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Fusca Amp CIA 02 2019pdf PDF Free
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PROJETOS DE VIDA
Nos últimos dez anos, o paulistano Amauri Garbin investiu boa parte de suas economias e de seu tempo livre na realização de
um sonho: concluir a restauração aliada ao projeto de customização que converteram uma antiga sucata no belo e raro Split Window
Brezel 1952 que ilustra a capa desta edição. Tarefa que exigiu não apenas uma grande soma em dinheiro, mas também horas de dedi-
cação e pesquisas para definir cada detalhe e encontrar cada peça de um intricado quebra-cabeça. Como resultado, Amauri tem agora
não só um besouro diferenciado que chama atenção nas ruas e nos encontros. Acima de tudo, ele conquistou uma imensurável rede
de novos amigos e colaboradores espalhados em vários países, que de alguma forma auxiliaram na complexa tarefa de trazer o antigo
Sedan de volta à vida.
Já o contador André Turbiani precisou esperar bem menos tempo entre o início e o fim dos trabalhos que devolveram a aparência
de zero-quilômetro ao familiar Fusquinha 1978 abordado na seção Relíquia. Mas se foram concluídos em “apenas” nove meses, os
serviços de oficina refletem o sonho acalentado durante anos na companhia do tio e antigo proprietário do besouro – que infelizmente
faleceu antes de colocar os planos em prática.
Outra experiência que certamente deixará marcas eternas na relação entre proprietários e seus besouros é a história narrada em
Fusca Paixão, sobre um grupo de amigos da pequena Caxias do Sul (RS) que topou encarar o desafio de percorrer as insólitas estra-
das da Patagônia a bordo de antigos Volkswagen. Aventura que acabou virando o livro Fuscaustral, escrito por um dos viajantes.
Ainda nesta edição, trazemos um especial sobre a Kombi nacional na versão Pick-up. Voltada para o trabalho pesado, a popular
“Cabrita” foi usada à exaustão, o que torna os raros exemplares sobreviventes cada vez mais atrativos aos olhos dos colecionadores.
Por fim, a seção Técnica detalha a evolução da suspensão dianteira do besouro em solo brasileiro, com a descrição das vantagens e
desvantagens de cada configuração sob a ótica dos especialistas. Boa leitura!
PRESIDENTE: Paulo Roberto Houch • VICE-PRESIDENTE EDITORIAL: Andrea Calmon (redacao@editoraonline.com.br) • JORNALISTA RESPONSÁVEL: Andrea
Calmon (MTB 47714) • COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Luiz Guedes Jr. (Editor-Executivo), Bob Sharp (Editor Técnico) e Saulo Mazzoni (Fotografia)
ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Adilson Nicollette/Comunica Multimídia • COORDENADOR DE ARTE: Rubens Martim (diagramacao@editoraonline.com.br) • GERENTE
COMERCIAL: Elaine Houch (elainehouch@editoraonline.com.br) • SUPERVISORES: Bernard Correa e Gisele França • OPERAÇÕES COMERCIAIS: Joelma Lima • SUPERVISOR
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acrescido das despesas de envio. Para adquirir com o IBC: www.revistaonline.com.br; Tel.: (0**11) 3512-9477; ou Caixa Postal 61085 – CEP 05001-970 – São Paulo – SP.
Personalizado
26
Split Brezel 1952
18
ganha restauração
com personalidade
Relíquia
Desde zero na família,
Sedan recupera o brilho!
