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Contrato de Compra e
Venda
Formação - Gestão de Recursos Humanos e
Gestão Comercial 2
ID Curso: 20.0173
Leandro Afonso
UFCD 0670

IEFP - 03/2020
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O presente manual é um instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº


20.0173, Gestão de Recursos Humanos e Gestão Comercial 2, de acordo com o Catálogo
Nacional de Qualificações.

Objectivos:

Os formandos deverão ser capazes de preencher documentação relativa ao contrato de


compra e venda.

Conteúdos:

1 - Fases do processo de compra e venda:

• Encomenda

• Entrega

• Liquidação

• Pagamento

2 - Condições do processo de compra e venda:

• Qualidade e quantidade

• Entrega

• Preço

• Pagamento/Recebimento

3 - Outros documentos comerciais:

• Cheque

• Letra

• Livrança

• Proposta de Desconto

• Proposta de Cobrança
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Introdução:

Enquanto pessoas singulares, comprar e vender é um hábito enraizado, de tal modo que nem
nos damos conta que ao comprar, estamos efectivamente a celebrar um contrato e de que
nesse contrato, somos uma das partes envolvidas.

Esta operação costuma ser tão simples e rápida que não nos chegamos a aperceber que ela se
efectua por fases distintas. (A encomenda, a entrega, a liquidação e o pagamento).

Já as pessoas colectivas no exercício da sua actividade estão constantemente a realizar


contratos de compra e venda. Mas neste caso, as fases do contrato tornam-se perfeitamente
nítidas e distintas porque se realizam em momentos diferentes, dando origem ao
preenchimento de documentos específicos que vamos estudar em separado.

O conceito de contrato de compra e venda:

A compra e venda é a modalidade de contrato na qual uma parte se obriga a transferir a outra
a propriedade de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de um preço.
(Artigo 874 do Código Civil).

Resulta assim, que o contrato de compra e venda é um contrato bilateral e oneroso, uma vez
que o comprador obriga-se a entregar uma certa quantia monetária, enquanto o vendedor,
se compromete a entregar o bem vendido.
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É fácil constatar que o contrato de compra e venda é aquele que desempenha a maior e mais
importante função económica.

Quanto à sua classificação, a compra e venda classifica-se como um contrato consensual ou


solene, bilateral, comutativo ou aleatório, oneroso, translativo do domínio e de execução
instantânea ou diferida no tempo.

É permitido que as partes convencionem a transmissão da coisa a um evento futuro incerto. A


transmissão fica sujeita a condição suspensiva ou dependente do pagamento do preço.
A transmissão da propriedade é realizada pela tradição (entrega da coisa) ou pelo registro (Se
tratar de bens imóveis).

A compra e venda será válida somente se houver a presença;

• dos requisitos objetivos (o objeto da compra e venda deverá ser lícito, possível física
ou juridicamente, determinado ou determinável e economicamente apreciável);

• dos requisitos subjetivos (existência de duas ou mais pessoas: o vendedor e o


comprador e capacidade genérica dos mesmos para os atos da vida civil e capacidade
negocial);

• dos requisitos formais (regra geral apresenta forma livre, exceto naquelas situações
referidas na lei; como por exemplo a compra e venda de bens imóveis, o qual obriga a
escritura pública).

Efeitos dos contratos de compra e venda:

Da própria definição de compra e venda dada pelo Artigo 874º do Código Civil, é possível
identificar com clareza os efeitos essenciais da compra e venda.

1. Efeito real – a transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito

2. Efeitos obrigacionais:
a) a obrigação que recai sobre o vendedor de entregar a coisa;
b) a obrigação para o comprador de pagar o correlativo preço.
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A compra e venda têm sempre um efeito real. Um contrato do qual não decorra a
transmissão da titularidade de uma coisa ou de um direito não poderá nunca qualificar-se
como compra e venda, mesmo quando reunidos os demais requisitos e efeitos deste
contrato.

Compra e venda é um contrato pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou


outro direito, mediante um preço.

