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FERREIRA
MONOGRAFIA
DEPARTAMENTO DE DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM DIREITO DE EMPRESAS
RIO DE JANEIRO
1º DE OUTUBRO DE 2018
ASSINATURA DIGITAL E SOCIEDADE
EMPRESÁRIA: ASPECTOS SOBRE A
REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADE EM
DOCUMENTO ASSINADO COM A UTILIZAÇÃO
DO CERTIFICADO DIGITAL DE PESSOA
JURÍDICA, CONFORME O DIREITO
BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
por
Monografia apresentada ao
Departamento de Direito da
Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro
(PUC-Rio) como requisito
parcial para obtenção do
título de Especialista em
Direito de Empresas.
2018.2
Agradecimentos
INTRODUÇÃO ...........................................................................................5
2. CNPJ E E-CNPJ...................................................................................15
CONCLUSÃO ..........................................................................................38
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................40
Introdução
Uma dessas novas questões recai sobre o responsável pelo certificado digital de
pessoa jurídica e a vinculação, ou não, da sociedade empresária.
Nesse sentido, cabe ratificar, ainda que possa parecer óbvio, que com a utilização
do certificado digital da pessoa jurídica, a assinatura aposta em um documento
digital é referente àquela pessoa jurídica, não aos administradores que utilizaram o
certificado. Para fins de clareza, é válido uma exemplificação:
1
Informação retirada da página do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação na notícia
“ICP-Brasil em números: emissão de certificados digitais aumentou em 2017.” Disponível em:
<http://www.iti.gov.br/noticias/indice-de-noticias/2238-icp-brasil-em-numeros-emissao-de-
certificados-digitais-aumentou-em-2017>. Acesso em: 29 ago. 2018.
6
certificou que as cláusulas refletiam aquilo que havia sido previamente acordado
com P. Também verificou que a assinatura digital de AAA LTDA estava válida.
Dessa forma, assinou digitalmente o contrato, salvou uma versão e enviou outra
para P e R. No outro dia, após comprar o material, contratar um ajudante e se
dirigir para o escritório da AAA LTDA para realizar o serviço, R, que não havia
participado da negociação, não permitiu a entrada, afirmando que não havia
gostado do serviço feito em 2016 e que o contrato era nulo, porque era necessário
a sua assinatura. P argumentou que o certificado era da pessoa jurídica e tanto ele
quanto R foram presencialmente na Autoridade Registro, portando documentação
de identificação, além do estatuto da sociedade, para que o certificado digital da
AAA LTDA fosse emitido e que R optou por deixar com P o certificado para que
ele pudesse tomar frente nas contratações enquanto R se ocupava com outros
assuntos da empresa.
Esse exemplo ilustra bem um problema que surgiu com o advento da assinatura
digital. Ao longo do trabalho, além de tentar solucionar o exemplo, estudaremos
alguns tópicos e conceitos, além de desenvolver esclarecimentos, com o objetivo
de chegar a uma resposta sobre a possibilidade de negócios jurídicos serem
celebrados em meio eletrônico por sociedade empresária utilizando-se apenas a
assinatura digital dessa sociedade.
1. Assinatura Eletrônica, Assinatura Digital e Certificado
Digital.
2
FEURHARMEL, Samuel. Análise grafoscópica de assinaturas. Campinas: Millennium Editora,
2017. p 8.
3
FEURHARMEL, Samuel. Ob, cit., p 8.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p 151.
5
FEURHARMEL, Samuel. Ob, cit., p 9.
8
6
MENKE, Fabiano. Assinatura eletrônica: aspectos jurídicos no direito brasileiro. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2005, p 42.
7
SOUZA, Vinicius Roberto Prioli de. Contratos eletrônicos & validade da assinatura digital.
Curitiba: Juruá, 2009, p 133.
8
REBOUÇAS, Rodrigo Fernandes. Contratos eletrônicos – formação e validade – aplicações
práticas. São Paulo: Almendina, 2015, p 124.
9
Diversos são os algoritmos usados para a criptografia de dados. Para se ter uma
ideia, o professor e cientista da computação TERADA (2008) , elaborou obra
acadêmica12 em que apresenta os principais algoritmos desenvolvidos para essa
finalidade, o número se aproxima de 30. Dentre eles está o RSA, que de acordo
com o MONTEIRO e MIGNONI (2007) foi o primeiro algoritmo assimétrico
desenvolvido, datando de 1976.13
9
MENKE, Fabiano. Ob, cit., p 42.
10
MENKE, Fabiano. Ob, cit., p 42.
