Você está na página 1de 8

12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA

 

Páginas Amarelas

Silas Malafaia: “Não sou bolsominion”


Conselheiro de Bolsonaro, o pastor afirma que os evangélicos vão apoiar o presidente — mas que ele não diz amém a tudo o
que o capitão faz
Por Ricardo Ferraz Atualizado em 25 abr 2022, 14h36 - Publicado em 22 abr 2022, 06h00

Veja Digital - Plano para Democracia: R$ 1,00/mês

Silas Malafaia - Ricardo Borges/VEJA

Como bom pastor, Silas Malafaia não fala palavrão. Quer dizer, fala, mas disfarça. “Político é soda”, dispara
contra a classe que bajula e por quem é bajulado. Presença constante em Brasília, onde circula como conselheiro
de Jair Bolsonaro, Malafaia, 63 anos, se tornou avalista do muito cobiçado apoio das igrejas de sua fé — ou
pelo menos parte delas — ao projeto de reeleição do presidente. Mas garante que não diz amém a tudo que o que

https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 1/8
12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA

ele propõe. Carismático e envolvente, o pastor comanda a Vitória em Cristo, tronco da Assembleia de Deus que
 
nasceu no Rio de Janeiro e hoje se espalha por dez estados, e exercita a dialética nas redes sociais, onde discorre
sobre tudo. Vaidoso, acaba de fazer um implante de cabelo e costuma ostentar um Rolex dourado no pulso —
ambos, diz ele, presentes de amigos. Nesta entrevista concedida em seu escritório num templo para 6 500
pessoas de sua igreja, Malafaia fala de sua relação com Bolsonaro, do arrependimento de ter apoiado Lula e da
importância do voto evangélico.

Como os evangélicos vão se posicionar nas eleições de outubro? Nós representamos um terço da
população, o que significa que, em tese, toda casa brasileira pode ter um evangélico. É uma multidão de gente
que vai à igreja pelo menos uma vez por semana, ao contrário do que ocorre com os católicos, com sua parcela
significativa de declarados não praticantes. A interação pessoal é muito poderosa e perpassa todos os assuntos,
até política. Aliado a isso, há as redes sociais, que reverberam nossas ideias nacionalmente. Apenas dez pastores,
eu incluído, somam mais de 60 milhões de seguidores. Nesses ambientes, tenho um bom termômetro do que o
evangélico pensa. Acredito que Bolsonaro conta hoje com o apoio de 60%, 65% desse público.

PUBLICIDADE

CNA UNIVERSO
Saiba mais
CNA - Sponsored

Mas as pesquisas não apontam um empate de Lula e Bolsonaro entre os evangélicos? Os institutos
estão errados. Eles não conhecem o mundo evangélico como eu. E há efeitos que só são sentidos com o tempo.
Acumulei uma experiência interessante nas redes. Na época da greve dos caminhoneiros, fui contra e, de cada
vinte comentários, dezenove me bombardeavam. Com argumentos, o jogo foi virando, virando, até virar de vez.
No fim, me deram razão.

“O escândalo (dos pastores que repassavam verba


do MEC) não nos afetou em nada. Assim que soube,
liguei para o presidente e falei: ‘Demite, quebra tudo,
tá demorando muito para agir’ ”
Por que, afinal, o senhor apoia Bolsonaro? Ele sempre se pronunciou abertamente contra aborto,
casamento gay, os temas da pauta moral, e nunca carregou uma Bíblia para dentro da igreja, como vi Fernando
Haddad e Manuela d’Ávila fazerem. Uma atitude, aliás, do tipo que não cola mais, que leva ao meme e ao
deboche em nosso meio. Em 2018, ele falava contra a corrupção e a favor da segurança: “Tem que mandar
matar, arrebentar vagabundo”. Isso tinha uma conexão direta com os anseios da sociedade. Agora, que fique
claro: meu apoio ao Bolsonaro não me torna um bolsominion. Se tiver de criticar, critico.

O recente escândalo no MEC envolvendo dois pastores evangélicos que estariam trilhando um
atalho para volumosas verbas federais é um desses casos ao qual o senhor tece críticas? O
presidente simplesmente disse “atende eles aí”. Não mandou Milton Ribeiro (o ex-ministro da pasta) fazer nada
fora da lei. Nunca apoiei Ribeiro, nem tenho amizade com ele, que também é pastor, mas não creio que seja
corrupto. Foi um bobo da corte enredado por gente esperta. Certamente lhe faltou malícia política.

https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 2/8
12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA

Como esse escândalo ecoou na comunidade evangélica? Não nos afetou em nada, por uma razão:
 
saímos na frente exigindo uma investigação. Eram dois pastores sem relevância que agiam por conta própria.
Assim que soube, liguei para o presidente e falei: “Demite, quebra tudo, tá demorando muito para agir”. Tem
muito pastor picareta. Se soubesse que esses caras estavam perto do governo, teria atuado antes.