O efeito real

A transmissão da propriedade da coisa vendida, tem como causa o próprio


contrato, embora esses efeitos possam ficar dependentes de um facto futuro,
como por exemplo na compra e venda com reserva de propriedade, em que a
transmissão se protela para um momento posterior. Outro exemplo é o de quem
compra uma coisa sujeita ao direito de preferência, que, enquanto não decorrer o
prazo de exercício desse direito, a transmissão fica sob condição resolutiva.
A compra e venda tem sempre carácter real. Um contrato do qual não decorra a
transmissão da titularidade de uma coisa ou direito, nunca poderá qualificar- se
como compra e venda, mesmo quando reunidos os demais requisitos e efeitos
deste contrato.

Os efeitos obrigacionais

Além do direito real, a compra e venda produz dois outros efeitos essenciais, de
carácter obrigacional:
1) A obrigação que recai sobre o vendedor de entregar a coisa;
2) A obrigação que impende sobre o comprador de pagar o preço.
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A obrigação de entrega - é normalmente contemporânea da transmissão do direito


ou posterior a ela; mas pode, excecionalmente, ser anterior, como na venda com
reserva de propriedade.

A obrigação de pagar o preço - O Preço é por definição a expressão do valor em dinheiro,


ou, “a medida de valor expressa, típica e exclusivamente em dinheiro”. Isto não obriga,
obviamente, a que o comprador, com o acordo do vendedor, pague em bens diferentes de
dinheiro. O modo de realização do pagamento cabe no âmbito da autonomia da vontade
das partes.

E pode ser:

Venda com reserva de propriedade

A venda com reserva de propriedade permite ao vendedor reservar para si a


propriedade da coisa até ao cumprimento total ou parcial das obrigações da outra
parte ou até a verificação de qualquer outro evento.

Venda a prestações

Como forma de tornar mais ativa a circulação de bens e de permitir o gozo dos
benefícios por eles proporcionados ao maior número possível de pessoas o nosso
legislador consagrou a venda a prestações.

Fases do contrato de compra e venda:

As compras e vendas só são consideradas comerciais quando são efectuadas com o


objectivo de satisfazer as necessidades inerentes à actividade comercial.

O contrato referido percorre habitualmente quatro etapas essenciais, cada uma, com
características próprias.
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Encomenda - Fase em que se expressa a intenção de compra por parte do comprador.

Entrega - Fase em que se processa o envio das mercadorias pelo vendedor.

Liquidação - Fase do apuramento e fixação dos preços a pagar pelo comprador.

Pagamento - Fase referente ao cumprimento da obrigação por parte do comprador,


mediante a entrega total ou parcial da importância atribuída à sua compra.

FASES DO CONTRATO/ ELEMENTOS QUE MATERIALIZAM O CONTRATO

•ENCOMENDA - NOTA DE ENCOMENDA

• ENTREGA - GUIA DE REMESSA

• LIQUIDAÇÃO – FACTURA

• PAGAMENTO – RECIBO
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I – ENCOMENDA

Na fase de encomenda, o comprador procede à escolha da mercadoria que pretende adquirir,


a quem pretende adquirir e em que condição pretende adquirir. Para tal, faz a proposta de
compra, da qual constam os seguintes aspectos:

Qualidade das mercadorias;

Quantidade de mercadorias;

Prazo e local de entrega;

Condições de pagamento.

O comprador manifesta vontade de adquirir certo bem e procura o vendedor que aceita
vender. Esta manifestação de vontades pode ser formalizada através dos seguintes
documentos:

Nota de Encomenda: Referência à quantidade, qualidade (enquanto marca, modelo), preço


unitário, condições de entrega (época e local) e pagamento. É emitido em duplicado e
assinado pelo comprador. O original vai para o vendedor para este poder dar execução à
encomenda. É característico no comércio grossista.
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A nota de encomenda, além do número, da data, das identificações e assinatura do


comprador, tem que especificar a quantidade e a qualidade da mercadoria pretendida e, desde
logo, definir as condições de entrega e pagamento.

