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Modernizações do moderno: Brasil um sonho intenso para sentir a auto-estima

Desde a corroboração da república em 1889, a civilização brasileira passa por inquietudes


que estranham e até desonram uma nação que pelo menos tentou estabelecer de forma plena -
em períodos descontínuos, vale constar - uma democracia. As importunações à democracia
estão atreladas, diretamente e indiretamente, à formação do Estado anti-social e a
instabilidade de identidade nacional. Processos esses, que fixaram ao longo da história
desenvolvimentista, a conservação de uma doutrina focada em tornar desesperadamente o
Brasil uma potência mundial e um exemplo a ser visto por outras nações. Mas quem se
importa em demasia com a impressão, perde a companhia da conscientização, pois bem a
república brasileira até hoje não formou uma sociedade justa e digna para ser chamada de sua
representação, o que de fato até não se tem mais esperanças.

Parece que Charlie Chaplin quando produziu "Tempos Modernos" (filme de 1936) fez uma
excursão prolongada na América do Sul, num país de produção agrária e industrial intensiva,
lhe rendendo tal criatividade em recursos para construção do filme. Bom, a suposição de que
Charlie havia passeado no Brasil é facilmente rompida, porém a contextualização artística por
ele dirigida, nada mais é do que um comparativo ou demonstração da exploração e
desvalorização do trabalho da época. Em suma, a década de 1930 é um consequente de
guerras (Primeira Guerra Mundial 1914-1918) e instabilidades sócio-econômicas de décadas
passadas que corresponde ao século XX. As mágoas herdadas renderam ao mundo uma crise
concedida pela queda da bolsa de valores em Nova York (1929). No cenário nacional essa
adversidade contou ainda com o fim das Oligarquias paulistas e mineiras, tendo como agente
a Revolução de 1930 concedendo a eleição de Getúlio Vargas. O espelho de dimensão
inconteste, era passível de refletir demais percalços estruturais como filhos de mesma mãe
espalhados ao redor do mundo ou até mesmo sendo um orfanato desses filhos abandonados
pela matriarca e assim desprovidos de qualquer regulamentação esperançosa. A nação
brasileira recebe seu mínimo porém, quando lhe é instigado nesse mesmo período uma
inspiração vanguardista europeia que entretanto, é vestida com uma roupagem nacionalista: o
Modernismo. Movido a críticas sociais, o movimento oferece um olhar sensível à sociedade
simplória, retratando-a em obras de arte como pinturas e na literatura, por exemplo.
Engessou-se como legado deixado pelo Modernismo, a valorização integral de uma
auto-estima nacional, instigada a partir da cultura. Obras como a pintura "A Negra" de Tarsila
do Amaral, o livro "Macunaíma" de Mário de Andrade, traziam em seus respectivos
conteúdos a mais pura e singela caricatura do brasileiro desprestigiado.

Quando em 1930 Getúlio Vargas assumiu o trono presidencial, os cidadãos poucos sabiam de
onde vinha e pra onde iria seu itinerário, o que sabiam afinal ou pelo menos achavam, é que
agora um bom gestor estaria ali indiciado a acabar com as adversidades sociais e garantir a
exaltação que o trabalhador precisava. Talvez o carisma tenha sido o principal motivador
dessa crença, semelhante ao que ocorreu em 1990, na eleição de Fernando Collor.
Adentrando no governo Vargas que durou até 1945, o chefe de Estado intensificou a
industrialização como uma marcha progressiva do capitalismo rumo à potencialização do
país. É claro que não é visto ainda um contingente superior da população urbana em
comparativo à rural, o que de fato não tranquilizou o andamento das produções, seguindo a
todo vapor e agora ainda com carteira de trabalho assinada, a CLT, a remuneração por carga
horária além da inauguração do sindicato; todas essas atividades realizadas pelo presidente
gaúcho. Para Getúlio o operário não devia se intimidar, bem por isso ele afirmava que "Vocês
devem acreditar que algum dia, um de vocês estarão aqui no meu lugar", todavia seu período
na presidência não foi social a esse nível. Pelo contrário, a instauração do Estado Novo
excluiu os direitos políticos e reduziu os direitos civis, contabilizando um obstáculo e tanto
aos cidadãos da sociedade. Para Adalberto Cardoso, a globalização presente foi impactante
pra decrescente do "império Vargista", o mundo tomado na década de 1940 a uma possessão
de caça aos comunistas - originando uma luta entre Estados Unidos e União Soviética, a
Guerra Fria, começada em 1947 - atrelado ademais corrupções por ele cometidas foram
fatores influenciadores e há quem diga até determinantes para o procedimento que levou ao
seu suicídio.

