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o PRIMEIRO LIVRO DE

SAMUEL
TAMBÉM CHAMADO D E PRIMEIRO LIVRo Dos REis
o PRIMEIRO LIVRO DE
SAMUEL
TAMBÉM CHAMADO D E PRI MEIRO LIVRO DOS REIS

INTRODUÇÃO

Esta introdução é referente tanto ao li' rode I Samuel quanto de 2 amuei, uma ve; que
ambos compõem uma obra integrada.

l. Título- Os dois livros conhecidos hoje como I e 2 amuei aparecem num só ,·olume
em todos os manuscritos hebraicos preparados antes de 151 7 d.C. Foi somente após a tra-
dução do Antigo Testamento para o grego, por \olta do 3° século a.C., que o livro foi di' i-
dido pela primeira ve? em duas partes. essa tradução, a eptuaginta (LXX), as duas partes
eram intituladas "Primeiro dos Reinos" e·· ' egundo dos Reinos". Os li' ros que hoje conhe-
cemos como I e 2 Reis recebiam o nome de "Terceiro dos Reinos" e "Quarto dos Reinos".
A Vu lgata Latina, de Jerônimo, produzida no 4° sécu lo d.C ., é a primeira que apresenta os
títulos de "Reis", em lugar de '' Reinos".
Até vário séculos depois de Cristo, os massoretas observa\'am que a declaração de
amuei 28:24 fica\'a no centro do livro no texto hebraico. Na verdade, as Bíblias hebraicas
mantiveram a disposição original até a edição impressa em 1517, por Daniel Bomberg. em Veneza.
Uma vez que a vida e o ministério de Samuel dominam a primeira metade do li' ro, o
nome do profeta foi ligado à obra. Este título foi apropriado, le,ando-se em conta o impor-
tante papel que amuei desempenhou como o último dos juí?es, um dos maiores profetas
e ainda fundador da escolas dos profetas (ver Ed, 46). Foi também aquele que liderou o
estabelecimento da monarquia hebraica , ao especificar os princípios fundamentais sob os
quai s ela deveria funcionar (ver ISm 10:25). PonanLo, em cs-;ência, o nome amuei designa
conteúdo, em ,.e7 de autoria.
2. Autoria - Em contraste com o Pentateuco, do qual certas porções declaram de maneira
específica terem sido escritas por J\ loisés, os livros de amuei não contêm informação alguma
quanto a quem foi o autor ou os autores. De acordo com a tradição judaica, os primeiros 24 capí-
tulos de I amuei foram escritos por amuei, e o restante de I amuei, junto com 2 amuei,
por J atà e Gade (ver lCr 29:29). Quando o livro foi dividido, no texto hebraico e na maioria
das traduções, o nome original, amuei, foi aplicado a ambas as partes, muito embora o nome
do profeta não seja mencionado nem uma \'ez no segundo li' ro. A morte de amuei é regis-
trada em l amuei 25: I, e seu nome aparece pela última ve1 em I amuei 28:20.
Considerando que Da' i se destaca na segunda parte, seu nome poderia ser um título t,
mais apropriado para 2 amuei. A declaração do Ta lmude de que 'amuei cscre\eu tudo o
que hoje leva seu nome é, ob' ia mente, um erro, porque todo o conteúdo 2 ' amuei, bem

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CO!\ IE TÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

como a última parte de I amuei , registram a história de Israel depois da morte do pro-
feta. Alguns eruditos bíblicos defendem que l amuei 27:6 é uma prova de que os livros de
amuei datam do tempo do reino dividido. Entretanto, se as duas partes de amuei foram
escritas em tempos diferentes por diferentes autores, por que foram originalmente publica-
das como um só li\To? 'o entanto, se representam a obra contínua de um autor, este de, e
ter escrito depois da morte de Saul (2Sm 21: 1-H) e de Davi (ver 2Sm 23:1). Parece muito
razoável concluir que I e 2 amuei têm autoria múltipla e que consistem numa coleção de
narrativas, cada uma completa em si mesma. Cada autor escreveu por inspiração, e todas as
panes foram , por fim , reunidas como um todo sob a orientação do Espírito anto.
3. Contexto histórico- O livro de I Samuel abarca o período de transição dos juí7es
ao reino unido de Israel, incluindo o último juiz, amuei, e o primeiro rei, Saul. O segundo
li\ rode Samueltrata exclusivamente do reinado de Davi. Portanto, I amuei abarca quase
um século, desde aproximadamente 1100 até 1011 a.C., e 2 Samuel, 40 anos, ou seja, de
1011 até 971 a.C.
O período de 1200 a 900 a.C. foi de inquietação nacional e controvérsia política. I louve
pouco esforço continuado em todo o mundo antigo em registrar e conservar relatos escritos
dos acontecimentos dessa época. Historiadores antigos, como Heródoto, Beroto, josefo e,
mais tarde, Eusébio, viram-se na necessidade de se basear, em grande parte, em relatos fol-
clóricos dos acontecimentos ocorridos no mundo durante essa era. Por essa ra7.ão, é preciso
comparar as declarações deles com as descobertas arqueológicas modernas, que proporcio-
nam informações consideráveis não disponheis em épocas anteriores. O\OS matena1s cons-
tantemente ' êm à tona , aumentando a quantidade de conhecimento do período no qual se
inserem os acontecimentos de I e 2 amuei.
Esse período de inquietação, tumulto e transição se iniciou com as migrações dos pO\os
do mar que, direta ou indiretamente, afetaram todas as partes do antigo Oriente 1\lédio.
Durante o período abarcado por I e 2 a mue i, os reis-sacerdotes da 20• dinastia e os go,er-
nantes seculares da 21• exerceram o poder no Egito (ver p. 9, 10). O reinado deles se carac-
terizou por fraque7a , decadência nacional e desunião. Durante a maior parte desse período,
a Assíria também estava extremamente fraca. Em Babilônia, as condições eram muito pare-
cidas com as do Egito e da Assíria: fragilidade interna e invasões por estrangeiros eram a
regra. Por esses motivos, a influência política do Egito e da íria desapareceu da Palestina.
As migrações dos po,os do mar e dos siros acrescentaram ainda mais problemas internos e
mantiveram a situação política internacional em todo o antigo Oriente 1\lédio num estado
de agitação durante a maior parte de quase dois séculos.
Como resultado, os primeiros reis de Israel tiveram relativa liberdade para consolidar seu
domínio sobre a terra prometida e as regiões adjacentes, sem a interferência dos vizinhos do
norte e do sul, antes muito fortes. eus únicos inimigos eram nações locais da Palestina,
como os filisteus , amalequitas, edomitas, midianitas e amonitas. A resistência dessas tribos
vizinhas foi vencida aos poucos, e a maioria delas se submeteu ao domínio israelita. Davi
e alomão chegaram a controlar extensas regiões que, no passado, haviam pertencido ao
~ império egípcio e às nações da l\lesopotâmia.
Quando Israel entrou em Canaã, o enhor ordenou que se atribuíssem cidades aos levi-
tas em todas as tribos. Dessa maneira, seria possível instruir todo o povo nos caminhos da
justiça. Os israelitas, entretanto, parecem ter prestado pouca ou nenhuma atenção à ordem.
a verdade, eles nem expulsaram os cananeus completamente; em vez disso, habitaram

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I SAJ\riUEL

entre eles (]z I :21, 27, 29-33). Depois de poucos anos, os levitas, que não tinham recebido
uma herança específica para sua tribo, ficaram sem emprego. Até Jônatas, neto de J\loisés
(ver com. ]z 18:30), visitou a casa de lica , o efraimita, "em busca de outro lugar para morar"
(Jz 17:8, 1 VI), e se tornou sacerdote da "casa de deuses" de i\lica (]z 17:5). Acabou roubando
as imagens da casa de i\lica e partiu com os migrantes da tribo de Dã para ser sacerdote deles
(ver ]t. 18). Portanto, tratava-se de um tempo em que ··cada um fazia o que achava mais reto"
(Jz 21 :25). Israel violou o plano de Deus (de que os levitas instruíssem o povo em eus cami-
nhos) e logo caiu nos hábitos de ignorância e superstição dos pagãos que o cercavam. eis
vezes, durante o período dos juízes, o enhor tentou despertar Seu povo quanto ao erro das
veredas que escolhera, ao permitir que fosse subjugado pelas nações vizinhas. Toda\ ia , pouco
depois de cada Ji, ramento da servidão, os israelitas voltavam a cair em indiferença e idolatria.
Embora tenha crescido nesse ambiente, amuei escolheu repudiar os males de sua época
e se dedicar à correção dessas tendências. cu plano para realizar isso girou em torno do
estabelecimento das chamadas "escolas dos profetas". Uma delas fica,·a em Ramá , ua cidade
de origem (I m 19: 19-24), e outras foram es tc~bclccidas, mais tarde, em Gilgal (2 Rs 4:38),
Bete! (2 Rs 2:3) c Jericó (2 Rs 2:15-22). esses luga res, jovens estudavam os princípios da lei-
tura , escrita, música , lei e história sagrada. Ocupm am-se de diversos ofícios, a fim de que,
tanto quanto possível, aprendessem a se sustentar. A expressão "escolas dos profetas" não
aparece no AT, mas os jovens que ali estudmam eram chamados de "filhos dos profetas".
Dedicavam-se ao serviço de Deus, e alguns deles eram empregados como conselheiros do rei.
Próximo ao fim de sua vida, Samuel foi chamado, contra a própria vontade, a ser o ins-
trumento para estabelecer a monarquia. Depois de debater a questão com o povo, escre-
veu um livro sobre "o direito do reino" e o apresentou perante o Senhor (I m 10:25).
Provavelmente aul, que, segundo pensam alguns, era analfabeto, não se valeu da obra.
amuei animou aul com a certeza da presença permanente de Deus, mas ele logo rejeitou
o conselho inspirado do profeta, cercou-se com uma forte guarda e se transformou rapida-
mente num monarca absolutista.
Depois da rejeição de a ui, amuei foi chamado a escolher e preparar um homem segundo
o coração de Deus (ISm 13: 14), a lguém que não se colocaria acima da lei, mas que obedeceria
a Deus. A preparação de Davi, assim como a de Cristo, foi realizada frente à imeja e ao ódio.
Embora, algumas vezes, Davi tenha caído e transgredido a lei que reverenciava e defendia ,
ele sempre humilhava seu coração diante da lei que considerava suprema. Como resultado
da cooperação de Davi com os princípios estabe lecidos por Deus mediante Moisés e Samuel,
Israel gradualmente subjugou todos os seus inimigos, e os limites da nação se estenderam
para o norte, praticamente até o Eufrates, e para o su l, até a fronteira com o Egito. Deus pôde
abençoar Israel, que, como resultado, desfrutou uma era de prosperidade e glória nacionais,
que continuou durante o longo do reinado de alomão e que, desde então, nunca foi igualada. i
4. Tema- O primeiro livro de amuei registra a súbita transição de séculos de teocracia
pura, exercida por meio de profetas e juízes, para a condição de reino. O relato do reinado
de Saul revela alguns dos problemas que acompan haram o estabelecimento da monarquia
e explica por que a casa de Davi substituiu a do primeiro rei. O segundo li\ ro de amuei
narra o glorioso reinado de Davi, primeiro em llebrom e depois em Jerusalém, e conclui
com a compra da eira de Araúna, na qual, mais tarde, o templo foi edificado por a lomão.
O registro dos últimos anos da vida de Davi e de sua morte é encontrado nos primeiros
capítu los de I Reis.

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CO IE TÁ RIO BÍBLICO ADVE TI TA

5. Esboço
I listória de amuei, o restaurador de Israel. I m 1.1-7: 17.
A. ascimento e educação inicial, 1:1-21 1.
I . Elcana e Ana , I 1-8.
2. ;\ oração de Ana. I 9-18.
3. O nascimento c os pnmeiros anos de amuei. I 19-23.
-1 . '\pre<,cntação de '>amuei a Deus, 1.2-1-28.
5. A canção de lou\or de Ana, 2 1-1 I.
B. A snuaçJo do sacerdócio, 2:12-36.
I. O ministério dos filhos de Eh. 2 12-1-
2. O ministério do menino Samucl. 1 I H. 19
3. 1\s bênçãos de Deus sobre Elcana c Ana, 2:20, 21.
-1 \ falha de Eli na dtsciplma. 2.22-.~6.
C. -\ mtrodução de "iamuel ao offc1o proféuco, 3:1--1 I
I. A mensagem de Deus a El1, 3 1- 18.
2. O dcsenvolmnento de Samucl no ofíc1o de profeta, 3:19--1.1
D. Tomada c retorno da arca, -1 .2-7 I.
I. \batalha de brael contra os filisteus . -1.2-9.
2. \tomada da arca e a morte dos filhos de I:. li. -1 . 1O, I I .
~.,. 3. \morte do JUit c sacerdote El1, -1 12-22.
-1 \arca na 1-ilfstt.t, 5 1-6. 1.
'5. O retomo da an.:a p.1ra Israel. 6.2-- I .
E. Os nnte anos de m111isténo de S.Jmuel. -2-6.
f'. A dom mação dos filistcus. 7.7-1-1.
C. '>amuei é estabelecido como jui7,- 15-1-.
11. \instauração da monarqui.J, ISm 8.1-11 3'5.
A. O pcd1do por um rei , !l:l-22
B. Os .Jcontec1mentos que culminaram na unção de ',aul, 9.1-27
C. aul é chamado p.1ra ser re1 , 10.1-27.
I \ unção, I 0.1.
2. L' 1dências sobrenaturaiS do fa, or de Deus. I O 2-13.
3. ">a ui retoma pilra casa em silênciO, I 0. 1-1-16.
-1 . A eleição de Saul por sortes, I 0:17-25.
5. O grupo de oposição. I 0.26. r.
D. Acontecimentos que le,aram il conftrm.tçào defmttl\a de Saul .:omo re1, 11 :1- 11.1'5.
I. Batalha .:ontra os amonttas, I I : 1· 11 .
2 '>.llli é aclamado rei. I I 12-1 5.
3 Samuel abdtca do poder admtnlstrati\O, 12: 1- 15.
-1 . Deus é te<,temunha Ó.J escolha dopo' o, 12. 16-18.
'> . Samucl conllnua a se interessar c orar pelo pmo, 12.19-25.
E. Guerra contra os l'ilisteus, 13:1- 1-1-16
I \ presunção de Saul em Cilgal. I 3 I-n.
2. A f.1çanha de Jõnatas em \licmás, 1-1· 1-23.
~. th m,h dcci~õc' de S.tul, 1-1.2-1--16.
I . GcncalogiJ da CJSJ de ")Jul. l-1:-17-52.

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I SAf\ IUEL

C. O ~egundo teste de Saul. 15: 1-35.


I. ',aul poupa \ gague. 15.1-9.
2. O ',cnhor rejeita <,,llll, 15.10-35.
111. A capacitação de Da' i para o reinado. I()m 16 I .~ I. U.
A. \unçàodcDa\i,l6:1-13.
I. A hesitação de Samuel em 'isitar Belém. I h.l-4.
2. Os nlho~ de Jessé e a unção de Da\ 1, 16: ~-1 ~.
B. A loucura de Saul por ter sido reje1tatlo. 16:14-2t
C. A guerra contra os filistcus c suJs consequência'>. 17.1-18:8.
I. O desafio de Colias, 1-: 1-11 .
2. A coragem e a \itóna de Da\i. 17. 12-'iH.
3./\ a liança com Jôndtas, 18: 1-4 .
4 . A popularidatle tle Da\ i, 1 8:~-H.
D. A imeJa de Saul c seus resultados, IH 9 19·24.
I. Da\ i corre perigo, 18:9- 12.
2. As más intenções de ~au l ao oferecer <1 mão de '> Lia nlha, 18: 13-27.
3. lnim1zade aberta de Saul contra Da' i. I H 2H I9 11 .
4 . Da\ i foge de sua casa e \'ai ter com '>amuei. I 9 12-18.
5. A \ÍSita de Saul a Ramá e seus resultados. IY 19-24 .
E . A aliança de Jôna tas com Dm i. 20:1-4 2.
I. \ cordo para te~tar a atitude de '>a ui. 20:1-8.
2. Jônatas confirma sua a liança anterior, 20:9-2.~.
3. re~tc dos sentimento~ de ',aul. 20.24-H.
4 . Da' i é ad,•crt ido do perigo, 20.35-40.
5. Jôna tas se despede de Dad. 20:40-42.
I . Da\ 1 foge de Sau l. 21 1-22:23
I. Da' i foge para 1\obe e se encontra com Annclcquc, 21 . 1-9.
2. Fuga para Aquis, em Cate, 2 1 I 0-15.
3. Pa ruda para a C<l\erna de Adulão, 22: I, 2.
4 . I uga p,1ra i\loabe. 22.3. 4 .
5. Retorno a Judá, 22 5.
6. t\ 'mgança de Saul recai sobre o po,·o de Nobc, 22.6-23.
C. Da\ i aJuda Queila: a 111gratidJo de seus habitante,, n.l-12.
11. Dad foge de Saul pela segunda \C/, n: I3-24 22.
I. ruga p.1ra o deserto de Li fc. n 13-15.
2. Visita de Jônata~. 2'1.16-18.
3. ~a ui ma rcha. sem !.ucesso. contra Da' i. 23: 19-28.
4 . D<l\ i parte para Ln-Cedi. n 29-24 2.
5. A bondade de 1),1\ 1 em relação a ',aui em E:.n-Cedi, 24:3-22.
f. A morte de Samuel, 25.1.
J. A experiência de
D.n I com I aba l c ·\ bigail, 25.2-44.
K. A úh1ma tentatn·a de au l de m.uar D.l\ i: resultados, 26c l -2~.
L. Da\ i foge para Cate uma ~egunda \et. 27:1-28 2.
I . A rc~idência de Da\ i em Ziclaguc, 27. 1-12.
2. Aquis ordena Dm i a ir para a guerra com e le, 2H: I. 2.

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COME TÁR IO BÍBLICO ADVE Tl STA

1\1. Saul recorre à necromancia, 28:3-25.


~ -AqUI~ dispensa Da\i, 29:1-1 I.
O. O ataque dos amalequitas e seus resultados, 30.1-31
P. A morte de Saul, ~1.1-13.

1\ . Da' i reina ~obre Judá, 2Sm I 1-5:5.


