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Como bom pastor, Silas Malafaia não fala palavrão. Quer dizer, fala, mas disfarça. “Político é soda”, dispara
contra a classe que bajula e por quem é bajulado. Presença constante em Brasília, onde circula como conselheiro
de Jair Bolsonaro, Malafaia, 63 anos, se tornou avalista do muito cobiçado apoio das igrejas de sua fé — ou
pelo menos parte delas — ao projeto de reeleição do presidente. Mas garante que não diz amém a tudo que o que
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12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA
ele propõe. Carismático e envolvente, o pastor comanda a Vitória em Cristo, tronco da Assembleia de Deus que
nasceu no Rio de Janeiro e hoje se espalha por dez estados, e exercita a dialética nas redes sociais, onde discorre
sobre tudo. Vaidoso, acaba de fazer um implante de cabelo e costuma ostentar um Rolex dourado no pulso —
ambos, diz ele, presentes de amigos. Nesta entrevista concedida em seu escritório num templo para 6 500
pessoas de sua igreja, Malafaia fala de sua relação com Bolsonaro, do arrependimento de ter apoiado Lula e da
importância do voto evangélico.
Como os evangélicos vão se posicionar nas eleições de outubro? Nós representamos um terço da
população, o que significa que, em tese, toda casa brasileira pode ter um evangélico. É uma multidão de gente
que vai à igreja pelo menos uma vez por semana, ao contrário do que ocorre com os católicos, com sua parcela
significativa de declarados não praticantes. A interação pessoal é muito poderosa e perpassa todos os assuntos,
até política. Aliado a isso, há as redes sociais, que reverberam nossas ideias nacionalmente. Apenas dez pastores,
eu incluído, somam mais de 60 milhões de seguidores. Nesses ambientes, tenho um bom termômetro do que o
evangélico pensa. Acredito que Bolsonaro conta hoje com o apoio de 60%, 65% desse público.
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Mas as pesquisas não apontam um empate de Lula e Bolsonaro entre os evangélicos? Os institutos
estão errados. Eles não conhecem o mundo evangélico como eu. E há efeitos que só são sentidos com o tempo.
Acumulei uma experiência interessante nas redes. Na época da greve dos caminhoneiros, fui contra e, de cada
vinte comentários, dezenove me bombardeavam. Com argumentos, o jogo foi virando, virando, até virar de vez.
No fim, me deram razão.
O recente escândalo no MEC envolvendo dois pastores evangélicos que estariam trilhando um
atalho para volumosas verbas federais é um desses casos ao qual o senhor tece críticas? O
presidente simplesmente disse “atende eles aí”. Não mandou Milton Ribeiro (o ex-ministro da pasta) fazer nada
fora da lei. Nunca apoiei Ribeiro, nem tenho amizade com ele, que também é pastor, mas não creio que seja
corrupto. Foi um bobo da corte enredado por gente esperta. Certamente lhe faltou malícia política.
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Como esse escândalo ecoou na comunidade evangélica? Não nos afetou em nada, por uma razão:
saímos na frente exigindo uma investigação. Eram dois pastores sem relevância que agiam por conta própria.
Assim que soube, liguei para o presidente e falei: “Demite, quebra tudo, tá demorando muito para agir”. Tem
muito pastor picareta. Se soubesse que esses caras estavam perto do governo, teria atuado antes.
Questões como geração de emprego e renda, consideradas hoje favoráveis a Lula nas urnas,
terão impacto no eleitorado evangélico? Ficar ao lado de Lula, na minha opinião, seria endossar a lógica
do “rouba, mas faz”, um ditado horroroso, imoral, embora recorrente no Brasil. O PT encabeçou o governo mais
corrupto da história do Brasil e não pode ser inocentado porque ajudou os pobres. Bolsonaro, aliás, criou um dos
maiores programas de auxílio na pandemia.
O senhor já apoiou o PT. Por que mudou de lado? Apoiei o Lula em 1989 e 2002. Tinha expectativa de
que um cara vindo da pobreza do Nordeste poderia resgatar o Brasil. Naquela época, as temáticas morais eram
escondidas, não se falava de aborto nem de união gay. Fiz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social e compareci a audiências no Congresso. Aí percebi que uma hora o PT falava de respeito à vida e noutra,
lutava por aborto. Havia uma diferença entre discurso e prática, e acabei pedindo para sair. Não foi meu único
erro. Já apoiei também Leonel Brizola, Sérgio Cabral e Aécio Neves.
