XXXIX Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados

27 a 30 de outubro de 2019
Faculdade de Engenharia Química
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
Universidade Federal do Pará
Belém-Pará

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL E TEÓRICA DO DESEMPENHO DE UM CICLONE

ADAPTADO COM BOCAIS PULVERIZADORES DE ÁGUA NA REMOÇÃO DE
MATERIAIS PARTICULADOS

(dois espaços)
A.E. ACHILES1*, V.G.G. BÉTTEGA1
(um espaço)
1
Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Engenharia Química
*e-mail: anaachiles@hotmail.com

(dois espaços)
RESUMO - Ciclones úmidos são dispositivos que combinam os mecanismos de coleta
de um ciclone convencional com os de um lavador, visando um melhor desempenho na
remoção de material particulado de correntes gasosas e um menor custo operacional. O
presente trabalho teve como objetivo investigar, experimentalmente, o comportamento
das eficiências global e fracionária de coleta de um ciclone adaptado com bocais
pulverizadores de água na remoção de material particulado de diâmetro aerodinâmico
mediano de 3,23 µm. Além disso, foi desenvolvido um modelo matemático para
predizer a eficiência fracionária teórica do equipamento. De forma geral, os resultados
demonstraram que pulverizar água no interior do ciclone aumentou sua eficiência de
separação quando comparada com sua a operação a seco, sobretudo para partículas
sólidas de menor tamanho. A eficiência global de coleta aumentou em 17,90%: de 0,81
para o ciclone operando no modo seco, para 0,95 no modo úmido. A razão líquido-gás
empregada foi de 0,1 L.m-3. Ademais, a separação das partículas sólidas com diâmetros
aerodinâmicos na faixa de 1,5 μm aumentou em 37,58%. O modelo matemático
proposto foi capaz de predizer o comportamento da eficiência fracionária do ciclone
úmido de forma satisfatória.

(dois espaços)

menores que, aproximadamente, 5 μm (Iozia e

INTRODUÇÃO
Leith, 1989).
(um espaço)
Ciclones são equipamentos estáticos que Com relação aos lavadores de gás,
embora uma de suas vantagens seja remover,
empregam a força centrífuga a fim de separar a
com alta eficiência, partículas finas; estes são
fase densa de um fluxo bifásico (Momenzadeh
caracterizados por gerar um efluente líquido
e Moghimann, 2010). Com isso, são
contendo todo o material coletado e,
largamente utilizados para coletar partículas
geralmente, possuem um maior custo de
sólidas de correntes gasosas em diversos
operação quando comparado com os ciclones
processos industriais em virtude de sua
convencionais (Lora, 2002).
construção ser relativamente simples;
Diante das desvantagens apresentadas
apresentar baixos custos de manutenção e
pelo uso dos ciclones convencionais e das
ausência de partes móveis; além de ser
limitações oferecidas pelos lavadores de gás,
capacitado para operar em ambientes
surge então a concepção do ciclone úmido, o
corrosivos (Brar et al., 2015). No entanto,
qual combina as vantagens de um ciclone
estes dispositivos possuem como desvantagem
convencional: construção relativamente
uma baixa eficiência de coleta para partículas
simples, baixo custo de investimento e alta