Questões como geração de emprego e renda, consideradas hoje favoráveis a Lula nas urnas,
terão impacto no eleitorado evangélico? Ficar ao lado de Lula, na minha opinião, seria endossar a lógica
do “rouba, mas faz”, um ditado horroroso, imoral, embora recorrente no Brasil. O PT encabeçou o governo mais
corrupto da história do Brasil e não pode ser inocentado porque ajudou os pobres. Bolsonaro, aliás, criou um dos
maiores programas de auxílio na pandemia.

O senhor já apoiou o PT. Por que mudou de lado? Apoiei o Lula em 1989 e 2002. Tinha expectativa de
que um cara vindo da pobreza do Nordeste poderia resgatar o Brasil. Naquela época, as temáticas morais eram
escondidas, não se falava de aborto nem de união gay. Fiz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social e compareci a audiências no Congresso. Aí percebi que uma hora o PT falava de respeito à vida e noutra,
lutava por aborto. Havia uma diferença entre discurso e prática, e acabei pedindo para sair. Não foi meu único
erro. Já apoiei também Leonel Brizola, Sérgio Cabral e Aécio Neves.

As denúncias de esquemas de rachadinha envolvendo os filhos do presidente da República não


lhe causam incômodo? Vinte deputados estaduais do Rio de Janeiro foram envolvidos em escândalos de
rachadinha. O filho do presidente é o 19º no quesito movimentação financeira. Ninguém fala dos outros
dezenove, nem do primeiro, que é o próprio presidente da Assembleia Legislativa: André Ceciliano é acusado de
movimentar 40 milhões de reais.

Mesmo relativizando as quantias, se as denúncias um dia forem comprovadas, se configurariam


um delito, não? Tentar colocar a pecha de corrupção no presidente por causa de um filho não vai me
convencer. Voto no presidente, não no filho dele. Quero saber é se o Bolsonaro fez rachadinha. Isso não foi
provado até hoje.

PUBLICIDADE

Seu nome vem sendo usado por um falsário para apresentar denúncias à PGR contra o
presidente. Ele chegou a achar que o senhor era mesmo o autor? Falo o tempo todo com o Bolsonaro
e logo esclareci a situação. O resto é pura dor de cabeça. O delegado envia intimação, tenho de pagar advogado.
Já arquivaram oitenta denúncias falsas feitas em meu nome, uma lambança com o único objetivo de me
complicar com gente que nem conheço. Até tráfico e milícia entraram no bolo. Precisam pegar esse vagabundo.

Outra polêmica recente que o coloca sob holofotes diz respeito ao modelo Rodrigo Malafaia,
casado com outro homem, que jura ser seu sobrinho-neto, mesmo diante de suas negativas. O
que é verdade aí? Os avós dele não são irmãos dos meus avós, os pais sequer são primos de meu pai. É a
mesma coisa que dizer que todo Araújo é da mesma família. Ainda que fosse meu filho, não seria responsável
pelo comportamento dele. Poderia amá-lo, mas condenaria inteiramente sua postura.

Sua relação com Bolsonaro é feita de altos e baixos, certo? Sim. Ela começou com a minha sugestão
para que ele e Michelle, que àquela altura tinham uma filha juntos, formalizassem a união. Aceitaram e eu
https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 3/8
12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA

celebrei o casamento. O problema veio em 2016, quando me levaram para depor em uma operação policial.
 
Tentaram me envolver com uma quadrilha e corri para me defender. Reuni a imprensa e apresentei a cópia de
um cheque no valor de 100 000 reais de uma doação que havia recebido justamente de um dos acusados.
Mostrei minha declaração de imposto de renda, tudo certo. A tal operação aconteceu numa sexta-feira. Na
segunda, diversos deputados me defenderam no Congresso. Bolsonaro não deu um pio.

Ficou ferido com isso? Fiquei. Eu havia permanecido do lado dele naquele caso envolvendo a deputada
federal do PT, Maria do Rosário, que acendeu uma baita polêmica no Congresso e lhe rendeu um processo. No
mês seguinte, durante uma pregação, mandei recado: “Tem gente que ainda vai ter dor de barriga, que, quando
precisou de mim, ajudei.” A Michelle entendeu direitinho a indireta. E acabei me afastando dos dois. Mas nos
reaproximamos em 2018. Bolsonaro queria falar comigo sobre seu projeto de sair candidato a presidente. Ainda
era um zé arruela nas pesquisas e buscava meu apoio. Passaram-se três meses e pensei: “Esse cara defende o que
acredito, vou apoiar esse caboclo”.

O senhor já indicou alguém para o governo? Em julho de 2020, sugeri o nome de Anderson Correia,
reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), para o Ministério da Educação. O então ministro da
Justiça, André Mendonça, defendia o Milton Ribeiro. Foi pau de uma semana, e o André acabou vencendo.

Qual é o verdadeiro projeto de poder dos evangélicos? Eu nunca cheguei numa reunião de liderança
dizendo: “Temos de fazer um presidente nosso”. Não é esse o objetivo maior, nunca foi. Mais importante é ter
representação e voz nas casas legislativas, eleger vereador, deputado e senador para que nos representem,
espelhando a relevância que temos no conjunto da população brasileira.