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Seu nome vem sendo usado por um falsário para apresentar denúncias à PGR contra o
presidente. Ele chegou a achar que o senhor era mesmo o autor? Falo o tempo todo com o Bolsonaro
e logo esclareci a situação. O resto é pura dor de cabeça. O delegado envia intimação, tenho de pagar advogado.
Já arquivaram oitenta denúncias falsas feitas em meu nome, uma lambança com o único objetivo de me
complicar com gente que nem conheço. Até tráfico e milícia entraram no bolo. Precisam pegar esse vagabundo.
Outra polêmica recente que o coloca sob holofotes diz respeito ao modelo Rodrigo Malafaia,
casado com outro homem, que jura ser seu sobrinho-neto, mesmo diante de suas negativas. O
que é verdade aí? Os avós dele não são irmãos dos meus avós, os pais sequer são primos de meu pai. É a
mesma coisa que dizer que todo Araújo é da mesma família. Ainda que fosse meu filho, não seria responsável
pelo comportamento dele. Poderia amá-lo, mas condenaria inteiramente sua postura.
Sua relação com Bolsonaro é feita de altos e baixos, certo? Sim. Ela começou com a minha sugestão
para que ele e Michelle, que àquela altura tinham uma filha juntos, formalizassem a união. Aceitaram e eu
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celebrei o casamento. O problema veio em 2016, quando me levaram para depor em uma operação policial.
Tentaram me envolver com uma quadrilha e corri para me defender. Reuni a imprensa e apresentei a cópia de
um cheque no valor de 100 000 reais de uma doação que havia recebido justamente de um dos acusados.
Mostrei minha declaração de imposto de renda, tudo certo. A tal operação aconteceu numa sexta-feira. Na
segunda, diversos deputados me defenderam no Congresso. Bolsonaro não deu um pio.
Ficou ferido com isso? Fiquei. Eu havia permanecido do lado dele naquele caso envolvendo a deputada
federal do PT, Maria do Rosário, que acendeu uma baita polêmica no Congresso e lhe rendeu um processo. No
mês seguinte, durante uma pregação, mandei recado: “Tem gente que ainda vai ter dor de barriga, que, quando
precisou de mim, ajudei.” A Michelle entendeu direitinho a indireta. E acabei me afastando dos dois. Mas nos
reaproximamos em 2018. Bolsonaro queria falar comigo sobre seu projeto de sair candidato a presidente. Ainda
era um zé arruela nas pesquisas e buscava meu apoio. Passaram-se três meses e pensei: “Esse cara defende o que
acredito, vou apoiar esse caboclo”.
O senhor já indicou alguém para o governo? Em julho de 2020, sugeri o nome de Anderson Correia,
reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), para o Ministério da Educação. O então ministro da
Justiça, André Mendonça, defendia o Milton Ribeiro. Foi pau de uma semana, e o André acabou vencendo.
Qual é o verdadeiro projeto de poder dos evangélicos? Eu nunca cheguei numa reunião de liderança
dizendo: “Temos de fazer um presidente nosso”. Não é esse o objetivo maior, nunca foi. Mais importante é ter
representação e voz nas casas legislativas, eleger vereador, deputado e senador para que nos representem,
espelhando a relevância que temos no conjunto da população brasileira.
A que se deve o avanço da igreja evangélica no Brasil? A Igreja Católica oferece uma liturgia repleta de
dogmas, desconectada das reais necessidades das pessoas. A parte da fé em Cristo, eles adiantaram para a gente
em 50%. Nós, evangélicos, entramos oferecendo um cristianismo prático, para ser vivido 100% do tempo e não
em duas horas de culto. Estamos varrendo a América Latina. Só eu, estou construindo dezessete templos. Não
paro de inaugurar igreja.
O senhor foi apontado pela revista Forbes como o terceiro pastor mais rico do Brasil, com
patrimônio de 150 milhões de dólares. Como chegou lá? Não procede. Processei a revista e eles se
retrataram. Meu patrimônio é 2% disso. E olha que já passei aperto. Fundei uma editora para poder bancar
horário de TV e eventos em estádios. Em 2015, a crise atingiu o mercado editorial e eu afundei junto. Entrei em
recuperação judicial e estou pagando os credores. Atualmente, recebo salário da igreja.
E de quanto é esse salário? Meu amigo, o dia em que o papa e os bispos da Igreja Católica declararem o
salário, eu digo o meu.
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