08
38Especial
O nascimento e a
evolução da Kombi na
versão Pick-up 58
50 Fusca Paixão
A aventura dos besouros no
extremo da América do Sul
SEÇÕES
08 Reunião 14 Painel VW 58 Técnica 64 ClassiFusca
A festa dos besouros na Destaques e curiosidades A evolução da suspensão Encontre o modelo dos seus sonhos e
“germânica” Pomerode da cultura VW a ar dianteira no Fusca entre para a cultura do carro antigo
FOTOS DE CAPA
LUIZ GUEDES JR. E SAULO MAZZONI
6 Fusca & Cia
Fusca & Cia 7
Fusca & Cia 7
Reunião
FOTOS: GERSON AMPESSAN / DIVULGAÇÃO
Vo l k s f r i e n d s
A
previsão não era das melhores: chuva durante toda a semana com o risco
de temporal durante os dois dias da 9ª edição do Volksfriends, realizado
nos dias 5 e 6 de dezembro último, na pequena e simpática cidade de
Pomerode (SC). Mas quis o destino que o evento abrisse as portas em
um sábado de muito sol e céu azul, para alegria dos expositores e público
visitante. Já o domingo amanheceu nublado, passando por períodos de chuva intensa,
o que não afastou os participantes.
Ao todo, mais de 5 mil visitantes passaram pelos portões nos dois dias de festa, que
reuniu aproximadamente 1200 veículos expostos – incluindo proprietários e clubes
de várias regiões do Brasil e até mesmo de países vizinhos, o que só vem confirmar
Divisão 3 de rua!
A matéria sobre o Fusca Divisão 3, mostra-
da na capa da edição 125, traz muitas
coincidências com o besouro preparado
pelo meu primo Nelson. Ele também
comprou um Fuscão zero-quilômetro
1972, freio a disco, cor laranja, para
arrancada de rua. E o preparador foi
justamente o badalado Amador Pedro.
Receita do veneno? Motor 2.100 cm³, virabrequim
roletado, carburadores Weber 48, alta taxa de compressão para as gasolinas
especiais, cárter seco, câmbio caixa 2 com primeira longa, segunda curta, ter-
ceira longa e quarta curta, suspensões preparadas, roda aro 14 e velocímetro
aferido. Preço da brincadeira? O valor de outro Fuscão novo na época. Na
única foto que tenho do carro, é possível notar o para-lama traseiro “aletado”
para colocação de um radiador de cada lado. O legal é que quando o Fuscão
passava em uma poça de água, saía fumaça de vapor pelas aletas...
Eduardo Ohara
São Paulo-SP
G E M DA V EZ
GARA
O Fuscão 1971 da foto pertence ao leitor Leonardo Farinha, morador da
cidade do Rio de Janeiro (RJ). Ele conta que adquiriu o modelo em 2012
e aos poucos foi investindo em acessórios no estilo German Look. “Uso
esse carro somente em encontros e exposições, inclusive dentro de
shoppings de grande circulação. Apesar de algumas ofertas generosas,
jamais cogitei tirá-lo da minha garagem”, garante o feliz proprietário.
PLACA PRETA
Estou restaurando um Sedan 1950 e gostaria 1
de saber qual o formato das grades de buzina
(redondas ou ovaladas?) e também se ambas
eram abertas ou se uma delas era falsa?
Caio Fernandes
Belo Horizonte-MG
Tenho um Fusca 1300-L 1978 que estou restaurando e estou com dúvidas
sobre o padrão da tapeçaria interna. Qual o tecido de bancos, laterais de
portas, assoalho e teto? Haviam opções de cores ou de material (carpete
para o assoalho, por exemplo)?
Denis Cabral
E-mail
Erramos
Observei que na matéria (Edição 122) com o Fusca 1500 ano
1973, branco com interior vinho, o texto diz: “Outra novidade
podia ser vista na tampa do motor, que ganhou novas ranhuras de
ventilação – passando de oito para um total de 26 aberturas...”. Na
verdade, o modelo apresenta 14 aberturas de ventilação em cada
lado da tampa do motor, totalizando 28 aberturas.