É preenchida em duplicado, sendo o original para o vendedor e o duplicado para o comprador.

Recibo de encomenda: Preenchido em papel timbrado do vendedor. O vendedor dirige-se ao


comprador. Característico dos cafés, restaurantes. Emitido em triplicado: o original pertence ao
fornecedor, o duplicado é entregue ao cliente e o triplicado fica na posse do representante do
fornecedor.
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Requisição: Documento característico do comércio a retalho. O comprador solicita ao


vendedor o levantamento imediato de determinados bens ou mercadorias do seu armazém. As
indicações são semelhantes às formas anteriores, são somente mais rápidas e imediatas. É
usado a nível interno das empresas.

A requisição é um documento idêntico à nota de encomenda.

Serve para o comprador poder levar os artigos de imediato, do estabelecimento do vendedor.

A requisição deve conter os mesmos elementos da nota de encomenda. E a par da nota de


encomenda, também deve ser preenchida em duplicado sendo o original entregue ao
vendedor e o duplicado fica com o comprador.
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É emitido em duplicado. O original é assinado pelo comprador e destina-se ao vendedor. O


duplicado é arquivado pelo comprador.

Quando existe intervenção de representantes ou mandatários nas negociações dos contratos


podem surgir mais dois tipos de documentos:

Ordem de venda: Documento através do qual o comprador indica ao seu representante as


mercadorias que pretende adquirir.

Ordem de compra: Documento através do qual o vendedor indica ao seu


representante as mercadorias que quer que ele venda.

Ambos são emitidos em duplicado.

Os incoterms.

Têm como objectivo proporcionar um conjunto de regras internacionais de interpretação dos


termos comerciais mais vulgarmente utilizados no comércio externo.

Os incoterms têm como finalidade:

Identificar locais de entrega;

Definir e atribuir responsabilidades entre compradores e vendedores (custos e riscos).


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II – A Entrega:

Na fase da entrega o vendedor executa a nota de encomenda e envia a mercadoria para o


comprador, tornando-se obrigatório o conhecimento da forma, data e local de entrega.
Se tudo isto estiver conforme à nota de encomenda, a mercadoria é recepcionada. Se se está a
falar de mercadoria que poderá demorar bastante tempo a conferir, normalmente os artigos
são recepcionados mas com a reserva de sujeitos a conferência.

Quando mercadoria se encontra em trânsito entre o domicílio do vendedor (origem) e o


domicílio do comprador (destino), deve viajar sempre acompanhada de documentação, para
se saber o que é que é transportado, quanto é que é transportado, a quem pertence a
mercadoria e a quem se destina.
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Documentos da fase de Entrega

A documentação que acompanha a mercadoria na viagem entre a origem e o destino está


definida e resume-se a:

• Guia de transporte;
• Guia de remessa;
• Talão de recepção.

Guia de remessa ou nota de remessa

Documento que acompanha a mercadoria expedida pelo vendedor. Deve identificar


convenientemente a origem (vendedor) e o destino (comprador), para além das quantidades,
qualidade e preço unitário.

Tem que conter, além das identificações do vendedor e do comprador, data e número, valores
da mercadoria e do IVA, a designação e as quantidades dos bens e seus códigos, local de
carga, data e hora do início do transporte e ainda a tipografia onde foi impresso o documento.

Serve para o comprador proceder à conferência dos artigos recebidos. É emitida em triplicado.
O original vai para o cliente, o duplicado segue com a mercadoria e destina-se a uma eventual
fiscalização durante o transporte, e o triplicado fica com o vendedor.

O talão destacável – Talão de recepção – é devolvido ao vendedor devidamente assinado pelo


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comprador e serve de prova da recepção da encomenda.

Nos casos em que não há talão de recepção, é preenchida em quadruplicado, fazendo esta a
função do talão de recepção. É assinada pelo comprador após a recepção da mercadoria e
devolvida ao vendedor.