A. Da' 1 depois da morte de Saul, 1:1-27.
I. A notícia da morte de Saul. I . I- I 6.
2. O lamento de Da' i por Saul, I. I 7-27
B. A casa de Saul se opõe a Da\ i, 2.1-3.39.
I. (),~, 1é ung1do rei sobre Judá ego' crna em Hcbrom, 2: 1-7.
2. 1sbosete é coroado rei de Israel por \bncr, 2 8- 11
3. A derrota de Abner c a morte de A~acl, 2: 12-32.
4. Crescimento da casa de Davi, o nome de seus filho~. 3. 1-5.
5. Abner se submete a Da\i, 3 6-21 .
6. Joabe assassina Abner, 3 22-39.
C. Davi se torna a única autoridade sobre LOdo o Israel. 4:1-5:5.
I. O assassinato de lsbosete, 4 1-8.
2. A punição de Hecabe e Baaná. 4 9- 12.
3. Da' i é ungido rc1 sobre todo o Israel, 5. 1-'>.
\ . Da" i reina sobre todo o Israel, 2Sm 5:6-24 .25 .
A. O mfcio do remado de Davi em poder c esplendor.') 6-10 19
I . A conquista de Jerusalém, 5 6-16.
2. \ llÓna sobre os filisteus. 5: 17-25.
3. A arca é le\'ada para Jerusalém, 61 -23.
4. O desejo de Davi de construir um templo. 7. 1-29.
'5 . \ 1tórias sobre 1n1m1gos estrangeiros, 8. 1-14.
6. A organização do reino, 8: 15- 18.
7. Da\1 recebe 1\lcfibosetc, 9:1·13.
8. A derrota dos amonitas e dos siros, I 0. 1- 19.
B O pecado e os problemas de Dan. 11 .1-21.22.
I. O adulténo de Da' i com Bate- eba e a morte de Unas, li I-r.
2. A reprovação de Natã c o arrependimento de Davi, 12. 1-2'5.
3. A conquista de Rabá, 12:26-31 .
4 . Dificuldades na família, 13: 1- 14 B.
a. Amnom c Tamar, 11 1-21 .
h. Absalão mata Amnom, 13.22-:B.
c A fuga de Absalão, 13:34-39
d. O retorno de Absalão, 14. 1-24
e . A beleza de Absalão e sua reconciliação com D.n 1, 14.25-33.
5. A revolta deAbsaiJo, 1'5. 1-19:4 3.
a. Absalão fa1 ,1mi1adc com o pm·o, 15: 1-6.
b. A conspiração, I '5 7- 12.
c . AfugadeDavi,l511-37.
d. O encontro de Da\ 1 com Ziba, 16 1-4.
c. O conselho de Aitol'el c !lusa i, 16: 15- 17.23

478
1 SAi\lUEL 1:1

(I) llusa1 é emiado a Absalão, 16: 15-19.


(2) O conselho de A1tofel. 16:20-23.
(3) O conselho de Husai \ence o de Aitofel. 17: 1-23.
g. D.ni em l\laanaim, 17:2+29.
h. A repressão da re,olta e a morte de Absalão, 18: 1-33.
i. Dm i chora por Absalão, 19: 1-8.
j . Davi volta para Jerusalém, 19:9-43.
6. A revolta de Seba. 20: 1-22.
7. Os oficiais de Davi, 20:23-26.
8. Três anos de fome e o enforcamento dos filhos de aul. 2 1.1-14.
9 Guerra contra os filisteus, 21: 15-22.
C /\nexo, 22.1-24.25.
I. Salmo de ação de graças de Dm·i, 22:1-51.
2 Da,; profere suas úlumas palanas de instrução . .B: 1-7.
3. Os \alentes de Dane suas façanhas, 23.8-W.
4 O pecado de Da' i em contar o pO\O e a praga rc-.uhante, 24 1-25.
a. Dan le,anta o censo do pO\o, 2-lo 1-1 O.
b. O enhor e1ma uma peste, 24 I 1-15.
c. A peste cessa, 24. 16, 17.
d. Compra da eira de Araúna, 24.18-25.

C APÍTULO 1
O levita Elcana tem duas esposas e adora todos os anos em Siló. 4 Ele ama Ana,
que é estéril e, por isso, Penina, a segunda esposa, a provoca. 9, Em seu sofrimetlto,
Ana ora por wn filho. 12 Eli a repreende, ma depois a abençoa. 19 Ana dá
à luz. Sarnuel e fica em casa até o menino desmmnar-se. 24 Ela o
entrega ao Senhor, cumprindo o voto que fizera.

I lou ve um homem de Ramataim-Zofim , mulher. e a todos os seus filhos e filhas .


da região montanhosa de Efraim, cujo nome 5 A Ana, porém , clava porção dupla, por-
e ra Elcana, !"i lho de Jeroão. filho de Eliú , filho que e le a amava, ainda mesmo que o C'< HOR
de Toú , filho de Zufe, efraimita. a hou\ esse deixado estéril.
2 Tinha e le duas mulheres: uma se chama- 6 (A sua rival a provoca' a C\Cessivamcnte
' a Ana, e a outra , Penina ; Penina tinh a filhos ; para a irritar, porquanto o E I\ li OR lhe h a' ia
Ana , porém, não os tinha. cerrado a madre.)
3 Este homem subia da sua cidade de ano 7 E assim o fazia ele de ano em ano; e. toda s
em ano a adorar e a sacrificar ao SE II OR dos as ve1es que Ana subia à Casa do E'dlOR, a
Exércitos , em iló. Estavam a li os dois filhos outra a irrita' a; pelo que chora\ a e não comia.
de Eli . llofm e fineias , como sacerdotes do 8 Então, Elcana, seu marido, lhe disse· t\na,
E!'IIIOR . por que c horas? E por que não comes? E por que
4 No dia em que Elcana oferecia o seu sa- estás ele coração triste? l ão te sou cu melhor
crifício, dava ele porções deste a Penina, sua do que cle7 filhos?

479
I:I COl\IE TÁR IO BÍBLICO ADVE TI TA

9 Após terem comido e bebido em Siló, es- 19 Le,antaram-se de madrugada. e adoraram


tando Cli, o sacerdote, assentado numa cadeira. perante o L "fOR, e' oltaram, e chegaram a sua
JUnto a um pilar do templo do L:\I IOR, casa, a Ramá. Elcana coabitou com Ana. sua mu-
lO le' amou-se Ana, e, com amargura de a lma, lher. c, lembrando-se dela o SL.'\ HOH,
orou ao S1 'IIOR, e chorou abundantemente. 20 ela concebeu c, pas~ado o de, ido tempo,
~ li 1:. fc1 um \Oto, di1endo: Se IIOR dos tC\ c um filho. a que chamou Samucl. pois di1ia.
L\ércitos, se benignamente atentares para a Do St'\'HOR o pedi.
aflição da Tua serva. e de mim Te lembrares. 21 ubiu Ucana, seu marido. com toda a sua
c da Tua sern1 Te não esqueceres, e lhe deres ca~a. a oferecer ao C"iHOH o sacrifício anual e a
um filho' arão. ao ~L' IIOR o darei por todos os cumprir o seu \Olo.
d1,1s da sua' ida, e sobre a sua cabeça não pas- n Ana. porém. não subiu e disse a seu mari-
sar<í nmalha . do: Quando for o menino desmamado, levá-lo-ei
12 Demorando-se ela no orar perante o para ser apresentado perante o C"IOR c para ],i
~1'\IIOR , passou Cli a obsenar-lhe o mo' lmen- ficar para sempre.
to dos lábios. 13 Respondeu-lhe Clcana. seu marido ra7C
13 porquanto Ana só no coração fala\a ; seus o que melhor te agrade: fica até que o desmames:
láb10s se mm iam . porém não se lhe OU\ ia \Ot ne- tão somente confirme o ~~ 'li OR a ':lua pala' ra.
nhuma: por isso, Lli a te\ e por embriagada \ ssim. ficou a mulher c criou o filho ao peito.
14 c lhe disse: Até quando estarás tu embria- <llé que o desmamou.
gada? 1\parta de Li esse' inho! 24 Hmcndo-o desmamado, le\Ou-o consigo,
15 Porém Ana respondeu: Não, senhor meu! com um nO\ ilho de três ,mos. um cfa dt• farinha
Lu sou mulher atribulada de espírito; não bebi c um odre de 'inho. e o apresentou à Casa do
nem' inho nem bebida forte; porém' enho dcrra- SL:o-. li OR, a Siló. Lra o menmo amda muito criança.
m.mdo a minha alma perante o SL'\IIOH. 25 Imolaram o nO\ ilho e trou\cram o me-
16 i\ão tenhas. pois, a tua sena por filha de nino a Eli.
Belial: porque pelo excesso da minha an~iedade 26 E disse ela: A h! \ leu senhor. tão certo
e da minha aflição é que tenho falado <1Lé agora. como' i\CS, cu sou aquela mulher que aqui es-
17 Cntão, lhe respondeu Eli: Vai-te em paz, te\ c contigo. orando ao Sr. HOR.
c o Deus de Israel te conceda a petição que Lhe 27 Por este menino orava cu: e o r '\'IIOR me
fi1eSlC. concedeu a petição que cu Lhe fi7era.
18 [disse ela. Ache a tua sena mercê dian- 28 Pelo que também o trago como de\ OI\ ido
te de ti . Assim, a mulher se foi seu caminho c ao SE:\ IIOR, por todos os dias que' i\er; pois do
comeu, e o seu semblante já não era triste. se, li OR o pedi. E eles adoraram ali o St "iiiOR.

1. Agora (KJV). Diferentemente das' cr- Ramataim-Zofim . Literalmente, "dois


sõcs portuguesas. a KJV inicia I amuei com lugares altos dos atalaias", ou "alturas gêmeas
a paJa,ra "agora". prO\cniente de um termo dos 70fitas". Isso indica cidades gêmeas ou
hebraico que costuma ser tradu?ido por "e", tahez duas seções da mesma cidade, pois,
mas também por "agora", "então" ou "mas", de em I Samuell:l9e2: 11 . Hamataim-Zofim
acordo com o contexto. Isso, necessariamente, é chamada simplesmente de Ramá. ão se
não conecta este liHo com os escritos anterio- conhece a localização de Ramá, cidade natal
res. Ezequiel, por exemplo, também inicia com de amuei (ao fim do capítu lo, 'er ota
a mesma palm ra, mas ninguém defende que o Adicional sobre as di,crsas locali7ações já
li' ro seja um<~ mera continuação de outra obra. propostas).

480
I A~ f UEL 1:6

E lcana. Lite ra lme nte, "a que m De us período dos juítes (Jz 17:8, 9), a fim de incen-
comprou". Um levita (JCr 6 :33-38; cf. tiva r seus vizinhos e lhes dar um bom exem-
v. 22-28; PP, 569) da fa mília de Coate que plo. Conqu anto vivesse num a mbie nte ímpio,
h a bitava na tribo de Efra im. É inte ressante fi ca C\ idente que a es piritua lidade de Elca na
descobrir que Sa mue l e ra descende nte de e ra viva . !\!esmo que llofni e Fi neias fossem
Coré (l C r 6:33-38), que tão violenta me nte corruptos, ele e ra fie l e m sua adoração e em
se op ôs à decisão do Senhor de tra nsform a r ofe recer sacrifícios. O mesmo ocorre u com
os filhos de Arão em sacerdotes (ve r m 16). Ana e imeão nos dias de C risto (Lc 2:25-
Essa é uma evidênc ia de que os fi lhos não 38) e deve ser verdade e m todos os te mpos.
são punidos pe los pecados de seus ante pas- A alia nça com C risto não deve de pe nder das
sados; e m ve7 disso, "cada qua l se rá morto obras dos outros.
pe lo seu pecado'' (Dt 24:16). Filhos de Eli. Já naque la é p oca, o
2. Duas mulheres. O nome Ana que r ne potismo, ou seja, favoritismo aos pa re n -
di7e r "cortesia", ao passo que Penina signi- te s, concede ndo-lhes cargos, e ncontrava-se
fica "a de cabe lo abunda nte". esse pe ríodo firme me nte a rra igado e m Israel. Enq ua nto
d a his tória do mundo, a poliga mia e ra con- o d esemprego assolava os levitas espa lha-
side rada um a escolha é tica, e De us a pe rm i- dos nas difere ntes tribos, três me m bros d a
tia (\ er com . de Dt 14:26). I o e nta nto, por fa mília de Eli - o pa i c dois fi lhos- ga rant i-
~ causa de restrições fin a nceiras , só as classes ra m um meio de vida, a despeito de que dois
abastadas e os re is pa rec iam se d ar ao luxo de de les era m mora lme nte desqua lificados para
casa me ntos mú lt iplos. O s governa ntes te n- o cargo. Ta l injustiça é um fator que sempre
t ava m assegurar a paz e nvia ndo uma prin - contribui pa ra descon tenta me nto e revolta.
cesa ao ha rém de outro monarca. ~ l as, e m 5. Porção dupla. Litera lme nte, "uma
vet de paz, a prática da poliga mia com fre- porção de duas faces··. Elca na exercia tod a a
quênc ia s uscitava intriga, c iúmes e fracassos influê nc ia a seu dis por para promover a uni-
ta n to pa ra o haré m rea l como pa ra as fa mí- dade, da ndo uma "porção" a cada mem bro el e
lias comuns. os tempos do T, a poliga- sua fa m ília. Pa ra mostra r p ublica mente que
m ia desqu alificava o hom em para qua lque r não desejava a este rilidade de Ana, dava- lhe
cargo re ligioso (ITm 3:2, 12). urna porção dupla corno se e la tivesse um
3. Subia. Já q ue vivia a ape nas 19 krn fi lho (ve r PP, 569).
do tab e rnáculo d e Siló, e ra na tura l que o 6. Provocava excessivamente. O pro-
levita Elca na pa rtic ipasse regula rme nte das ceder de Pe nina se d evia. e m pa rte, à bem -
três festas a nua is (ver com. de Êx 23:14 - 17: inte nc ionad a generosidade de Elca na. Ass im
Lv 23:2) e, em especia l, da prime ira c ma is corno sucede u com ata nás no Céu , a inveja
importa nte: a Páscoa, no in íc io da primavera. por causa d a ate nção destinad a a outro. seja
Essa festa, que s imbolizava a libertação dos no lar ou e m q ua lquer luga r, dá lugar a uma
israelitas d o Eg ito, ta mbé m direcio nava o ma líc ia esca rnecedora e e -.:asperad a q ue se
coração do p ovo pa ra o grande Corde iro pas- expressa a cad a passo e m peque nas gotas de
coa l a ntitípico, Jes us, que, por me io ele Se u 70m baria. A ridicula ri.tação, a lé m de ti ra r o
sacrifíc io, proporc ionou o me io pa ra redi - apetite de A na, ta mbé m a levou a se abste r
mir a huma nidade da escravid ão espiritua l de pa rtic ipa r da fes ta . Era porque se senti a
(\Co 5:7). Embora seus serviços não fossem indigna, como Arão depois da morte de seus
e xigidos no sa ntuá rio, Elca na s ubia com o filh os, 1 adabe e Abiú (L\ 10: 19)? ão preci-
um is raelita comum com o próprio sacrifício, sava ela a inda ma is d as bênçãos espirit ua is
assim como muitos outros levitas dura nte o da festa e m ta is c irc unstâ nc ias? A segu inte

48 1
1:10 COME TÁRIO BÍBLI CO ADVE TISTA

pergunta ta mbém poderi a ser feita: quanto escolhida do sacerdote, muito e mbora o
da bênção Penina recebeu da festa, já que se sacerdócio fosse impe rre ito e n ecessitasse
permitia a libe rdade de zombar de sua com- de uma reform a. O Senhor reconhecia que
panh eira? Tal s ituação é comparável à que o desejo natural de Ana por fi lhos transfor-
C risto mencionou na hi stória do fariseu e do ma ra-se numa paixão por consagrar a ma is
publi ca no (Lc 18: 10-14). o enta nto, assim preciosa das dádivas a Ele, e assim respon-
como o publi ca no, Ana n ão pagou injúria deu à prece de la mediante Eli.
com injúria, mas ocultou sua dor e chorou 14. Embriagada. Eli , o guardião do sa n-
lágrimas silenc iosas. tuário e a prin cipa l autoridade e m lei e reli-
10. Leva ntou-se Ana. Ana não endu - gião, julgava por ev idências circ un sta ncia is,
recera seu coração com dor e autocomisera- não pelos verdadeiros sentime ntos dos ado-
ção, nem fi cou ma l-humorada qu ando seu radores. Julgou Ana pelo crité rio da própria
esposo lhe dirigiu a pa lav ra, mas ma nifes- ex periência com seus f ilhos. No e ntanto, não
tou notáve l domínio próprio. Procurou refú - havia passado do ponto de conseguir com-
gio no sa ntuá rio. preender a revelação progressiva de Deus.
11. Ao SENHOR o dare i. Ao ace itar a i\ led iante a experiênc ia de Ana, o Espírito
dádiva espiritua l que Deus lhe concedia por Sa nto lhe revelou que o Senhor leva em conta
meio da festa, Ana se sentiu impulsionada a os motivos do coração.
suplica r por um presente ma is tangível: um 16. Não tenhas. Com ca lmo domí-
filho, prometendo devolvê -lo imediatamente nio próprio, após a mágoa causada por uma
ao Senhor, torn á-lo sa nto e consagrado a Ele. repreensão tão severa, com gentileza de espí-
Ta lvez Deus já es perasse havia tempo por rito e com deferência a alguém em posição de
aque la entrega. Poderia ter-lhe torn ado fér- autoridade, Ana fa lou delicadamente sobre
til a ntes, mas estari a Ana pronta pa ra assu- o sofrim ento íntimo que provocara a inter-
mir tal responsabilidade? pretação equivocada. Sem temor, a firmou
A sabedoria do mundo ensina que a ora- sua inocência. Trata-se do mesmo espírito
ção não é essencial e que não é possíve l haver que C risto demonstrou ao responder a seus
resposta rea l pa ra as preces, porque isso vio- acusadores.
laria as leis da natureza, e os milagres seriam 17. Va i-te e m paz. A paz sobrevém
impossíveis. É pa rte do plano de Deus con- somente quando cessa m as hostilid ades,
ceder, em resposta à oração de fé, o que não quando há vitória ou entrega plenas. Depois
~ daria de outra maneira (GC, 525). Ta mbém é de fazer tal entrega ao Senhor, Ana desco-
parte do plano do Céu que o ser huma no se briu que a inimizade e as implicâ ncias de
entregue volunta ria mente à ação do Espírito Penina pararam de magoá-la. Podi a dizer
Santo, assim como C risto fez qu ando esteve com Seu Salvador: "Pai, perdoa-lhes, por-
na Terra. Para Deus, não era necessário que que não sabem o que fazem" (Lc 23:34).
Abraão esperasse 25 anos pelo cumprimento Logo Eli reconheceu a mão de Deus e
da promessa. Qua ndo o patria rca chegou à foi movido pe lo Espírito anto para indica r a
posição em que pôde entra r plenamente no aprovação divina. Cristo exemplificou o ver-
plano que o C é u tinha para e le, o Senhor dadeiro espírito de amor e discernimento e
converteu todos os fracassos passados e m concede o mesmo espírito aos pastores sob
trampolins pa ra bê nçãos. O mesmo suce- sua supervisão. l\ las, quer O recebam quer
deu com An a. não, tra nsmita m- o a outros ou não, nada
Entreta nto, Deus não falou a ela por pode impedir qu e a mais humilde ovelha de
intermédio de um anjo. Ele u sou a figura Seu re banho ouça Sua voz e O siga. Ana não

