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Uma personalidade resistente às críticas está ligada

diretamente com a capacidade do indivíduo de saber


racionalizar, filtrar e ponderar de maneira sábia a validade
de uma opinião negativa sobre seu trabalho.

Críticas são importantes no nosso processo de


desenvolvimento pessoal, sem as críticas nos tornamos
cegos sobre defeitos que podem ser melhorados, ficamos à
mercê de nossos próprios julgamentos que podem ser
facilmente manipulados conforme o cenário emocional
presente.

Porém, quando não somos capazes de ponderar as críticas,


facilmente nos tornamos refém de qualquer indivíduo que
externaliza uma opinião negativa, o que nos impede de ir
longe e progredir.

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A lógica é basicamente a seguinte:

As críticas são capazes de nos fazer enxergarmos nossos


erros, falhas e fraquezas.

Toda crítica tem esse potencial, o grande ponto da questão é


que nem todos os erros, falhas e fraquezas devem ser postos
em cheque e julgados como se fossem um grande problema,
ou seja, não tem motivo de se tornarem o foco de nosso
pensamento, dada sua irrelevância.

Então, críticas irrelevantes são aquelas que têm algum


nível de razão, ou seja, há ali um pequeno defeito, porém
esse pequeno defeito não atrapalha genuinamente
qualquer pessoa ou qualquer processo de
desenvolvimento.

Essas críticas, devido seu baixo grau de implicação, não


merecem receber uma atenção ou esforço, pois os ganhos
de serem resolvidas não sobressaem os ganhos que o
indivíduo teria em direcionar essa atenção e esforço na
execução e treino de sua tarefa.

Imagine uma prova que vale 10 pontos, na qual o indivíduo só


dispõe de 50 minutos para realizá-la e é constituída por 20
questões valendo 0,5 pontos cada. Faria sentido se a pessoa,
já na terceira questão, percebesse que cometeu um erro e
persistisse em ficar tentando corrigi-lo por 15, 20 minutos?
Provavelmente não. Há um ganho maior se ele focar durante
esse tempo a energia em resolver as próximas 13 questões,
até porque também existe a possibilidade dele esgotar-se
nessa questão e acabar prejudicando seu desempenho nas

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próximas - o que não aconteceria se ele apenas tivesse
deixado a terceira questão de lado.

Esse é um exemplo didático, apenas para tirar da abstração


essa ideia que estamos trabalhando, entretanto na vida as
coisas não acontecem de forma tão diferente.

Muitas vezes, quando damos bola para uma crítica não


relevante, sacrificamos nossas próximas tarefas por um
ganho inexpressivo.

A personalidade resistente à críticas, portanto, é uma


personalidade constituída de sabedoria em saber classificar
uma crítica quando ela é irrelevante ou não, e, a partir disso,
tomar decisões razoáveis que não vão sacrificar seu futuro
desempenho.

Agora, porém, existe um segundo tipo de crítica que merece


nossa atenção: a crítica irracional.

Qualquer crítica que não tenha um fundamento lógico ou


uma razão de existir, ou seja, não há um motivo para validá-
la, deve ser descartada imediatamente. Não há um motivo
racional para que você se abale com elas, já que são
infundadas - tenha a consciência de que já existem coisas
verdadeiras suficientes no mundo para nos preocuparmos,
visto isso, deixe o irreal de lado e foca no que fatidicamente
existe tem implicações reais.

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Nessa circunstância, a personalidade resistente à críticas é
aquela que sabe dar importância ao que tem razão de
existir e descartar tudo aquilo que não possui implicações
reais.

Por último, a crítica que sobra para falarmos é aquela que,


além de fundamentada, afeta diretamente nosso
desempenho e resultados.

Normalmente, quando essa crítica surge é de alguém que já


passou pelo processo que você está passando, ela conhece
você suficiente e tem boas intenções em te alertar sobre
possíveis erros que você esteja cometendo.

Por mais que o fato de alguém te expor a um erro é sempre


desconfortável, a partir do momento que você usa essa
informação ao seu favor para melhorar sua performance você
se torna uma pessoa muito mais forte, madura e começa, de
fato, a progredir.