Tradição
FOTOS: REPRODUÇÃO
na praça
Nos últimos 20 anos, dois Fusca Táxi no ponto do Largo da Usina. Diante do risco tudo em dias de chuva, quando os carros mais
ano 1995 têm sobressaído na dura tarefa de da aposentadoria dos modelos, o motorista modernos derrapam no paralelepípedo molha-
vencer as estreitas e íngremes ladeiras de Marcos Cardoso, 55 anos, taxista há 28 anos, do”, apontou Marcos, em entrevista a um jornal
paralelepípedo do bairro do Alto da Boa Vista, organizou junto do primo Luís Cláudio Cardoso local. A boa notícia é que o prefeito acatou a
na zona norte da cidade do Rio de Janeiro de Azevedo, proprietário do outro Fusca Táxi, reivindicação popular e baixou um decreto que
(RJ). Tradição que poderia ter desaparecido no um abaixo assinado com a participação de permitirá aos dois besouros continuarem na ati-
último dia 23 de dezembro, quando acabaria mais de 3 mil moradores da região. “Além de va, apenas com uma pintura diferenciada, com
a vigência da permissão especial concedida patrimônio cultural, o Fusca é o veículo ideal a tradicional faixa lateral azul dos táxis cariocas
para que os besouros continuassem atuando para encarar as ladeiras aqui do bairro, sobre- passando a quadriculada.
Besouros iluminados
Numa ação inusitada, o grupo Lords VW RJ organizou
um verdadeiro desfile natalino noturno, com os besouros
dos associados ornamentados com coloridas lâmpadas
de Led, entre outros adereços típicos da data festiva.
A ação, batizada como “Natal Luz Lords VW RJ”,
aconteceu nos dias 12 e 19 de dezembro, num trajeto
que partiu da Barra da Tijuca e incluiu a Lagoa Rodrigo
de Freitas e toda a orla da zona sul da cidade do Rio
de Janeiro (RJ), passando por bairros turísticos como
Leblon, Ipanema, Copacabana e Leme.
Centenas de pessoas saíram às ruas para admirar o
iluminado comboio e tirar fotos dos coloridos besouros.
MEMÓRIA
FICHA CORRIDA
Na edição de novembro de 1966, o jornal interno Volkswagen em
Foco apresentava este besouro 1963 e sua incrível ficha corrida
confirmada pelos registros dos serviços das concessionárias: 209
mil quilômetros rodados – apesar da aparência de novo. E tudo sem
nunca ter aberto o motor! Na verdade, o único problema presente
no “currículo” fora uma válvula queimada, trocada aos 185 mil
km. O carro pertencia ao Laboratório Clímax, de Sorocaba (SP), e
atuava em longas viagens por todo o interior promovendo produtos
farmacêuticos. No fim da matéria, um desafio: “quem é capaz de
apresentar um VW que tenha rodado mais e sem abrir o motor?”
Pegada alemã
Volante original do Fusca alemão,
com o brasão de Wolfsburg na área
da buzina. R$ 1 mil, na CarVW
(11) 95037-6090
MISSÃO
cumprida
Após a morte do antigo proprietário, sobrinho assume o
legado atrás do volante e os planos de recuperar o brilho
deste conservado Sedan Standard 1978
TEXTO: LUIZ GUEDES JR. • FOTOS: SAULO MAZZONI
A linha 1978 instalado uns seis alarmes e “Achei que seria uma justa e com o visual um pouco des-
marcou o ninguém conseguia ligar o car- merecida homenagem ao meu gastado pela ação do tempo.
surgimento da
trava de “pino” ro”, diverte-se o contador, que tio”, argumenta. “Isso acabou facilitando
nas portas. E foi só recentemente, no início de Como sempre pertenceu bastante os serviços realiza-
o último ano do 2015, decidiu seguir em frente à família, o Fusquinha 1978 dos pela oficina especializada
retrovisor externo com o antigo plano e restau- conservava muito de sua Garage Web. Ao todo, foram
de metal cromado
rar o exemplar por completo. originalidade, estando apenas exatos nove meses de traba-
O Sedan 1300 mantém o manual original que meu avô de 88 anos viu o que foge da originalidade
ganhou uma de fábrica, bem como fez carro pronto e se emocionou são as avantajadas calotas
nova grafia de
velocímetro
questão de preservar no ao lembrar do filho”, conta o cromadas nas rodas, colo-
em 1978. Já os painel os ímãs de santinhos atual proprietário. cadas a pedido de André.
