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Hidrodinâmica de

equipamentos de flotação
A formação do agregado partícula/bolha depende
de critérios e que, apesar de bastante complexos,
eles termodinâmicos, cinéticos e hidrodinâmicos
podem ser medidos/estimados e razoavelmente
controlados pelo Engenheiro Tratamentista.
Após sua formação, o agregado deve resistir à
turbulência do meio e flutuar até uma camada de
espuma, de onde será removido e recuperado.
A formação como o transporte do agregado demandam
tempo e, consequentemente, controlam a cinética do
processo e, mais ainda, eles ocorrem dentro de
equipamentos denominados Células de flotação, cujas
características mecânicas e de projecto influenciam
directamente não só na ocorrência, mas também na
eficiência dos fenômenos de colisão, adesão e
transporte.
Os mais importantes equipamentos de flotação (células
mecânicas ou de coluna) e também como estes
influenciam na cinética do processo de flotação.
Amostragem isocinética
Amostragem isocinética é aquela em que a velocidade
do fluido no amostrador é a mesma que o fluido
apresenta fora dele.
Se vA > vF , a quantidade de partículas coletadas é
menor que aquela que realmente ocorre no sistema;
Se vA < vF , a quantidade de partículas coletadas é
maior do que a real.
• vA = velocidade do fluido dentro do amostrador;
• vF = velocidade do fluido fora do amostrador.
Células Mecânicas de Flotação
Células mecânicas são constituídas de um tanque ou cuba
onde actua um rotor (“impeller”) envolvido por uma capa
denominada “estator”.
Como nas bombas centrífugas, o giro do rotor faz com que a
polpa seja impelida na direcção do topo do tanque, atingindo
uma certa altura a partir da qual a polpa experimenta
movimento descendente, até atingir a quota do rotor, quando é
novamente sugada e impelida na direcção do topo.
A flotação dentro do tratamento de minérios
Contexto Social e Econômico da Mineração
A sociedade moderna demanda grandes quantidades de
insumos minerais para manter o status do consumo das
famílias;
As previsões sobre oferta e demanda de matérias-primas
minerais conduz a uma visão “malthusiana” do futuro da
humanidade; Até que ponto a crosta terrestre tem
capacidade de atender a demandas da indústria?
O giro do rotor cria uma pressão negativa que provoca
sucção do ar para dentro da polpa, o que constitui uma
fonte natural de aeração do sistema.
A fração de volume total do sistema ocupado pelo ar
(“hold-up” do ar) é da ordem de 15% para efeito de
dimensionamento.
Medidas recentes de “hold-up” de ar realizadas por
Yanatos para usinas de flotação chilenas mostraram
que tal valor é da ordem de 16-18%.
Células mecânicas requerem agitação intensa para
promover:
Suspensão das partículas, impedindo que estas sedimentem e
causem aterramento da célula;
Suspensão das partículas hidrofóbicas (que têm grande
probabilidade de flotar) durante todo o tempo em que
permanecerem na célula e que, com isto, tenham o maior
número possível de chances de colisão com as bolhas de ar e
acabem sendo coletadas;
Dispersão das bolhas e partículas ao longo de todo o volume
da célula, efetuando mistura das três fases (ar, sólidos e água).
A vazão de ar é uma das variáveis mais importantes no controle do
processo de flotação. Seu efeito na recuperação mineral é
significativo. O aumento da vazão de ar aumenta a recuperação
mineral, desde que se mantenha a estabilidade do equipamento
de flotação utilizado.