https://proceedings.science/p/114583

confiabilidade; com os benefícios de um
lavador de gás, como a alta eficiência de coleta
para material particulado de diâmetros da
ordem de submicron (Krames e Büttnner,
1994).
A pulverização de gotas no interior do
equipamento é responsável por melhorar a sua
eficiência de coleta uma vez que, além da
força centrífuga atuando sobre as partículas,
outros mecanismos de coleta são também
adicionados como: impactação por inércia,
interceptação e difusão. Conforme Calvert et
al. (1972), a impactação por inércia ocorre
principalmente em partículas com dimensões
maiores que, aproximadamente, 1 μm. O
mecanismo por difusão é significante com
partículas menores que 0,1 μm e o mecanismo
por intercepção é eficaz para com particulados
de diâmetros da mesma ordem de dimensão
aos diâmetros dos corpos coletores.
O desempenho do ciclone úmido vai
depender fortemente do método de injeção do
líquido no interior do equipamento, das
dimensões das gotas formadas, bem como da
distribuição do fluxo e do momento inicial do
líquido (Yang e Yoshida, 2004).
Dessa maneira, diversos
pesquisadores vêm conduzindo pesquisas a
fim de avaliar, experimentalmente, o
desempenho do ciclone úmido na coleta de
materiais particulados alterando essas
variáveis: Krames e Büttnner (1994)
acoplaram um atomizador pneumático no duto
de entrada de um ciclone e conseguiram obter
uma eficiência de coleta de 99,2% para uma
corrente gasosa cuja concentração de material
particulado era de 205 mg/m³, utilizando uma
razão líquido-gás de 0,2 L/m³. Yang e Yoshida
(2004) desenvolveram um aparato
experimental a fim de avaliar a influência da
posição de injeção de líquido sobre a
eficiência de separação de partículas. Lee et al.
(2008) construíram um novo modelo de
ciclone úmido constituído de uma seção com
pratos de impactação no seu interior e, por
meio deste estudo, os seguintes parâmetros
foram analisados: ângulo dos pratos; tamanho
e pressão dos orifícios dos bocais; vazão
volumétrica de líquido. Por último, Achiles e
Guerra (2019, no prelo) realizaram um estudo
mais detalhado sobre o desempenho de um
ciclone úmido, investigando a influência dos
2
diversos parâmetros, os quais incluem:
velocidade de entrada do gás; posição do bocal
de injeção; razão líquido-gás; e distribuição do
tamanho das gotas no equipamento. Eficiência
global de coleta de quase 99% foi alcançada
pelos autores fazendo o uso de uma razão
líquido-gás de 0,43 L.m-3.
Além dos estudos experimentais, outros
autores desenvolveram modelos teóricos a fim
de predizer a eficiência de remoção de
partículas em lavadores ou em ciclones
úmidos: Jung e Lee (1998) desenvolveram
algumas expressões matemáticas com o
propósito de modelar a eficiência de coleta em
lavadores de gás segundo os mecanismos de
impactação, intercepção e difusão. Kim et al.
(2001) avaliaram um método para predizer a
distribuição do tamanho de partículas e a
eficiência de remoção em lavadores
gravitacionais em termos dos três mecanismos
de coleta. Por fim, Park e Lee (2009)
analisaram, teoricamente, um lavador
ciclônico para verificar a dependência da
eficiência de coleta das partículas para com os
parâmetros de design e operacionais do
equipamento.
A partir dos trabalhos apontados,
observa-se que é possível investigar o
desempenho de um ciclone úmido sob os
pontos de vistas experimental e teórico,
conjuntamente, a fim de se obter uma
compreensão mais detalhada acerca do seu
comportamento. Portanto, o presente estudo
visa investigar o desempenho experimental de
um ciclone adaptado com bocais
pulverizadores de água para a coleta de
materiais particulados e desenvolver um
modelo teórico para obter a eficiência
fracionária do ciclone úmido em termos dos
mecanismos atuantes na coleta das partículas.
(um espaço)
METODOLOGIA
(um espaço)
Parte I: Experimental
Descrição geral do sistema: A Figura 1
demonstra o aparato experimental empregado
nos testes. Nesse sistema, a corrente gasosa
contendo apenas ar limpo foi alimentada
através de um soprador [1] e o material
particulado por meio de um prato giratório [2],
o qual tinha a sua velocidade de rotação
controlada por um variador de velocidade e
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 3

Figura 1: Esquema do aparato experimental.

utilizava ar comprimido para arrastar o pó. características do ciclone empregado estão