“santinhos” na colocados pelo tio sobre a “Acho as calotas pequenas
tampa do rádio
são um capricho
tampa que cobre o buraco DETALHES DE ÉPOCA de plástico preto, chama-
do antigo dono
do rádio. “O mais bacana é O único detalhe estético das de copinho, muito sem
Presente desde bancos, que passaram a direção, contando ainda as maçanetas embutidas
zero-quilômetro exibir faixa central listrada com indicador luminoso no na forração lateral. Como
na mesma família,
o exemplar ainda com courvim preto nas la- velocímetro. curiosidades, vale citar
preserva o manual terais, enquanto o interrup- Ainda no interior, a linha que as sapatas dos pedais
do proprietário tor do pisca-alerta migrou 1978 passou a contar com de freio e de embreagem
original de fábrica do painel para uma peque- travas em formato de pino ficaram mais largas e que
na alavanca na coluna de nas portas, que tiveram a fábrica oferecia a opção
PROJETO
cosmopolita
TEXTO E FOTOS: LUIZ GUEDES JR.
As lanternas de
dupla função são
criação do espanhol
Samuel Andújar
González, da
marca Sam Steel
O nariz de placa Hella convertido em brake-light e as entradas de ar originais do Split Brezel 1952 são curiosidades que chamam atenção nos eventos
A caixa de som
no painel e
a avantajada
alavanca de
câmbio de Kombi
também são
destaques na
cabine do besouro
Antes de inciar o
projeto, o besouro
resumia-se a parte
da carroceria
original, sem
mecânica, elétrica
ou componentes de
acabamento...
CARGA
nacional
Popularmente batizada de “Cabrita”, a versão Pick-up
demorou para surgir na linha nacional da Kombi. E seu
“nascimento” guarda segredos ainda hoje não desvendados
TEXTO E FOTOS: LUIZ GUEDES JR.
D
esde a implantação singular. Isso porque a versão existiu década para que os brasileiros vol-
de sua fábrica local, a normalmente durante todo o período tassem a contar com a configuração
Volkswagen do Brasil de importação e montagem dos ve- “Cabrita”, como a Kombi Pick-up
sempre teve como ículos em kits CKD, desaparecendo acabou apelidada popularmente.
política adotar as ino- subitamente a partir de setembro de Afinal, foi apenas no Salão do Auto-
vações da matriz alemã com alguma 1957, quando a marca deu início à móvel de São Paulo, realizado em
demora. Mas a derivação Pick-up produção nacional do utilitário. novembro de 1966, que a Volkswa-
da Kombi é um caso ainda mais E levaria praticamente uma gen do Brasil (re)apresentou a
Devido à demora
no lançamento, a
Pick-up estreou nas
concessionárias
com as novidades
estéticas da linha
Kombi de 1967
A plaqueta de
identificação
traz o código
Tipo 261
como detalhe
exclusivo da
versão Pick-up
A ÁREA DA CAÇAMBA ERA 1M² MAIOR QUE NAS DEMAIS PICAPES DO MERCADO
laterais e três na traseira, enquanto adquirir o modelo sem caçamba, o apreciavam algo que a diferenciava
a versão nacional levava apenas que fez surgir diversos fornecedores totalmente das Kombis: o motor
três desenhos nas laterais e dois na independentes com diferentes pro- quase inaudível por estar separado
traseira, onde a área central exibia postas no mercado paralelo (de cai- e distante da cabine. Nem parecia
ainda um grande logotipo VW igual- xotes de madeira a compartimentos veículo da família VW a ar.