Ninguém é capaz de melhorar aquilo que não sabe que


pode ser melhorado.

A pessoa com uma personalidade resistente às críticas é


capaz de se blindar das críticas irrelevantes e irracionais, ao
mesmo tempo que é capaz de se manter firme perante às
críticas fundadas e verdadeiras, passando por cima de seu
próprio ego e abrindo espaço para uma verdadeira chance de
se tornar melhor em algo.

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O processo de construção de uma personalidade resistente à
críticas é constituído por 3 etapas principais:

Antes de voltar toda sua atenção a uma crítica, lembre-se das


seguintes perguntas

Há razão de existir?
Quem está por trás da crítica?
Essa crítica é relevante suficiente para eu destinar tempo e
energia a ela?

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Nós nos tornamos resistentes a tudo aquilo que decidimos
enfrentar, pois quando enfrentamos o problema
descobrimos normalmente duas coisas, a primeira é que
somos mais fortes do que imaginávamos, enquanto a
segunda é que o problema é bem menos assustador do que
pensávamos.

NOS TORNAMOS
RESISTENTES A
TUDO AQUILO QUE
DECIDIMOS
ENFRENTAR

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Ter a consciência que você já foi capaz alguma vez de passar
por cima de um empecilho te inspira e encoraja a passar por
cima de empecilhos que possam surgir. É como se fosse usar
o gatilho da prova social consigo mesmo. "Se um dia fui
capaz, talvez hoje eu também seja". Justamente por isso eu
recomendo que você sempre traga a memória com
frequência das vitórias e conquistas que teve na vida, apesar
das críticas que recebeu na época.

SE UM DIA
FUI CAPAZ,
TALVEZ HOJE
EU TAMBÉM
SEJA.

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O spotlight effect é conhecido na psicologia como o
fenômeno em que as pessoas tendem a superestimar o
quanto os outros notam detalhes em seu comportamento ou
aparência. Um estudo feito nos anos 2000 juntou um grupo
de jovens estudantes em uma sala para realizarem uma
tarefa qualquer, e de forma aleatória escolheram um desses
estudantes para vestir uma camiseta bem vergonhosa e
pediram para que o estudante fizesse uma estimativa de
quantas pessoas naquela sala notariam a camiseta estranha.

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O estudante escolhido chutou que 50% das pessoas
notariam, sendo que na verdade somente 25% perceberam.
Ainda, outro estudo feito, pediu para que os estudantes
escolhessem uma entre três opções de camisetas não
vergonhosas - apenas com rostos famosos estampados - os
estudantes estimaram que cerca de 50% das pessoas na
sala notariam, quando na verdade apenas 10% foi capaz de
notar a camiseta que estavam vestindo.

Esse estudo da luz dá uma certeza: achamos que os outros


estão prestando atenção em nós, muito mais do que eles
realmente estão.

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Se formos nos preocupar muito sobre como está nosso
cabelo, se o cenário está bonito suficiente, se estamos
falando da maneira certa e todas essas inseguranças,
acabamos nos preocupamos de menos com o que realmente
importa: a mensagem e o receptor da mensagem.

Pense que cada vez que você desiste de postar um


conteúdo relevante, alguém está deixando de receber uma
mensagem que poderia ser o que estava faltando para essa
pessoa mudar de vida.

Pense que cada vez que você apaga um conteúdo que fez
porque ele "não ficou bom suficiente", alguém entra no seu
perfil para ler a mensagem que você deixou naquele
conteúdo e recarregar as energias, mas é pego de surpresa
porque o conteúdo não está lá.

Pense que cada live que você deixa de fazer por julgar não
ter um cenário legal, está deixando de lado uma chance de
conectar-se com seu público e aprofundar seu
relacionamento com a audiência.

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Pense que cada vez que você não faz uma sequência de
stories por achar que aquele conteúdo é simples demais,
algum seguidor seu passa mais um dia confuso por não
encontrar informações simples e básicas que darão toda a
base para que ele seja capaz de construir um conhecimento
maduro.