Dessa maneira, o gás contendo partículas listadas na Tabela 1.
sólidas era direcionado para um ciclone [3]
adaptado com bocais injetores de água. A Figura 2: Vistas superior (a) e frontal (b) do
alimentação de água foi realizada a partir de ciclone experimental.
uma bomba de deslocamento positivo [5]
(Johnson Screens – modelo WHT24F), a qual
transportava uma determinada quantidade de
água contida em um tanque para os bocais
conectados ao longo da parede do ciclone. A
aferição bocais [7] e o controle da água foram
realizados fazendo-se uso de um rotâmetro [6].
Após a passagem pelo ciclone, a maior parte
do material particulado mais a água injetada
pelos bocais (quando o equipamento era
operado a úmido) eram coletadas na parte
inferior do ciclone em uma caixa coletora [4],
enquanto que o ar limpo e uma pequena
parcela de material particulado não coletada
fluíam pela saída de topo conectada a um duto
de saída.
O ciclone empregado na realização dos
testes experimentais é classificado como
ciclone de entrada tangencial e fluxo reverso e
suas configurações geométricas foram
estabelecidas por Stairmand (1951). Com o
propósito de aumentar a eficiência de coleta
deste equipamento, foram adicionados bocais
pulverizadores de água dispostos ao longo da
sua parede e suas disposições podem ser
visualizadas pela Figura 2, com maior detalhe,
por meio de suas vistas superior (a) e
frontal (b). Ademais, todas as dimensões

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 4

Tabela 1: Dimensões do ciclone experimental. Eficiência fracionária de coleta: as

análises de eficiência fracionária foram
Valor
Parâmetro Descrição determinadas, separadamente, nos pontos de
[m]
entrada [8] e de saída [9] do ciclone, nos quais
Diâmetro da seção
Dc 0,23 também foram mantidas as condições de
cilíndrica
amostragem isocinética. O equipamento
Altura da seção de
a 0,12 empregado para tal foi o espectrômetro
entrada
Aerodynamic Particle Sizer (APS), o qual
Largura da seção de
b 0,05 possibilitou aferir a concentração de partículas
entrada
na corrente gasosa para uma faixa de diâmetro
Diâmetro do tubo de
De 0,12 aerodinâmico entre 1,5 a 20 μm. Com isso,
saída
eficiência fracionária de coleta foi calculada
Diâmetro da seção de
B 0,09 utilizando-se a Equação 2.
saída do pó
Comprimento do
S 0,12 exp 𝐶e (𝑑p ) − 𝐶s (𝑑p ) (2)
tubo de saída 𝜂frac (𝑑p ) =
Altura dos bocais 𝐶e (𝑑p )
hs1 pulverizadores 1L e 0,13
3L na qual 𝐶e (𝑑p ) e 𝐶s (𝑑p ) referem-se às
Altura do bocal concentrações de partículas com diâmetro 𝑑p
hs2 0,24
pulverizador 2L na entrada e na saída do ciclone,
Altura da seção respectivamente.
hc 0,35
cilíndrica Material particulado: o material
H Altura total 0,93 particulado usado nos testes experimentais era
composto por cinzas provenientes da queima
Eficiência global de coleta: a do bagaço da cana-de-açúcar. A sua
determinação da eficiência global de coleta foi caracterização foi realizada utilizando o
realizada por meio da amostragem isocinética equipamento APS, pelo qual foi possível obter
obtidas de forma simultânea na entrada [8] e a sua distribuição do tamanho de partículas. A
na saída [9] do ciclone. O sistema de concentração de partículas na corrente do gás
amostragem era constituído por duas sondas de entrada foi mantida abaixo de 1,0 g/m³ para
metálicas em L, bombas de sucção [12] para todos os ensaios.
efetuar a coleta do material particulado nos Bocal pulverizador: o bocal empregado
dutos de entrada e de saída do equipamento, neste trabalho é classificado por ser
rotâmetros [11] para controlar a vazão das pulverizador de pressão, ou seja, aquele que
bombas e suportes [10] contendo membranas converte a pressão de um fluido em energia
coletoras. cinética (Lefebvre, 1989), sendo do tipo
As membranas utilizadas para coletar o pressure swirl (MGA 01 – 90°), no qual o
material particulado eram compostas por líquido deixa o orifício na forma de um cone
acetato de celulose e possuíam 47 mm de oco com ângulo de 90º, produzindo gotas
diâmetro e poros de 0,8 μm de tamanho médio. uniformemente atomizadas. A fim de
A vazão de sucção das bombas foi ajustada de caracterizar a distribuição do tamanho das
modo a ser equivalente à velocidade do gás no gotas geradas, fez-se o uso do analisador de
ponto da amostragem. Sendo assim, o cálculo partículas Malvern Spraytech®, o qual utiliza a
da eficiência global de coleta foi realizado técnica de difração de raios laser. Dessa forma,
fazendo-se o uso da Equação 1. o bocal pulverizador foi acoplado a um
suporte, o qual foi posicionado de modo que o
exp 𝐶e − 𝐶s
𝜂global = (1) feixe de laser incidisse no centro do cone de
𝐶e gotas atomizadas formado pelo spray.
Parâmetros operacionais: todas as
em que 𝐶e e 𝐶s correspondem às condições experimentais utilizadas nos testes
concentrações das partículas na corrente estão listadas na Tabela 2.
gasosa de entrada e de saída, respectivamente.