mente estampado). Por fim, cada frigoríficos). Além disso, foi sobre a
caçamba levava uma plaqueta na Kombi Pick-up que a Karmann-Ghia LINHA EVOLUTIVA
área próxima à porta do motorista, lançaria mais tarde seus famosos Como acabou chegando ao mer-
com a inscrição “Fabricação Kar- motor-homes, conceito também cado apenas no segundo semestre
mann Ghia” e um número de série. seguido por outras empresas. de 1967, a Kombi “Cabrita” já estreou
Vale lembrar que era possível Todos que dirigiam a Pick-up com sistema elétrico de 12 volts
O exemplar 1975
ganhou bancos
personalizados com
courvim vermelho
Turim, material usado
pela fábrica no Fusca
A customização
também ganhou caráter
esportivo com alavanca
de câmbio Empi e
suspensão rebaixada
Assim como
o restante da
família Kombi, a
Pick-up aderiu à
chamada geração
Clipper a partir
da linha 1976
acompanhado do motor 1500 de 44 Tipo 261 (a Kombi Luxo 6 portas a Kombi Pick-up tinha capacidade
cv e velocímetro graduado até 120 era Tipo 201, a Luxo 4 portas Tipo para transportar até uma tonela-
km/h. Além disso, ao contrário de 204, a Standard Tipo 231, o Furgão da de peso, qualidade bastante
seus primeiros protótipos, já incorpo- Tipo 211 e a Ambulância identificada explorada pela fábrica nas publici-
rava as novidades estéticas da linha como Tipo 271). dades. Além disso, as propagandas
daquele ano, como novos para-cho- Como também contava com um também destacavam o fato de o
ques e rodas de 14 polegadas. Já a segundo compartimento fechado utilitário Volkswagen não contar com
plaqueta de identificação do chassi de bagagem (onde ficava o estepe), proeminentes para-lamas invadin-
diferenciava-se das demais versões localizado sob a caçamba e aces- do a área de carga, o que lhe dava
por definir o veículo com o código sível por meio de uma porta lateral, aproximadamente 1 m² a mais de
A Kombi evoluiu
ao longo dos
anos, ganhou
motor 1600
e, com isso,
o velocímetro
passou a marcar
até 140 km/h
Extremamente
conservado, o
modelo 1991
preserva até
mesmo os cintos
de segurança com
data de fabricação
Outra curiosidade
é o antigo selo
de patrimônio
governamental
marcada pelo para-brisa biparti- personalização de pegada espor- Lançada a partir de 1976, a
do, a primeira geração da Kombi tiva. “Retirei e guardei os bancos geração denominada Clipper é
nacional foi produzida até o final originais, substituindo-os por um marcada pelo amplo para-brisa
de 1975, justamente o ano da modelo revestido com courvim inteiriço e pela estreia do mo-
Pick-up branco Lotus que ilustra vermelho Turim usado no Sedan. tor 1600, caso do outro modelo
esta reportagem. Propriedade do Fora isso, apenas instalei uma ala- abordado nas fotos, um perfeito
empresário Marcello Filoni, 48 vanca de câmbio Empi e rebaixei exemplar 1991 pertencente ao
anos, o exemplar preserva toda a levemente a suspensão, todas administrador Hélio Kalil, 40 anos –
estrutura original de época, em- mudanças facilmente reversíveis”, que a exemplo do amigo Marcello
bora exiba atualmente uma leve destaca o proprietário. também integra o Kombi Clube do
Brasil. “Esse carro pertencia a um ainda colado na carroceria. acima dos retângulos estampados
órgão do governo em Brasília e Além das óbvias diferenças nas laterais da plataforma de carga.
foi a leilão há alguns anos. Ao que de cada geração e da evolução Em 1998, a linha Kombi ganhou
parece, era usado apenas no trans- ano-a-ano, é curioso observar uma de suas maiores evoluções
porte de material de escritório e ou- que ambos os modelos das fotos técnicas: o motor 1600 arrefecido a
tras cargas leves, o que explica seu também se diferem num detalhe ar passou a contar com sistema de
incrível estado de conservação”, referente à caçamba fornecida pela injeção eletrônica de combustível
afirma o dono, apontando para Karmann-Ghia. Ao contrário da ver- multiponto (MPFI). Dois anos mais
detalhes raros e inusitados, como o são “Corujinha”, o exemplar mais tarde, em 2000, a versão Pick-up
selo de patrimônio governamental moderno exibe uma faixa vincada teve sua produção encerrada.
