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E DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM
E outros historiadores
INTRODUÇÃO
NÃO há ninguém que tenha lido a vida de nosso bendito Salvador, Jesus
Cristo, como dada pelos quatro evangelistas, no Novo Testamento, que não
saiba que Ele predisse a destruição da cidade de Jerusalém, como
consequência da culpa e desobediência nacional, e não só fixou o momento
exato em que deveria ser cumprida, mas, também, os sinais que deveriam
preceder e indicar sua rápida realização.
Josefo, de cuja história esta narrativa foi extraída, era um judeu, que
viveu em Jerusalém durante a maior parte do cerco pelos romanos e,
posteriormente, depois de feito prisioneiro, continuou no acampamento romano
até testemunhar a total destruição da cidade. Ele próprio era descendente da
família que havia assumido o sagrado ofício de Sumo Sacerdote – e, até sua
captura, era um distinto general entre seus compatriotas. – Ele próprio não era
cristão, mas isso só dá crédito adicional à sua narrativa – pois embora com
cuidado singular ele mostra seu apego à religião de seus compatriotas
incrédulos – ele ainda com precisão singular ilustrou as previsões de nosso
abençoado Salvador – de uma maneira tão completa, particular e exata, que
quase pareceria como se ele tivesse escrito para o propósito expresso de
lançar a luz da história sobre as profecias de Cristo.
***
Situa-se entre 31° 30' e 32° 20' NL. e 34° 50' a 37° 15' longitude leste,
limitado a oeste pelo mar Mediterrâneo, pela Síria e Fenícia ao norte; a leste
pela Pérsia; e ao sul pela Arábia; estendendo-se por cerca de 200 milhas de
comprimento e cerca de 80 de largura.
A primeira menção que se faz a Jerusalém é nos dias de Abraão, que foi
recebido ao retornar da batalha dos cinco reis por Melquisedeque, o rei de
Salém. Mais tarde, foi tomada pelos israelitas sob Josué, após o que se tornou
a capital da Judéia – após a morte de Davi, no entanto, quando o reino foi
dividido em dois reinos da Judéia e Israel – Jerusalém tornou-se a metrópole
do primeiro, enquanto Samaria tornou-se posteriormente a capital deste último.
Talvez existam poucas cidades que caíram tantas vezes nas mãos de
um inimigo como Jerusalém: sob Roboão, filho de Salomão, e logo após a
revolta das dez tribos, foi tomada e saqueada por Sisaque, rei do Egito 1. Sob
Amazias foi tomada por Joás, rei de Israel 2. Supõe-se que os assírios a tenham
tomado no reinado de Manassés — O faraó Neco entrou nela, mas não
descobrimos se ele o saqueou quando fez de Jeoiaquim rei. Finalmente,
Nabucodonosor, rei da Babilônia, devastou a região circundante e, após um
cerco de dois anos, queimou Jerusalém e o templo com fogo, no décimo
primeiro ano do reinado do rei Zedequias.
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1 Rs 14:25, 26
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2 Reis
governantes e que eram observadores constantes de suas palavras, ele alterou
sua conduta para com eles e escolheu 30.000 para guardar os lugares de
confiança em seus domínios.
Dentro dos pátios dos israelitas estava o dos sacerdotes, que era
separado dele por um muro baixo, de um côvado de altura. Este recinto
cercava o altar de holocaustos, e para ele o povo trazia suas oblações e
sacrifícios, mas somente os sacerdotes podiam entrar nele. Deste pátio, doze
degraus subiam ao templo estritamente assim chamado, que era dividido em
três partes, o pórtico, o santuário externo e o lugar santo. No pórtico estavam
suspensas as esplêndidas ofertas votivas, feitas pela piedade de vários
indivíduos. Entre seus outros tesouros, havia uma mesa de ouro dada por
Pompeu e várias vinhas douradas de fino acabamento, além de imensas
dimensões, pois Josefo relata que havia cachos da altura de um homem. E ele
acrescenta que em toda a volta foram arrumados e exibidos os despojos e
troféus tomados por Herodes dos bárbaros e árabes.
Para dar ao leitor, no entanto, uma ideia da situação interna dos judeus
em Jerusalém, pode-se mencionar que havia três partidos ou facções opostas
entre si que dividiam todo o poder entre eles. À frente do primeiro estava
Eleazer, e sua facção usava o nome de Zelotes – um nome que eles
assumiram para si mesmos por uma ostentação hipócrita de santidade. Estes
tomaram posse do interior do templo, pondo guardas nos vários pórticos e
portas: na confiança de que as provisões do lugar, em razão das oferendas que
se faziam diariamente, lhes supririam todas as necessidades. João, chamado
João de Giscala, estava à frente do segundo grupo, e era muito mais forte que
o primeiro: mas o que Eleazer queria em números foi abundantemente
compensado pela vantagem do lugar, pois ele tinha o terreno superior, de
modo que seus dardos e outras armas de projéteis raramente deixavam de
surtir efeito. O terceiro era chefiado por Simão, filho de Gioras, a quem o povo,
aflito, convidara para assumir o comando contra os outros dois. Ele ocupou a
cidade alta e a maior parte da cidade baixa.
CERCO E DESTRUIÇÃO
DE
JERUSALÉM