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Princípios Básicos de

Mecânica das Rochas


Capítulo 6

Anna Laura L. S. Nunes

2009
Capítulo 6

Propriedades de Resistência e Deformabilidade de Maciços


Rochosos

6.1 Considerações Iniciais

Maciço Rochoso = Rocha Intacta + Descontinuidades

Propriedades do maciço rochoso dependem de:


- propriedades da rocha intacta
- propriedades da descontinuidade
- propriedades resultantes da combinação entre rocha intacta e
descontinuidade

Características Típicas de Maciços Rochosos (Figura 6.1):

Caso I: Maciço de Rocha Intacta Dura; Isotrópico, elástico e frágil; função da


resistência da rocha intacta;

Caso II: Maciço de rocha intacta com uma família de descontinuidade;


Altamente anisotrópico; função da resistência da rocha intacta e da inclinação
e resistência da descontinuidade;

Caso III: Maciço Rochoso com poucas famílias de descontinuidades;


anisotrópico; função da resistência da rocha intacta e da resistência das
descontinuidades;

Caso IV: Maciço Rochoso muito fraturado; Razoavelmente isotrópico; função


da resistência das descontinuidades;

Caso V: Maciço Rochoso extremamente fraturado; Razoavelmente isotrópico;


função da resistência das descontinuidades.

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Caso I

Caso II

Caso III

Caso IV

Caso V
Figura 6.1. Condições típicas de maciços rochosos em taludes e escavações
subterrâneas.

Resistência de Maciços Rochosos e Critérios de Ruptura

Resistência de Rocha Intacta + Resistência da descontinuidade

Critério de Mohr - Coulomb Critério de Mohr - Coulomb


Critério de Hoek - Brown Critério de Patton

Critério de Jaeger
Critério de Hoek - Brown

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A Figura 6.2 ilustra as envoltórias de resistência da rocha intacta (cr e φr) e da
descontinuidade (cj e φj) obtidas por meio do critério de ruptura de Mohr - Coulomb. A
envoltória correspondente ao maciço rochoso se situa entre as 2 envoltórias.

Rocha
φr intacta
τ

junta
φj

cr
cj
σ3 σ1 σ

Figura 6.2. Envoltórias de resistência da rocha intacta e da descontinuidade que


representam os limites superior e inferior da envoltória do maciço rochoso.

A envoltória de resistência de maciços rochosos pode ser expressa através dos


critérios:
1- Mohr – Coulomb;
2- Hoek & Brown;
3- Jaeger.

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6.2 Critério de Resistência de Jaeger (1960)

- Critério teórico

- Rocha intacta apresenta um plano de fraqueza: descontinuidade, junta, fratura,


plano de deposição, xistosidade com propriedades de resistência distintas
das propriedades da rocha intacta

σ1 β
σ1 β

σn Β
Β
σ3 τ σ3
Α Α

- Resistência ao cisalhamento da junta :

τj = cj + σn tan φ j

- Condição para ocorrência de deslizamento pela junta :

τ ≥ τj

1 1
mas , σn = ( σ 1 + σ 3 ) − ( σ 1 − σ 3 ) cos 2β
2 2

1
τ= ( σ 1 − σ 3 )sin 2β
2
logo,
1
( σ 1 − σ 3 )sin 2β ≥ τj = cj + σn tan φj
2

Expressando σ1 = f ( σ3, cj, φϕ, β), vem :

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2(cj + σ 3 tan φj)
σ1 ≥ σ 3 + deslizamento
(1 − tan φj tan β )sin2β
(ruptura) pela junta

2(cr cos φr + σ 3sinφr )


Senão, ruptura pela rocha intacta : σ1 − σ 3 =
1 − sinφr

O critério de Jaeger pode ser representado graficamente através da variação de


σ1 − σ3 em função do ângulo β que corresponde ao ângulo entre a tensão principal
maior σ1 e o plano da junta. Variando os valores de β, calculam-se os valores
resultantes da relação σ1 − σ3, expressa pelo critério de Jaeger (Figura 6.3). Observa-
se que o valor máximo da relação σ1 − σ3 corresponde ao valor da resistência à
compressão uniaxial da rocha intacta.

ruptura pela rocha intacta

σ1 − σ3
deslizamento pela
junta

(σ1 − σ3)min

0o βmin π − φϕ βmax 90o β


4 2

β = 0o
para β = 90o σ1 − σ3 ∞
β = φj /2

Figura 6.3. Representação gráfica do critério de resistência de Jaeger.