482
l SAMUEL 1:23

era depe nde nte das circun stâ ncias. Deixou do Senhor; que se c umpra em mim conforme
seu caso nas mãos de De us, e a resposta veio a tua palavra" (Lc 1:38).
logo em segu ida. Poré m, a inda que a mãe tenha os me lho-
20. Samue l. O nome significa "ouvido res pensa me ntos, o filho ta mbém precisa ~
por De us" e, ass im como outros nomes pró- fa zer a própri a escolha na vida. Esse foi, por
prios da Bíblia, e ra reple to de significado. exemp lo, o caso de Sansão. o e ntanto, até
"Samuel" foi um me mo ri a l d o pedido de mesmo ele, depois de um longo período de
Ana ao Senhor, um a recordação da pro- a utocomplacência, teve uma visão de De us
messa que fizera c um reconhecimento da que o levou a dar sua vida sem espera r
ap rovação d ivina. O tempo de monstra ria a recompe nsa, uma consagração que o colo-
verdade de tudo isso. Desde a ma is te rna cou na gra nde ga leria dos que triunfara m
infâ ncia, o menino reconheceu que era servo pe la fé, conforme o registro de I Iebreus 11.
do Senhor. É uma gran de verdade o fato de Satanás pro-
22. An a, porém , n ão subiu. A mãe c ura r usar e desv ia r justamente aq ueles a
ele Samuel não o conside rava ape nas uma que m De us e propõe usar como instrumen-
c ria nça, mas uma oferta a De us. Por isso, tos para uma obra especial.
procurou educá-lo para o Senhor desde a Para se mpre. Ver com. de Êx 12: H ;
mais te nra infância. Com muito c uidado e 2 1:6. Com as pa lavras "para sempre", A na
oração constante, ministrou às necessida- q uis dizer que Samuel seria nazireu durante
des físicas do fi lho , desde muito pequeno. toda a vida (l m 1:11; ver ta mbé m com. de
e dirig iu os pen sa me ntos de le ao Senhor Gn 49:26: Nm 6:2). Um fragmento do livro
dos exércitos. Pa ra c umprir com mais per- de I Samuel encontrado na quarta cmerna de
feição seu e ncargo, só voltou a visita r iló Khirbet Qumran, publicado em 195-l, declara
depois de Sa mue l ser desma mado. Quão espec ificame nte que amue i era nazire u.
abra ngen te é a influência de uma mãe e m 23. Respondeu-lhe Elcana, seu marido.
Israe l! Os momentos com ela são preciosos, Elcana consentiu com o voto de sua esposa
quer se trate de uma exi lada e escrava, como (Nm 30:6, 7) e, de acordo com l Samuel l:2 l,
Joquebede, a mãe de l\tl oisés, quer de uma o transformou num voto próprio (ver com. de
mulhe r perseguida no la r de um lev ita e m 'm 30:6).
Canaã. Levando isso e m conta, Ana come- Confirme o SENHOR. Isto é, ''q ue o
çou a tra ba lha r não só para o te mpo pre- plano do Senhor para Samuel se rea lize".
sente, mas ta mbém pa ra a e te rnid ade. Tinha Deus já havia reconhecido ua parte no cum-
a responsa bi lidade de imprimir numa alma primento da oração e do voto de Ana. Elcana
huma na a imagem de De us. O mesmo ocor- c ria: (1) que o Senhor de fato tinha falado por
reu com [\ Ia ri a, a mãe de Jesus. meio de Eli (v. 17); (2) que o nascimento de
Mais de uma vez, a uma serva do Senhor Samuel confirmava a origem divi na da pro-
foi confiada a ta refa de reavivar a fé deca- messa de Eli (\ . 20); e (3) que a promessa se
dente de um povo desa nimado e a ma nte do cumpriria completame nte na vida de a muei
pecado, que falhou em pe rceber que Deus dedicada ao ministé rio.
usa as coisas fracas do mundo pa ra con- Muitas coisas depende m da cooperação
fundir as sábias. Medite na consagração de do ma rido e da es posa no la r c ristão. Elcana
) oquebcde à sua tarefa, na clara visão de Ana foi profundamente tocado pela consagração
quando trouxe Sam uel ao mundo, ou no sen- de sua esposa e de todo o coração se uniu a
timento de responsabilid ade solene de Maria ela em seu desejo. Ele é um excele nte exem-
quando respondeu ao a njo: "Aqui está a serva plo da admoestação de Pau lo: "i\ laridos, ama i

4 83
1:24 COME TÁR !O BÍBLJCOADVE TI TA

\'ossa mulhe r, como ta mbém Cristo amou levar um efa inte iro de fa rinha, sufic ie nte
a ig reja e a i mes mo Se e ntregou por ela" para três novilhos, sugere que a LXX e as
(E f 5:25). Elca na assumiu a responsa bilidade outra s traduções, como a A RA , que trazem
pelo voto de An a e o ap oiou da maneira ma is "um novilho de três anos'' estão equivocadas.
d ireta possíve l. Ele reconhecia a liberdade de 27. Este menino. ão se sabe com que
escolh a da es posa e desejava que sua deci- idade Samue l foi desma mad o. É comum no
são de consagra r o filh o a Deus tivesse êx ito. Orie nte que uma cria nça seja a ma m entad a
Su a atitude ilu stra o desejo no coração de até os três a nos e é bem possíve l, por exem-
C risto de t raba lha r com cada pessoa, expres- plo, que !saque tivesse cin co a nos qua ndo
sa nd o a individu alidade de cad a um , reve- Abraão celebrou a festa n a qua l o tra nsfor-
la ndo assim ao universo a be leza fu lgura nte mou em seu herdeiro (ver G n 2 1:8). Já q ue
d o ca ráte r div ino . Ana não compa receu à festa desde o nasc i-
24. Um novi lho de três anos. Ou "três me nto de Sa mue l, é provável q ue Eli tenha
bezerros" (ARC). A LXX traduz: "Um novi- se esquecido d o inc ide nte .
lho e m seu te rce iro a no". De acordo com o De acordo com o v. 27, A na n ão contara
v. 25, e les '' imol a ra m o nov ilho". Abraão , a Eli a natureza de seu pedido, mas, nessa
e m seu sac rifíc io de consagração, usou u ma ocasião, o fez com gra nde alegria. Ao expres-
novilha d e t rês a nos (Gn 15 :9). O sacrifí- sar seu regozijo, va le u-se d a p a lavra heb.
c io de E lca n a, o fe rec ido e m c umprimento sha'al, "pedir", usando difere ntes formas do
el o voto (v. 11 , 21), con sis tiu num novilho verbo. A tradução lite ra l do versículo seria:
com s ua resp ectiva fa rinha e libação, con- "A respeito deste menino, eu me interpus, e o
forme a orie ntação divina ( m 15:9, 10). Já Senhor me de u meu pedido que pedi a Ele, e
que E lca n a e A na levara m um e fa inte iro també m me encontro obrigada ao pedi-lo para
de farinha, e a qua ntid ade ex igid a pa ra um o Senhor. Enquanto ele viver, será pedido pa ra
novilho era três déc imas el e um e fa (N m o Senhor." A na reconhecia com exultação que
15:8-10), é provável que o nov ilho menc io- sua dádiva para Deus Fora, a ntes de tudo, u ma
nado no v. 25 fosse o holocausto com o qua l dádiva d Ele pa ra ela. Podia dizer como Davi:
o me nino a mue! foi consagrado ao Senhor, "Das tuas mãos to da mos" (J C r 29: H ). Foi um
e que os outros do is novi lhos te nha m sido a mor como esse que levou Rute a excla mar:
sacr ificad os como a oferta pe lo pecado e a "Faça-me o SE I-IO R o que bem Lhe aprouver,
ofert a pacífi ca que acompa nhava m o ho lo- se outra coisa que não seja a morte me sepa-
causto. Cad a uma d elas requeria três déc i- rar de ti " (Rt 1:17); e Pa ulo a a firm a r: "Pa ra
mas de um e fa de fa rinha. O fato de Elcana mim , o viver é C risto" (Fp 1:21).

NOTAADICIONALA 1 SAMUEL 1

ão se conhece a loca lização exata de Ra mata im-Zofim , a c idade na ta l de Sa mue l. Vá rios


luga res fora m s ugerid os: (l) Beit Rima, e m Efra im , 18 km a oeste de Siló, onde as mon ta-
nhas d a Pa lest ina centra l d ão lugar às ondula ntes colinas da Sefelá, ou, possivelme nte, oito
quilôme tros m a is para o oeste, e m Rentis; (2) er- Ra111, em Benja mim , 8,8 km ao norte de
Je rusa lé m, n a estrada pa ra iqué m; (3) Ramallah em Efra im , 14,4 km a noroeste de Jerusa lé m,
19,2 k m a s udoeste de iló e 2,8 km a sudoeste de Bete!.
Beit Riwa. cerca de 18 km a oeste de Siló, e Rentis, a inda ma is a oeste, ficavam longe
de m a is d e Gibeá de Saul (em Benja mim) pa ra que fosse m a c id ade na t a l d e Sa muel

484
I Ai\IUEL 1:27

(lSm 9:1-10:9: \Cr PP, 608, 609). Saul não estaria procurando as jumentas de seu pai a 40
ou 50 km de sua casa dois dias depois de sua perda, nem seria possível que ele e seu seno
procurassem em todas as colinas, vales e desfi ladeiros de todo esse território montanhoso no
terceiro dia. As outras cidades com o nome de Ramá, em Aser (Js 19:29), aftali (]s 19:36),
Simeão (]s 19:8) e i\ lanassés (Ramote-Gileade, Dt 4:43, cf. 2Rs 8:29; 2Cr 22:6), ficam ainda
mais distantes e, portanto, é impossível que se trate delas.
As evidências parecem favorecer Ramallah, nas montanhas do sul de Efraim, perto da
fronteira com Benjamim. Uma cidade loca lizada nessa região atende a todas as especifi-
cações conhecidas para ser a cidade em que habitava Samuel. A Ramá de Juí?es 4:5, em
cujas proximidades fic<n ·a a palmeira de Débora, não estava longe de Betel. Conforme já
mencionado, Ralllalla!J, 2,8 km a sudoeste de Betel. não poderia ser a Ramá de Benjamim:
pois, nesse caso, o autor teria mencionado qua lquer uma das várias cidades mais próximas
a Ramá de Benjamim do que Betel, nas montanhas de Efraim.
Samuel nasceu em Ramá (l Sm I: I, 19, 20; PP, 572). Foi ali que ministrou a Israel como
sacerdote, profeta c jui7, e onde estabeleceu uma das duas primeiras escolas dos profetas
(JSm 7:17; 8:4: 15:34; 19:18-20: PP, 593, 604). E, identemente, essa é a cidade cujo nome
não é mencionado, onde Saul se encontrou com ~amuei pela primeira \C7 c foi ungido rei
(JSm 9:5, 6, 11, 14, 18: PP, 608, 609). Ali Samuel morreu e foi sepultado (ISm 25:1; 28:3).
A Ramá de amuei também era conhecida como Ramataim-Zofim (l Sm I: I, 19), na '"terra
de Zufe"' (JSm 9: 5; cf. PP, 608, 609). Zufc era descendente de Levi , da linhagem de Coate
e ancestral de Samuel de quinta geração (IC r 6:33-38). Quando Canaã foi di\ idida, os b i-
tas coatitas receberam cidades em várias tribos. que incluíam Judá, Benjamim e Efraim
(' er Js 21:4, 5; IC r 6:54-70). O distrito onde \"i\ iam os descendentes de Zufc , os zofitas,
seria, portanto, conhecido como a "'terra de Zufe'" ( ISm 1:1; 9:5), e Ramá, sua cidade, como
Ra mataim-Zofim, literalmente, "Ramataim dos 70fitas".
Elcana, pai de Samuel, era da "região montanhosa de Efraim'" e pro,melmente era um
efrateu, assim como seu antepassado Zufe ( lSm 1:1, ARC). Um efrateu residia em Belém
(Rt I :2: I Sm 17: 12) ou em Efraim (I Rs li : 26). Sem dú' ida, Elcana era e frateu neste último
sentido. 1\ região montanhosa de Efraim correspondia simplesmente à área serrana que se
encontra,·a dentro dos limites do território da tribo de Efraim e não incluía nenhuma parte
das montanhas de Benjamim (ver ]7 18:12, 13; 19:13-16; ISm 9:4). Em nenhum luga r da
Bíblia fa la-se que Benjamim ficm·a na "região montanhosa ele Efraim".
Posteriormente, o enhor disse a Samuel que Sau l era "um homem da terra de Benjamim"
(JSm 9:16). A lém disso, quando au l partiu de Ramá, a cidade de Samuel na região mon-
tanhosa de Efraim, atrmessou a fronteira de Benjamim a fim de chegar a seu lar em Cibeá
(I m I 0:2-9; PP, 608, 609).
Alguns identificaram com Belém a cidade cujo nome não é especificado em l amuei
9: 1-10:9. Essa identificação se baseia na afirmação de Gênesis 35:16-19, de que Raquel
foi sepultada a "pequena distância para chegar a Efrata [... ] que é Belém", bem como na
referência de I Samuel 10:2 à tumba de Raquel, que estava "no terri tório de Benjamim ,
em Zelza". Todavia, como no caso de Ramá , não se conhece a locali7ação exata da sepul-
tura de Raquel. Cla ri cava na estrada entre Bete I e Belém (G n 35: 16-19), uma distância 4~
ele pouco mais de 24 quilômetros. O original hebraico ele Gênesis 35:16 di z, literal-
mente, "a alguma distância de Errata" e parece sugerir urna distância considerável (\er
com. de Gn 35:16).

485
2: 1 COMENTÁRIO BÍB LI CO ADVENTISTA

A localização tradiciona l da sepu ltura de Raque l, quase dois qui lômetros ao norte de
Belém, est a ri a a 6,4 km d a fronteira de Be nja mim . Contudo, de acordo com o sentido
orig in a l d e I Samuel 10:2, a sepu lt u ra ficava muito m a is próxima do limite d o que isso,
talvez até m esmo de ntro do território de Be nja mim. No e ntanto, se for con siderado o
limile norte de Benja mim , e m vez do limite sul , e ncontra-se h armo nia e ntre o sentido
o rig ina l de Gênesis 35: 16 e a loca lização d e Zelza ao norte de Je ru sa lé m .
A m e n ção feita por Jere mias, de que o cla m or de "Raque l chorando por seu s filhos"
(]r 31:15; cf. G n 35: 16-19) foi ouvido "em Ramá", sugere que a sepultura de la n ão ficava
longe d a cid ade, e isso está de acordo com as in struções de Samuel a Saul (l m I 0:2).
Porém o luga r que tra dic iona lme nte se loca liza perto de Be lé m es taria a m ais de 14 km
da Ra m á de Be nja mim e a cerca de 20 km de Ramallah, e m Efraim. A referência de
Jeremias a "Raq ue l c ho ra ndo por seu s filhos'" se baseia no incide nte his tó rico d a reu-
nião d os ca tivos jude us e m Ramá, e m pre pa ração para a jornad a rumo a Babil ô nia (ver
]r 3 1:1 - 17; 40 :1). A aplicação profé tica d a decla ração de J ere mias é feita e m Mateus 2: 18
(ver com. de Dt 18: 15). A m e nos que essa Ra m á ficasse próx im a à sepultura d e Raque l,
a referência d o profeta a "Raque l c h orando por seus fi lhos" seri a d esprov id a de sentido.
A referência poster ior a Sa m a ria e à região mo nta nhosa de E fraim (]r 31:5, 6) parece exi-
gir uma Ra m á próxima ao limite de Benjamim e de Efra im , e isto corrobora a info rm a-
ção dada e m I Sa mue l I 0:2.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-28- PP, 569-571 8, 10, 14-17, 20- PP, 570 27, 28- PP, 571
3- HR, 18 4 22- PP, 592 28- T5 , 304

CAPÍTULO 2
1 A canção de Ana em gratidão. 12 O pecado dos filhos de E li. 18 O ministério de
Samuel. 20 Com a bênção de Eli, Ana se torna fértil. 22 E li reprova seus filhos .
27 Profecia contra a casa de Eli.

Então, oro u Ana e di sse: O meu cora- 4 O arco dos fortes é quebrado, porém os dé-
ção se regozija no SE fl OR, a minha força está beis, cingidos de força.
exa ltada no SE H OR; a minha boca se ri dos 5 Os que antes eram fartos hoje se alugam
me us inimi gos, porquanto me a legro na Tua por pão, mas os que andavam famintos não so-
sa lvação. frem mais fome; até a estéril tem sete filhos , e a
2 Não há sa nto como o SENHOR; porque não que tinha muitos filhos perde o vigor.
há outro a lém de Ti ; e Rocha não há, nenhuma, 6 O SEN HOR é o que tira a vida e a dá; faz
como o nosso Deus. descer à sepultura e faz subi r.
3 Não multipliqueis pa lavras de orgu lho, 7 O SE HOR empobrece e enriquece; aba ixa
nem sa iam coisas arroga ntes da vossa boca; por- e também exa lta.
que o SE H OR é o Deus da sabedoria e pesa 8 Levanta o pobre do pó e, desde o monturo,
todos os feitos na balança. exalta o necessitado, para o fazer assentar entre

486
l SAMUEL 2: l

os prfncipes, para o fazer herdar o trono de gló- 21 Abençoou, pois. o SENHOR a Ana, e ela
ria; porque do ENIIOR são as colunas da terra, e concebeu e teve três filhos e duas filhas; e o
assentou sobre elas o mundo. jovem Samuel crescia diante do SE IIOR.
9 Ele guarda os pés dos Seus santos, porém 22 Era, porém, Eli já muito velho e ouvia
os perversos emudecem nas trevas da morte; por- tudo quanto seus filhos fa7iam a todo o Israel e
que o homem não prevalece pela força. de como se deitavam com as mulheres que ser-
~· 10 Os que contendem com o EN IIOR são viam à porta da tenda da congregação.
quebrantados; dos céus troveja contra eles. 23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas?
O SENHOR julga as extremidades da terra , dá Pois de todo este povo ouço constantemente falar
força ao eu rei e exalta o poder do eu ungido. do vosso mau procedimento.
li Então, Elcana foi-se a Ramá, a sua casa; 24 ão, filhos meus, porque não é boa fama
porém o menino ficou servindo ao EN IIOR, pe- esta que ouço; estais fa7endo transgredir o povo
rante o sacerdote Eli. do SENHOR.
12 Eram , porém, os filhos de Eli filhos de 25 Pecando o homem contra o pró,imo,
Belial e não se importavam com o SENIIOR; Deus lhe será o árbitro; pecando, porém , contra
13 pois o costume daqueles sacerdotes com o o SENHOR, quem intercederá por ele? Entretanto,
povo era que, oferecendo alguém sacriffcio. vinha não ou\'iram a voz de seu pai, porque o SE IIOR
o moço do sacerdote, estando-se cozendo a carne, os queria matar.
com um garfo de três dentes na mão; 26 !\las o jovem amuei crescia em estatura
14 c metia-o na caldeira, ou na panela, ou no e no favor do SE HOR e dos homens.
tacho, ou na marmita, e tudo quanto o garfo ti- 27 Veio um homem de Deus a Eli e lhe disse:
rava o sacerdote tomava para si; assim se fazia a Assim diz o SE IIOR: ão 1\le manifestei, na \'er-
todo o Israel que ia ali, a Siló. dade, à casa de teu pai, estando os israelitas ainda
15 Também, antes de se queimar a gordu- no Egito, na casa de Faraó?
ra, vinha o moço do sacerdote e dizia ao homem 28 Eu o escolhi dentre todas as tribos de
que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sa- Israel para ser o Meu sacerdote, para subir ao
cerdote; porque não aceitará de ti carne cozida, !\leu altar, para queimar o incenso e para tra-
senão c rua. Ler a estola sacerdotal perante Mim; e dei à casa
16 Se o ofertante lhe respondia: Queime-se de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos
primeiro a gordura, e, depois, tomarás quanto de Israel.
quiseres, e ntão, ele lhe dizia: Não, porém hás de 29 Por que pisais aos pés os Meus sacriffcios
ma dar agora; se não, tomá-la-ei à força. e as Minhas ofertas de manjares, que ordenei se
17 Era, pois, mui grande o pecado destes Me fizessem na Minha morada? E, tu, por que
moços perante o SENIIOR, porquanto eles des- honras a teus filhos mais do que a 1\lim, para tu
prezavam a oferta do SE IIOR. e e les vos engordardes das melhores de todas as
18 Samuel ministrava perante o SENHOR, ofertas do Meu povo de Israel?
sendo ainda menino, vestido de uma estola sa- 30 Portanto, diz o SEN IIOR, Deus de Israel :
cerdotal de linho. Na verdade, dissera Eu que a tua casa e a casa de
19 Sua mãe lhe fazia uma túnica pequena e, teu pai andariam diante de 1\lim perpetuamen-
de a no em ano, lha trazia quando, com seu ma- te; porém, agora, diz o SENHOR: Longe de Mim
rido, subia a oferecer o sacriffcio anua l. ta l coisa, porque aos que Me honram, honrarei,
20 Eli abençoava a Elcana e a sua mulher e porém os que Me desprenm serão desmerecidos.
dizia: O SE IIOR te dê filhos desta mulher, em 31 Eis que vêm dias em que cortarei o teu
lugar do filho que devolveu ao SE I-IOR. E volta- braço e o braço da casa de teu pai, para que não
vam para a sua casa. haja mais velho nenhum em tua casa.

