmula [ Dp = 100(fs - fi)sen2 Z ].
5. Calcular todas as altitudes. Utilize a fórmula [ H2 = H1 + 50 (fs - fi) sen (2Z) + Ai - fm ].
6. Converter o azimute magnético do alinhamento inicial da poligonal (P1 P7) para azimute verdadeiro utilizando a carta isogônica.
7. Calcular os azimutes verdadeiros dos demais alinhamentos.
8. Calcular as coordenadas plano-retangulares da poligonal principal. O vértice P1 tem coordenadas : Xp1=1000,00 m, Yp1=5000,00 m e Altp1=800,00 m
9. Calcular o erro de fechamento linear da poligonal.
10. Verificar se o erro linear da poligonal atinge a tolerância de 1:1000.
11. Fazer a compensação linear da poligonal.
12. Calcular as coordenadas de todas as Irradiações para os vértices das divisas da propriedade (DP).
13. Calcular e indicar na planta os comprimentos dos lados que são divisas da propriedade. Utilize a fórmula Dij = [(Xj - Xi)2 + (Yj - Yi) 2] ½.
14. Calcular e indicar na planta a área da propriedade. Utilize o método analítico (fórrmula de Gauss)
15. Fazer o desenho da poligonal na escala de 1:2000 pelo processo de coordenadas plano-retangulares. Use papel milimetrado ou programas de CAD
16. Fazer o desenho dos demais detalhes pelo processo de coordenadas polares. Use transferidor e escala ou programas de CAD
17. Utilizar papel formato A3 ou maior. Colocar título do trabalho, escala numérica, escala gráfica e legenda com os símbolos e convenções utilizados.
18. Cada grupo devera entregar o desenho da planta na escala 1:2000, acompanhada da memória dos cálculos.
Dp = 100(fs-fi).sen2 Z H2 = H1 + 50(fs-fi).sen 2Z + Ai – fm Xj = Xi + dij.senAzij Yj = Yi + dij.cosAzij Ex = Xf - Xi Ey = Yf – Yi
Et = (Ex2 + Ey2) ½ Er = 1: Pt/Et Cxn = -(Ex/Pt). Pp Cyn = -(Ey/Pt). Pp Dij = [(Xj - Xi)2 + (Yj - Yi) 2] ½ Tg(AZij) = |(Xj - Xi)/(Yj - Yi)|

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VÉRTICE PONTO ANG ANG LEITURA DA MIRA DIST DIST ALTITUDE AO CROQUIS E
AI VISADO HORIZONTAL VERTICAL fi fm fs INCLINADA PLANA OBSERVAÇÕES
P1 P7 00 00’ 89 40’ 1000 1626 2252 Az Mag=
Ai =1,50m P2 143 23’ 92 18’ 1000 1566 2132 Poligonal Vante
G4 01 37’ 89 30’ 1000 1498 1996 canto do galpão
G1 26 07’ 89 20’ 1000 1242 1484 canto do galpão
G2 44 57’ 89 25’ 1000 1382 1764 canto do galpão
E5 50 44’ 91 40’ 1000 1267 1534 eixo da estrada
E4 99 57’ 89 10’ 1000 1317 1634 eixo da estrada
DP1 230 10’ 88 12’ 1000 1157 1314 divisa da prop

P2 P1 00 00’ 87 42’ 1000 1566 2132 Poligonal Ré


Ai =1,55m P3 119 23’ 89 12’ 1000 1488 1976 Poligonal Vante
E3 29 31’ 91 40’ 1000 1164 1328 eixo da estrada
E2 153 58’ 92 00’ 1000 1043 1086 eixo da estrada
DP5 230 48’ 88 20’ 1000 1138 1276 divisa da prop
E1 245 20’ 88 50’ 1000 1120 1241 eixo da estrada

P3 P2 00 00’ 90 48’ 1000 1488 1976 Poligonal Ré


Ai =1,45m P4 145 01’ 93 10’ 1000 1560 2120 Poligonal Vante
C1 13 41’ 92 30’ 1000 1147 1295 Casa
C4 34 08’ 92 10’ 1000 1190 1380 Casa
C2 47 07’ 91 55’ 1000 1072 1145 Casa
C3 63 10’ 91 50’ 1000 1140 1280 Casa
E14 74 31’ 90 10’ 1000 1096 1193 eixo da estrada
E13 119 08’ 90 40’ 1000 1190 1381 eixo da estrada

P4 P3 00 00’ 86 50’ 1000 1560 2120 Poligonal Ré


Ai =1,58m P5 109 35’ 87 30’ 1000 1924 2848 Poligonal Vante
E12 32 24’ 87 40’ 1000 1258 1516 eixo da estrada
E11 75 19’ 88 20’ 1000 1279 1558 eixo da estrada
MR6 130 13’ 88 22’ 1000 1287 1575 margem do riacho

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VÉRTICE PONTO ANG ANG LEITURA DA MIRA DIST DIST ALTITUDE AO CROQUIS E
AI VISADO HORIZONTAL VERTICAL fi fm fs INCLINADA PLANA OBSERVAÇÕES
MR5 141 46’ 87 45’ 1000 1433 1867 margem do riacho
MR7 156 58’ 92 00’ 1000 1117 1235 margem do riacho
MR8 241 00’ 91 55’ 1000 1061 1123 margem do riacho
MR9 310 04’ 90 45’ 1000 1134 1268 margem do riacho
DP4 310 04’ 90 45’ 1000 1134 1268 divisa da prop

P5 P4 00 00’ 92 30’ 1000 1924 2848 Poligonal Ré


Ai =1,62m P6 56 26’ 86 20’ 1000 1437 1874 Poligonal Vante
DP3 179 49’ 90 48’ 1000 1160 1320 divisa da prop
MR1 179 49’ 90 48’ 1000 1160 1320 margem do riacho
MR2 224 42’ 92 30’ 1000 1096 1192 margem do riacho
MR3 322 05’ 92 10’ 1000 1299 1599 margem do riacho
MR4 333 20’ 91 55’ 1000 1402 1804 margem do riacho

P6 P5 00 00’ 93 40’ 1000 1437 1874 Poligonal Ré


Ai =1,60m P7 250 09’ 91 18’ 1000 1653 2306 Poligonal Vante
E9 65 39’ 87 45’ 1000 1174 1348 eixo da estrada
E10 78 48’ 92 00’ 1000 1294 1588 eixo da estrada
E8 122 01’ 91 55’ 1000 1081 1162 eixo da estrada
E7 184 23’ 90 45’ 1000 1192 1385 eixo da estrada
E6 206 16’ 89 57’ 1000 1351 1702 eixo da estrada

P7 P6 00 00’ 88 42’ 1000 1653 2306 Poligonal Ré


Ai =1,45m P1 76 17’ 90 20’ 1000 1626 2252 Poligonal Vante
G3 9 04’ 92 03’ 1000 1193 1386 canto do galpão
G4 70 00’ 93 40’ 1000 1129 1259 canto do galpão
DP2 226 42’ 91 18’ 1000 1080 1160 divisa da prop

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5 - LEVANTAMENTOS COM O SISTEMA GPS/GNSS


No levantamento topográfico utilizando o apoio do sistema GPS/GNSS, diferentemente do teodolito
ou estação total, já são fornecidas diretamente as coordenadas planas retangulares dos pontos de
interesse. De uma forma bem geral o GPS/GNSS funciona como descrito a seguir. O cálculo das
coordenadas tridimensionais X,Y,Z do satélite no instante da transmissão do sinal é feito a partir das
informações irradiadas pelo próprio satélite (mensagem de navegação), em um sistema inercial (SI),
fixado no espaço cuja origem é o centro da Terra (Geocentro) com eixo X passando no ponto vernal ()
(chamado sistema cartesiano geocêntrico). Todos os sinais de tempo transmitidos pelo Sistema
GPS/GNSS são baseados em um apurado sistema de tempo chamado GPST que é mantido pelos
relógios atômicos da Master Control Station. O GPST Constitui uma escala estável (sua marcha não
varia) e foi sincronizada com o UTC (Tempo Universal Coordenado) às 00:00:00 do dia 06/01/1980
(Domingo). Neste momento iniciou a semana GPS que vai até 1023, quando recomeça a contagem a
partir do zero novamente. O sistema cartesiano geocêntrico terrestre (ST) adotado para referência, tanto
das efemérides transmitidas quanto das efemérides precisas é o World Geodetic System 1984
(WGS84). Isto implica que os resultados do posicionamento GPS referem-se ao datum WGS84,
devendo ser transformados para outros sistemas, quando necessário. Para melhor entendimento e fácil
visualização dos conceitos descreve-se de forma simplificada, passo a passo, o princípio básico
envolvido na obtenção de uma posição instantânea com o sistema GPS (nos outros componentes do
GNSS é muito similar).

1. Os satélites descrevem órbitas bem definidas que obedecem às leis da mecânica celeste
estabelecidas por Kepler e estendidas por Newton, permitindo calcular suas posições
tridimensionais (x,y,z) em um instante (t) qualquer em relação a um sistema cartesiano de 3 eixos
(X,Y,Z) fixados no espaço (SI).
2. Entretanto, as órbitas dos satélites artificiais, estão sujeitas a perturbações que modificam os
elementos keplerianos da órbita normal (campo gravitacional terrestre, atração das marés, da Lua,
do Sol e dos planetas, arrasto da atmosfera, pressão da radiação solar e outros) dando origem a uma
órbita perturbada.
3. As estações do segmento de controle terrestre medem com grande precisão as órbitas dos satélites
GPS na passagem destes pelo campo de visada das antenas, calculando e modelando com precisão
as perturbações sofridas pela órbita normal.
4. Em função da órbita medida com precisão pelas estações de Monitoramento e Controle, a Estação
Master calcula uma projeção/previsão das órbitas para as próximas horas. Estas orbitas previstas
por cálculos (conhecidas como Efemérides Transmitidas) são transmitidas para os satélites pelas
Ground Antenas.
5. Os satélites (que receberam as informações das Ground Antenas) transmitem permanentemente
para a Terra e para o espaço os parâmetros relativos a sua própria órbita prognosticada (Efemérides
Transmitidas). Os satélites, também geram internamente e transmitem permanentemente os sinais
de navegação (códigos CA e P ou Y).
6. Os receptores GPS terrestres capturam os dados da órbita (que permitirão ao software do receptor
calcular a posição espacial do satélite no instante da transmissão) e capturam também os códigos
(CA, P, Y) que permitem deduzir com alta precisão o intervalo de tempo (t) entre sua emissão do
satélite e sua chegada ao receptor.
7. A distância satélite-receptor é calculada (Drs = t x Velocidade_da_Luz). A medição de três
distâncias (3 satélites) permite calcular a posição do ponto terrestre no sistema tridimensional
(X,Y,Z).
8. Apesar de todos os relógios GPS terem sido sincronizados na mesma escala de tempo (GPST). O
relógio atômico do satélite é bem mais preciso que o relógio de quartzo do receptor. Assim, as
distâncias apresentam erros grosseiros e por isso são chamadas pseudo-distâncias.
9. Portanto, há necessidade de observar mais 1 satélite (total de 4) para eliminar, por artifícios
matemáticos, o erro grosseiro devido às diferenças entre os dois relógios (satélite e receptor).

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10. As coordenadas tridimensionais (X,Y,Z) do receptor são calculadas no sistema SI, convertidas para
(X,Y,Z) no ST fixado na Terra e a partir deste convertidas para coordenadas geodésicas elipsoidais
(Lat, Lon, Alt) ou para coordenadas planas de um Sistema de Projeção Cartográfica (N,E,Alt)
como o UTM, no datum global geocêntrico WGS84.
11. Podem também ser convertidas para um sistema local (topocêntrico) como SAD69 ou Córrego
Alegre ou outros usados em mapas antigos.
5.1. Técnicas de observações

Os receptores GPS/GNSS podem ser classificados segundo as diferentes aplicações a que se destinam.
Como as aplicações estão estreitamente relacionadas ao tipo de sinal GPS utilizado, os receptores
diferenciam-se segundo as componentes do sinal rastreadas. No princípio identificavam-se duas
grandes classes: Os receptores destinados a aplicações de posicionamento em tempo real
(classicamente denominadas aplicações de navegação) caracterizados pela observação dos códigos CA
e P e os destinados a aplicações estáticas (levantamentos geodésicos/topográficos) que observam
principalmente as fases das portadoras L1 e L2. Esta clara distinção que havia entre aplicações de
navegação e aplicações estáticas durante os primeiros anos do GPS está desaparecendo rapidamente
com o desenvolvimento de novas técnicas e algoritmos sofisticados. As Modernas abordagens
combinam ambos os tipos de sinais de forma integrada e otimizada resultando em uma teoria de
posicionamento unificada para navegação e levantamentos topográficos e geodesicos. Tal como já
ocorre nas aplicações de levantamentos topográficos e geodesicos as aplicações de navegação seguem
uma forte tendência apontando para o cálculo da posição em relação a estações de posição já conhecida
Robustos algoritmos de processamento estão reduzindo tão significativamente o tempo necessário ao
rastreio, de forma que nem mesmo a distinção entre as técnicas estáticas e cinemáticas estão fazendo
sentido atualmente.
Devido ao constante desenvolvimento e aperfeiçoamento que vem ocorrendo com os receptores não é
conveniente descreve-los em detalhes. Porém, vale destacar os avanços desenvolvidos para a
correlação estreita do código CA, as várias soluções implementadas para superar o problema de
Antispoofing, a disponibilidade de receptores que processam fases completas das portadoras em L1 e
L2, pseudo distâncias com código CA e pseudo distâncias com código P e Y tudo integradamente,
desenvolvimento de receptores que observam simultaneamente sinais dos satélites GPS, dos satélites
GLONASS (Russo), GALILEU (Europeu) e BEIDOU (Chinês). A maioria dos receptores atualmente é
do tipo multicanal, ou seja cada canal rastreia um satélite independentemente.
Embora o posicionamento GPS/GNSS caminhe na direção de uma teoria unificada para aplicações de
navegação, geodésia, topografia e demais aplicações, vamos abordar as técnicas de observação
segundo os aspectos clássicos separadamente, para tornar o assunto mais claro.
OBSERVAÇÃO DOS CÓDIGOS (CA e P ou Y)
Esta técnica utilizada principalmente para aplicações de navegação em tempo real, baseia-se no
principio já resumidamente descrito anteriormente no tópico 5. Os satélites e os receptores são
programados para gerarem sinais de códigos no mesmo instante da escala de tempo GPST. Devido ao
longo espaço de separação (mais de 20000 km) o sinal emitido pelo satélite chegará com atraso ao
receptor. O receptor correlaciona o código recebido com a réplica do código gerado pelo seu oscilador
e determina o atraso (tr-ts). A posição dos satélites é calculada com base nos elementos keplerianos das
orbitas e suas variações transmitidos na mensagem de navegação e as distâncias do satélite ao receptor
são calculadas com base na equação
Drs = (tr-ts) x VelocidadeDaLuz + r.

A precisão da medida do tempo é um fator de fundamental importância, pois o sinal gerado no satélite
leva menos de um décimo de segundo para atingir o receptor, e um erro de apenas um centésimo de
segundos pode resultar em uma posição 3 mil quilômetros fora. O relógio atômico do satélite tem
excelente precisão, superior a um bilionésimo de segundo, mas o relógio de quartz do receptor tem
precisão menor, ocasionando o erro do relógio do receptor (r). A observação do quarto satélite
eliminará matematicamente esse erro. Uma vez que são conhecidas as posições dos satélites, quatro
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pseudodistâncias serão suficientes para calcular a posição do receptor corrigida do erro do relógio do
receptor (r). A geometria tridimensional calcula a distância entre o receptor e o satélite pela equação
Drs - r = [(Xs –Xr)2 + (Ys –Yr)2 + (Zs –Zr)2]1/2

Onde : Xs, Ys, Zs são as coordenadas do satélite no SI


Xr, Yr, Zr são as coordenadas do receptor no SI (3 incógnitas)
r é o erro do relógio do receptor (incógnita)
Na equação acima a distância Drs é observada, restando 4 incógnitas Xr, Yr, Zr e r. Se forem
observados 4 satélites formaremos 4 equações para solucionar as 4 incógnitas. Mais de 4 observações
permitem fazer ajustamento pelo método dos mínimos quadrados, melhorando a precisão. Abundância
de observações é sempre desejável no cálculo da posição, por isso a tendência dos receptores modernos
é terem 12 ou mais canais independentes, visto que no GPS é possível ter 12 satélites acima do
horizonte. Com o GNSS tem-se muito mais satélites acima do horizonte.
O conceito geométrico embutido na equação acima trata de círculos no espaço tridimensional.
Observando apenas um satélite a posição do receptor poderá estar em qualquer lugar da superfície de
uma esfera centrada no satélite cujo raio é a pseudo-distância (>20.000 km). Observando dois satélites
a posição do receptor se reduzirá á circunferência de interseção de duas esferas centradas nos dois
satélites. Observando três satélites a posição do receptor ficará restrita a apenas dois pontos da
circunferência de interseção anterior. Um dos pontos é eliminado pelo software, pois representa uma
posição absurda, muito fora da Terra. Entretanto, será necessário observar um quarto satélite para
eliminar o erro do relógio do receptor (r). Para melhor entendimento vamos considerar os tempos de
retardo fictícios de 5, 7 e 9 segundos dos sinais de 3 satélites para atingir um receptor com atraso de 1
segundo no relógio (destacamos que são valores absurdos para o GPS) e analisar o caso em apenas
duas dimensões Como em todas as distâncias está embutido o mesmo erro de tempo do relógio do
receptor, as três esferas terão raios corretos de 6, 8 e 10 segundos e será impossível o cruzamento em
um único ponto. O software do receptor aplicará as equações matemáticas e ajustará os valores até
obter o cruzamento descobrindo o erro do seu próprio relógio e corrigindo a medição de tempo.
OBSERVAÇÃO DAS FASES DAS ONDAS PORTADORAS
Os receptores que observam fases das ondas portadoras L1 ou L2 ou ambas, são capazes de contar a
quantidade de ondas recebidas a partir do instante de início da observação e medir a parte fracional da
onda. Porém, não conseguem medir o número inteiro inicial (N) de ondas completas (entre o satélite e
o receptor) no instante inicial da observação, conhecido no jargão GPS/GNSS como Ambigüidade. No
caso da fase da portadora a distância é medida contando-se o total de ciclos da onda portadora e
multiplicando pelo comprimento nominal da onda () através da fórmula
Drs = (N + rs). + r.

