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Teologia Soteriológica:

Demonologia.
Introdução.
Bibliografia:
O Demônio. Realidade ou mito?
Pe. José Antônio Sayés
Editora Paulus

Denzinger-Hünnermann, 2007 ,
"Compêndio dos símbolos, definições
e declarações de fé e moral".
Heinrich Denzinger
Ed. Paulinas e Ed. Loyola
Bibliografia:
Bíblia de Jerusalém
Edit. Paulus

Catecismo da Igreja Católica


Edit. Loyola
Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que os demônios existem e
que, para nós católicos, crer na existência dos demônios é um dogma
de Fé.
É algo que está claro nas Sagradas Escrituras, na Sagrada Tradição e
foi por diversas vezes ensinado pelo Sagrado Magistério.
A crença nos demônios não é o centro da nossa Fé, mas faz parte da
sua essência.

“Com efeito, o Diabo e outros demônios foram por Deus criados bons
em sua natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa.”
(Concílio de Latrão IV, 1215.)
Cf; Denzinger nº800 e CIC nº391

* O pecado, o mal e o Inferno são invenções angélicas.


* Veremos ao longo dessa série que a soberba e a inveja são os
pecados que levaram Satanás à tornar o ser humano incapaz de
contemplar a face de Deus.
Toda a obra de Nosso Senhor aconteceu para nos livrar dessa
realidade, numa luta contra esse adversário.

* O Antigo Testamento quase não fala sobre Satanás, enquanto que no


Novo Testamento há uma onda de menções à Satanás e seus
demônios, cerca de 511 vezes.
Esse é o processo pedagógico de Deus com seu povo.
Primeiro ensina a seu povo à crer nEle, depois que ele é o único Deus e
para isso são usados os profetas.
* Depois do cativeiro, os textos chamados de “sapienciais”, no período
intertestamentário, Deus ensina que Ele é o Criador de tudo.
Que não há dois princípios, mas que ele criou tudo bom.
Tendo Deus criado tudo bom, o mal entrou no mundo por iniciativa de
suas criaturas.
* Além de isso estar registrado nos escritos canônicos, também
encontramos em registros apócrifos desse período, como alguns
escritos de Qumran, no Livro de Enoque e em apocalipses judaicos.
Na época de Cristo, uma parte dos judeus criam nos demônios, como
os fariseus e essênios, mas os saduceus não.
* Os judeus esperavam um Messias que lutaria contra o mal, contra
seus inimigos, mas pensavam erroneamente que seus inimigos eram
físicos.
Jesus veio e lutou, mas contra um inimigo espiritual.
E Satanás agiu como os judeus, tratando Jesus como um Messias
político, no episódio da tentação no deserto.
* Mesmo com tantas atestações, “teólogos” da libertação insistem
desgraçadamente em negar essa realidade.
"E se eu expulso os demônios por Beelzebul, por quem é que vossos
filhos os expulsam?
Por isso, eles mesmos serão vossos juízes.
Mas, se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então
chegou para vós o Reino de Deus."
Mateus 12, 27~28
A vitória sobre Satanás e seus anjos é o próprio Reino de Deus, onde
Deus reina os demônios são expulsos.
De forma que a própria soteriologia só se explica aceitando a realidade
demoníaca, a salvação que Cristo veio nos trazer só faz sentido com a
crença na existência dos demônios.
*Querer desmitificar a Revelação divina, como fazem os teólogos
modernos, é quebrar o vínculo com os 2 mil anos da Igreja Católica, é
negar o Jesus dos Evangelhos.
* Porém, mesmo explicitando claramente a realidade espiritual dos
demônios, os Evangelhos não entra em detalhes.
São os pais da Igreja quem primeiramente começam à explicar aquilo
que Deus revelou.
Na sua maioria, sem os recursos das Sagradas Escrituras canônicas,
utilizaram-se da demonologia judaica, com bases em escritos apócrifos
como, por exemplo, o Livro de Enoque.
* Sobre isso, se faz necessário explicar que os pais da Igreja nos
vinculam aos seus ensinamentos quando dizem “o que é a nossa Fé”,
mas não nos vinculam quando tentam explicar a nossa Fé.
Alguns ensinaram coisas como o pecado de Satanás ser a luxúria, já
que, interpretando passagens do Gênesis, entenderam que os
demônios tiveram relações com mulheres, do qual nasceram
“gigantes”.
Coisa que hoje não é levada em consideração, já que entendemos que
Satanás já pecou antes mesmo da Criação.
* Foi somente com Stº Tomás de Aquino que conhecemos com firmeza
da demonologia católica.