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As Figuras 6.4 e 6.5 ilustram a concordância entre os resultados do critério teórico de
Jaeger e os resultados experimentais obtidos de ensaios de compressão triaxial de
corpos de prova preparados com o plano da junta em diferentes orientações.

Figura 6.4. Comparação entre resultados experimentais e valores teóricos calculados


através do critério de Jaeger para ardósia (McLamore & Gray, 1974).

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Figura 6.5. Comparação entre resultados experimentais e valores teóricos calculados
através do critério de Jaeger para arenito fraturado (Horino & Ellikson, 1970).

6.3 Critério de Resistência de Jaeger (1960) para Descontinuidades Múltiplas

O modelo de Jaeger pode ser aplicado para uma ou mais descontinuidades.


Considerando a presença de duas descontinuidades representadas pelas juntas 1 e
2 na Figura 6.6, tem-se:

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β2 junta 2 β2 σ1 β1
σ1 β1

α
σ3 σ3
α junta 1

α : ângulo entre as duas juntas


β1 : ângulo entre σ1 e a junta 1
β2 : ângulo entre σ1 e a junta 2

Figura 6.6. Representação esquemática de 2 juntas para aplicação do critério de


Jaeger.

Portanto, aplicando o modelo de ruptura de Jaeger para as juntas 1 e 2, vem:

junta 1 : τj1 = cj1 + σn tan φj1

2(cj1 + σ 3 tan φj1)


σ1 − σ 3 ≥
(1 − tan φj1 tan β1)sin2β1

junta 2 : τj2 = cj2 + σn tan φj2

2(cj2 + σ 3 tan φj2)


σ1 − σ 3 ≥
(1 − tan φj2 tan β2 )sin2β2

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De forma análoga ao caso de uma única junta, varia-se o ângulo β1 (ângulo entre σ1
e a junta 1) e β2 (ângulo entre σ1 e a junta 2) e determinam-se os valores da relação
σ1 - σ3 para montagem das curvas de resistência de cada uma das juntas. A
intersecção das 2 curvas fornece a curva de menor resistência em função da
variação dos ângulos das juntas (Figura 6.7).

Figura 6.7. Determinação da envoltória de resistência representada pela curva de


menor resistência em função da variação dos ângulos das 2 juntas.

A Figura 6.8 apresenta as envoltórias de resistência para os casos de maciços


rochosos com 2, 3 e 4 juntas. Observa-se que no caso de 3 ou mais juntas, a
envoltória de resistência resultante torna-se menos sensível ao efeito da presença de
juntas e, portanto, o maciço rochoso pode ser modelado como um meio contínuo
equivalente (sem juntas) de menor resistência que o maciço rochosos não fraturado.

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Figura 6.8. Determinação da envoltória de resistência de maciços rochosos com: (a) 2 juntas; (b) 3 juntas e (c) 4 juntas
(Hoek & Brown, 1980).

ALLSNunes, 2009
Os resultados previstos pelo Critério de Jaeger mostram boa concordância com os
resultados experimentais de ensaios realizados em amostras com 2 descontinuidades
(Ladanyi & Archambault, 1972), conforme ilustrado na Figura 6.9.

(a)

(b)

Figura 6.9. Comparação entre resultados (a) teóricos pelo Critério de Jaeger e (b)
experimentais obtidos de ensaios de amostras com 2 juntas (Hoek & Brown, 1980).

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6.4 Critério de Resistência de Hoek & Brown

O critério de resistência de Hoek & Brown apresentado no Capítulo 4 para rochas


intactas pode ser utilizado para maciços rochosos de qualidade que varia de muito
boa a muito ruim.