A fase da portadora pode ser medida com precisão de 0.01 do ciclo da onda por isso a medição da
distância tem precisão bem maior do que através do código. É como se fosse utilizada uma régua com
graduação de centímetros para determinar a distância. Há, porém, o problema adicional da
ambiguidade (N) que é o número inteiro de ciclos da onda imediatamente antes do início do rastreio,
cuja determinação requer tempo adicional de observação. Por isso os primeiros usos da fase da
portadora se deram em aplicações que demandam alta precisão, porém não requerem tempo real.
Abordamos as duas técnicas acima em separado para melhorar a compreensão didática e para enfocar
os diferentes princípios envolvidos, mas ressaltamos que as soluções combinadas de observações dos
códigos e das fases das portadoras são hoje muito comuns e representam a tendência atual e futura.
Essas soluções envolvem técnicas eletrônicas avançadas e algoritmos sofisticados. Existe atualmente
um grande leque de opções em termos de receptores disponíveis no mercado que atendem a várias
necessidades e a diferentes orçamentos. Há receptores que utilizam processamento de todos os recursos
e sinais possíveis e por isso é também comum os receptores serem classificados de acordo com vários
outros tópicos como abordaremos a seguir.
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5.2. Usuários e receptores GPS

Os receptores que rastreiam apenas o código C/A são tipicamente os receptores de mão utilizados para
navegação em geral, atividades de lazer e levantamentos aproximados, sem dúvida os mais difundidos
e mais baratos do mercado. Os receptores que utilizam código P são de uso militar exclusivo e não
estão disponíveis para usuários comuns. Os receptores que utilizam código C/A e portadora L1 ou as
duas portadoras L1 e L2 juntas, são utilizados em levantamentos topográficos que adotam métodos
relativos (estático, cinemático, estático rápido e RTK), bem como, na coleta de feições geográficas
com associação de atributos temáticos para alimentar Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
Estes possuem precisão típica de 1 a 2 ppm (para receptores L1 o afastamento máximo da base é de 20
km). Os receptores que empregam código C/A, código P e as duas portadoras L1 e L2 conjuntamente
são chamados geodésicos e possuem o melhor desempenho e precisão do mercado. Operam com toda a
capacidade sem interrupção, mesmo com antispoofing. Existem também receptores específicos para
aquisição de tempo. Outras classificações são possíveis, mas o mais importante é ter claro a aplicação e
a precisão desejada. Isso vai ajudar o usuário na identificação do receptor independente da
classificação adotada.
5.3. Modos de posicionamento

Há duas formas básicas de posicionamento GPS:


Posicionamento Isolado ou Absoluto – ocorre quando a posição é calculada com observações a partir
de uma só estação receptora independente. Neste caso as coordenadas são geocêntricas e não há
correções a partir de dados rastreados por outro receptor. A acurácia é baixa (2 a 20m) e estes
resultados não servem para trabalhos topográficos.
Posicionamento Relativo - quando a posição é calculada com observações tratadas a partir de duas ou
mais estações receptoras que observam os mesmos satélites ao mesmo tempo. No posicionamento
relativo uma estação é mantida fixa e sua posição é considerada conhecida, enquanto as outras
desconhecidas são calculadas em relação à primeira. O princípio básico é de que existe uma forte
correlação espacial entre os erros calculados nos pontos de referência e os erros dos pontos a
determinar, isto permite a redução substancial da maior parte dos erros que degradam as medidas GPS.
Esta técnica se reveste de grande importância pois minimiza e pode, em alguns casos, cancelar os
efeitos dos erros sistemáticos que incidem de forma similar em ambas as estações. O posicionamento
relativo elimina os efeitos da SA, minimiza erros dos relógios e das órbitas dos satélites, reduz os
efeitos da ionosfera e troposfera. Os erros das órbitas dos satélites, a refração troposférica e a refração
ionosférica podem ser considerados semelhantes para estações pouco afastadas podendo ser eliminadas
por combinações matemáticas. É bom lembrar que no posicionamento relativo as coordenadas obtidas
na estação móvel não são geocêntricas e sim relativas à estação base.
Quando são usados Códigos na técnica de posicionamento relativo adota-se o termo DGPS
(Differential GPS), sendo uma técnica largamente empregada para precisões em torno do metro. O
DGPS em Tempo Real consiste no cálculo seguido da imediata transmissão de correções diferenciais a
partir de uma estação GPS de referência, fixa e instalada em um ponto de posição conhecida. Como a
posição é conhecida o software calcula a distância do receptor a cada satélite e compara com a pseudo-
distância medida. As diferenças encontradas são usadas como correções e imediatamente transmitidas.
Estas correções recebidas pelo receptor móvel são utilizadas para refinar o cálculo da sua posição,
melhorando significativamente a precisão. A precisão final depende da distância base-receptor, da
qualidade das correções calculadas e transmitidas e da qualidade dos receptores envolvidos, podendo
variar de 1 até 8 metros.
Há também o DGPS Pos-Processado que se baseia nos mesmos princípios, não havendo, porém
transmissão de correções do fixo para o móvel, os dados são gravados em ambas as estações e o
processamento é feito posteriormente no escritório por programas adequados.
No caso de aplicações de posicionamento relativo usando Fases das Ondas Portadoras (Figura 25)
excelentes resultados têm sido obtidos através de várias técnicas desenvolvidas e que serão brevemente
abordadas no próximo tópico. A Figura 26 mostra equipamentos adequados para esse tipo de trabalho.

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Figura 25 – Ilustração do método de posicionamento relativo GNSS/GPS que garante precisão


topográfica e geodésica. Fonte: www.

Figura 26 – Ilustração de equipamentos disponíveis no mercado. Fonte: www.

POSICIONAMENTO RELATIVO OBSERVANDO FASES DAS PORTADORAS


Consiste nas observações simultâneas dos mesmos satélites a partir de duas ou mais estações, sendo
uma estação de referência, fixa e instalada em um ponto de posição conhecida e as demais em pontos a
determinar. As observações são geralmente tratadas posteriormente (pós-processamento), muito
embora atualmente estejam proliferando as soluções em tempo real. Este método só é possível quando
as observações são simultâneas (só são aproveitadas as observações comuns a ambos os receptores).
As coordenadas tridimensionais são relativas à estação de referência, e é muito comum se dizer vetor
GPS ou base GPS para se referir à linha que liga os pontos fixo ao móvel. O vetor GPS (de
coordenadas x, y, z) de modo geral, produz uma precisão excelente, porém qualquer erro de
posição nas coordenadas x,y,z da estação de referência será propagado para as estações móveis (de
coordenadas x+x, y+y, z+z), por isso é altamente desejável que o ponto fixo tenha coordenadas
geocêntricas precisas. Este método é de especial interesse da topografia pois fornece precisão
compatível com levantamentos topográficos regulares.
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As seguintes Técnicas de Posicionamento Relativo Baseadas em Medidas da Fase da Portadora foram


desenvolvidas e têm produzido excelentes resultados em termos de precisão e ganho de produtividade
nos trabalhos de levantamentos e coleta de dados GPS.

Posicionamento Estático dois ou mais receptores fixos durante toda a seção de observação (20 a 120
min) com precisão de 1 a 2 ppm. É a técnica mais segura e precisa, porém muito demorada, sendo ideal
para transporte de coordenadas para estações bases. Receptores L1 para bases curtas ou L1,L2 para
bases longas.
Pseudo-Estático ou Pseudo-cinemático menor tempo de ocupação (5 a 20 min), não é necessário o
rastreio contínuo, porém há necessidade de reocupação das estações móveis dentro de 60 a 120
minutos. Ideal onde se deseja alta produtividade porém há muitas obstruções entre as estações.
Receptores L1 ou L1,L2. Ideal para linhas de até 10 km.
Posicionamento Cinemático Contínuo um receptor fixo e outro móvel com taxa de observação de
apenas 1 seg. É necessário rastreio contínuo dos mesmos satélites, definir ambiguidades no início ou
durante o rastreio (20 a 30 min) e retornar à posição inicial.
Posicionamento Semi-Cinemático (Stop-And-Go) um receptor fixo e outro móvel, taxa de observação
de apenas alguns minutos. É necessário rastreio contínuo dos mesmos satélites, definir ambiguidade no
início do rastreio e o retorno à estação após 20 a 30 min, por isso exige cuidadoso planejamento. Para
receptores L1 as linhas devem ser em torno de 10 km.
Estático-Rápido eqüivale ao Pseudo-Estático sem necessidade de reocupação das estações móveis.
Utiliza as portadoras L1 e L2 e os códigos CA e P ,assim como, algoritmo adequado para solução de
ambiguidades. Ideal para linhas de até 10 km
On The Fly equivale ao Estático-Rapido com a estação itinerante se movendo continuamente. Utiliza
as portadoras L1 e L2 e os códigos CA e P. As ambiguidades são resolvidas em tempo real através de
algoritmos sofisticados.
Relaxação Orbital técnica utilizada para aplicações científicas baseada em efemérides precisas
Integração Orbital técnica utilizada para aplicações geodinâmicas baseada em efemérides precisas

Posicionamento Cinemático em Tempo Real (RTK) – em todos os métodos abordados anteriormente o


processamento é realizado no escritório por programas de pós-processamento. Aplicações que
envolvem locações de engenharia exigem posições precisas em tempo real, assim os dados da estação
de referência são transmitidos para a estação móvel através de um link de rádio e processados pelo
software do receptor móvel. É um método semelhante ao DGPS (que usa pseudo-distâncias de
códigos) porém, neste caso utilizando fase. A técnica RTK requer receptores e algoritmos do estado da
arte. Devido a limitações do link de rádio suas aplicações são limitadas a curtas distâncias (5 km).
Convém destacar que apesar da grande difusão do GPS na comunidade mundial, não existe ainda uma
terminologia totalmente padronizada. Assim, alguns dos termos aqui utilizados podem diferir de outras
fontes da literatura pertinente ao assunto.
5.4. Redes de monitoramento GPS

A partir de 1991 vários Estados brasileiros e algumas concessionárias de serviços públicos começaram
a implantar redes passivas de estações GPS formando o que se chama de Rede Nacional GPS.
REDE BRASILEIRA DE MONITORAMENTO CONTÍNUO (RBMC) - Atualmente o IBGE que é o
órgão gestor do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) está disponibilizando a Rede Brasileira de
Monitoramento Contínuo (RBMC) que é uma rede ativa formada por várias estações GPS/GNSS
espalhadas pelo Brasil que propiciará uma estrutura geodésica de controle altamente precisa e permitirá
aos usuários ligar seus levantamentos ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), utilizando apenas um
receptor. Conforme discutido nos tópicos anteriores, nas aplicações relativas o usuário necessita de
dois receptores, um ocupando um ponto a determinar e outro ocupando um marco geodésico do SGB.
As estações da RBMC que estão instaladas em pontos geodésicos de altíssima precisão, fazem parte do
SIRGAS (Figura 27), farão o papel do marco geodésico do SGB, e isso dispensará o usuário da onerosa
tarefa de ocupação de pontos geodésicos da malha convencional do SGB. Bastará ao usuário dispor de

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apenas um receptor GPS para coletar seus dados e solicitar os dados coletados pelo IBGE na estação
RBMC mais próxima para fazer o pós-processamento diferencial e obter suas posições precisas
amarradas ao Sistema Geodésico Nacional. Atualmente os dados são disponibilizados gratuitamente ,
em formato RINEX, com intervalo de observação de 15 segundos na internet, site:
http://www.ibge.gov.br. Para maiores esclarecimentos incluímos a seguir cópia de um boletim do
IBGE contendo informações adicionais sobre a RBMC.
REDE INCRA DE BASES COMUNITÁRIAS (RIBAC) - Para os usuários interessados em trabalhos
locais de menor precisão existe a Rede INCRA de Bases Comunitárias (RIBAC) que é uma rede ativa
mantida pelo INCRA e fornece dados coletados em uma só freqüência (L1) via internet através do site:
http://www.incra.gov.br.
REDES PRIVADAS - Existem, ainda disponíveis, diversas redes privadas de bases ativas GPS das
quais o leitor poderá obter maiores informações nos sites a seguir: http://www.santiagoecintra.com.br ;
http://www.sightgps.com.br http://www.trimbase.com.br ; http://www.manfra.com.br

Figura 27 – RBMC, rede ativa do IBGE, operando 24 horas, com estações GPS/GNSS espalhadas no
Brasil. Propicia uma estrutura geodésica altamente precisa, permitindo aos usuários
referenciar seus trabalhos de levantamentos ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), com
um único receptor.

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5.5. Fatores que afetam a precisão da posição GPS

Há muitas fontes de erros que podem interferir e degradar a precisão da posição determinada através do
Sistema GPS. A seguir abordaremos as mais importantes.
Disposição Geométrica da constelação – a disposição espacial dos satélites no instante das
observações tem muita influência na qualidade das posições e na propagação dos erros. Denominam-se
DOP ( Dilution of Precision) os fatores que descrevem o efeito da geometria da constelação. HDOP
descreve o efeito da disposição espacial dos satélites nas coordenadas planimétricas, VDOP descreve o
efeito da disposição espacial dos satélites na altitude, PDOP descreve o efeito da disposição espacial
dos satélites na posição tridimensional, TDOP descreve o efeito da disposição espacial dos satélites no
tempo, GDOP descreve o efeito da disposição espacial dos satélites na posição e no tempo. Quanto
maior o valor numérico do DOP pior a qualidade da observação. Esses fatores são função dos
elementos da diagonal da matriz variância-covariância dos parâmetros ajustados e podem ser
calculados previamente a partir da posição aproximada da localidade e das orbitas predeterminadas dos
satélites. O GDOP é inversamente proporcional ao volume do tetraedo formado pelos 4 satélites
observados.
Técnica utilizada e sinal observado na medição (Código x Fase; Estática x Cinemática) – de um modo
geral, a fase dá melhor precisão que o código e as aplicações estáticas dão melhores resultados que as
cinemáticas.
Modelagem ou eliminação dos efeitos atmosféricos – os sinais GPS sofrem retardos ao atravessar a
ionosfera e troposfera, com o afastamento da estação base os efeitos da ionosfera na estação móvel
tornam se muito diferentes da base, não podendo ser eliminados por combinação linear, afetando a
precisão relativa. Como o retardo sofrido pelo sinal é inversamente proporcional ao quadrado da
freqüência de transmissão, utilizando receptores de dupla freqüência (L1 e L2) é possível calcular com
precisão e eliminar ou reduzir a um mínimo o retardo da ionosfera sobre os sinais GPS. Porisso
receptores de dupla freqüência são necessários para bases longas e receptores de uma freqüência só
servem para bases curtas .
Precisão das efemérides – (Precisas x Transmitidas) – efemérides precisas são os elementos
keplerianos das órbitas dos satélites medidos com precisão através de redes de monitoramento. Estas
efemérides permitem calcular as coordenadas dos satélites com grande precisão e consequentemente
fornecem posições terrestres altamente precisas. Por outro lado as efemerides transmitidas são
resultantes de uma previsão e não permitem calcular as coordenadas dos satélites com a mesma
precisão das precisas.
Efeitos de multicaminhamento da onda – as ondas que não atingem diretamente o receptor, podem
atingir objetos próximos e sofrendo reflexão atingi-lo indiretamente, causando erros, principalmente
próximo a superfícies refletoras. Ocorrem sem nenhum aviso prévio, podem ser minimizados no
campo pela qualidade da antena e podem ser reconhecidos e corrigidos pelos softwares mais
sofisticados.
Ruído do receptor – todo receptor tem um ruído eletrônico que pode atrapalhar o sinal. Receptores de
qualidade possuem ruído menor.
Ângulo de elevação do satélite – de modo geral, quanto mais elevado o ângulo melhor o resultado.
Quando o ângulo acima do horizonte é muito baixo o cálculo da posição não produz bons resultados,
para resultados aceitáveis o ângulo deve estar acima de 15 graus.
Rotação da Terra – ao deixarem os satélites, os sinais levam alguns centésimos de segundos para
atingir o receptor, enquanto isto, dependendo da latitude do receptor, a Terra já se movimentou mais de
20 m. Alem disso, o movimento de rotação da Terra não é rigorosamente regular, sofrendo variações
de longo e curto período que devem ser considerados com muita precisão.
A tabelas abaixo descrevem de forma resumida as técnicas, aplicações, sinais observados, erros
eprecisões associadas ao uso do sistema GPS.
5.6. Sistema de Coordenadas planas da projeção UTM

O sistema de coordenadas esféricas (latitude e longitude), apesar de ser muito útil para localização
inequívoca de pontos na superfície elipsóidica da Terra, se mostrou pouco prático para trabalhar com a
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manipulação dos elementos e feições projetadas no plano dos mapas, cartas e plantas, portanto foram
criados os sistemas de coordenadas planas cartesianas associados às projeções cartográficas (são
diferentes dos sistemas de coordenadas planas cartesianas topográficas locais). Os sistemas de
coordenadas cartográficas planas cartesianas têm a origem dos seus eixos coordenados fixadas em
paralelos e meridianos terrestres específicos e as coordenadas do sistema são medidas em metros, e não
em graus como nas latitudes e longitudes. A coordenada X é denominada Este (E) e a coordenada Y
denominada Norte (N). As coordenadas planas estão associadas ao sistema de projeção específico do
mapa, cada coordenada plana corresponde a uma coordenada geográfica que foi transformada pelas
equações do sistema de projeção usado no mapa.

PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA - Os mapas, cartas e plantas impressos ou na forma digital são


representações planas da Terra. A representação em projeção plana é a mais conveniente tendo em
vista as dificuldades de construir, manipular e arquivar modelos em escala como os globos terrestres
ou as maquetes. As projeções cartográficas são necessárias no mapeamento da Terra devido à
impossibilidade de transformar uma superfície esferoidal (caso da Terra) em um plano (caso do mapa)
sem provocar rupturas, estiramentos, dobras e outras deformações imprevisíveis e indesejáveis.
A projeção cartográfica consiste em uma transformação matemática executada sobre os pontos
constituintes dos elementos da superfície curva da Terra, de forma a representá-los sobre uma
superfície plana de um mapa provocando um mínimo de deformações e tendo essas deformações sob
completo controle. Conforme já visto, o modelo matemático teórico da Terra, é um elipsóide de
revolução, os elementos a serem mapeados são representados pelas coordenadas geodésicas esféricas
(latitude e longitude) na superfície do modelo. As superfícies para projeção do modelo elipsóidico
podem ser planos, cilindros ou cones, que podem, por sua vez, ser secantes ou tangentes à superfície
elipsóidica, dependendo das propriedades que se deseja conservar ou realçar na transformação dos
elementos da Terra para o sistema cartográfico.
A forma projetada (plana) de representação reúne uma série de vantagens práticas sobre a forma
elipsóidica original. Entretanto, qualquer projeção de uma superfície curva sobre um plano provoca
sempre algumas alterações nos comprimentos, nas formas ou nas áreas dos elementos originais. Um
sistema que conserve algum destes atributos (por exemplo, distâncias), forçosamente deformará os
demais (áreas e formas) e vice-versa. Deste modo, não existe um sistema de projeção ideal que não
introduza qualquer tipo de deformações. Qualquer que seja o sistema escolhido, constituirá apenas a
melhor forma de representação da superfície terrestre para um determinado objetivo. Entretanto, é bom
lembrar, que as deformações são produzidas por transformações matemáticas e portanto são
previsíveis, controláveis, calculáveis e corrigíveis em qualquer situação. Com as facilidades
computacionais atuais é muito simples recuperar os valores corretos dos elementos cartográficos
deformados pela projeção. A Figura 28 ilustra o conceito de projeção das feições da Terra
esférica/elipsóidica para construir mapas planificados.

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Figura 28 – Ilustração do conceito de projeção de feições, objetos e porções da superfície da Terra


(formato esférico elipsóidico) que permite a construção dos mapas de formato plano.

A transformação dos pontos terrestres para o plano de projeção requer o estabelecimento de sistemas
de coordenadas para garantir uma correspondência em ambas as superfícies. As coordenadas dos
elementos da superfície no modelo elipsóidico são expressas em latitude e longitude geodésicas. As
coordenadas na superfície plana de projeção são expressas em um sistema cartesiano retangular com o
eixo X positivo apontando para Este e eixo Y positivo apontando para Norte. A relação entre as
coordenadas elipsóidicas e as coordenadas no plano são dadas pela lei matemática da projeção que é
característica de cada sistema particular de projeção (Figura 29).

Figura 29. – Ilustração da Terra com suas feições mapeadas em 4 diferentes projeções. Observe que os
mesmos objetos ta Terra se mostram muito diferentes conforme a projeção utilzada na
representação.

A PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTM


A projeção cartográfica adotada no Mapeamento Sistemático Brasileiro é o Sistema Universal
Transverso de Mercator (UTM). É uma projeção bastante difundida e utilizada em diversas aplicações.
A projeção UTM é um caso particular da Projeção Transversa de Mercator (TM) onde várias
características foram padronizadas por recomendação da União de Geodesia e Geofísica Internacional
(UGGI) para uso no mundo inteiro em mapeamento sistemático com as características abaixo:

1) É uma projeção cilíndrica conforme, isto é, mantém a verdadeira grandeza dos ângulos e as formas
das pequenas áreas. A superfície de projeção é um cilindro com eixo perpendicular ao eixo polar
terrestre.

2) O cilindro de projeção é secante ao elipsóide de revolução ao longo de dois meridianos, nos quais
não ocorrem deformações de escala da projeção (K=1). As regiões entre os meridianos de secância
sofrem reduções de escala (K<1), enquanto as regiões fora dos meridianos de secância apresentam
escalas ampliadas (K>1). Desta forma permite-se que as distorções de escala sejam distribuídas ao
longo do fuso de 6 de amplitude.

3) O elipsóide terrestre é dividido em 60 fusos parciais, cada um com 6 de amplitude e numerados de


1 a 60. A numeração começa no antimeridiano de Greenwich e cresce para Leste. O número do
fuso pode ser facilmente encontrado pela relação F= (183- Long)/6. Assim, o fuso 1 vai de 180W
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a 174W, o fuso 2 de 174W a 168W e o fuso que passa em Belo Horizonte (long = 44) é o de
número 23. O coeficiente de redução máxima de escala ocorre ao longo do meridiano central do
fuso (MC) e tem o valor constante K0 = 0.9996 (1 m para cada 2500 m). Os meridianos centrais são
múltiplos de 6 acrescidos de 3 e todos podem ser facilmente encontrados pela relação MC = 6 x
N + 3, (onde N é um inteiro de 0 a  29). Se for dado o Número do Fuso então MC = 183–6x
NroFuso

4) O Equador é representado em mapa por uma linha reta horizontal, o Meridiano Central
representado por uma linha reta vertical, os paralelos são curvas de concavidades voltadas para os
pólos e os meridianos são curvas de concavidades voltadas para o MC.

5) As coordenadas planas UTM são designadas inequivocamente pelas letras E e N, acrescidas do Nro
do Fuso e do Hemisfério (S ou N). A origem do sistema cartesiano de coordenadas é formada pelo
meridiano central do fuso (MC, eixo Y) cujo valor é E=500.000,00 metros, e pelo Equador (eixo
X) que tem valor N=0,00 metros, para coordenadas no hemisfério norte e N=10.000.000,00 metros,
para coordenadas no hemisfério sul. As constantes E=500.000 m para o MC e N=10.000.000 m
para o Equador são chamadas, respectivamente, de Falso Este e Falso Norte e têm objetivo de
evitar coordenadas negativas

6) O coeficiente de deformação de escala (K) em um ponto qualquer do fuso UTM varia com o
afastamento do meridiano central e é dado de forma aproximada por K=K0(1+(E-500.000)2/2R2),
onde E é a coordenada UTM do ponto e R o raio médio da curvatura da Terra no ponto
considerado.