11
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Certificados digitais: conceitos e práticas.
Rio de Janeiro: Brasport, 200, p 5.
12
TERADA, Routo. Segurança de dados: criptografia em redes de computador. São Paulo:
Blucher, 2008.
13
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Ob, cit., p 7
10
14
INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Glossário. Disponível em
<http://www.iti.gov.br/glossario>. Acessado em: 29/08/2018.
15
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Ob, cit., p 6.
16
SOUZA, Vinicius Roberto Prioli de. Contratos eletrônicos & validade da assinatura digital.
Curitiba: Juruá, 2009, p 120.
11
É importante registrar que foi a Medida Provisória n° 2200-2 quem criou a Infra-
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, figura central na cadeia de
emissão de certificados digitais, cujo objetivo, conforme definido no artigo 1º
dessa norma, é garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de
documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações
habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações
eletrônicas seguras.
17
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. São Paulo: Saraiva, 2016, p 270.
18
Cabe lembrar que a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, em seu artigo 2º
determinou que as medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação da emenda
continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até
deliberação definitiva do Congresso Nacional. A Medida Provisória nº 2200-2 se encontrava nessa
situação, e por isso continua em vigor.
12
Cabe destacar que, com a Medida Provisória nº 2200-2, o ITI foi transformado em
autarquia e ganhou grande relevância ao assumir o papel de AC Raiz, nas quais,
dentre as suas atribuições, estão previstas: executar as Políticas de Certificados e
normas técnicas e operacionais aprovadas pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil;
emitir, expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados das AC de nível
imediatamente subsequente ao seu; gerenciar a lista de certificados emitidos,
revogados e vencidos; executar atividades de fiscalização e auditoria das AC e das
AR e dos prestadores de serviço habilitados na ICP, em conformidade com as
diretrizes e normas técnicas estabelecidas pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, e
exercer outras atribuições que lhe forem cometidas pela autoridade gestora de
políticas.
19
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Ob, cit., p 15.
14
20
AZEVEDO, Osmar Reis de; MARIANO, Paulo Antonio. SPED: sistema público de escrituração
digital. São Paulo: Sage – IOB, 2016, p 56.
2. CNPJ e e-CNPJ
Outro ponto que merece esclarecimento para melhor entendimento deste trabalho
é quanto ao termo e-CNPJ.
A base legal para a criação por Instrução Normativa está prevista no art. 199 da
Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), no
Convênio ICMS nº 08, de 22 de março de 1996, mas em especial no inciso II do
art. 37 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que autorizou a Secretaria da
Receita Federal a celebrar convênio com os Estados, Distrito Federal e
Municípios, com o fim de criar um cadastro único de contribuintes, em
substituição aos cadastros federal, estaduais e municipais.
Desde a sua criação, o CNPJ passou por diversas alterações tendo sido, excluindo-
se as derrogações e considerando apenas as normas que trataram por completo o
tema , objeto de 10 instruções normativas diferentes21, sendo a vigente a Instrução
Normativa RFB nº 1634, de 06 de maio de 2016.
Também passou a ter importância cada vez maior no mundo jurídico e negocial. O
CNPJ é necessário por exemplo para a emissão de notas fiscais, principalmente
com a implantação do Sistema Público de Escrituração Fiscal e Digital – SPED,
21
Instrução Normativa SRF nº 82, de 30 de junho de 1999, Instrução Normativa SRF nº 1, de 12
de janeiro de 2000, Instrução Normativa SRF nº 2, de 02 de janeiro de 2001, Instrução Normativa
SRF nº 200, de 13 de setembro de 2002, Instrução Normativa RFB nº 568, de 08 de setembro de
2005, Instrução Normativa RFB nº 748, de 28 de junho de 2007, Instrução Normativa RFB nº
1005, de 08 de fevereiro de 2010, Instrução Normativa RFB nº 1183, de 19 de agosto de 2011,
Instrução Normativa RFB nº 1470, de 30 de maio de 2014 e Instrução Normativa RFB nº 1634, de
06 de maio de 2016.
16
CNPJ, ainda que se argumente que deveriam estar, e que nem todas as entidades
que estão inseridas no CNPJ são pessoas jurídicas.
É importante fazer esse registro porque a relevância cada vez maior do CNPJ é
capaz de gerar confusão de entendimentos. Nesse sentido é que se faz necessários
esclarecimentos quanto ao e-CNPJ.
Segmentando ainda mais o tema, é importante esclarecer que este estudo se aterá a
uma forma específica de manifestação de vontade: a assinatura, em especial a
assinatura digital. Dessa forma, outros meios de declaração de vontade como o
falado, o gestual ou até mesmo a manutenção do silêncio e a manifestação tácita,
não serão objetos de análise.