E o mais importante… você não está no Instagram para as


pessoas te acharem bonito, babarem ovo no seu cenário ou
desejarem usar as roupas que você usa. Sua função, como
um protagonista, é ser o mais útil possível para sua audiência
e facilitar a vida deles o máximo que der para facilitar.

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Pense há 3 anos, algo que você queria muito ter feito, mas
acabou não fazendo por medo da opinião alheia.

Vou dar um exemplo pessoal, há 3 anos eu queria muito já ter


começado a dar cursos na internet, porém eu sempre ficava
muito insegura porque eu não sabia o suficiente, tinha medo
do que os profissionais da área e meus colegas de sala
iriam pensar de mim, acreditava que não era capaz de ter
uma boa didática. Consigo lembrar claramente de ter
procrastinado por 2 anos aquilo que realmente queria, mas eu
não sou capaz de lembrar sequer o nome das pessoas que
estudaram comigo na época, ou de como eram seus rostos.

A grande questão dessa estratégia é tomar consciência de


que as pessoas que você morre de medo de te julgarem não
são relevantes, e mesmo as que são, muitas vezes só são
pessoas da sua convivência, com quem você não é obrigado
a ficar no mesmo ambiente – e que não pagam suas contas.

Jamais deixe de fazer algo por causa dessas pessoas, elas


um dia desaparecerão da sua memória e a única coisa que vai
te restar é o arrependimento de não ter feito o que deveria
ser feito antes.

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Eu posso afirmar que essa estratégia é a melhor de todas, a
que mais funciona comigo. Quando eu percebi que passar
vergonha, fracassar e parecer um idiota na frente dos outros
não é a pior coisa do mundo, é como se eu tivesse ganhado
um superpoder. Literalmente.

Claro que eu sei que passar vergonha é horrível, aliás nosso


modelo mental foi desenvolvido com a necessidade de ser
aceito pelo grupo (isso nos permitia sobreviver em
ambientes hostis quando ainda éramos caçadores-
coletores e andávamos em bando de até 30 pessoas)
naquela época ser aceito no grupo era questão de vida ou
morte, já que um homem sozinho na selva não é capaz de
durar por tanto tempo. Porém a sociedade evoluiu e hoje não
andamos em grupos de 30 pessoas, mas vivemos em cidades
com milhões delas.

Pense como não seria horrível precisar da aprovação de cada


uma dessas 2 milhões de pessoas que vivem em Curitiba, por
exemplo, totalmente disfuncional e utópico, ninguém
consegue agradar 2 milhões de pessoas!

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A nossa sorte é que agradar todo esse povo não é mais
questão de sobrevivência, mas o nosso azar é que nossa
mente ainda é guiada por esses instintos que herdamos de
nossos ancestrais.

Justamente por isso, é fundamental racionalizarmos qual é a


pior coisa que pode nos acontecer se acabarmos passando
vergonha, por exemplo: daqui a pouco preciso fazer uma live,
mas tô com medo de na hora me dar branco, eu esquecer o
que ia falar e acabar ficando sem reação.

Nesse caso você deve pensar "qual a pior coisa que vai
acontecer caso me de branco e eu congele na frente de
todos que estão me assistindo?". O importante, na resposta,
é você ser sincero e usar dados da realidade, ou seja,
argumentos pé no chão.

Uma resposta possível seria: "as pessoas podem ficar meio


confusas, quietas e talvez até tentem me ajudar a lembrar
do que eu iria falar. Mas, nada me impede de falar que
acabei me perdendo do raciocínio e começar do zero o
mesmo assunto ou até começar outro assunto."

Isso serve, especificamente, para você compreender que não


irá morrer, nenhum braço será arrancado ou a pessoa que
você ama vai desaparecer só porque você acabou se
perdendo no meio da live.

Inclusive, seria até uma boa oportunidade de você quebrar o


gelo com a audiência, compartilhar que aquilo está sendo um
desafio e transformar esse limão em uma limonada -
aumentando a conexão com quem te acompanha.

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CONCLUSÃO
Jamais deixe de fazer algo que é importante para
você por medo da opinião alheia, esse medo
pode ser superado e você é capaz de seguir seu
sonho sem ficar refém das críticas.

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