7) A Convergência dos Meridianos () é dada aproximadamente por  = (-MC)Sen. onde  é a


latitude do ponto. A convergência meridiana é usada para transformar azimute plano em azimute
verdadeiro ou geográfico. As Figuras 30 e 31 ilustram aspectos dos vários pontos abordados.

Figura 30 – Visão geral de vários aspectos abordados do Sistema UTM. Paralelos e meridianos
encurvados, exceto o meridiano central e o Equador, cilindro secante girando de 6 em 6

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graus para produzir os 60 fusos, numerados onde Greenwich separa o fuso 30 do 31, fuso
padrão com as regiões de ampliações e de reduções.

Figura 31 – Visão geral de um fuso UTM completo do polo Norte ao polo Sul. Nos polos usa se o
sistema UPS (universal polar estereografiaca) que complementa o UTM.

8) o sistema costuma ser também dividido em faixas de 8de latitudes designadas pelas letras do
alfabeto (exceto I e O) A contagem começa em 80 Sul com a letra C e cresce para Norte até a letra
X. Assim coordenadas na faixa de 16 Sul a 24 Sul dentro da zona de MC=45 são precedidas por
23K (por exemplo. UTM 23K 608600; 7802650 são as coordenadas no datum SAD 69 do PCA-
UFMG)

9) A projeção UTM quando comparada a outras projeções apresenta deformações muito pequenas em
todos os aspectos.

A Figura 32 (esquerda) ilustra o sistema de coordenadas planas padronizado de um Fuso UTM o qual é
o mesmo em todos os 60 fusos. Na Figura 32, direita é ilustrado o conjunto dos oito Fusos usados no
mapeamento do território brasileiro.

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Figura 32 – Ilustração do sistema de coordenadas planas de um Fuso UTM (lado esquerdo). Este
sistema é igual para todos os 60 fusos. A diferenciação é feita pelo acréscimo do número
do fuso (lado direito, mostrando a numeração de Fusos que passam no Brasil.

Em algumas aplicações de topografia é necessário converter coordenadas UTM em coordenadas


topográficas planas cartesianas locais
Exerccicios:

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6 - CÁLCULO DE ÁREAS
O cálculo de áreas é aplicado na topografia para diversos propósitos como o cadastro e medição de
propriedades, serviços de terraplenagem, projetos de barragens, etc. As áreas podem ser avaliadas por
métodos analíticos os quais são os mais precisos e mais recomendáveis, baseados em formulações
matemáticas que usam as coordenadas e as medidas de campo. Há também os métodos gráficos,
baseados nas plantas e nos desenhos e os métodos mecânicos que usam um instrumento chamado
planímetro para medição de áreas em plantas. Atualmente usam-se mais intensamente os programas de
computadores, baseados nos métodos analíticos, que facilitam sobremodo a terefa do cálculo de áreas.

As fórmulas para cálculo das áreas das figuras geométricas principais comuns mais conhecidas são:
TRIÂNGULO: A = (base * altura)/2 ou A = [P(P-a) * (P-b) * (P-c)] 1/2 onde P = (a + b + c)/2;
PARALELOGRAMO: A = base * altura; TRAPÉZIO: A = 1/2 * (base1 + base2) * altura;
CÍRCULO: A = R2; QUADRADO: A = Lado2

Exercício:
Ache a area do triângulo da Figura 21.

O cálculo de áreas pelo processo gráfico apresenta pouca precisão, devido a erros gráficos provenientes
do desenho e da interpretação da planta, erros de generalização de feições, de conversão de escala, de
leitura e simplificação de trechos sinuosos, etc. Como a área envolve duas dimensões a escala da planta
é considerada ao quadrado nas conversões.
E2 = a/A ou seja Area_terreno = área_grafica * (Denominador_da_Escala)2 deve
ser observada a conversão das unidades gráficas (cm ou mm ) para unidades do terreno (m ou km2).
2 2 2

Exercício:
Calcule a área da poligonal da Figura 23 pelo método gráfico, supondo que a escala do desenho é
1:2000.

A área de um polígono complexo pode ser calculada com auxílio da divisão em figuras geométricas
simples, como triângulos, retângulos, quadrados e trapézios.

Exercício:
Ache a área da planta da Figura 45 entre o Rio Carandai e o divisor de águas (linha pontilhada)
decompondo em figuras geométricas simples.

O calculo de áreas Pelos processos analíticos são os mais precisos, pois são feitos por meio de cálculos
com base nas coordenadas plano-retangulares ou nos lados medidos no campo. Não usam plantas,
desenhos ou gráficos.
A área de um terreno de formato de polígonal complexo pode ser avaliada anliticamente pela
decomposição em vários triângulos e achando a somatória. A área de cada triangulo é dada pela
fórmula: AT = [P(P-a).(P-b).(P-c)]1/2 onde P = (a + b + c)/2

Exercício:
Calcule a área do terreno da Figura 16, dados os lados e a diagonal.
Calcule a área da Figura 17.

No resultado do levantamento topográfico, geralmente, as coordenadas estão disponíveis, portanto o


método analítico mais usado é o do cálculo da área por coordenadas planas (aplicando a fórmula
conhecida como FORMULA DE GAUSS)

A=1/2.[X1(Y2-Yn) + X2(Y3-Y1) + ... + Xn-1(Yn-Yn-2) + Xn(Y1-Yn-1]


ou
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A=1/2.[Y1(X2-Xn) + Y2(X3-X1) + ... + Yn-1(Xn-Xn-2) + Yn(X1-Xn-1]


ou ordenando as coordenadas sequencialmente e multiplicando-as em diagonal cruzada em termos
aditivos (YX) e subtrativos (XY). Repetir a primeira coordenada no final da lista para haver o mesmo
numero de multiplicações aditivas e subtrativas igual ao número de vertices da poligonal.
Y1 Y2 Y3 ...... Yn Y1
   .…..  multiplicação cruzada: (somar p/ baixo) (subtrair p/ cima)
X1 X2 X3 ...... Xn X1

A=1/2.[Y1X2 + Y2X3 + Y3X4 +...+ YnX1 - (X1Y2 + X2Y3 + X3Y4 +...+ XnY1)]
Dependendo da sequência dos pontos (horário / antihorário) o resultado pode ser negativo e o sinal é
desconsiderado.
Exercício: Calcule a área do terreno de 5 lados, dadas abaixo as coordenadas de seus vértices
P1 P2 P3 P4 P5 P1
X(m) 600300 600400 600600 601000 601200 300
Y(m) 7800300 7800800 7801200 7801000 7800400 300
Resposta: 520.000m2 ou 52 Ha

Calcule a área da poligonal fechada e compensada do exercício resolvido da página 34 e 35.

Para o calculo de ÁREAS de terrenos LIMITADOS POR CONTORNOS CURVOS irregulares a


forma mais prática é a simplificação do perímetro por Decomposição em Trapézios
A = 1/2. [d1.(h1 + h2) + d2.( h2 + h3) + ... ]

Trapézios de mesma altura (distância igual entre bases) simplifica, aplicando-se o Método de Bezout
A = d.[(h1 + hn)/2 + h2 + h3 + ... + hn-1]

Exercícios:
Achar a área da planta da Figura 42 abaixo da curva de nível 112m. Escala 1:1000, utilizando os
métodos acima.
Achar a área da planta da Figura 43 acima da curva de nível 150m. Escala 1:5000, utilizando os
métodos acima.

O cálculo de áreas pelo PROCESSO MECÂNICO (PLANÍMETRO) consiste no emprego de


integradores mecânicos chamados planímetros. Planímetros são instrumentos que servem para medir
uma área plana, limitada por uma curva fechada. O polo fica fixo na mesa e a extremidade do braço
percorre o contorno da área. A aplicação do planímetro independe da forma do terreno, que pode ter
um contorno bastante irregular. O planímetro não oferece grande precisão pois incorpora os erros
mecânicos aos erros gráficos da planta ( 1:1000). Para um bom resultado deve-se medir o contorno da
área com o o planímetro várias vezes e achar a média. É recomendável fazer a calibração medindo uma
área já conhecida ou determinar um fator de calibração para ser aplicado nas medidas posteriores.
Antes de tudo é necessário Zerar o planímetro ou anotar a leitura inicial para subtrair da leitura final. O
contorno da área a ser medida deve ser percorrido no sentido horário até o fechamento no ponto de
início. Fazer a leitura do planímetro com 4 algarismos. Multiplicar a leitura por 10 para obter a área do
desenho em mm2. Multiplicar o resultado pelo quadrado do denominador da escala (E2 = a/A) e
converter para m2, hectares ou km2 para achar a área real no terreno. Atualmente é pouco utilizado,
sendo preferível digitalizar a planta ou documento gráfico e aplicar um programa de computador
baseado no método analítico o qual facilita sobremodo a terefa.

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7 – ALTIMETRIA E LEVANTAMENTOS PLANIALTIMETRICOS


Altimetria é a parte da topografia que trata da determinação de altitudes, cotas, medidas de distâncias
verticais e diferenças de níveis entre pontos topográficos. O entendimento de alguns conceitos iniciais,
apresentados a seguir, é muito importante para melhor assimilação do assunto.
SUPERFÍCIE DE NÍVEL: é qualquer superficíe que apresenta o mesmo valor, constante, do potencial
gravimétrico na Terra. Tem forma curva e deve-se notar que existem infinitas Superfícies de Nível na
Terra.
SUPERFICÍE DE NÍVEL ZERO: é a superfície de nível coincidente com a superfície das águas
tranqüilas dos mares (Nível Médio dos Mares - NMM) prolongada pelos continentes (conhecida como
geóide)
SUPERFÍCIE DE NÍVEL APARENTE: é o plano horizontal local tangente à superfície de nível
verdadeira no ponto topográfico considerado.
ERRO DE NÍVEL APARENTE: é o erro que surge, na prática, pelo fato do aparelho topográfico
considerar, nas medições, a superfície de nível aparente (plana) ao invés da superfície de nível
verdadeira (curva). Trata-se de um erro praticamente desprezível para pequenas distâncias, inferiores a
150 m, observadas a partir do aparelho nivelador. Esse erro aparente cresce proporcionamente com o
quadrado da distância do aparelho (errom = 0.0675d2km). O erro tende sempre a diminuir a altitude
calculada, portanto a correção deve ser somada à altitude obtida pelo aparelho nivelador. Em 150 m o
erro aproximado, em metros, é de 0.0675(0.15)2km = 0.0015 m, ou seja, da ordem de milimetro. Na
maioria dos trabalhos de nivelamento geométrico (direto, feito com o nível de luneta) as distâncias são
curtas (< 150 m) o que dispensa esse tipo de correção. Já no caso do nivelamento trigonométrico, feito
com teodolito/estação, as distâncias podem ser bem maiores e a correção é necessária.
ALTITUDE: é a distância vertical desde um ponto de interesse na superfície topográfica (nível do solo)
até a superfície de nível zero (Nível Médio dos Mares - NMM ou geoide)
COTA: é distância vertical desde um ponto de interesse na superfície topográfica até uma superfície de
nível qualquer usada como referência arbitrária.
REFERÊNCIA DE NIVEL (RN): é um ponto de altitude ou cota conhecida em relação ao geóide que
serve como ponto de partida para um trabalho de nivelamento. Geralmente a RN é materializada por
meio de um marco, chapa ou sinal com sua identificação.
NIVELAMENTO: é operação de medição de distâncias verticais, de forma direta ou indireta, para
determinar diferenças de nível entre pontos ou altitudes. Pode ser classificado basicamente em três
tipos a saber: Geométrico, Trigonométrico, e por métodos GPS/GNSS.
7.1. Nivelamento geométrico ou direto

É feito com um instrumento nivelador chamado nível de luneta, Figura 33, o qual é instalado no tripé,
fazendo as visadas sempre horizontalizadas através de leituras nas miras falantes (réguas graduadas)
determinando o desnível (distância vertical) de forma direta entre pontos topográficos (ver Figura 34).
Como a medida é direta, sem inclinação da luneta, este método apresenta a melhor precisão dentre
todos, sendo muito usado em eixos de obras lineares como estradas, canais, dutos, etc. Os pontos a
serem nivelados já devem ter sua situação planimétrica determinada previamente, geralmente através
de malhas/grades retangulares ou seções estaqueadas com marcações amarradas no sistema da obra.

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Figura 33 – Nível de luneta, o qual obtem as leituras nas miras graduadas fazendo as visadas sempre
horizontalizadas (sem inclinação da luneta) permitindo achar o desnível de forma direta.

LEITURA RE: é a leitura feita pelo instrumento nivelador no ponto de REFERÊNCIA (RE) o qual já
tem cota ou altitude conhecida. Em cada lance de nivelamento só tem uma leitura RE.
LEITURA VANTE: é a leitura feita pelo instrumento nivelador em um ponto de cota ou altitude a ser
determinada. Em cada lance de nivelamento pode ter uma ou várias leituraa VANTE.
O cálculo do nivelamento geométrico é simples e direto. Primeiro acha-se a Cota/Altitude do
Instrumento Nivelador = Cota/Altitude do ponto RÉ + Leitura RÉ, ou seja HI = HR + RÉ. Em seguida
acha-se a Cota/Altitude do ponto VANTE = Cota/Altitude do Instrumento - Leitura VANTE (HV=HI-
VANTE)
Dica: as Leituras de RE são sempre somadas e as Leituras de VANTE são sempre subtraídas.
NIVELAMENTO SIMPLES: é uma operação de nivelamento onde o intrumento não muda de lugar.
Faz-se uma única leitura RÉ e uma ou várias leituras VANTE.
NIVELAMENTO COMPOSTO: é uma operação onde o instrumento muda de lugar uma ou várias
vezes. Cada mudança terá uma única leitura RÉ em um ponto já medido no lance anterior e uma ou
várias leituras VANTE em pontos a determinar. Ou seja os pontos de mudanças sempre apresentam
inicialmente uma leitura VANTE vinda do lance anterior e em seguida uma leitura RE para achar a
nova altitude/cota da luneta e permitir a continuação do trabalho.
A CADERNETA DE CAMPO tem a forma geral dada no exemplo a seguir, onde é apresentado um
trabalho de nivelamento composto referente a um pequeno trecho do eixo de uma via em percurso de
ida e de volta com o fechamento na mesma Referência de Nível inicial (RN-2A) para controle dos
erros. A tolerância para o erro de fechamento depende da ordem de precisão exigida. Para os trabalhos
gerais a tolerância é dada, em mm, pela expessão 24mmK onde K é o percurso em km. Por exemplo,
se o trecho nivelado tem 4 km, então o erro tolerável é de 24mm*2 = 48 mm.

Ponto Leitura Mira (mm) Altitude da Cota (mm) Correção Cota / Altitude OBS
Visado RÉ VANTE Luneta (mm) /Altitude (mm) Corrigida (mm)
RN-2A 958 . 822300 821342 0 821342 Pt.referência
E1 1300 821000 -1 820999 eixo da obra
E2 1705 820595 -1 820594 eixo da obra
AUX 1 527 2003 820824 820297 -1 820296 Pt. mudança
E3 851 819973 -2 819971 eixo da obra
E4 1620 819204 -2 819202 eixo da obra
AUX 2 620 1850 819594 818974 -2 818972 Pt. mudança
E5 1210 818384 -3 818381 eixo da obra
AUX 3 1850 1920 819524 817674 -3 817671 Pt. mudança
AUX 4 2021 900 820645 818624 -4 818620 Pt. mudança
AUX 5 1900 430 822115 820215 -6 820209 Pt. mudança
RN-2A 765 821350 -8 821342 fecha na ref.

A Figura 34 ilustra esquematicamente, para melhoria do entendimento, o andamento do trabalho


referente à caderneta de campo dada. Em planta (parte superior), em perfil caminho de ida (parte
central) e em perfil caminho de volta (parte inferior).

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Figura 34 – Ilustração do nivelamento geométrico do eixo da via correspondente à caderneta de campo


dada. (Acima) em planta, (Centro) em perfil de ida, (Abaixo) em perfil de volta. Os
percursos de ida e de volta seguem caminhos independentes.

A Figura 35 mostra o perfil topográfico dos pontos do eixo da via (E1, E2, E3, E4 e E5).

Figura 35 – Perfil topográfico do eixo da via, pontos E1 até E5, dados na ilustração da Figura 34.

Os trabalhos de nivelamento geométrico devem ser nivelados e contranivelados (Ida e Volta) para
fechamento no ponto de partida e o erro, se estiver dentro de uma tolerância estabelecida, deve ser
distribuído nas estações de instalação do nível de luneta. A caderneta a seguir mostra o controle feito
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pela chegada em outra RN de cota já conhecida e certificada (RN2=105.198 m), neste caso não se faz a
volta ou contranivelamento, pois o ponto de chegada é um ponto de controle certificado.

Ponto Leitura Leitura Cota/Altitude Cota/Altitude Correção Cota/Alt


Visado RE (m) VANTE (m) Instrumento (m) Bruta (m) (mm) Corrigida (m)
RN1 2.603 102.603 100.000 0 100.000
1 1.200 101.403 -3 101.400
2 (mudança) 2.304 0.500 104.407 102.103 -3 102.100
3 1.000 103.407 -6 103.401
4 0.700 103.707 -6 103.701
5 (mudança) 1.900 0.500 105.807 103.907 -6 103.901
6 1.120 104.687 -9 104.678
RN2 0.600 105.207 -9 105.198
ALT RN2 105.198 m
O nivelamento geométrico é muito empregado para construção dos PERFIS TOPOGRÁFICOS do
terreno natural, os quais são usados para estudos do relevo, planejamento de rampas, construção de
taludes e plataformas, determinação de declividades, projetos de movimentos de terra, escavações, etc.
As etapas típicas para construção dos perfis do terreno natural são: 1) Marcação ou Estaqueamento do
eixo da obra ou seções transversais com um valor geralmente padronizado (5m, 10m, 20m, 30m, etc.);
2) Nivelamento geométrico das marcações ou estacas do eixo ou das seções transversais; 3) Desenho
do perfil com uma Escala vertical 5 a 10 vezes maior que a Escala horizontal. Após isso há o 4)
Lançamento de greides (perfil do projeto planejado); e 5) Cálculo de alturas de corte/aterro para fins de
avaliação de volumes de corte e aterro e para orientação de equipes de terraplenagem.
As declividades das rampas dos greides são obtidas pela razão entre a variação vertical (H) e a
variação horizontal (Dp).
Tangente da Declividade: Tg(D) = H/Dp = [Desnível/DistânciaPlana]. Trata-se da Declividade
Unitária que representa a taxa de variação da altura por unidade de distância plana, ou seja, é a
variação vertical por cada metro horizontal. Recomenda-se atenção especial para o caso de Taludes
laterais de estradas e vias onde algumas referencias da literatura costumam usar uma notação invertida
do tipo (1/DESNIVEL) indicando a Cotangente da Declividade (variação de altura para cada metro
horizontal). No nosso material didático, usaremos sempre, para todos os casos, a Tangente (H/Dp).
Por exemplo 1/1 (100%), 1/2 (50%), 1/1,5 (67%).
Declividade Percentual: D% = H/Dp*100 = [Desnível/DistânciaPlana]*100. Representa a taxa
de variação da altura por cada 100 metros de distância plana.
Declividade Angular: DA = ArcTg (H/Dp)* Trata-se do ângulo de inclinação em relação ao plano
horizontal cuja tangente é dada pelo [Desnível/DistânciaPlana].
Cota de Projeto (Cp) em qualquer ponto no greide é dada pela Cota de Referência (Cr) inicial somada à
variação vertical (H) até o ponto considerado, ou seja, Cp = Cr + H = Cr + Dp*D%
Altura de Corte/Aterro é diferença entre a Cota de Projeto (Cp) no greide e a Cota do Terreno natural
(Ct), ou seja, Aca = Cp - Ct, se positiva é de aterro se negativa é de corte.
No exemplo da Figura 35, se uma rampa uniforme construída desde E1 até E5 fosse executada com a
cota de projeto 822 m no ponto E1 e 818 m no ponto E5, a declividade da rampa seria (4m/80m) =
0.05 (5%), as alturas de aterro (E1=822-820.999=1.001, E2=822 - 0.05*20 - 820.594=0.406, E3=822 -
0.05*40 - 819.971=0.029) as alturas de corte (E4=822 - 0.05*60 - 819.202= -0.202, E5=818-818.381
= -0.381) e o ponto de passagem de aterro para corte estaria a 42.51 m do ponto inicial E1 [40m +
0.029*(20/(0.029+0.202)).

