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ANTÔNIO CARLOS BORGES MAIA

FERREIRA

ASSINATURA DIGITAL E SOCIEDADE


EMPRESÁRIA: ASPECTOS SOBRE A
REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADE
EM DOCUMENTO ASSINADO COM A
UTILIZAÇÃO DO CERTIFICADO
DIGITAL DE PESSOA JURÍDICA,
CONFORME O DIREITO BRASILEIRO
CONTEMPORÂNEO.

MONOGRAFIA

DEPARTAMENTO DE DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM DIREITO DE EMPRESAS

RIO DE JANEIRO
1º DE OUTUBRO DE 2018
ASSINATURA DIGITAL E SOCIEDADE
EMPRESÁRIA: ASPECTOS SOBRE A
REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADE EM
DOCUMENTO ASSINADO COM A UTILIZAÇÃO
DO CERTIFICADO DIGITAL DE PESSOA
JURÍDICA, CONFORME O DIREITO
BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO

por

ANTÔNIO CARLOS BORGES MAIA FERREIRA

Monografia apresentada ao
Departamento de Direito da
Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro
(PUC-Rio) como requisito
parcial para obtenção do
título de Especialista em
Direito de Empresas.

2018.2
Agradecimentos

Agradeço aos professores e colegas que me ajudaram nesses meses de estudo e


dedicação. Agradeço a minha família pela minha formação básica, em especial ao
meu pai e a minha mãe. Por fim, agradeço ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social cujo o desejo de sempre qualificar os seus
profissionais, categoria que honrosamente me incluo, me proporcionou a
oportunidade de realização do Curso de Pós-Graduação em Direito de Empresas.
Resumo

A assinatura digital é um tema relativamente conhecido pelos operadores do


direito brasileiro, em especial pela adoção desse tipo de assinatura no processo
eletrônico. Apesar disso, trata-se de um tema novo para o direito brasileiro, haja
vista que o seu surgimento só foi possível graças ao salto científico e evolução
tecnológica ocorrida no século XX. Dessa forma, é de se esperar que surjam novas
questões sobre esse tema.
Esse trabalho visa a análise de um ponto específico envolvendo a assinatura
digital e o Direito de Empresas, qual seja, a possibilidade, ou não, de uma
sociedade empresária se utilizar do certificado digital de pessoa jurídica para a
celebração de negócios jurídicos em que haja previsão da participação de pessoas
físicas específicas, no caso, seus administradores.
Para a realização desse trabalho, além de apresentação de alguns conceitos ligados
ao tema assinatura digital, foram abordadas questões de Direito Empresarial,
como o poder de representação nas sociedades empresárias.

Palavras chaves: Assinatura Digital. Certificado Digital. Administradores.


Negócio Jurídico. Sociedade Empresária. Representação de Pessoa Jurídica.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...........................................................................................5

1. ASSINATURA ELETRÔNICA, ASSINATURA DIGITAL E


CERTIFICADO DIGITAL ............................................................................7

2. CNPJ E E-CNPJ...................................................................................15

3. MANIFESTAÇÃO DA VONTADE E ASSINATURA DIGITAL ............18


3.1 Assinatura Digital e os Critérios de Validade do Negócio Jurídico 19

4. REPRESENTAÇÃO DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS ................27

5. CADASTRAMENTO DE CERTIFICADO DIGITAL DE PESSOA


JURÍDICA E DEVER DE DILIGÊNCIA ....................................................35

CONCLUSÃO ..........................................................................................38

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................40
Introdução

Inegavelmente a assinatura digital apresenta muitos benefícios, inclusive no que


se refere a segurança. Além disso, vem sendo cada vez mais utilizada no dia-a-dia
das pessoas. Para se ter uma ideia, segundo informações do ITI foram emitidos
3.598.295 certificados digitais só em 20171. No entanto, o instrumento assinatura
digital não soluciona todos os problemas relacionados à identificação em
documentos e, eventualmente, pode até gerar novas questões que não são
observadas na assinatura mecânica.

Uma dessas novas questões recai sobre o responsável pelo certificado digital de
pessoa jurídica e a vinculação, ou não, da sociedade empresária.

Nesse sentido, cabe ratificar, ainda que possa parecer óbvio, que com a utilização
do certificado digital da pessoa jurídica, a assinatura aposta em um documento
digital é referente àquela pessoa jurídica, não aos administradores que utilizaram o
certificado. Para fins de clareza, é válido uma exemplificação:

Em 2016, a sociedade empresa AAA LTDA contratou os serviços marcenaria com


a pessoa Y por meio de um contrato celebrado em papel. Como pelo estatuto era
necessário a assinatura dos diretores P e R, na via física constou as assinaturas
mecânicas de P e R, além da própria assinatura de Y. Em 2017, AAA LTDA
passou por uma grande informatização e a partir desse ano optou por celebrar,
sempre que possível, os contratos no meio digital, com a utilização da assinatura
digital. Em 2018, a AAA LTDA precisou de novos serviços de marcenaria e o
diretor P entrou em contato com Y que se mostrou disponível para o serviço. Ao
ser informado que o contrato deveria ser realizado no meio eletrônico e com a
utilização de um certificado digital, Y providenciou tudo que o era necessário e
em tempo hábil já estava com seu certificado disponível. O diretor P elaborou o
contrato no escritório da AAA LTDA, assinou com certificado digital da
sociedade e enviou o contrato por e-mail para Y. Y ao receber o contrato, leu e

1
Informação retirada da página do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação na notícia
“ICP-Brasil em números: emissão de certificados digitais aumentou em 2017.” Disponível em:
<http://www.iti.gov.br/noticias/indice-de-noticias/2238-icp-brasil-em-numeros-emissao-de-
certificados-digitais-aumentou-em-2017>. Acesso em: 29 ago. 2018.
6

certificou que as cláusulas refletiam aquilo que havia sido previamente acordado
com P. Também verificou que a assinatura digital de AAA LTDA estava válida.
Dessa forma, assinou digitalmente o contrato, salvou uma versão e enviou outra
para P e R. No outro dia, após comprar o material, contratar um ajudante e se
dirigir para o escritório da AAA LTDA para realizar o serviço, R, que não havia
participado da negociação, não permitiu a entrada, afirmando que não havia
gostado do serviço feito em 2016 e que o contrato era nulo, porque era necessário
a sua assinatura. P argumentou que o certificado era da pessoa jurídica e tanto ele
quanto R foram presencialmente na Autoridade Registro, portando documentação
de identificação, além do estatuto da sociedade, para que o certificado digital da
AAA LTDA fosse emitido e que R optou por deixar com P o certificado para que
ele pudesse tomar frente nas contratações enquanto R se ocupava com outros
assuntos da empresa.

Esse exemplo ilustra bem um problema que surgiu com o advento da assinatura
digital. Ao longo do trabalho, além de tentar solucionar o exemplo, estudaremos
alguns tópicos e conceitos, além de desenvolver esclarecimentos, com o objetivo
de chegar a uma resposta sobre a possibilidade de negócios jurídicos serem
celebrados em meio eletrônico por sociedade empresária utilizando-se apenas a
assinatura digital dessa sociedade.
1. Assinatura Eletrônica, Assinatura Digital e Certificado
Digital.

Não seria exagero supor que assinatura é a principal forma de identificação de


autoria em documentos. FEUERHARMEL (2017) sintetiza o termo assinatura
como: “uma firma produzida manualmente e usada como principal símbolo de
autenticação pessoal”2. O autor, defende, portanto, que assinatura é uma espécie
contida no gênero firma. Essa por sua vez seria: “um símbolo gráfico que
representa formalmente uma determinada pessoa e é usado para autenticar
documentos por ela emitidos, ou manifestar concordância com os termos de um
documento que lhe foi apresentado”3.
Já SILVA (2016) defende que a assinatura:

“... representa a ação de apor a pessoa o seu nome, com


todos os apelidos e cognomes e com todas as letras com que se
escreve, em papel ou documento, de que resulte, ou não, obrigação,
sem que não ficará obrigado nele, quando este for o seu fim.”4

Preferimos a definição de FEUERHARMEL (2017), vez que, como bem lembra o


autor, existem assinaturas ilegíveis, que sequer podem conter símbolos
alfabéticos, e que assinar é diferente de escrever o próprio nome.5 Observa-se que
a ideia de assinatura sempre está relacionada à identificação.