Guia de Transporte:
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A Guia de transporte, quando emitida pelo vendedor, tem exactamente as mesmas


características da Guia de Remessa.

O que é uma Guia de Transporte?

É o documento que deve acompanhar o transporte de mercadorias. Por exemplo, a


transferência de mercadorias entre lojas ou armazém deve sempre fazer-se acompanhar
deste. É obrigatório que seja validado pela Autoridade Tributária para que, no caso de
fiscalização, seja possível justificar legalmente a mercadoria transportada.

Como emitir Guias de Transporte?

Devem ser emitidas em triplicado (original para destinatário, duplicado para efeitos de
fiscalização e triplicado para arquivo) e impressas em formato físico. Os bens provenientes
de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária estão excluídos desta obrigação.
Existem diversos meios pelos quais é possível emitir guias de transporte:

• Via eletrónica (por exemplo, envio de SAF-T);


• Software devidamente certificado pela AT;
• Software criado internamente pela empresa;
• Em papel através de tipografias autorizadas;
• Diretamente no Portal das Finanças.

Existem outros documentos específicos do transporte, sendo esses preenchidos pelas próprias
companhias que procedem ao transporte, são o caso do “Bill of Loading” (caso do transporte
marítimo), “Air Way Bill” (no caso transporte aéreo), CMR/TIR 2 (no caso de transporte
rodoviário) e o “CIM” no caso do transporte ferroviário.

III - LIQUIDAÇÃO

O vendedor determina o valor da mercadoria (valor ilíquido, deduz o Imposto, os descontos e


o IVA). Os documentos são a fatura, a nota de débito e a nota de crédito.
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Fatura:

Nela deve constar a quantidade, a designação e referência, além disso indica ao comprador o:

- valor da mercadoria transaccionada;

- valor ilíquido da fatura;

- valor do desconto (no caso de ter sido acordado);

- valor das despesas de transporte (se forem a cargo do comprador);

- valor do IVA;

- valor global da fatura

– Valor a pagar.

É emitida em triplicado. O original e o duplicado são para o comprador. O triplicado é para


arquivo do vendedor.
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Os originais das faturas recebidas, bem como os duplicados das faturas enviadas devem ser
conservadas por ordem cronológica, durante, pelo menos, 10 anos.

Venda a dinheiro:

A venda a dinheiro é um documento em tudo idêntico à factura, contudo tem a particularidade


de ser emitido sempre que a fase da Entrega, Liquidação e Pagamento coincidem, ou seja, a
entrega é efectuada contra-pagamento.

A grande diferença entre estes dois documentos reside no facto de, na Venda a Dinheiro, a
condição de pagamento ser pronto pagamento e não existir Guia de remessa.

No caso de emissão de Venda a dinheiro, este documento tem eficácia legal como documento
de transporte, sendo este efectuado pelo comprador.
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IVA: Imposto sobre o Valor Acrescentado.

Estão sujeitos a pagamento de IVA as transações de bens e prestações de serviços efetuadas


no território nacional a título oneroso e as importações de bens.

O IVA é um imposto plurifásico (várias fases). Todos os intervenientes dentro do circuito


económico são obrigados a calcular o IVA sobre o preço das vendas que efetuam. Em todas as
fases o IVA é calculado. Cada um dos intervenientes vai entregar ao Estado a diferença entre o
valor do IVA das vendas e o valor do IVA das compras.

IVA das vendas - IVA das compras = IVA a pagar (ou receber) ao Estado.

O IVA incide sobre os preços da venda, depois de deduzidos os descontos e acrescentadas as


despesas.

Existem várias taxas de IVA. A taxa normal do IVA é atualmente de 23%, no continente. Açores
e Madeira têm taxas inferiores.