Se o Modernismo tentou vigorar uma identidade cultural, Getúlio Vargas conseguiu em seu
governo longínquo, construir uma estrada definidora do caminho no qual a nação iria dar seus
passos. É tido como prova veemente, a conduta autoritária de repressão aos direitos dos
cidadãos no que diz respeito ao período de ditadura militar, datado dezenove anos depois do
término do governo Vargas. Entretanto o golpe militar, veio depois de presenças tímidas na
cadeira da liderança executiva. A exceção de Juscelino Kubitschek, que construiu em tempo
recorde a capital Brasília, instigado a fazer uma capital do país no interior, visando um capital
mais desenvolvido. Seu projeto "50 anos em 5" contou com diversos avanços industriais,
permitidos com a agora valorização do operário tendo alguns benefícios, mas não
abstraindo-o da exploração. Contudo Juscelino teve que contar em seus últimos três anos no
'trono', com uma alta na inflação desencadeadora de uma "DR" perpétua da nação brasileira
com a tal. Jânios Quadros, o sucessor de Kubitschek, acovardou-se perante a implicância do
conservadorismo e seu comprometimento progressista, não obstante renunciou ao cargo. João
Goulart, o "Jango", foi confundido na sua prática de Reforma Agrária em março de 1964.
Para os militares a tentativa de reforma no campo tinha uma perspectiva comunista, quando a
própria conjuntura tanto especulativa quanto na prática, denota uma dependência soberba de
aquisição capital. A lógica militar foi tão preponderante que instituiu o golpe de 21 anos de
puro autoritarismo e devaneio estatal.

A obstinação em tomar a posse da "mão" de Jango foi convertida, ora até prolongada, ao
ressentimento na condução de práticas públicas. Indo direto ao ponto, a Ditadura Militar foi
um resumo de tentativas de enlaces econômico internacionais e as decorrências nas tentativas
frustradas, resultava nas subidas inflacionais, sobrando por em-si a cobrança de impostos. A
avaliação da fase ditatorial, põe a experimentação desse fenômeno como opressiva a todos os
cidadãos brasileiros, tem os que viveram e os que não queriam nem viver. Se viesse à tona
cada intenção dos presidentes com a população e se exposta aquele semblante severo, seria
bem baixa a probabilidade de convencimento. A queda do governo autoritário foi ganhando
impulso ao final dos anos 1970. As atrapalhações dos governos Geisel e João Figueiredo com
crises econômicas. Bem provável que a excassez de guerras no país e o suicídio de Getúlio
Vargas, tenham inspirados aos mesmos darem um tiro no próprio pé, quando a destrancada da
censura deixou aberta a porta pra publicação de notícias comprometedoras ao regime. E
diante do alvoroço dos operários, com as manifestações que não se haviam há dez anos,
enfim a eleição de 1985 foi direta.

Os grandes fardos a serem carregados nas décadas de 80 e 90 foram a promulgação da


constituição em 1988 e o Plano Real em 1994. A constituição garantiu, entre os demais
aspectos constitucionais prolixos, a seguridade social. Esse foi um avanço brasileiro em
comparação a outras nações que se distanciaram do aparato por conta da crise econômica em
1980 e o compromisso fiscal que iria ser imposto ao Estado. O Plano Real provou a nação,
uma capacidade original e refinada de saber estabilizar a economia. Itamar Franco e seus
ministros devem se sentir empoderados até hoje, por esse 'chute no ângulo'. Fernando
Henrique balanceou e preparou o prazo de oito anos no cargo, para anteceder o trabalhador
que Vargas havia prometido que iria assumir o poder: Lula. O executivo do PT, o partido dos
trabalhadores talvez depois do modernismo tenha sido o único a ter tentado valorizar o social
em sociedade, deve ser por isso que o Luiz Inácio vence a todos em eventual 2° turno,
segundo o "Poder Data" em notícia de dezembro de 2021. Porém a emasculação do
ex-presidente, com denúncias de corrupção e a prisão são os revés que revestem um cenário
político diferente para 2022.

Pode ser que o documentário tenha sido calculista para emancipar o petista, também possa ser
que a polarização vigente restringe uma visão menos individual. Disso não saberei concluir
caro leitor, entretanto a expectativa é de que o status quo, possa rejuvenescer como nunca
rejuvenesceu em constantes circunstâncias de modernizações.

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