6.4.1 Critério de Hoek & Brown (1988)

A expressão geral do critério de Hork & Brown apresentado em 1988, em termos de


tensões totais é dada por:

σ 1 = σ 3 + mσ c σ 3 + sσ c2

e em termos de tensões efetivas ( σ' = σ - u ):

σ 1 ' = σ 3 '+ mσ c σ 3 '+ sσ c2

Onde σc : resistência à compressão uniaxial;


m, s : constantes do material.

Hoek & Brown (1981) apresentam valores típicos de m e s para vários tipos de
rochas agrupados em 5 classes (Tabela 6.1). Ainda distinguem maciços rochosos
sem danos (m e s) dos maciços danificados pelas escavações a fogo sem controle
(m e s). Observar que a primeira linha da Tabela 6.1 representa as 5 classes
litológicas de rochas, a segunda linha corresponde aos valores de m e s e m e s das
rochas intactas (que não apresentam danos de desmonte e, portanto, os valores são
iguais) e as outras linhas representam os maciços rochosos em ordem decrescente
de qualidade: de muito boa qualidade a muito ruim. Os maciços rochosos escavados
mecanicamente ou com fogo controlado apresentam os valores m e s mais elevados
que os valores de m e s.

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Tabela 6.1. Critério de Hoek & Brown (1988) com relações aproximadas entre
qualidade de maciços rochosos e constantes dos materiais

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O critério de resistência de Hoek & Brown (1981 e 1988) original tem sido modificado
ao longo dos últimos anos objetivando adequar parâmetros e formulações à
realidade observada na prática de obras executadas nos maciços rochosos.

6.4.2 Critério de Hoek & Brown (1995)

a
⎛ σ' ⎞
σ'1 = σ'3 +σ ci ⎜⎜ mb 3 + s ⎟⎟
⎝ σ ci ⎠

⎛ GSI − 100 ⎞
mb = mi exp⎜ ⎟
⎝ 28 ⎠

onde
σci : resistência à compressão uniaxial da rocha intacta;
mb : parâmetro m do maciço rochoso;
mi : parâmetro m da rocha intacta (determinado através da Tabela 6.2);
s, a : constantes de ajuste em função da qualidade do maciço rochoso
indicada pelo valor de GSI (Geologycal Strength Index) determinado por
análise visual do maciço e comparação com as condições da Tabela 6.3.

⎛ GSI − 100 ⎞
Se GSI > 25 : s = exp⎜ ⎟
⎝ 9 ⎠

a = 0,5

Se GSI < 25 : s=0


GSI
a = 0,65 −
200

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Tabela 6.2. Constantes mi para rocha intacta no critério de Hoek & Brown geral
(Hoek et al., 1995)

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Tabela 6.3. Sistema GSI para classificação de maciços rochosos no critério de Hoek
& Brown geral (Hoek et al., 1995)

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6.4.3 Critério de Hoek generalizado (2002)

Nesta versão mais atual o critério de Hoek introduz o fator de dano D devido aos
efeitos da escavação sem controle (mecânica ou por explosivos), além de valores
revisados para mi e GSI.

a
⎛ σ' ⎞
σ'1 = σ'3 + σ ci ⎜⎜ mb 3 + s ⎟⎟
⎝ σ ci ⎠

⎛ GSI − 100 ⎞
mb = mi exp⎜ ⎟
⎝ 28 − 14D ⎠

⎛ GSI − 100 ⎞
s = exp⎜ ⎟
⎝ 9 − 3D ⎠

− GSI −20
1 1
a= + (e 15 −e 3 )
2 6

onde
σci : resistência à compressão uniaxial da rocha intacta;
mb : parâmetro m do maciço rochoso;
mi : parâmetro m da rocha intacta (Tabela 6.4);
a, s : constantes de ajuste em função da qualidade do maciço rochoso
indicada pelo valor de GSI (Geologycal Strength Index) determinado por
análise visual do maciço e comparação com as condições da Tabela 6.5;
D : fator de dano determinado através da Tabela 6.6.