austral
AVENTURA
A
o lançar o Fuscão adotou a suspensão por pivô 1
1500 em julho de na mesma ocasião. Na ver-
1970, a Volkswa- dade, a fábrica – por motivos
gen do Brasil inexplicáveis – manteve o
pela primeira vez 1300 básico com suspensão
adotou no besouro nacional dianteira por embuchamento
o sistema de suspensão dian- até o final de 1982. E isso
teira popularmente conhe- porque 1983 foi um ano
cida por pivô (articuladores atípico, no qual a Volkswagen
esféricos) que já equipava interrompeu temporariamente
os integrantes da chamada a produção do Fusca 1600
Família Tipo 3 (VW 1600 “Zé em favor de um único modelo
do Caixão”, Variant e TL). Dali equipado com mecânica 1300
em diante, a linha do Sedan e carroceria híbrida (mesclava
ficaria dividida não apenas elementos das duas versões),
pela potência do motor e o que possibilitou ao besouro
sofisticação no acabamento, menos potente sair de fábrica
mas também pelo desenho com a suspensão dianteira
da suspensão dianteira, uma por pivô. De 1984 em diante,
vez que a básica versão 1300 o besouro nacional passou a
preservou o antigo sistema contar exclusivamente com
de pinos, popularmente a chamada “nova” mecânica
chamado de suspensão por 1600 e, obviamente, saiu ape-
embuchamento (valendo nas com a configuração mais
destacar que a versão 1300-L moderna da suspensão...
tinha carroceria baseada na
linha mais potente e, portan- DETALHES TÉCNICOS
to, levava suspensão diantei- Na teoria, ambas as
ra por pivô). configurações têm o mesmo
Em 1975, o Fusca 1300 princípio de funcionamento –
básico passou a usar as braços arrastados superpostos
mesmas rodas de quatro atrelados a feixes de lâminas
parafusos que já equipavam de torção – e oferecem o
os modelos 1500 e 1600. mesmo nível de dirigibilidade
Contudo, ao contrário do que e segurança, tendo a fábri-
muitos entusiastas acredi- ca modernizado o sistema
tam, o modelo standard não puramente por uma questão
fim, a montagem dos braços tambor ou a disco. “Por conta vel de ser realizado. Para fazer configuração leva vantagem
arrastados no corpo do eixo disso, muitos proprietários esse trabalho, é preciso reduzir de acordo com a vontade do
passou a ser por rolamentos de besouros equipados com artesanalmente os braços ori- cliente. “Se for para rebaixar
de agulhas, em vez de buchas, o antigo sistema por embu- ginais da suspensão por pivô”, de forma contida, a de pivô
reduzindo a necessidade de chamento ainda hoje buscam explica o especialista, que é melhor. Mas se o desejo é
engraxamento para 10.000 modernizar a suspensão aponta: “Vale lembrar ainda que ‘socar’ a suspensão no limite
km – os articuladores esféricos dianteira para pivô”, comen- atualmente a Empi já oferece do asfalto, a de embuchamento
dispensam essa operação. ta Alexandre Caretta. “Mas uma manga de eixo especial é melhor”, garante o especialis-
Outra grande vantagem da para isso não basta retirar um que permite adaptar o freio a ta da Katraka. “Por esse motivo
suspensão dianteira por pivô conjunto e instalar o outro no disco no Fusca com suspensão já fiz o caminho contrário de
era a possibilidade de a fábrica lugar, visto que a diferença na por embuchamento”. muita gente e alterei um Zé do
poder montar o carro com distância entre os braços torna Já quando o assunto é Caixão de pivô para embucha-
mangas de eixo para freio a o simples intercâmbio impossí- rebaixar a suspensão, cada mento”, finaliza Alexandre.
8 9
Agradecimento: Garage Web – Tel.: (11) 3222-1424 / Katraka – Tel.: (11) 3539-2100
60 Fusca & Cia
Oficina Por Bob Sharp * fuscacia@gmail.com
Câmbio perfeito?
Olá, Bob. Estou iniciando o projeto
de restauração de um Fusca 1974
com mecânica original 1300. O
carro foi adquirido em péssimo
estado de conservação e ainda
estou estudando se irei manter o
motor nos padrões de fábrica ou
se irei incluir algum veneno extra.