“Pôr a pecha de corrupção no presidente por causa de


um filho dele não vai me convencer. Voto no
presidente, não no filho. Quero saber é se Bolsonaro
fez rachadinha. Isso não foi provado”
Quais são as bandeiras evangélicas? Temos clareza de que não dá só para nos restringirmos à pauta
religiosa. Ela sozinha não é capaz de mobilizar os evangélicos. Quando Anthony Garotinho se candidatou à
Presidência, em 2002, não decolou, entre outras coisas, por martelar o tempo todo uma agenda de uma nota só.
O que precisamos é de engrenagens para influenciar a política, o Judiciário, a cultura, as ciências, as artes, a
economia e também o empresariado.

A que se deve o avanço da igreja evangélica no Brasil? A Igreja Católica oferece uma liturgia repleta de
dogmas, desconectada das reais necessidades das pessoas. A parte da fé em Cristo, eles adiantaram para a gente
em 50%. Nós, evangélicos, entramos oferecendo um cristianismo prático, para ser vivido 100% do tempo e não
em duas horas de culto. Estamos varrendo a América Latina. Só eu, estou construindo dezessete templos. Não
paro de inaugurar igreja.

O senhor foi apontado pela revista Forbes como o terceiro pastor mais rico do Brasil, com
patrimônio de 150 milhões de dólares. Como chegou lá?  Não procede. Processei a revista e eles se
retrataram. Meu patrimônio é 2% disso. E olha que já passei aperto. Fundei uma editora para poder bancar
horário de TV e eventos em estádios. Em 2015, a crise atingiu o mercado editorial e eu afundei junto. Entrei em
recuperação judicial e estou pagando os credores. Atualmente, recebo salário da igreja.

E de quanto é esse salário? Meu amigo, o dia em que o papa e os bispos da Igreja Católica declararem o
salário, eu digo o meu.

Publicado em VEJA de 27 de abril de 2022, edição nº 2786

PUBLICIDADE

https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 4/8
12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA

 

EVANGÉLICOS GOVERNO BOLSONARO JAIR BOLSONARO PÁGINAS AMARELAS SILAS MALAFAIA

LEIA MAIS

■ Crise global 'vai afetar o Brasil', diz economista-chefe do Banco Mundial

■ Ludhmila Hajjar: "Médico não é Deus"

■ Luiz Felipe D’Avila: Candidaturas de Lula e Bolsonaro são 'duas tragédias'

MAIS LIDAS

1 Cultura
Camila Pitanga instiga público a gritar nome de político de pé

2 Política
Nova bola fora de Bolsonaro dá chance a Lula

3 Política
Nova pesquisa traz excelente notícia para Bolsonaro em estado decisivo 

4 Política
O que aconteceu com o rosto de Ciro Gomes em plena campanha

5 Política
A inacreditável mudança de Hamilton Mourão

RECOMENDADAS

patrocinado patrocinado
Ofertas de Carros | Links Patrocinados Receitas Modernas
Carros não vendidos em Santos à venda: Dê uma olhada! Nutricionista revela como queimar gordura abdominal

https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 5/8
12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA

 

patrocinado patrocinado patrocinado


Disfunção Masculina | Revista Homem ARTI UP - BRA Portáteis | Anúncios de busca
O truque favorito dos homens para Sente que seus joelhos doem ao agachar e Laptops não vendidos estão sendo
melhorar a vida íntima levantar? Então tome isso 2x ao dia. vendidos por quase nada. (Clique para
obter resultados)

Assine Abril

Veja Digital Veja São Paulo

R$ 1,00/MÊS  A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS 

VER OFERTAS VER OFERTAS

Veja Rio Superinteressante

A PARTIR DE R$ 9 90/MÊS A PARTIR DE R$ 9 90/MÊS


https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 6/8
12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA
A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS  A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS 

 
VER OFERTAS VER OFERTAS

Você S/A Veja Saúde

A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS  A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS 

VER OFERTAS VER OFERTAS

Leia também no GoRead

SIGA



BEBÊ.COM PLACAR

BOA FORMA QUATRO RODAS

CAPRICHO SUPERINTERESSANTE

CASA VEJA RIO

CASACOR VEJA SÃO PAULO

CLAUDIA VEJA SAÚDE

ELÁSTICA VIAGEM E TURISMO

ESPECIALLISTAS VOCÊ RH

GUIA DO ESTUDANTE VOCÊ S/A

https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 7/8
12/08/2022 21:33 Silas Malafaia: “Não sou bolsominion” | VEJA

 
Grupo Abril Minha Abril

Política de privacidade Anuncie

Como desativar o AdBlock

QUEM SOMOS
FALE CONOSCO
TERMOS E CONDIÇÕES
TRABALHE CONOSCO

Copyright © Abril Mídia S A. Todos os direitos reservados.

https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/silas-malafaia-nao-sou-bolsominion/ 8/8

Você também pode gostar