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Roberta Gheren
ANA BOTAFOGO:

UMA VIDA DE
Amor à Dança
Ana Botafogo é uma artista que soube equilibrar ao longo da sua trajetória as várias
dimensões da vida de uma mulher, priorizando, a cada momento, aquilo que a levou
não apenas a construir uma carreira inigualável e se tornar a maior referência da
dança no Brasil, mas também a tornar o balé brasileiro, uma das artes mais clássicas,
reconhecido internacionalmente. Considerada pelo público e pela crítica uma das
mais importantes bailarinas brasileiras de todos os tempos, com sua elegância,
persistência, amor e fidelidade às artes, Ana Botafogo é uma mulher de classe!

por Clarissa Miranda

Giselle, protagonista do balé homônimo com Puchkin. De caráter sério e carinhoso, Tatiana
música de Adolphe Adam e roteiro de Saint-Georges vive, na juventude, um amor não correspondido
e Gaultier, é uma bela camponesa que morre por pelo jovem Eugene Onegin. Quando já casada
amor e se torna um dos espíritos chamados wilis, com um nobre russo, ela reencontra Onegin, que
espécie de fadas que dançam nas noites encan­ se apaixona pela mulher elegante e charmosa
tando cavalheiros, os quais, enfeitiçados por elas, que Tatiana se tornou. Mesmo ainda amando
dançam até a morte. Mas Giselle é diferente, nem Onegin, ela opta por não ficar com ele. Todas
depois da morte ela é capaz de fazer mal ao ho­ essas são protagonistas de grandes histórias do
mem que amou. Já Swanilda, protagonista do balé balé mundial, mulheres fortes, famosas e que
Coppélia, é a jovem mais bonita de uma pequena couberam magistralmente à interpretação da
cidade. Seu noivo Franz apaixona-se pela imagem bailarina brasileira Ana Botafogo.
de outra mulher que passa o dia todo lendo em A primeira bailarina do Theatro Municipal
uma janela; a moça, Coppélia, na verdade, é uma do Rio de Janeiro destaca essas como algumas
boneca criada pelo excêntrico Dr. Coppelius. entre suas personagens preferidas dos grandes
Swanilda, percebendo o engano de Franz, fantasia- espetáculos que interpretou, e isso é significativo
se de Coppélia para mostrar ao seu verdadeiro para alguém que já atuou em tantos grandes
amor o erro que cometera. Outra personagem dos balés. Aos 62 anos de idade, Ana Maria Botafogo
clássicos, Tatiana Nagin é a protagonista do balé Fonseca Marcozzi continua construindo sua sólida
russo Onegin, inspirado no poema de Aleksandr e longeva carreira. »

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Nascida no Rio de Janeiro, iniciou quando criança Como o balé entrou em sua vida?

