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Augusta e Respeitável Loja Simbólica

Cavaleiros de Aço Belo Horizonte 382


Primeira Instrução – Parte 1 – Aprendiz Maçom

Instrução Baseada no Ritual do


Aprendiz Maçom
Rito Escocês Antigo e Aceito
Autor: Tarço Murilo Oliveira Luz
Placet: 32.608 – Aprendiz Maçom

Belo Horizonte – 2021


Instrução de A.∙.M.∙.

Primeira Parte
Este trabalho se refere à primeira instrução do Aprendiz Maçom.

A primeira instrução é a instrução recebida pelo Aprendiz Maçom tão logo que
ele recebe a Luz, ou seja, é iniciado. Após passar pela iniciação, que é o processo pelo
qual se inicia uma pessoa nos mistérios e práticas de alguma ordem, em particular na
Maçonaria, que é uma ordem iniciática, o novo membro aceito é submetido à Primeira
Instrução.

No primeiro ato de transmissão de conhecimento, vindo das hierarquias


superiores, o Aprendiz Maçom recém aceito recebe os primeiros segredos maçônicos,
que de acordo com o Ritual do Aprendiz, foram tradicionalmente guardados, com
cuidado, para serem transmitidos apenas aos iniciados.

Uma vez que é dever da Maçonaria e seus membros em proteger tais mistérios,
fica evidente que a transmissão cuidadosa e correta da simbologia e seus significados se
torna um baluarte para ordem, principalmente para o Aprendiz, que ainda não está
familiarizado com os trabalhos maçônicos.

Após ser iniciado, o Aprendiz Maçom deve aprender a reconhecer e ser


reconhecido entre seus pares. Tal reconhecimento pode se dar no mundo profano, mas
a importância maior é o reconhecimento do iniciado antes do início dos trabalhos.

O reconhecimento do iniciado tem a grande importância em proteger os


significados dos símbolos maçônicos aos profanos, sendo então saber ser reconhecido
como Irmão na ordem de suma importância para que o neófito participe dos trabalhos.

Ao Aprendiz Maçom são passados os segredos relativos ao Grau, sendo estes: o


Sinal, o Toque e a Palavra. Estes têm como base o número Três (que é, como será visto
em detalhes nas outras instruções, o número da Luz), que representam as três
qualidades indispensáveis aos maçons: Vontade, Sabedoria e Inteligência. Corresponde
este número aos três pontos formados pelo Esquadro, pelo Nível e pelo Prumo –
ferramentas das luzes – podendo ser interpretado também como os utensílios do
Aprendiz – a Régua, o Maço e o Cinzel.

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A esquadria – relativa ao esquadro – representa a retidão das ações do maçom


e é com ela que se é formado o Sinal. O sinal maçônico (que não será descrito aqui de
forma literal) remete à proteção dos segredos da Maçonaria, lembrando a promessa da
preferência pela morte a revelar os segredos da ordem.

O Toque é transmitido ao Aprendiz Maçom para que este possa reconhecer os


seus demais, podendo requisitar, por fim a Palavra. Dessa forma o Toque é a forma que
um aprendiz maçom reconhece o outro aprendiz, de forma que, só a partir deste
reconhecimento, a Palavra hermética possa ser transmitida.

A Palavra referente ao Aprendiz Maçom deriva da Coluna do Norte, que é a


coluna em que se assentam os aprendizes. Esta palavra se relaciona com o lado direito
da loja, representado pelo lado direito de Adam Kadmon (O Homem Primordial), em que
se assenta o Rito Escocês Antigo e Aceito. A mão direita é a que segura o Maço, e
representa a Força, a Moral e o Apoio (se relacionando com a Vontade, explicada acima).

Dessa forma, o Aprendiz Maçom representa a Força de uma Loja Maçônica. Sem
aprendizes, uma Loja Maçônica perde sua essência – a do aperfeiçoamento humano ou
“desbastar da pedra bruta” – correndo o risco de esvair-se a Vontade até mesmo de ser
maçom.