No momento, no entanto, minha
dúvida é com relação ao câmbio.
Como o modelo veio sem câmbio
algum, estou incerto sobre qual
câmbio devo comprar. Do 1300
mesmo? De 1500? 1600? Ou o
“famoso” câmbio de SP2, que
também equipou o Fusca 1600 a
partir de 1984? Na sua opinião,
qual o melhor câmbio para o
motor boxer que a VW do Brasil já
produziu e qual será o ganho que
terei se adotá-lo?
Ricardo Xavier
Rio de Janeiro-RJ
Vazamento paralelo
Prezado Bob, tenho um Fusca 1968 e o interruptor da luz de freio, ainda original, apresentou problemas.
Comprei a peça para substituição, mas a nova peça ficou pingando um pouco de óleo. Recolocando a peça
original, não há nenhum vazamento. Há alguma marca de peça ou outra recomendação que você pudesse
dar para resolver este caso?
Carlos Casado
São Paulo-SP
Carlos, não tenho uma indicação para lhe dar, mas você pode entrar em contato com a oficina Garage Web,
na pessoa do engenheiro Walter Abramides, que com toda certeza terá a resposta. Telefone (11) 3222-1424,
contato@garageweb1.com.br . Diga-lhe ser leitor da Fusca & Cia.
Giovani Rocha
E-mail
Giovani, é uma das medidas da árvore de manivelas (ou virabrequim), que é a metade do
curso dos pistões. Por exemplo, nos Fuscas de carcaça tripartida, o curso dos pistões é 69
mm. Dividindo esse número por 2 obtêm-se como raio da manivela 34,5 mm.
Calor na traseira
Caro Bob, depois de algum tempo sem consultá-lo, gostaria de obter uma orientação sua
novamente. Tenho um Fusca 1967 que desmontei completamente em 2011 para restaurá-
lo. Acontece que refiz o motor dele (agora, em agosto de 2015), que era o original 1300,
sendo que aproveitei apenas o bloco para transformá-lo em um 1600. O acabamento da
lataria é de aço inox da marca Empi, enquanto o bloco e algumas peças foram pintados
de vermelho com tinta para alta temperatura (foto). Porém, quando o utilizo em trajetos
inferiores a 15 km, a saia traseira (onde fica, por exemplo, o engate da tranca da tampa do
motor) esquenta demais, a ponto de criar bolhas na pintura. Ele estava com escapamento
de Puma, e achei que esse fosse o problema, pois os canos daquele silencioso ficam
muito próximos da parte de trás da saia traseira. Retirei o silencioso de Puma e refiz
a pintura do local, porém, mesmo utilizando o silencioso próprio do Fusca, o local
continua esquentando muito – inclusive já criou uma nova bolha! Acabei de comprar um
escapamento da EMPI (GT 4x1 1330-1600) na Fuscanet, mas estou preocupado se este
também esquentará... Então pergunto: 1) Tem relação a nova potência do motor e o fato
de a tampa ser fechada (sem ventilação)? 2) As latarias que envolvem o motor, de aço
inox, podem estar refletindo o calor e causando o problema? 3) Ou o problema é mesmo
do silencioso? Se for isso, posso criar uma barreira isolante (chapa de alumínio) entre o
silencioso e a lataria? Isso pode prejudicar o motor? Alguma outra dica?
João Alberto, que o problema tem como única causa o calor emanado do sistema de
escapamento, sem dúvida. Por que este escapamento que você comprou está esquentando
demais, a ponto de causar bolha, é que é o mistério. Posso lhe assegurar que não é a maior
cilindrada, tampouco a tampa sem ventilação, tenho experiência disso. Descarto também
as partes cromadas do motor. Ficam duas possibilidades, uma, o próprio escapamento
novo; outra, a temperatura dos gases de escapamento estar muito alta, cujas causas são
mistura ar-combustível muito pobre e/ou avanço de ignição insuficiente. Experimente
deixar o avanço inicial (“ponto”) com mais 5º em relação ao que está hoje e observe se não
ocorre detonação (“batida de pino”) e, ao mesmo tempo, se a chapa terminal fica mais fria.
