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A história do gigantesco império português contada por um espanhol

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A história do gigantesco império português


contada por um espanhol
 5 de junho de 2022
O início: Após derrotar sua mãe em batalha, D. Afonso Henriques conquista terras ao Sul,
dobrando o território do Condado Portucalense, no séc. XI. O início da formação do
império português. Imagem: Asqueladd (Wikimedia Commons)

Edmilson Volpi*

Em artigo para o Geografia Infinita, o filólogo espanhol Bernardo Ríos, nota que, quando
se viaja para Portugal, dependendo do lugar que se visita e aguçando um pouco mais os
sentidos, percebe-se duas grandes obsessões da ideologia nacional cultivada
cuidadosamente tanto pelas instituições oficiais portuguesas quanto pela população.

A primeira, o mar, compreensível dada a sua localização geográfica. A outra, a época das
grandes explorações, também compreensível dada sua história e, mais uma vez,
consequência da sua localização geográfica.
A partir daí, Ríos traça a história da construção do vasto império português, que
englobou os cinco continentes e remonta à “entidade política portuguesa”, iniciada no
século XI como um dos primeiros países do mundo.

O Condado Portucalense
Entre os anos de 1087 e 1091, o cavaleiro francês Henrique de Borgonha chegou ao Reino
de León (atual Espanha) para ajudar na luta contra os muçulmanos. Casou-se com Teresa
de León, filha do rei Afonso VI, e recebeu o Condado Portucalense.
Império português: no início,apenas um condado no norte do que é hoje Portugal.
Imagem: Wikimedia Commons

Este não deve ser confundido com outro Condado Portucalense fundado no século IX e
bem menor. Quando Henrique morreu, Teresa governou o condado até que seu filho, D.
Afonso Henriques, atingisse a maioridade.

Ela começou a se autodenominar rainha, mas foi seu filho, depois de derrotá-la no campo
de batalha, que viu sua reivindicação reconhecida e pôde se intitular rei de Portugal.

O condado Portucalense original partilhava a fronteira norte e leste do Portugal atual e,


ao sul, estendia-se até Coimbra, no centro do país.

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A primeira expansão do reino de Portugal


D. Afonso Henriques, chamado o conquistador, deixou como legado um reino com o
dobro do tamanho que havia recebido (veja imagem do alto da página).

Em 1249, foi concluída a Reconquista portuguesa, com a expansão para o extremo sul, a
chegada ao Algarve e a expulsão dos mouros, definindo as fronteiras do país
praticamente aos limites que se conhecem até hoje.

Em 1415, Ceuta, no Marrocos, foi conquistada, marcando o início de expansão do império


português. Decidiu-se explorar a costa africana, ao sul e, em menor escala, a oeste.

Em 1418/19, Portugal chega à ilha da Madeira e, em 1427, ao arquipélago dos Açores, no


meio do Oceano Atlântico, a meio caminho da América do Norte [em verdade, as duas
ilhas mais a oeste do arquipélago (Corvo e Flores) encontram-se já sobre a placa
tectônica norte-americana, embora sejam território europeu].

Em 1471, um posto comercial foi estabelecido no Golfo da Guiné, na costa africana. O


objetivo era chegar às Índias para dominar o comércio de especiarias. Em 1488, os
portugueses cruzaram o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.
Império português: o domínio das melhores rotas marítimas do século XVI. Imagem
Wikimedia Commons

A primeira etapa do império português


Após a chegada de Colombo à América e a divisão do mundo entre Portugal e Espanha
pelo Tratado de Tordesilhas, a Índia foi alcançada em 1498 e o Brasil, em 1500.

Em 1510, foi fundado o Estado Português da Índia, com capital em Goa. Em 1511, Malaca foi
fundada e as Molucas, as apreciadas ilhas das especiarias, foram alcançadas. Macau foi
fundada em 1557 e Nagasaki, no Japão, em 1570.

De longe, a parte mais importante do império português era o Brasil. De 1500 a 1530, a
presença portuguesa parece ter se limitado a expedições de coleta de pau-brasil, árvore
da qual era feira uma tintura de boa qualidade.

A colonização começou, de fato, em 1534, quando D. João III organizou o território em 12


capitanias hereditárias. Mais tarde, em 1549, o modelo mudou e foi incorporado um
governador geral para toda a colônia.
Mapa de 1740 mostra a divisão, dois séculos antes, do melhor quinhão do império
português: o Brasil. Imagem: Wikimedia Commons

As outras duas principais colônias de Portugal, que manteve até o final do século XX,
foram Angola e Moçambique na costa africana.

Uma boa data para estudar a colonização de Angola é 1575, quando a atual capital,
Luanda, foi fundada com o objetivo de dominar o comércio de escravos.

Quanto a Moçambique, o controle da área já era efetivo em 1530, embora a ameaça dos
corsários turcos fosse constante.
Após a independência da Espanha
Após a independência da Monarquia Espanhola, em 1640, Portugal viveu guerras
contínuas com a Holanda e com a Espanha. Com a primeira, por manter seu império
colonial, com a segunda, por sua independência.

A última e definitiva paz com a Holanda foi selada com a recuperação dos territórios que
ela havia tomado no Brasil, mas também com a perda de muitos lugares asiáticos.

O auge do império português, no século XVII, com presença nos cinco continentes.
Imagem Wikipedia Commons

As primeiras perdas ocorreram cedo, já no século XVII, para a Inglaterra, na Índia, e as já


mencionadas contra a Holanda.

Ao longo do século XVIII, os conflitos com a Espanha na América foram constantes e, no


início do século XIX, foi fundado o Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarve.

Este estado transformou Portugal em uma província, embora não do Brasil, mas de um
país cuja capital era o Rio de Janeiro e cujo território mais importante era o sul
americano.

A independência das colônias


Portugal teve que reconhecer a independência do Brasil em 1825. Após essa enorme
perda, o país se concentrou em expandir seus territórios em Angola e Moçambique.

Em 1961, a Índia invadiu militarmente Goa e o resto dos enclaves do subcontinente. Em


1975, ocorreu a Revolução dos Cravos, pondo fim à ditadura de Salazar. O novo governo
republicano rapidamente concordou em reconhecer a independência dos dois países
africanos e do Timor Leste, o arquipélago indonésio.

O ultimo enclave colonial português foi a atual cidade chinesa de Macau, entregue ao
gigante asiático em 20 de dezembro de 1999.

Para Ríos, que considera Portugal “uma autêntica jóia e uma maravilha”, o país tem a fama
de ser a terra da tristeza, das vozes melancólicas do fado agitando as roupas penduradas
nas janelas, dos intrépidos marinheiros que navegavam pelos mares de todo o globo, de
Eça de Queirós, José Saramago e do enorme, insubstituível e inimitável Fernando
Pessoa.

Mas, sobretudo, segundo Ríos, “Portugal vive com a cabeça voltada para a nostalgia ou,
melhor, para a saudade de um passado pesado demais para umas costas tão pequenas”.

Leia o artigo
original aqui < https://www.geografiainfinita.com/2018/06/la-expansion-de-
portugal-y-su-imperio/>
e a tradução, no
Curiosidades Cartográficas < https://www.curiosidadescartograficas.com/post/a-
expans%C3%A3o-do-imp%C3%A9rio-portugu%C3%AAs>
.

* Edmilson M. Volpi é engenheiro cartógrafo e editor da página Curiosidades


Cartográficas no Facebook  < https://www.facebook.com/curiosidadescartograficas>

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