Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Foi assim também com o amigo Barnabé, de quem só conhecia sua música
dodecafônica, “crocodílica”, até o Arrigo fazer a trilha do nosso ORIUNDI – uma
desconcertante surpresa!
Com Mario da Silva - meu mais novíssimo amigo de infância! - não está sendo
diferente. Não conheço toda sua obra, ao contrário, mal comecei mas, cada vez mais
entendo suas composições; sua leitura sonora de nós - este primata sofisticado que
somos, todos - como quando lemos um quadro, uma pintura. Ao expandir o violão, ao
ouvi-lo nesse movimento, me sinto arremessado à infância, quando dedilhava ao
piano sem buscar músicas, mas o prazer de associar as notas. Essa expansão do
violão, a frouxidão de uma e outra corda, a parceria com uma caneta BIC e suas
novas frequências e tensões são um atrevimento embasado, como Picasso fez.
Ricardo Bravo
Cineasta, roteirista e ator bissexto, diretor do filme ORIUNDI (2000) estrelado por
Anthony Quinn.
Page 2 of 8
CRIANDO A FLORESTA por John Schneider
John Schneider, violonista americano residente em Los Angeles que trabalha com
violão microtonal. Escreveu o livro “The Contemporary Guitar”, que além de
abordar o violão e seus compositores do mundo, na sua nova edição, inclui os
compositores brasileiros Arthur Kampela e Chico Mello.
Page 3 of 8
TRANSBORDA LIMITES INSTRUMENTAIS por Orlando Fraga
Desde seu primeiro registro em CD, Mario da Silva se preocupa com a expansão e
renovação do repertório brasileiro contemporâneo para violão. No documentário
audiovisual Desvendando o Violão Expandido vai além. A eleição de um corpo de
compositores brasileiros importantíssimos internacionalmente (Chico Mello, Arthur
Kampela, Edino Krieger), além do próprio Mario (um criador poderoso) para formar
esse trabalho não tem nada de empírico. O conceito de repertório expandido não é
novo, sequer exclusivo ao violão. Mas Mario da Silva, aqui, faz um registro
consistente desse repertório. Não tenho receio em afirmar que este é o trabalho mais
importante no cenário do violão, que transborda os limites instrumentais para se
tornar a maior contribuição à música brasileira recente.
Orlando fraga - Concertista e professor de violão. Estudou no Conservatório
Universitário de Música de Montevidéu (Uruguai). Mestre pela The University of
Western Ontario (Canadá) e Doutor em Performance (D.M.A) pela Eastman School
of Music da Universidade de Rochester, NY (USA).
Page 4 of 8
O que pode ser maior que a ousadia, quando esta levanta a neblina densa da floresta e
revela paisagens tão concretas quanto divinas? O que pode ser maior do que o desejo
de expandir? O desejo pressupõe paixão por algo latejante que atiça os cinco sentidos
e as nove consciências, faz tremer as emoções carregadas de afetos, numa intensidade
alucinante, quebra todas as regras, sobrepondo-se a razão. O manejo dos corpos
Homem-Violão, provoca arrebatamentos! Há de afrouxar as cordas rasgadas pela luz
veloz do tempo, de sons coloridos com timbres poéticos, peitorais, viscerais, entre
dentes compondo pausas com as mãos. Quase uma prece, um rito, a evocar Deuses
adormecidos pela mesmice. Aqui, neste lugar, documentar é voltar a ser criança,
brincar seriamente com ofício de tocar a alma, o espírito.O peito sobre as ancas do
violão, viola regras e nada é em vão, como o delirante apaixonado se arrepia ao
toque, vibra staccato, transpira legato com os punhos enquanto apalpa com os dedos
e unhas o invisível. É pura leveza ouvir os sussurros e gemidos a beber de colher a
falta de ar. O amor é sinônimo de liberdade, tons imemoriais, é o Éter, a essência
perambulante, pés flutuantes em água doce. Nana neném, escuta o tilintar do artista,
faz-me nascer - acordais em acordes-ais - acorde em mim os sonhos de vagarezas,
pais, mães, tias e Terezas da minha infância. Rezo neste palco, altares uterinos, daí-
me à Luz de um parto sem dor. O artista diz “Rir de si próprio”, pois então rir é trans-
gredir, dançar o drama da vida entre o sagrado e o profano e descobrir-se em
movimento, bailar com todos os corpos para aguçar o homem antes do artista.Ping
Pong, Ping Pong, um jogo, um mito a orquestrar, florestas, aromas e lagartos!
