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986-24
Material elaborado por Garalhufa. Escrito por Mariana
APOSTILA LINGUAGENS DA ATUAÇÃO
Venâncio e Wenry Bueno. Direitos Reservados.
O Dramaturgo nos dá
alguns minutos de
uma vida. Temos de
preencher o que ele
deixa de dizer.
Constantin Stanislavski
Índice
4 Tipos de Atuação
24 Teatro Épico
Interpretação vs.
10 Representação 29 Teatro Físico
19 Fichas de Análise
Personagem e Narrativa
42 Referências
PARTE UM:
TIPOS DE
ATUAÇÃO
Atuação Realista
O Realismo é uma estética teatral que surge no século XIX e foi
extremamente revolucionária na época. Isso porque
anteriormente, o trabalho do ator não era sistematizado e não
tinha tanta preocupação com a verdade, com o real. Inclusive,
existia até então a ideia de estrelato: as pessoas iam ao teatro
para ver uma determinada atriz, não exatamente ver algum(a)
artista interpretando um personagem. Então, devia-se sempre
estar bonito(a) em cena, com vestes deslumbrantes... Até o
surgimento do que entendemos como Realismo.
Atuação Épica
Já no séc. XX, num período de guerras e do crescimento de
movimentos fascistas na Europa, surge o alemão Bertold Brecht
que cria o que conhecemos como Teatro Épico ou Teatro Dialético,
com forte cunho político para contestar o período em que se vivia.
Teatro Contemporâneo
O Teatro Contemporâneo, como o próprio nome sugere, diz
respeito à estética que atualmente estamos inseridos.
PARTE DOIS:
INTERPRETAÇÃO vs.
REPRESENTAÇÃO
Interpretação Representação
Ator Representante do
Imaginário
Ator Intérprete do Texto. Texto.
Coletivo
Ator traduz o Texto. Ator encontra ações
equivalentes.
Estudos de
Burnier
PÚBLICO ATOR PERSONAGEM PÚBLICO PERSONAGEM ATOR
ENTENDIMENTO SOBRE
PERSONAGEM:
REFLEXÃO:
O personagem é criado só
pelo ator?
PROBLEMÁTICA:
PARTE TRÊS:
PERSONAGEM
REALISTA
Ação Física
Toda ação deve ter um
propósito.
Motor para a ação: "E Se?"
Preocupar-se sempre com a
execução de cada ação - o
sentimento vem com ela.
Imaginação
A imaginação é importante
instrumento para a construção
do personagem e das ações,
pois permite que você imagine
aquele personagem nas mais
diferentes situações, e imaginar
em cada uma delas as suas
mais diferentes reações.
Deve ser uma imaginação
lógica! Não fantasiosa nesse
caso. Motor: Por Que?
Concentração
da atenção e
descontração
dos músculos
O ator deve ter concentração
total de sua atenção no aqui e
agora, de forma que nenhuma
interferência o faça romper com
a ilusão de realidade criada no
palco.
Uma técnica para atenção é o
relaxamento: descontraindo os
músculos e aliviando tensões.
Unidades e
Objetivos
Estudar o texto e separá-lo em
Unidades que podem ser
separadas, por exemplo, em
cenas.
Cada unidade deve girar em
torno da mesma temática e/ou
acontecimento. E, para cada
unidade, seu personagem deve
ter um objetivo (uma tarefa).
Em seguida, liste as ações
físicas que devem ser realizadas
a fim de que seu objetivo seja
cumprido.
Objetivo= "eu quero..."
Fé e sentimento
de verdade
A verdade está presente em
dois planos:
Plano Real (nossa vida).
Plano Palco (igualmente
verdadeira mas construída
artificialmente).
Gerar sentimentos e ações
críveis.
Memória das
emoções
Memória sensorial: ligada aos
sentidos que despertam as
emoções. A Memória Afetiva é
muito usada para chegar em
emoções semelhantes a que o
personagem vivencia a partir
da sua experiência pessoal.
Tomar cuidado com gatilhos.
- Stanislavski.
Comunhão e
adaptação
Ativar conscientemente para
cair na emoção.