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 5

Tabela 2: Parâmetros operacionais do sistema 𝑉tmax =

experimental. 𝑎𝑏 0.61 𝐷e −0.74 𝐻 −0.33 (6)
6.1𝑣i ( 2 ) ( ) ( )
Parâmetro Valor 𝐷c 𝐷c 𝐷c
Velocidade da corrente de gás de
13,57
entrada (m.s-1) em que 𝑣i é a velocidade de entrada da
Concentração de material de corrente gasosa no ciclone.
0,42
particulado na entrada (g.m-3) Dado o diâmetro de corte, o cálculo da
Razão líquido-gás no equipamento eficiência de coleta torna-se possível de acordo
0,10
(L.m-3) com a Equação 7.
Posição do bocal pulverizador
1S
empregado 1
𝜂c = (7)
1 + (𝑑50 /𝑑p )𝛽
Parte II: Teórica
Para modelar matematicamente a em que 𝛽 consiste de um parâmetro sugerido
eficiência de coleta fracionária do ciclone experimentalmente por Iozia and Leith (1989)
úmido, este foi considerado como uma e obtido pela Equação 8.
combinação de um ciclone convencional com
um lavador de gás, logo a eficiência teórica do
ln(𝛽) = 0.62 − 0.87 ln(100𝑑50 )
ciclone úmido (𝜂teórica) pode ser calculada
𝑎𝑏 𝑎𝑏 (8)
pela Equação 3. + 5.21ln 2 + 1.05ln2 2
𝐷c 𝐷c
𝜂teórica = 1 − (1 − 𝜂c )(1 − 𝜂ws ) (3)
Eficiência de coleta do lavador
ciclônico: para realizar o modelo matemático
em que 𝜂c corresponde à eficiência teórica do do lavador ciclônico, serão assumidas as
ciclone convencional e 𝜂ws à eficiência teórica seguintes hipóteses:
do lavador ciclônico.
Eficiência de coleta do ciclone • a concentração de partículas é
convencional: em ciclones convencionais, o uniforme em todo volume de controle;
mecanismo de coleta consiste na força • todas as partículas sólidas são
centrífuga. O diâmetro de corte aerodinâmico coletadas no movimento descendente
(𝑑50 ) pode ser obtido pela correlação do fluxo gasoso;
desenvolvida por Iozia and Leith (1989), • as velocidades da corrente gasosa e das
demonstrada pela Equação 4. gotas são uniformes;
1
• a corrente gasosa segue a lei dos gases
9𝜇g 𝑄g 2 ideais;
𝑑50 = ( ) (4) • as gotas são esféricas e possuem o
𝜋𝜌p 𝑍c 𝑉t2max
mesmo diâmetro;
• o mecanismo de coleta pela força
na qual 𝜇g e 𝑄g são a viscosidade e a vazão da centrífuga foi desprezado.
corrente gasosa, respectivamente; 𝜌p é a
densidade da partícula; 𝑍c é o comprimento Tendo como base as hipóteses adotadas,
natural; e 𝑉tmax é a velocidade tangencial o balanço de massa de partículas em um
máxima. volume diferencial de controle dz é dado por:
Os parâmetros 𝑍c e 𝑉tmax foram
fluxo mássico que entra =
determinados pelas Equações 5 e 6, (9)
fluxo mássico que sai − acúmulo
respectivamente.
Numericamente, essa relação torna-se:
𝑍𝑐 = 𝐻 − 𝑆 (5)