Ao analisar o termo assinatura digital, é importante salientar que grande parte da


Doutrina e dos estudiosos da área da ciência da computação tratam como
sinônimos os termos Assinatura Digital e Assinatura Eletrônica, ou simplesmente
utilizam apenas um deles, sem fazer menção aos outros.

No entanto, preferimos a diferenciação trazida por MENKE (2005), por entender


que existem peculiaridades na assinatura digital que a especializa em relação a
assinatura eletrônica em termos gerais:

“A assinatura digital, desta feita, consiste em espécie do


gênero assinatura eletrônica, e representa um dos meios de
associação de um indivíduo a uma declaração de vontade veiculada
eletronicamente dentre os diversos existentes. Há, pois, uma diferença

2
FEURHARMEL, Samuel. Análise grafoscópica de assinaturas. Campinas: Millennium Editora,
2017. p 8.
3
FEURHARMEL, Samuel. Ob, cit., p 8.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p 151.
5
FEURHARMEL, Samuel. Ob, cit., p 9.
8

entre as nomenclaturas “assinatura eletrônica” e “assinatura


digital”, que não poderão ser utilizadas como sinônimas6.”

Contudo, antes de prosseguirmos na análise, é necessário apontar o que seria um


documento eletrônico. Após expor algumas definições expostas pela Doutrina,
SOUZA (2009), conceitua:

“... pode-se definir o documento eletrônico como uma espécie


de representação da realidade, seja sob a aparência gráfica, sonora,
impressa ou qualquer outra forma.

Ressalta-se também que o documento eletrônico registra o


fato ocorrido, representando a vontade de seu autor, requisitos que
bastam para que o mesmo se encaixe na definição de documento;
formado por uma sequência de bits, este poderá ser traduzido por um
software, dando conhecimento à verdadeira vontade do autor que o
formulou.”7

A partir desse conceito é oportuno fazer a segmentação da assinatura digitalizada,


que não se confunde com assinatura eletrônica e menos ainda com a assinatura
digital. De acordo com REBOUÇAS (2015) a:

“A assinatura digitalizada é o resultado da reprodução


eletrônica de uma assinatura física do sujeito de direito, que será
inserida em um documento eletrônico, em uma correspondência
eletrônica etc.[...]”8

Em outras palavras, assinatura digitalizada é aquela que foi aposta em documento


físico que será convertido para o meio digital. Dessa forma, o documento
digitalizado não é um documento original, mas uma cópia, ainda que em alguns
casos possa ser equivalente ao original. A digitalização de documentos passou a
ser tratada, ainda que de maneira breve, na Lei 12.682, de 9 de julho de 2012.

A assinatura eletrônica seria qualquer forma, algoritmo, ou chave, que vise


garantir a autenticidade de um documento eletrônico. Nas palavras de MENKE

6
MENKE, Fabiano. Assinatura eletrônica: aspectos jurídicos no direito brasileiro. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2005, p 42.
7
SOUZA, Vinicius Roberto Prioli de. Contratos eletrônicos & validade da assinatura digital.
Curitiba: Juruá, 2009, p 133.
8
REBOUÇAS, Rodrigo Fernandes. Contratos eletrônicos – formação e validade – aplicações
práticas. São Paulo: Almendina, 2015, p 124.
9

(2005), “sob a denominação de assinatura eletrônica inclui-se um sem-número de


métodos de comprovação de autoria empregados no meio virtual”9. Ainda de
acordo com o autor: “a palavra “assinatura digital” refere-se exclusivamente ao
procedimento de autenticação baseado na criptografia assimétrica”10.

Dessa forma, fica evidenciado que a certificação da autenticidade está relacionada


à aplicação de criptografia. Nesse sentido e de acordo com os cientistas de
computação MONTEIRO e MIGNONI (2007):

“Criptografia é uma ciência que usa a matemática (em forma


de algoritmos) para ocultar dados (embaralhar informações). A
palavra criptografia é originária do grego, “Kritptos = escondido,
oculto e grifo = escrita”. A criptografia consiste na arte de escrever
em cifras ou em códigos não decifráveis a olhos nuns, chamados de
cifragem. Para decifrar a mensagem original, o destinatário aplica o
processo inverso, a decifragem, que torna a mensagem legível
novamente”11

Diversos são os algoritmos usados para a criptografia de dados. Para se ter uma
ideia, o professor e cientista da computação TERADA (2008) , elaborou obra
acadêmica12 em que apresenta os principais algoritmos desenvolvidos para essa
finalidade, o número se aproxima de 30. Dentre eles está o RSA, que de acordo
com o MONTEIRO e MIGNONI (2007) foi o primeiro algoritmo assimétrico
desenvolvido, datando de 1976.13

Esclarecido o que é criptografia, para se entender com exatidão o que é a


assinatura digital, ainda é preciso entender o que é criptografia assimétrica, mas
para isso é necessário esclarecer o conceito de chaves e explicar o que é
criptografia simétrica.

De acordo com o glossário oficial do Instituto Nacional de Tecnologia da


Informação, a Chave Criptográfica é o “valor numérico ou código usado com um

9
MENKE, Fabiano. Ob, cit., p 42.
10
MENKE, Fabiano. Ob, cit., p 42.
11
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Certificados digitais: conceitos e práticas.
Rio de Janeiro: Brasport, 200, p 5.
12
TERADA, Routo. Segurança de dados: criptografia em redes de computador. São Paulo:
Blucher, 2008.
13
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Ob, cit., p 7
10

algoritmo criptográfico para transformar, validar, autenticar, cifrar e decifrar


dados”14. Ou seja, a chave é o código que possibilita a criptografia.

Sobre a criptografia simétrica MONTEIRO e MIGNONI (2007) explicam que:

“A Criptografia Simétrica foi a primeira forma conhecida


para cifrar/ocultar dados sigilosos.

A principal característica da Criptografia Simétrica é a


utilização de somente uma chave para cifrar e decifrar um texto,
significando que tanto o emissor como o receptor da informação
cifrada devem conhecer a chave utilizada.” 15

Nessa modalidade, tanto o emissor quanto o receptor da mensagem sabem o


código, a chave, que permite cifrar e decifrar a mensagem. Obviamente o código
não pode ser de amplo conhecimento, já que nesse caso qualquer um poderia
utilizar para decifrar a mensagem, perdendo a utilidade da criptografia.

Na criptografia assimétrica existe a presença de duas chaves, uma privada, de


conhecimento exclusivo do emissor, que será utilizada para cifrar a mensagem e
outra pública, que será utilizada para decifrar. Nas palavras de SOUZA (2009):

“Apesar da nomenclatura, o funcionamento desse sistema é


relativamente simples, uma vez que a chave privada é responsável
pela codificação do documento (e deverá ser mantido em sigilo),
enquanto a pública é responsável pela descodificação, sendo
conhecida apenas pelo destinatário e com o objetivo de que este
consiga verificar a identidade do remetente.”16

A característica de existir duas chaves, sendo uma de conhecimento exclusivo do


emissor, o que permite a comprovação de autenticidade, é a razão pela qual é esse
o sistema de criptografia utilizado na assinatura digital.

Esclarecido o que é chave, cabe registrar o conceito mais restritivo de assinatura


eletrônica trazido por PINHEIRO (2016). Para a autora, a “assinatura eletrônica

14
INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Glossário. Disponível em
<http://www.iti.gov.br/glossario>. Acessado em: 29/08/2018.
15
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Ob, cit., p 6.
16
SOUZA, Vinicius Roberto Prioli de. Contratos eletrônicos & validade da assinatura digital.
Curitiba: Juruá, 2009, p 120.
11

é, portanto, uma chave privada, ou seja, um código pessoal e irreproduzível que


evita os riscos de fraude e falsificação.”17

A definição acima limita à assinatura digital aos procedimentos que envolvam


chave, ou seja, é necessária a participação efetiva do agente no momento em que a
mensagem é cifrada. Tanto a definição de assinatura eletrônica mas ampla, partir
da leitura de MENKE, quanto a leitura mais restritiva não impactam esse trabalho,
podendo se aplicar qualquer uma. No entanto, cabe ressalvar duas observações a
respeito da definição restritiva. A primeira se refere à impossibilidade, ao menos
com a tecnologia atual, de se evitar fraudes e falsificações, tal qual já ocorre com
a assinatura mecânica. O que se pode fazer é criar mecanismos para reduzir essas
fraudes e falsificações e procedimento para lhe dar com eles, quando descobertos.
A segunda ressalva é de que a autora em sua obra não diferencia a assinatura
eletrônica e a assinatura digital, portanto, a definição exposta poderia ser aplicada
para ambas as expressões.