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Tabela 6.4. Constantes mi para rocha intacta no critério de Hoek & Brown
generalizado (Marinos et Hoek., 2000)

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Tabela 6.5. Sistema GSI para classificação de maciços rochosos no critério de Hoek
& Brown generalizado (Hoek et al., 1998)

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Tabela 6.6. Recomendações para avaliação do fator de dano no critério de Hoek &
Brown generalizado (Hoek, 2002)

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6.5 Características de Deformabilidade de Maciços Rochosos

Deformabilidade = f (vazios : poros, fissuras, fraturas, juntas, diáclases)

Lei de Hooke generalizada : modelo elástico - linear


isotrópico ou anisotrópico

A Lei de Hooke generalizada aplicada aos corpos anisotrópicos (Lekhnitskii, 1963) é


expressa por:

⎡ 1 ν yx ν zx η x,xy η x, yz η x,xz ⎤
⎢ - - ⎥
Ex Ey Ez G xy G yz G xz ⎥

⎢ ⎥
⎢ ν xy 1 ν zy η y,xy η y, yz η y,xz ⎥⎥
⎢ - -
⎢ Ex Ey Ez G xy G yz G xz ⎥
⎡ εx ⎤ ⎢ ⎥
⎡ σ ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ x

εy ⎢ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ν xz ν yz 1 η z,xy η z, yz η z, xz ⎥ ⎢ σ ⎥
⎢ ⎥
y
⎢ ⎥ - -
⎢ ⎥
⎢ εz ⎥ ⎢ Ex Ey Ez G xy G yz G xz ⎥
σz
⎢ ⎥
⎢ ⎥ = ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ τ xy
xy
⎢ η xy,x η xy, y η xy,z 1 μ xy, yz μ xy,xz ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ G xy G xz ⎥ τ yz
yz

Ex Ey Ez G yz
⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ ⎣ τ zx ⎦
⎣ ⎦ ⎢
zx
η yz,x η yz, y η yz,z μ yz,xy 1 μ yz,xz ⎥
⎢ ⎥
⎢ Ex Ey Ez G xy G yz G xz ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ η xz,x η xz, y η xz,z μ xz,xy μ xz, yz 1 ⎥
⎢ G xz ⎥⎦
⎣ Ex Ey Ez G xy G yz

36 constantes elásticas

Anisotropia geral 21 cts elásticas


Ortotropia 9 cts elásticas
Isotropia transversal 5 cts elásticas
Isotropia 2 cts elásticas

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Os maciços rochosos geralmente apresentam planos de isotropia que permitem a
redução da anisotropia geral para casos de ortotropia (3 planos de simetria), isotropia
transversal (1 plano de simetria) e isotropia.

Ortotropia : 3 planos de simetria ortogonais

⎡ 1 ν yx - ν zx 0 0 0 ⎤
⎢ E - ⎥
⎢ x Ey Ez ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ - ν xy 1
-
ν zy 0 0 0 ⎥
⎡ εx ⎤ ⎢ Ex Ey Ez ⎥ ⎡ σ ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢
x
⎥ 9 constantes
⎢ ε ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ σ ⎥
⎥ ⎢ - ν xz - ν yz ⎥
y y
⎢ 1 0 0 0 elásticas
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ εz ⎥ Ex Ez ⎢ σ ⎥
⎥= ⎢ ⎥
Ey z
⎢ ⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ τ ⎥ E1 , E2, E3
⎥ ⎢ ⎥
xy xy
⎢ 0 0 0 1 0 0 ⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ τ ⎥ ν1 , ν2, ν3
⎢ yz
⎥ ⎢ G xy ⎥ ⎢
yz
⎥ G1 , G2, G3
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ γ zx ⎦ ⎢ ⎥ ⎣ τ zx ⎦
⎢ 0 0 0 0 1 0 ⎥
⎢ G yz ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 0 0 0 0 1 ⎥
⎢ ⎥
⎣ G xz ⎦