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 6

𝑄g 𝐶p = 𝑄g (𝐶p − d𝐶𝑝 ) − em que 𝑈g é a velocidade da corrente gasosa e

(π𝑑d2 ⁄4) 𝑈d é a velocidade das gotas, ambas no interior
⏟
𝐴d𝑧𝛼 [ ⁄ 3 ]𝑈 𝜂 𝐶 do ciclone.
volume ⏟
(π𝑑d⁄6) d/g SD p
da gota
O parâmetro 𝛼 é definido como a
área de coleta/ (10)
⏟ volume diferença entre o volume de gotas e o volume
⏟ área de coleta do ciclone úmido e pode ser obtido pelas
⏟ volume molhado de gás/tempo Equações 12 e 13 para as Seções 1 e 2 do
massa limpa de ciclone, respectivamente.
partículas molhadas/tempo
𝑄L (𝑍⁄𝑈d ) 𝑄L
𝐶p : concentração de partículas; 𝛼= = (12)
𝐴𝑍 𝐴𝑈d
𝐴: área da seção transversal do volume de
controle; 𝑄L (𝑍⁄𝑈d )
Z: altura total do volume de controle; 𝛼=
1 (13)
𝛼: fração do volume do lavador preenchida por
3 𝑍(𝐴1 + √𝐴1 𝐴2 + 𝐴2 )
gotas (Holdup);
𝑑d : diâmetro das gotas; nas quais 𝑄L é a vazão de líquido; e 𝐴1 e 𝐴2
𝑈d/g : velocidade relativa entre as gotas e a são as áreas das seções transversais do corpo
corrente gasosa; cônico do ciclone.
𝜂SD : eficiência de coleta de uma única gota. Substituindo a solução numérica para o
Para resolver a Equação 10, dividiu-se o parâmetro 𝛼 na Equação 10 e integrando d𝐶P
ciclone em duas seções distintas demonstradas de 𝐶Pe até 𝐶P s e d𝑧 de zero até 𝑍, tem-se que:
na Figura 3. A Seção 1 corresponde ao corpo
cilíndrico do ciclone e na qual Z varia de zero 𝐶Ps 3 𝑄L 𝑈d/g 𝜂SD
a 0,35 m. A Seção 2 refere-se à parte cônica do = 𝑒𝑥𝑝 (− Δ𝑍)
𝐶Pe 2 𝑄g 𝑈d 𝑑d
ciclone com Z variando de 0,35 a 0,93 m
(valor referente da altura total do ciclone). (14)

Figura 3: Seções do ciclone – (a) Seção 1 e para a Seção 1.

(b) Seção 2.
𝐶Ps
= 𝑒𝑥𝑝
𝐶Pe
𝑈d
𝑄L g 𝜂SD (𝐵/2 − 𝐷c /2)4
(−9𝜋 Δ𝑍) (15)
𝑄g 𝑈d 𝑑d (𝐷c2 + 2𝐷c 𝐵 + 𝐵2 )

para a Seção 2.
Portanto, as eficiências de coleta cada
uma de suas seções foram determinadas por:

3 𝑄L 𝑈d/g 𝜂SD
𝜂ws1 = 1 − 𝑒𝑥𝑝 (− Δ𝑍)
A velocidade relativa entre as gotas e a 2 𝑄g 𝑈d 𝑑d
corrente gasosa no interior do ciclone foi (16)
calculada por meio da Equação 11.
para a Seção 1.
1
𝑈d/g = (𝑈g2 + 𝑈d2 ) 2 (11)

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𝜂ws2 = 1 − 𝑒𝑥𝑝 em que 𝜇L corresponde à viscosidade dinâmica

do líquido.
𝑈d
𝑄L g 𝜂SD (𝐵/2 − 𝐷c /2)4 𝑑d 𝑈d
(−9𝜋 Δ𝑍) 𝑃𝑒 =
𝑄g 𝑈d 𝑑d (𝐷c2 + 2𝐷c 𝐵 + 𝐵2 ) (17) 𝐷diff
(24)