Sobre esse último ponto, com o advento da Medida Provisória n° 2200-2, de 24 de


agosto de 200118 tornou-se ainda mais apropriado reservar o termo “assinatura
digital” para aquelas assinaturas eletrônicas que foram elaboradas utilizando a
criptografia assimétrica, em especial, por meio da utilização do certificado digital
previsto por essa norma.

É importante registrar que foi a Medida Provisória n° 2200-2 quem criou a Infra-
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, figura central na cadeia de
emissão de certificados digitais, cujo objetivo, conforme definido no artigo 1º
dessa norma, é garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de
documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações
habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações
eletrônicas seguras.

A ICP-Brasil tem como autoridade gestora um comitê formando por integrantes


indicados pelo Ministério da Justiça, pelo Ministério da Fazenda, pelo Ministério

17
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. São Paulo: Saraiva, 2016, p 270.
18
Cabe lembrar que a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, em seu artigo 2º
determinou que as medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação da emenda
continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até
deliberação definitiva do Congresso Nacional. A Medida Provisória nº 2200-2 se encontrava nessa
situação, e por isso continua em vigor.
12

da Indústria, Comercio Exterior e Serviços (antigo Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações (antigo Ministério da Ciência e Tecnologia), pela Casa Civil da
Presidência da República e pelo Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República.

A ICP-Brasil é composta ainda pela cadeia de autoridades certificadoras, cuja


Autoridade Certificadora Raiz - AC Raiz - é exercida pelo Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação – ITI. As demais autoridades são as Autoridades
Certificadoras - AC e as Autoridades de Registro - AR.

Cabe destacar que, com a Medida Provisória nº 2200-2, o ITI foi transformado em
autarquia e ganhou grande relevância ao assumir o papel de AC Raiz, nas quais,
dentre as suas atribuições, estão previstas: executar as Políticas de Certificados e
normas técnicas e operacionais aprovadas pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil;
emitir, expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados das AC de nível
imediatamente subsequente ao seu; gerenciar a lista de certificados emitidos,
revogados e vencidos; executar atividades de fiscalização e auditoria das AC e das
AR e dos prestadores de serviço habilitados na ICP, em conformidade com as
diretrizes e normas técnicas estabelecidas pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, e
exercer outras atribuições que lhe forem cometidas pela autoridade gestora de
políticas.

Em suma, a Medida Provisória nº 2200-2 dá as diretrizes gerais de emissão de


certificados digitais e o ITI, na qualidade de AC Raiz, detalha os pontos
específicos.

Quanto ao conceito de certificado digital, MONTEIRO e MIGNONI (2007)


explicam que:

“Um Certificado Digital ou identidade digital é um arquivo


digital de computador que, como os demais documentos tradicionais
de identificação, além dos dados do indivíduo ou entidade, possuem
também uma Chave Pública do assinante. Estes documentos
eletrônicos são chancelados digitalmente pela entidade emissora,
conhecida como Autoridade Certificadora, com o objetivo de
13

interligar a Chave Pública a uma pessoa ou entidade, possuindo o


mesmo valor de um documento físico [...]”.19

É importante lembrar que a necessidade de certificação digital se deve ao risco de


fraudes e falsificações, que não foram excluídos com o avanço da tecnologia e
com o surgimento dos documentos eletrônicos. Como se era de imaginar, houve
também o surgimento de novas fraudes e falsificações que só são possíveis nesse
novo meio. Ao estipular regras, protocolos e procedimentos que devem ser
seguidos para a assinatura e elaboração de documentos eletrônicos visa-se reduzir
a ocorrência dessas situações indesejáveis.

Cabe esclarecer que os documentos assinados eletronicamente, sem a certificação


digital, ainda são válidos e não foram proibidos pela legislação. No entanto,
aqueles documentos elaborados em conformidade como a política do ICP-Brasil
possuem em seu favor a característica prevista no §1º, do art. 10 da Media
Provisória nº 2200-2, que estabeleceu que as declarações constantes dos
documentos em forma eletrônica produzidos com a utilização de processo de
certificação disponibilizado pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação
aos signatários. Em outras palavras, existe uma presunção de autenticidade e
integralidade maior em um documento assinado com o certificado digital no
âmbito do ICP-Brasil.

No tocante à especificidade de certificados digitais, AZEVEDO e MARIANO


(2016) lembram que pelo ICP-Brasil existem dois tipos, o A1 e o A3, e explicam:

“Os certificados digitais tipo A1 são válidos por um ano e


ficam armazenados no próprio computador do usuário. Nesse
certificado (tipo A1) a chave pública é enviada para a Autoridade
Certificadora (AC) com a solicitação de emissão do certificado,
enquanto a chave privada ficará armazenada em seu computador,
obrigatoriamente, protegida por senha de acesso. Por isso é
recomendável que seja feita uma cópia de segurança.

Os certificados digitais tipo A3 são válidos por 2 (dois) ou 3


(três) anos e ficam armazenados em hardware específico (Cartão
inteligente ou Token) e acessados por leitora, apresentando nível de

19
MONTEIRO, Emiliano S.; MIGNONI, Maria Eloisa. Ob, cit., p 15.
14

segurança superior, uma vez que o par de chaves é gerado em


hardware específico, não permitindo a exportação, qualquer outro
tipo de reprodução ou mesmo cópia de chave privada.”20

Pela leitura do artigos 5º à 9º da Medida Provisória 2.200-2, se observa que a


estrutura da certificação digital obedece uma sistemática em que acima está o ITI,
como Autoridade Certificadora Raiz (AC-Raiz), é ele quem emite os certificados
para o grupo logo abaixo, as Autoridades Certificadoras (ACs), que podem ter
diferentes níveis, sendo que uma AC só pode certificar AC de nível
subsequentemente inferior, ou seja, uma AC de 1º nível só pode certificar uma AC
de 2º nível.

As ACs de nível inferior são aquelas que de fato emitem os certificados ao


público, no entanto, elas fazem isso por meio de intermediárias, chamadas
Autoridades de Registro (ARs), que é quem identifica e cadastra os usuários.

20
AZEVEDO, Osmar Reis de; MARIANO, Paulo Antonio. SPED: sistema público de escrituração
digital. São Paulo: Sage – IOB, 2016, p 56.
2. CNPJ e e-CNPJ

Outro ponto que merece esclarecimento para melhor entendimento deste trabalho
é quanto ao termo e-CNPJ.

O Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ foi criado pela Instrução


Normativa SRF nº 27, de 05 de março de 1998, e entrou em vigor a partir de 1º de
julho do mesmo ano.

A base legal para a criação por Instrução Normativa está prevista no art. 199 da
Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), no
Convênio ICMS nº 08, de 22 de março de 1996, mas em especial no inciso II do
art. 37 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que autorizou a Secretaria da
Receita Federal a celebrar convênio com os Estados, Distrito Federal e
Municípios, com o fim de criar um cadastro único de contribuintes, em
substituição aos cadastros federal, estaduais e municipais.

Como se observa, o CNPJ foi criado para a substituição de cadastros existentes.


No âmbito federal, o cadastro até então vigente era o Cadastro Geral de
Contribuintes CGC, criado pela Lei nº 4.503/64, de 30 de novembro de 1964, e
posteriormente tratado na Lei nº 5.614/70, de 5 de outubro de 1970.

Desde a sua criação, o CNPJ passou por diversas alterações tendo sido, excluindo-
se as derrogações e considerando apenas as normas que trataram por completo o
tema , objeto de 10 instruções normativas diferentes21, sendo a vigente a Instrução
Normativa RFB nº 1634, de 06 de maio de 2016.