Exercício: dada a caderneta de nivelamento do eixo de uma obra (somente trecho de ida sem controle
de volta) com estaqueamento padrão de 20m. Pede-se fazer o perfil, lançar um greide de 4% iniciando
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na mesma cota da estaca 0 e achar as alturas de corte/aterro nas demais estacas. Observe que o ponto
2+8.60 é um ponto de mudança que está diatante 48.60 m do início (2x20+8.60m=48.60m).
Ponto Leituras Cota/Altit do Cotas/Altit Correções Cotas/Altitudes Observaçõe
Visado RÉ VANTE Instrumento dos Pontos corrigidas
RN 2.200 . 103.200 101.000 Estacas de
0 3.200 100.000 20 em 20
1 1.600 101.600 metros
2 .900 102.300
2+8.60 m 3.800 .200 106.800 103.000 Trecho só
3 2.800 104.000 de ida, sem
4 3.600 103.200 Correções
5 3.000 103.800
7.2. Nivelamento trigonométrico

É feito com teodolito ou estação total através de visadas inclinadas, usando distanciômetros (trena,
medidor eletrônico ou triangulação) e cálculos trigonométricos. Apresenta, geralmente, precisão menor
que o nivelamento geometrico, porém tem maior alcance e mais praticidade de operação nos trabalhos
gerais de levantamentos. Com uso do azimute da visada da estação/teodolito pode se determinar a
posição horizontal e vertical ao mesmo tempo, neste caso, dispensam se as malhas retangulares,
estaqueamentos e marcações prévias de eixos e seções. As FORMULAS, deduzidas da Figura 36, são
Dh = Di Sen(Z) para ângulo zenital (Z)
Dh = Di Cos() para ângulo de inclinação ()
H2 = H1 + Di Cos Z + Ai – Ao para ângulo zenital (Z)
H2 = H1 + Dh Cot Z + Ai – Ao para ângulo zenital (Z)
H2 = H1 + Di Sen  + Ai – Ao para ângulo de inclinação ()

Figura 36 – Geometria do nivelamento trigonometrico feito com teodolito / estação por meio de
visadas inclinadas da luneta e uso de cálculos trigonométricos. Di é a distância inclinada,
Dh é a distância plana horizontal, Dv é a distância vertical. Observa-se que para obter o
desnível entre os pontos a altura do instrumento (teodolito em 1) (Ai) deve ser somada a
Dv e a altura do objeto visado (prisma em 2) (Ao) deve ser subtraída de Dv.

Para trabalhos de precisão ou para distâncias longas, acima de 1000 m, é indispensável acrescentar
uma correção devida ao abaixamento total da Terra (675 x 10-10 Di2m) para compensar a curvatura da
Terra e a refração atmosférica conforme ilustrado na Figura 37 (Di e o resultado são dados em metros).
Trata-se do mesmo erro de nível aparente já discutido na seção de nivelamento geométrico que em 150
m é cerca de 1 mm. Em 1000 m a curvatura da Terra abaixa cerca de 7 cm, porém o abaixamento
aumenta proporcionalmente ao quadrado da distância, tal que em 20 km atinge cerca de 30 m. Assim
as fórmulas anteriores tornam se:
H2 = H1 + Di Cos Z + Ai - Ao + 675 x 10-10 Di2m
H2 = H1 + Dh Cot Z + Ai - Ao + 675 x 10-10 Di2m
H2 = H1 + Di Sen  + Ai - Ao + 675 x 10-10 Di2m

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Figura 37 – Abaixamento total da Terra (675 x 10-10 Di2m) Correção anecessária no cálculo de altitudes
para compensar a curvatura e a refração atmosférica terrestre. Trata-se do mesmo erro de
nível aparente considerado no nivelamento geométrico (para 150 m, 1000 m e 21 km
abaixa, respectivamente, cerca de 1 mm, 7 cm e 30 m).

Exercício: Dada a caderneta de campo abaixo com dados de uma poligonal aberta de 2 lados e a
altitude do ponto inicial P1=800 m, calcule as altitudes dos demais pontos.

Vertice Pto visado Ângulo Zenital Dist inclinada Dist plana Ao Altitude
P1 P2 89º 20’ 1535,40 m 1,50
Ai=1.55 canto 0 92º 40’ 2425,60 m 1,80
canto 1 91 50’ 4430,40 m 2,00
P2 P1 90º 40’ 1535,30 m 1,75
Ai=1.70 canto 2 90º 22’ 1000,00 m 1,40
canto 3 93º 36’ 702,46 m 1,00
canto 4 90º 00 12001,50 m 1,95
7.3. Nivelamento taqueométrico ou estadimétrico

É feito com taqueômetro ou teodolito com fios estadimétricos em visadas inclinadas sobre a mira
graduada, portanto só opera com visadas curtas (máximo de 200 m), tem baixa precisão devido às
limitações da leitura e da graduação da mira. As estações totais e teodolitos digitais modernos não
possuem mais os fios estadimétricos, portanto não fazem este tipo de nivelamento. As FORMULAS
BÁSICAS, obtidas da Figura 38 e também já abordadas nas Figuras 18 e 19, são
Dh = 100.(fs-fi).cos2  Dh = 100.(fs-fi).sen2 Z
H2 = H1 + 100.(fs-fi).sen . cos  + Ai - fm
H2 = H1 + 100.(fs-fi).sen Z. cos Z + Ai - fm
H2 = H1 + 50.(fs-fi).sen 2 + Ai - fm
H2 = H1 + 50.(fs-fi).sen 2Z + Ai - fm

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Figura 38 – Geometria do nivelamento taqueométrico feito com taqueômetro ou teodolito


convencional em visadas inclinadas sobre a mira graduada verticalizada.

Exercício: Calcule as altitudes dos pontos da seguinte caderneta estadimétrica de campo


VERTICE PONTO ÂNGULO LEITURA MIRA DIST ALTI-
VISADO ZENITAL fs fm fi PLANA TUDE
V1 V2 86º 20’ 2600 1800 1000
AI=1.75 Est 0 94º 40’ 2444 1722 1000
Est 1 93 50’ 2000 1500 1000
V2 V1 93º 40’ 2600 1800 1000
AI=1.76 Est 2 94º 22’ 2400 1700 1000
Est 3 95º 36’ 1740 1370 1000
Est 4 90º 00 3400 2200 1000

O Nivelamento Barométrico feito com base na diferença de pressão atmosférica é um método que está
em desuso devido à baixa precisão e ao advento das outras tecnologias de melh desempenho. O
princípio geral é que a pressão atmosférica diminui com o aumento da altitude. O aumento de 1mm na
coluna de mercúrio corresponde a um aumento de cerca de 11 metros na altitude. Como a pressão
atmosférica está sujeita a muitas variações, a precisão do método é baixa e serve apenas para
levantamentos altimetricos aproximados. Os instrumentos usados são chamados altímetros.
7.4. Nivelamento com o Sistema GPS/GNSS

O resultado do levantamento GPS/GNSS utilizando posicionamento relativo ou diferencial é um


poliedro de estações com as posições no sistema cartesiano geocêntrico (x, y, z), relativas à
estação Base, conhecidas com alta precisão, porém o erro de posição da estação Base ou estação de
referência será propagado para as estações móveis, por isso é desejável que o ponto base tenha
coordenadas geocêntricas precisas (x, y, z). Estas posições são comumente expressas por coordenadas
elipsoidais (geodésicas) latitude, longitude e altitude. A Figura 39 ilustra o método de posicionamento
relativo ou diferencial com o receptor base instalado em um ponto geodésico de altitude conhecida,
enquanto o receptor móvel será transportado no automóvel para ocupar os pontos de altitudes a
determinar. No exemplo da Figura 39 há duas antenas (no tripé e no automóvel) que transmitem e
recebem os dados para correção do ponto móvel de forma imediata (método RTK - Posicionamento
Cinemático em Tempo Real).

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Figura 39 – Exemplo do posicionamento relativo (diferencial) com o receptor base instalado em um


ponto geodésico enquanto o móvel é transportado no automóvel para ocupar pontos a
determinar. Neste exemplo há duas antenas (no tripé e no automóvel) que transmitem e
recebem os dados para fazer a correção de forma imediata. Fonte: www.

As altitudes determinadas por meio do Sistema GPS/GNSS requerem ainda outro ajuste relacionado à
ondulação geoidal. A altitude utilizada na vida prática e adotada no Brasil e no mundo é uma grandeza
física associada à gravidade terrestre e tem como sua referência zero o Geóide (nível médio das águas
tranqüilas dos mares –NMM- prolongado por debaixo dos continentes). É chamada de altitude
ortométrica (h). As altitudes fornecidas pelo sistema GPS/GNSS são altitudes elipsoidais (referidas à
superfície do elipsóide SGR80/WGS84), chamadas altitudes geométricas (H). As duas altitudes são
ligadas pela Altura Geoidal (Ondulação Geoidal) através da fórmula :: H = h + N (desconsiderando o
desvio muito pequeno entre a vertical do geoide e a normal ao elipsoide). Assim, a Altura Geoidal ou
Ondulação Geoidal (N) – é o desnível em um ponto qualquer da Terra entre a superfície do geóide e a
superfície de um determinado elipsoide de referência. A Figura 40 mostra esquematicamente a relação
entre essas grandezas.

Figura 40 – Visão geral da relação entre Altitudes Elipsoidais ou Altitudes Geométricas (H), Altitudes
NMM ou Ortométricas (h) e Ondulação Geoidal (N). H = h + N (desconsiderando o
desvio entre a vertical e a normal). Fonte: IBGE.

O conhecimento da Altura Geoidal é de suma importância nas medições altimétricas por meio do
Sistema GPS/GNSS, pois a separação geoide-elipsoide pode chegar a 100 m. A altitude obtida por
GPS/GNSS deve ser subtraída da altura geoidal para ficar referida ao geóide. A altura geoidal pode ser
obtida através do chamado mapa ou modelo geoidal. Existem modelos geoidais precisos disponíveis
para várias partes do mundo. Estes modelos geoidais precisos são baseados na expansão dos
harmônicos esféricos do campo da gravidade terrestre e incorporam dados de gravidade para levar em
consideração as variações locais e regionais. Utilizando modelos geoidais precisos o GPS/GNSS terá
potencial para substituir as operações convencionais de nivelamento geométrico em muitas aplicações.

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Para o território brasileiro o IBGE fornece o modelo geoidal MAPGEO, de precisão centimétrica na
versão MAPGEO2015, disponível na sua página eletrônica. A ondulação geoidal obtida pelo
MAPGEO2015 referente ao SGR80/SIRGAS2000 no IGC/UFMG, Pampulha, Belo Horizonte foi de –
6.46 m, ou seja o Geoide passa 6.46 m abaixo do Elipsoide. O modelo global mais comum é o OSU-
91A com resolução de 50 km. Seu erro absoluto no Brasil é da ordem de 2 m e o erro relativo da ordem
de 1mm/km. A ausência ou má distribuição de dados gravimétricos em certas regiões da Terra podem
degradar os modelos, certas anomalias geoidais podem estar ausentes no mapa. Cabe destacar também
que só há sentido na conversão de altitudes elipsoidais para geoidais quando o posicionamento é
relativo pois o erro nas determinações absolutas é geralmente superior à ondulação geoidal.
Outra solução que está sendo muito empregada para conversão de altitudes é a modelagem local do
geóide baseada na medição de altitudes GPS/GNSS sobre Referências de Níveis do SGB de altitudes
ortométricas conhecidas com precisão. As diferenças encontradas fornecem, por interpolação, as
alturas geoidais em qualquer ponto da região considerada. Quando bem gerenciado, este método
fornece excelentes resultados para nivelamento. A precisão de 1 a 2 ppm típica das redes GPS/GNSS,
geralmente supera a precisão das redes geodésicas clássicas de primeira ordem existentes (10 ppm)
determinadas pelos métodos tradicionais de triangulação, trilateração e poligonação geodésicas.
Exercicios:

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8 - TOPOLOGIA, CONSTRUÇÃO e LEITURA DE PLANTAS/CARTAS TOPOGRÁFICAS

O objetivo desta unidade didática é abordar as formas de representação do relevo topográfico,


incluindo o traçado de curvas de níveis e a interpretação das feições do relevo de interesse do
levantamento topográfico. Algumas formas tradicionais de representação do relevo usadas em
topografia são as maquetes, pontos cotados, perfis topográficos e curvas de níveis. As curvas de níveis
constituem a forma mais utilizada para representação do relevo nas plantas/cartas topográficas. Uma
planta ou carta topográfica, quer seja impressa ou em formato digital, representa uma porção em escala
reduzida (se impressa) e já interpretada do terreno de onde podem ser extraídas valiosas informações
derivadas para aplicações em projetos de engenharia e em análises de geoprocessamento em geral.
INFORMAÇÕES MARGINAIS
Nas plantas e cartas impressas as informações contidas nas margens trazem dados importantes que
dizem respeito ao uso da própria planta ou carta. Algumas informações marginais comuns são:
Identificação da planta/carta, índice de nomenclatura padrão, escala numérica, escala gráfica, valor da
eqüidistância das curvas de níveis, datum horizontal, datum vertical, índice de folhas/plantas
adjacentes, sistema de projeção (UTM), meridiano central do fuso (UTM), declinação magnética,
variação anual da declinação magnética, convergência meridiana do centro da folha.
O Quadro de Símbolos e Convenções Topográficas/Cartográficas (Legenda) é um conjunto de
símbolos padronizados utilizados para representar e destacar diferentes elementos/feições do terreno.
Os símbolos e convenções realçam elementos/feições importantes do terreno e auxiliam bastante na
leitura e interpretação da carta/planta.
ESCALA
Em topografia/cartografia a escala (E) é a relação existente entre a representação gráfica de um objeto
na planta/carta (d) e sua dimensão real no terreno (D) dada por: E = d/D.
A escala em cartografia é sempre dada na forma de uma fração (1:25.000, por exemplo) e a escolha da
escala de uma planta, carta ou mapa geralmente considera os três preceitos básicos aseguir:

1. Minúcia de detalhes desejada. uma casa, por exemplo, pode ser desenhada apenas como um
símbolo (na planta/carta de escala pequena) ou com jardins e outros detalhes (na planta de escala
grande).
2. Espaço disponível ou conveniente no papel. Por exemplo, os formatos padrões A0, A1, A2, A3, A4
e/ou outros, etc.
3. Limitação gráfica de 0.2 mm (chamado erro gráfico), considerado como sendo o limite da acuidade
visual humana. De modo que, nenhum elemento poderá ser representado adequadamente em escala
com traço menor que 0.2 mm.
Para melhor compreensão pratique os seguintes Exercícios de revisão de escala
1. Ache uma escala apropriada para desenhar a planta de um lote retangular medindo 200,00 por
300,00 metros no papel formato A4, A3 e A2.
2. Ache uma escala apropriada para desenhar a planta de uma quadra urbana onde se deseja
representar todos os detalhes do terreno que sejam maiores que 1 metro.
3. Ache a escala de uma planta/carta onde os objetos do terreno com 500 m de comprimento devam
medir 2,5 mm na planta
Escala Gráfica
É uma espécie de régua impressa no rodapé do mapa/carta e na mesma escala da planta/carta a qual
garante a facilidade de obter medidas sem uso de réguas de plástico ou escalímetros. A escala gráfica
continua valendo mesmo quando ocorre redução ou ampliação da planta original ou, até mesmo, no
caso de deformação do papel.
8.1. Representação do relevo

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Nas plantas, cartas e mapas topográficos o relevo é representado através de curvas de níveis e de
pontos cotados com suas altitudes referidas ao nível médio do mar (datum vertical). As Figuras 41, 42
e 43 ilustram alguns conceitos importantes da representação do relevo.
Ponto Cotado - é a projeção ortogonal de um ponto da superfície do terreno no plano da
planta/carta/mapa contendo a indicação da sua altitude. São usados em pontos notáveis do relevo do
terreno tais como topos de morros, fundos de vales, gargantas, pontos geodésicos de referência de nível
(RN), etc.
Curvas de Nível – são isolinhas de altitude, ou seja, linhas que representam todos os pontos do terreno
de uma mesma altitude. As Curvas de níveis constituem a forma mais utilizada para representação do
relevo nas plantas, cartas e mapas topográficos. Um individuo experiente observando uma planta de
cuvas de níveis é capaz de visualizar facilmente todos tipos de feições do terreno como vales, ravinas,
divisores de águas, espigões, gargantas, encostas íngremes e suaves, terrenos planos e acidentados,
cordilheiras, colinas, depressões, etc.
Eqüidistância Vertical das Curvas de Nível - é a separação vertical entre curvas de níveis consecutivas.
A eqüidistância vertical está, geralmente, associada a escala da carta/planta. Por exemplo:
Esc:1:250.000  Eq:100 m; Esc:1:100.000  Eq:50 m; Esc:1:50.000  Eq:20 m; Esc:1:25.000 
Eq:10 m; Esc:1:2.000  Eq:1 m; Esc:1:1.000  Eq:1 m ou 0.5 m.
Curvas de Níveis Mestras - são as curvas de níveis mais espessas e numeradas com o valor da sua
altitude. Geralmente identifica-se uma curva mestra a cada 5 curvas de níveis comuns nas
plantas/cartas e mapas topográficos. Ou seja, a quinta curva de nível sequencial é sempre uma curva
mestra. Por exemplo: se a equidistância é de 1 m então as curvas múltiplas de 5 (0, 5, 10, 15, ..., 50, 60,
70, ..., 1035, 1040, 1045, etc.), se constarem na planta/mapa serão curvas mestras.

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Figura 41 – Ilustração dos conceitos de pontos cotados, curvas de níveis e equidistância vertical das
curvas de níveis.

Características Básicas das Curvas de Níveis


1) Quanto maior a inclinação do terreno mais próximas umas das outras se apresentam as curvas de
níveis e quanto menor a inclinação do terreno mais afastadas umas das outras ficam essas curvas.
2) O espaçamento horizontal entre as curvas é constante nas encostas de inclinação uniforme.
3) As curvas de níveis são perpendiculares à linha de maior declividade do terreno. A linha de maior
declive é o caminho do escoamento das águas. A linha de maior declive é geralmente sinuosa se o
relevo for acidentado.
4) As curvas de níveis não se cruzam nem se juntam com suas vizinhas, exceto em superfícies
verticais com descontinuidades que são raras na natureza.
5) As curvas de níveis sempre se fecham, dentro ou fora das bordas da planta, carta ou mapa.
6) As curvas de níveis formam um bico caracteristico em formato “V” ou “U” apontando para a
descida da encosta nos divisores de água (cumeadas), formam também um bico similar “V” ou “U”
apontando para a subida da encosta nos fundos das drenagens (vales, córregos, ravinas e

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recolhedores de águas) e apresentam um formato em “M” nas confluências de dois rios ou


recolhedores de águas .

Figura 42 – Ilustração das Curvas de Níveis em planta e perfil, curvas mestras, divisores e recolhedores
de águas e eqüidistância vertical das curvas.

O entendimento adequado dessas características básicas das curvas de níveis é muito importante, não
só para o processo de sua construção nos mapas, mas também, para correta interpretação e
identificação de feições geográficas e morfológicas do terreno, tais como as diferentes formas do
relevo, delimitação de bacias hidrográficas, determinação do escoamento superficial, etc. A leitura e
interpretação correta da planta/carta é fundamental para elaboração de projetos diversos.
CONSTRUÇÃO DAS CURVAS DE NIVEIS
As curvas de níveis são construídas a partir dos pontos obtidos no levantamento de campo com os
métodos e intrumentos topográficos.Os pontos são calculados e lançados na planta na forma de pontos
cotados. É sempre aconselhável obedecer a seguinte ordem 1) DESENHO DA PLANIMETRIA a qual
servirá de guia para o traçado das curvas de níveis (rios, córregos construções, estradas e vias,
descontinuidades do relevo, etc.) 2) DESENHO DOS DEMAIS PONTOS COTADOS, 3)
INTERPOLAÇÃO DAS CURVAS MESTRAS por meio da união dos pontos correspondentes de cotas
inteiras interpoladas 4) INTERPOLAÇÃO DAS DEMAIS CURVAS COMUNS por meio da união dos
pontos correspondentes de cotas inteiras interpoladas. Existem vários métodos de interpolação
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disponíveis, sendo o mais comum o método de interpolação linear que corresponde a uma regra de três
simples de fácil aplicação. O método é muito adequado, desde que a amostragem dos pontos cotados
seja bem feita.