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Isotropia Transversal (Anisotropia Cruzada) : 1 plano de simetria
⎡ 1 ν yx - ν zx 0 0 0 ⎤
⎢ E - ⎥
⎢ x Ey Ez ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ - ν xy 1
-
ν zy 0 0 0 ⎥
⎡ εx ⎤ ⎢ Ex Ey Ez ⎥ ⎡ σ ⎤
⎥ ⎢ ⎥ x
⎢ ⎢ ⎥
⎢ ε ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ σ ⎥
⎥ ⎢ - ν xz - ν yz ⎥
y y
⎢ 1 0 0 0 5 constantes
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ εz ⎥ Ex Ez ⎢ σ ⎥
⎥= ⎢ ⎥
Ey z
⎢ ⎢ ⎥ elásticas
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
τ
⎥ ⎢ ⎥
xy xy
⎢ 0 0 0 1 0 0 ⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ τ ⎥
⎢ yz
⎥ ⎢ G xy ⎥ ⎢
yz
⎥ E1 , E2
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ γ zx ⎦ ⎢ ⎥ ⎣ τ zx ⎦ ν1 , ν2
⎢ 0 0 0 0 1 0 ⎥
⎢ G yz ⎥ G1 , G2
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 0 0 0 0 1 ⎥
⎢ ⎥
⎣ G xz ⎦

Isotropia :

⎡ 1 ν yx - ν zx 0 0 0 ⎤
⎢ E - ⎥
⎢ x Ey Ez ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ - ν xy 1
-
ν zy 0 0 0 ⎥
⎡ εx ⎤ ⎢ Ex Ey Ez ⎥ ⎡ σ ⎤
⎥ ⎢ ⎥ x
⎢ ⎢ ⎥
⎢ ε ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ σ ⎥
⎥ ⎢ - ν xz - ν yz ⎥
y y
⎢ 1 0 0 0 2 constantes
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ εz ⎥ Ex Ez ⎢ σ ⎥
⎥= ⎢ ⎥
Ey z elásticas
⎢ ⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ τ ⎥
⎥ ⎢ ⎥
xy xy
⎢ 0 0 0 1 0 0 ⎢ ⎥
⎢ γ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ τ ⎥
⎢ yz
⎥ ⎢ G xy ⎥ yz E
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ν
⎣ γ zx ⎦ ⎢ ⎥ ⎣ τ zx ⎦
⎢ 0 0 0 0 1 0 ⎥
⎢ G yz ⎥ G=
E
⎢ ⎥ 2(1 + υ)
⎢ ⎥
⎢ 0 0 0 0 0 1 ⎥
⎢ ⎥
⎣ G xz ⎦

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Determinação das Constantes Elásticas

• Ensaios in situ Custos


(Maciços) Tempo elevados
Complexidade

• Ensaios convencionais em laboratório (rochas intactas)

6. 5. 1 Determinação das Constantes Elásticas em Laboratório

Determinação Usual :
- Compressão uniaxial de prismas, cilindros
- Compressão diametral de discos

Rochas anisotrópicas Classe B: Direções de simetria aparentes

Ensaios de compressão uniaxial de corpos de prova com planos de simetria orientados


a 0o, 90º e 45º (Figura 6.10).

Figura 6.10. Ensaios de corpos de prova com planos de simetria orientados (Nunes,
2006).

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Rochas anistrópicas Classe A : Direções de simetria não são aparentes

• Método de Peres Rodrigues (1966), Douglas & Voight (1969)


- Vários corpos de prova segundo diferentes direções
+
Ensaio de compressão uniaxial

Obtenção de elipsóide de módulos de elasticidade (Figura 6.11)

Figura 6.11. Amostragem de corpos de prova anisotrópicos em orientações distintas


para obtenção do elipsóide de deformabilidade (Nunes, 2006).

• Método de Nunes (1997)


Ensaio de compressão biaxial de cilindro vazado com célula de deformação CSIR.

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Ensaios de Laboratório em Grande Escala

São ensaios especiais realizados em equipamentos de grande porte, tais como o


Ensaio Oedométrico (Figura 6.12a), Compressão uniaxial e triaxial (Figura 6.12b) e
Cisalhamento Direto (Figura 6.13).

(a) Oedométrico D = 1m (b) Compressão triaxial D = 23cm

Figura 6.12. Ensaios em equipamentos de grande escala para enrocamentos de


barragens.