𝑃𝑒 é o número de Peclet. O coeficiente de

para a Seção 2. difusão (𝐷diff ) é calculado por:
Sendo assim, a eficiência de coleta 𝑘𝑇𝐶
referente ao lavador ciclônico pode ser 𝐷diff = (25)
3π𝜇g 𝑑p
calculada substituindo as Equações 16 e 17 na
Equação 18.
sendo 𝑘 a constante de Boltzmann, 𝑇 a
𝜂𝑤𝑠 = 1 − (1 − 𝜂ws1 )(1 − 𝜂ws2 ) (18) temperatura absoluta do gás e 𝐶 o fator de
correção de Cunningham, dado por:
A fim de calcular a eficiência de coleta
𝜆
de uma única gota (𝜂SD ), foi empregada a 𝐶 = 1 + 2,284
Equação 19, a qual considera os três 𝑑p
𝑑p (26)
mecanismos de coleta de partículas em gotas: 𝜆
+1,116 exp (−0,4995 )
difusão; interceptação e impactação. 𝑑p 𝜆

𝜂SD = 𝜂dif + 𝜂int + 𝜂imp (19) em que 𝜆 é distância livre média entre as
moléculas de ar
A difusão é o mecanismo dominante em A Equação 27 demonstra a correlação
partículas muito pequenas já que o coeficiente desenvolvida por Jung e Lee (1998) para
de difusão é inversamente proporcional ao descrever a eficiência de coleta por
tamanho (Kim et. al, 2001). Jung e Lee (1998) interceptação.
derivaram uma expressão, dada pela
Equação 20, para a eficiência de coleta por 𝜂int =
difusão em uma única esfera líquida. 𝑅
( )+
(1 − 𝛼) 1 + 𝑅) (27)
𝜂dif = (𝐽 + 𝜎𝐾) 1 𝑅 2
( )
[2 (1 + 𝑅) 3𝜎 + 4 ]
1
4 1 − 𝛼 2 −1
0,7 { ( ) 𝑃𝑒 2
√3 𝐽 + 𝜎𝐾 𝑑p
(20) 𝑅= (28)
2 1 𝑑d
3 (1 − 𝛼 )(3𝜎 + 4)
√3π 3
+ 2( ) [ ] }
4𝑃𝑒 𝐽 + 𝜎𝐾 Por último, o mecanismo de coleta por
impactação é dependente do número de Stokes
e é definido por:
6 1 1
𝐽 = 1 − 𝛼3 + 𝛼2 (21) 2
5 5 𝑆𝑡𝑘
𝜂imp =( ) (29)
𝑆𝑡𝑘 + 0.35
9 1 1
𝐾 = 1 − 𝛼3 + 𝛼 + 𝛼2 (22)
5 5 O número de Stokes é expresso por:
𝜇L 𝑑p2 𝜌p 𝑈d/g 𝐶
𝜎= (23) 𝑆𝑡𝑘 =
𝜇g 18𝜇g 𝑑d (30)

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 8

RESULTADOS E DISCUSSÃO Além disso, a Tabela 3 traz os diâmetros

característicos das gotas formadas, os quais
Parte Experimental incluem:
Caracterização do material particulado: a • dv (50): diâmetro mediano volumétrico;
Figura 4 demonstra a curva de frequência • d32: diâmetro de Sauter;
cumulativa obtida para o material particulado • d43: diâmetro de Brouckere.
utilizado nos testes experimentais.
Tabela 3: Diâmetros característicos das gotas.
Figura 4: Distribuição volumétrica cumulativa
do tamanho das partículas sólidas. Diâmetro Valor (um)
dv (50) 108,37
d32 77,14
d43 124,14

É importante mencionar que o diâmetro

empregado nos cálculos da Parte Teórica foi o
diâmetro de Sauter.
Eficiência global de coleta: a Tabela 4
contém os valores de eficiências globais de
coleta obtidos experimentalmente e calculados
pela Equação 1 para o ciclone operando a
seco, ou seja, sem a adição de água; e para o
ciclone operando a úmido, isto é, com o
acréscimo de gotas pulverizadas no seu
A partir desse resultado, foi possível interior. Como previamente mencionado na
obter o diâmetro aerodinâmico de corte Tabela 2, a razão líquido-gás no interior do
experimental, isto é, o diâmetro no qual 50% equipamento foi mantida em 0,1 L.m-3. Por
das partículas alimentadas são retidas. O valor meio desses resultados, foi possível calcular o
encontrado foi de 3,23 μm. aumento percentual na eficiência de coleta
Caracterização do bocal pulverizador: o fazendo-se o uso da Equação 31.
resultado da distribuição do tamanho das gotas
geradas pelo bocal pulverizador está aum =
exp exp
apresentado na Figura 5. 𝜂global(úmido) − 𝜂global(seco)
exp . 100 (31)
𝜂global(seco)
Figura 5: Distribuição do tamanho das gotas
pulverizadas no ciclone.
Tabela 4: Eficiências globais de coleta obtidas
nos testes experimentais.
Eficiência a Eficiência a Aumento
seco úmido (%)
0,8100 0,9550 17,90