Fundação AM
os estudos de balé. A carreira profissional come­ O balé entrou na minha vida desde cedo, levada pela mãe, como muitas outras
çou na França, integrando o Ballet de Marseille, de meninas. Desde o começo, eu me encantei. Era em um conservatório de música, onde
Roland Petit. Ana apresentou-se em vários países da fazíamos uma iniciação musical. Começamos as aulas de balé com uma bailarina do
Europa e das Américas do Norte, Central e do Sul. Foi Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A professora se dedicava muito a mim, talvez
bailarina principal do Teatro Guaíra (Curitiba, PR) e eu tivesse uma musicalidade, já gostasse da música com a dança. Naquele primeiro
da Associação de Ballet do Rio de Janeiro. Em 1981, momento de infância, foi mais uma brincadeira. De 10 para 11 anos, eu entrei para
ingressou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, uma academia de balé, em que eu tinha que fazer exames todos os anos. Eu fui cada
já como primeira bailarina, cargo em que per­ma­ vez me encantando e me dedicando mais ao aprendizado da dança.
nece até hoje, atualmente dividindo a posição com
bai­larinas que ajudou a formar. Foi diretora artística Nessa época, quantas vezes por semana você ensaiava?
do Ballet do Theatro Municipal ao lado da bailarina Eu acho que começou com duas vezes na semana, mas, quando eu entrei para essa
Cecília Kerche. Entre seus títulos, destacam-se o de academia, aos 11 anos, já eram três vezes por semana. Quando eu fui passando de
Embaixadora da Cidade do Rio de Janeiro, o de ano, entrei para o corpo infantil da academia. No segundo ano, eu acho que já ia
Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, Chevalier todos os dias e, no terceiro ano, com certeza, eram todos os dias de balé. Nunca
dans L’Ordre des Arts et des Lettres (Ministério da mais eu parei, até virar profissional.
Cultura da França), o Troféu Mambembe, a Ordem
do Mérito Cultural (Ministério da Cultura, Brasil) na A virada para a dança profissional aconteceu na França. Como essa experiência interna-
classe de “Comendador” e a Medalha Pedro Ernesto. cional influiu para sua maturidade como bailarina?
Como artista convidada, dançou com importantes Influiu totalmente. Eu sempre achei que ser uma bailarina profissional – e o sonho
companhias, tais como Saddler’s Wells Royal Ballet, era entrar para o Theatro Municipal do Rio – era um sonho meio distante. Quando
Ballet Nacional de Cuba, Ballet da Ópera de Roma, eu terminei o terceiro ano do colegial, tive a oportunidade de entrar para a faculdade
entre outras. Carismática e decidida a levar a arte para de Letras. Ainda não era bailarina profissional e pude ir estudar na França. A des­
todo o País, esteve em diversas capitais brasileiras culpa era estudar francês, mas claro que eu queria também o aperfeiçoamento da
com os espetáculos Ana Botafogo In Concert, Três dança. Chegando lá, dois meses e meio depois que eu estava em Paris, fui a uma
Momentos do Amor, Suíte Floral, e Isto é Brasil, este audição e passei. Fui contratada por uma companhia que era no Sul da França, o
em companhia de Carlinhos de Jesus. Ballet de Marseille, de Roland Petit, que era uma companhia muito importante.
Hoje, dança solos ou espetáculos coreografados Para mim, foi um começo muito bom, porque era uma companhia profissional, com
especialmente para ela, dividindo seu tempo entre a muitos estrangeiros. Não era uma companhia muito grande, devíamos ser uns 25
rotina de aulas e ensaios no Municipal, professora bailarinos, no máximo. Viajávamos muito, isso me deu uma boa tarimba.
em workshops e eventos, e atuação como empresá­
ria em diferentes empreendimentos. Ana Botafogo Quando você voltou ao Brasil?
é considerada pelo público e pela crítica uma das Eu fiquei dois anos e meio na Europa. Fui também
mais importantes bailarinas brasileiras de todos os para a Inglaterra, porque iria para uma companhia
“A responsabilidade de
tempos. inglesa. Dois coreógrafos tinham me chamado transmitir emoções, seja
Conversar com ela para esta entrevista exclusiva para ir lá, mas eu não consegui o visto de trabalho.
concedida à revista Performance Líder é deixar as Fiquei alguns meses na Inglaterra, treinando, fa­ de um personagem, seja de
ideias flutuarem em um universo de elegância, per­ zendo aulas, me aperfeiçoando, mas achei que era
sistência e amor e fidelidade às artes. Em seu espaçoso o momento de voltar para o Brasil. Foi quando uma ação, ou até mesmo,
apartamento no Rio de Janeiro, com grandes jane­ eu voltei. O Theatro Municipal estava fechado,
las de vidro permitindo a vista para as árvores de um precisavam de uma bailarina no Teatro Guaíra, em através de uma campanha.
parque próximo e a paisagem marítima do bairro Curitiba. Eu fiz um teste, entrei e já fui fazer um
do Flamengo, Ana conta sua história, não só com as primeiro papel: dançar o balé Giselle pela primeira
Se eu tiver que transmitir
palavras, mas também com os gestos, movimentos vez na vida como protagonista. De lá para cá, nunca alguma mensagem, que isso
suaves de braço e uma postura sempre perfeita. Faz mais parei. Fiquei dois anos em Curitiba, um ano na
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lembrar a origem etimológica da palavra ballet, que o Companhia Associação de Ballet do Rio de Janeiro, seja levado com luz, com
idioma francês emprestou do italiano (balleto) e esse, até passar em um teste para o Theatro Municipal. Lá
do latim ballare, e significa dançar, saltar sobre. se vão 38 anos em que sou bailarina do Municipal. » credibilidade.”

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O que motivou toda essa trajetória?