487
2:1 COi\IE TÁRIO BÍBLICOADVE T I TA

32 [verás o aperto da morada de Deus, a um 35 Então, suscitarei para i\lim um sacer-


tempo com o bem que fará a Israel ; e jamais ha- dote fiel, que procederá segundo o que tenho
' erá \e lho em Lua casa. no coração c na mente; edificar-lhc-ci uma
33 O homem, porém, da tua linhagem a quem casa está\el, e andará ele diante do i\ leu un-
Lu não afastar do \leu altar sení para te con- gido para sempre.
sumir os olhos e para Le entristecer a alma; c 36 erá que todo <~quclc que restar Ja Lua
todos os descendentes da Lua casa morrerão na casa 'irá a inclinar-se diante dele . para obter
flor da idade. uma moeda de prata c um bocado de pão, c ~
34 Ser-te-á por sinal o que sobre\ irá a teus dirá: Rogo-te que me adm1Las a algum dos car-
dois filhos. a llofni e Fincias: ambos morrerão gos sacerdotais, para Ler um pedaço de pão,
no mesmo di<l. que coma.

1. O meu coração se regozija no Jo que mostrando a e.\ altação de uma alma


SENHOR. Esta segunda 'isita a Siló teve que confia\ a nEle e que não paga,·a mal com
nature;a completamente diferente da regis- mal? Tal foi o método de Cristo ao tentar sal-
trada no cap. I. 1 a primeira visita. angus- ,·ar Simão, o leproso: revelando a bênção que
tiada, Ana intercedeu em fmor de si mesma. \la ria ladalena podia receber ( \ lc 1-1:3-9;
1csta ocasião, tinha no coração um grande Lc 7:37-50). i mão aprendeu a lição e setor-
cântico de IoU\ or. Como resultado de sua nou um fervoroso discípulo (DT , 567, 568).
plena entrega ao Senhor, esta\ a feli7 pelo pri- Será que Pcnina também aprendeu?
' ilégio de devoher a seu Criador aquilo que 3. Nem saiam coisas arrogantes. t\na
lhe dera. Ao fater isso, e\pcrimentou a forma poderia ter sentido uma supremacia pessoal
mais suprema de a legria, pois aprendera a em relação a Penina, em' ista da mara" ilhosa
apreciar ua bondade amorosa de uma forma experiência que lhe ocorrera. l o entanto, não
nova. Ela engrandeceu a Deus como o autor indicariam as pala' ras de Ana o seu anseio
da misericórdia re,elada em ua compai- de que sua ri, ai conseguisse \era beleta de
üio pelos desamparados. Adquiriu uma nova uma entrega plena a Deus e compreendesse
visão do poder de Deus, evidente por Seu a inutilidade da arrogância? Com certc;a,
controle sobre as forças ocultas da natureza, ninguém poderia acusar Ana de demonstrar
neutralizando em silêncio as forças do mal uma atitude de superioridade em rel.1ção a
que a desanimavam e dcrrota\'am, c fa1endo Penina, depois da forma como Deus 'indi-
com que um ambiente negativo contribuísse cara sua humilde consagração. e Cristo teve
imensamente à profundidade e plenitude lágrimas na \07 enquanto pronuncia"a os ais
de sua alegria. t\na entendeu de uma nO\·a aos fariseu!. (CC, 12: DT 1, 619. 620), não
maneira a aliança feita com seus antepassa- poderia o espírito de abnegação de Ana ao
dos, de que os filhos de Deus se tornariam en tregar amuei ao enhor ter tocado o cora-
uma bênção para todas as nações. t\ canção ção de Penina de maneira que esta come-
Je Ana foi uma profecia inspirada referente çasse a compreender de forma nova o modo
a Davi e ao i\ lcssias ( PP, 572). de Deus pesar as ações? Aqueles que, como
A experiência de Ana pode ter resul- Pcnina, se senlem fortes pelo próprio poder
tado na maior bênção que poderia se mani- sofrem ao coI her o fruto de seu egoísmo, que
festar na vida de Penina. Deus esta,·a tão é a morte espiritual. Deus, porém, é capaz
á\ ido por sahar Penina como por redimir de dar 'ida até mesmo aos que estão espi-
\na. E hmeria maneira melhor de fa7cr isso ritualmente mortos. Cristo ofereceu a Judas

-188
I AMU E L 2: li

as mesmas oportun idades que Pedro teve. ple nitude da alegria, a alma se conforma à
o e nta nto, um se e ntregou e o outro não. imagem de C r isto.
7. Empobrece e enriquece. Ana reco- 10. Força ao seu rei. Du ra nte a nos,
nheceu q ue sua sa lvação do opró br io viera Ana vira como e m espelho, obscuramente
de De us, que a eng ra ndecera muito acima (!Co 13:12), mas, co m olhos proféticos, fa lou
da zombaria de Pe n ina. O sofrime nto do ele sua fé no tri unfo completo c definitivo de
passad o se tra nsform a ra e m exa ltação ao Cristo. Assim como De us a exa ltara , tam-
e nhor. A oração ele súplica de ra luga r ao bé m exa lta ria seu Ungido (ver Fp 2:9- 11).
lo uvor pela força divina. e us lábios, uma Bom será qua ndo muitos dos crentes permi-
vez fec hados em sofrim ento silencioso, e ntão tire m que o Senho r os exa lte no me io onde
se abri a m para e ngra ndecer o pode r in fini- vivem para que, como A na, ca ntem u m hino
to de Deus. Pe nsou que sua experiê nc ia e ra de louvor e g ra tidão a Ele (Ap 1-U ).
um tipo do triunfo conquistado pelo e nho r 11. O me nino ficou servindo. A pa la-
para Seu povo, tan to individual como co le- vra traduzida po r "me nino" é na'ar, que signi-
t ivamente. E ncontro u inspiração para com- fica um garoto de q ualq uer idade a té atingir
por uma ca nção muito acima do alca nce a ma tu r idade. Aos 17 a nos, José é c ha mado
de sua exp eriê nc ia e, sob a orie ntação do ele na'ar. O mesmo te rmo é usado para os
Espírito Sa nto, apo ntou para a a legria dos filhos de Eli no v. 17. ão se sabe q ua nto
redimidos qua ndo estivere m so bre o mar de e les e ra m mais velhos do q ue amue i.
vidro entoando um "novo câ ntico" (Ap 1-U). De acordo com o contexto, Eli os fe7 sacer-
A felic idade de Ana não fo i um de lei te egoís- dotes a ntes de h averem at ingido a matu -
ta, mas uma compreensão a mpliada do ca- ridade. Ca lcula-se q ue a idade de Samuel
ráter de Deus, como aquela que levou os va ri ava e ntre os três e os 15 a nos (ver com .
"filhos de De us" a rejubi la r dia nte da criação do mate ria l com ple menta r de E lle n \Vh ite
do mu ndo (Jó 38:7). Foi como a expe riên- sob re I m I :20-28).
cia q ue levou os israelitas a acla ma re m ao Qua ndo um filh o assume responsabili-
Sen hor depois da libe rtação das hastes egíp- dade incomum , muitas vezes os pais ten -
cias no i\ la r Vermelho; ou ai nda como a q ue ta m obte r a lg um a va ntagem para si por
instigou a hoste angelica l a exclamar, na oca- me io di sso. Elca na merece ser muito elo-
sião do nascime nto de C ri sto: "Glóri a a De us giado por ter continuado com seu estilo de
nas ma iores a lturas e paz na te rra entre os viela costume iro e m Ra má, mesmo sendo
home ns, a que m Ele que r bem" (Lc 2:14). As levita. C ie ntes, como segu ra me nte esta-
zomba rias e aflições sofridas no la r foram va m, da natureza elo a mbie nte a q ue a mue i
prec isa me nte o a mbie nte no qua l essa \ isão ficaria sujeito, E lca na e Ana devem te r sen-
da sa lvação de De us pôde se desenvolver t ido a lguma preocu pação ao entrega r sua
de ta l mod o que c hegou a produzir um Céu dád iva ao Senhor nas mãos de Eli e de seus
na Te rra. A na tinha o Céu no coração, poi s dois fi lhos, Hofni e Fineias. Qua nto ma ior
apre nde ra a a ma r o mu ndo como C r isto o deve te r sido a preocupação do Pai celestia l
ama (ve r DT , 331, 6 4 1). q ua ndo colocou Seu Filho sob a in fluência
8. Levanta. Pelo pode r de De us, a alma e o escrutínio dos indignos sacerdotes ele
~ cristã, sempre conscie nte de sua impotê n- ua época! C risto tinha 12 a nos de idade
cia, se eleva acima das fo rças elo egoísmo. qua ndo chamou a ate nção dos sacerdotes.
C ingida com a força elo alto, de ixa de lad o No e nta nto. Sua conduta naq uela ocasião
as d úvidas, os temores e as te ntações passa- testemunha da rea lidade da proteção d ivi na,
das. A vitória ocupa o lugar da de rrota e, na que se este nde até mesmo sobre as cria nças

4 89
2: 12 C O IE TÁRIO BÍBLICO ADVE T ISTA

que p rocura m orie ntação cele stia l {ve r com. um m e nino fosse colocado no meio de tais
de Lc 2 :52). A ex periê nc ia de amue i testi- c irc un stâ nc ias pa ra prova r ao universo que
fi ca d a m esm a direção d ivina. u m a mbie n te ru im não d ete rmina o des ti no
As Escritu ras de ixa m cla ro que, no me io de um ser huma no. Con hecendo o espírito
de um a mbie nte peca minoso, a muei ser- cobiçoso de Judas, n inguém pensaria hoje
\ ia ao e nho r. A pa lél\ ra "servindo" pode se e m colocá-lo como tesoure iro. o ent a nto,
re fe rir ta nto a a ti\ idad es secu la res qua n to foi isso que Jesus fez ( DT ' · 294 , 295). E le
sagrad as. É usad a pa ra se re fe rir às res- tinha o propósito d e q ue Judas ficasse tão
ponsa bilidad es de J osé na casa de Potifa r e impressionad o com coisas de va lo r m u ito
para o auxílio que Jos ué presto u a i\ Ioisés no m a ior, que se e ntregasse d e tod o coração ao
monte de De us ( Êx 24 :13). A ha bilidad e de a h ador. Jesu s amava a J ud as e ficaria fel iz
Samuel de resistir às m ás influê ncias q ue o em poder t ran sformá-lo nu m dos p rincipais
cercava m , de m o ns trada ta mbé m po r José e a pós to los (ver DT , 295).
Josué , pod e ser a trib uída à firme decisão de 18 . Ministrava . 'ão no sentido de
se oc upa r com as coisas de De u s. ta re fas hum ildes, m as de deveres sagrados
12. Filhos de Belial. Lite ra lmente , re ferentes à o bra dos lev itas no sa ntuá rio.
"filhos sem \'a lor''. Assim loisés descreve A pa lm ra he bra ica assim trad uzida inc lui
aqueles q ue in cent i' a\'a m os com pan hei ros ambo os tipos de sen iço.
a sen ir o utros deu ses (Dt 13:13). os pri- Uma estola sacerdota l de linho .
me iros dias dos jufzes, um levita sa iu de via- este caso, uma vest imenta usada po r sacer-
gem de Be lé m , parou e m G ibeá pa ra passa r dotes de categoria bás ica e pelos lev itas. e,
a no ite e fo i atacado por "filh os de Be lia l" às , ezes, a inda por pessoas impo rta ntes do
(] ; 19:22). o T , "Be lia l" é usado com o povo. Por e'\emplo, Dav i "d a nçou" perante
epíteto para Sata nás (2Co 6 :I 5). Assim como o en hor \ est ido com uma estola sacerdo tal
José foi colocado no seio da degeneração rea l, de linho (2 m 6: 14). E la não de\'e ser con-
a mue i c resceu cercado por um sacerdócio fund id a com a esto la sacerdo ta l do sumo
degene rad o, "n o m eio d e uma geração pe r- sacerdo te , "de ouro, e est ofo az u l, e p ú r-
\ e rtid a e corrupta" ( Fp 2: 15). p ura, e ca rmesi m e linho fino", na q ua l era
Tendo-se rendid o a vis paixões, llo fn i e preso o pe itora l com I 2 pe dras, e o Urirn
rineias não ti n ham o conceito adequ ado d o e o Tu mi m , que sen ia m pa ra con sulta r a
Deu s a q ue m d e' ia m sen ir. ão des fruta- D eus (\ er com. de êx 28:6; ver Jz 8 :27). e
\ a m de urna com u nhão com E le, não simpa- a estola sacerdo t a l de linho m a is si mples
ti 7ava m com Seu s propós itos, ne m senti am seguia o mode lo da usa da pe lo s umo sacer-
s ua o brigação pa ra com Ele . i\ le ra m e nte dote, com o pa rece p rováve l, e ra uma ves-
u sa\'am sua posição, gara nt ida po r dire ito time nta cu rta , sem m angas, q ue consis tia
he reditá rio, pa ra fin s egoístas e corruptos. num pano d iante iro c outro traseiro u n idos
Ro ubava m ao pO\ O pa ra satisfazer seu ape- nos om bros e c ingidos na cintura com um
tites. Ro ubava m de De u s não só a porção c into (ver com. d e J7 8:27).
que Lhe correspo ndia nos sacrifíc ios, corno 19. Sua mãe . A lém de oferecer seu fi lho
ta mbé m a reverê nc ia e o a m or d os ad ora do- ao enhor, A na pers istiu e m lhe de monst ra r
res. Po r m e io de s uas ímpias conc upiscên - a mo r a no após a no. De ig ua l ma neira, Deus
cias, re ba ixava m o sen iço do e nho r, aos g uarda eu pO\ O a todo ins ta nte. 1 ão só deu
o lhos do povo, ao nh e l das o rgias sensua is e u Filho de uma , ·ez por todas, como tam-
d os bosques nos qua is povos ' iz inhos ado ra- bém te m inte resse cont ínuo de tornar esse
vam ídolos . Entret a nto, De u s permitiu que sac rifício cad a \ eZ m a is cfica; em suprir as

49 0
I Ai\ IUEL 2:34

necessidades até mesmo do ma is frágil de pecador como exec uto r da se ntença co n-


Seus filhos (i\ lt 6:30-34). tra a tra nsgressão; mas de ixa e ntregues a
20. Devolveu a o S EN HOR. Aquilo que si mesmos os que rejeitam ua misericór-
é de\ oh ido ao enhor. certa mente retorna dia, pa ra colhe re m aq uilo que semea ra m"
com juros. Ana dedicou um filho ao Senhor (GC, 36). Esse foi o caso ele Judas e será o
e foi recompe nsada com outros cinco. Abraão de todos que rec usarem os apelos do Espí-
fez o mesmo com Isaque, e Deus lhe prome- rito Sa nto .
teu uma descendê nc ia "como as estre las do 27. Um home m. Eli morre u aos 98
céu" (G n 22: 17). Cristo prome teu devolver anos (lSm 4:15; ver com. de 2:22), quando
cem \ etes ma is, a inda nesta vida (l\ It 19:29; amuei já tinha idade sufic ie nte pa ra ser
Lc 18:30). reconhecido como profe ta e prO\'Ú\ e l suces-
22 . E ra, poré m , E li j á muito ve lho. sor de E li na f unção de juiz (3: 19-21). Já que
Um fragmento de I a mue i, encontrado nd natura Ime nte deve ter decorrido a lg um
qua rta gruta de Khirbe t Qumra n e publi- tempo e ntre as du as sole nes ad, e rtê nc ias
cado em 1954, dit: "Eii tinha nO\enta a nos". dos ca p. 2 e 3, parece pro\'ável que a visita
A lbright pensa que se tra te de uma tra nspo- do profe ta a nônimo ten ha ocorrido pouco
sição da passagem de 1 a muei 4:15, onde de pois da dedicação de amue i. Caso co n-
se lê na LXX que Eli tinha 90 a nos qua ndo t nír io, não haveria motivo apa re nte para
morreu. o e ntanto, o nO\ o fragme nto não ')amuei não te r tra nsmitido as duas me n-
indica que essa e ra a idade do sacerdote na sagens do e nhor.
ocas ião de sua morte , mas, sim, qua ndo Co mo De us é longâ nimo! a ul rece beu
Samuel já o sen ia por a lgum te mpo. ad\'ertência após advertência, e muitos a nos
25. Não ouv ira m . O mini sté rio dos lhe fora m concedidos para que re fl e ti sse,
filh os de Eli contrasta, nesta passagem , com antes de, fina lme nte. fa7er a escolha de pro-
o de Samuel. Este crescia no favor tanto dos cede r de acordo com a própria \ Ontade.
homens como de Deus; Hofn i e Fineias não Toda,·ia , Eli se re nde u aos laços familia-
respeita\'am as instruções do e nhor e não res. em ve7 de c umprir seu de, er perante
escuta,·am os conselhos de seu pa i. Todos Deus em prol do pO\'O. f\ virtude não é her-
os seres humanos são agentes morais li' res. dada, mas adq uirida. Os filhos de Eli her-
Se escolhe re m perm a necer sob a pode rosa daram um a responsa bilidade sa nta c um
mão de De us (1 Pe 5:6), serão exa ltad os no nome honrá\e l. o e nta nto, por ca usa do
te mpo devido; mas, se optarem por seguir os egoísmo, se converte ra m-se e m ' e rd ade i-
próprios ca minhos, sem dúvida, colhe rão o ros servos de ata nás, a ponto de merecer
fruto desse proceder. as recla mações unâ nimes do povo. Quando
O SEN HOR o s que ria m a ta r . Lite- o pai de les de ixou de exercer auto rid ade,
ra lmente, "agrad ma ao e nhor levá-los a foi advertido de que a re\ erência e a honra ti
morrer". Eles rejeitara m o contro le prote- proclu7em bo m caráter e muitos benefícios,
tor de De us, escolheram o próprio cam inho mas a irrc\ erênc ia e a desonra Je, am a sofri-
egoísta e aba ndo na ram deliberadamente o mento e dece pção (v. 32). "A lei do ser\'iço
conselho do Céu. t\o mandar e mbora o a njo do próprio e u , é a lei da destruição de si
do Senhor ( I 34:7), se la ra m sua conde na- mesmo" (OTN, 624).
ção. roram os l'ili ste us qu e os ma tara m 3 4. N o mesm o dia. Ass im como Hofn i
( I m 4 :10, li ); no e nta nto, De us pe rmi - e Fincias lida ra m de forma agressi' a com
tiu a morte porque tinh am se recusado a as coisas do e nhor, sofreriam morte vio-
segui -Lo. " De us não fi ca e m re lação ao lenta. Com o propósito de eles\ iá- los de seu