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(a) Vista frontal

(b) Detalhe da caixa de cisalhamento com enrocamento

Figura 6.13. Equipamento para ensaio de cisalhamento direto com caixa de área 1x1m.

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6. 5. 2 Determinação das Constantes Elásticas em Campo

(a) Ensaio de Macaco Plano (Flat Jack)

- executado em paredes de rocha (superfícies livres)


- macaco é inserido em fenda cortada na parede do maciço; a pressurização do
macaco restabelece a tensão normal à fenda e pinos de referência são deslocados
por efeito da deformação da região de ensaio (Figura 6.14).

(a) Macaco plano na fenda (b) pinos de referência antes da perfuração

(c) pinos de referência após perfuração (d) Restabelecimento por pressão

Figura 6 14. Etapas executivas do ensaio de macaco plano.

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- Inconvenientes: determinação 1D; E e ν obtidos apenas através da execução de 2
ensaios em direções perpendiculares; Parede de rocha geralmente alterada pelos
processos de escavação (Fogo e corte)

- Determinação do módulo de deformabilidade

P.c y 1+ ν
E= [(1 − ν )( 1 + y 2 / c 2 − ) + ]
2 Δy c 1 + y2 / c2

onde E, ν : constantes elásticas do maciço rochoso;


P : Pressão aplicada;
c : Comprimento da fenda;
y : distância de separação entre marcadores.

(b) Ensaio de Dilatômetro

- Executado em furos de sondagem

- Dilatômetro (semelhante ao pressiômetro) é inserido no furo e sob aplicação de


pressão crescente, expande a parede; Variação de volume provocada pela
expansão do dilatômetro fornece E

- Dilatômetros do tipo rígido (Goodman) e flexível (LNEC, CSM)


- Determinação do Módulo de Deformabilidade

d
E = (1 + ν ) ΔP
Δu

onde E, ν : Constantes elásticas do maciço rochoso;


Δu : variação do deslocamento radial;
ΔP : variação da pressão aplicada;
d : diâmetro do furo de sondagem.

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(C) Ensaio de Placa

- Mais usado e menos caro dentre os ensaios em grande escala para


determinação da deformabilidade
- Executado em superfície ou em galerias (paredes são sistema de reação)
- Placa rígida ou flexível de aço é apoiada na superfície preparada da rocha e o
carregamento é aplicado em estágios para a medida dos recalques na
superfície da placa (Figura 6.15).
- O módulo de deformabilidade do maciço é expresso por:

c.P.(1 − ν 2 )a
E=
w
onde a : raio da placa;
w : deslocamento médio;
P : pressão;
c : constante ( π/2 para rígida; 1,70 para flexível).

Figura 6.15. Montagem para ensaio de placa em mina subterrânea.

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6.6 Classificação de Maciços Rochosos

- Maciços rochosos de comportamento similar são agrupados em classes


- Suporte para planejamento e projeto de estruturas em rochas
- Base comum para a engenharia de rochas
- Simples e baseada em medidas/avaliações rápidas e de baixo custo

6.6.1 Sistema RMR (Rock Mass Rating)

- Bieniawski (1989); África do Sul (CSIR)

- Função de 6 parâmetros :
- resistência à compressão uniaxial da rocha intacta
- RQD ( Rock Quality Designation), calculado conforme Figura 6.16
- espaçamento entre descontinuidades
- condições das superfícies das descontinuidades
- condições de água subterrânea
- orientação das descontinuidades em relação à estrutura

- Determinação de notas para cada parâmetro do sistema (Tabela 6.7)

- Cálculo da cota RMR

RMR = Σ parâmetros de classificação + Fator de orientação da descontinuidade

RMR : 0 a 100
5 categorias de maciço rochoso : I a V

- Previsão de comportamento de túneis, minas, fundações e taludes (Figura


6.17)

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 129 ALLSNunes, 2009


Figura 6.16. Determinação de RQD.

A Tabela 6.8 apresenta recomendações e sugestões para escavação e suporte de


um túnel de 10m de vão livre (span) em função da cota RMR.