No começo, quando eu era adolescente, o que me movia era o prazer da dança,
eu gostava da dança. A partir do momento em que eu entrei para a primeira com­
panhia, eu disse “é essa a vida que eu quero para mim”. Claro que eu era uma jovem
bailarina, o que me motivava é que eu tinha muito que aprender. Devo lembrar que
era uma época que não havia internet. A gente não via muita coisa. Tinha que ir aos
festivais, ver os outros bailarinos ao vivo e a cores. Essa era a maneira de aprender,
observando ao vivo, não tinha essa facilidade dos vídeos. O que me motivava era
sempre querer fazer mais e saber que o palco era onde eu podia transmitir as emo­ É uma linha de produtos desenvolvida para preservar a
ções que estavam todas latentes em mim. Acho que esse era meu maior desafio: poder
cada vez mais me libertar no palco através da técnica, que só, pouco a pouco, você juventude da pele, protegendo-a das agressões externas,
vai conseguindo. Na realidade, a gente busca essa técnica ao longo da carreira toda. amenizando os sinais do envelhecimento, suavizando as
linhas de expressão, devido a perfeita combinação dos
Essa motivação foi amadurecendo?
Claro que muita coisa se modificou ao longo de uma carreira tão longa como eu extratos vegetais do lírio e aloe vera, com aavos que
tive. A vida pessoal interfere na vida profissional, assim como a vida profissional, promovem firmeza e tonicidade.
sobretudo a de um artista, interfere na sua vida pessoal. Eu vivia e vivo, ao longo
desses anos, intensamente a minha vida profissional. É uma vida que precisa de
muitas regras, é uma vida de desafios. Existem muitas renúncias na vida de uma Os produtos cosméacos Lilium Recanto possuem no seu
bailarina. São renúncias, porque eu trabalho DNA o cuidado com a natureza e todos são desenvolvidos
com o físico, com o corpo. Na dança, quando
a gente trabalha com o corpo, o progresso é com ingredientes naturais, livres de parabenos e
pequeno a cada dia. Não é um salto. Não se vira cruelty-free.
bailarino da noite para o dia e não se aprende
balé lendo regras. Tem que ter determinação,
foco, porque os desafios são diários.

A vida pessoal e profissional precisa estar sem-


Sinta-se divina com toda a sua graça!
pre em equilíbrio?
Eu acho que a própria vida pessoal vai fazen­
do de você outra pessoa. Essa artista vai ama­
durecendo. A gente tem uma vida que vai
paralela: a vida com sua família, a vida com
seus amigos, os estudos. Eu procuro ter uma
vi­­­da muito natural, fazer as coisas que todos
fa­zem. Eu sou viúva [Ana foi casada com o bai-
larino Graham Bart, falecido em 1988, e com o
advo­gado Fabiano Marcozzi, falecido em 2001].
Sempre tive que ter parceiros e maridos muito
compreensivos com a vida que eu levava. Eles me
ajudaram muito a desenvolver esse lado artístico.

Você declarou algumas vezes, em entrevistas,


que arte, cultura e educação podem mudar um
país. Por que a combinação desses três pilares é
tão importante?
A educação, é claro que é importantíssima, mas
acho que a arte aliada à educação, a arte e a
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seja para um teatro cheio, como o Theatro
Municipal com 2,3 mil lugares, que isso seja
levado com luz, com credibilidade. Hoje em
dia, nem sempre eu entro como bailarina
clássica. Faço algumas participações com
alguns balés criados para mim, mas entro,
muitas vezes, para falar sobre a minha dan­
ça, ou para incentivar os jovens bailarinos. Eu
entro para dizer da minha paixão pela dança,
que eu dediquei a minha vida toda para que
eu pudesse, agora, dizer: essa paixão, essa
chama, ainda está acesa.
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Como descreve o modo de ser mulher, como a