Os valores da vazão de ar são transformados em velocidade


superficial Jg que é a relação entre a vazão de ar Qg e a área da
seção transversal da coluna Ac .
Holdup do ar (fração volumétrica do gás)
O holdup do ar é a fração volumétrica de ar contida em
uma determinada zona no equipamento de flotação.
Normalmente é calculado na seção de recuperação, ou
camada de espuma, e é uma variável dependente da
vazão de ar, do tamanho das bolhas, da densidade da
polpa, do carregamento de sólidos pelas bolhas e da
velocidade descendente de polpa.
Onde:
𝜀𝑔: Holdup do ar,
Δ𝑃: Diferença de pressão em KPa,
𝜌𝑠𝑙: Densidade da polpa em g/cm3,
𝐿: Distância entre as medidas de pressão em metros; e
G: Aceleração da gravidade (m/s2).
Coluna de Flotação
Células de coluna, também chamadas colunas de
flotação, têm este nome derivado da forma
geométrica de seu vaso, que apresenta altura
muito maior que o diâmetro (ou
largura/comprimento) da secção transversal.
Tais características geométricas diferem dos
equipamentos convencionais (células mecânicas)
que são constituídos de tanques relativamente rasos
que exibem geometria rectangular.
Trata-se de um tipo de equipamento muito mais jovem que as
células mecânicas, uma vez que foi patenteado no início dos
nos 60 por Boutin e Tremblay (patentes canadenses).
Não obstante, sua primeira operação industrial data de
1981, no Canadá (Les Mines Gaspé), para flotar
Molibdenita.
Nesta aplicação industrial específica, uma única coluna foi
capaz de substituir vários estágios de limpeza que
anteriormente eram executados por células mecânicas
convencionais.
Existência de duas regiões distintas: uma zona de coleta (polpa
aerada) sotoposta a uma zona de limpeza (leito de espuma).
Na zona de coleta, as bolhas colidem e aderem às partículas,
formando os agregados que vão levitar até a zona de limpeza.
A altura de colunas industriais varia de 9 a 15m, enquanto que
seu diâmetro varia de 0,5 a 3,0m.
A geração de bolhas é feita através de aeradores (“air spargers”),
que são dispositivos perfurados por onde o ar comprimido é
introduzido no sistema. Eles podem ser internos (quando o ar é
insuflado directamente na polpa) ou externos, quando o ar
entra em contacto com água ou polpa antes de ser introduzido
no sistema.
Água de lavagem é adicionada ao leito de espuma através de tubos
perfurados localizados imediatamente abaixo da sua linha de
transbordo.
A polpa alimenta a coluna pouco abaixo da linha de separação entre
a zona de coleta e a zona de limpeza. Isto corresponde a
aproximadamente um terço da altura da coluna, medida a partir de
seu topo;
A água de lavagem, ao entrar na coluna, se divide em dois fluxos:
um deles segue o fluxo ascendente da espuma, incorporando-se
ao produto que transborda. O outro, em trajetória descendente,
percola toda a zona de limpeza, chegando à zona de coleta, onde
se incorpora à polpa e traz consigo partículas hidrofílicas que
estavam contaminando a espuma.
A coluna de flotação não tem peças móveis, o que
confere maior serenidade ao movimento de
partículas e bolhas dentro dela. A peça principal
são os aeradores, que têm a função de criar as
bolhas.
Quanto menor a bolha, maior a sua área específica
e consequentemente a capacidade de agarrar
partículas coletadas.
SISTEMA DE AERAÇÃO
Bolhas de 0,5 a 2 mm;
Velocidade do ar entre 1 e 3 cm/s;
Hold Up do ar na zona de recuperação de 15 a
20%
Problemas:
Manutenção mecânica desgaste
Borbulhador de ar-Injectores
Ajuste automático do orifício;
Sistema de retenção de polpa na falta de
ar;
O sistema de retenção atua através do
diafragma, evitando o retorno de polpa para
o múltiplo de ar.
ÁGUA DE LAVAGEM lava a espuma- Prevenindo o
arraste mecânico de partículas não coletadas,
aumentando a pureza do flotado e melhorando a
estabilidade da espuma.
FUNÇÕES DA ÁGUA DE LAVAGEM
Aumentar a altura e a estabilidade da
espuma;
Reduzir a coalescênciadas bolhas.
O número de etapas “cleaner” varia com cada tipo de
processo e minério:
i. A flotação em células de coluna muitas vezes elimina a
necessidade de etapas “cleaner” porque trabalha-se com
espessura de camada de espuma muito alta, o que favorece a
produção de concentrados com alto teor;
ii. Em células mecânicas, normalmente utilizam-se 2 ou 3
etapas “cleaner”, embora existam algumas usinas que fazem
uso de 4 ou mais etapas de limpeza.
• A) Para circuitos com configuração “rougher + cleaner”, onde o rejeito
“cleaner” é misturado à alimentação nova para novamente ser
submetido à etapa “rougher”, temos:
B) Para circuitos com configuração “rougher+scavenger”, onde o
concentrado “scavenger” é misturado à alimentação nova para
novamente ser submetido à etapa “rougher”, temos:
C) Para circuitos com configuração do tipo
“rougher+cleaner+scavenger”, temos:
Celulas pneumáticas
Celulas pneumática
• A necessidade de aumento da recuperação metalúrgica e
redução dos volumes dos equipamentos de flotação têm
levado ao estudo de novas alternativas de equipamentos
de flotação.
• A tecnologia de flotação pneumática (atualmente
empregada para minérios de ferro magnetíticos e fosfatos
no Chile e carvão na China e alguns paises da Europa) tem
sido avaliada para minérios de ferro.
Principais características da Celulas pneumáticas

 Os mecanismos de colisão e adesão entre partículas e


bolhas ocorrem antes da célula, com elevada eficiência,
levando a necessidade de baixos tempos de residência.
Baixa turbulência, reduzindo a probabilidade de
descoleta de partículas grossas, levando a obtenção de
concentrados com baixos teores de SiO2.
Baixo arraste de partículas finas de minerais de Fe para
a espuma, possibilitando a obtenção de rejeitos com
baixos teores de Fe.
Geração de bolhas de pequenos diâmetros, com elevada
eficiência de coleta.
Simplicidade operacional e de manutenção devido à
ausência de partes móveis.
Necessidade de bombeamento sob pressão da polpa
para cada estágio de flotação visando promover a sução
do ar, formação de bolhas e colisão/adesão com as
partículas minerais.
FIM…

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