49 1
2:35 CO~IE TÁR IO BÍBLICOADVE TI TA

caminho ímpio, Deus abriu , por um instante, por colaborar com Adonias na tentativa de
a cortina do futuro. Teria sido natural espe- tomar o trono de Salomão (I Rs 2:27, 35).
rar que os jmens mudassem o estilo de' ida Outros acreditam que se refere a Cristo,
depois de ouvir esta profecia, a fim de evitar c outros ainda defendem que a profecia
seu cumprimento. Ao fa7er essa predição, o se cumpriu em amuei c em sua obra. Porém,
Senhor somente (XC\ iu a destruição dos dois, a lição importan te dessa declaração reside no
não a prcordcnou. 1\quele que conhece o fim fato de que o ser hum<Jno não pode impedir
desde o princípio sabe tudo que afeta o exer- o cumprimento final do desejo de Deus de
cício da liberdade de escolha. Ao admoes- restaurar ua imagem no coração da hum<l-
tcJr determinados indi\ íduos quanto ao que nidadc. Israel recebera o serviço do santuário,
o futuro lhes resen·a, Deus prova ao uniH·rso com todo seu minucioso simbolismo, para ilus-
que o Ih rc-arbítrio dado aos seres humanos trar a forma de Cristo trabalhar. Entretanto.
é tão abmngente, que nem mesmo o conhe- por mais que sacerdotes e governantes rejeitem
cimento do futuro os detém. o plano, ainda assim o propósito di\ ino. que
35. Um sacerdote fiel. t\!> Cscrituras não pode ser apressado nem adiado, avança
não indicam o sacerdote em quem se cumpriu constantemente até seu cumprimento pleno.
esta profecia. Alguns eruditos pensam que se Se as pessoas querem, podem se associar a
refere a Zadoque, da linhagem de Elca;ar, Cristo no cumprimento desse propósito; se o
a quem <.,alomão deu o sacerdócio quando recusam, são as únicas culpadas. Não podem
t\biatar. descendente de Itamar, foi deposto acusar o cnhor de conspirar contra elas.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-36- PP, 571-580 18 - CPPE. -188, 537: PP, CPPC , 37-1, C , 50. 102:
l-3- PP. 571 573: '13, -172: T-1. 516 -126: r EC, 81: L1\ , 28:
3 - T I. -138 19- PP. 572 ICI I, 28-1: I , 36; PP,
6-10 - PP, '571 22-2-1 - n. -112 529, 579: PH. -185; an,
9 - CBV, -179 22-25 - PP, 577 19, 66: T2, -10; T-1, 538:
li- PP, 572 23-25 - T2. 620: T-1, 199 T5, 136, 268, 30-1, -12-1,
12 - T3. -172; T-1, 5 16 25- PP, 580 -1-18 ; T6, 1-1-1, 356; T7,
12-16 - PP, 576 26- PP, 573 193: T8, 123, 153
12-17- PH, -116 27-30 - PP, 577 35- PP, 578
17 - PP, 576, 580, 609 30- CBV, 180: CE , 138:

CAPÍTULO 3
1 A palat'ra do enhor é revelada a Samuel pela primeira t•e=. 1 I Deus informa
Sa muel da destmição da casa de Eli. 15 Embora relutante, amuei conta
a visão a E/i. 19 Cresce a reputação de Samuel.

I O jO\em ~amuei scn ia ao L1\IIOH . perante 2 Certo dia, e~lando deitado no lugar cos-
[(L i\ aquele~ dias.,\ p.1la' ra do SL '\IIOH era mui tumado o sacerdote LI i, cujos olho~ já comcça-
rara. as' isõe~ não eram frequentes. \am a escurecer-se, u ponto de nJo poder \CT ,

-192
A~ I UEL 3: I

3 e lendo-se deitudo tumbém . amuei. no 12 ~'\aqu ele dia. suscitarei contra Cli tudo
templo do SL:'-IIOR. em que esla\'a a arca. antes quamo lenho falado com respeito à sua casa. co-
que a lâmpada de Deus se apagasse, meçarei e o cumprirei.
4 o S1 'IIIOR chamou o menino: Samuel. 13 Porque JiÍ lhe disse que julgarei a sua casa
C,amucl! Lste respondeu : Cis-me aqui! para sempre. pela imquidadc que e le bem conhe-
5 Correu a Eli e disse: Cis-me aqui. pois Lu cia, porque seus filhos se fiteram c\ccrá\ eis. e
me chamaste. i\ las ele disse: 1'\ão te c hamei: ele os não repreendeu .
torna a deitar-te. Ele se foi e se deitou . 14 Portanto. jurei à casa de [li que nunca
6 Tornou o Se'\JIOR a chamar: Sa muel! Este lhe será e\piada a iniquidade, nem com sacrifí-
se (c,·anlou. foi a Eli c disse: Eis-me aqui, pois cio, nem com oferta de manjares.
lU me c hamaste. \las ele disse: '\Jão te chamei. 15 Ficou Samucl deitado até pela m;Jnhã c.
meu filho, torna a deitar-te. e ntão. abriu as portas da Casa do LI'\IIOR. porém
7 Porém Samuel ainda não con hec ia o temia re latar a' isão a Eli.
L '\iJJOR. c ainda não lhe Linha sido manifestada 16 Chamou Eli a <iamuel e disse Samuel.
a pa la\ ra do Se' JJOR meu filho! L:.lc respondeu: Eis-me aqui!
8 O S1 N 11011, pois, tornou a c hama r a Sa muel. 17 Emão. e le disse: Que é que o St 'I II OR te
terceira vet. e ele se le\'antou. e foi a Cli. e disse: fa lou? Peço-te que mo não encubras; assim Deus
Lis-me aqui. pois tu me c hamaste. Então. en- Ll' faça o que bem lhe aprou' c r se me encobrires
tendeu CIJ que era o Se,' \ JJ OR quem chama\ a o alguma coisa de tudo o que te falou .
jO\cm. 18 Emão, amuei lhe referiu wdo c nada lhe
9 Por isso, Eli disse a Samucl: Vai deitar-te: encobriu. E disse Eli· É o E'\IIOR. faça o que
se alguém te cha mar. dirás: Fala . E'\IIOR. por- hem Lhe aproU\ er.
que o Teu seno ouve. C foi Samuel para o seu 19 Crescia Samuel , c o SC'\11011 era com ele,
lugar e se deitou. l' nenhuma de todas as sua s palaHas dci\ou cair

10 l:.ntão. 'eio o Sc"'IIOR, e a li cste,c. em terra .


c chamou como das outras \'etes: Samuel. 10 Todo o Israel, desde Dã até Bcrscba, co-
Samuel! l:.ste respondeu : r ala, porque o !"eu nheceu que ~amuei esta\ a confirmado como pro-
seno OU\t' . feta do SL 'I II OR.
li Disse o SE'\JJOR a Samucl: E:.is que \OU 21 Cominuou o Sc.'\11011 a aparecer em ~iló,
fater uma coisa em Israel. a qual LOdo o que a enquanto por ~ua pala\ ra o 1 '\IIOR Se manifes-
OU\ ir lhe tinirão ambos os OU\ idos. ta\ a ali a ~amuei.

1. As vtsoes não eram frequentes. e\istê n cia desta situação: D e us não apare-
Ou, "n ão h avia 'isão manifesta" {t\RC). cia aos homens em\ isão com tanta frequên-
A pa lavra tra du 7icla por "man ifesta" deriva c ia como em ou tros tempos. A ênfase não é
do verbo parais, que s ig n ifica " irrompe r" ou dada tanto à maneira d a revelação, mas, sim,
"jorrar". Portan to, a e\pressão quer di?er, a sua frequência.
lite ra lmen te, "não hm ia \ isão derramada" Csse é o primeiro uso da palm ra ha:::o11 ,
ou "n ão irrompiam \ isões''. Esta declara- '\ isão", nas Escrituras e o único caso em que
ção, ao revelar que a palm ra do en hor e ra é usada nos d o is livros de amue!. Uma com-
"precio~a" ou "rara", descrc\ ia a situação da paração de /w:o11 com marld1. termo Lilmbé m
época. pois mensagens ins pira d as rara meme traduzido por'\ isão", esclarece o método de
e ra m reveladas ao povo de Deus . E ntão. o D eus re,elar e u s planos pdra a sa h ação
narrador explica o motivo específi co da d a huma nida de . A palm ra /w:o11 se origina

493
3:3 COl\ IE TÁRIO BÍBLICO ADVE t TI TA

de um ve rbo que s ig nifica "perceber com inte lec tua is de Israel havia m , na é poca,
' isão interior", enqua nto mar'ah de riva de um a tingido um ponto muito baixo.
,·e rbo que significa "ver visualmente". Ambas 3. Antes que a lâmpada . O ca ndelabro
são usadas el e maneira inte rca mbiável com de ouro com sete lâ mpadas, colocado no lado
lwlom, "sonho". A pa la, ra mar'ah ocorre mui - sul do luga r sa nto, nunca deveria ser apa-
tas ve7es nos primeiros livros da Bíblia para gado (ver com. de Êx 27:20, 2 1). As lâ mpadas
re presenta r me nsagens de Deus pa ra as pes- e ra m preenc hidas com o me lho r azeite de
soas, seja e m sonhos ou mediante visitas pes- o liva, símbolo do Espírito a nto, e o su mo
soa is de me nsageiros do C é u. Qua ndo Jacó sacerdote regulava as lâ m padas de man hã e
começou sua viagem pa ra o Egito (Gn 46:2), à no ite, qua ndo colocava o incenso sobre o
De us lhe fa lou "em' isões [marah]. de noite". a lta r e m rre nte ao véu q ue sepa rava o lugar
Jacó se sentiu na presença divina, e a reve- sa nto do santíssimo (, er com. de Êx 30:7, 8).
lação foi tão rea l como a que Abraão rece- Assim como o brilho dessas lâ mpadas ilu-
be u qua ndo três a njos o visita ra m a mes da m inava na escurid ão da no ite, Cristo é a
des truição de od oma (Gn 18:2-22). Esse lut que dá cla ridade a este mundo escuro,
mesmo tipo de revelação di vina é ta mbé m derrama ndo sempre a glória de c u amor e
c ha mado de "sonho", /)(1/onl , como qu ando sacrifício nas trevas do coração humano (ver
De us advertiu Abime leque a respeito da Jo I:4, 5, 9).
~ mulhe r de A braão (C n 20 :3- 13). a oca- Assi m co mo o ca nde labro ilumina\'a o
sião da revolta de Arão e l\liriã, De us d isse: santuá rio da a ntigu idade, o Espírito a nto
" e e ntre vós há profe ta, Eu, o Se II OR, e m provê iluminação espiritual às pessoas, para
'isão [marah] a ele, l\l e faço conhecer ou que possa m adquirir percepção mais cla ra do
falo com ele e m sonhos [halom]" ( lm 12:6). plano de sa lvação. Sem a luz interior que ilu -
Da nie l usou com frequê nc ia as três mi na a mente, a luz litera l te ria po uco va lor.
pa lavras. Qua ndo rela tou a visão das qua- A letra do ritual do sa ntuário nada signifi-
tro bestas, usou a pa lav ra hazon (Dn 7: I. 2, ca ria se o Espírito não estivesse a li (ver ls
7, 13, 15) pa ra desc rever o sonho; e mpregou 1:11 , 13, 15, 16). Em bora ta nto os líderes
halam ( Dn 7: I) qua ndo acontecimentos futu - quanto o povo estivessem seguindo o ca mi-
ros fora m re presentados de ma neira simbó- nho das nações idólat ras ao redor, havia algu-
lica. Também usou o termo ha:::on , de Daniel mas pessoas humildes, como Elcana e sua
8: 1. Poré m , qu a ndo Daniel ficou pe rturbado fa m ília, q ue preservava m a tão necessária
qua nto ao signi ficado da visão, desceu pela visão espiritua l.
marge m elo rio, onde o a njo Gabriel apa receu 8. Era o SENHOR quem c hamava.
a e le com a seguinte orde m: "dá a e nte nde r Qua ndo a muei foi a Eli pela terceira vez, o
a este a visão [marah]". l\ las Gabrie l, depois idoso sacerdote com preendeu que era Deus
de fortalecer o profe ta, disse-lhe: "Ente nde, q ue m fa lava. O fato de De us o passar po r
filho do home m , pois esta visão [ha:::on] se a lto pa ra se co munica r co m um mero jovem
refe re ao te mpo do fim" (Dn 8: 16, 17). poderia facilme nte te r despe rtado "ciúmes
A impressão que o visita nte celestial dei- profi ssiona is" e m seu coração. No entanto,
xou e m Sa muel foi tão rea l. que ele se referiu recorda ndo a mensagem que tinha recebido
a ela e m I amuei 3: 15 como uma mar'ah. do homem de De us a nos atrás, E li pode te r
Porta nto, a decla ração do v. I não sugere conc luído q ue a me nsagem e ra pa ra e le e
que o e nho r não esth esse d isposto a guia r ta m bém raciocinado q ue o Senho r deveria
e u povo. O fato, poré m, é ressa ltado pa ra lhe te r revelado d ireta me nte. É ad mirável
mostra r q ue as p e rcepções espi rituais e a honest idade de Eli no tra to com Samuel

49 4
I SAMUEL 3:11

nessas condições. Compreendendo, tahe7 11. Vou fazer. amuei \ iveu durante
pela primeira ve7, que Deus esla\a prepa- anos num ambiente ruim e não podia de i-
rando outro para ocupar sua posição, não xar de notar a diferença entre as instruções
se ntiu rancor: pelo contrário, fez o que dadas nos ro los da lei e a vida dos jovens
est ava a seu a lcance a fim de preparar sacerdotes com quem traba lhava. e lhes
amuei para sua importante missão, dando ti\esse feito qualquer indagação, só teria
ao jovem o melhor conse lho. amuei foi ins- recebido repreensões iradas . eus pais não
truído a se considerar um servo do en hor, estava m presentes para aconselhá- lo, c e le
pronto para ouvir o conselho di\ ino e fazer hesitava mesmo em recorrer a E li. Enquanto
ua \ ontade. I lá grandes I ições na e.\ periên- esse assunto lhe passava pela mente, pode
cia de Eli para os que temem não receber a ter-lhe ocorrido a mesma pergunta que passa
honra devida à sua posição e que as mãos de pela cabeça dos jovens piedosos de hoje: se
ou tros substituam as suas nas tarefas rela- a Palavra de Deus estabelece certos princí-
cionadas ao cargo. pios para reali7ar a obra divina, e os líderes,
I O. Veio o SENHOR. Já que era uma além de falhar em seguir essas instruções,
expcncnc ia nova para o jovem amu e i, são culpados de erros graves de conduta, por
o en hor, em Sua graça, manifestou Sua que o Senhor permite que continuem minis-
presença de a lguma forma precisa cujos trando em seu ofício santo?
detalhes não são explicados. Antes que a r\ semente plantada não rende imediata-
primeira palavra fosse pronunciada, ta nto mente uma colheita, porque é preciso tempo
o idoso sacerdote como seu jovem auxi liar para o fruto chegar à maturidade. O pro-
tiveram ampla evidência da presença de um cesso do desenvolvimento do caráter requer
poder sobrenatural e, como filhos instruí- tempo- um tempo de graça. Esse foi o caso
dos por seus pais, ambos foram induzidos de ll ofn i e Fineias; e o mesmo ocorre hoje.
pelo Espírito anlo a uma at itude disposta Chega o dia em que Deus rcdut a nada os
a escutar e obedecer. que desafiam eus estatutos ( I 11 9:118).
Isso não teria acontecido se a palavra do t\ssim como Cristo permitiu que Judas
en h or viesse a um homem como ll ofni . ocupasse uma posição na qual tivesse a opor-
Por exemplo , como foi diferente a reação tunidade de obter sucesso, também deixou
à repreensão divina por parte de Sau l e de que H ofni e seu irmão fossem colocados
Davi! au I estava c heio de críticas, des- num cargo em que, confiando nEle, pudes-
cu lpas e autojust ificação (I m 15: 16-31): sem se tornar ministros aceitáveis da a liança.
Davi, por sua vez. graças aos muitos anos Porém, da mesma forma que Judas, os filhos
de entrega ao e nh or, não de u desculpas de E li não se renderam à orientação divina.
para seu pecado: sua única busca foi por Ao permitir que o eu reinasse com supre-

* um coração limpo e um espírito reto (2 m


12: 1-14 ; cf. S ISl : lO ; 103: 12).
Pode-se, muito bem, fa;er a seguinte per-
macia, impediram que Deus lhes conferisse
a preparação necessária. O Sen hor sabia o
que aconteceria se continuassem naquele
gunta: por que o enhor não falou direta- rumo perverso e, com amor e longanimi-
mente com E li? E le parecia ser um homem d ade, lhes adverti u de qual seria o resultado.
sincero e humilde, que desejava a paL e a jus- o e ntanto, tal como Judas, escolheram o
tiça acima de tudo. Por que, e ntão, envolver próprio caminho, tão só para compreender,
amuei? En tretanto, Deus já não se comu- por fim, a verdade expressa por Paulo sécu los
nicava mais com Eli, nem com seus f'ilhos mais tarde: "O que semeia para a sua própria
(PP, 581 ). carne da carne colherá corrupção" (C I 6:8).