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mulher vivencia o mundo, as oportuni­da­des?
A percepção feminina tem um olhar que o
homem não tem. O modo feminino de ser é
Ana Botafogo interpretou muitos dos grandes personagens
femininos do balé mundial. Hoje, prioriza coreografias criadas
procurar o seu lugar ao sol, querendo entrar
especialmente para a sua interpretação. em vários ramos. A mulher nunca é satisfeita Poderia falar um pouco dos empreendimentos novos nesta fase de sua vida?
de estar só em uma posição. Acho que ela A carreira foi ficando longa, eu fiquei viúva uma segunda vez, não tinha filhos,
está sempre aberta para entrar e tentar ser então continuei a dançar. Cheguei aos 50 anos dançando e dançando muito! Claro
cultura é o que faz a identidade de um país, bem-sucedida em vários braços de atuação. que a vida vai levando você para outros desafios. Fui preparando. Eu sabia que,
de uma cidade. São marcas de um tempo. Eu sempre me vi muito assim. neste momen­to, eu ia poder dar aulas. Nesse meio tempo, fui fazer faculdade.
A criança é envolvida nesse cotidiano, no A gente teve a possibilidade de um convênio entre uma faculdade e o Theatro
dia a dia de uma cidade. Ela precisa que a Como trabalhou a questão do foco profissional em Municipal para fazer uma licenciatura em Dança. Eu dei a maior força, eu mesma
educação seja uma formação de cidadania e sua vida? me inscrevi, já que não tinha terminado o meu terceiro grau. Quando jovem,
que a cultura esteja inerente para que possa O foco principal sempre foi a minha carreira, eu fazia Letras, mas minha carreira entrou e acabei perdendo. Comemoro,
viver plenamente sua situação enquanto essa é a verdade. Mesmo quando eu estive neste ano, 10 anos que eu me formei na licencia­tura em Dança. Foi de extrema
indivíduo. A criança, tendo acesso à cultura casada, os meus maridos me ajudaram muito importância para entender sobre didática, estudar anato­mia, mais uma prepa­
e a diferentes artes, vai poder se expressar para que o foco fosse minha carreira, que ração para esse outro momento que agora
de alguma maneira, o que, junto com a edu­ fosse o meu desenvolvimento. Eu digo que chegou. Enquanto professora, eu dou
cação, pode transformar esse país através de minha própria vida pessoal foi o que me workshops, palestras, porque eu acho
ações, não só ações sociais, mas ações que levou para essa carreira tão longa. Durante que hoje é a minha função estimular os “Eu vivia e vivo intensamente
envolvam a população. A arte tem esse poder. anos, me pediam para dar aulas, ou até mes­ jovens bailarinos, mostrar que eu vivi de a minha vida profissional. É
mo fazer palestras e isso não era um foco da dança esse tempo todo. É difícil? É difícil,
O que significa estar hoje no palco? O que é a minha vida profissional. Eu explicava que, mas é possível. Tem gente que quer fazer uma vida que precisa de muitas
beleza da dança para Ana Botafogo? naquele momento, em vez de dar aula, eu ia sucesso da noite para o dia. Eu não fiz
Estar no palco, primeiro, é uma grande descansar, porque eu precisava ter fôlego para sucesso da noite para o dia. Antes de eu regras, é uma vida de desafios.
responsabilidade, porque a gente sabe que é o poder dançar durante a noite. No Theatro entrar para o Theatro Municipal, eu fui,
centro das atenções. Quando se entra no pal­ Municipal, a gente trabalha de segunda a pouco a pouco, pelos interiores do Rio Não é um salto. Não se vira
co, é como se todos os holofotes estivessem sexta, e, todos os sábados, eu trabalhava com de Janeiro. Já bailarina do Municipal, me
sobre você. Muitos olhos, muitas mentes, professora particular. Agora eu tenho tempo convidavam para fazer um espetáculo ao bailarino da noite para o dia e não
estão mirando você. O que significa? Significa para dar palestras, para incentivar os jovens. ar livre junto com um grupo de teatro, eu se aprende balé lendo regras.
a responsabilidade de transmitir emoções, Quem quer ter uma carreira de sucesso tem ia lá e dançava um solo na ponta. Levei
seja de um personagem, seja de uma ação, que focar em uma coisa. Eu quero fazer tudo, minha dança à praia, às praças, para Tem que ter determinação, foco,
ou, até mesmo, de uma campanha. Se eu mas o principal foco sempre foi a minha perto do povo, porque eu queria que eles
tiver que transmitir alguma mensagem, que carreira. conhecessem para depois irem ao teatro. » porque os desafios são diários.”

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Empreendendo novas E os outros empreendimentos que surgiram depois?


estradas profissionais,
Ana Botafogo celebra o
Os empreendimentos foram surgindo. O primeiro de tudo foi a minha
sucesso de sua marca de loja. Há uns dois ou três meses, eu mudei para uma loja muito maior
roupas e acessórios para que está linda, chamada Ana Botafogo Maison, cresceu muito. Eu já
amantes do balé.
tive marca de malhas, e, hoje em dia, eu tenho também uma fábrica.
É o momento de fazer do meu nome uma marca que possa ficar for-
te. Depois surgiu a oportunidade de jeans, tem a linha da Scalon que
é assinada por mim, é um jeans flexível, que a gente fala que é para
dançar. Agora eu tenho uma academia, que a vida toda achei que não
ia ter, porque eu achava que tinha passado o tempo. Em setembro, eu
abri uma academia em Niterói, em sociedade. Está um momento muito
bom, em que eu estou sempre muito presente. A arte também tem um
viés que pode levar para o negócio. Existe a Anarte Produções Artís-
ticas e existe outro projeto aí por vir de que eu ainda não posso falar.
Hoje em dia, eu vou ao Theatro Municipal todos os dias, faço aula com
a companhia. Quando eles precisam que os bailarinos antigos façam
uma participação no espetáculo, eu participo com eles. Em agosto, vou
dançar com o Carlinhos de Jesus em um espetáculo: ele de malandro
carioca e eu de bailarina. Eu sou curadora, esse é o meu terceiro ano,
do Festival de Dança de Joinville. Fui chamada e me disseram que era
muito simples, mas é um trabalhão, montar esse grande festival. Eu es-
tou feliz com esse outro lado em que estou com a dança. Quanta coisa
eu posso fazer através da dança, me reinventando! »