Figura 43 – Ilustração das Curvas de Níveis em perspectiva, em planta, em perfil e nos terrenos
submetidos a obras e intervenções humanas. Fonte: Anderson (1982)

Os MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS PLANIALTIMÉTRICOS para fins de interpolação de


curvas de níveis e representação do relevo são muito similares aos métodos de levantamentos
planimétricos com o acréscimo da medição das altitudes, bem como, uma amostragem adequada de
pontos altimétricos para a representação do relevo local. O método da malha nivelada (em forma de
grade regular) é recomendado para lotes urbanos e pequenas áreas, os quadriculados usuais são de 5 em
5m, 10 em 10m, 20 em 20m, 30 em 30m, etc. Neste caso usa-se, geralmente, o nivelamento geométrico
que é mais rápido e muito prático, tendo em vista que a posição planimétrica dos pontos já é bem
definida pela malha quadriculada. O método da grade irregular usando, poligonação, irradiação ou
ambos é recomendado para áreas mais extensas, executado com uso de teodolito e mira graduada ou
com estação total eletrônica. A tecnologia GPS/GNSS tem sido uma alternativa cada vez mais
utilizada. Outros métodos que produzem uma cobertura completa como a fotogrametria aérea por meio
de aeronaves e drones, a varredura a laser aérea ou terrestre (LIDAR) têm sido também ótimas
alternativas para levantamentos de áreas maiores com mais rapidez e maior nível de detalhes do
terreno. No caso de teodolitos, estações e equipamentos GPS/GNSS, para uma boa representação do
relevo em planta é necessário coletar as amostras representativas significantes no terreno, ou seja,
devem ser medidas as LINHAS E PONTOS QUE DEFINEM O MODELADO DO TERRENO. De um
modo geral os pontos importantes são as linhas que fazem a DIVISÃO DE ÁGUAS (cumeadas e
cristas) e as de REUNIÃO DE ÁGUAS (vales e ravinas) ao longo dessas linhas devem ser tomadas
amostras sempre nos PONTOS DE MUDANÇA DE DECLIVE. O método da POLIGONAL BASE

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associado com SEÇÕES TRANSVERSAIS é recomendado para levantamento de faixas estreitas e


longas tal como nos trabalhos de estradas, canais, dutos e linhas de eletrificação.
Exercício: dados os pontos cotados da Figura 44, abaixo, traçar as curvas de níveis de metro em metro
destacando e numerando as curvas mestras. Um exemplo de coleta de amostras em grade regular
(direita) e outro em grade irregular (esquerda).

Figura 44 – Exercício para traçado de curvas de níveis de metro em metro destacando e numerando as
mestras. Grade regular a direita e grade irregular a esquerda.

8.2. Obtendo informações nas plantas, cartas e mapas topográficos

A Figura 45 ilustra um recorte do canto inferior direito de um mapa topográfico mostrando a


planialtimetria geral do terreno, nota-se também a grade de coordenadas cartesianas retangulares e
latitudes e longitudes dos cantos. As plantas e mapas após completamente finalizados, além da
representação das feições do terreno, trazem também outras informações relacionadas ao seu uso que
auxiliam na leitura e interpretação, tais como: identificação, escala, valor da equidistância das curvas
de níveis, datum, sistema de projeção, grade de coordenadas, meridiano central do fuso, declinação
magnética, variação da declinação magnética, convergência meridiana e uma Legenda com símbolos
padronizados para representar e destacar elementos/feições importantes do terreno.

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Figura 45 – Recorte do canto inferior direito de um mapa topográfico mostrando a planialtimetria geral
do terreno. A linha pontilhada indicada pela letra “A” no rodapé destaca um divisor de
águas bem caracterizado pela forma das curvas (linha de cumeada).

Conhecendo-se os conceitos básicos de Topografia/Cartografia e os fundamentos de leitura e


interpretação de plantas, cartas e mapas topográficos torna-se fácil obter valiosas informações para uso
em projetos de engenharia e geoprocessamento, conforme mostramos nos passos a seguir.
Obtendo Altitudes
Se o ponto do qual se quer obter altitude é um ponto cotado, basta ler sua cota explicitamente indicada.
Se o ponto coincide com uma curva mestra, basta ler a cota explicitamente registrada na curva mestra.
Se o ponto coincide com uma curva de nível comum, basta deduzir a cota dessa curva comum por
meio da eqüidistância das curvas, deduzida ou indicada na legenda, a partir da cota lida na curva
mestra mais próxima.
Se o ponto do qual se quer obter altitude fica entre duas curvas de níveis, faz-se uma interpolação
linear por meio da regra de três simples.
Obtendo Coordenadas planas UTM
Para achar a coordenada E, deve-se identificar o valor da linha vertical da grade UTM imediatamente a
esquerda do ponto (exemplo 650 km = 650.000 m). Medir com escalímetro a distância entre esta linha
e o ponto (exemplo 350 m). Somar os dois valores (E = 650.350 m)
Para achar a coordenada N deve-se identificar o valor da linha horizontal da grade UTM
imediatamente abaixo do ponto (exemplo 7844 km = 7844.000 m). Medir com escala a distância entre
esta linha e o ponto (exemplo 650 m). Somar os dois valores (N = 7844.650 m)
A leitura de coordenadas em plantas impressas está sujeita a erros (erro gráfico e PEC) que serão
abordados em tópicos posteriores
Obtendo Comprimentos de Feições, Distâncias e Perímetros
Medir na planta a extensão da feição de interesse, em mm ou cm (exemplo: 2,8 cm). Multiplicar o
valor obtido pelo denominador da escala da planta/carta (exemplo: 2,8cm x 25000 = 70000 cm).
Converter o resultado para metros (70000 cm = 700 m).
Pode se também medir a feição de interesse com um compasso, régua ou fita e transportar a medida
diretamente para a escala gráfica da planta/carta, obtendo-se a distância diretamente sem necessidade
de conversão.
Outra forma prática de obter a distância sem ter que medir o objeto diretamente é extraindo as duas
coordenadas UTM dos extremos e calculando pela fórmula:: Dist = [(E2-E1)2 + (N2-N1) 2] 1/2

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Neste caso pode-se medir comprimentos de linhas que se estendem por várias folhas/plantas do mesmo
sistema de coordenadas sem necessidade de montar mosaico ou justapor os vários mapas.
Por exemplo: Ponto1: E1=740350, N1=7844520; Ponto2: E2=720240 N2=7833250.
Distância = [(740350-720240) 2 + (7844520-7833250) 2] 1/2 = 23052,66 m
Obtendo Direções (Azimutes)
Os azimutes obtidos nos mapas podem ser:
Geográficos se referidos ao meridiano geográfico (Norte Geográfico).
Magnéticos se referidos a agulha da bússola (Norte Magnético).
De Quadrícula se referidos às linhas verticais do quadriculado UTM (Norte da Quadrícula)
O diagrama de declinação magnética e convergência meridiana existente nas margens da planta/carta
topográfica fornece o relacionamento angular entre estes três Nortes.
O ângulo entre o Norte Geográfico e o Norte Magnético chama-se declinação magnética (). O Norte
magnético descreve um movimento secular, aproximadamente circular, em torno do Norte Geográfico,
portanto o ângulo de declinação magnética é válido somente para a data da elaboração da planta/mapa.
O diagrama de declinação traz também a variação anual da declinação magnética, portanto será
possível calcular o seu valor atualizado para qualquer época.
O ângulo entre o Norte Geográfico e o Norte da Quadrícula chama-se convergência meridiana (C)
Na planta/carta topográfica o azimute de uma direção é diretamente determinado em relação ao Norte
da Quadrícula, fisicamente representado pelas linhas verticais da grade UTM. De posse dos valores
fornecidos nos diagramas de convergência meridiana e de declinação magnética chega-se facilmente
aos valores dos outros azimutes, Geográfico e Magnético.
O azimute da Quadrícula pode ser medido diretamente com um transferidor. Pode também ser
calculado apartir de coordenadas pela fórmula:: Az = ArcTg [(E2-E1)/( N2-N1)] que fornece o resultado
reduzido ao primeiro quadrante (0 a 90). Deve-se observar as diferenças de coordenadas para ajustar
quadrante NE; NW; SE; SW onde se encontra o azimute.
Por exemplo. Medindo com transferidor o Azimute da Igreja Matriz para Fazenda Zebu achou-se
24030’. O diagrama de declinação e convergência existente na margem inferior da planta/carta
fornece -25’ para a Convergência Meridiana. Assim o Azimute Geográfico será 24030’ - 25’ =
24005’. O mesmo diagrama mostra, para o ano de 1980, um ângulo de declinação magnética de
1825’W e uma variação anual de 6’W. Assim, para o ano 2006 a declinação será 1825’ + 26x6’ =
1825’ + 236’ = 22 01’W. O Azimute Magnético da Igreja Matriz para Fazenda Zebu será, então,
24005’ + 2201’ = 26206’. Esta seria a direção apontada pela bússola da Igreja Matriz para a
Fazenda Zebú .
Aplicando a fórmula para o outro exemplo dado anteriormente temos:
Az = ArcTg [(740350-720240)/(7844520-7833250)] = ArcTg [20.110/11.270] = 6044’. Como se trata
do quadrante NE o azimute é igual ao próprio ângulo obtido. Este é o Azimute de Quadrícula.
Considerando os dados de convergência meridiana e declinação magnética anteriores teremos. Azimute
Geográfico = 6044’ - 25’ = 6019’; Azimute Magnético = 6019’ + 2201’= 8220’
Identificando vales, córregos, ravinas e recolhedores de águas; Identificando divisores de águas;
Identificando as linhas de máximo declive das encostas; linhas de declividade constante; encostas
côncavas e convexas; Delimitando bacias hidrográficas
A identificação destas feições e acidentes depende de uma minuciosa análise do comportamento das
curvas de níveis e seus relacionamentos espaciais com os elementos planimétricos, bem como da
leitura adequada dos símbolos, convenções e da legenda da planta/mapa.
Obtendo Declividades
A declividade (D) é a variação da altura vertical do terreno em função da distância plana horizontal.
Nas plantas e mapas D é deduzida em função da eqüidistância vertical (Eq=H) das curvas de níveis
(lida direto da legenda ou deduzida das próprias curvas) e do afastamento entre elas (Ec=Dp) (medido
no mapa). Existem três formas gerais de expressar a declividade.
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Tangente da Declividade: Tg(D) = Eq/Ec = H/Dp = Desnível/DistânciaPlana. Conhecida como


Declividade Unitária e representa a taxa de variação da altura por unidade de distância, ou seja, é a
variação vertical por cada metro horizontal. Recomenda-se atenção especial para o caso de Taludes
laterais de estradas e vias onde algumas referencias da literatura costumam usar uma notação invertida
do tipo (1/DESNIVEL) indicando a Cotangente da Declividade (variação de altura para cada metro
horizontal). No nosso material didático, usaremos sempre, para todos os casos, a Tangente (H/Dp).
Por exemplo 1/1 (100%), 1/2 (50%), 1/1,5 (67%).
Declividade Percentual: D% = H/Dp*100 = [Desnível/DistânciaPlana]*100. Representa a taxa
de variação da altura por cada 100 metros de distância plana.
Ângulo de Declividade: DA = ArcTg[H/Dp] = ArcTg[Desnível/DistânciaPlana]. Conhecida
como Declividade Angular, representa on ângulo de inclinação em relação ao plano horizontal.
Exemplo: na planta/carta de escala 1:25.000 (Eq=10m) se duas curvas consecutivas estão afastadas de
2mm (Ec=2x25000 mm=50 m) então:
Tg(D) = Eq/Ec = H/Dp = Desnível/DistânciaPlana =10/50=0.2
DA=ArcTg[Desnível/DistânciaPlana] = ArcTg[10/50] = 11.3 graus
D%= H/Dp*100 = [Desnível/DistânciaPlana]*100 = [10/50]*100 =20%
Traçando Caminhos/Rotas de Declividade Constante
Basta traçar segmentos com um comprimento fixo, em milímetros, C = 100.000*Escala*(Eq/D%)
ligando as curvas de níveis consecutivas. Isso resultará em uma rota/caminho contínuo de mesma
declividade. Tem aplicações em estudos de transportes, arruamentos, saneamento, irrigação, etc.
Exemplo: qual o valor em mm do segmento C para ligar as curvas consecutivas formando uma rota
com declividade constante de 8% em uma planta de escala 1:25.000 cuja Eq das curvas é 10 m.
C=100.000(1/25.000(10/8)) = 5 mm
Obtendo Perfis Topográficos
Os perfis topográficos são construídos pela plotagem de um gráfico bidimensional contendo as
separações horizontais das curvas de níveis no eixo X contra as altitudes no eixo Y. As distâncias são
plotadas na mesma escala da planta e as altitudes plotadas com escala 5 a 10 vezes maior para permitir
visualização adequada do relevo. Tem aplicações em estudos de transportes, comunicações,
agricultura, etc. A Figura 46 ilustra a obtenção de perfis a partir da planta topográfica com exagero nas
escalas verticais.

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Figura 46 – Ilustração da forma de obtenção de perfis topográficos a partir da planta topográfica com
aplicação de exageros nas escalas verticais. Fonte: Maranhão (1995)

Obtendo Áreas em Cartas e Plantas Topográficas


As áreas podem ser obtidas graficamente pela divisão em figuras geométricas simples como triângulos,
trapézios, quadrados e retângulos ou analiticamente pela fórmula de Gauss dada abaixo, quando se
dispõe das coordenadas planas extraídas da planta/carta/mapa topográfico.
Y1 Y2 Y3 ...... Yn Y1
   …..  multiplicação cruzada (soma para baixo) (subtrai para cima)
X1 X2 X3 ...... Xn X1

A=1/2.[(Y1X2 + Y2X3 + Y3X4 +...+ YnX1) - (X1Y2 + X2Y3 + X3Y4 +...+ XnY1)]
Exercício:
Calcule a área de um desmatamento identificado pelas coordenadas planas retangulares dos seus
vértices:
V1: E= 600175, N=7690850; V2: E= 603000, N=7691000; V3: E= 603425, N=7687700;

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V4: E= 600750, N=7687100; V5: E= 600000, N=7688875;


Obtendo Volumes em Plantas e Cartas Topográficas
Cálculo de volumes de escavação e movimentos de terra tem vasta aplicação em projetos de
engenharia, barragens, mineração, etc. Para determinação dos volumes de material escavado é
necessário dispor das alturas (desníveis) entre o terreno natural e o terreno escavado ao longo de várias
linhas uniformemente espaçadas chamadas seções (perfis transversais). Existem vários métodos para
cálculo dos volumes. Um dos métodos mais usuais considera o terreno como um sólido composto por
vários prismóides horizontais. O volume de cada prismóide é calculado pela área média das duas
seções verticais extremas, multiplicado pela distância plana que separa as duas seções, conforme a
fórmula.
V = ½L(A1 +A2) L - distância entre as seções
A1, A2 - áreas das seções
Os Softwares de Geoprocessamento agregam várias ferramentas para obter de forma simples, rápida e
eficiente todas estas e outras informações abordadas. O assunto será explorado com mais detalhes nas
aulas práticas e na disciplina Cartografia Digital.
Exercícios:

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9 – LOCAÇÕES E DEMARCAÇÕES

LOCAÇÃO é o termo usado para definir a transposição das geometrias dos elementos planejados e
desenhados nos projetos para os seus devidos locais no terreno, uma espécie de operação invertida do
levantamento topográfico dos pontos e feições do terreno. Há uma extensa lista de projetos de
engenharia e construção que necessitam do suporte da topografia como: Loteamentos, Estradas,
Ferrovias, Valas de Drenagem, Canalização Sanitária e Pluvial, Bueiros, Pontes, Viadutos, Prédios,
Aterros, Oleodutos, Linhas de Transmissão, Reservatórios, Barragens, Minas Subterrâneas e
escavações a Céu Aberto, além de outros. Cada projeto ou obra específica tem suas características
especiais para locação, porém a topografia resolve todos os casos por meio dos seus métodos e
instrumentos. O foco deste Capítulo está direcionado para a LOCAÇÃO em ARRUAMENTOS E
LOTEAMENTOS, mas pode ser útil a muitas outras aplicações. A locação de estradas será vista em
tópico separado no Capítulo 10.
Os trabalhos de ARRUAMENTOS E LOTEAMENTOS envolvem várias etapas que são brevemente
abordadas a seguir, incluindo a fase de locação. Antes de tudo é de suma importância fazer consultas à
Prefeitura Municipal, bem como outras entidades pertinentes, sobre Planos Diretores e Leis de
Ocupação e Uso do Solo, ou outras restrições e projetos já aprovados que possam atingir a gleba a ser
urbanizada. De modo geral os esses tipos de projetos, principalmente de grandes e médios portes,
requerem aprovação de diversos órgãos, além da Prefeitura Municipal.
9.1. Levantamento plani-altimétrico da área

Consiste da aplicação integrada dos vários conceitos até aqui estudados na disciplina para os
levantamento topográficos, ou seja, deve-se fazer uma Poligonal principal fechada junto à divisa do
terreno, com precisão relativa de 1:5.000 ou melhor. Se necessário devem-se fazer Poligonais
segundárias amarradas na poligonal principal e Irradiações para representação das feições e acidentes
importantes do terreno e das inflexões do relevo para obtenção da altimetria e das curvas de nível. Este
trabalho de levantamento pode ser complementado, integrado, ou mesmo, totalmente realizado por
métodos/tecnologias de levantamentos GPS/GNSS. A fotogrametria aérea usando por aviões, dornes e
vants e a varredura a laser aérea ou terrestre são alternativas cada vez mais usadas atualmente. A partir
do levantamento, deve ser construída uma Planta Topográfica Planialtimétrica detalhada, compatível
com a escala 1:1000 ou melhor, com as curvas de nível interpoladas de 1 em 1 metro ou arquivos
digitais integrados com modelos digitais de terrenos.
9.2. Projeto do loteamento / urbanização

O projeto de urbanização de uma gleba deve ser feito por equipe especializada que tenha experiência
no assunto, porém, os conhecimentos de topografia são fundamentais para a elaboração de um projeto
racional e equilibrado. Algumas linhas gerais importantes a considerar no projeto consistem nos pontos
a seguir:
Planejar a largura de ruas e avenidas, áreas verdes e áreas comunitárias, observando as posturas e
regulamentos locais e regionais.
Fazer a Concordância dos eixos das ruas projetadas com os eixos das ruas já existentes na vizinhança
da gleba.
Observar as curvas de níveis para evitar ruas com rampas muito fortes, procurando sempre evitar eixos
coincidindo na linha de maior declive do terreno e evitando sempre cortes e ateros de grandes alturas.
Os cruzamentos de ruas devem ser, via de regra, o mais possível ortogonais. Ruas em ângulos muito
fechados prejudicam a circulação e a forma dos lotes.
Evitar custos elevados de terraplenagem, ou seja, o perfil do projeto das vias e demais obras deve
acompanhar de perto o perfil do terreno natural.
Destinar as zonas muito ingremes para áreas verdes, parques e jardins.
Destinar os vales para avenidas e para o escoamento das águas.
Observar a necessidade e viabilidade de escoamento pluvial e escoamento de esgoto sanitário para os
lotes individuais.
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9.3 Locação do projeto de loteamento

Esta fase é feita após a aprovação do projeto pela prefeitura local e/ou demais órgãos normativos
envolvidos. Consiste de várias etapas, destacando-se as principais a seguir:
Locação dos eixos das ruas, inclusive as curvas de concordância por meio de piquetes, geralmente
estaqueados de 20 m em 20 m, de forma similar à locação dos eixos de estradas.
Nivelamento geométrico dos eixos das ruas locados.
Traçado dos perfis longitudinais dos eixos das ruas.
Traçado dos greides (perfil do projeto da via) e determinação das alturas de cortes e aterros.
Terraplenagem das ruas seguindo os perfis do projeto (greides) e as indicações das alturas de cortes e
aterros e inclinações de taludes (se houver)
Relocação dos eixos das ruas e dos alinhamentos laterais após a terraplenagem definindo as quadras.
Locação das redes de águas pluviais e de esgotos.
Divisão das quadras em lotes, de acordo com o projeto através da colocação de marcos nos cantos dos
lotes para defini-los fisicamente com perfeição a fim de receber as obras, muros e construções.
9.4 Demarcação do lote para edificação

Algum tempo após a urbanização da área os marcos que delimitam os lotes podem eventualmente
desaparecer, neste caso, para receber a construção o lote deve ser reconstituído (locado) na sua posição
exata. Podem ocorrer slgumas das seguintes situações
1) Existem, bem definidos, os marcos de testada da quadra – basta definir o alinhamento entre os dois
marcos de testada e puxar a distância constante na planta / memorial descritivo do loteamento a partir
de um dos marcos de testada até o vértice início do lote, em seguida marcar o outro vértice da testada
do lote de acordo com a planta. A partir dai, seguir os ângulos e distâncias existentes na planta do
loteamento ou memorial descritivo para marcar os fundos do lote.
2) Sem os marcos de testada da quadra, porém com o existência de meio fio das ruas – através do
prolongamento dos meio fios das ruas e infirmações das plantas é fácil reconstruir os marcos de testada
da quadra e, a partir daí, repetir os passos do item anterior.
3) Sem marcos de testada da quadra e sem meio fios das ruas – neste caso é necessário encontrar
alguma rua com meio fio existente, ou alguma quadra com marcos de testada e, a partir das medidas e
informações das plantas do loteamento, chegar na quadra e no lote desejado.
Atualmente existe uma forte tendência para a exigência dos projetos, pelas prefeituras e demais órgãos
envolvidos, em formato digital e georeferenciados ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB / IBGE) o
que permite fazer a locação de forma inequívoca, simples e prática por meio das suas coordenadas
geodésicas ou coordenadas planas cartesianas UTM usando instrumentos, métodos e tecnologias
baseadas em GPS/GNSS, com a locação feita diretamente a partir das coordenadas.
9.5 Nivelamento (planialtimetria) do lote

É um procedimento muito útil para facililitar e otimizar o projeto de construção, permitir fazer o
traçado de curvas de níveis, planejar e calcular o movimento de terra necessário. O método de
nivelamento mais apropriado para lotes pequenos de formatos regulares é por meio da quadriculação
em malhas acompanhado de nivelamento geométrico (nível de luneta e mira graduada), conforme
exemplos vistos no Capítulo 11 (Volumes de Escavação e Terraplenagem). Outros métodos como o
nivelamento trigonométrico feito com a estação total ou métodos de posicionamento
relativo/diferencial com GPS/GNSS. Atualmente tem sido usado também o método da fotogrametria
local com uso de drones/vants.
9.6 Locação da obra dentro do lote

A locação da obra é o processo de transferência das geometrias existentes na planta do projeto para o
terreno, ou seja, os recuos, os afastamentos, os alicerces, as paredes, as aberturas, alinhamentos,
greides, rampas, curvas, e tudo mais a ser implantado. Os elementos de locação deverão permanecer na

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obra por um bom tempo, até que sejam transferidos para a construção os pontos de referência
definitivos. Consiste, em geral, nos passos a seguir.
Colocação dos piquetes no limite da obra - de acordo com as medidas da planta de situação,
obedecendo aos afastamentos da via pública e do terreno vizinho, conforme as normativas municipais.
Locação e construção dos cavaletes (Figura 47) - tábuas pregadas em pontaletes, horizontlizadas, em
nível e no esquadro, afastadas de 1 a 2 metros em volta de toda a obra, onde serão demarcadas as
paredes, os pilares, as aberturas e todos os demais elementos, seguindo padrões e convenções.
Locação dos pilares e paredes nos cavaletes - com auxílio de linhas, trenas, esquadros e partindo de
dois alinhamentos ortogonais usados como origem, são locados através de pregos os eixos de todas as
paredes e pilares em relação à origem.

