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Saberes geográficos
e Geografia institucional
Relações luso-brasileiras no século XX
Lisboa, 2019
Organizadores
Francisco Roque de Oliveira e Daniel Paiva
Editor
Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa
Capa
João Rodrigues
Design
EuropressLab
Impressão e acabamento
Europress – Indústria Gráfica
ISBN
978-972-636-284-5
Depósito legal
462718/19
Tiragem
250 exemplares
Outubro de 2019
Índice
I. A prática da Geografia
Sessão inaugural do I Colóquio Luso-Brasileiro de Teoria
e História da Geografia (Lisboa, 2017) 19
Apresentação da sessão 21
Jorge Malheiros
Debate 49
Daniel Paiva
Centro de Estudos Geográficos
Instituto de Geografia e Ordenamento do Território
Universidade de Lisboa
daniel.paiva@campus.ul.pt
ORCID: 0000-0001-9701-4705
Jonathan Felix Ribeiro Lopes
Centro de Estudos Geográficos
Instituto de Geografia e Ordenamento do Território
Universidade de Lisboa
jonhgeocs@gmail.com
ORCID: 0000-0001-9757-8500
Francisco Roque de Oliveira
Centro de Estudos Geográficos
Instituto de Geografia e Ordenamento do Território
Universidade de Lisboa
f.oliveira@campus.ul.pt
ORCID: 0000-0002-5854-8971
Introdução
1
Investigação realizada no âmbito do Projecto «Saberes geográficos e Geografia institucional:
influência e relações recíprocas entre Portugal e o Brasil no século XX» – FCT/CAPES (Proc. 44.1.00
CAPES/8513/14-7).
94 | Saberes geográficos e Geografia institucional
Metodologia
Num plano geral, textos de autores brasileiros ou sobre o Brasil são residuais na
produção geográfica portuguesa, com algumas excepções. A primeira é a revista
Geographica da SGL, na qual 11,76% dos textos são de autores brasileiros ou sobre
o Brasil. A segunda é a revista Garcia de Orta – Série de Geografia, na qual 15,63%
dos textos são de autores brasileiros ou sobre o Brasil. O maior foco no Brasil detec-
tado nestas duas revistas justifica-se pela missão das instituições às quais estão
vinculadas, missão essa que, tanto no caso da SGL como no caso da JICU (e poste-
riormente do IICT) está ligada à investigação sobre ambientes tropicais, com
especial incidência naqueles que eram – ou tinham sido – colónias portuguesas.
Não obstante, identificámos 231 textos, o que constitui de um corpus de inves-
tigação com alguma relevância. É também necessário ter em conta que onze das
doze revistas que analisámos existem apenas na segunda metade do século XX, e
nove delas durante menos de duas décadas. Tal constituiu um indício claro da rela-
tiva fragilidade da Geografia como disciplina científica no meio académico portu-
guês até ao fim do século XX, circunstância essa que decorreu em boa medida da
sua tardia institucionalização (Claval, 2011).
Resultados
Ritmos de produção
Figura 1. Número de publicações de artigos de autores brasileiros ou sobre o Brasil em revistas portuguesas de Geografia por ano. Fonte: autores.
Daniel Paiva, Jonathan Felix Ribeiro Lopes e Francisco Roque de Oliveira. O Brasil e a Geografia brasileira nas revistas académicas portuguesas... | 99
Geographica
Inforgeo
Brasília
BSGL
Total
Biogeografia 0 0 3 0 0 1 0 0 0 0 4
Climatologia 1 0 2 0 0 0 1 0 0 0 4
Geomorfologia 0 0 7 0 3 1 2 3 0 0 16
Hidrologia 0 0 3 1 1 0 0 0 0 0 5
Geografia Cultural 1 0 0 3 0 0 0 1 0 0 5
Geografia Económica 0 0 16 3 3 0 0 1 0 0 23
Geografia Histórica 0 0 28 0 0 1 1 1 0 1 32
Geografia Regional 3 1 14 0 5 0 1 0 0 0 24
Geografia Rural 0 0 4 0 4 1 1 8 0 0 18
Geografia Social
0 1 3 1 0 0 1 1 0 0 7
e da População
Geografia Tropical 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2
Geografia Urbana 1 1 12 1 4 0 1 6 0 0 26
Geografia
0 1 17 0 0 0 1 1 0 0 20
Política/Geopolítica
História da Geografia 0 1 11 0 2 0 1 0 0 0 15
Ensino da Geografia 1 0 2 0 1 0 0 0 0 0 4
Cartografia 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 3
Ordenamento do
0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 2
Território
Institucional 4 0 15 0 1 1 0 0 0 0 21
Figura 2. Rede social entre revistas de Geografia e afiliações institucionais dos autores.
Fonte: autores.
Conclusão
brasileiros e portugueses, bem como os factores que levaram aos frequentes hiatos
ou, mesmo, à interrupção prolongada nos contactos consequentes e produtivos
entretanto desenvolvidos e que parece acontecer em outras fases. Por outro lado,
importa perceber também qual foi a presença da Geografia portuguesa nas revistas
de Geografia do Brasil, indicador complementar fundamental sem o qual se ficará
sempre com um retrato forçosamente incompleto desta matéria.
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