Também passou a ter importância cada vez maior no mundo jurídico e negocial. O
CNPJ é necessário por exemplo para a emissão de notas fiscais, principalmente
com a implantação do Sistema Público de Escrituração Fiscal e Digital – SPED,

21
Instrução Normativa SRF nº 82, de 30 de junho de 1999, Instrução Normativa SRF nº 1, de 12
de janeiro de 2000, Instrução Normativa SRF nº 2, de 02 de janeiro de 2001, Instrução Normativa
SRF nº 200, de 13 de setembro de 2002, Instrução Normativa RFB nº 568, de 08 de setembro de
2005, Instrução Normativa RFB nº 748, de 28 de junho de 2007, Instrução Normativa RFB nº
1005, de 08 de fevereiro de 2010, Instrução Normativa RFB nº 1183, de 19 de agosto de 2011,
Instrução Normativa RFB nº 1470, de 30 de maio de 2014 e Instrução Normativa RFB nº 1634, de
06 de maio de 2016.
16

instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, conforme AZEVEDO


e MARIANO (2016).22

Esse aumento na utilização do CNPJ pode ser observado facilmente pelos


operadores do direito no âmbito dos processos judiciais. Pela redação do antigo
Código de Processo Civil, Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, no seu artigo
282, a indicação do CNPJ do réu não era requisito formal na petição inicial. A
práxis forense, entretanto, era de inserir a informação. Com o advento do Novo
Código de Processo Civil, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, a indicação do
CNPJ passou a ser requisito expresso, conforme o artigo 319, inciso II.

Sem dúvida, a individualização de uma pessoa em um número facilita a


identificação. Certamente é essa é uma das razões pela qual a Receita Federal
alterou tantas vezes as instruções normativas e tem imposto cada vez mais a
utilização, registrando por meio do CNPJ o maior número possível de
movimentos dos contribuintes.

Apesar de toda essa importância, a conceituação do CNPJ é bem simples, e está


implícito no artigo 2º da Instrução Normativa RFB nº 1634, de 06 de maio de
2016. Dessa forma, o CNPJ é o cadastro que compreende informações de
entidades de interesse das administrações tributárias da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios. Como se observa, as entidades não são
necessariamente pessoas jurídicas, mas qualquer uma que seja do interesse da
Administração Pública.

A manifestação desse interesse se dá por meio da indicação nos artigos 4º a 6º da


Instrução Normativa RFB nº 1634. Dentre eles destacamos algumas hipóteses que
não são relacionadas à pessoa jurídica, como o condomínio edilício e os fundos de
investimento, sem falar do empresário individual, que é equiparado a pessoa
jurídica pelo Decreto nº 3.000, de 29 de março de 1999 (Regulamento do Imposto
de Renda) no seu artigo 150, dessa forma, nessa situação é possível uma pessoa
natural possuir o CNPJ.

Estar inscrito no CNPJ também não é requisito de constituição da pessoa jurídica.


Então conclui-se que na prática nem todas as pessoas jurídicas estão inscritas no
22
AZEVEDO, Osmar Reis de; MARIANO, Paulo Antonio. SPED: sistema público de
escrituração digital. São Paulo: Sage – IOB, 2016, p 138.
17

CNPJ, ainda que se argumente que deveriam estar, e que nem todas as entidades
que estão inseridas no CNPJ são pessoas jurídicas.

É importante fazer esse registro porque a relevância cada vez maior do CNPJ é
capaz de gerar confusão de entendimentos. Nesse sentido é que se faz necessários
esclarecimentos quanto ao e-CNPJ.

O termo é tão recorrente em propagandas para a contratação de certificado digital


de sociedade empresária que pode parecer que o e-CNPJ é sinônimo de certificado
digital para pessoa jurídica. No entanto, o que ocorre é que a Receita Federal é
uma Autoridade Certificadora (AC), tendo denominado o seu certificado digital
referente às pessoas jurídicas e equiparados como e-CNPJ, como se observa da
leitura do artigo 2º da Portaria SRF/Cotec nº 64, de 11 de outubro de 2002.

Desta feita, existem outros certificados digitais disponíveis às pessoas jurídicas e


emitidos por outras ACs que não são denominados e-CNPJ.
3. Manifestação da Vontade e Assinatura Digital

Inserir a assinatura em um documento que registra um negócio jurídico significa


expressar a vontade, manifestando a concordância com esse documento. É o que
Caio Mário (PEREIRA, 2004)23 chamou de momento da ação na atuação no
campo puramente psíquico da “vontade jurígena”. Segundo o autor, esse
momento é a “exteriorização do trabalho mental, pela ação”. Vale esclarecer que
o momento da ação seria antecedido por outros dois, o momento da solicitação e o
momento da deliberação.

O clássico autor continua seus ensinamentos explicando que os próprios negócios


jurídicos também se dividem nesses três momentos, no entanto, o Direito se atém
ao momento da ação. Ainda de acordo com Caio Mário, esse seria o motivo de
muitos identificarem o negócio jurídico com a declaração de vontade.

Cabe destacar que nesse artigo, cujo enfoque é o Direito Empresarial, a


manifestação da vontade se torna relevante sob o aspecto da possibilidade, ou não,
de geração de um negócio jurídico. Uma manifestação cujo objeto não seja a
tentativa de celebração de um negócio jurídico será afastada desse estudo.

Segmentando ainda mais o tema, é importante esclarecer que este estudo se aterá a
uma forma específica de manifestação de vontade: a assinatura, em especial a
assinatura digital. Dessa forma, outros meios de declaração de vontade como o
falado, o gestual ou até mesmo a manutenção do silêncio e a manifestação tácita,
não serão objetos de análise.

Com essas ressalvas em mente, retorna-se a análise da relevância da manifestação


da vontade na constituição dos negócios jurídicos. Nesse sentido, cabem as
palavras de GONÇALVES (2018)24:

“A manifestação da vontade é o primeiro e mais importante


requisito de existência do negócio jurídico. A vontade humana se
processa inicialmente na mente das pessoas. É o momento subjetivo,

23
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instruções de direito civil, V. 1; teoria geral do direito civil.
Rio de Janeiro: Forense, 2004, p 481.
24
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos unilaterais.
São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p 73.
19

psicológico, representado pela própria formação do querer. O


momento objetivo é aquele em que a vontade se revela por meio da
declaração. Somente nesta fase ela se torna conhecida e apta a
produzir efeitos nas relações jurídicas. Por isso se diz que, em rigor, é
a declaração da vontade, e não ela própria, que constitui requisito de
existência dos negócios jurídicos e, conseguintemente, dos contratos.”

Portanto, observamos que a declaração de vontade é requisito de existência do


negócio jurídico. Em suma, sem manifestação de vontade não há negocio jurídico.
Um exemplo recorrente em salas de aula pode ser aqui repetido: um professor
elabora, para fins acadêmicos, uma minuta de contrato prevendo a locação por um
de seus alunos de um imóvel de propriedade do diretor da faculdade, ainda que
estejam todos os requisitos de validade presentes no potencial contrato, fato é que
não haverá contrato de locação algum, tendo em vista que não houve assinatura no
documento e nem sequer manifestação de vontade do aluno em alugar ou do
diretor disponibilizar o imóvel. Dessa forma, não há negócio jurídico, ainda que
tenha sido elaborado um documento e obedecida a forma usualmente utilizada
para contratos de locação..

Assim, tendo em vista que a assinatura digital é um dos meios de manifestação da


vontade, ela é inequivocamente apta a preencher esse requisito de existência do
negócio jurídico. Caberá analisar ao longo desse artigo se também preenche os
requisitos de validade necessários aos negócios jurídicos.

3. 1 Assinatura Digital e os Critérios de Validade do Negócio Jurídico

Antes de abordar a relação da assinatura digital com os requisitos de validade do


negócio jurídico, cabe uma breve lembrança da Teoria das Nulidades. Em artigo,
MATTIETO25 (2003), faz uma retrospectiva da teoria. Ensina que no Direito
Romano antigo o “ato nulo não existia do ponto de vista da lei26”. Já no Direito
Romano Clássico, os negócios jurídicos eram válidos ou nulos, ainda não existia o
conceito de anulabilidade, no entanto com a atuação dos pretores, foram sendo

25
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Invalidade dos atos e negócios jurídicos. In: TEPEDINO,
Gustavo (org). A parte geral do novo código civil: estudos na perspectiva civil-constitucional. Rio
de Janeiro: Renovar, 2003, p 319.
26
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 323.
20

criados institutos, como o restituto in integrum, em que se “invalidava, atos


jurídicos que seriam de acordo com a lei, formalmente válidos, e tinham então o
efeito de repristinar integralmente situações jurídicas subjetivas que aqueles atos
houvessem comprometido”.27 No direito pós-clássico, o autor esclarece que surge
a noção de anulabilidade já que “os meios de impugnação de um negócio passam
a ser concedidos pela lei”28.