Figura 47 – Locação pelo processo da tábua corrida ou gabarito tradicional, largamente usado nas
pequenas e médias edificações.

Através dessa estrutura de tábua corrida ou gabarito cria se uma espécie de sistema de coordenadas
planas retangulares locais onde todos os pontos são definidos pelo cruzamento dos eixos, os quais são
materializados por fios metálicos e/ou linhas de nylon esticadas a partir de pregos fixados na estrutura
de tábua corrida, Figura 48.

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Figura 48 – Detalhe da locação de um pilar ou elemento similar pelo processo da tábua corrida ou
gabarito tradicional.

Figura 49 – Detalhe da colocação em esquadro no processo da tábua corrida ou gabarito tradicional.

Neste método é indispensável traçar paralelas e perpendiculares no terreno para marcar os


alinhamentos das paredes da construção, determinando o esquadro, Figuras 49 e 50. Isto serve de
referência para locar todas as demais paredes. Um método simples consiste em formar um triângulo
retângulo através das linhas dispostas perpendicularmente, cujos lados meçam 3, 4 e 5 m (Triangulo de
Pitágoras), fazendo coincidir o lado do ângulo reto com o alinhamento da base. Outro método consiste
na utilização de um esquadro metálico (0,60 x 0,80 x 1,00m) para verificar o ângulo reto. O esquadro
deve ficar tangenciando as linhas sem tocá-las, quando as linhas ficarem precisamente paralelas ao
esquadro garante-se o ângulo reto.

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Figura 50 – Locação pelo processo da tábua corrida ou gabarito tradicional para pequenas edificações

Nas obras de grandes estruturas são aplicados os métodos topográficos mais precisos com uso de
estação total e/ou teodolito e/ou equipamentos GPS/GNSS, conforme Capítulo 10 (Topografia
Aplicada à Construção de Estradas) e os exercícios teóricos e práticos resolvidos e a resolver.
Exercicios:
1) Dada a planta do lote de 15 x 40 m contendo o projeto arquitetônico (um bloco centralizado de
10x10m com dois anexos simétricos de 10x5m, preparar a caderneta de locação (Az e Dist_Hz) com
uma estação total a partir do Marco de Testada Sul-Oeste do Lote tendo como referência o Marco de
Testada Norte-Oeste do Lote.

2) Dadas as coordenadas do Ponto Estação de Locação A1: E608677,70; N7802761,20; H 810,680 e o


Azimute para o Ponto FACE: 253 02' 04,11754''. Calcular os elementos para locação com uma
estação total dos cantos de um edifício cujas coordenadas planas retangulares (Sistema Local Quase
UTM-23K-WGS84) são:
Canto1: E608680,00; N7802745,00
Canto2: E608686,19; N7802750,07
Canto3: E608692,52; N7802742,33
Canto4: E608686,34; N7802737,26
Verificar a qualidade da locação feita no campo, medindo, com a trena, os lados e as diagonais do
edifício. Caso seja necessário, converter as medidas do Plano Topográfico Local para UTM usando o
Fator de Escala K e a Convergencia Meridiana C.
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3) Fazer a Locação com receptores GPS de um galpão retangular de 22m por 28m cujas coordenadas
planas retangulares (Sistema Local Quase UTM-23K-WGS84) são:
Gp1: 608718,00; 7802808,00
Gp2: 608740,00; 7802808,000
Gp3: 608740,00; 7802780,00
Gp4: 608718,00; 7802780,00
Verificar a qualidade da locação feita no campo, medindo, com a trena, os lados e as diagonais do
Galpão. Caso seja necessário, converter as medidas do Plano Topográfico Local para UTM usando o
Fator de Escala K e a Convergencia Meridiana C.
4) A partir de uma Referência de Nível (RN) demarcar no terreno, através de estacas fincadas no solo,
a Curva de Nivel de altitude 810,00 m e também a de altitude 811 m.
5) Locar/demarcar os afastamentos laterais (OFFSET) dos taludes de corte 1/1 (100%) e de aterro 1/2
(50%) de uma via a ser construída no local (coincidente com a via existente 2m de aterro e 3m de
corte). Por tentativa e erro e calculados.

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10 - TOPOGRAFIA APLICADA À CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS


A construção de uma rodovia é composta de várias etapas. Pelo menos quatro delas -
Reconhecimento, Exploração, Projeto, Locação e Construção - dependem do apoio indispensável da
topografia. Portanto, segue uma breve descrição alguns detalhes de cada uma dessas etapas principais.
10.1 Reconhecimento ou anteprojeto

Consiste na obtenção de dados planialtimétricos aproximados de uma faixa larga do terreno para
seleção de um ou mais traçados adequados a serem explorados com mais detalhes em uma fase
posterior. Na fase de reconhecimento definem-se os Pontos Obrigatórios, ou seja, locais obrigatórios
por onde o traçado deverá passar. Tais pontos seriam cidades, povoados, gargantas de morros,
travessias de córregos, rios e outros que possuem algum interesse especial, seja por questões
estratégicas ou de viabilidade econômica ou de melhoria do traçado (Figura 51). A definição
antecipada desses pontos facilita a escolha dos melhores traçados a serem explorados com detalhes. O
reconhecimento pode ser feito de várias formas: 1) Terrestre feito a pé, a cavalo ou por outro meio
disponível. Aerofotográfico feito por aeronaves com a tomada de fotos aéreas. 2) Por Cartas
Topográficas usando cartas e mapas já disponíveis da região. 3) Misto utilizando uma mistura dos
processos anteriores. Modernamente existem os métodos de varredura a laser, imageamento por
radares e drones/vantes, imageamento por satélites orbitais, modelos digitais de elevação e outros que
complementam e enriquecem os processos convencionais. A integração de diferentes métodos facilita
bastante o trabalho.

Figura 51 – Uma estrada planejada para ligar dois lugares A e B deve passar, necessariamente, por
alguns lugares intermediários de interesse especial chamados de pontos obrigatórios.

10.2 Exploração

Essa fase consiste na locação em campo do traçado geral escolhido na fase de Reconhecimento, por
meio da implantação de uma poligonal aberta chamada Linha Poligonal de Ensaio (LPE). As linhas
retas dessa poligonal (LPE) são chamadas de tangentes.
Na sequência vem o estabelecimento e a materialização de um sistema de referência para a obra através
do ESTAQUEAMENTO contínuo da LPE, com marcações equidistantes geralmente de 20 em 20 m,
através da cravação de piquetes numerados sequencialmente. Quaisquer pontos/feições de interesse da
obra existentes entre duas estacas sequenciais são denotados por uma nova estaca que recebe a
numeração da estaca sequencial antecedente acrescida da distância em metros até o ponto/feição de
interesse. No exemplo da Figura 52 os dois pontos de inflexão das tangentes (pontos de interesse
importantes para a locação da obra) são definidos pelas notações 123 + 8.25 m e 128 + 6.30 m.
NIVELAMENTO GEOMÉTRICO das estacas da LPE seguido de contra-nivelamento a cada 3 ou 4
km para controle dos erros altimétricos.

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Levantamento de SEÇÕES TRANSVERSAIS, em cada estaca sequencial de referencia da LPE


ortogonalmente ao seu eixo cobrindo uma faixa lateral de 120 a 150 m para cada lado da LPE com
objetivos de definição do relevo local e construção de planta planialtimétrica. Os pontos notáveis de
interesse para a obra, não coincidentes com estacas sequenciais, tais como inflexões, valas, cristas, etc.,
também devem ter suas seções transversais levantadas.
Elaboração de PLANTA PLANIALTIMÉTRICA detalhada da faixa lateral levantada, na escala 1:1000
ou 1:2000, com as curvas de níveis interpoladas de metro em metro para fins de estudos e elaboração
do projeto definitivo. Atualmente todos esses passos da fase de exploração podem ser muito apoiados
pelas novas tecnologias que reduzem bastante o trabalho de campo, dando ênfase maior ao trabalho de
escritório.

Figura 52 – Locação da estrada na fase de exploração, marcação das tangentes (linha poligonal de
ensaio) e materialização de um sistema de referência através da cravação de piquetes
equidistantes e numerados sequencialmente. Pontos notáveis entre duas estacas recebem a
numeração da estaca anterior acrescida da distância desta até o ponto.

Figura 53 – Locação da estrada na fase de exploração, Levantamento de seções transversais ortogonais


ao eixo, nas estacas sequenciais e nos pontos notáveis, cobrindo uma faixa lateral ampla
para a definição geral do relevo e construção de planta planialtimétrica detalhada.

10.3 Projeto planialtimetrico

Os eixos de estradas são são formados por várias linhas retas (tangentes) conectadas por curvas de
concordância. As curvas de concordância são geralmente circulares. Nas vias de maior velocidade e
também nas curvas de raios pequenos adotam-se curvas espirais de concordância, as quais têm raio
variável para propiciar uma transição gradual, tanto na entrada quanto na saída da curva circular. A
curva irá fazer a concordância das duas tangentes que se inteceptam (tangente de RE e tangente de
VANTE, também chamadas tangentes externas) no ponto de inteseção das linhas (PI). O ponto de
concordância da tangente de RE na entrada da curva é chamado de PC e o ponto de concordância da
tangente de VANTE na saída é chamado de PT. O projeto definitivo é feito, por equipe experiente no

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assunto, com base na planta planialtimétrica detalhada elaborada na fase de Exploração e consiste das
etapas básicas a seguir
Projeto da poligonal do eixo da estrada (sem as curvas) com as retas chamadas de tangentes.
Projeto das curvas horizontais para concordância das tangentes.
Desenho do perfil longitudinal do terreno natural considerando as retas (tangentes) e as curvas
do eixo da obra.
Projeto do greide (perfil longitudinal do projeto com as rampas retas e as curvas verticais de
concordância)
Superfície de rolamento
Acostamentos
Taludes de corte e de aterro
Obras de arte (pontes e viadutos)
O projeto da estrada procura considerar o menor percurso geral de ligação, o menor movimento de
terra necessário, a rampa máxima admitida e a curva de raio mínimo admitido. De um modo geral retas
mais longas com os menores ângulos de deflexão nas tangentes e rampas longas com a menor
inclinação possível contribuem para melhorar o traçado da estrada.

Figura 54 - Eixo de estrada formado por linhas retas (tangentes AC, CF, FH) conectadas por curvas de
concordância, geralmente circulares (BD, EG). As tangentes externas (de RE e de
VANTE) se juntam no ponto de inteseção (C e F) chamado PI. O ponto de concordância
da tangente de RE na entrada da curva (B e E) é chamado PC e o ponto de concordância da
tangente de VANTE na saída (D e G) é chamado PT. Os ângulos 1 e 2 são as deflexões
das tangentes e os ângulos 1, 2 e 3 são os azimutes das tangentes.

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Figura 55 - Em vias de maior velocidade e em curvas de raios pequenos adotam-se curvas espirais de
concordância, de raio variável para uma transição gradual, tanto na entrada quanto na saída
da curva circular.

10.4 Locação do projeto no campo

A locação é a transposição dos elementos existentes no projeto da estrada para o terreno, ou seja a
demarcação e posicionamento correto de pontos, linhas, curvas, rampas, alturas, cotas, níveis, larguras,
afastamentos e tudo mais que seja importante para que a construção siga corretamente o projeto. Exige
trabalho intenso de topografia para locação, principalmente, dos seguintes elementos do projeto:
tangentes (retas), curvas horizontais de concordância, curvas verticais de concordância, rampas,
greides, pés e cristas dos taludes de corte e de aterro.
A LOCAÇÃO DAS TANGENTES é feita de forma simples e direta através da cravação de estacas em
todos os pontos de inflexão das retas acrescido da marcação sistemática sequencial de todo o eixo em
espaçamentos uniformes, geralmente de 20 em 20 m, seguindo o projeto da poligonal sem curvas,
desde o seu ponto inicial até o seu final.
A LOCAÇÃO DAS CURVAS HORIZONTAIS pode ser feita por vários processos disponíveis, porém
o método mais comum é o da corda base e dos ângulos de deflexão a partir do PC (ponto de
concordância da curva com a tangente). Este método (Figura 56) tem se mostrado prático por muitas
razões e será abordado a seguir.

Figura 56 – Elementos da curva circular para Locação pelo processo da corda base e dos ângulos de
deflexão a partir do ponto de concordância da curva com a tangente (PC).

Para melhor entendimento do processo de locação das curvas horizontais seguem-se as definições dos
elementos importantes de uma CURVA CIRCULAR para locação ilustrados na Figura 56.
CORDA BASE ou CORDA INCREMENTAL (AB) – como o raio é geralmente muito grande a curva
é traçada no terreno através de pequenas cordas de mesmo comprimento chamadas Corda Base ou
Corda Incremental. Para estradas o valor típico da Corda-Base é 20 m. CORDABASE=2R.sen(G/2)
CORDA TOTAL – correspondente à uma deflexão acumulada ou deflexão total CT= 2R.sen(dt)
GRAU da Curva (G) - ângulo central que subentende uma corda base
RAIO (R) – Raio da curva, geralmente com valores grandes. R= (½CORDABASE)/sen(G/2)
ANGULO CENTRAL (AC) - ângulo no centro da curva, possui o mesmo valor da deflexão das
tangentes ().
PEQUENAS TANGENTES (T) – parte da tangente desde o PC ou PT até o PI T = R tg (AC/2)
DEFLEXÃO DAS TANGENTES () - é o ângulo de deflexão entre as duas tangentes, tem o mesmo
valor do ângulo central da curva (AC).
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DEFLEXÃO DAS CORDAS (d) – ângulo inscrito (no PC) que subentende uma corda base
DEFLEXÃO TOTAL DAS CORDAS (dt) – ângulo inscrito (no PC) que subentende uma corda total
qualquer.
DEFLEXÃO DA CORDA MÁXIMA (D) – ângulo de deflexão da maior corda possível (D=AC/2)
DESENVOLVIMENTO DA CURVA (L) - comprimento da curva em cordas base (L = 20 x AC/G)
ou em arco (L = R * AC * PI/180)
PONTO DE INÍCIO DA CURVA (PC) – ponto da tangente onde começa a curva
PONTO DE TERMINO DA CURVA (PT) – ponto da tangente onde termina a curva
PONTO DE INTERCESSÃO (PI) - ponto de encontro das duas tangentes.
AFASTAMENTO (E) – distância do PI até o ponto médio da curva.
FLEXA ou ORDENADA MEDIA (M) – distancia do meio da curva para o meio da corda máxima.
Para garantir a manutenção do estaqueamento sequencial e uniforme ao longo do eixo as cordas inicial
e final da curva correspondem a uma fração da corda base, assim como as deflexões correspondentes
também. Todas as demais são cordas são integrais, assim como as deflexões correspondentes também.

Exercícios:
EXEMPLO: LOCAR A CURVA COM OS ELEMENTOS DE PROJETO DADOS ABAIXO
CORDA BASE = 20m GRAU (G) = 920’
DEFLEXÃO DAS TANGENTES (AC) = 6814’ ESTACA DO PI = 24 + 1.10m

CÁLCULO DO RAIO
R= (½CORDABASE)/sen(G/2) R= 10/sen(G/2) R= 10/sen(440) R=122.91m

CÁLCULO DAS PEQUENAS TANGENTES T = R tg (AC/2) T=83.27 m T= 4 + 3.27 m

CÁLCULO DAS ESTACAS DO PC e do PT SOBRE AS TANGENTES


24 + 1.10m 24 + 1.10m
- 4 + 3.27m +4 + 3.27m
----------------- -----------------
19 + 17.83m 28 + 4.37m

CÁLCULO DO DESENVOLVIMENTO DA CURVA (L) EM ARCO: L=R*AC*(PI/180)=146.37m


L = 20 x AC/G L= 20 x (6814’)/(920’) L = 146.22 m = 7 + 6.22m

CÁLCULO DA ESTACA DO PT SOBRE A CURVA


19 + 17.83m
+7 + 6.22m DEFLEXÃO POR METRO
--------------- Dm = ½G/20 Dm = G/40 Dm = 14’
27 + 4.05

CÁLCULO DAS DEFLEXÕES PARCIAIS E TOTAIS para locação no campo


Estaca Corda Defl Parcial Defl Total
-------------------------------------------------------------------------------
EST 20 2.17m 030’ 2.17 x G/40 030’
EST 21 20m 440’ G/2 510’
EST 22 20m 440’ G/2 950’
EST 23 20m 440’ G/2 1430’
EST 24 20m 440’ G/2 1910’
EST 25 20m 440’ G/2 2350’
EST 26 20m 440’ G/2 2830’
EST 27 20m 440’ G/2 3310’
EST PT 4.05m 057’ 4.05 x G/40 3407’ (D) Deflexão da Corda Máxima
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CONTROLE 2 x 3407’(D) = 6814’(AC)

LOCAÇÃO DAS CURVAS VERTICAIS


As curvas verticais usadas para fornecer uma transição suave entre as rampas retas do geide são
parabólicas, ao invés de circulares. O Ponto de Intercessão das rampas retas é o PIV, enquanto os
pontos de tangência da curva com as retas das rampas são o PCV e o PTV. As flechas serão as
distâncias verticais medidas das rampas retas até a curva. Para achar as dimensões adequadas das
curvas e das conexões com as retas, as linhas de greide são ensaiadas e testadas até se chegar a uma
situação com equilíbrio balanceado entre cortes e aterros, custos de transporte de materias,
declividades adequadas das rampas e distâncias de visibilidade satisfatórias nos topos de morros. Os
ensaios são feitos modificando o comprimento da curva L e/ou ajustando os greides das rampas. O
método mais simples para calcular os pontos de locação da curva usa as flechas da parábola a partir da
retas do geide.
Três propriedades da parábola que facilitam os cálculos:
1) A cota no ponto médio da parábola (B) equivale à media entre a cota do PIV e a cota do ponto
médio da linha reta que liga o PCV a PTV. Ou seja Cota B = Cota (2PIV + PCV + PTV)/4.
2) As flexas da parábola aumentam proporcionalmente aos quadrados das suas distâncias aos
pontos de tangência.
3) Para pontos igualmente espaçados em comprimentos horizontais, as segundas diferenças são
iguais. A primeira diferença é obtida subtraindo sequencialmente as cotas das estacas
igualmente espaçadas. A segunda diferença é obtida pela diferença sequencial entre as
primeiras diferenças.
O comprimento da curva L é definido como a distância horizontal do PCV ao PTV e deve ser
escolhido como um valor múltiplo de estacas inteiras. Assim, PCV = PIV – L/2 e PTV = PIV + L/2.

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Figura 57 – Locação da curva vertical a partir do ponto de concordância da parábola (curva) com a
rampa tangente (PCV)

Exercício: achar as cotas de projeto para uma curva (L=160m), concordando duas rampas (declive de
RE +4%, declive de VANTE -3%) que se inteceptam na estaca 65+00 com a cota 79,20m.