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 130 ALLSNunes, 2009


Tabela 6.7. Sistema de Classificação de Maciços Rochosos RMR

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 131 ALLSNunes, 2009


Figura 6.17. Determinação do período de estabilidade sem revestimento em função
da cota RMR do maciço rochoso.

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 132 ALLSNunes, 2009


Tabela 6.8. Recomendações para escavação e suporte de túnel de 10m (Bieniawski,
1989)

6.6.2 Sistema Q (Barton )

- Barton et al. (1974)


- Mais complexo que o sistema RMR
- Função de 6 parâmetros :
- RQD ( Rock Quality Designation);
- número de famílias de descontinuidades;

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 133 ALLSNunes, 2009


- rugosidade da descontinuidade mais desfavorável;
- grau de alteração ou preenchimento da descontinuidade mais crítica;
- fluxo de água subterrânea;
- condição de tensão.

- Cálculo da Cota Q (Tabela 6.9)

Q = RQD . Jr . Jw
Jn Ja SRF
onde,

RQD : Rock Quality Designation;


Jn : coeficiente de famílias de juntas;
Jr : coeficiente de rugosidade da junta (rugosidade das superfícies da junta);
Ja : coeficiente de alteração da junta (grau de alteração ou intemperismo das
superfícies das juntas);
Jw : coeficiente de redução para água na junta (poropressões nas juntas);
SRF : Stress Reduction Factor, relacionado à presença de zonas de cisalhamento,
concentrações de tensões e dilatação e contração da rocha;

RQD : Fator relacionado à geometria do maciço rochoso


Jn

Jr : Fator relacionado à resistência ao cisalhamento entre blocos


Ja

Jw : Fator ambiental que incorpora pressões e fluxo de água,


SRF ocorrência de zonas de cisalhamento, expansão e contração
das rochas e o estado de tensões in situ

A cota Q varia entre 0,001 a 1000 e representa 9 classes de maciços rochosos


(Figura 6 18).

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 134 ALLSNunes, 2009


Tabela 6.9. Classificação dos parâmetros individuais do Sistema Q (Barton et al,
1974)

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 135 ALLSNunes, 2009


Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 136 ALLSNunes, 2009
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Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 138 ALLSNunes, 2009
Figura 6.18. Classes de maciços rochosos no sitema Q e categorias de reforços.

Observações:

Tabela 6.10. Valores para o coeficiente ESR - Excavation Support Ratio

Categoria da Escavação ESR n. Casos


Aberturas de minas temporárias 3-5 2
Poços verticais : seção circular 2,5
seções retangulares/ quadradas 2,0
Aberturas de minas permanentes, túneis de águas para casa de 1,6 83
força de barragens, poços de ventilação para grandes escavações
Cavernas de armazenamento, túneis de pequeno porte para 1,3 25
estradas, túneis de acesso
Estações de força, túneis de grande porte para estradas 1,0 73
Usinas nucleares, fábricas, estações de trem subterrâneas 0,8 2

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 139 ALLSNunes, 2009


Relações entre os sistemas de Classificação e as Propriedades dos Maciços
Rochosos

- Relação entre os sistemas RMR e Q

RMR = 9 lnQ + 44

- Estimativa da deformabilidade do maciço rochoso por meio das cotas RMR, Q


e GSI

Bieniaswski (1989) :

RMR > 50 : Emaciço = 2 RMR - 100 (GPa)

Serafim & Pereira (1983)

RMR qualquer : Emaciço = 10 (RMR -10)/40 (GPa)

Barton et al. (1985)

10 log Q < Emaciço < 40 log Q

Emédio = 25 log Q

- Determinação dos parâmetros de resistência m e s do critério de Hoek &


Brown (1988) utilizando as cotas RMR

Maciços não perturbados :


m = mi e (RMR - 100)/28

(escavações por máquinas,


poucos danos por fogo) s = e (RMR - 100)/9

Maciços perturbados :
m = mi e (RMR - 100)/14

(escavações a fogo,
danos elevados, taludes) s = e (RMR - 100)/6

Princípios Básicos de Mecânica das Rochas 140 ALLSNunes, 2009

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