MATTIETO (2003) ensina que a partir desse quadro pós-clássico, o jurista


Polynice Van Wetter teria classificado no seu livro Cours Élementaire de Droit
Romain: contenant la législacion de Justinien, de 1871, as convenções como nulas
ou anuláveis, sendo as últimas aquelas que só poderiam ser anuladas caso assim
solicitassem as partes envolvidas.29 Tal influência romana foi observada na
legislação e na doutrina portuguesa e, por conseguinte, na brasileira. O autor
esclarece que antes da promulgação do Código Civil de 1916 a doutrina brasileira
já falava em nulidade absoluta e nulidade relativa, no entanto, esse código passou
a usar as expressões “atos nulos” e “atos anuláveis”.30

A despeito de divergências ou preferencias que juristas possam ter quanto à


nomenclatura e classificação dos atos, fato é que são os termos utilizados pelo
legislador em 1916 e que também foram empregados pelo legislador de 2002. Em
síntese Caio Mário ensina:

“O Código Civil de 1916, no que foi seguido pelo novo


Código, procurou, a propósito, adotar uma sistemática mais simples,
inscrevendo, de um lado, a nulidade, que é sempre pleno iure, e
sucestível de proclamação por iniciativa de qualquer interessado ou
do órgão do Ministério Público, e, de outro lado, a anulabilidade, que
é a decretação de ineficácia sob inspiração de um interesse privado.
Abandonou, portanto, a antiga divisão da nulidade em absoluta e
relativa[...]. No sistema do Código Civil, portanto, o vocábulo
nulidade já por si tem o sentido de absoluto, e é de pleno direito; a
expressão nulidade relativa deve dar lugar à anulabilidade”.31

27
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 324.
28
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 326.
29
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 326 e 325.
30
MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Ob, cit., p 328 e 329.
31
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 633.
21

A diferença entre atos nulos e anuláveis ainda hoje é importante porque a


invalidade desses atos também terão efeitos diferentes. Ainda que o ato nulo possa
produzir efeitos indiretos, decretada a nulidade, tem-se como sem efeito desde a
origem o ato em si. Já o ato anulável, deixaria de produzir efeitos a partir da
anulação. Nas palavras de Caio Mário:

“O decreto judicial de nulidade produz efeitos ex tunc, indo


alcançar a declaração de vontade no momento mesmo da emissão. E
nem a vontade das partes nem o decurso do tempo pode sanar a
irregularidade. A primeira, para tanto, é ineficaz, por não ser o ato
nulo passível de ratificação. O segundo não opera o convalescimento,
senão longi temporis, porque o defeito de origem subsiste, até que a
autoridade judiciária pronuncie a ineficácia[...].

O ato anulável, por não ser originário de tão grave defeito,


produz as suas consequências, até que a autoridade judiciária
pronuncie a invalidade.[...] A razão está em que, ao contrário da
nulidade, que é de interesse público, e deve ser pronunciada mesmo
ex officio, quando o juiz a encontrar provada, ao conhecer do negócio
ou de seus efeitos, a anulabilidade, por ser de interesse privado, não
pode ser pronunciada senão a pedido de pessoa atingida, e a sentença
produz efeitos ex nunc, respeitando as consequências geradas
anteriormente.”32

Cabe esclarecer que os efeitos nem sempre são levados aos extremos, inclusive
porque, como mostrou Caio Mário33, em algumas situações em que existam
conflitos de princípios, pode um preponderar sobre o outro, alterando o efeito que
seria esperado. O autor ilustra com o conflito entre o não-convalescimento do ato
nulo e a prescrição dos direitos patrimoniais em nome da paz social. Também
aponta que prevalece o último sobre o primeiro. Dessa forma, após o prazo
prescricional, o ato, ainda que nulo, continuará exercendo seus efeitos
patrimoniais.

Feitas essas breves, mas importantes lembranças, cabe relacionar a assinatura


digital com os requisitos de validade dos negócios jurídicos. A Lei 10.406, de 10

32
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 644 e 645.
33
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 635.
22

de janeiro de 2002, Novo Código Civil Brasileiro, no seu artigo 104, os expõe da
seguinte forma:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Em primeiro lugar, inexiste relação da assinatura digital com o requisito do


inciso II. A assinatura, qualquer que seja, é incapaz de dar qualquer informação
sobre o objeto do negócio jurídico.

Em relação ao inciso III, a assinatura digital pode influenciar diretamente na


validade ou não dos negócios jurídicos. Isso porque existem os chamados
negócios jurídicos solenes. Em sua obra sobre contratos, GONÇALVES (2018)
explica melhor o termo solene:

“Solenes são os contratos que devem obedecer à forma


prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como
condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade é ad
solemnitatem, isto é, constitui a substância do ato (escritura pública
na alienação de imóveis, pacto antenupcial, testamento público etc.).
Não observada, o contrato é nulo (CC, art. 166, IV).”34

Complementa o ensinamento, citando o clássico jurista ORLANDO GOMES:

“... a lei exige que certos contratos obedeçam a determinada


forma, elevando-se à condição de requisito essencial à sua validade.
Nesses casos, a vontade das partes não basta à formação do contrato.
Dizem-se solenes os contratos que só se aperfeiçoam quando o
consentimento é expresso pela forma prescrita na lei. Também
denominam-se contratos formais.”35

34
GONÇALVES, Carlos Roberto. Ob, cit., p 109.
35
GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 1983. p. 83-84, apud GONÇALVES.
Ob, cit., p. 110.
23

Assim, caso haja a necessidade que a vontade seja manifestada de forma


específica incompatível com a assinatura digital, ela não poderá ser utilizada, sob
pena de nulidade.

No que tange ao inciso I, a assinatura digital, como qualquer outro tipo de


assinatura, exerce grande influência pois será ela quem identificará as partes do
negócio jurídico, permitindo a análise quanto à capacidade ou não. Dessa forma, a
certeza da autoria do documento, essencial para identificar quem está assumindo
obrigações a partir do negócio jurídico, é extremamente relevante para a análise
da validade do documento.

As sociedades empresárias são presentadas/representadas por seus


administradores, no entanto, esses o fazem apenas para expressar uma vontade
que não são deles, mas das próprias sociedades.

Assim, quando dois diretores assinam um documento na qualidade de diretores de


uma sociedade empresária, é a própria empresa que manifestou sua vontade.

Esse panorama é essencial para a análise da validade dos negócios jurídicos, vez
que, ainda que a obrigação assumida pela sociedade empresária seja contrária a
vontade dos seus sócios/acionistas ou mesmo contrária a dos seus
administradores, em regra o negócio jurídico deve ser preservado. Nesse sentido,
lembramos a lição de TOMAZETTE (2017):

“Praticando atos que não extrapolem tais limites, os


administradores praticam atos regulares de gestão, os quais são
imputados à sociedade e não a eles, uma vez que são meros órgãos
que fazem presente a vontade da sociedade. Tais atos são de
responsabilidade exclusiva da própria sociedade, não havendo que se
cogitar de responsabilização do patrimônio do administrador.”36

O Código Civil, no parágrafo único do artigo 1.015, prevê as hipóteses em que os


limites são extrapolados pelos administradores, e, por isso, a sociedade pode opor
a anulação do ato frente a terceiros:

36
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral do direito societário, v. 1. São
Paulo: Atlas, 2017, p 384.
24

Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores


podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não
constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis
depende do que a maioria dos sócios decidir.

Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores


somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das
seguintes hipóteses:

I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no


registro próprio da sociedade;

II - provando-se que era conhecida do terceiro;

III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos


negócios da sociedade.

Estando presentes essas hipóteses, as sociedades empresárias reguladas pelo


código civil, ou seja, excluindo-se as sociedades por ações, poderão se precaver
contra os excessos cometidos pelo administrador. De acordo com o STJ, somente
nesses casos é que poderá ser afastada a responsabilização da sociedade por ato
praticado pelo administrador:

“O excesso de mandato praticado pelo administrador da


pessoa jurídica poderá ser oposto ao terceiro beneficiário apenas se
ficar afastada a boa-fé deste, o que ocorre quando: (i) a limitação
de poderes dos administradores estiver inscrita no registro próprio,
(ii) o terceiro conhecia do excesso de mandato, e (iii) a operação
realizada for evidentemente estranha ao objeto social da pessoa
jurídica.”37

Como se vê, a aplicação dessas hipóteses são excepcionais e dessas forma são
interpretadas restritivamente. Nesse sentido não cabe ampliar o âmbito de
aplicação delas e, como não estão previstas na Lei 6.404, não devem ser aplicadas
automaticamente nas situações em que a sociedade envolvida for uma sociedade
por ações. Importante ressaltar que essas hipóteses não tratam de fraude ou
simulação, defeitos do negócio jurídico que tem uma sistemática própria.

