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Atividade - Identidade Territorial

1- A identidade territorial de um grupo é um sentimento de pertencimento a um


determinado espaço. O espaço em que vivem é, deste modo, o reflexo e também o
produto de suas ações e relações sociais.
Podemos notar a identidade territorial de um povo analisando seu espaço. Assim,
quando um povo investe na criação de imagens culturais como monumentos,
comida, música, etc., ele está criando novas formas de identificação.
Essas formas de identificação criam no território, de modo duradouro, os espaços
de referência, isto é, espaços concretos onde ocorrem as experiências sociais e
culturais e que envolvem socialmente o indivíduo.
Deste modo, através de obras materiais, os povos criam, de modo simbólico, as
raízes de suas tradições.
Na cidade, por exemplo, temos diversos espaços de referência como: o espaço das
crenças (templos, terreiros, igrejas); o espaço do consumo (feiras, shopping,
centros de comércio); o espaço da cultura (escola, teatro, cinema); o espaço do
lazer e do convívio (parques, bares, baladas); o espaço do cotidiano (habitação,
rua, bairro) e o espaço da produção (empresas, fábricas, centros comerciais e
financeiros).

- Tendo como referência o texto, analise a música “Meu Lugar”, de Arlindo


Cruz e identifique quais espaços de referência podemos deduzir do
sentimento do compositor.

O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã O meu lugar

Lá tem samba até de manhã É sorriso é paz e prazer

Uma ginga em cada andar O seu nome é doce dizer

O meu lugar Madureira, lá laiá

É cercado de luta e suor Madureira, lá laiá

Esperança num mundo melhor O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã

E cerveja pra comemorar Lá tem samba até de manhã

O meu lugar Uma ginga em cada andar

Tem seus mitos e seres de luz cada andar

É bem perto de Osvaldo Cruz O meu lugar

Cascadura, Vaz Lobo e Irajá É cercado de luta e suor


Esperança num mundo melhor Madureira, lá laiá

E cerveja pra comemorar Madureira, lá laiá

O meu lugar Madureira

Tem seus mitos e seres de luz Em cada esquina um pagode num bar

É bem perto de Osvaldo Cruz Em Madureira

Cascadura, Vaz Lobo e Irajá Império e Portela também são de lá

O meu lugar Em Madureira

É sorriso é paz e prazer E no Mercadão você pode comprar

O seu nome é doce dizer Por uma pechincha você vai levar

Madureira, lá laiá Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar

Madureira, lá laiá Em Madureira

Ah lugar E quem se habilita até pode chegar

A saudade me faz relembrar Tem jogo de lona, caipira e bilhar

Os amores que eu tive por lá Buraco, sueca pro tempo passar

É difícil esquecer Em Madureira

Doce lugar E uma fezinha até posso fazer

Que é eterno no meu coração No grupo dezena, centena e milhar

Que aos poetas traz inspiração Pelos sete lados eu vou te cercar

Pra cantar e escrever Em Madureira

Ai meu lugar E lalalaiala laia la la ia

Quem não viu Tia Eulália dançar E lalalaiala laia la la ia

Vó Maria o terreiro benzer E lalalaiala laia la la ia

E ainda tem jongo à luz do luar Em Madureira

Ai que lugar E lalalaiala laia la la ia


E lalalaiala laia la la ia
Tem mil coisas pra gente dizer
E lalalaiala laia la la ia
O difícil é saber terminar Em Madureira, lá laiá
Em Madureira

- Trabalho extraclasse - descreva e tire fotos (se possível) dos principais


espaços de referência presentes em seu bairro

2 - A destruição do espaço dos índios Bororo - Lévi-Strauss

“O circuito é ocupado pelas cabanas - 26 exatamente - semelhantes à minha e


dispostas em círculo, numa só fileira. No centro, uma cabana, com 20 metros de
comprimento, mais ou menos, por 8 de largura, muito maior do que as outras, por
consequência. É o baitemannageo, casa dos homens, 2~. dormem os celibatários e
na qual a população masculina passa o dia quando não está ocupada na pesca ou
na caça, ou ainda por alguma cerimônia pública no terreiro da dança : localiza~ão
oval, delimitada por estacas sôbre o flanco oeste da casa dos homens. O acesso
desta última é rigorosamente proibido às mulheres; estas possuem as casas
periféricas e seus maridos fazem, diversas vezes por dia, a ida e volta entre seu
clube e o domicílio conjugal, seguindo a vereda que os liga entre si, através do
matagal da clareira. Vista do alto de uma árvore ou de um teto, a aldeia bororo
parece uma roda de carroça, da qual as casas familiares desenham o círculo, as
veredas, os raios, e no centro da qual a casa dos homens figuraria como mancal.

A distribuição circular das cabanas em torno da casa dos homens é de tal


importância no que se refere à vida social e à prática do culto, que os missionários
salesianos da região do Rio das Garças logo perceberam que o meio mais seguro
de converter os Bororo consistia em fazê-los abandonar sua aldeia por outra em que
as casas estivessem dispostas em linhas paralelas. Desorientados com relação aos
pontos cardiais, privados do plano que fornece um argumento ao seu saber, os
indígenas perdem rapidamente o senso das tradições, como se seus sistemas
social e religioso (veremos que são indissociáveis) fossem complicados demais para
dispensar o esquema que o plano da aldeia tornava patente e cujos contornos os
seus gestos cotidianos refrescavam perpetuamente”

LEVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. São Paulo: Anhembi, 1957, p. 231-232.

- Analisando o texto de Lévi-Strauss, descreva: De que modo, os missionários


implementaram, de modo “seguro”, a conversão dos Bororo?

- A partir do texto, escreva um microconto em que se imagine na situação dos


Bororo. Como você se sentiria se a organização do espaço que habita, fosse
completamente alterado?

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