Ação interior: exercício de pri-
var sentidos. Brigar em dupla, Forças motivas
depois limitar-se privando a
visão, depois audição, depois o
interiores
movimentos dos braços até O exercício anterior também
brigar somente em seu interior. serve para ativar as Forças
Adaptação: Quais ferramen- Motivas Interiores pois você
tas utilizar para alcançar os cria uma Ação Interior para o
objetivos? Compensação. personagem.
Primeiro vem o sentimento,
depois a mente (racional) e em
seguida, a vontade.
Linha contínua
As linhas do Ator e do Papel unem-se
formando uma só linha: a linha contínua. Que
inicia antes do início da peça: passado da
personagem, perpassa o enredo e também
vai além: o futuro.
No limiar do subconsciente
Uso do subconsciente para encontrar a
verdade e realidade nas ações, para que seja
causado no palco a ilusão de verdade-
semelhante à vida.
Super objetivo
Ao analisar seu personagem no contexto
geral, em sua linha contínua, analisando
cuidadosamente os objetivos das unida-
des, você notará que seu personagem
tem um super objetivo (ou supertarefa)
como missão de vida.
O que ele mais quer, afinal? Um bom
ponto de partida para pensar o objetivo é
"Eu quero ser..."
PARTE QUATRO:
MEMÓRIA DAS
EMOÇÕES
PARTE CINCO:
FICHAS
DE ANÁLISE
Checklist de Personagem | Ficha de Personagem | Checklist de Narrativa | Ficha da narrativa
Checklist de Personagem
O Checklist de Personagem é uma ficha de análise com diversos
aspectos que compõe a vida de uma personagem.
Ficha de Personagem
Nome: ________________________________
Estado Civil
Pessoa Amada
Gênero
Como se relaciona
Idade
com a Pessoa Amada
Signo
Orientação Sexual
Naturalidade/
Vida Sexual
Nacionalidade
Como encara a
Local onde reside
sexualidade
Classe Social
Ano de Nascimento
Profissão
Aparência (altura,
Posição que ocupa na porte físico, cor dos
Profissão olhos, etc)
Escolaridade Etnia
Nome: ________________________________
Como se enxerga?
Checklist de Narrativa
O Checklist de Narrativa é uma listagem com diversas questões
para se pensar na hora de construir uma narrativa ou de explorar
um texto teatral previamente escrito.
Alguns itens como "autor, contexto, ano etc" devem ser levados
em consideração apenas para obras previamente escritas.
Como usar?
A Checklist foi construída sendo pautada em aspectos realistas,
então se sua história não se enquadrar nessa linguagem, não tem
problema se ela não resolver todos os pontos sugeridos.
Ficha da Narrativa
Obra: ________________________________
Autor
Principais conflitos
Gênero Dramático
Causas dos conflitos
Ano em que foi escrita
Momentos de tensão
Local em que foi escrita
Momentos de
Estética e Linguagem Relaxamento
Personagens Dificuldades
(elaborar uma Lista de oferecidas ao elenco e
personagem para direção
cada).
Para quem é a obra?
Função de cada
Justificativa da obra
personagem no enredo.
PARTE SEIS:
TEATRO ÉPICO
Depois prenderam os
miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
PARTE SETE:
TEATRO FÍSICO
Meyerhold e a Biomecânica | Grotowski e o Teatro Pobre | Eugênio Barba e o Teatro
Antropológico | Antonin Artaud e o Teatro Ritual - Teatro da Crueldade
Meyerhold e a Biomecânica
Meyerhold foi discípulo de Stanislavski e criou o que chamamos
de Biomecânica. Ou seja, seu teatro era pautado no estudo do
movimento a partir do estudo da Física. Isso mesmo, aquela
matéria que você pensou que jamais veria no teatro, hahaha.
Um exercício seu que ficou muito famoso foi o "Lançar a Pedra" que
é uma sequência de movimentos. Assim, seu teatro é mais
mecânico por ter foco no
movimento e um ator adepto
de seu teatro deve possuir
um intenso treinamento
físico e elaborações de
partituras corporais para seu
personagem!