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“Amadurecer é sempre Quais conselhos você dá para um jovem, não só do


PA RA AS MULHERES DO MILÊN IO...
balé, mas de qualquer área, que está iniciando a car-
novidade. A gente tem que reira hoje?

Villa Gaia
Eu acho que, para qualquer jovem, primeiro estudo,
saber tirar o melhor proveito da foco, saber que pode chegar mais longe, mas tem que
ter trabalho. Eu digo sempre que uma pitada de sorte
vida. Acho que sou alguém que é bom, estar no momento certo, ter uma audição
veio ao mundo para produzir!” ou uma oferta de emprego naquele momento que
você está procurando. Jovem tem que ralar, tem que
trabalhar mais, tem que dar hora extra, até conseguir Incorporada na graça da natureza pelas mãos do Sábio
mostrar para o que veio. Trabalho é fundamental, foco. Para qualquer
profissão, o equilíbrio e o controle emocional são importantes. E tem que falar
do Brasil em que a gente vive. Precisa falar de dignidade, de responsabilidade.
Eu tenho orgulho de ser brasileira. Tem que ser honesto, ético. O que não quer
dizer que você não vai lutar, que não vai ter desafios, competição. Mas você
pode ter competição com ética, e, assim, você vai vencer e certamente nosso
País vai ser melhor.

Que conselho você daria especificamente para jovens mulheres que buscam reali- ALEGRIA EM FORMAR
zar-se na carreira? Há alguma armadilha de que devam escapar?
Primeiro: não desistam das suas metas, sonhos; não pensem que não são ca- MULHERES LÍDERES!
pazes; não pensem que são menos do que os outros, ou os homens. Por mais
que eu não queira ser feminista, quero ser humana, sem querer defender só Coordenação: Alice Schuch
uma bandeira por defender. O dia a dia é de desafios, mas, quando estamos
no campo de trabalho, temos que esquecer se é homem ou mulher, somos
pessoas. Acho que as grandes armadilhas são das mulheres bonitas, ou muito
bonitas, porque elas, muitas vezes, caem em armadilhas de que a beleza pode
abrir muitas portas, o que é um erro. A mulher tem que mostrar que é capaz
e competente por suas qualidades e humanidade, e não por fatores ou estere-
ótipos que possam abrir portas. Acho que a mulher, para ser plena, tem que
ser honesta consigo mesma e tem que ser ética, humana e com foco, isso é
fundamental.

Você está com mais de 60 anos de idade. Para você, a idade é sinônimo de novidade?
No momento, acho que são só novidades. Amadurecer é sempre novidade.
Sou uma pessoa positiva, otimista. Eu estou de bem com a vida, a vida foi
ótima comigo. Tive tristezas? Tive, várias tristezas ao longo da vida, eu e
um monte de gente. Temos que saber tirar o melhor proveito da vida. Hoje

Villa Gaia
em dia eu não tenho mais problema com a idade, acho que ela chega, mas
o que é necessário é saúde e força de vontade de empreender, de fazer. Que-
ro também viajar, eu adoro viajar, mas é impossível a gente só fazer isso e Recanto Maestro RS – Brasil
não produzir. Acho que sou alguém que veio ao mundo para produzir! Até
nos meus momentos, quando fiquei viúva, nas duas vezes, dava aquele de-
sespero, mas, de repente, eu pensava: “Vamos ao trabalho!”. Porque o traba-
lho é solução para muitas coisas. Quando você se exercita a vida inteira com
controle emocional, inteligência emocional, isso ajuda a chegar aos 60. Hoje Mulheres Antes e Depois dos 50 Mulher: aonde vais? Convém?
Obra escrita por mulheres capazes e de Síntese conclusiva da pesquisa da autora,
em dia eu falo com mais leveza, mais vontade de viver, de aproveitar o momento. comprovada experiência em diversos campos. exposta em eventos e congressos no Brasil,
Por isso eu quero estar nos lugares onde eu posso produzir e colher resultados! Coordenação Maria Alice Schuch e Andréia Roma. Chile, Rússia, Letônia, Itália e França.

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