Como já esperado e relatado por outros

trabalhos da literatura, tal como: Krames e
Büttnner (1994), Yang e Yoshida (2004), Lee
et al. (2008) e Achiles e Guerra (2019, no
prelo); a adição de líquido no interior do
ciclone promove um incremento significativo
em sua eficiência de separação de partículas,
uma vez que além da ação da força centrífuga,
mecanismo de coleta característico dos

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separadores ciclônicos, há também os
mecanismos de captura típicos de lavadores
agindo sobre o material particulado, os quais
são: impactação inercial, interceptação e
difusão. Ademais, o aumento da eficiência de
coleta nesses dispositivos se dá por dois
principais fenômenos: a adição de um corpo
coletor e a eliminação do rebatimento das
partículas. No primeiro, as gotas geradas no
corpo do ciclone atuam como uma resistência
ao fluxo gasoso, isto é, as partículas mais finas
que não seriam coletadas com o equipamento
operando a seco, colidem ou aderem à
superfície das gotas, tendo as suas massas
aumentadas. Esse acréscimo nas massas das
partículas é responsável por elevar suas
inércias, fazendo com que a força centrífuga
do ciclone se torne mais eficaz. Já o segundo
fenômeno refere-se ao fato de que, ao se
introduzir água no interior do ciclone, gera-se
um filme líquido na parede interna do
equipamento. Este filme reduz a energia de
impacto das partículas na parede, evitando que
estas sejam ricocheteadas e direcionadas para a
corrente gasosa de saída. No presente trabalho,
a eficiência de coleta aumentou em 17,90%.
Eficiência fracionária de coleta: a meio ambiente; uma vez que o aumento da
Figura 6 demonstra o comportamento da
eficiência fracionária de coleta para o ciclone
operando em ambos os modos: seco e úmido,
obtido fazendo-se o uso da Equação 2.
Figura 6: Comportamento da eficiência
fracionária de coleta para as operações a seco e
a úmido.
Pode-se verificar que a operação do
ciclone no modo úmido promoveu um
9
incremento da eficiência de coleta para todas
as partículas com diâmetro aerodinâmico
menor que 5 μm.
Numericamente, o acréscimo em
percentagem ocasionado para cada faixa de
diâmetro de partículas está exposto na
Tabela 5.
Tabela 5: Aumento da eficiência de coleta
para determinadas faixas de tamanho de
partículas.
Diâmetro da Aumento
partícula (%)
1,5 37,58
2,0 31,90
2,5 18,15
3,0 10,46
3,5 6,73
4,0 3,09
5,0 1,19
Com isso, é possível observar que a
operação a úmido do ciclone foi mais eficaz
para a remoção de particulados de menor
tamanho, ou seja, as partículas consideradas
mais nocivas para a saúde humana e para o
eficiência foi mais elevado quanto menor a
faixa de tamanho das partículas, atingindo um
valor de 37,58% para as partículas sólidas de
diâmetro aerodinâmico até 1,5 μm.
Parte Teórica
A Figura 7 apresenta as eficiências
fracionárias de coleta experimental
(Equação 2) e teórica (Equação 7) para o
ciclone operando no modo seco.
Comparando esses resultados, verifica-se
que a curva da eficiência fracionária calculada
pelo modelo teórico ficou abaixo da curva
obtida experimentalmente, indicando que o
ciclone experimental apresentou um melhor
desempenho que o previsto teoricamente por
Iozia and Leith (1989). As justificativas para
determinado comportamento podem estar
relacionadas com as diferenças entre as
condições e os métodos experimentais nos
quais o presente trabalho foi realizado, entre
outros fatores. Além disso, pode-se observar
que os maiores desvios ocorreram paras as
partículas de menor tamanho.
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Figura 7: Eficiências fracionárias
experimental e teórica para o ciclone operando
a seco.
Por fim, a comparação entre as curvas
obtidas de forma experimental e teórica,
calculadas pelas Equações 2 e 3,
respectivamente, para o ciclone operando no
modo úmido pode ser visualizada por meio da
Figura 8.
Figura 8: Eficiências fracionárias
experimental e teórica para o ciclone operando
a úmido.
Assim como ocorreu para o desempenho
do ciclone a seco, a curva da eficiência
fracionária calculada pelo modelo teórico
ficou abaixo da curva obtida
experimentalmente. As causas para essa
divergência podem estar relacionadas as
hipóteses assumidas para a elaboração do
modelo teórico uma vez que este não
considerou os múltiplos vetores de velocidade
atuando sobre as partículas sólidas e as gotas
na zona de vórtex do ciclone; não contabilizou
a fração de partículas coletadas no filme
10
líquido formado na parede interna do
equipamento; e não levou em consideração as
gotas arrastadas pela corrente gasosa, nem
mesmo os fenômenos de coalescência e de
quebras que ocorrem com as gotas em virtude
da turbulência dentro do ciclone. Apesar disso,
pode-se inferir que o modelo desenvolvido
para o ciclone úmido previu satisfatoriamente
os resultados experimentais, já que o maior
desvio calculado foi de 15,23%,
especificamente para as partículas de diâmetro
aerodinâmico de 1,98 μm.
CONCLUSÃO
A partir do presente, foi possível
comprovar que a pulverização de água no
interior do ciclone melhora o seu desempenho,
já que aumentou, significativamente, as suas
eficiências global e fracionária de coleta,
sobretudo para materiais particulados de
menores tamanhos, ou seja, os mais nocivos
para a saúde humana. Com relação à eficiência
global, esta aumentou em 17,90%.
Considerando a eficiência fracionária, a
separação das partículas sólidas com diâmetros
aerodinâmicos na faixa de 1,5 μm aumentou
em 37,58%. Por fim, um modelo matemático
que prediz o comportamento da eficiência
fracionária do ciclone úmido foi elaborado,
mostrando resultados satisfatórios.
NOMENCLATURA
Altura da seção de entrada do
a [m]
ciclone
Área da seção transversal
A [m2]
do volume de controle
Largura da seção de entrada
b [m]
do ciclone
Diâmetro da seção de saída
B [m]
do pó
Fator de correção de
C [-]
Cunningham
Concentração de
Ce,s partículas na entrada e e [Kg.m-³]
na saída s
Concentração de
Cp [Kg.m-³]
partículas
Diâmetro da seção cilíndrica
Dc [m]
do ciclone
dd Diâmetro das gotas [m]
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 11