O Teatro Pobre é a
ideia de que para o tea-
tro acontecer necessita
somente um ator e o
público. De acordo com
Grotowski, somente
nesse encontro já existe
teatro. Na visão dele
todas as outras coisas como iluminação, cenografia, figurino etc.
seriam um complemento para a arte de ator, não são funções
obrigatórias para que o teatro aconteça. Assim, sua tese fica
conhecida como teatro pobre.
Barba, que felizmente ainda está entre nós nesse plano, foi o
fundador do que conhecemos como Teatro Antropológico e
precursor de tantos conceitos que conhecemos no teatro
atualmente.
O último Mini Curso que ofertamos por aqui foi inteiramente sobre
Eugênio Barba e sua postulação sobre Treinamento de Ator. Ele é o mestre
queridinho da Mari e ela pôde, inclusive, estudar com uma das professoras
da Escola Internacional de Antropologia Teatral- ISTA (fundada pelo
próprio Eugênio). Só comentando pois quem se interessar e quiser saber
mais a fundo, só chamar a gente pois amamos!
Corpo Extracotidiano
Aculturação
Pré-Expressividade
PARTE OITO:
TEATRO
CONTEMPORÂNEO
Rompimento com o texto... | Uso da tecnologia | Caráter experimental | Uso do jogo dramático
| Autobiográfico e caráter documental
2. Uso da tecnologia.
Aqui podemos entender
o conceito de tecnolo-
gias de diversas formas.
Não necessariamente
isso significa que uma
peça é High-tech. Mas
ela pode ser sim empre-
gada em diversos recur-
sos: iluminação, cenário,
atuação e inclusive dada aos espectadores. Já ouvi falar de uma
peça em que nenhuma luz do teatro era acesa mas a plateia
recebia uma espécie de lanterna na entrada. Então o próprio
público era responsável por iluminar e, consequentemente, direci-
onar as partes visíveis. Nesse exemplo entramos também em outro
caráter que discutiremos agora.
3. Caráter Experimental.
Notou que no exemplo anterior a proposta era um experimento?
5. Autobiográfico e caráter
documental.
Na atuação contemporânea, a maneira como encaramos o
personagem é diferente. Se no realismo precisávamos nos anular
enquanto atores para "viver" enquanto aquele personagem, a
visão agora é outra.
Mariana Venâncio
Wenry Bueno
Referências
ARTAUD, Antonin. O Teatro e seu Duplo. 1ª ed. São Paulo: Editora Max
Limonad, 1984. Porto Alegre: A Nação e Instituto Nacional do Livro, 1975.
BARBA, Eugenio. A Canoa de Papel: tratado de antropologia teatral.
Brasília: Teatro Caleidoscópio: 2009.
BARBA, Eugenio. Além das ilhas flutuantes. Trad. Luís Otávio Burnier.
Campinas: Unicamp, 1991.
BERTHOLD, M. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva,
2004.
BRECHT, B. Teatro dialético: ensaios. Seleção e introdução de Luiz
Carlos Maciel. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
CABRAL, Beatriz. O Drama como Método de Ensino. São Paulo:
Hucitec, 2006.
GILBERTO, Antônio. Grandes Diretores do Século XX. CAL, Casa das
Artes, 2020.
GROTOWSKI, Jerzy. Em busca de um teatro pobre. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1971.
KOUDELA, I. D. Brecht na pós-modernidade. São Paulo: Perspectiva,
2001
MEYERHOLD, Vsévolod. Do Teatro. Editora Perspectiva, São Paulo, 2012.
PORTELLA, Rodrigo. Sobre Verdade e Presença. Curso Grupo Cortejo,
2020.
ROSENFELD, A. O teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 2006.
ROSSETO, Robson. Jogos e Improvisação Teatral. – Guarapuava:
Unicentro, 2012.
ROUBINE, J.-J. A linguagem da encenação teatral. Tradução de Yan
Michalski. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
STANISLAVSKI, Konstantin. A Preparação do Ator. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1982.
STANISLAVSKI, Konstantin. A Construção da Personagem. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.
STANISLAVSKI, Konstantin. A Criação de um Papel. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1995.