Catecismo da Igreja Encíclicas sociais PENSEMOS …..
Não há falta de alimento no mundo.
A fome é resultado da pobreza, desigualdade
social e ignorância.
(Edouard Saouma, Director-Geral da ONU –
FAO, 1994). 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.1- DESIGUALDADES SOCIAIS: PENSEMOS ….. 2.2- CONCEITO DE ÉTICA SOCIAL A Ética Social denota a ética sobre a sociedade ou seja a problemática subjacente na sociedade onde encontramos o homem como um ser social na sua intersubjectividade (um ser ético) numa comunidade ética. A denominação Ética Social engloba os documentos, encíclicas e o ensinamento cristão aplicados à realidade social para iluminar todos os problemas sociais e criar condições para a assunção duma sociedade mais justa e solidária. 2.2- CONCEITO DE ÉTICA SOCIAL Enquanto social, a ética social deve pressupor um complexo de relações entre as pessoas, instituições e redes sociais. Existem os sistemas económicos (neoliberalista, socialista, etc.), os sistemas políticos (monárquico, parlamentarista, presidencialista), os sistemas jurídicos e os poderes executivo, judiciário e legislativo no Estado moderno. Todos requerem uma dimensão ética no seu procedimento (política com princípios, cf. Gandhi), pois o social considera todas estas relações: económicas, políticas e jurídicas. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA O que é? Diz o Cardeal Camilo Ruíni que “a Doutrina Social da Igreja é como uma verdadeira revolução antropológica, cuja proposta é anunciar a verdade de Cristo na sociedade”. A DSI é o conjunto orgânico dos ensinamentos da Igreja sobre os problemas sociais da modernidade, um conjunto de princípios cristãos que permite a construção duma economia ética e de um relacionamento solidário entre os homens. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA O que é? A DSI, por não ser da ordem das ideologias, nunca se propôs como via alternativa do capitalismo liberal ou do colectivismo marxista ou de qualquer outra solução concreta menos radical para a vida dos homens em sociedade. Dado que as situações sociais, sobretudo nas últimas décadas, evoluíram rapidamente, a DSI tem tido que se actualizar constantemente, para assegurar o contributo da Igreja para a solução dos problemas que afligem os homens de cada época. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Ela não propõe algum sistema em particular, mas, à luz dos seus princípios fundamentais, permite ver em que medida os sistemas existentes são ou não conformes às exigências da dignidade humana. Mas tais princípios fundamentais não são de carácter genérico e sem propostas. Se é verdade que não existe a pretensão de apresentar-se como uma ‘terceira via’ é igualmente verdade que o pensamento social cristão tem muito clara a sua opção evangélica e sua acção concreta. Portanto, é a Igreja que assume posições concretas e históricas diante da problemática de cada época para ilumina-la. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Contexto do seu surgimento A DSI surge no séc. XIX do encontro do Evangelho com a sociedade industrial moderna, num contexto em que se assiste a assunção de: Novas estruturas para a produção de bens de consumo, Nova concepção da sociedade, do Estado e da autoridade, Novas formas de trabalho e de propriedade. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Encíclicas sociais
1891 – Rerum Novarum – Leão XIII
1931 – Quadragésimo Anno – Pio XI – 40 anos da RN 1941/1954 – Radiomensagens – Pio XII 1961 – Mater et Magistra – João XXIII – 70 anos RN 1963 – Pacem in Terris – João XXIII 1965 – Gaudium et Spes – Concílio Vaticano II 1965 – Populorum Progressio – Paulo VI 1971 – Octagésimo Advenis – Paulo VI – 80 anos RN 1981 – Laboren Exercens – João Paulo II – 90 anos da RN 1987 – Sollicitudo rei socialis – João Paulo II 1991 – Centesimus Annus – João Paulo II 100 anos da RN 2009 – Caritas in Veritate – Bento XVI - 40 anos da PP 2013 – Evangelii Gaudium – Francisco 2015 – Laudato Si – Francisco 2018 – Gaudete et Exsultate – Francisco 2020 – Querida Amazonia – Francisco. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA A interpretação destes documentos da DSI deverá ter em conta: A evolução da terminologia (socialismo não quer dizer o mesmo na RN e em documentos mais recentes); A evolução da sensibilidade a determinados valores (a greve passou de crime a direito); A sociedade monocultural de há cem anos deu lugar à pluricultural dos nossos dias, exigindo soluções jurídi-- cas que respeitem, quanto possível, formas diversas e a-té antagónicas de julgar determinadas realidades (p. ex., o divórcio). 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Raízes bíblicas da DSI: Os Evangelhos: Jesus veio ao mundo «para anunciar a Boa Notícia aos pobres, proclamar a libertação aos presos, dar vista aos cegos e libertar os oprimidos» (Lc 4,18); O Antigo Testamento: Os Profetas denunciavam os pecados dos povos: idolatria, hipocrisia, e, sobretudo, a injustiça para com os pobres; Os primeiros Cristãos: Ninguém que estivesse com necessidade lhes era indiferente, repartiam os seus bens (cf. Act 2,42-47) ; Os padres da Igreja: A igreja passa de perseguida a reconhecida pela autoridade romana. Os Padres da Igreja alertam as diferentes comunidades para que não percam o espírito do Evangelho. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Percurso histórico: Leão XIII: Rerum novarum (1891) sobre a “questão operária”. Guerra Civil espanhola (1936-1939), Pri- meira Grande Guerra (1914-1918) Pio XI: Quadragesimo anno (1931) sobre a “questão social”; Pio XII, Segunda Grande Guerra (1939-1945), mui- to sensível aos “sinais dos tempos”, teve as mais im- portantes intervenções em matéria de DSI sob a for-ma de radiomensagens; João XXIII: Mater et magistra (1961) de actualização da DSI, e Pacem in terris (1963) sobre a paz no mun-do construída sobre quatro pilares: a verdade, a justi-ça, a solidariedade e a liberdade. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Percurso histórico: Vaticano II: Gaudium et spes (1965) sobre o diálogo Igreja/mundo. Paulo VI: Populorum progressio (1967) sobre o desen-volvimento integral dos povos, numa altura em que se começavam a revelar grandes desequilíbrios entre os povos, no rescaldo do acesso à independência dos territórios colonizados. Octagesima adveniens (1971), abre-se a esta nova perspectiva, analisa os problemas da democracia, das migrações, da comunicação soci-al e do ambiente, e, perante o enfraquecimento das ideologias, apela ao enfrentamento regional dos no-vos problemas. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Percurso histórico: João Paulo II Laborem exercens (1981) sobre o trabalho humano, que na economia deve ter supremacia sobre o capital; Sollicitudo rei socialis (1987) sobre a dimensão inter- nacional do desenvolvimento e do trabalho; Centesimus annus (1991) com uma síntese dos cem a-nos de DSI, agora com novas perspectivas abertas pela desagregação do marxismo (derrube do “muro de Berlim”, 1989) e pela ascensão do capitalismo liberal com as sua ameaças à dignidade do homem, da famí-lia e dos povos. Há ainda a acrescentar diversas mensagens, com desta-que para as do “Dia Mundial da Paz” no início de cada ano. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Percurso histórico: Bento XVI Charitas in Veritate (2009) sobre a caridade na verdade. Depois de convidar a uma releitura da «Populorum Progressio» de Paulo VI, a iluminar o caminho da humanidade em vias de unificação, passados mais de 40 anos, Bento XVI questiona sobre a realização das expectativas de desenvolvimento nos últimos decénios, com uma análise crítica da situação actual de globalização dos graves problemas sociais que bem conhecemos. A economia não pode dispensar uma ética na necessária cooperação dos estados, dos mercados e da própria sociedade civil, visando a procura responsável de soluções. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Percurso histórico: Francisco Evangelii Gaudium (2013) sobre o anúncio do Evangelho no mundo actual Laudato Si (2015) sobre o cuidado da casa comum Gaudete et Exsultate (2018) sobre a busca da santidade no mundo actual Querida Amazonia (2020) sobre a Amazónia. 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Princípios da DSI Da análise destes documentos, ressaltam como temas fundamentais da DSI os seguintes: A pessoa humana, sua dignidade, seus direitos, a começar pelo direito à vida da concepção à morte natural, e suas liberdades, com particular destaque para a liberdade religiosa. Essa dignidade, igual para todas pessoas humanas, exige o esforço para reduzir as desigualdades sociais e económicas excessivas e levar ao desaparecimento das desigualdades e relações iníquas. A família (santuário da vida), sua vocação e seus direitos. Continuar a propor a beleza da família e do matrimónio às novas gerações constitui uma necessidade social e mesmo económica. (CV, n.44) 2.3- DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA Princípios da DSI (cont…) A inserção e a participação responsável de cada homem na vida social e política (cidadania activa). O bem comum e sua promoção, no respeito dos princípios da responsabilidade, solidariedade e subsidiariedade. A solidariedade é uma virtude eminentemente cristã que pratica a partilha dos bens espirituais mais ainda que dos materiais. O destino universal dos bens da natureza e o cuidado com a sua preservação e defesa do ambiente. O desenvolvimento integral de cada pessoa e dos povos; o primado da justiça e da caridade. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI A moral denuncia o flagelo dos estados totalitários que falsificam sistematicamente a verdade, e exercem, mediante os meios de comunicação, uma dominação política da opinião. A Igreja tem rejeitado as ideologias totalitárias e ateias associadas, nos tempos modernos, ao "comunismo" ou ao "socialismo". Além disso, na prática do "capitalismo", ela recusou o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI O homem é o autor, o centro e o fim de toda a vida económica e social. O ponto decisivo da questão social é que os bens criados por Deus para todos de facto cheguem a todos conforme a justiça e com a ajuda da caridade. Uma teoria que faz do lucro a regra exclusiva e o fim último da actividade económica é moralmente inaceitável. O apetite desordenado pelo dinheiro não deixa de produzir seus efeitos perversos. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI A vida económica abrange interesses diversos... Deve haver empenho no sentido de minimizar os conflitos pela negociação que respeite os direitos e os deveres de cada parceiro social: os responsáveis pelas empresas, os representantes dos assalariados, por exemplo, as organizações sindicais e, eventualmente, os poderes públicos. A responsabilidade do Estado: A actividade económica, sobretudo a da economia de mercado, não pode desenvolver-se num vazio institucional, jurídico e político. Ela supõe que sejam asseguradas as garantias das liberdades individuais e da propriedade, sem esquecer uma moeda estável e serviços públicos eficazes. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI O cidadão é obrigado a não seguir as prescrições das autoridades civis quando estes preceitos são contrários às exigências da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos ensinamentos do Evangelho. "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt 22,21). ‘Obedecer antes a Deus que aos homens" (At 5,29). A autoridade pública deve respeitar os direitos fundamentais da pessoa humana e as condições de exercício de sua liberdade. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI Os responsáveis pelas empresas têm, perante a sociedade, a responsabilidade económica e ecológica por suas operações. Têm o dever de considerar o bem das pessoas e não apenas o aumento dos lucros. Entretanto, estes são necessários, pois permitem realizar os investimentos que garantem o futuro das empresas, garantindo o emprego. O acesso ao trabalho e à profissão deve estar aberto a todos, sem discriminação injusta: homens e mulheres, normais e excepcionais ou deficientes, autóctones e migrantes... a sociedade deve ajudar os cidadãos a conseguir um trabalho e um emprego. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI O salário justo deve ser o fruto legítimo do trabalho. Recusá-lo ou retê-lo pode constituir uma grave injustiça. Para se avaliar a remuneração equitativa, é preciso levar em conta ao mesmo tempo as necessidades e as contribuições de cada um. É injusto não pagar aos organismos de segurança social as cotas estipuladas pelas autoridades legítimas. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI A greve é moralmente legítima quando se apresenta como um recurso inevitável, e mesmo necessário, em vista de um benefício proporcionado. Torna-se moralmente inaceitável quando é acompanhada de violências ou ainda quando se lhe atribuem objectivos não directamente ligados às condições de trabalho ou contrários ao bem comum (greve política). 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI As nações ricas têm uma responsabilidade moral grave para com aquelas que não podem garantir sozinhas os próprios meios de seu desenvolvimento ou foram impedidas de fazê-lo por trágicos acontecimentos históricos. É necessário também reformar as instituições económicas e financeiras internacionais, para que elas promovam melhor as relações equitativas com os países menos desenvolvidos. Aumentar o sentido de Deus e o conhecimento de si mesmo é a base de todo desenvolvimento completo da sociedade humana. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI Igreja e política: Não cabe aos pastores da Igreja intervir directamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por própria iniciativa com seus concidadãos (cf. CL). Política e bem comum: O bem comum comporta três elementos essenciais: o respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa; a prosperidade ou o desenvolvimento dos bens espirituais e temporais da sociedade; a paz e a segurança do grupo e de seus membros. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI Necessidade da autoridade: "Não há autoridade que não venha de Deus, e as existentes foram instituídas por Deus" (Rm 13,1). Toda comunidade humana tem necessidade de uma autoridade para se manter e desenvolver. Caridade: a lei maior: "Dá ao que te pede e não voltes as costas ao que te pede emprestado" (Mt 5,42). "De graça recebestes, de graça dai" (Mt 10,8). O amor da Igreja pelos pobres faz parte de sua tradição constante. Não se estende apenas à pobreza material, mas também às numerosas formas de pobreza cultural e religiosa. 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI Globalização: "A globalização a priori não é boa nem má. Será aquilo que as pessoas fizerem dela." (Caritas in Veritate, n. 42). Energias alternativas: "Actualmente, é possível melhorar a eficiência energética e fazer avançar a pesquisa de energias alternativas; mas é necessária também uma redistribuição mundial dos recursos energéticos, de modo que os próprios países desprovidos possam ter acesso aos mesmos. O seu destino não pode ser deixado nas mãos do primeiro a chegar nem estar sujeito à lógica do mais forte." (CV, n. 49) 2.4- COMPORTAMENTO ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL À LUZ DA DSI Crescimento demográfico: Considerar o aumento da população como a primeira causa do subdesenvolvimento é errado, inclusive do ponto de vista económico. (CV, n. 44) Imigrantes: É certo que os trabalhadores estrangeiros, não obstante as dificuldades relacionadas com a sua integração, prestam com o seu trabalho uma contribuição significativa para o desenvolvimento económico do país de acolhimento. (...) Todo o imigrante é uma pessoa humana e, enquanto tal, possui direitos fundamentais inalienáveis que hão de ser respeitados por todos em qualquer situação. (CV, n. 62) 2.5- PROBLEMAS SOCIAIS E NECESSIDADES DO PAÍS: é preciso repensar… Corrupção: social, governamental, estatal e privada; Impunidade revoltante: os criminosos soltos; Legislativos fracos e desmoralizados: as leis não funcionam; Justiça ideológica e conivente com o poder; Reforma política: novos políticos com os mesmos problemas, instabilidade política (ameaça de guerra); Reforma Tributária, trabalhista, educacional Moralização: “restabelecer a moral ou democratizar o roubo”; Partidarização do Estado e das instituições; Etc.