Para a faturação convém definir:

Valor ilíquido = valor bruto, independente de impostos e descontos Valor líquido = valor
ilíquido - descontos + despesas + IVA

Desconto = taxa X valor ilíquido

IVA = taxa X (valor ilíquido - descontos + despesas)


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Para rectificar a factura utilizam-se os seguintes mecanismos:

Nota de Crédito:

Documento pelo qual o vendedor informa o comprador de uma retificação no valor da fatura
por redução, isto é, que a sua dívida diminuiu.

Usa-se:

- Quando há erros de cálculo na fatura;

- Quando há devolução de mercadorias;

- Quando há descontos especiais que não foram incluídos na fatura;

- Quando as despesas de transporte foram, por engano, incluídas na fatura.


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Nota de Débito:

Documento pelo qual o vendedor informa o comprador de retificação no valor da fatura por
acréscimo, isto é, que a sua dívida aumentou.

Usa-se:

- Quando há omissão do valor das despesas de transporte, de valores de seguros;

- Quando se deram descontos indevidamente;

- Quando mercadorias não são facturadas.

Deve-se mencionar sempre o motivo pelo qual são emitidos


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Elementos:

- Nº de ordem

- Nome, morada, contribuinte do vendedor, contribuinte do comprador

- Nº de fatura respeitante

- Importância em algarismos e por extenso

- Taxa do IVA

- Data de emissão de nota

- Data de emissão da fatura

- Assinaturas

- Motivo

Guia de Devolução:

Em certas situações de devolução de mercadorias, por exemplo, emite-se uma guia de


devolução que acompanha as mercadorias.

Muitas vezes a nota de crédito pode substituir a guia de devolução. Menciona também o nº e
data da fatura a que se refere e o motivo.
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IV - PAGAMENTO

A fase de pagamento, que termina o contrato de compra e venda, consiste na entrega pelo
comprador, do valor em dívida ao vendedor.

O documento que se associa a esta última fase do contrato de compra e venda é o Recibo.

O Recibo é o documento emitido pelo vendedor para dar quitação do pagamento efectuado
pelo comprador.

O recibo além da identificação dos intervenientes, do número e data de emissão, tem que
conter o valor em numerário e por extenso, fazer referência à transacção a que dá quitação e a
assinatura do vendedor.
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Formas de pagamento:

O comprador para finalizar a compra tem à sua disposição várias formas de pagamento. As
formas mais comuns são:

• Em numerário, vulgarmente chamado em dinheiro;


• Por cheque;
• Por Letra aceite;
• Por ordem de transferência;
• Débito directo.

Numerário

Como o próprio nome indica, é o pagamento efectuado em moeda de circulação corrente.

Cheque

É um instrumento de pagamento à vista, que representa uma ordem de pagamento de uma


quantia certa, que é dada pelo sacador ao sacado a seu favor ou a favor de uma terceira
pessoa.

É um documento que foi normalizado, como forma de simplificar e sistematizar o tratamento


do documento entre os vários bancos.

Tem algumas características – muito importantes – essenciais para que possa ter eficácia
jurídica e possa assim, produzir efeitos como cheque.

Para que o cheque tenha validade legal, nele têm que constar os seguintes elementos:

⇒a palavra “cheque”;

⇒a ordem de pagar uma quantia certa;

⇒o nome do banco que a vai pagar (sacado);

⇒o lugar do seu pagamento;

⇒o lugar e a data onde foi emitido;

⇒a assinatura de quem o emitiu (sacador).


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À excepção do lugar do seu pagamento e do lugar onde foi emitido, todos os demais
elementos têm de constar obrigatoriamente no cheque sob pena do documento não valer
como cheque.

Neste caso, considera-se ser o lugar onde o banco tem o seu estabelecimento principal.

Intervenientes:

Sacador: Pessoa que deposita o dinheiro e emite o cheque, ordenante.

Sacado: Banco que cumpre as ordens.

Tomador ou Beneficiário: a pessoa que recebe o dinheiro, à qual a ordem de pagamento é


dada, pode ser o próprio sacador.

Portador: Pessoa que se apresenta para receber o dinheiro, mas cujo nome não aparece.