Exercício: Um greide reto de +3% intercepta outro de +5% na estaca 62+00, cuja a cota é 862,30m.
Ache as cotas de uma cuva de concordância de L=600m.

Exercício: Dada a planta topográfica, escolher um traçado de eixo de via com, pelo menos 3 tangentes,
definir o sistema de estaqueamento com estacas base de 20m, definindo as estacas dos PIs. Fazer o
perfil longitudinal do eixo sem curvas, definir os ângulos de deflexão das tangentes, propor os raios
adequados para as curvas circulares de concordância, calcular elementos básicos e traçar as curvas
circulares, definindo as etacas dos PCs e PTs. Fazer um novo perfil longitudinal passando pelos eixos
das curvas. Propor as rampas de projeto (pelo menos 3 rampas) definindo as estacas dos PIVs. Propor
as curvas parabólicas verticais de concordância definindo os PCVs e os PTVs. Calcular os elementos
para locação das curvas horizontais e verticais. Calcular o afastamento das estacas de OFFSET e as
alturas de cortes e aterros no eixo e nas bordas da via (Largura da Plataforma = 12m, Taludes de Corte
1/1 (100%) e de Aterro 1/2 (50%)). Definir as seções tranversais, calculando suas áreas. Calcular os
volumes de corte e de aterro no trecho considerado.

LOCAÇÃO DOS TALUDES DE CORTE/ATERRO

As bases dos taludes de corte e os topos dos taludes de aterro são coincidentes com as bordas laterais
da plataforma da estrada, portanto a locação consiste fundamentalmente na marcação dos topos dos
taludes de corte, onde se inicia a escavação e dos pés dos taludes de aterro, onde é finalizada a
deposição de terra, ou seja deve-se determinar, por cálculo, e materializar, com um piquete, em cada
seção transversal os afastamentos (Af) laterais dos pés dos aterros e topos dos cortes a partir da borda
da plataforma da estrada. Observando a Figura 60, conclui-se que no pé do talude de corte do lado
esquerdo a altura do corte é dada pela cota do terreno menos a cota do projeto (Ct-Cp), as duas rampas,
do terreno (Rt) e do projeto (Rp), têm o mesmo sinal (+) tendendo a umentar o afastamento em relação
a um terreno lateral plano. Para calcular o afastamento usa-se a inclinação equivalente (Rp-Rt)
correspondente a um talude de menor inclinação que mantenha esse mesmo afastamento em um
terreno lateral totalmente plano. Ou seja Af=(Ct-Cp) / (Rp-Rt). Já no lado direito as duas rampas, do
terreno (Rt) e do projeto (Rp), têm os sinais opostos, tendendo a reduzir o afastamento em relação a um
terreno lateral plano. Neste caso a inclinação equivalente correspondente a um talude de maior
inclinação que mantenha esse mesmo afastamento para um terreno lateral totalmente plano é (Rp+Rt) e
Af=(Ct-Cp) / (Rp+Rt). Para taludes de aterro as considerações são as mesmas, ou seja, em qualquer
dos casos é preciso conhecer a altura de corte ou de aterro na borda da plataforma (dada pela diferença
de cotas do terreno natural e do projeto) e as declividades das rampas laterais do terreno e do projeto
para chegar à rampa equivalente (para um terreno lateral plano) e aplicar a relação geométrica no
triângulo retângulo, conforme a Figura 60.

Recomenda-se atenção especial na indicação das rampas dos Taludes laterais de estradas e vias, pois
algumas referencias da literatura costumam usar uma notação invertida do tipo (1/DESNIVEL)
indicando a Cotangente da Declividade (variação de altura para cada metro horizontal). No nosso
material didático, usaremos sempre, para todos os casos, a notação da Tangente (H/Dp). Por exemplo
1/1 (100%), 1/2 (50%), 1/1,5 (67%).

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----------ACIMA EXEMPLO EM CORTE----------------- ABAIXO EXEMPLO EM ATERRO-----------

Figura 60 – Locação dos taludes onde uma das extremidades do talude lateral é sempre coincidente
com uma das bordas laterais da plataforma (caixa da estrada). A locação consiste na
marcação da outra extremidade (topo do talude de corte onde inicia a escavação e pé do
taludes de aterro onde finaliza a deposição de terra), a qual se dá pela distância de
afastamento lateral a partir da borda da plataforma.

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11 - VOLUMES DE ESCAVAÇÃO E TERRAPLENAGEM

Para determinação de volumes de terraplenagem é necessário dispor das informações do modelo


tridimensional (3D) da superfície do terreno por meio de uma planta planialtimétrica contendo as
curvas de níveis ou dispor de uma grade retangular contendo a altimetria cotada do terreno com
espaçamento adequado. Conforme já discutido, a forma mais apropriada para obtenção das curvas de
níveis em lotes pequenos, de formato geomético regular, com relevo moderadamente acidentado é o
método da malha quadriculada, seguida da medição das cotas / altitudes dos cantos dessa malha. Neste
caso, as cotas / altitudes podem ser obtidas, preferencialmente, por nivelamento geométrico feito com
nível de luneta e mira graduada. Embora outros métodos também possam ser usados, como o
nivelamento trigonométrico com teodolito e mira ou estação total. Para os terenos mais extensos, de
relevo geralmente mais acidentado torna-se mais eficiente usar o método de nivelamento
trigonométrico com uma malha irregular determinada por irradiação ou poligonação. Métodos
GPS/GNSS também são eficientes para todos os casos. De posse da planta planialtimétrica e definido o
contorno limite da área de escavação, usam-se, de preferência, para cálculo dos volumes, seções
tranversais no sentido do menor comprimento que conferem maior precisão de cálculo, embora as
diferenças (com uso de seções tranversais no sentido do maior comprimento) sejam, na prática, muito
pequenas. A Escolha de um plano de nível altimétrico de referência de cota inteira menor que a cota
mínima do terreno simplifica os cálculos, evitando a manipulação de números muito grandes.
O maior custo da terraplenagem é composto pelo trabalho de corte e transporte do material, o aterro é
uma conseqüência do corte, por isso uma obra mais econômica procura equilibrar cortes e aterros para
eliminar o custo do transporte e reduzir os trabalhos de cortes.
Um volume complexo pode ser decomposto em vários pequenos blocos de volumes menores limitados
por duas seções vizinhas (1 e 2) definidas da malha de quadriculação do terreno. Aplica-se cálculo do
VOLUME PELA MÉDIA DE DUAS ÁREAS DAS SEÇÕES EXTREMAS que é dado por:
V = ½L(A1 +A2), onde L é a distância entre as seções 1 e 2 e A1, A2 são as áreas das seções vizinhas
1 e 2.
Um volume complexo também pode ser decomposto na somatória de vários prismas menores de base
igual ao espaçamento padrão da malha de quadriculação do terreno. Assim, pode-se calcular a altura
média ponderada do paralelepípedo equivalente à soma geral de todos os prismas. Multiplica-se essa
altura ponderada pela área total da base de escavação, obtendo-se o volume pelo Método das Alturas
Ponderadas dado por: V = Altura_Media_Ponderada * Área_Total_da_Base. Seria o volume de um
paralelepipedo equivalente ao terreno irregular escavado. Para maior entendimento, seguem alguns
exemplos/exercícios práticos, usando o terreno de 60 m x 80 m da Figura 61 abaixo.

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Figura 61 – Terreno de 60 x 80 m para exemplo de cálculo de volumes. Fonte: Borges (1992).

a) Achar o volume de escavação para terraplenagem de uma plataforma horizontal abaixo da cota
mínima do terreno. Escolheu-se como exemplo a cota inteira de 30 m e consideram-se os taludes de
corte/aterro na divisa da plataforma verticais (muros de arrimo na divisa do lote).

Primeiro acham-se as alturas de corte (Hc) dadas pela Cota do Terreno Natural (Ct) menos a Cota do
Projeto (Cp): Hc = Ct – Cp. Neste caso Cp tem valor constante de 30 m, mas poderia ser variável, se a
plataforma fosse inclinada.
Cálculo das áreas (S) das seções A, B, C e D (método dos trapézios, visualizar seções na Figura 63).
SA= 20[(6.3 + 0.8)/2 + 4.8 + 3.5 + 2.2] = 281.00 m2 área da seção A pelo método dos trapezios
2
SB= 20[(6.4 + 2.1)/2 + 4.9 + 3.6 + 2.3] = 301.00 m área da seção B pelo método dos trapezios
SC= 20[(6.6 + 2.9)/2 + 5.5 + 4.4 + 3.5] = 363.00 m2 área da seção C pelo método dos trapezios
2
SD= 20[(7.2 + 3.9)/2 + 6.3 + 5.8 + 5.1] = 455.00 m área da seção D pelo método dos trapezios
Cálculo do volume de escavação acima da cota 30 pela soma dos prismas individuais entre duas seções
VAB = (SA + SB)20/2 + VBC = (SB + SC)20/2 + VCD = (SC + SD)20/2 = 20640.00 m3
Cálculo do volume simplificando a fórmula (método trapezoidal que dá o mesmo resultado anterior)
VTOTAL = 20[(281 + 455)/2 + 301+ 363] = 20640.00 m3

b)- Achar a cota/altitude para construção de uma plataforma horizontal que resulte em volumes iguais
de corte e aterro. Diz-se que é a cota mais econômica, pois não há transporte externo de terra. Para este
caso vamos considerar o resultado do exemplo anterior, ou seja taludes de corte/aterro na divisa do lote
verticais e a cota 30 m como referência arbitrária (abaixo da menor cota do terreno para simplificar os
cálculos). Transformar o terreno em uma plataforma horizontal com volumes iguais de corte e aterro
equivale a construir um paralelepido com volume equivalente ao volume acima da cota 30 (visualizar
seções e a cota equivalente da plataforma na Figura 63).

V(paralelepipedo) = Altura_Media_Ponderada * Área_Total_da_Base


Altura_Media_Ponderada = 20640 m3 /(60m x 80m) = 4.30 m acima da cota 30m
Cota mais econômica = 4.30 + 30 = 34.30 m (resulta em volumes de cortes e aterros iguais).

Essa cota é representada no terreno natural por uma curva de nível denominada Curva de Passagem
(passagem de corte para aterro). Deve ser locada fisicamente no terreno através de piquetes para
orientar as operações de terraplenagem. A locação no terreno pode ser feita com o nível de luneta
(nivelamento geométrico) fazendo uma leitura RE em qualquer um dos pontos da malha, calculando a
leitura vante certa e aplicando essa leitura vante constante ao longo de vários pontos espaçados no
terreno, definindo a curva de nível de passagem.
Exemplo: Considerando o terreno da Figura 61, se o nivel de luneta for instalado em um ponto
qualquer do terreno e obtiver a leitura RE de 1700 mm no ponto A3(cota=35.5m) então a leitura de
vante que deverá ser aplicada nos vários pontos para definir a curva de passagem (34.3m) é 900mm
(34.3m – (35.5m +1700mm) = 900mm). Se o operador da mira graduada está em um ponto de vante
1000mm ele deverá subir no terreno, se estiver em um ponto de vante 800mm deverá descer a encosta
até que a leitura vante estacione exatamente em 900mm.

Verificação do cálculo do volume por outro método (Alturas Ponderadas)


O volume total é equivalente à somatória dos vários prismas individuais da malha (neste caso 12) cuja
base é igual ao espaçamento padrão da malha de quadriculação do terreno (20x20m). A altura de cada
prisma individual é dada pela média aritmética das 4 alturas dos seus cantos. Assim, cada altura de
canto, dependendo da vizinhança, pode entrar no cálculo do volume de 1, 2, 3 ou 4 prismas
individuais. Portanto, calcula-se uma altura média ponderada única de todos os cantos e obtém-se o
volume multiplicando essa altura média ponderada pela área total da base de escavação:

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Cotas de Cotas de Cotas de SOMA TOTAL das


PESO 1 PESO 2 PESO 4 COTAS PONDERADAS
6.3 4.8 4.9 18.2
0.8 3.5 3.6 91.4
3.9 2.2 2.3 96.8
7.2 2.1 5.5 ----------
--------- 2.9 4.4 206.4
18.2 5.1 3.5
5.8 ---------
6.3 24.2
6.6 x4
6.4 ---------
---------- 96.8
45.7
x2
91.4 Soma total dos pesos = 4x1 + 10x2 + 6x4 = 48
Altura_Media_Ponderada = 206.4/48 = 4.30  4.30 + 30 = 34.30 m (mesmo valor encontrado antes).
VolumeTotal = 4.30 x 60 x 80 = 20640.00 m3

Figura 62 – Um volume grande e complexo é decomposto em pequenos blocos menores limitados por
duas seções vizinhas (A1 e A2) separadas por uma distância (L). O volume é obtido fazendo o produto
da área média (Am) pela distância entre as duas seções extremas: V = ½L(A1 +A2).

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Figura 63 – Seções usadas no cálculo do volume. Fonte: Borges (1992).

c) - Achar o volume de terra cortada/aterrada (visualizar ilustrações da Figura 63)

Aplicar a cota 34.3 em cada seção transversal A,B,C.e D


Lançar as alturas de corte e aterro em cada vértice das seçoes A,B,C.e D
Calcular as áreas de corte e de aterro separadamente em cada seção A,B,C e D
Calcular os volumes de corte e aterro (que serão iguais) conforme tabela a seguir.

SEÇÃO CORTE ATERRO


ÁREA A 26.9225 89.9240
ÁREA B 29.7690 72.7695
ÁREA C 48.1110 29.1120
ÁREA D 112.3320 1.3340
VOLUME 2950.1450 2950.2100

d) Achar os volumes de corte e aterro para construção de uma plataforma horizontal na cota 34 m.

Aplicar a cota 34 em cada seção transversal A,B,C e D


Lançar as alturas de corte e aterro em cada vértice das seções A,B,C e D
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Calcular as áreas de corte e aterro em cada seção A,B,C e D


Calcular os volumes de corte e aterro os quais serão diferentes.

Empolamento - é o aumento de volume sofrido pelo material ao ser removido do seu estado natural.
Por exemplo: areia = 12%, argila = 40%, calcário = 67% são taxas médias de empolamento.
No caso de transporte de material escavado o empolamento aumentará o custo, tendo em vista o
aumento donúmero de viagens.

O volume também pode ser determinado pelo método das áreas das curvas de níveis dentro do limite
da escavação. É similar ao método das áreas das seções extremas, mas neste caso as seções são as
curvas de níveis (seções horizontais), sendo necessário conhecer as suas áreas dentro do contorno da
escavação. Por exemplo, resolvendo a questão do item (a) por este método foram inicialmente
determinadas as areas das curvas de níveis da Figura 61. A área limitada pela curva de nível 30 m
coincidirá exatamente com a base limite da escavação A30=4800 m2. Já a área limitada pela curva de
nível 31 m, um pouco menor, será A31=4796 m2, a curva A32=4562 m2, a curva A33=3721 m2, a
curva A34=2733 m2, a curva A35=1657 m2, a curva A36=623 m2, a curva A37=14 m2. A distância
vertical entre as curvas é de 1 metro, logo o volume será VTOTAL = 1[(4800 + 14)/2 + 4796 + 4562 +
3721 + 2733 + 1657 + 623] = 20500.00 m3. O resultado final apresenta-se ligeiramente diferente do
anterior em virtude do formato sinuoso das curvas de níveis, resultante da interpolação e suavização,
exigir um trabalho mais cuidadoso no cálculo da área.

Exercícios:

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12 - MODELOS DGITAIS DE ELEVAÇÃO

Conforme discutido em tópicos anteriores, a forma mais tradicional de representação do relevo da


superfície terrestre tem sido feita por meio de curvas de níveis e pontos cotados em cartas, mapas e
plantas topográficas. Podem-se usar também perfis topográficos, cores hipsométricas, sombreamentos
e hachuras. Estas formas de representação, apesar do seu reconhecido valor e uso tradicional desde
longas datas, não permitem fazer análises numéricas, simulações e modelagens eficientes, que
forneçam respostas rápidas e adequadas para as crescentes demandas por aplicações de dados
espaciais. Os Modelos Digitais de Elevação (MDE) ou Modelos Digitais de Terrenos (MDT) se
apresentam como alternativa tecnológica natural para lidar com a representação e análise eficiente da
variação continua da altimetria.
Um Modelo Digital de Terreno (MDT) é uma representação matemática da distribuição contínua do
relevo dentro de um espaço geográfico de referência, armazenada em formato digital adequado para
processamento computacional. Tem se mostrado uma ferramenta eficiente para a informação espacial,
permitindo modelagem, análise e exibição de variáveis relacionadas ao terreno, principalmente o
relevo. Atualmente tem sido a forma mais utilizada para representação de características físicas de uma
superfície utilizando softwares de SIG. Seu uso não se restringe apenas à representação do relevo,
estendendo-se a quaisquer variáveis espaciais que tenham distribuição contínua na superfície terrestre.
Alguns dos principais usos e aplicações dos MDE/MDT em topografia, cartografia e SIG são:
1. Armazenamento da altimetria para mapas digitais em Sistemas de Informações Geográficas
2. Solução de problemas de corte, aterro e cálculo de volumes nos projetos de rodovias, ferrovias e
outros projetos de Engenharia Civil de uma forma geral.
3. Geração automática de curvas de nível com a escolha da eqüidistância vertical desejada.
4. Geração de perspectivas tridimensionais, bloco-diagramas, perfis topográficos e seções transversais
do terreno.
5. Planejamento de vias de comunicações, transporte de energia e localização de represas.
6. Planejamento de reservatórios, estudo de redes de drenagem, delineamento de bacias, estimativa de
erosão e escoamento.
7. Estudos geomorfológicos , estimativa de erosão e escoamento.
8. Orto-Retificação de fotografias aéreas e imagens de Sensoriamento Remoto.
9. Preparação de mapas de declividade, mapas de orientação de encostas, mapas de relevo sombreado
10. Representação tridimensional de paisagens para orientação de mísseis militares, aeronaves,
treinamento de pilotos e outros propósitos.
11. Fundo tridimensional para informações temáticas como solos, vegetação, uso do solo, etc.
12. Análise de intervisibilidade e comunicação.
13. Planejamento de paisagens arquitetônicas e simulação de fenômenos, etc.
As estruturas de armazenamento para MDE/MDT requerem soluções numéricas computacionalmente
eficientes e precisas para atender às funções de análises. Apesar de existirem várias estruturas de
representação disponíveis, as duas mais utilizadas em MDT são as Grades Regulares ou Matrizes de
Elevação e as Redes de Triângulos Irregulares (TIN). A Figura 64 ilustra uma visão geral desses dois
tipos de estruturas que serão vistas com mais detalhes em outras disciplinas do curso.

Figura 64 – MDT em grade regular à esquerda. MDT em grade TIN no centro e MDT em gradae TIN
com sobreposição do relevo sombreado à direita.
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Topografia - Notas de Aulas Página 96

Os dados fundamentais necessários para geração de MDT/MDE são os arquivos de coordenadas


tridimensionais X,Y,Z (Este, Norte, Altitude) referentes a pontos de amostras apropriadas do terreno e
as principais fontes desses dados são:
1. Levantamentos de Campo por meio de Topografia clássica e de Receptores do Sistema GPS.
2. Métodos Fotogramétricos que usam restituidores e aerotrianguladores analíticos e digitais.
3. Satélites de Sensoriamento Remoto com capacidades estereoscópicas e/ou interferométricas (Spot,
Ikonos, Quick Bird, Radares).
4. Sistemas ativos de varredura a Laser e radares aerotransportados que tem disponibilidade cada vez
maior.
5. Digitalização de Mapas e Plantas Topográficas (CAD) que fornecem Arquivos gráficos de curvas
de nível e pontos cotados.
Para dar uma idéia geral do potencial dos MDT/MDE segue uma lista de aplicações com breve
descrição dos principais produtos derivados de análises de MDT:
Modelo Digital de Elevação – MDE (ou DEM – Digital Elevation Model): é o termo utilizado quando
a superfície modelada refere-se a uma variável genérica. Assim, o MDE é o modelo matemático
contínuo que representa a forma da superfície, ou seja, a variável considerada na aplicação em função
das suas coordenadas cartográficas. Às vezes é também referido como modelo numérico de elevação
(MNE).

Modelo Digital de Terreno - MDT (ou DTM – Digital Terrain Model): é o termo utilizado quando a
superfície modelada refere-se ao terreno natural, nu e desprovido dos demais elementos de cobertura
do solo como árvores, edificações, objetos artificiais, etc. Às vezes é também referido como modelo
numérico de terreno (MNT).

Modelo Digital de Superfície - MDS (ou DSM – Digital Surface Model): é o termo utilizado quando a
superfície modelada refere-se ao terreno incorporando todos os objetos que compõem a cobertura do
solo como a vegetação, edificações e outros elementos de cobertura do terreno. Às vezes é também
referido como modelo numérico de superfície (MNS).