23
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instruções de direito civil, V. 1; teoria geral do direito civil.
Rio de Janeiro: Forense, 2004, p 481.
24
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos unilaterais.
São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p 73.
19
25
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Invalidade dos atos e negócios jurídicos. In: TEPEDINO,
Gustavo (org). A parte geral do novo código civil: estudos na perspectiva civil-constitucional. Rio
de Janeiro: Renovar, 2003, p 319.
26
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 323.
20
27
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 324.
28
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 326.
29
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 326 e 325.
30
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 328 e 329.
31
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 633.
21
Cabe esclarecer que os efeitos nem sempre são levados aos extremos, inclusive
porque, como mostrou Caio Mário33, em algumas situações em que existam
conflitos de princípios, pode um preponderar sobre o outro, alterando o efeito que
seria esperado. O autor ilustra com o conflito entre o não-convalescimento do ato
nulo e a prescrição dos direitos patrimoniais em nome da paz social. Também
aponta que prevalece o último sobre o primeiro. Dessa forma, após o prazo
prescricional, o ato, ainda que nulo, continuará exercendo seus efeitos
patrimoniais.
32
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 644 e 645.
33
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 635.
22
de janeiro de 2002, Novo Código Civil Brasileiro, no seu artigo 104, os expõe da
seguinte forma:
I - agente capaz;
34
GONÇALVES, Carlos Roberto. Ob, cit., p 109.
35
GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 1983. p. 83-84, apud GONÇALVES.
Ob, cit., p. 110.
23
Esse panorama é essencial para a análise da validade dos negócios jurídicos, vez
que, ainda que a obrigação assumida pela sociedade empresária seja contrária a
vontade dos seus sócios/acionistas ou mesmo contrária a dos seus
administradores, em regra o negócio jurídico deve ser preservado. Nesse sentido,
lembramos a lição de TOMAZETTE (2017):
36
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral do direito societário, v. 1. São
Paulo: Atlas, 2017, p 384.
24
Como se vê, a aplicação dessas hipóteses são excepcionais e dessas forma são
interpretadas restritivamente. Nesse sentido não cabe ampliar o âmbito de
aplicação delas e, como não estão previstas na Lei 6.404, não devem ser aplicadas
automaticamente nas situações em que a sociedade envolvida for uma sociedade
por ações. Importante ressaltar que essas hipóteses não tratam de fraude ou
simulação, defeitos do negócio jurídico que tem uma sistemática própria.
37
STJ – 3ª Turma – Resp. 448.471/MG, Rel. Ministra Fátima Nancy Andrighi, DJ de 14/04/2003.
25
Cabe destacar que esse é um posicionamento que vem sendo mantido pelo STJ, ao
afirmar que a “Teoria da Aparência leva em consideração a boa-fé do terceiro
para estabelecer a responsabilidade da sociedade e, por conseguinte, o excesso
de mandato (...) somente pode ser oposto a terceiro quando comprovada sua má-
fé”.39
Dessa forma, conclui-se que em regra, tendo em vista a boa-fé perante o terceiro
contratante, a sociedade empresária se vincula pelos atos exercidos por seus
38
STJ – Resp 887.277/SC, Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURNMA,
julgado em 01/11/2010, DJe 09/11/2010.
39
STJ - AgInt no AREsp 1243432/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe 18/05/2018.
40
MAGALHÃES, Ana Alvarenga Moreira. O erro no negócio jurídico: autonomia da vontade,
boa-fé objetiva e teoria da confiança. São Paulo: Atlas, 2011, p 99.
26
41
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instruções de direito civil, V. 1; teoria geral do direito civil.
Rio de Janeiro: Forense, 2004, p 302.
42
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 303.
43
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 310.
28
conforme o artigo 45 do Código Civil. Cabe destacar que essa exigência não
conflita com a teoria da realidade técnica, como mais uma vez ensina Caio Maio:
Outra observação que deve ser feita é que nem toda sociedade é empresária. É
empresarial toda aquela sociedade cujo objeto social se encaixe no conceito de
empresário elencado no artigo 966 do Código Civil, já que nesses casos é
necessária a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, conforme o
artigo 967, ou seja, em regra, toda a sociedade em que o objeto social preveja o
exercício profissional de atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços. Salvo exceções, todas as outras sociedades
seriam sociedades simples, é esse o preceito do artigo 982 do Código Civil.