Stº Tomás de Aquino


1225~1274
Doutor Angélico
Bibliografia:

Suma Teológica.
(Parte I)
Stº Tomás de Aquino
Editora Eclesiae
Não é à tôa que ele recebeu esse título.
Foi ele quem melhor conseguiu explicar filosoficamente a realidade
angélica, de maneira totalmente coerente com a Revelação das
Sagradas Escrituras.
* Como dito anteriormente, não somos obrigados à crer na teologia de
Stº Tomás, mas ela marcou a história da teologia e é de uma riqueza
extraordinária.
* Ela está em sintonia com tudo o que os santos místicos e os
exorcistas nos relatam em suas experiências práticas.

A Escola de Santo Tomás:


Para Santo Tomás de Aquino, os anjos são espíritos puros, no sentido
de não terem corpo, não possuem matéria, nem de maneira sutil.
São Boa Ventura, outro teólogo católico bem conceituado, discorda
desse ponto, ensinando que os demônios tem uma matéria sutil.
Logo, tanto uma escola quanto a outra fazem especulações, não é algo
dogmático.
* Na Criação podemos ver que há uma gradação, primeiro vem uma
realidade puramente material, depois animal, depois humana, depois
espiritual, e sabemos que entre o homem e Deus há um
distanciamento.
É aí que se encontram os anjos, entre a realidade humana e a divina.
Ocupando o espaço entre o homem e Deus, sabemos por dedução que
são puro espírito, mas não infinitos como Deus e nem ligados à matéria
como o homem.
Isso explica muitas realidades, como por exemplo os anjos não
estarem limitados ao espaço e tempo.
Sendo assim, o demônio não pode “estar em um lugar”, porque ele não
tem um corpo.
Mas então por que dizemos que ele está em alguém?
Ou que os anjos estão aqui?
Dizer isso não é afirmar que eles “estão” fisicamente, mas enquanto
“ação”.
Mesmo sendo espíritos, eles agem.
* Mas não é uma ação ilimitada, porque isso é um atributo unicamente
divino, logo, é uma ação limitada.
Limitada a um lugar ou à uma pessoa.
* Sendo espírito, o anjo tem inteligência e vontade, mas não tem
sensibilidade e nem afeto como nós.
Inteligência e vontade são suficientes para amar ou odiar e sabemos
que eles, ou amam, ou odeiam a Deus.
* Os anjos não foram criados contemplando Deus face à face, porque
isso tiraria deles o livre arbítrio, a liberdade para pecar.
Deus os criou e lhes deu a liberdade para amá-lo e, somente depois de
fazerem essa escolha, Deus os admitiu em sua presença.
Outros porém, não fizeram essa escolha.
Qual foi o pecado que levou anjos à escolherem não amar a Deus?
Não sabemos com certeza.
Cientes de que os anjos não possuem corpo e nem afeto, restam
apenas 2 pecados para eles cometerem originalmente.
A “soberba” e a “inveja”.
A soberba consistiria em Satanás achar que era igual a Deus, mas Stº
Tomás analisa isso dizendo que, “com a inteligência e a intuição de
Satanás, como poderia ele querer ser igual a Deus?”.
Se isso seria demais até para nós, que conhecemos Deus muito menos
que o próprio Satanás, quanto mais seria para ele.
* Então Stº Tomás responde, “não que ele queria ser igual a Deus por
natureza, já que isso seria um absurdo, mas ser igual na prática, por
semelhança”.
Quis ser igual a Deus, sem Deus, sem a Graça, sem participar de sua
Majestade.
Ele então virou as costas para Deus.
* Precisamos estar cientes de que ele é soberbo e arrogante, por isso
o se voltar contra Deus.
O seu orgulho faz com que ele não se submeta, e que veja a servidão
como uma humilhação.
* Os anjos que não caíram, que não pecaram, já receberam a visão
beatífica, já foram admitidos na presença de Deus e o contemplam
face à face, por isso Satanás e seus demônios não podem mais tentá-
los.
* Por outro lado ele não pode mais voltar atrás, o seu ódio contra Deus
é obstinado e nunca cessará.
Isso é de Fé da Igreja, é dogma de Fé e o católico que defende o
contrário incorre em heresia.
A Igreja rejeitou esse ensinamento quando condenou o pensamento de
Orígenes de Alexandria, que viveu no séc. III e escreveu uma obra
abordando esse tema chamada “Contra Celso”.
*Por Inveja, ele então investe suas forças contra aqueles que ainda
podem pecar, contra os homens.
”.......A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério,
mas „nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que
o amam" „(Rm 8,28).”
CIC nº395

"Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles


que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus
desígnios."
Romanos 8, 28

Entre os demônios há uma hierarquia e Satanás está no topo.


Foi o seu pecado que levou os demais demônios à pecarem.
"Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado
Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro.
Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos."
Apocalipse 12, 9
A maldade de Satanás lhe obscurece seu intelecto, mas não o torna
incapaz de conhecer a realidade.
Ele tem conhecimento daquilo que lhe foi revelado antes da queda,
daquilo que os próprios anjos lhe revela e daquilo que nós
conhecemos.
Por isso os santos anjos são sábios, ou seja, receberam o Dom da
Sabedoria, enquanto que Satanás e seus demônios são inteligentes,
mas sem a Graça.
Logo, sua obstinação vem de uma sabedoria natural.
* Tendo intelecto e vontade, Satanás sente dor e sofre.
Os demônios sofrem quando tem sua vontade contrariada.
A própria ideia de que possam existir criaturas santas e obedientes a
Deus lhes causa um sofrimento insuportável.
Por isso, por exemplo, é que a realidade da santidade e obediência da
Santa Virgem Maria lhes causa tanta dor e sofrimento.
* Deus permitiu que Satanás e seus demônios cumprissem suas penas
não somente no Inferno, mas também na realidade que há entre o
Inferno e o Céu, ou seja, em todo o Universo criado.
Assim ele reinou nesse mundo, mas com Jesus Cristo seu reinado
acabou e todo homem pode deixar de ser seu escravo.
Satan (“adversário” ou “acusador”) é como ele era chamado em
hebraico, que era a língua falada pelos hebreus até o período da
cativeiro.
A primeira vez que esse termo é utilizado na Antigo testamento é no
Livro de Números cap. 22, vers. 22., mas não como nome próprio.

Como nome próprio, aparece pela primeira vez no Primeiro Livro de


Crônicas cap. 21, vers. 1, que faz referência ao mesmo evento descrito
no Segundo Livro de Samuel cap. 24, vers. 1.
Em um livro apócrifo do séc. II a.C. vemos um entendimento judaico
mais semelhante ao cristão.
“E Manasses não serviu ao Deus de seu pai e dedicou-se ao culto de
Satanás, de seus anjos e de seus poderes.”
Ascenção de Isaías 2, 2
Satana, é como foi chamado em aramaico, a língua que os judeus
falavam na época de Jesus.
São João o chama de Satanás em seu Livro de Apocalipse cap. 12,
vers. 9.

Diabolos. É como foi traduzido para o grego, na versão da Septuaginta.


O deuterocanônico Livro de Sabedoria cap. 2, vers. 23~24 nos ensina
sobre sua história.

Lúcifer” vem de uma interpretação da passagem de Isaías cap.14,


vers. 12. (comparar com Ezequiel 28.)

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