Modelo Digital de Alturas - MDA (ou DHM – Digital Height Model): é o termo utilizado quando se
faz a diferença entre um MDS e um MDT. Pode ser, por exemplo, um MDA de árvores representando
a altura da mata quando se tratam de aplicações de florestas, um MDA de cortes e aterros em
aplicações de Engenharia Civil e atividades de mineração.

Blocos-Diagrama e Perfis de Superfície - Os Blocos-diagrama são vistas perspectivas tridimensionais e


constituem uma forma visualmente eficiente de mostrar a distribuição contínua de uma variável
quantitativa no espaço geográfico por meio de uma visão perspectiva e realista. São produtos muito
úteis para mostrar vários tipos de informação da paisagem e podem ser usados como suporte para
intervenção no ambiente antecipando possíveis impactos e efeitos na paisagem. A construção de um
Bloco-diagrama requer a especificação de um ponto de observação e o fator de exagero da escala
vertical. Perfis verticais, que são cortes no modelo através de planos verticais, podem ser produzidos
para complementar as análises dos Blocos-diagrama permitindo maiores níveis de detalhamento para
estudos de situações específicas.

Estimativa de Volumes de Corte/Aterro - Muitos problemas de Engenharia Civil requerem a


modelagem do terreno para estimar os cortes e aterros necessários para obras de intervenção na
paisagem. Estimativas precisas dos materiais devem ser calculadas para avaliação de custos,
planejamentos e impactos. Várias operações e possibilidades podem ser consideradas. Em uma
situação típica constrói-se um MDT do terreno natural antes da obra começar e um MDT do terreno
considerando a obra proposta. Pela diferenciação de ambos pode-se estimar o material removido ou
adicionado.

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Curvas de Níveis - Curvas de Níveis podem ser facilmente obtidas nos modelos de grade regular,
reclassificando células nas classes apropriadas de altitudes e atribuindo cores ou tons de cinzas as
diferentes classes. Algoritmos de concatenação, afinamento e suavização podem ser utilizados para
melhorar os resultados. Nos modelos TIN as curvas de níveis são facilmente obtidas pela interseção de
planos horizontais com a malha triangular e posteriormente submetidas a algoritmos de suavização
para quebrar o aspecto anguloso das curvas produzidas.

Mapas de Visibilidade - Estes produtos são muito importantes para operações militares e planejamento
de redes de comunicação. Podem ser obtidos a partir de grades regulares ou redes de TIN pela
varredura de raios que começam no ponto de observação e são dirigidos a todos os pontos do modelo.
Todos os pontos não escondidos por outras células do modelo são codificados como visíveis no mapa.
Elementos da paisagem podem ser acrescentados ao modelo para levar em consideração seus efeitos na
intervisibilidade da paisagem.

Mapas de Declividade, Exposição, Convexidade e Concavidade – Com as altitudes do terreno


representadas em grades regulares ou redes TIN, é possível usar diferentes procedimentos para extrair
declividades e outros atributos da forma do terreno que são muito úteis para diversos estudos.
Declividade, máximo declive ou gradiente é a maior taxa de variação de altitude do plano tangente à
superfície modelada pelo MDE. Não existem classes padronizadas para declividade, variando de região
para região e de aplicação para aplicação, entretanto seis classes geralmente costumam dar resultados
muito satisfatórios. Exposição ou aspecto é o azimute da direção da linha de máximo declive do plano
tangente à superfície modelada pelo MDE. O aspecto geralmente é dividido em oito classes
padronizadas N, NE, E, SE, S, SW, W, NW, acompanhando as direções da rosa dos ventos.
Convexidade é taxa de variação da declividade do terreno quando positiva, ou seja, quando a
declividade aumenta progressivamente. Concavidade é taxa de variação da declividade do terreno
quando negativa, ou seja, quando a declividade decresce à medida que se avança no terreno. Esses
atributos são muito importantes para estudos de geomorfologia.

Mapas de Relevo Sombreado - Os mapas de relevo sombreado podem realçar muito o realismo dos
resultados finais onde os aspectos tridimensionais podem ser precisamente retratados. O princípio
básico do mapeamento automático de relevo sombreado é baseado em um modelo onde o terreno é
feito de um material ideal, iluminado a partir de certa posição, usualmente 45 graus acima do horizonte
na direção Nordeste. O resultado se assemelha a uma foto aérea, embora seja conceitualmente diferente
em vários aspectos.

Extração Automática de Feições da Paisagem - A drenagem e os divisores de águas podem ser


derivados do MDT por meio de procedimentos automáticos. Para detectar divisores é necessário
identificar todos os locais de convexidade para baixo (). Para o caso de drenagens devem ser
identificados os locais de concavidade para cima (). Para delimitar o contorno de uma bacia é
necessário achar todos os locais de convexidade para baixo () nos limites externos da bacia. A busca
do limite da bacia pode ser feita por meio de algoritmos recursivos começando na foz do canal
principal.

Geração de Ortofotos Digitais com Auxílio de MDT – A fotografia aérea vertical é uma projeção de
perspectiva central onde os objetos da Terra são ampliados ou reduzidos conforme estejam mais ou
menos elevados em altitude, assim a escala da fotografia diferentemente de um mapa é variável em
cada ponto. Se quisermos um produto híbrido que preserve a imagem fotográfica e ao mesmo tempo
tenha uma escala única como um mapa é necessário gerar uma ortofoto. A geração tradicional de
ortofotografias ou de ortofotocartas é um processo óptico mecânico em que são juntados em uma única
foto pequenos fragmentos de aerofotos convencionais, com o objetivo de formar uma imagem única,
em projeção vertical isenta das variações de escala causadas pela variação do relevo do terreno
(LILLESAND e KIEFER, 1999). As técnicas de ortofotografia digital aperfeiçoaram e simplificaram
este processo. Em vez do processo analógico de seleção de fragmentos da fotografia, é formado um
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modelo matemático para cada foto, considerando os parâmetros da câmara aérea, do vôo e as
informações do relevo do terreno por meio de um MDT. Este modelo matemático composto é utilizado
por um algoritmo que é aplicado sobre cada pixel da imagem original da fotografia aérea formando
uma imagem digital ortorretificada. As imagens ortorretificadas são então combinadas, formando
ortofotos digitais, similares às ortofotos tradicionais. O resultado final do processo é uma imagem
digital que pode ser utilizada diretamente por um SIG de base raster, ou utilizada como informação de
fundo de SIG vetoriais. Os principais parâmetros a determinar na formação de ortofotos digitais são a
resolução desejada para a imagem final e o grau de refinamento do modelo digital do terreno que se
pretende utilizar na ortorretificação da imagem. Imagens de maior resolução e MDT mais refinados
produzem ortoimagens mais precisas.
A Figura 65 ilustra uma aplicação MDT usando o software SPRING onde foram gerados vários
produtos derivados de análises de MDT.

Figura 65 – Aplicação de MDT usando a plataforma SIG SPRING. Grade regular com a sobreposição
das curvas de níveis (acima à esquerda). Imagem do relevo sombreado gerada a partir do
MDT (acima à direita). Visão perspectiva (bloco-diagrama) com a sobreposição de
texturas com temas de classificação (abaixo).

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13 - NOÇÕES DE AEROFOTOGRAMETRIA

O OBJETIVO desta unidade didática é introduzir os conceitos fundamentais de aerofotogrametria,


identificar as etapas de um levantamento aerofotogramétrico e compreender aerofotogrametria como
um como método alternativo ao levantamento topográfico convencional para confecção de plantas e
mapas topográficos. Aerofotogrametria é uma a técnica que permite obter medidas bastante precisas
por meio de fotografias aéreas. Seu uso mais comum é justamente na preparação de mapas
planialtimétricos para cartografia, topografia e geoprocessamento. Toda a seqüência de estudos de uma
auto-estrada pode ser feita, com muitas vantagens, pelo método de aerofotogrametria. Sua base
matemática e geométrica é o princípio da estereoscopia ilustrado na Figura 66.

Figura 66 – Paralaxe estereoscópica base da fotogrametria. Fonte: Reedy (2008)

13.1 Sistema de mapeamento cartográfico sistemático

Chamamos de Mapeamento Sistemático Brasileiro ou Sistema Cartográfico Nacional o esquema de


cartas e mapas topográficos nas escalas padronizadas de 1:25.000, 1:50.000, 1:100.000, 1:250.000,
1:500.000 e 1:1.000.000, segundo uma articulação geográfica sistemática padronizada formando uma
grande série cartográfica (Figura 67). Este mapeamento é todo obtido e freqüentemente atualizado pelo
método aerofotogramétrico. Os mapas e plantas gerados são considerados um pré requisito para o
desenvolvimento do país, e é considerada uma obrigação dos órgãos do Governo provê-los e mantê-los
atualizados para uso da comunidade em geral. No Brasil os principais órgãos executores do
mapeamento cartográfico sistemático são o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e a
Diretoria do Serviço Geográfico do Exercito – DSGE. As escalas e a articulação geográfica das folhas
oficiais do mapeamento sistemático nacional obedecem ao esquema mostrado abaixo.

Escala Subdivisão Amplitude | Escala Subdivisão Amplitude


|
1:1.000.000 6º X 4º | 1:100.000 30’ X 30’
4 FOLHAS | 4 FOLHAS
1:500.000 3º X 2º | 1:50.000 15’ X 15’
4 FOLHAS | 4 FOLHAS
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1:250.000 1,5º X 1º | 1:25.000 7,5’ X 7,5’


6 FOLHAS |
1:100.000 30’ X 30’ |

Figura 67 – Visão esquemática do Mapeamento Sistemático Brasileiro ou Sistema Cartográfico


Nacional. Fonte: Fitz (2000)

A atual cobertura nacional de mapas feitos felos órgãos oficiais não é adequada e deixa muito a desejar
em vários aspectos. Toda a extensão territorial do país já deveria ter a cobertura completa pelo menos
em escala 1:100.000, atualizada de 10 em 10 anos. Considerável parte do país não tem esta cobertura e
,onde ela existe, há mapas com mais de 30 anos sem qualquer atualização. A cobertura de 1:50.000 que
deveria mapear as regiões de crescimento urbano com os aspectos econômicos e sociais em expansão
é muito escassa e bastante desatualizada. A cobertura de 1:25.000 que deveria mapear as regiões
densamente urbanizadas e com desenvolvimento econômico e social em franca aceleração também é
quase inexistente e bastante desatualizada.
13.2 Princípios geométricos da fotogrametria

Uma foto aérea é uma projeção de perspectiva central, do terreno, portanto sua escala é sempre
variavel com a variação da altitude do terreno: nos topos de morros a escala é maior do que nos fundos
dos vales. Uma planta ou carta é uma projeção ortogonal do terreno e sua escala é constante em
qualquer situação do relevo do terreno. Assim, uma foto não equivale a uma planta, pois não tem
escala constante nem traz qualquer informações da altimetria do terreno. Mediante medidas sobre
fotografias obtidas em pares estereoscópicos é possível construir plantas e cartas topograficas.
As CÂMARAS AÉREAS são cámaras especiais com correção das lentes, dispositivo de estabilização,
intervalômetro, plano focal grande de 23 x 23 cm e filmes especiais. As fotos verticais têm inclinação
máxima em torno de 3. As Marcas fiduciais são marcas laterais que permitem definir o ponto
principal (PP) que é a projeção do centro óptico da objetiva, definida pelo cruzamento dessas marcas
fiduciais.
Distância focal (f) é a distância do centro óptico da objetiva até o plano do filme. A Altura de voo H é a
distância vertical do centro da objetiva até o plano de referência do terreno. A Escala média da foto é
dada por E=f/H. A Escala em um ponto de altura h acima do plano de referência do terreno é dada por
E=f/(H-h).

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As fotos são obtidas em Faixas de vôo que são fotografias sequenciais com superposição longitudinal e
lateral. O Recobrimento longitudinal é de aproximadamente 60%, enquanto o Recobrimento lateral é
de aproximadamente 30%.
A obtenção de medidas precisas do terreno através das fotos aéreas se baseia nos princípios da
estereoscopia. A Estereoscopia é a combinação de duas imagens de um mesmo objeto produzindo a
visão tridimensional e os Estereoscópios são os aparelhos que permitem a visão tridimensional de
fotografias. A Paralaxe estereoscópica é a diferença algébrica das coordenadas fotográficas das duas
imagens de um mesmo ponto em duas fotos estereoscópicas. Quanto maior a paralaxe maior a altitude
do ponto. A medida da paralaxe permite calcular a altitude atarvés das relações geométricas:
P = x - x’
h = H - Bf/p H = h + Bf/p
S = f/(H-h) = P/B
X = x/S = xB/p
Y = y/S = yB/p
onde
XeY coordenadas do ponto no terreno
xey coordenadas do ponto na fotografia
S escala
B (base) distância real entre os centros das fotos
Medidas de paralaxe para conversão de coordenadas fotográficas em coordenadas de terreno podem ser
feitas com a barra de Paralaxe. O Traçado de curvas de nível com a barra de paralaxe pode ser feito
fixando na barra o valor da paralaxe equivalente a uma dada altitude e deslocando a barra com a marca
sempre tangenciando o terreno. A paralaxe equivalente a curva de altura h é dada por p=Bf/(H-h).
Medidas mais precisas e mapas completos são feitas com aparelhos Restituidores Fotogramétricos que
são aparelhos que permitem a transformação completa da projeção cônica das fotografias em projeção
ortogonal, gerando mapas e modelos tridimensionais de terrenos.
13.3 Etapas do levantamento aerofotogramétrico para produção de mapas

Apesar do surgimento de novas tecnologias de mapeamento, os mapas e cartas topográficos ainda são
maciçamente elaborados pelo Método Aerofotogramétrico, o qual consiste em utilizar um avião
equipado com uma câmara métrica que toma fotografias seqüenciais parcialmente sobrepostas, em
faixas paralelas, recobrindo toda a área a ser mapeada. O processo pode ser resumido nas seguintes
etapas principais.
Planejamento e execução do vôo - É a etapa que consiste em definir com antecedência vários
elementos importantes para a execução do vôo, tais como a aeronave, a distância focal da câmara
aérea, a altura de vôo, a superposição longitudinal e lateral das fotos, o número de fotos por faixa, o
número de faixas do vôo, o total de fotos, a quantidade de filmes. Após a elaboração do plano de vôo
com todo seu detalhamento segue-se a sua execução.
Trabalhos de laboratório - Essa etapa consiste na revelação dos filmes, produção das fotos em papel e
diapositivos (transparências) para serem utilizadas nas fases de restituição e reambulação.
Recentemente já estão disponíveis câmaras digitais que dispensam completamente essa etapa.
Levantamento dos pontos de apoio terrestre para a restituição - A orientação absoluta dos modelos
estereoscópicos requer um georeferenciamento tridimensional preciso para correlacionar
adequadamente o modelo fotogramétrico com o terreno. Assim, esta etapa consiste na medição em
campo, através de levantamento topográfico/geodésico, das coordenadas UTM e altitudes de um
conjunto de pontos que sejam bem identificáveis tanto nas fotografias como no terreno chamados
pontos de controle que servirão para ajustar a escala e altitudes dos modelos com a precisão necessária.
Aerotriangulação fotogramétrica - O trabalho de campo da fase anterior representa um dos custos mais
elevados do projeto fotogramétrico. Assim, a finalidade desta fase é aumentar o conjunto de pontos de
controle da fase anterior, sem a necessidade de trabalho de campo, visando economia de custos. O
trabalho consiste em uma metodologia para determinar as coordenadas UTM de um grande conjunto de
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pontos cujas coordenadas são medidas apenas nas fotografias utilizando aparelhos fotogramétricos e
submetidos a ajustamentos por métodos estatísticos.
Reambulação das fotografias - Essa etapa consiste na coleta de dados e informações relativos à
toponímia, hidrografia, orografia, divisões políticas e tudo mais que não pode ser obtido diretamente
das fotografias. A equipe de campo leva um conjunto de fotografias e vai anotando nas próprias fotos
as informações importantes que devem constar no mapa.
Restituição fotogramétrica - Essa etapa consiste na construção do mapa a partir dos diapositivo
fotográficos montados em pares estereoscópicos, ajustados e georeferenciados tridimensiomalmente
através dos pontos de controle, formando os modelos estereoscópicos. Os modelos estereoscópicos são
uma réplica do terreno em escala reduzida. Em outras palavras, consiste na transformação da projeção
cônica das fotografias aéreas em projeção ortogonal executada em aparelhos otico-mecânicos de
precisão chamados restituidores fotogramétricos. Atualmente estão disponíveis os restituidores digitais
baseados em computadores que dispensam os dispositivos otico-mecânicos, melhoram a precisão e a
aumentam produtividade.
Trabalhos de edição e produção final de originais de mapas - São trabalhos destinados consertar erros e
fazer acertos gerais para produzir 4 pranchas finais ou fotolitos correspondentes às cores de impressão
ciano, magenta, amarelo e preto para produzir cartas impressas coloridas. Modernamente esta etapa
tem sido completamente elaborada através de computadores utilizando softwares de editoração
eletrônica de forma muito mais simplificada, aprimorada e eficiente.

Exercícios
Em um vôo fotográfico com uma camara de distância focal f = 152 mm e altura de vôo H= 4560 m,
calcule a escala média da foto aérea e a escala no topo de um morro 400 m acima do plano de
referência do terreno.
Em = f/H E = 0.152/4560 E = 1/30000

Eh = f/(H-h) E = 0.152/4160 E= 1/27368

Com base em duas fotos consecutivas de um vôo aerofotogramétrico, calcule a distância entre os dois
pontos I e J no terreno, sabendo que a base fotográfica (distância, no terreno, entre os pontos principais
das duas fotografias consecutivas) mede 565 metros. As coordenadas dos pontos I e J medidas na
fotografia são: xi =2,30 cm; yi = 1,80 cm; xj = 5,50 cm; yj = 5,00 cm e as paralaxes medidas nos
dois pontos valem Pi = 90,50 mm; Pj = 93,00 mm.

Xi = xiB/pi Xi = (23mm x 565m)/90,50mm = 143,59 m


Yi = yiB/pi Yi = (18mm x 565m)/90,50mm = 112,38 m

Xj = xjB/pj Xj = (55mm x 565m)/93,0mm = 334,14 m


Yj = yjB/pj Yj = (50mm x 565m)/93,0mm = 303,76 m

dij=[(Xj-Xi)2 + (Yj-Yi)2] = 270,07 m

Exercícios:

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14 - TOPOGRAFIA NOS TRABALHOS SUBTERRÂNEOS

APLICAÇÕES

Trabalhos de mineração
Túneis para rodovias e ferrovias
Galerias para obras hidraulicas, etc.

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS
Dificuldade de operação: poeira, umidade e espaço apertado nas galerias, iluminação precária, etc
Equipamentos mais robustos (teodolitos e giroteodolitos, trenas e miras)
Estações nos tetos e paredes
Visadas curtas, centragem precisa

TRÊS FASES

Levantamento superficial
Conexão dos levantamentos superficial e subterrâneo
Levantamento subterrâneo

FASE 1 - LEVANTAMENTO SUPERFICIAL

Obedece aos princípios dos levantamentos já estudados


Objetivo de localizar:
afloramentos
acidentes geológicos
poços, chaminés e
galerias para extração e transporte para o exterior

FASE 2 - CONEXÃO DOS LEVTOS SUPERFICIAL E SUBTERRÂNEO

NO CASO DE TUNÉIS
Locar o eixo na superfície, piquetear e nivelar, se possivel.
Perfurar chaminés, principalmente nos trechos curvos para controlar o acerto da escavação subterrânea.
O comprimento do tunel, e o azimute entre as bocas obtem-se pelos processos topográficos de
poligonação ou triangulação durante o levantamento superficial
A diferença de cotas entre as bocas do tunel obtém-se por nivelamento geométrico.

NO CASO DE MINAS

LIGAÇÃO PLANIMÉTRICA
Consiste no transporte de coordenadas e de azimute da superfície (levantamento superficial) para o
subsolo (levantamento subterrâneo)

SOLUÇÃO 1 dois fios de prumo e 4 pontos alinhados

SOLUÇÃO 2 um ponto e o giroteodolito

LIGAÇÃO ALTIMÉTRICA

feita a trena com peso e duas leituras de miras: uma na superfície e outra no subsolo

FASE 3 - LEVANTAMENTO SUBTERRÂNEO


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O seu objetivo é garantir que a direção e a declividade estejam sempre corretas de acordo com as
diretrizes do projeto. Correções após a escavação tornam-se muito caras

Exercicios:
EXERCÍCIOS FINAIS PROPOSTOS
TRABALHO PRÁTICO.
Fazer o levantamento de um pequeno lote de formato quadrangular (lados de  30m) por: 1) irradiação
com estação total, 2) irradiação com teodolito e trena, 3) irradiação com tedolito e mira, 4) GPS de
navegação, 5) GPS diferencial 6) medida dos 4 lados e 2 diagonais 7) poligonal a trena sobre os 4
vértices. Cada grupo é responsável por um tópico, resolver, discutir e calcular todos os elementos em
sala de aula; nota somente para os alunos e grupos presentes

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