Se houver sucesso, avance mais 2º30’ e observe. Com relação à mistura ar-combustível,
coloque giclê principal 5 pontos maior. Se ainda assim não resolver pode se colocado um
defletor de calor feito em alumínio entre o silenciador e a chapa, sem problema.
*Bob Sharp é jornalista e ex-piloto, colaborador de várias publicações no Brasil e no exterior, além de manter o blog AUTOentusiastas
Fusca & Cia 63
ClassiFusca Sedan Turbo Brasilia LS Fuscão
ENVIE SEU
ANÚNCIO
GRATUITAMENTE
PARA
FUSCACIA@GMAIL.COM
Ano: 1969 Ano: 1978/79 Ano: 1971
Motor: 1.600 cm³ turbo / 0,5 bar Motor: 1.600 cm³ Motor: 1.500 cm³
IMPORTANTE: Detalhes: visual retrô de 1962, Detalhes: raro interior azul original, Detalhes: rara cor laranja Granada,
as informações vidros elétricos sem quebra-vento, 40 mil km, vidros verdes, manual, motor novo, placa preta, há 15 anos
contidas nos rodas aro 14, catraca na dianteira estepe origina, nunca restaurada na família, carro de coleção
classificados são de Preço: R$ 13 mil Preço: R$ 23 mil Preço: R$ 25 mil
responsabilidade Contato: (21) 98422-5522 ou Contato: (15) 99126-4545 Contato: (11) 99752-3197
dos anunciantes mariocspereira@gmail.com
UNIVERSO KAMEI
A empresa sediada em Wolfsburg criou uma ampla
gama de acessórios para o Fusca, sendo o mais
curioso e raro o spoiler batizado como Aerofix
I
niciada em 1949, a Kamei deve seu capas para os pedais, organizador de
nome às iniciais de seu fundador, porta-luvas, defletor do ar quente para o
Karl Meier, um ex-funcionário da para-brisa, polainas, alto-falantes, faróis
Volkswagen que decidiu abrir a sua auxiliares, travesseiro com ventosas para
própria empresa de acessórios na apoiar a cabeça nos vidros laterais, etc.
cidade de Wolfsburg. O negócio começou Entre as soluções mais famosas, estão
com a fabricação de capas de bancos o tampão do chiqueirinho e o porta-ob-
para o Fusca, vendidas para as próprias jetos de plástico imitando bambu para
concessionárias VW, mas o leque de ser instalado sob o painel (que chegou
produtos logo foi ampliado. Em pouco inclusive a ser fornecido para as con-
tempo, a Kamei tornou-se um dos maiores cessionárias com o logo
fabricantes de acessórios, conquistando VW). Porém, nada supera
mercados em toda a Europa, nos EUA e em curiosidade e raridade
até mesmo no Brasil, onde era possível o spoiler criado ainda no iní-
encontrar alguns de seus componentes cio dos anos 1950. Desen-
entre as décadas de 1950 e 1970. volvido por um engenheiro
Embora tenha desenvolvido produtos aeronáutico, o acessório foi
para outros modelos, o Fusca sempre foi batizado como Aerofix.
o principal “cliente” da área de criação Para fabricar a peça, a
da Kamei. O besouro contou com uma Kamei firmou parceria com a
incrível gama de acessórios da marca, tais Phillip Roth de Stuttgart, mais
como capas de proteção do capô dian- tarde conhecida como a empre-
teiro, rodas e calotas esportivas, faixas sa Perohaus. Segundo relatos de
laterais decorativas, encosto de cabeça, Andrae Meier, filho de Karl Meier,
capas de volante, consoles, alavancas apenas 40 unidades do spoiler
esportivas, manoplas, capas de banco, foram fabricadas entre 1952 e
apoio de braço entre os bancos dian- 1953, o que torna o Aerofix um
teiros, suportes para esquis, sistemas dos acessórios de época para o
para reclinamento dos bancos dianteiros, Fusca mais raros do mundo.