-+95
3:15 COl\ IENTÁR IO BÍBLICO ADVE1 T ISTA

Em sua experiê ncia pessoa l, amuei compro- e ra por quanto tempo o Senhor havia espe-
' ou a admoestação de Pau lo: '' E não nos ca n - rado por um jove m a quem pudesse e ncher
semos, de fazer o bem; porque a seu te mpo plenamente com e u Espírito e comissioná-
ceifaremos, se não desfalecermos" (G I 6:9). lo com a lidera nça de ua obra na Terra.
15. Porém temi a . este mundo de Quando au l fracassou, não foi substi-
pecado, nunca é fácil ser porta-\ oz do e nhor. tuído imediatamente. Por , ·á rios anos, ainda
L:lias arriscou a' ida quando advertiu Acabe teve a oportunidade de mudar de opinião e de
da fome iminente, mas foi deste mido em sua se en tregar à orie ntação de um Pai amoroso.
obediência, e Deus Se responsabi li ;ou pelas Porém, a intolerância e a crítica logo deram
consequências. Sam uel era jo\'em ainda c lugar à rebelião contra a lide rança di' ina,
precisou aprender nessa fase da ' ida a não ter enquanto o orgu lho e a autojustificação o
medo dos homens. assim como Jesus. ainda destituíam de' irtude espiritual. No entanto,
quando era um menino de apenas 12 anos , durante os anos da pro,·a de aul , Da' i foi
não temeu e nfre nta r os Iíderes ele Sua época. convidado a se assentar aos pés do Rei dos
19. O SENHOR era com ele. O sol de reis, em preparação para assumir as respon-
E li estava prestes a se pôr, mas o de Samuel sa bilidades da liderança de Israe l.
já nascia. Cristo sofreu as angústias da sepa- Nenhuma de todas as suas palavras.
ração do Pai (\'er DTt . 685, 686. 753. 756), Natura lmente amuei tinha muito a apren-
mas Deus nunca conduLiu Seu povo pela total der. mas, desde cedo. foi educado na escola
escuridão que representa a separação dEle. da obed iência ao chamado de Deus. Deve
a cru;., Cristo sentia-Se so7 inho em Sua ter sido uma alegria para o Senhor encon-
missão: no enta nto, o Pai estava al i sofrendo trar um rapa; que almejava o privilégio de
com Ele. Talvez Sam ue l tivesse a impres- aprender ~eus caminhos e estm·a determi-
são, depois de anos observando o pecado a nado a obedecer-Lhe a qualquer custo. Não
seu redor, de que Deus fechava os olhos ao é de admirar que o pO\O o tenha ace itado
mal, o u que tinha mudado eu plano para como profeta quando ainda era pouco mais
a humanidade. O que ele não sabia, porém, que uma criança.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-21 - PP, 581-583 9- an. 12 15-18 - PP, 582


1-4 - T3, 472 I J - Tl\ 1, 4 10 18- HR , 185: TI. 11 9 ;
1-6 - PP, 58 1 11 - 14 - II R, 185 T4, 200
7- PP, 582 13. H - TI, 119, 21 7; T2, 624 19- CPPE, 143
8- 14 - PP, 581 14 - T I. 190 19. 20 - PP. 590

496
1 SAI\ JUEL -+:J

CAPÍTULO 4
Os israelitas são derrotados pelos filisteus e·m Ebenézer. 3 Eles mandam buscar a
arca para inspirar ten·or nos filisteus. 1O São vencidos mais uma vez, e a arca é levada;
Hofni e Fineias morrem. 12 Ao saber da notícia, E li cai de costas e quebra o pescoço.
19 A mulher de Fil1eias morre, desencorajada, enquanto dá à luz lcabô.

Veio a pa lm ra de Samuc l a todo o Israel. l i Foi tomada a a rca de De us, e mo rtos os


lsrael saiu à peleja contra os filistc us e se acam· dois filh os de E li , llo fn i e Fineias.
pou junto a Ebe nézer; c os fili stc us se aca mpa ram 12 E ntão. corre u um ho mem de Be njam im,
junto a Afeca. saído das fileiras, e, no mesmo d ia, chegou a Siló;
2 Dispuseram-se os filistc us e m orde m de bata· trazia rasgad as as vestes e te rra sobre a cabeça.
lha, pa ra sair de encontro a Israel; e, trm·ada a peleja, 13 Qua ndo c hegou, E li estm·a assentado numa
Israel foi de rrotado pelos rilistc us; c estes mata ram. cadeira, ao pé do caminho, olha ndo como q ue m
no campo abe rto, cerca de quatro mil homens. espera, porque o seu coração estm a tremendo pela
3 Voltando o pO\o ao a rra ia l, disseram os a n· a rca de De us. De pois de e ntrar o homem na cidade
c iãos d e Israel: Por que nos fe riu o SL."JJOR, hoje, c da r as novas, toda a c idade prorrompeu e m gritos.
dia nte d os filiste us? Traga mos de Siló a a rca d a 14 E li , ouvindo os gritos, pe rgumou : Que a l-
A lia nça do SE~ JJ OR , pa ra que ' e nha no me io de voroço é esse? Então , se a pressou o hom em c,
nós e nos Ih re das mãos de nossos inimigos. vindo, de u as notíc ias a E li.
4 t-.la ndou, pois, o pO\O tra1e r de iló a a rca 15 Era Eli d a idade de nol'enta e oito anos;
d o SE '\JJOR dos Exérc itos, e ntro ni7ado e ntre os os seus o lhos tinha m cegado, e já não podia ' cr.
que rubins; os dois filhos d e E li, llo f ni e Fine ias. 16 Disse o home m a Eli: Cu sou o que saí d as
estava m a li com a a rca d a Aliança de De us. file iras e de las fu gi hoje mesmo. Pe rguntou-lhe
5 Sucede u que, 'indo a arca d a Alia nça do Eli: Que sucede u, me u filho?
sc~ J lOR ao ar ra ial, rompe u todo o Israel em gra n· 17 Então, res ponde u o que tratia as nO\ as c
eles brados, e ressoou a terra. disse: Is rael fugiu de dia nte dos fili steus, hoU\ c
6 O uvi ndo os fili ste us a \ OZ d o j(J bilo, di s· gra nde morti cínio entre o povo. e també n1 os ~
se ra m : Que vot de gra nde júbilo é esta no ar· te us dois filhos, ll of ni e Fine ias, fora m mortos,
ra ia ! dos he brc us? Então, soube ra m q ue a arca e a a rca de De us fo i tomada.
do SE~ JJ O R e ra ' inda ao a rra ia l. 18 Ao fa7er ele menção ela a rca de De us, ca iu
7 E se atcmorita ra m os filistc us e disseram: Eli da cad eira para trás, junto ao portão, e que-
Os de uses vie ra m ao a rra ia l. E di1ia m ma is: A i brou-~e- lh e o pescoço, e m orre u , porque e ra já
de nós! Que ta l ja ma is suced eu a ntes. homem' e lho e pesado; e ha' ia e le julgado a Israel
8 A i de nós! Quem nos fi, rará d as mãos eles· qua re nta anos.
tes grandiosos de uses? São os de uses que fe rira m 19 Esta ndo sua nora, a mulhe r ele Finc ias,
aos egípc ios com tod a sorte de pragas no deserto. grávida , e próx imo o pa rto, ouvindo estas novas,
9 Sede fortes, 6 fili ste us! Po rta i·I'OS \aro nil· ele q ue a a rca d e De us fo ra tomad a e d e q ue seu
m e nte. pa ra que não ' e nha is a ser esc ra \ OS dos sog ro c seu marido morrera m , e nc un ou-se e de u
hc bre us, como eles servira m a \ ÓS outros! Porta i· à lut ; po rqua nto as do res lhe sobrevie ra m .
vos va ro nilme nte e peleja i! 20 Ao e xpira r, disseram as mulhe res q ue a
\0 Então, pelejara m os fili stc us; Israel foi de r· assistia m : l ão te mas, pois ti' este um filho. C la,
rotado, e cada um fugiu pa ra a sua te nda; foi gra n· poré m , não responde u , nem fc7 caso d isso.
d e a de rrota. pois foram mortos de Israel trinta 21 i\ las c ha mou ao me n ino lcabô, di7cndo:
m i I hom e ns de pé. Fo i-se a g ló ria de Israel. Isto ela d isse. porque

497
-1:1 COME lTÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

a arca de Deus fora tomada e por causa de seu 22 E falou mais: Foi-se a glória de Israel, pois
sogro e de seu marido. foi tomada a arca de Deus.

1. A palavra de Samuel. A maioria ficava em Siló, naturalmente enviaram seu


dos comentar istas concorda que a primeira exérc ito para lá.
frase do v. I pertence ao último versículo do Junto a Afeca. Afeca, "fortale7a'' ou
cap. 3, pois não foi Samuel quem aconselhou "cercado'·, se origina de um verbo que signi-
Israel a guerrear contra os filiste us. Uma vez fica "forçar", "compelir". "segurar". A cidade
que e le só é mencionado novamente depois foi identificada com Antípatris, vi la na pla-
que a arca havia permanecido em Quiriate- n ície de Sarom, cerca de 18 km a nordeste
Jearim durante muitos anos, pode ser que os de Jope. Estaria a menos de -+O km de Siló,
príncipes de Israel houvessem se recusado de onde a arca foi carregada até o campo
a consu lta r o profeta recém-reconhecido de batalha (lSm -+:10, 11 ). Com a exce-
( I m 7:3). O profeta de Deus nunca teria ção de Antípatris, não se conhece nenhum
aconsel hado a retirada da arca de iló (ver lugar definido que possa ser iden tificado
com. do v. 3). Os que rejeitaram, no e ntanto, com Afeca. Na tribo de A ser (Js I 9:30, 31 ),
a instrução do enhor a respeito da adora- Afeca ficava muito ao norte para ser levada
ção que deveria ser prestada a Ele passaram em conta. Considerando que Afeca signi-
a olhar para a arca com temor supersticioso fica "forta leza", o nome poderia ser aplicado
e a considerá-la um talismã cujas qualidades a diversos lugares fortificados, quer de fo rma
mágicas garantiriam todo tipo de bênçãos. permanente ou temporária.
Todo o Israel, porém, reconhecia a dife- 2. Israel foi derrotado. Em várias oca-
rença en tre Samuel e os filhos de Eli, e os siões anteriores, Deus orientou os exércitos
que tinham v isão espiritua l procuravam o de Israel a sair em batalha contra seus inimi-
novo profeta para obter conselho e auxílio. gos e, quando o fizeram em resposta à ordem
abiam de sua profecia contra Eli e sua casa, divina, a vitória foi garan tida. Desta ve7,
e estavam convencidos de que Samue l tinha porém, as circunstâncias eram diferentes.
sido chamado pelo enhor. Quando os líde- O fato de eles terem le,·ado a arca da aliança
res erram, a vida moral do povo decai. !\las para a bata lha (v. 3) e de os filisteus conse-
sempre há uns poucos que não se desviam guirem tomá-la é evidência de que o povo
do caminho da justiça por causa da conduta de Israel, motivado por uma falsa confiança
de seus superiores. na própria força, havia tomado a iniciativa
Os filisteus. O livro dos Juízes declara elo ataq ue, na expectativa de uma vitória
que Israe l foi oprim ido pelos filisteus por fácil. Eles saíram para guerrear não com fé
-+0 anos (Jz 13:1), tempo durante o qual e humilde confiança no enhor, mas com
Sansão exerceu a f unção de juiz por 20 anos orgu lho na própria astúcia e em eu poder.
{]7 15:20; 16:31). A atuação de Eli como juiz Quando Deus esta\ a com eles, nenhum ini-
segu iu à de Sansào ou ocorreu na mesma migo era páreo; quando não estava, a der-
época. Eli foi juiz por 40 anos OSm 4:18). rota era certa.
Quando enve lheceu ta mo que perdeu o con- 3. Por que [...]?Quando os povos politeís-
trole dos assuntos públicos, ta lvez os filisteus tas do anLigo Oriente Próximo sofriam reve- $
ten ham pensado que havia chegado o tempo ses, geralmente chegavam à conclusão de
de garantir o domínio da parte montanhosa que seus deuses estavam irados com eles e
do país. Cientes de que a sede do governo que precisavam se esforçar para aplacá-los.

-+98
~..J ~~~ • Siló
TOMADA E DEVOLUÇÃO
DA ARCA PELOS FTUSTEUS
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( I Sm +-6)
F=Filisteus H=Hebreus
5 10 15 km
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Do tabernáculo de Siló a arca é lc,ada para o acampamen to tlc bracl. em I hcnén~ r; é capturada pelo, fil1stcus c lc,ada até Asdode, posshclmc ntc passando por
Bcte-ll orom c pelo \a le Ót! AljJ iom Dcpoi; de sete meses de calamidades sobrc\lndas a vár ias cidades filistc1as . J arca retoma de Ecrom para Israel Colocada em um
carro novo com ofertas \Oll\i.ls , ela é puxada por vacas a té Bctc-'-.emcs De' 1do .1 uma praga sob rt!\'lnÓa aos ISrac luas tia localitladc por causa tlc sua irrcH•rê nCI.l, a .1rca e
transl'crida par.1 Qui ri atc-Jcarim, onde é dei\atla na casa tlc t\bin.tdabc 4-u
-L / COI\1E t TÁR IO BÍ BLICOADVE T ISTA

a fim d e e vita r a flições piores no futuro. exé rcito de Israel e m Ebené7er, ao e n frenta r
Consid era nd o a deter ioração d a condição o desastre apega ndo-se aos fruLOs da própria
re lig iosa de Israel naquela é poca, não é de imaginação, excla mou que a vitória estava
admira r que os is raelita s te n ha m de mons- assegurada. O info rtúnio ou o bem-estar dos
trado uma atitude bem pa rec ida e m re lação grupos orga nizados da soc iedade, seja m polí-
ao Senho r (ver PP, 58 4). É prováve l que vitó- ticos ou re ligiosos, é, em gra nde parte, deter-
ri as passadas dura nte o te mpo d a lidera nça min ado pe la atitude e conduta dos líderes.
de Eli como juiz le\'a ra m a um sentimento de Todavia, os indi' íduos pode m de termi-
autoconfi ança que os cegou para sua necessi- nar o próp rio destino espiritua l inde penden-
dade de De us. Uma ve7 que os líderes \O iun - te me nte d o g rupo. luito e m bora Sa muel
ta ria mente aba ndonara m a Deus pa ra busca r te nha expe rime ntado a humi lhação que
os d e uses das nações a seu redor, o Senhor sobreveio a Israel e m resultado da insensa-
pe rmitiu que colhessem a própria semente tez domina nte. isso não impediu que Deus o
q ue pla nta ra m. Em "ez de humilha r o cora- aceitasse pessoa lme nte. os dias d e /\cabe,
ção pe ra nte Deus, de ra m ev idê ncias de sua qua ndo os líde res se vo lta ra m pa ra Baal,
atitude supe rstic iosa em relação a Ele ao con- Elias ac hou q ue e ra o ú nico a reco nhecer e
sidera r a a rca um me ro ta lis mã q ue ga ra n- servir ao Deus vivo. No enta nto, o Senhor lhe
tia o sucesso. informou que havia milhares e m Is rae l que
e m recebe r ne nhum conselho do Cé u, tinha m escolhido o ca minho certo, assim
os pr ínc ipes s ugerira m a lgo nunca antes pen- como e le. O s três a nos ele seca e m Israe l não
sad o, e o povo concordou. Estavam a poucos muda ra m sua fé e m De us, ne m a lea ldade
quilômetros d o sa ntuá rio, c pe nsava m que, que nEle de positava m.
se a a rca esti vesse no me io de les, a 'itória 7. O s de uses viera m. O s fili s teus, que
seri a certa. Esse prec ioso s ímbolo d a pre- ad orava m muitos de uses, reconheciam cla-
sença ele De us fo i coberto co m sua capa ele ra me nte a dife re nça en t re o D e us de Israel
tec ido, e os lev itas e nca rregados ti ra ra m a e s uas div indad es. E mbo ra a pa lavra pa ra
arca de seu lugar, após o véu (N m -+: 5, 6). De us no v. 7 esteja no p lural, 'Eiohilll, o
Cons ide ra ndo as ações passadas dos filhos verbo se encontra no sing ula r. i\ las, no ' · 8,
de Eli, não causa surpresa o fa to ele hm·e- o \ Crbo está no plu ra l - um c la ro con traste
re m esquec ido toda reve rê ncia e de perco rre- e nt re o De us verdadeiro e os de uses do tem-
re m apressad os os poucos quil ômetros que os pl o de Asdode.
sepa rava m do exérc ito, espe ra ndo q ue uma 8 . Des tes gra ndioso s de uses. A pala-
ma ta nça ma ior pudesse ser ev itada. vra pa ra "gra ndiosos" é 'addiri111 , "majestosos",
Contudo, a a rca era o símbo lo d a pre- que de ixa s ubente ndida a ide ia adiciona l d a
sença de De us e , já que os líderes hav ia m nobreza do poder de Deus, q ue fora reconhe-
reje itado a orie ntação di\ ina, o Senhor não cida pe los fili ste us qu a ndo soubera m como
podi a co loca r Sua mão prote tora sobre e les o Senhor havia tra tad o as di versas nações
pa ra o be m. Se os líde res tivessem se humi- e os po, os do passado. Q uase a po nto de
lhado e se afa tado de seus ca minhos peca- desistir, e m desespe ro, reu nira m a coragem ,
minosos, teria m sido g uiados pelo profe ta, com implacável de te rmin ação, de resis tir a té
com o e m a nos poste rio res. los dia s d e a morte ao destino de ser esc rav i ~:ados por
C ri sto, as mu lt idões seguira m cega me nte aque les que, poucos a nos a ntes, haviam sido
a lide ra nça de seus sacerdotes, c la ma ndo: dom inados por e les.
"'Caia sobre nós o eu sa ng ue e sobre nossos 11. Foi tomada a a rca de D e us. Em
filho~ .. (1\ lt 27:25). De ma ne ira semelha nte, o re lação a este acontec ime nto, o sal mista

500
AI\ IUEL 4:22

di7: "Abandonou o tabernáculo de iló [... ] O fato de Jerusa lém Ler sido csva1iada por
passou a arca da ua força ao cati\eiro, e a Nabucodonosor não impediu que Daniel
Sua glória, à mão do ad\ ersário [... ] Os Seus c seus am igos \ i\essem tão perto de Deus
sacerdotes caíram à espada'" ( I 78:60-64). a ponto de lc\ ar as boas-no\ as a muitos
Embora as perspecti\aS de\ itória de Israe l de seus captores. t\ lu1 brilha com intensi-
fossem superiores às do inimigo, e cem- dade a inda maior na noite mais escura; c.
quanto o po\O tenha saído para a batalha com frequência, os melhores caracteres se
confiante na \ itória. a der rota foi tão com- desemoh em no meio dos piores ambientes
pleta que todos os sobre\ i\ entes fugiram, possí\ eis. O Senhor tem poder para transfor-
não para o arraial, como no\, 3, mas ""para mar momentos de tremenda humilhação em
a sua tenda"". A pala\ ra para Lenda é 'ohel, perfodos de gloriosa oportunidade. não só para
que significa "morada'", ""habitação··. c comu- Israel. mas também para todJ a humanidade.
nica a icleia de que a derrota foi tão gra nde 22. Foi-se a glória. A palavra "lcabô""
que cada homem precisou mudar de rumo \em de duas pala-.,ras heb., 'i e lw/Jod, que
para a própria segurança, indo para casa o significam. literalmente. "não glorioso""
mais rápido possÍ\ cl. ou " inglório". Foi definida pela esposa de
Hofni e Fineias. egundo ]osefo. a esse Fineias: "Foi-se a glória [litera lmen te, "foi
ponto, Eli Linha renunciado ao sumo sacer- para o exílio'] de Israel". O capítu lo ter-
dócio em fmor de Fineias. ~las. quando a mina com a descrição de uma jO\ em muI her
arca foi tirada de iló, ele teria adve rlido que, embora casada com um sumo sacer-
!.. seus filhos de que ··se pretendiam sobre\ i- dote ímpio e egoísta, não participa\'<! de sua
\Cr à retirada da arca. nunca mais deveridm n<nure;a. ua preocupação com a morte do
aparecer diante dele"" (A11 ti~uidades, v.ll.2). esposo e do sogro era uma C\ idência da afei-
e os dois jo\·ens h oU\ esscm sido tão zeloso!-. ção natural que nutria por eles; mas sua preo-
em seguir a orientação do cnhor no passado cupação muito maior pela perda da arca foi
como o foram para defender o símbolo m<ltc- uma demonstração de sua piedosa consagra-
rial da presença di\ ina diante do inimigo. <1 ção a Deus c às coisas santas. :'-Jem mesmo
história posterior de Israe l poderia ter s1do os fa lec imen tos ocorridos em sua família a
muito diferente. Hecusaram a orientação de incomodaram tanto quanto a perda da arca.
Deus \ CI após \C/ e, nesta ocasião. foram Pouco consolo lhe proporcionou o fato de dar
le\·ados a compreender que até mesmo a pró- ~~ lu; uma criança ern Israel, em Si ló, quando
pria \ida depende de uma cntreg<~ plena ao a arca estava em poder dos filisteus . l:.la \i\ ia
enhor. No entanto, aprenderam essa lição em tempos de corrupção e era casada com
tarde demais. um homem profano; contudo, mante\ e-sc
15. Noventa e oito. A LXX tm1 plenamente fiel. li a\ cria coragem maior em
"nO\enta" (\ er com. de ISm 2:22 ). tempos de perple,idade nacional?
17. Israel fugiu. Quão diferente ter ia A presenç<~ de Deus sempre de\ e !>e r con-
sido a his tória de Israel se tão somente siderada a maior bênção. Já a perda de ua
seus líderes hoU\ essem buscado a face de presença e de cu poder controlador sobre
Deu s. o entanto, apesa r de líderes egoís- o mal deveria ser temida como a mais terrí-
tas procurarem a própria glória em \C7 de a \el ca lamidade. 1\ s condições da vida só per-
di' i na e assim abrirem caminho para a der- dem a esperança quando, corno no caso de
rota , o enhor não fecha os ouv idos ao c la- Judas, a pessoa se recusa deliberaclamellle a
mor de qualquer um que O procura com fé. ser condlllida pelo Espírito ~anto.