Quanto à emissão, os cheques podem ser:

• Nominativos – contêm o nome do beneficiário;


• Ao portador – é pago a quem o apresentar;
• Cruzados – só pode ser depositado, e portanto não pode ser levantado no caixa do
banco.

O cheque cruzado pode ser geral, pago a qualquer banco, ou especial se entre as linhas se
indicar o nome do banqueiro a que tem que ser pago. Se se indicar “para crédito em conta” só
é liquidado por transferência entre contas.

O cheque pode ser transmitido por endosso, isto é, o beneficiário original transmite o seu
direito a um terceiro, identificado ou não. No entanto, quando o cheque for emitido “não à
ordem” a possibilidade de endosso não é permitida.

O endosso deve ser escrito no verso do próprio cheque e consiste na autorização de


pagamento ao beneficiário designado – endosso completo – ou ao portador – em branco -
com a assinatura e identificação (BI) do beneficiário original.

Existem ainda os cheques visados que garantem ao seu beneficiário a existência de provisão.
Essa garantia é dada pelo banco sacado que inscreve no cheque “visado” ou “bom para
pagamento”.
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Também existem os “traveller’s cheques” ou cheques de viagem que só são pagos pelos
correspondentes bancários do banco emissor no estrangeiro e são pessoais e intransmissíveis.

Letra

A letra é um título de crédito á ordem, pelo qual uma pessoa – Sacador (credor) – ordena a
outra – Sacado (devedor) – que lhe pague a si ou a um terceiro – tomador (beneficiário) – um
certo valor, em determinada data. Apesar de sujeita a várias formalidades a letra tem uso
corrente pois é prática comum proceder-se ao desconto bancário antes da data do
vencimento.

O desconto bancário é então o acto em que o beneficiário recebe o valor da letra antes da
data do vencimento, menos os encargos de desconto, ficando depois o sacado obrigado a
pagá-la ao banco que fez o desconto, isto é, que a pagou.

Os principais intervenientes na letra são:

Sacador – pessoa que saca a letra, ou seja, o credor que dá a ordem de pagamento;

Sacado – é quem aceita a ordem de pagamento, isto é, devedor que se responsabiliza por ele;

Tomador – pessoa a quem o sacador transmite os direitos da letra (é o banco no caso do


desconto);

Portador – é que apresenta a letra a pagamento. Pode ser o sacador, o tomador ou um


endossado;

Endossado – é a quem o sacador ou endossante transmitiu a letra por meio de endosso.

Os elementos que a letra deve conter, são os que se encontram na letra exemplificativa.
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O aceite é o acto pelo qual o sacado se obriga a pagar a letra, ou seja, assina-a aceitando o
saque.

O aceite é completo quando se escreve a palavra “aceite” ou “aceito” antes da assinatura e


data. Se for só a assinatura do sacado diz-se que é um aceite incompleto.

O endosso é semelhante ao do cheque, completo ou em branco, consoante tenha ou não o


nome do endossado (beneficiário)

O sacado, se na data do vencimento não a puder pagar, pode proceder à reforma da letra, ou
seja, à sua substituição total ou parcial, por outra de valor respectivamente equivalente ou
inferior (se pagar uma parte), mas a vencer em data posterior, e se o sacador concordar com a
reforma.

Ordem de transferência

Consiste numa ordem de execução de transferência de uma quantia certa de uma conta à
ordem titulada pelo ordenante para outra conta à ordem, em nome do beneficiário. Essa
transferência pode ser realizada para o mesmo banco – intrabancária – ou para outro banco
diferente, a que se chama interbancária, ou para uma instituição de crédito noutro país – TEI
(Transferência para o Exterior Interbancária) .
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Débito directo

Esta é a modalidade mais recente. Resulta de uma autorização expressa para que o banco
pague as facturas apresentadas por uma determinada pessoa ou entidade.

É um método bastante utilizado para pagamento de facturas periódicas, com é o caso da água,
luz. Telefone, prestação de algum crédito a pagar por outra instituição bancária.

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