É importante notar que o parágrafo único do artigo 966 já prevê uma exceção à
regra ao estabelecer que não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento
de empresa.
44
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 310.
29
45
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2017, p 258.
46
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Ob, cit., p 280.
30
47
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral do direito societário, v. 1. São
Paulo: Atlas, 2017, p 239.
48
TOMAZETTE, Marlon. Ob, cit., p 240.
31
Outro ponto que merece menção é que não são todos que podem ser
administradores de sociedades, mas apenas aqueles que não se encontrarem nas
restrições previstas no parágrafo primeiro do artigo 1.011, ou em legislação
específica50, como por exemplo as restrições privativas para administradores de
instituições financeiras. Em resumo, dentre outras restrições específicas não
podem ser administradores “os condenados a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia
popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade,
enquanto perdurarem os efeitos da condenação.”
49
PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado. São Paulo, 1984, p. 113 apud BORBA,
José Edwaldo Tavares Borba. Direito societário. São Paulo: Atlas, 2017, p. 71.
50
Como por exemplo as restrições que podem ser impostas para administradores de instituições
financeiras, conforme o inciso XI, do art. 10, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
32
Adicionalmente, pelo artigo 997, VI, cabe mencionar que a administração das
sociedades limitadas, deve ser feita por pessoa natural.
51
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2017, p 311.
33
Nesse sentido cabe informar que a diretoria deve ser composta por no mínimo
dois diretores, sempre pessoas naturais, eleitos pelo Conselho de Administração,
se houver, ou pela Assembleia Geral de Acionistas, com mandato máximo de três
anos, permitida a reeleição (art. 143).
O item 3.1.10.1.2., por sua vez, determina que no caso de certificado digital para
pessoa jurídica, dever indicar a pessoa natural que será responsável pelo
certificado. A preferência é que seja um dos seus representantes legais, contudo
existe a possibilidade de ser um procurador.
52
Disponível no endereço http://www.iti.gov.br/images/repositorio/legislacao/resolucoes/em-
vigor/RESOLU__O_42_DE_18_04_2006.PDF Acesso 28 de agosto de 2018.
53
Esse documento já foi alterado pelas Resoluções do Comitê Gestor as ICP-Brasil nº 48, 54, 66,
74, 75, 79, 84, 90, 99, 107 e 114.
54
INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Requisitos Mínimos para
as Declarações de Práticas de Certificação das Autoridades Certificadoras da ICP-Brasil
(DOC-ICP-05). Disponível em <http://www.iti.gov.br/images/repositorio/legislacao/documentos-
principais/DOC-ICP-
05_-_Versao_4.6_REQUISITOS_M%C3%8DNIMOS_PARA_AS_DECLARA%C3%87%C3%9
5ES_DE_PR%C3%81TICAS_DE_CERTIFICA%C3%87%C3%83O_ errata.pdf>. Acessado em:
29/08/2018.
36
Como já vimos, o terceiro de boa-fé não poderá ser prejudicado já que a sociedade
se manifestou. Lembramos que ICP-Brasil foi criada para garantir a autenticidade
dos documentos eletrônicos e que existe a presunção de veracidade dos
documentos produzidos em conformidade com essa política (art. 10, §1º, da
Medida provisória 2200-2). Nessa situação, não restaria dúvida que foi a
sociedade quem assinou e se obrigou. Não pode o terceiro ser prejudicado pela
falta de cuidado e diligência de um dos administradores que confiou
indevidamente no outro.
55
ADAMEK, Marcelo Vieira von. Responsabilidade civil dos administradores de S/A (e as ações
correlatas). São Paulo: Saraiva, 2009, p 135.
Conclusão
Após esse entendimento, foi sugerido que os administradores utilizem não o certificado
da pessoa jurídica, mas o certificado de pessoa natural emitido em seu nome.
assumida com o marceneiro Y, permitindo que ele faça o serviço e que receba a
contraprestação combinada. Caso contrário, Y deve ajuizar ação contra a AAA LTDA
sob alegação de descumprimento contratual por parte dessa sociedade.
AZEVEDO, Osmar Reis de; MARIANO, Paulo Antonio. SPED: sistema público de
escrituração digital. São Paulo: Sage – IOB, 2016.
BORBA, José Edwaldo Tavares Borba. Direito societário. São Paulo: Atlas, 2017.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instruções de direito civil, V. 1; teoria geral do direito
civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017.
SOUZA, Vinicius Roberto Prioli de. Contratos eletrônicos & validade da assinatura
digital. Curitiba: Juruá, 2009.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. São Paulo: Atlas, 2003.