501
1:1 CO!\! E TÁRIO BÍBLICO AO E TI TA

COM ENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-22- PP, 583-585; 3- 11 - I IR, 186 12-22- li R, 187; PP, 185


PR, 4 15, 416 9- T5, 584 17, 18- T4, 166, 200, 516
1-9- PP, 583 10, li - PP, 514, 583, 591; 18-TI, 119
1. 2- li R, 185 T I, 11 9

CAPÍTULO 5
Osfilisteus leva m a arca para Asdode e a colocam na casa de Dago m. 3 A estátua
de Dago rn cai e se parte em. pedaços; os habitantes de Asdode são feridos de tumores.
8 O m.esmo ocorre com os habitantes de Cate e 10 Ecrom, quan do a arca
é levada ·para essas cidades.

I Os filisteus tomaram a arca de Deus e a le- 8 Pelo que enviaram mensagei ros, e congre-
' aram de Lbené;er a hdode. garam a si todos os prínctpcs do!. filisteus, c dis-
2 ']ornaram os filistcus a arca de Deus e a me- seram: Que faremos da arca do Deus de Is rael?
teram na casa de Dagom, junto a este. Hesponderam: eja levada a arca do Deus de
3 Levantando-se. porém, de madrugada os Israel até Cate e, depois, de cidade em cidade.
de t\ sdode. no dia seguinte, eis que esta\ a cafdo E a lc\ aram até Cate.
Dagom com o rosto em terra, diante da arca 9 Depois de a terem lei a do, a mão do c:-. li OR
do L' li O R; tomaram-no e tornaram a pô-lo no foi contra aquela cidade. com mui grande terror;
seu lugd r. po1s feriu os homens daquela c1dade, desde o pe-
4 Le' dntando-se de madrugada no dia se- queno até ao grande: e lhes nasceram tumores.
Ç guinte, pela manhã, eis que Dagom ja;ia caído I O f:.ntão, enviaram a arca de Deus a Ecrom .
de bruços diante da arca do C'\IIOR: a cabeça de uccdcu. porém. que, em hí c hegando, os ecro-
Dagom e as duas mãos esta\ am cortadas sobre o nitas e\clamaram, di7cndo. Transportaram até
limiar: dele ficara apenas o tronco. nós a arca do Deus de Israel, para nos matarem.
5 Por isso, os sacerdotes de Dagom c todos a nós e ao nosso povo.
os que entram no seu templo não lhe pisam o li- li Cntão, enviaram mensageiros, e congrega-
miar em Asdode, até ao dia ele hoje. ram a todos os prfncipes dos filistcus, c disseram:
6 Porém a mão do C'\I II OR castigou duramen- De\ohci a arca do Deus de Israel. c torne para o
te os de Asdode, c os assolou. e os feriu de tu- eu lugar, para que não mate nem a nós nem ao
mores, tanto em t\sdodc como no seu tcrntório. nosso po' o. Porque ha' ia terror de morte em toda
7 Vendo os homens de Asdode que assim era, a cidade, c a mão de Deus castigara duramente a li.
di!.seram : 'ão fique conosco a arca do Deus de 12 Os homens que não morriam eram atingi-
Israel; pois a ua mão é dura sobre nós c sobre dos com os tumores; e o c lamor da cidade subiu
Dagom, nosso deus. até ao céu.

I. Os filisteus . Deus não só permi- t ambém o perseguissem na direção nordes-


tiu que os fi li steus derrotas em o po' o de te até iló (\er 178:60-64; Jr 7:12; 26:6, 9).
Israel em Ebené;cr, mas provavelmente q u e Os filis teus deixaram parte de seu exército

502
I A IUEL 5:8

p<:~ra g ua rd ar os espólio!. que tomaram de o deus tinha forma humana da cintura para
Israel, pois foi do acampamen to ad\ersário cima c forma de pei\c da cin tura para bai\O.
(I m 5: I) que tinham começado a\ iagem I a obra I ÍIU! t 'eh, de Layard, há uma descri-
de \ Oita às cidades da planície. I lá C\ idên- ção de um bai\o rele\O de Khorsabad que
cias arqueológicas de que iló foi destruí- represema uma batalha entre os assírios e os
da em torno dessa época. De todo modo, habitantes do litora l da Síria. O relevo mos-
acredita- e que os sen iços do tabermículo tra uma figura cuja metade superior é um
foram in terrom pidos quando a arca foi to- homem de barba, e um peixe na metade infe-
mada (\e r PP, 609). rior. Outros pensam que o nome "Dagom'' ~
Que responsabilidade tremenda recaiu der i\ a de dagmz, que quer di7er "cereal"";
sobre os ombros do jO\ em amue i quando nesse caso, a divindade dos fi! isteus era um
E li morreu e a arca, o cerne do sen iço de deus dos cereais que repre entm·a fertilidade.
adoração, se encon trava nas mãos do ini- O fato de ser metade homem c metade pei\e
migo! Depois do retorno da arca, sete não significa necessar iamente que era um
meses mais tarde, certamente de\ e ter sido deus do mar.
pesada a ta refa de Samuel. Ele viajava de 3. Caído. Prostrado, com o rosto em
um lugar para o outro, a fim de encorajar o terra , corno se esti\ esse fazendo uma súplica.
povo e impedir o colapso da\ ida religiosa da 4. A cabeça. a segunda manhã, além
nação que, durante séculos, tinh a e acos- de Dagom es tar caído mais uma vez, a
tumado a pensar em iló como o centro de cabeça e as mãos do deus estm·am separa-
sua \ida nacional. O fato de que o Senhor das do corpo e jogada no limiar do templo,
"nenhuma de todas as suas palavras dei- lugar por onde de\ iam passar todos os que
xou ca ir em te rra" ( I m 3: 19) indica que o cntrm·a m. Pri\·ado elos emblemas da ra?ão c
po\·o o reconheceu como o sucessor lógico da ação, jazia a li em sua verdadeira natureza.
de Eli, embora 20 a nos ten ham se passado um mero toco disforme.
até amuei ser formalmente imesticlo com a 5. O limiar. Os sacerdotes não pisavam
autoridade dejui7 (I rn 7: 1-15; \Cr PP, 590: no limiar; em \ezdisso. o pulmam. Tahez por
T-t, 517, 518). i!>so ofonias escreveu: "Castigarei naquele
2. Casa de Dagom. Um dos templos dia todo aquele que sa lta sobre o limiar" ( r
mais importantes dos filisteus, pois Dagom 1:9, CF).
era sua principal divindade. Os pagãos nunca 6. Tumores. O !:.intoma característico
consideraram que seus deuses c opunham a desta praga era um inchaço doloroso.
relacionar-se com outros deuses. c os filisteus 8. Que faremos [...]? A derrota de
de\ em te r se sentido contentes por honrar a Dagorn diante da arca pareceu criar um
di\ indade de Israe l junto com O!:. deuses que ressentimento conlra Deus e uma lea ldade
conheciam ha\'ia anos. Prova\ c imente colo- ainda maior a Dagom no coração dos senho-
caram a arca ao lado de Dagom e estm am res da Filístia. Ele ainda era o deus que lhes
planejando oferecer-lhe um grande acriffcio, de ra a vitória no campo de batalha, c eles
como ha\ iam feito anos antes quando ansão lhe ha\ iam prestado homenagem ao confiar
foi levado cativo (]7 16:23, 2-t). Gabaram -se a arca à sua proteção. Embora admiti ssem
de seu triunfo sobre o campeão de Israel e que Dagom le\·ara a pior num conflito pes-
mais uma \C/ e.- .ultariam pela suposta cap- soa l. ainda era o deus deles c se recusaram
tura do Deus de I rael. Alguns c ree m que a a se rend er à ideia de reconhecer a supre-
palavra traduzidd por"Dagom·· esteja ligada à macia do Criador de todas as coisa . Uma
palm ra heb. dag, que significa "peixe", e que epidemia açoitava a cidade. De acordo com

503
5: 10 COl\ lE TÁRIO BÍBLI CO ADVE TI TA

todo raciocínio pagão, isso era obra da divi n- prínc ipes fili steus ua habi lid ade de deter
dade supre ma, de que m provi nha ta nto o a epidemia que assolava a terra. O orgulho
bem como o mal. Porta nto, a única coisa que imped iu que escolhessem um curso de ação
podia m faze r era se livrar do símbolo ofen- d ife rente do que se livra r daquilo que, para
sor da presença de Deus. Contudo, o Senhor, eles, era a verdadeira fo nte de ofe nsa - o
q ue não fa7 acepção de pessoas, almejava pró prio objeto que Deus desejava usar como
que os fi li steus reconhecessem as dád ivas meio de sa lvação.
de ua providênc ia pa ra eles, o mesmo q ue 10. Os eeronitas excla maram. O ego-
esperava dos israe litas (ver PP, 587, 588). ísmo e a credulidade dos filiste us são ilus-
No e nta nto, convencidos contra a própria trados pelo fato de cada cidade, uma após
vo ntade, os filiste us mantive ra m a mesma a outra, envia r a arca à cidade vizinha.
opini ão. Ta l foi o caso do fa raó do êxodo, Finalmente, ela chegou a Ecrom, a que fi cava
mas não precisava ser assim. Nabucodonosor ma is ao norte de ntre as c inco princ ipais
não permitiu q ue o orgu lho o controlasse e, cidades de Fi lístia. O c la mor dessa cidade
depois de re pe tidas revelações do poder pro- demo nstrava indignação por ter sido Forçada
tetor de De us, c hegou ao ponto de deixa r a a a lgo sem seu consentime nto. A palav ra
idolatri a e ado ra r o Deus do Céu (Dn 4:2-t- tradu zida neste versículo por "exclamaram''
27, 3-t, 35). Assim como De us mostra ra ao se o rigina de =u'aq, "exclama r a la rmado",
Fa raó do êxodo Seu poder cont rolador sobre enqua nto no v. 12, o "clamor" da cidade vem
as pragas, nesta ocasião, de mo nstrou aos de hawe'ah, "um cla mor por ajuda''.

COMENTÁR IOS D E ELLEN G. WHITE

I -12- PP,586 1, -t - II R, 188

CAPÍTULO 6
1 Depois d e sete m eses, os f iliste us buscam conselho sobre CO JII O m andar a arca
de volta . 10 Eles a levam n u m ca rro novo, com uma oferta , para Be te-Se mes.
19 Pessoas são f e ridas por ollwr para de11 tro da arca. 21 1\lensageiros
vão a Q u iriate-J eariln para buscá- la.

Sete meses esteve a a rca do SL'd IOH na -1 Então, dissera m: Q ua l será a oferta
terra dos fil isteus. pe la cu lpa q ue Lhe hm e mos de apresenta r?
2 Estes c hamara m os sacerdotes e os aclh i- Responderam: egu ndo o n ú me ro dos prínci-
nhadores e lhes dissera m: Que fa re mos ela arca pes dos filisteus, c inco tumores de ouro e c inco
~ elo Li\ II O R? Fa;ei-nos sa ber como a clevoh e rc- ratos de ouro, porquanto a praga é uma c a mesma
mos pa ra o seu lugar. sobre todos ' ós c sobre todos os \OSsos príncipes.
3 Responde ra m e les: Q ua ndo e nvia rdes 5 Fa;ei umas im itações dos ' ossos tumores c
a arca do De us de Is rael. não a e n\'ie is \'azia, dos vossos ra tos, que andam dest ruindo a terra,
porém enviá-la-eis a seu Deus com uma oferta e da i glória ao Deus de Israel: ponent ura, a ih ia-
pe la cul pa; então, sereis cu rados e sabereis por rá a ua mão de ci ma de ,·ós, e do \ Osso deus, e
que a Sua mão se não lira de vós. da vossa te rra.

504
I SAl\ I UEL 6:2

6 Por que, pois, endureceríeis o coração. fenderam il madetra do carro c ofcrecer<~m as


como os egípcios c Faraó endureceram o cora- Htcas ao St 'IIIOH, em holocamto.
ção? Pon entura, depoi~ de os h a' crcm tratado I:; Os le' itas desceram a arca do <;L" lO R,
tão mal. não os deixaram ir. c eles não se foram? como também o co f rc que estil\ a junto a ela.
7 t\ gora, pois, fa.t:ei um carro no, o. toma i duas em que estm·am as obras de ouro, e os pu~eram
vacas com crias, sobre as quais não se pôs ainda sobre a grande pedra. \Jo mesmo dia. os homens
jugo, c atai-as ao carro; ~cus be1crros. lc' á-los- de Bete-Semes ofercccrJm holocaustos e tmola-
eis para casa. ram sacrifícios <lO St 'IIOR.
8 Então, tomai a arca do ' E,IIOR. c pondc-a 16 \ 'imm <~quilo os cinco prínLipcs dos filis-
sobre o carro, c metei num cofre, ao seu lado, as teus e ,·oltaram para [crom no mesmo dia.
l'iguras de ouro que lhe ha,cis de entregar como 17 ão estes, pois, os tumores de ouro que
oferta pela culp.1; e dei\Ji-a ir. em iaram o~ l'ilisteu!. ao '>l:\IIOB como oferta
9 Rcparai. se subir pelo caminho rumo do pel,t cu lpa por \sdodc, um: por Gala, outro:
seu território a Bctc-Scmcs, foi Ele que nos fc1 por ,\ squelom, ou tro: por Cate. outro: por
este grande mal: e. se não. ~aberemos que não I crom. outro:
foi a <,ua mão que nos fenu: foi casual o que nos 18 como também os ratos de ouro. segun-
sucedeu. do o número de todas a~ cidade~ dos filisteus,
IO \ ssim fiteram aqueles homens, e toma- pertencentes aos cinco príncipes. desde as cida-
ram duas vacas com crias, c as ataram ao carro. des fortes até às a ldeias campestres. ,\ grande
c os ~cus betcrros encerraram em casa. pedra. sobre <1 qual puseram a arca do SL ' l i OH,
li Puseram a arca do <-.L:\IIOR sobre o carro. cst,í até ao dia de hoje no campo de Josué. o
como também o cofre com os ratos de ouro e com bete-semita.
as imitações dos tumores. 19 Feriu o SEr- 11 on os homens de Betc-
12 t\s \'acas se encaminharam diretamente SL•mes. porque olharam p<~nt dentro da <trLa do
para Bete- emcs e. andando e berrando. segutdrn St "lO R, sim , feriu deles setenta homens: então,
sempre por esse mesmo C<tminho, sem sedes' ta- o pmo chorou. porquanto o SLr--IIOB fi1era tão
rem nem para a direita nem para a esquerda: os grande morticfnio entre eles.
príncipes dos filisteus foram atrás delas, até dO 20 Então. disseram os homens de Bcte-
território de Betc-Semes. Semes: Qut•m poderia estar perante o Sr" I OH,
I~ /\nela' amos de Bcte-Semes fa~endo a sega este Deus santo? L para quem subirá desde nós?
do trigo no 'ale c. levantando os olhos, 'iram J 21 Lm iaram, pois. mensageiros aos habtt<tn-
arca: c. vendo-a, se a legrarJm. tes de Quinate-Jearim. dt7cndo: Os filisteus de-
1-l O carro \eio ao campo de Josué. o bcte-st•- \ OI\ eram a arca do Sc,IIOR: descct. pois. e fa1ci-a

mitil, e parou ali. onde h:n ia uma grande pcdrJ: sub ir para \ÓS outros.