37
STJ – 3ª Turma – Resp. 448.471/MG, Rel. Ministra Fátima Nancy Andrighi, DJ de 14/04/2003.
25

No que concerne às sociedades anônima, a aplicação da Teoria da Aparência deve


ser observada, conforme o posicionamento do STJ:

“Com efeito, não obstante o fato de o subscritor do negócio jurídico


não possuir poderes estatutários para tanto, a circunstância de este
comporta-se, no exercício de suas atribuições – e somente porque
assim o permitiu a companhia -, como legítimo representante da
sociedade atrai a responsabilidade da pessoa jurídica por negócios
celebrados pelo seu representante putativo com terceiros de boa-fé.
Aplicação da teoria da aparência.38

Cabe destacar que esse é um posicionamento que vem sendo mantido pelo STJ, ao
afirmar que a “Teoria da Aparência leva em consideração a boa-fé do terceiro
para estabelecer a responsabilidade da sociedade e, por conseguinte, o excesso
de mandato (...) somente pode ser oposto a terceiro quando comprovada sua má-
fé”.39

Como se observa, a aplicação da teoria da aparência, utilizada principalmente no


instituto da representação, vai ao encontro do instituto da boa-fé. Além disso,
também conversa com a Teoria da Confiança, que deve ser adotada de uma forma
ampla nas relações negociais. Ensina MAGALHÃES (2011):

“Pelo princípio da confiança, a declaração continua a ser


considerada de modo autônomo, de forma objetiva, mas não é mais
tutelada irrestritamente como o era pela teoria da declaração. Ao
contrário, só é digna de proteção na exata medida da confiança nela
depositada pelo declaratório. Tal amenização visa a proteção
concreta do declaratário, de forma a garantir que somente a
confiança legitimamente fundada seja alvo de tutela jurídica.”40

Dessa forma, conclui-se que em regra, tendo em vista a boa-fé perante o terceiro
contratante, a sociedade empresária se vincula pelos atos exercidos por seus

38
STJ – Resp 887.277/SC, Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURNMA,
julgado em 01/11/2010, DJe 09/11/2010.
39
STJ - AgInt no AREsp 1243432/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe 18/05/2018.
40
MAGALHÃES, Ana Alvarenga Moreira. O erro no negócio jurídico: autonomia da vontade,
boa-fé objetiva e teoria da confiança. São Paulo: Atlas, 2011, p 99.
26

administradores, ainda que tenha agido com excesso de poderes. Entendimento


contrário geraria um ambiente de incerteza que fulminaria o ambiente negocial.
4. Representação das sociedades empresárias

As sociedades empresárias apresentam uma característica importante que deve ser


destacada: são personificadas, ou seja, possuem personalidade jurídica própria

Caio Mário agrupa em um número de quatro as teorias criadas para explicar a


natureza jurídica da pessoa jurídica: teoria da ficção, teoria da propriedade
coletiva, teoria institucional e da realidade41.

Levando-se em consideração os ensinamentos de Caio Maio, em que o Direito


reconheceu a grupos de forma destacada de seus membros, a autonomia real
desses agrupamentos, capazes ter vontade própria e defender seus interesses, foi
abarcada pelo Direito com o reconhecimento da natureza42, deve-se adotar a teoria
da realidade, em especial a teoria da realidade técnica, para explicar a natureza
jurídica da pessoa jurídica. Nas palavras do autor:

“O jurista moderno é levado, naturalmente, à aceitação da


teoria da realidade técnica, reconhecendo a existência dos entes
criados pela vontade do homem, os quais operam no mundo jurídico
adquirindo direitos, exercendo-os, contraindo obrigações, seja pela
declaração da vontade do homem, seja por imposição da lei. Sua
vontade é distinta da vontade individual dos membros componentes;
seu patrimônio, constituído pela afetação de bens, ou pelo esforços
dos criadores ou associados, é diverso do patrimônio de uns e de
outros; sua capacidade, limitada à consecução de seus fins pelo
fenômeno da especialização, é admitida pelo direito positivo. E,
diante de todos os fatores de sua autonomização, o jurista e o
ordenamento legal não podem fugir da verdade inafastável: as
pessoas jurídicas existem no mundo do direito e existem como seres
dotados de vida própria, de uma vida real.”43

No Brasil, para a sociedade adquirir personalidade jurídica é necessário que haja o


devido registro do ato constitutivo e, caso necessária, autorização do executivo,

41
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instruções de direito civil, V. 1; teoria geral do direito civil.
Rio de Janeiro: Forense, 2004, p 302.
42
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 303.
43
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 310.
28

conforme o artigo 45 do Código Civil. Cabe destacar que essa exigência não
conflita com a teoria da realidade técnica, como mais uma vez ensina Caio Maio:

“E nem se poderá objetar que esta personalidade e


capacidade são fictícias em razão de provirem da lei, porque ainda
neste passo é de salientar-se que a própria personalidade jurídica do
homem é uma criação do direito e não da natureza, reconhecida
quando a ordem legal a concede, e negada quando (escravos) o
44
ordenamento jurídico a recusa”.

Dessa forma, por não possuírem registro, as sociedades não personificadas se


restringem às sociedades em comum, reguladas nos artigos 986 a 990 do Código
Civil, e às sociedades em conta de participação, artigos 991 a 996.

Já as sociedades personificadas, tratadas no Subtítulo II , do Título II, do Livro II,


do Código Civil (artigos 997 a 1141) são as sociedade simples, as sociedades em
nome coletivo, as sociedades em comandita simples, a sociedades limitada, as
sociedades cooperativas, a sociedade por comandita por ações e a sociedade
anônima, as duas últimas também e principalmente reguladas pela Lei 6404, de 15
de dezembro de 1976.

Outra observação que deve ser feita é que nem toda sociedade é empresária. É
empresarial toda aquela sociedade cujo objeto social se encaixe no conceito de
empresário elencado no artigo 966 do Código Civil, já que nesses casos é
necessária a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, conforme o
artigo 967, ou seja, em regra, toda a sociedade em que o objeto social preveja o
exercício profissional de atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços. Salvo exceções, todas as outras sociedades
seriam sociedades simples, é esse o preceito do artigo 982 do Código Civil.

É importante notar que o parágrafo único do artigo 966 já prevê uma exceção à
regra ao estabelecer que não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento
de empresa.

44
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob, cit., p 310.
29

Dessa forma, nessas hipóteses deve-se investigar se está ou não presente o


elemento de empresa. RAMOS (2017) auxilia nessa investigação ao sintetizar:

“...é o requisito da organização dos fatores de produção que


caracteriza a presença do chamado elemento de empresa no exercício
de profissão intelectual e que, consequentemente, faz que o
profissional intelectual receba a qualificação jurídica de empresário.
Isso, obviamente, vale tanto para o exercício de profissional
intelectual individualmente quanto para o exercício de profissão
intelectual em sociedade.”45

Outra exceção é aquela prevista no parágrafo único do próprio artigo 982 do


código civil ao estipular que independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

Esclarece-se que o Código Civil utiliza a expressão sociedade simples como


contraponto a sociedade empresária, mas também prevê um tipo específico de
sociedade personificada prevista nos artigos 997 a 1038, cuja denominação
também é sociedade simples. Vale ressaltar que essa sociedade simples,
contraponto da sociedade empresária, pode, de acordo com o artigo 983 e
observada o parágrafo único do artigo 982, ambos do Código Civil, se constituir
em conformidade com qualquer tipo societário previsto para as sociedades
empresárias, a exceção das sociedades por ações. Explica RAMOS (2017):

“Da leitura desse dispositivo legal, depreende-se que a


sociedade simples tem o um modelo de organização básico (art. 997 a
1.038), que aqui estamos denominando de sociedade simples pura
(alguns autores chamam de sociedade simples simples), mas pode
também organizar-se segundo alguns tipos societários típicos da
sociedade empresária.”46

Retomando a análise do artigo 983 do Código Civil, observa-se que a sociedade


empresária deve constituir-se segundo os seguintes tipos societários: sociedade em
nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade
anônima ou sociedade em comandita por ações. Essa característica, junto com o

45
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2017, p 258.
46
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Ob, cit., p 280.
30

reforço da necessidade de inscrição do Registro Público de Empresas Mercantis,


conforme o artigo 967, garante que no ordenamento jurídico brasileiro todas as
sociedades empresárias são personificadas. Algumas sociedades não
personificadas podem até exercer atividade empresarial, no entanto não poderão
ser consideradas empresárias.