𝑫𝐝𝐢𝐟𝐟 Coeficiente de difusão [m².s-1] Eficiência de coleta por

𝜼𝐢𝐦𝐩 [-]
Diâmetro do tubo de saída do impactação
De [m]
ciclone Eficiência de coleta por
𝜼𝐢𝐧𝐭 [-]
dp Diâmetro da partícula [m] interceptação
Eficiência de coleta de uma
dv (50) Diâmetro mediano volumétrico [m] 𝜼𝐒𝐃 [-]
única gota
d32 Diâmetro de Sauter [m] Eficiência teórica do lavador
𝜼𝐰𝐬 [-]
ciclônico
d43 Diâmetro de Brouckere [m]
Distância livre média entre as
𝝀 [m]
Diâmetro de corte moléculas de ar
𝒅𝟓𝟎 [m]
aerodinâmico 𝝁𝐠
Viscosidade dinâmica da
[Pa.s]
H Altura total do ciclone [m] corrente gasoa
Altura da seção cilíndrica do Viscosidade dinâmica da
hc [m] 𝝁𝐋 [Pa.s]
ciclone água
Altura dos bocais 𝝆𝐩 Densidade da partícula [kg.m-3]
hs1 [m]
pulverizadores 1L e 3L
Altura do bocal pulverizador Adimensionais
hs2 [m]
2L
Pe Número de Peclet
Constante de
k [kg.m-2.K] Stk Número de Stokes
Boltzmann
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AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pelo apoio financeiro.

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