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Atividade de revisão simplificada 

João, meu filho, 


Por  que  você  faz  isso  com  a  gente?  Por  que  abandona  todo  mundo  e 
não  quer  aparecer  mais?  Há  quantos  anos  não  o  vejo,  Joãozinho!  Quanta 
saudade!  Dói-me  o  coração  pensar  que  meu  filho  não  virá  mais  me  visitar. 
Prometa-me  que  aparecerá  algum  dia,  prometa!?  Como  você  está?  Tem  se 
alimentado  direito?  Como  vão  as  coisas  por  aí?  Aqui,  estão  de  mal  a  pior. 
Estamos  realmente  falidos,  por  isso  está  cada  dia  mais  difícil  mandar  dinheiro. 
Seu  pai  terá  mesmo  que  vender  nossa  fazenda.  Vamos  também  ter que colocar 
as  suas  tias  em  um  asilo  aí  na  Cidade Maravilhosa. Você poderia tanto visitá-las! 
Estão  cada  vez  mais  tristes  e  rabugentas!  A  velhice  sem  casamento  é  mais 
dolorosa,  meu  filho!  Por  falar  nisso,  você  já  encontrou  alguma  moça  decente 
para  se  casar?  Cuidado  com  as  de  vida  fácil,  viu,  João!  Dizem  que  essa  cidade 
está  que  é  uma  perdição  só!  Não  se  descuide, meu filho! Outro dia um moço do 
Rio  passou  por  aqui  e  falou  sobre  a  quantidade  de  arranha-céu  que  há  por  aí. 
Não  alugue  nenhum  quarto  neles,  tá!?  Você  é  sonâmbulo,  lembra-se?  Para 
caminhar  à  noite  e  cair  por  uma  janela,  pouco  custa.  Além  disso,  não  entre 
nesses  tais  elevadores.  Já  soube  de  muitos  que  arrebentaram  e  todo  mundo 
morreu  esmagado.  Por  favor,  João,  cuidado  com essas manias de modernidade. 
Não fique como essa gente. Não acredite que isso é para o bem da humanidade. 
Outra  coisa, querido, quando você encontrar alguém morto pelas ruas, reze pela 
alma do pobre coitado. Dizem que, por aí, as pessoas veem um defunto humano 
e  o  tratam  como  se  fosse  cachorro.  Não  faça isso, João. Não deixe a sua ternura 
se perder, meu filho. 
Abraços, meu querido. 
Com sentida saudade, 
Liberata. 
 
Fonte:  BITARÃES  NETTO,  Adriano.  "João  Ternura".  In:  Retratos  narrados.  Ilustrado  por  Rodrigo 
Rosa. São Paulo: Paulinas, 2011. (Coleção contos no ponto). 
 
 
QUESTÃO 01 
O  texto  lido  é  uma  carta  pessoal  enviada  a  João  por  Liberata,  sua  mãe.  A 
respeito dela, responda: 
A. Os  interlocutores  têm  um  laço  familiar  bem  marcado  na  carta: são mãe e 
filho. Que marcas textuais comprovam essa afirmação? 
B. Que pronomes oblíquos são utilizados para se referir aos interlocutores? 
C. Socialmente  (e  regionalmente)  também  há  uma  distinção  bem  marcada 
na  carta.  Qual  é  essa  distinção?  Cite  trechos  que  comprovem  sua 
resposta. 
D. Que parte da carta chamou mais a sua atenção? Por qual motivo? 
 
QUESTÃO 02 
Com relação ao uso dos pronomes oblíquos átonos na carta lida, responda: 
A. Há algum caso de ênclise? Se sim, identifique-os. 
B. Há algum caso de próclise? Se sim, identifique-os. 
C. Em algum momento Liberata fez uso coloquial dos pronomes oblíquos? 
D. Considerando  a  posição  familiar  e  social  de  Liberata,  pelo  que  consta  na 
carta  lida,  como  pode  se  justificar  o  uso  (formal  ou  coloquial)  que  ela  faz 
dos pronomes? 
 
QUESTÃO 03 
Em  sua  carta,  Liberata  fala  ao  filho  sobre  alguns  aspectos  de  sua  vida  pessoal e 
sobre  a  saudade  que  sente  dele,  além  disso,  faz  algumas  perguntas  e 
recomendações.  Assuma  a  posição  de  João  e  responda  à  carta  de  Liberata  com 
uma  carta  breve  e  objetiva,  contando  seus  planos  para  o  futuro.  Ao  final, 
entregue-a a um colega. 
 
QUESTÃO 04 
Leia a carta que seu colega respondeu e observe os seguintes aspectos: 
A. Ele  manteve  a  posição  familiar e social dos interlocutores? Cite trechos ou 
marcas textuais que exemplifiquem sua resposta. 
B. Que pronomes oblíquos ele utilizou para se referir aos interlocutores?  
C. Ele  fez  uso  adequado  dos  pronomes  oblíquos,  considerando  o  gênero? 
Que colocações ele utilizou? 
 

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