Valéria Alencar atriz e escritora, com diversos trabalhos para cinema, teatro e tv,
participou do filme Bicho de Sete Cabeças de Laís Bodanzky, além de inúmeras
participações em telenovelas. Participou do espetáculo Residue (Pares no Lixo e no
Luxo) dirigido por Lu Grimaldi, com Mario da Silva, Rocio Infante e João Vitti.
Page 5 of 8
IMPRESSÕES DE UM LEIGO EM EXPANSÃO por João Vitti
João Vitti é ator formado em Artes Cênicas pela UNICAMP. Dentre inúmeros
trabalhos para TV e Teatro, também trabalhou no cinema destacando Cães
Famintos dirigido por Beto Oliveira.
Page 6 of 8
DESVENDANDO O VIOLÃO EXPANDIDO por Ricardo Tacuchian
"MARIO DA SILVA é reconhecido como um dos mais importantes violonistas
brasileiros da atualidade. Sua técnica, sua audácia na escolha do repertório, e sua
integração do complexo VIOLÂO-VIOLONISTA, numa visão coreográfica e
comunicativa com o público, são únicas no panorama musical de nosso país. Sempre
irrequieto, MARIO DA SILVA lançou, em 2018 o precioso CD “Violão
Expandido”.
A partir daí começou a gerar a ideia da produção de um vídeo, sobre o tema, ao
mesmo tempo artístico e documental. Agora, nasce a Série DESVENDANDO O
VIOLÃO EXPANDIDO, em quatro episódios, cada um com duração aproximada de
30 minutos. Portanto, trata-se de uma produção de vulto, com um mínimo de
recursos, mas com uma equipe de produção altamente criativa. E, naturalmente, com
a arte do grande violonista MARIO DA SILVA.
Os episódios apresentam o violonista expondo suas ideias sobre o violão expandido e
interpretando peças de importantes compositores brasileiros que seguiram este
caminho. A Série foi produzida por ALVARO COLLAÇO e criativamente dirigida
por ANAI BAGNOLIN, numa realização da ALVARO COLLAÇO PRODUÇÕES.
Os episódios apresentam importantes depoimentos de músicos estrangeiros e
brasileiros, como ALESSANDRO FERREIRA, CHICO MELLO, ARTHUR
KAMPELA, EDINO KRIEGER, DENISE GARCIA, FABIO ZANON, TIM
RESCALA, entre outros, e da bailarina e coreógrafa ROCIO INFANTE. Além das
incomparáveis interpretações de MARIO DA SILVA, os episódios também lançam
mão de farto material documentário, coreografias e gravações relativas ao tema. O
visual do filme, intercalando as entrevistas e as execuções, é belíssimo.
O Primeiro Episódio é um PANORAMA, onde vários violonistas discorrem sobre o
que são as técnicas expandidas e porque o violão pode ser um instrumento ideal para
elas:
O Segundo Episódio é dedicado a EDINO KRIEGER, com ênfase na obra “Ritmata”:
O Terceiro Episódio é dedicado a ARTHUR KAMPELA, com ênfase na série “Per-
cussion Study”:
O Quarto Episódio é dedicado a CHICO MELLO, com ênfase na obra “Do lado do
dedo”:
Trata-se de um Documentário que mostra um aspecto do rico panorama do violão no
Brasil, especialmente no que concerne às PRÁTICAS EXPANDIDAS. Não é uma
superprodução, mas um superdocumento, que interessa além dos violonistas, a
compositores e ao público em geral".
Aqui estão reveladas as paixões que estes artistas têm por este instrumento, o afeto, a
dedicação pela música e arte em diversos níveis: dos compositores aos intérpretes;
das coreografias as edições de imagem.
Uma das coisas que chamam a atenção, é a naturalidade com que o Mario da Silva
transita pelas ditas “técnicas expandidas”, as quais, nas mãos dele, se transformam
em música - objetivo final do artista. Esse termo cada vez mais tem perdido o sentido
pelas novas necessidades sonoras, já sendo técnicas obrigatórias de estudo para
qualquer intérprete.
Enfim, toda a concepção do trabalho tem uma coerência incrível, que além de
contextualizar as obras historicamente, mostra a experiência viva da relação
intérprete-compositor, embasando o espectador para apreciar profundamente o
resultado sonoro e visual.”