Na continuidade para o reconhecimento, o Aprendiz Maçom é instruído quanto


à forma de se sujeitar aos testes para este reconhecimento. Este teste não tem como
premissa humilhar o Aprendiz Maçom, e sim proteger nossa ordem contra a entrada de
profanos nas lojas, sendo de suma importância o correto aprendizado do Telhamento.

Além disso, o Telhamento vem relembrar aos maçons presentes que o que se faz
na loja do visitante – levantar-se Templos às Virtudes e cavar-se masmorras ao Vício – é
a mesma atividade que se deve realizar-se a partir daquele momento. O Telhamento
vem lembrar, também, a cada maçom que estes devem: vencer suas paixões, submeter
suas vontades e fazerem novos progressos na maçonaria.

Neste momento, podemos traçar um paralelo entre o Rito Escocês Antigo e


Aceito com a Cabala – na qual o rito é baseado – tendo-se dois caminhos a serem
percorridos: o caminho da mão esquerda e o caminho da mão direita.
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De acordo com Fortune (1935) em seu estudo denominado “A Cabala Mística”,


em paralelo com o Rito Escocês Antigo e Aceito, o caminho da mão esquerda é um
caminho autocentrado, ou seja, um caminho introspectivo em que o Maçom vence SUAS
paixões e submete SUAS vontades. É no caminho da mão esquerda que o maçom deve
estudar e refletir a cerca de todo conhecimento aprendido, para que se torne um ser
humano melhor.

O caminho da mão direita é o caminho do altruísmo – oposto ao introspectivo –


em que a loja trabalha para levantar os Templos às Virtudes e cavar masmorras ao Vício,
ou seja: engrandecer as atitudes morais que trazem a felicidade da humanidade e
criticar as atitudes que possam trazer infelicidade aos povos. De acordo com o Rito
Escocês Antigo e Aceito, a Loja se reúne para combater a tirania, a ignorância, os
preconceitos e os erros, devendo glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade, promovendo
o bem-estar da humanidade.

A Maçonaria, por sua vez, segue o Caminho da Serpente (Fortune, 1935) –


também podendo ser representada pela Escada de Jacó – em que nem há a total
introspecção, com estudos individuais, como no Caminho da Mão Esquerda, nem há a
figura de um líder inquestionável, que abdicou das suas liberdades para a prática do
ensinamento, como no Caminho a Mão Direita. A Maçonaria segue o Caminho do Meio
– ou Caminho da Serpente – reunindo como características o progresso coletivo dos
membros da loja, em que todos os membros, independentes do Grau em que se
encontram, se tratam como iguais.

De acordo com o Rito Escocês Antigo e Aceito o Aprendiz Maçom tem por dever
lutar contra os inimigos materiais do homem: as paixões (sofrimentos), os hipócritas, os
perjuros, os fanáticos e os ambiciosos. É dever do aprendiz combater o obscurantismo
– a ignorância – para que a Luz vença as trevas, devendo trabalhar incessantemente pela
felicidade do gênero humano e conseguir a sua emancipação progressiva e pacífica.

Resume-se então a primeira parte da primeira instrução nas seguintes lições:

• O reconhecimento entre os iniciados desde o primeiro contato com a Luz;


• Que o reconhecimento se dá com Sinais, Toques e Palavras;

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• Que o reconhecimento serve para que não o conhecimento não seja passado
por engano aos profanos;
• Que o Aprendiz Maçom possui enorme importância para a loja maçônica;
• Que o próprio reconhecimento de um maçom, lembra a todos os demais
maçons o que faz a Maçonaria e o que se espera de um iniciado;
• Que o aperfeiçoamento humano, o combate aos tiranos, a busca pela justiça
e pela verdade devem pautar as ações maçônicas.

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Bibliografia
A Cabala Mística, Dion Fortune, 1935.

Os Três Iniciados; O Caibalion; Yogi Publication Society, 1908.

Ritual do Aprendiz Maçom, Grande Oriente de Minas Gerais, Edição 2018.

Ritual do Aprendiz Maçom, Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, Edição 2017.

O Esoterismo na Ritualística Maçônica, Eduardo Carvalho Monteiro, Madras, 2002.

O Grau de Aprendiz e seus Mistérios, Jorge Adoum, Editora Pensamento, 2010.

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