Visto que as sociedades empresárias possuem personalidade jurídica própria, cabe


esclarecer como se dá a atuação delas nas relações com outras pessoas. Nessa
linha, TOMAZETTE (2017) lembra que:

“A sociedade é um ente fictício, no sentido de não


possuir uma existência tangível, e por isso depende da
interveniência de seres humanos para praticar os atos da vida
concreta ...”47

O autor acrescenta ainda que:

“A ausência de substrato concreto das pessoas


jurídicas torna imprescindível a intermediação de um órgão,
para a exteriorização da vontade daquelas, bem como para a
administração da sociedade no âmbito interno.”48

Dessa forma, quando alguém, na qualidade de administrador, ou algum outro


órgão da sociedade, executa alguma ação, quem está agindo não é a pessoa natural
em nome da sociedade, mas sim a própria sociedade. Não existiria representação
no sentido estrito da palavra. Esse é o entendimento de BORBA, ao reproduzir os
ensinamentos de PONTES DE MIRANDA:

“O órgão não representa, presenta. A pessoa jurídica é


que assina o título de crédito, ou qualquer título circulável, ou o
instrumento público ou particular de contrato, ou qualquer ato
jurídico, negocial ou não, posto que a mão que escreve seja a do
órgão da sociedade, uma vez que o nome de quem materialmente
assina integre a assinatura. A pessoa jurídica pode outorgar poderes
de representação. Mas o órgão tem outros poderes, que resultam de

47
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral do direito societário, v. 1. São
Paulo: Atlas, 2017, p 239.
48
TOMAZETTE, Marlon. Ob, cit., p 240.
31

sua investidura, na conformidade do ato constitutivo ou dos estatutos,


ou de lei. O representante figura em nome do representado; o órgão
não é figurante: quem figura é a pessoa jurídica: ela se vincula em
seu próprio nome.”49

Cabe esclarecer que em conformidade com os artigos 1.040, 1.046 e 1.053, do


Código Civil, as disposições relacionadas à sociedade simples pura, portanto uma
sociedade não empresária, são aplicáveis subsidiariamente às sociedades
limitadas, em nome coletivo e em comandita simples. Por essa razão faremos
algumas referências a dispositivos que regula a sociedade simples pura. Já a
sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações, de acordo com os
artigos 1.089 e 1.090 do Código Civil são regidas por lei especial, no caso a Lei
6404. Cabe ainda destacar que conforme o parágrafo único do artigo 1.053 do
Código Civil, a sociedade limitada poderá ser regulada supletivamente pelas
normas da sociedade anônima.

Dessa forma, as sociedades empresárias atuam por meio de seus administradores.


Nesse sentido, já vale expor o que preconiza o artigo 1.022 do Código Civil: “A
sociedade adquire direitos, assume obrigações e procede judicialmente, por meio
de administradores com poderes especiais, ou, não os havendo, por intermédio de
qualquer administrador.”

Outro ponto que merece menção é que não são todos que podem ser
administradores de sociedades, mas apenas aqueles que não se encontrarem nas
restrições previstas no parágrafo primeiro do artigo 1.011, ou em legislação
específica50, como por exemplo as restrições privativas para administradores de
instituições financeiras. Em resumo, dentre outras restrições específicas não
podem ser administradores “os condenados a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia
popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade,
enquanto perdurarem os efeitos da condenação.”
49
PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado. São Paulo, 1984, p. 113 apud BORBA,
José Edwaldo Tavares Borba. Direito societário. São Paulo: Atlas, 2017, p. 71.
50
Como por exemplo as restrições que podem ser impostas para administradores de instituições
financeiras, conforme o inciso XI, do art. 10, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
32

Outro ponto tratado nos dispositivos relacionados a sociedade simples pura é a


previsão do caput do próprio artigo 1.011 supramencionado: “o administrador da
sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que
todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios
negócios.”

Esclarece-se que o estudo não enfocará na administração interna das sociedades,


mas sim em ações delas no mundo externo. Em suma, procurará descrever os
principais órgãos e seus poderes de atuação.

Nas sociedades limitadas, os administradores devem ser designados no contrato


social ou em ato separado, podendo inclusive ser designadas pessoas estranhas ao
capital social (artigos 1.060 a 1.062). O exercício do cargo pode cessar por
destituição ou término do prazo, quando for previsto.

RAMOS (2017) traz a boa lembrança de que:

“Também é válida para a sociedade limitada a observação de


que a atividade do administrador é personalíssima, não podendo
outrem exercer suas funções. Nesse sentido, de acordo com o que
dispõe o Código Civil em seu art. 1.060, a sociedade limitada é
“administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato
social ou em ato separado”, às quais cabe, privativamente, o uso da
firma ou da denominação social, ou seja, a possibilidade de atuar em
nome da sociedade, exercendo direitos e assumindo obrigações (art.
1.064). O máximo que se permite, frisa-se, é a delegação de certas
atividades a mandatários, nos termos do art. 1.018 do Código: “ao
administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas
funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir
mandatários da sociedade, especificados no instrumento os atos e
operações que poderão praticar””.51

Adicionalmente, pelo artigo 997, VI, cabe mencionar que a administração das
sociedades limitadas, deve ser feita por pessoa natural.

51
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2017, p 311.
33

A peculiaridade na sociedade por nome coletivo é que os sócios devem ser


pessoas naturais e somente eles podem ser administradores (artigos 1.039 e
1.042).

Já na sociedade em comandita simples o sócio comanditado, que é


necessariamente pessoa natural, é o administrador. Já o sócio comanditário não
pode participar da gestão, sob pena de ser responsabilizado na mesma medida que
o sócio comanditado.

Em todos esses três tipos societários, o administrador deve se ater as restrições


contidas no contrato social, e no seu silêncio poderá praticar os demais atos de
gestão da sociedade, conforme o art. 1.015 do Código Civil. Em regra, portanto, o
administrador teria legitimidade para agir, no entanto, pode ocorrer dele agir com
excesso e extrapolar suas atribuições ordinárias. Mesmo nesse caso, a sociedade
ainda se vinculará, salvo se se tratar das hipóteses do §1º do artigo 1.015. Esse
ponto se relaciona com a teoria da aparência e a teoria dos ultra vires.

No que se refere à administração de sociedades anônimas e sociedades em


comanditas por ações, tratadas em conjunto como sociedades por ações, existe,
como já mencionado, lei especial sobre o tema, a Lei 6.404.

Nela, há previsão de que a administração da sociedade por ações é realizada pela


Diretoria e pelo Conselho de Administração, quando houver (art. 138). Sem
reduzir a importância do Conselho de Administração, nesse trabalho vamos nos
ater à atuação da diretoria e dos diretores uma vez que a representação, ou para
parte da Doutrina, conforme exposto, a presentação da sociedade por ações
privativa à diretoria (Art. 138, § 1º).

Nesse sentido cabe informar que a diretoria deve ser composta por no mínimo
dois diretores, sempre pessoas naturais, eleitos pelo Conselho de Administração,
se houver, ou pela Assembleia Geral de Acionistas, com mandato máximo de três
anos, permitida a reeleição (art. 143).

No silêncio do estatuto, e na ausência de deliberação do Conselho de


Administração, se houver, em sentido contrário, os diretores poderão agir de
maneira concorrente na prática de atos da gestão regular da sociedade, podendo,
34

limitado aos seus poderes e atribuições, constituir mandatários que representarão a


companhia (art. 144).

Bem próximo das restrições previstas para administradores de sociedades


limitadas, os parágrafos primeiro e segundo do artigo 147, prevê que:

“1º São inelegíveis para os cargos de administração da


companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por
crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade,
ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a
cargos públicos.

§ 2º São ainda inelegíveis para os cargos de administração de


companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por ato da
Comissão de Valores Mobiliários.”

Por fim, cabe mencionar uma característica presente na sociedade em comandita


por ações, mas ausente na sociedade anônima que é a necessidade de que os
administradores também sejam acionistas ou sócios da sociedade, conforme o
artigo 282.
5. Cadastramento de Certificado Digital de Pessoa Jurídica
e Dever de Diligência.

De acordo com o inciso VI do artigo 4º da Medida Provisória 2200-2, as políticas


de certificados, práticas de certificação e regras operacionais, o credenciamento e
autorização para o funcionamento das Autoridades Certificadoras e das
Autoridades de Registro devem ser aprovados pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil.
Dessa forma, as normas infralegais sobre o cadastramento para a emissão do
certificado digital são previstas em Resoluções desse comitê.

Atualmente, sobre certificação digital estão vigentes cerca de 100 resoluções. No


entanto, para este trabalho a resolução mais pertinente é a Resolução do Comitê
Gestor da ICP-Brasil nº 42, de 18 de abril de 200652, que aprovou os Requisitos
Mínimos para as Declarações de Práticas de Certificação das Autoridades
Certificadoras da ICP-Brasil (DOC-ICP-05)53.

Nesse documento54 estão previstos os requisitos necessários para a identificação


de uma organização na emissão do certificado digital, especificamente no item
3.1.10.2, destacando o ato constitutivo, devidamente registrado no órgão
competente e os documentos da eleição de seus administradores, quando
aplicável. Em seguida, exige a comprovação da identidade e dos poderes dos
representantes.

O item 3.1.10.1.2., por sua vez, determina que no caso de certificado digital para
pessoa jurídica, dever indicar a pessoa natural que será responsável pelo
certificado. A preferência é que seja um dos seus representantes legais, contudo
existe a possibilidade de ser um procurador.

52
Disponível no endereço http://www.iti.gov.br/images/repositorio/legislacao/resolucoes/em-
vigor/RESOLU__O_42_DE_18_04_2006.PDF Acesso 28 de agosto de 2018.
53
Esse documento já foi alterado pelas Resoluções do Comitê Gestor as ICP-Brasil nº 48, 54, 66,
74, 75, 79, 84, 90, 99, 107 e 114.
54
INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Requisitos Mínimos para
as Declarações de Práticas de Certificação das Autoridades Certificadoras da ICP-Brasil
(DOC-ICP-05). Disponível em <http://www.iti.gov.br/images/repositorio/legislacao/documentos-
principais/DOC-ICP-
05_-_Versao_4.6_REQUISITOS_M%C3%8DNIMOS_PARA_AS_DECLARA%C3%87%C3%9
5ES_DE_PR%C3%81TICAS_DE_CERTIFICA%C3%87%C3%83O_ errata.pdf>. Acessado em:
29/08/2018.
36

A indicação do responsável pelo certificado digital é importante porque é ele


quem deterá a chave privada e seu nome deverá constar no certificado digital,
conforme exige a alínea c do item 3.1.10.3.1.

Dessa forma, para a emissão do certificado digital é necessário a presença dos


representantes legais com poderes de representar a sociedade empresária, no
entanto, para a utilização basta o responsável pelo certificado.

Já tivemos a oportunidade de ver que a função de administração é indelegável,


podendo no máximo haver a constituição de mandatários com prazo e atos
autorizados determinados. Assim sendo, o administrador não pode se furtar de
gerir a sociedade.

Como já vimos, o terceiro de boa-fé não poderá ser prejudicado já que a sociedade
se manifestou. Lembramos que ICP-Brasil foi criada para garantir a autenticidade
dos documentos eletrônicos e que existe a presunção de veracidade dos
documentos produzidos em conformidade com essa política (art. 10, §1º, da
Medida provisória 2200-2). Nessa situação, não restaria dúvida que foi a
sociedade quem assinou e se obrigou. Não pode o terceiro ser prejudicado pela
falta de cuidado e diligência de um dos administradores que confiou
indevidamente no outro.

Quando existe a opção de emissão de um certificado digital com a indicação de


um representante legal para constar no certificado o administrador que não possui
a chave privada não está passando toda a responsabilidade para outro, mas em
verdade compartilhando com ele essa responsabilidade. Lançando mão de uma
analogia extremamente utilizada nessas situações, é como se um administrador
assinasse um folha em branco e entregasse para o outro. Nesse caso, se houver
algum dano ou mal feito, responderiam os dois no âmbito civil. A mesma forma
na assinatura digital. Por sua omissão, ao permitir que outrem possa exercer
tamanho poder na sociedade, o administrador se arrisca e torna corresponsável
pelos atos dos outros.

Esse raciocínio se abarca no dever de diligência do administrador perante a


sociedade, conforme se observa dos artigos 153 da Lei 6.404 (“o administrador
da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e
37

diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração


dos seus próprios negócios”) e 1.011 do Código Civil (“o administrador da
sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que
todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios
negócios”). Explica ADAMAK (2009) que:

“Assim, o administrador diligente deve ser ativo. Precisa


comparecer às reuniões do órgão ao qual pertença, salva escusa
válida (dever de participar), e ter juízo crítico sobre os negócios
sociais. Não pode apenas chancelar e cegamente cumprir ordens
emanadas de outro órgão ou de seus pares, pois isso equivale a ser
passivo, e não ativo; deve, antes de tudo, desconfiar, por dever de
ofício, de tudo o que se lhe possa afigurar inconsistente.”55

Caracterizada a falta na observância desse dever e o prejuízo daí decorrente, pode


a sociedade requerer a reparação desse dano pelos administradores (art. 1.016 do
Código Civil e art. 158 da Lei 6.404). Dessa forma, caso o responsável no
certificado digital o utilize para realizar um mal feito, o outro administrador
poderá responder, ainda que desconheça esse ato.

A melhor alternativa para os administradores nas sociedades em que há mais de


um gestor, mas que não queiram abrir mão dos benefícios da assinatura digital, é
optarem pelos certificados emitidos para as pessoas naturais. Essa atitude levaria a
necessidade que todos administradores envolvidos apusessem suas assinaturas no
documento.

55
ADAMEK, Marcelo Vieira von. Responsabilidade civil dos administradores de S/A (e as ações
correlatas). São Paulo: Saraiva, 2009, p 135.
Conclusão

Da análise dos capítulos antecedentes, observa-se que a assinatura digital é um assunto


muito técnico, já não tão novo, e está sendo adotado cada vez mais no setor societário.
Por esses motivos, também trouxe novas questões e desafios.

Em paralelo a definição de conceitos utilizados e ao esclarecimento de alguns pontos,


uma dessas novas questões foi analisada nesse trabalho: s possibilidade de negócios
jurídicos serem celebrados em meio eletrônico por sociedade empresária utilizando-se
apenas a assinatura digital dessa sociedade.

A primeira conclusão é que os negócios jurídicos celebrado com a utilização do


certificado digital em conformidade com as políticas da ICP-Brasil possuem uma
presunção de autenticidade e integralidade. Dessa forma, no caso de assinatura digital
aposta por sociedade empresária, o terceiro, mais do que nunca, tem indícios da
conformidade do negócio no que se refere à representação.

Em seguida, em conformidade com a Teoria da Aparência e da Confiança, e por


entender que em um documento assinado digitalmente o administrador que participou
do cadastramento do certificado digital se torna ciente que a assinatura digital obriga a
sociedade e dessa forma ele assume a responsabilidade em conjunto com o
administrador indicado no certificado pelos atos realizados com a utilização da
assinatura digital, concluiu-se que os negócios jurídicos celebrados com esse tipo de
assinatura devem ser preservados, respondendo perante o terceiro a própria sociedade.

Conclui-se também que, baseado principalmente na necessidade de observância do


Princípio de Diligência, caso haja um prejuízo decorrente de um mal feito exteriorizado
por meio de um negócio jurídico celebrado com a assinatura digital da sociedade
empresária, poderá responder por esses danos, além do administrador que possua a
chave privada, mas também aquele que esteve presente no ato de credenciamento do
certificado.

Após esse entendimento, foi sugerido que os administradores utilizem não o certificado
da pessoa jurídica, mas o certificado de pessoa natural emitido em seu nome.

Tendo em vista essas conclusões, em relação ao caso hipotético utilizado na introdução


a esse trabalho para melhor expor o problema, já é possível tecer o e entendimento de
que a solução mais adequada ao caso seria a AAA LTDA honrar com a obrigação
39

assumida com o marceneiro Y, permitindo que ele faça o serviço e que receba a
contraprestação combinada. Caso contrário, Y deve ajuizar ação contra a AAA LTDA
sob alegação de descumprimento contratual por parte dessa sociedade.

Portanto, em síntese final, e pelos motivos já expostos, conclui-se que é possível a


celebração de negócios jurídicos em meio eletrônico por sociedade empresária
utilizando-se apenas a assinatura digital dessa sociedade.
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