2. Os sacerdotes e os adivinhadores. extrema . os líderes dos fili teus recorreram


A arca ficou na terra dos filisteus durante a seus sábios. Esses "adi' inhadores" cstu- "iJ>
sete meses. Os habitantes d as três c idades, del\'am os fenômenos c presságios naturais .
Asdode, Gate c Ecrom (\ e r I Sm 5:'5-12), E\amina,·am as en tranhas de animais ofere-
sofreram de um a terrível praga. e o país foi cid os em sacriffcios, os chamados "agouros
assola do por ratos que d estruíam as pla n - do fígado .. dos babilônios: obsenm·am o \OO
tações (v. 5). Entre os pmos a ntigos, o ralo das :l\es. a queda de talismãs. o comporta-
e ra um símbolo de peste. e assim aparece mento das flores, ele. [ra responsabilidade
nos hieróglifos egípcios. I aquela s itu ação dos astró logos, adi' inhos. médiuns espíritas

505
6:3 COl\lE ITÁ R!O BÍBLICO 1\DVE 1TTSTA

c necromantes classificar todas as coisas em não só pagar o valor est im ado da ofensa , mas
duas categorias: de boa ou má sorte, o bom també m uma multa de uma quinta parte do
e o mau, os presságios favoráveis e desfa- \'a lar do artigo.
' oráveis. O enhor ordenou especifica- 5. Dai g lóri a. Isto é, reconhecer o
mente a eu pO\o que não praticasse a arte poder de Deus para remmer as pragas,
da adi,inhação (Dt IR:I0-12). Balaão, pro- qualquer que fosse sua causa. e procurar a
feta apóstata do ' enhor, a quem Balaque, rei cura. 1 em todos concordaram com o con-
de 1\ loabe, chamou para amald içoar Israel, selho dos sacerdotes. ua religião pagã era
afirmou que não existia tal coisa como adi- de temor ser\'il e egoísta. Os f'ilisteus eram
' in h ação ou encanta menta contra Israel leais a Dagom, no entJnto, tinham medo do
('\Jm 23:23). Entretanto, aul, e\ identc- Deus de Israel por causa dos acontecimen-
mentc influenciado pelas práticas dos po,os tos pré\ ios. Estavam num dilema quanto à
'itinhos e levado ao desespero pelo silêncio forma de sair de suas dificuldades. Eles que-
do conselho divino, recorreu à médium de riam se Ih rar da arca, todavia o orgu lho lhes
En-Dor em busca de ajuda (!Sm 28). agitava o coração em razão de sua tomada.
Que faremos [...]? Entre as nações do Dar glória a Deus seria um desrespeito a
antigo Oriente Próximo, o rei não ousma d.u Dagom. E!>tm·am ainda menos dispostos a
início a uma campanha militar sem consultar renunciar a sua forma de culto, como fe1
primeiramente seus sábios. Entre as tribos Nabucodono~or. sécu los mais tarde, quando
pagãs de hoje, ninguém é mais respcitJdo se convenceu do poder supremo do Criador.
e temido do que o curandeiro. Foi em per- t\ntes de chegar a essa conferência final, ten-
feita harmonia com os costumes da época taram \ários outros mé todo<; , como em ia r a
que os senhores dos filisteus se aconsclha- arca de uma cidade para outra.
mrn com os adi\ inh<Jdorcs quanto à melhor 6. Endureceríeis o coração [... ]? 0<.
forma de agir. adh inhadores acharam necessário ad,er-
3. Não a envieis vazia. A resposta dos tir o povo a não se rebelar contra o enhor,
sacerdotes e adivinhadores foi que, além de como os egípcios o fi7erarn,j éí que uma con-
de,oher a arca, eles deveriam fa7ê-lo de uma tínua resistência à \ ontade de Deus só pro-
forma que apa7iguasse ao ofendido Deus de \ OCa ria mais sofrimento a eles e aos outros.
Israel e demonstmsse que Ele hm ia cem- Embora , a princípio, não esti,esse di-.posto a
tido a praga. O primeiro requisito foi urna escutar, depois de semJnas de sofrimento, o
oferta pelo pecado de ci nco tumores de pO\o se sentiu constrangido a aceitar o con-
ouro c cinco ratos de ouro. Entre as nações selho dos sábios. É assim que, muitas vetes,
pagãs, C'\istia o costume de tentar aplacar a convicção se impõe aos mais relutames.
a ira de seus deuses por meio de presentes Da mesma forma que o Espírito anta falou
oferecidos em cumprimenw de \ oto~. que por intermédio de Balaão, também poderia
assumiam o formato dos males dos quais dar aos filisteus um conselh o sábio, ainda
procuravam se Ih rar. Quanta diferença que por meio de seus adi\ inhadores.
das instruções dadas a Israel a respeito das Deus sempre fa la aos seres humanos
ofertas pelo pecado. e a lguém pecava "por mediante formas e meios que lhes são com-
ignorância nas coisas sagrados do EN JJ OR", preensíveis. Os acomeci mentos posteriores
deveria levar ao sacerdote um carneiro sem demonstraram que o enhor tr<Jtou o filis-
defeito do rebanho (Lv 5:1-t-19). Além disso, teus de acordo com a luz que tinham , não
rea Ii7a\ a-se plena compensação financeira segundo o conhecimento que ainda não pos-
ror qualquer dano causado, o que incluía suíam (ver 2Co 8: 12).

506
AMUE L 6:12

7. Um carro novo. t\ primeira parte Canaã. Crê-se que uma delas, pertencente
do '· 7 di7, literalmente: "Agora, tornai e a lssacar (Js 19:22, 23), fica,·a no lugar que
fazei um carro no\O, e duas vacas leiteiras". hoje se conhece como ei-'Abeicli)eil, pouco ao
Ambos os \erbos se referem aos dois objetos. sul do mar da Ga lileia. Outra cidade com o
O sentido não era que os filisteus tinham de mesmo nome pertencia à tribo de Nafta li c,
construir um carro novo. A ênfase recai no prO\·avelmentc, l'icm·a a noroeste do mar da
fato de que de, e ria ser no' o, ou seja, nunca Galileia (,er Js 19:38, 39; jz I :33). É e\ idente
usado antes. Da mesma forma , as \'acas não que I amuei 6:9 c refere a uma terceira
deveriam ser treinadas, nem ter usado jugo, cidade d e mesmo nome. agora denomi-
como sinal de que nunca tinham sido empre- nada Tell er-Rumeileh. na herança de Juclá
gadas para fins seculares. Tratava-se de um (js 15: I O, 12), que foi separada para os b i-
sinal de re\erência. Em Sua entrada triun- tas(j!.2l:13.16: 1Cr6:59). ituma-senodis-
fal em Jerusalém, Cristo se sentou sobre um tnto do filho de Dequer (I Rs 4:9: 2Rs 14: li,
jumentinho "o qual ai nda ninguém montou" 13: 2C r 25:2 1-23). O fato de tantos lugares
ames(t\lc 11 :2). terem esse nome re,ela que os cananeus
~ Seus bezerros, levá-los-e is. 1\o sepa- eram de,otos adoradores dos corpos celes-
rar os bezerros das mães, os adivi nhadores tes, neste caso, o Sol. De forma semelhante,
espera' am determinar, para a satisfação de Urdo!. ca ldeus e li a rã eram centros do culto
todos os em oh idos, se as pragas hm iam sido à Lua.
mandadas por Yahweh ou não. e quisesse o Convictos do poder sobrenatural da arca,
retorno da arca, o Deus dos israelitas leva- os <~divinhadores filisteus fi;eram prepamti-
ria as vacas a f:ller a lgo contrário à nature;a: \0!. para que ela fosse em iada a Bete- emes,
abandonar voluntariamente seus bezerros. a cidade sacerdota l israelita mais pró:-.ima.
O enhor e mostrou disposto a ser colo- Raciocinavam que se as vacas, que não esta-
cado à prO\ a por aqueles que inquiriam com ' am aco tumadas ao jugo, dei,assem seus
sinceridade. be;erros para trás e levassem o carro direta-
8. Num cofre. A palavra tradutida por mente para essa fortale;a (e, ítica, com toda
"cofre", 'arga:, só ocorre esta única 'ez em segurança. o Deus da arca teria sido o rcs-
todo o AT. abe-se que 'argaz era uma pala- pon<,;l\el pela praga que lhes sobre' iera.
' ra palestina para designar a "caixa" de um 12. As vacas se encaminharam dire-
carro. Os filisteus não ha' iam aberto a arca, tamente. A declaração di? literalmente:
nem olhado dentro dela (PP, 589), demons- "direito no caminho sobre a estrada para
trando, assim. mais respeito pela arca que O!. Bete- emes, por uma rodm ia", ou seja, a
homens da cidade sacerdotal de Bete- emes, estrada direta de Ecrom a Bete- emes.
que a receberam de volta. iVluitas vezes os omente um poder sobrenatura l mante-
pagãos em·ergonham os cristãos pela a titude ria as vacas na estrada principal. Os prínci-
que manifestam diante da presença do sobre- pes filisteus não as condu?iram, mas "foram
natural. Parece que as ofertas de ouro foram atrás delas". O fato de as vacas nunca h a' e-
cu id adosamente colocadas numa espécie ele rem levado jugo antes (\. 7) é uma evidên-
bolsa ou saco que podia ser bem amarrado cia de que não tinham passado por aquela
às ,·a ras com as quais se le, ·ava a arca ou ao estrada antes.
tecido que a cobria. Que apelo mais poderoso poderiam rece-
9. Bete-Semes. Literalmente, "a casa do ber os adoradores de Dagom? e, de forma
sol". E.\istiam 'árias cidades palestinas com con trária à nature7a, a nimais irracionais
o nome de Bete- cmes quando Israel invadiu seguira m um Guia im isível , porque então

'507
6:13 CO~ ! E 'TÁ RIO BÍBLICO ADVE I T I TA

o ser humano, generosa mente abençoado atrmessam o coração dos va les, é prová-
com as faculdades do intelecto, não poderia vel que a pedra sobressaísse da lateral da
agir na contramão do orgulho natural e da colina, e que fosse fácil chegar até e la' indo
tradição nacional e se e ntregar à condução de cima. o entanto, do lado de baixo, ela
dAquele capa; de conte r a praga e os ratos? esta ria a lguns metros acima da estrada.
Por que Balaão não' iu o anjo do enhor, que 16. Voltaram para Ecrom. Que decep-
estma no caminho, com a mesma facilidade ção para os fil isLeus! Eles h a' iam testemu-
que sua jumenta? Sob a influência hi p nótica nhado a rendição de Dagom ao Sen hor no
do maligno, as pessoas de hoje só veem o que templo de Asdode. Tinham contemplado <1
Sa tamis deseja, sem perceberem que muito gu ia sobrenatura l das vacas ao em iarem a
perto está Alguém pronto e á\ ido para reti- a rca de \Olta a Judá. Ainda testemunhariam
rar as ataduras que as amarram. o poder controlador de Deus ao deter a epi-
13. Sega do trigo. J<í que a colheita do demia e lhes dar a c ura. Embora com icLos
trigo ocorre na prima' era, entre o tempo da de que 'iram coisas estranhas naquele dia ,
Páscoa e a Fesl<l dc1s emanas, ou Pentecostes, 'iraram as costas e' oltaram a seus deuses e
e uma 'e7 que a arca ficou em poder dos fili!.- a seu povo.
teus durante sele meses. a batalha na qu<tl 18 . A grande pedra. Literalmente, "a
ela foi capturada ocorreu no outono. mais ou grande Abel sobre a qual colocaram c1 arca
menos na época da Festa dos Tabernáculos. do Sen hor para repousar". A palm ra "ped ra"
Por isso, muitos de, criam estar em Siló para é acrescentada. A maioria dos comentaristas
a festa c devem Ler tentado ajudar a proteger acredita que a pala, ra 'abel den:•ria ser 'eheu,
Israel contra os invasores. Após a' itória dos "pedra··. Já que os ' · 1-1 e 1'5 citam a grande
l'i listeus, eles Leriam fugido para seus lares "pedra" na qual a arca foi colocada c que os
~ nas diferentes tribos (\er 1Sm +lO). ' · 17 c 18 narram os acontecimentos relacio-
Os habitantes de Bete- eme!. estm·am nados a e la, parece e\ idente que a pedra do
no campo fatendo a colheita. prmmelmenlc campo de j osué é simplesmente mencionada
usando a foice e o rastelo, como se fat hoje junto com os outros memoriais.
na Palestina. 1 ào ha' ia plantações na c1dade 19. Olharam para dentro. l<~nl o o
em si. O campos não eram separados por toque como o espreitar irreverentes seriam
cercas, mas por pequenos limites de pedras punidos com sérias conscquêncllls (\er
ou marcadores. Os que não eram familia- Nm -1:20). A loisés foi ne~ada a permis-
ri!ados com o loca l não conseguiam di1cr são para entrar na terra de Canaã. por dei-
onde terminava um campo e começm·a outro. xar de prestar estrita obediência às ordens
14. Uma grande pedra. lu campo de de Deus. i\luilo embora fossem sacerdotes,
Josué, que prO\·ave lmente Fica,·a pró\.imo Nadabe e 1\biú pagaram com a própria 'ida
à estrada. t\s \acas pararam ao lado desta por sua fdlta de re,erência.
pedra. Bete-Semes era uma cidade b ítica, e Setenta homens . A ARC tra1: "cin-
seus habitantes tinham LanLo o direito como quenta mil e setenta homens". Literalmente.
o de,er de cuidar da arca. Como não e\.is- "setenta homens, cinqucnta mil homens".
Lia tabernácu lo, os le' iLas colocaram a arca la contramão da sintaxe normal do hebraico,
sagrada. junto com a oferta pelo pecado dos o número menor' em prime i ro. Essa sequên-
l'ilisteus, em cima da grande pedra e ofere- cia peculiar das pala, ra torna muito difícil a
ceram as '-acas como holocausto ao enhor. tradução do texto. Al~uns su~er i ram: "Feriu
Já que Bete-Scmes rica no centro da efelá, deles setenta homens; cinquenta a cJda mil".
ou re~ião das colinas, onde as estradas ou "feriu deles setenta homens de cinquentél

508
1 SAi\ri UEL 6:2 1

mil homens''. Três manuscritos he bra icos be m 21. Quiriate-Jearim. Litera lme nte, "a
conceituados omitem, assim como a A RA, as c idade das florestas". Esta e ra uma d as c ida-
pa lavras "cinquenta mil ". E m Juízes 6: 15, 'elef, des el os g ibeonitas, que procu rara m a prote-
"mil ", é tradu7ido por "família". É possível que ção de Josué d epois ela des tru ição de Jc ricó
ta mbé m devesse ser tradu zido por "família" (]s 9: 17). Estm·a listada de ntro d a he ra nça de
neste caso. e assim for. a afirmação diria : Judá (Js 15:9) e situada nos c umes ocide n -
"fe riu de les setenta hom e ns d e c inque nta tais elas monta nhas próx imas a Je rusa lé m ,
fa mílias". A ma ioria dos come nta ri stas está cerca ele 1-+ km de Be te -Semes. A me n -
de acordo que some nte 70 home ns de Bete- sagem para a c idad e d e Quiria te-Jea rim
Semes morrera m. Contudo, numa c idade tão s ugere a impressão de que, qua nto ma is a
pe que na, isso a inda seria uma ca la midade arca ficasse longe dos filis tc us, ma is segura
te rrível. Com certeza, os fili ste us escuta ria m esta ria. Quiriatc-Jea rim , situada numa a lti- ~
a respe ito do acontec ido e te ria m ma is uma tude a inda ma is e levada, podia ser d e fe n-
ev idê nc ia ele que D e us honrou o fa to de se dida com ma is facilidad e contra um ataque
recusarem a olhar de nt ro da a rca e prestigiou elo que uma c idade numa região ma i ba ixa
a reverênc ia que de monstra ra m . c o ndulada de colinas.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-2 1 - I IR, 188- 191; 2--+ - PP, 587 19- C BV, 436
PP, 586-589 7-12- HR , 189 19, 20 - T8, 283
I - PP, 586 7- 14 - PP, 588 19-2 1 - PP. 589
2- PP. 588 13, 1-+ - PP, 589 20, 2 1 - HR , 19 1

CAPÍTULO 7
Os habitantes de Quiriate-]earint levam a arca para a casa de Abinadabe e
consagram seu filho Elea::ar para guardá-la. 2 Após vinte anos 3 os israelitas, por
intermédio de Samuel, arrependem-se solenemente em lVIispa. 7 Enquan.to Samuel
ora e oferece sacrifícios, o Senhor confunde os fi listeus por m eio do estampido de
trovões em Ebené::er. 13 Os fi listeus são derrotados. 15 Smnttel julga lsrael
em pa;::, seguindo os preceitos religiosos.

I E ntão. vie ra m os hom e ns d e Quiria te- ao SC:'\ II OR, tira i d e nt re vós os de uses estra-
Jearim e leva ra m a a rca d o E"' HOR à casa de nhos e os as ta rot es. e pre pa ra i o coração ao
A binad a be, no oute iro; e consagra ra m Elea.wr, S LI\ IIOR, e sen i a E le só, e E le \ OS Ih ra rá d as
seu filho, para que guardasse a a rca do SC '\IIOR. m ãos d os fili s te us.
2 uccde u que, desd e aque le dia, a arca ficou 4 Então, os filhos de Israel t irara m de ntre si
e m Quiriate-Jca rim , e ta ntos di as se passara m , os baalins c os as ta rotcs c sen iram só ao SEI\ I lOR.
que ch egara m a vinte a nos; e toda acusa de lsruel '5 Disse ma is Sd muel: Congregai todo o Israel
di r ig ia lame ntações ao fN IIOR. e m I is pa, c ora re i por \'Ós ao C I\ IIOR.
3 Fa lou Sam ue l a LOd a a casa d e Israel. di - 6 Congrega ra m -se e m 1\ lispa. t ira ra m água
1endo: Se é d e tod o o vosso coração que volta is e a d e rra ma ra m pe ra nte o E.'\IIOil; jej ua ra m

509
7: I COlVI E 'TÁRIO BÍBLICOADVE T I TA

aquele dia c ali disseram: Pecamos contr<l o li ai nda de J\lispa os homem de Israel. per-
~L.'-I I OR. E amuei julgou os filhos de Is rael seguira m os filisteus e os derrotaram até abai-
em \lispa. xo de Bete-Car.
7 Quando. poi!., os filisteus ouviram que o~ 12 Tomou, então, amuei uma pedra, c a pôs
l'ilhos de lsrdcl csta,am congregados em J\ lispa, entre J\ lispa e em, c lhe chamou Cbcnéter. c
subiram os príncipes dos filisteus contra Israe l; disse: Até aqui nos ajudou o E 'IIIOR.
o que ou\ indo os filhos de Israel, ti, eram medo 13 Assim, os filisteus foram abatidos c nunca
dos filistcus. mais 'ieram ao território de Israel. porquanto foi a
8 !:.mão. disseram os filhos de Israel a amuei: mão do E IIOR contra eles todos os dias de ~amuei.
i\ão cesses de c lamar ao ~E i\ HOR , nosso Deus, 14 As cidades que os filistcus ha' iam tomado a
por nós, para que nos Ih re da mão dos filisteus. Israel foram-lhe restituídas. desde Ccrom até Cate;
9 fomou, pois, amuei um cordeiro que e até os territórios delas arrebatou Israel das mãos
amda mamm a c o sacrificou em holocausto ao dos filisteus. C houve pu entre Israel e os ,tmorreus.
E~IIOR: c lamou Samuel ao EN II OR por Israel. I 5 C julgou amuei todos os dias de sua' ida
c o E 'IIIOR lhe respondeu . a Israel.
10 Lnquanto <)amuei oferecia o holocaus- 16 De ano em ano, fa1ia uma \Oita, passan-
to. os filistcus chegaram à peleja contra Israel: do por Bete!, Gilgal e \lispa. c ju lgma a Israel
mas tro,cjou o SE'-IIOR aquele dia com gran- em todos esses lugares.
de estampido sobre os filisteus c os <J terrou de 17 Porém volta\a <I Ramil, porque sua casa
tal modo, que foram derrotados diante dos !'i - csta,·a a li, onde julgava a Israel e onde edificou
lhos de lsr<Jel. um a ltar ao SE II OR.

1. Abinadabe. O nome Abinadabe montanhosa de E fraim (Js 2-U3). Os gibeo-


signi l'ica "meu pai é nobre" ou "meu pai é nitas e ram, em sentido literal, "habitante!>
generoso". O \erbo do qual prO\ém é 11adab, dos ou te iros", e já que Quiriate-Jearim era
"incitar", "impelir", sempre num bom sentido uma das quatro cidades que pertenciam u
e, portanto, "estar disposto", "ser \'oluntário". eles (Js 9: 17), o outeiro (Cibe;i) onde mora\ a
1 ão se con hece sua genea logia, mas de\C' ria Abinadabe seria mais bem descrito como
ser um (e, ita estreitamente aparentado c.:om um outei ro em Quiriate-Jearim ou pró\imo
Arão, já que seu fi lho Eleazar foi nomeado à cid ade.
guardião da arca. O filho mais velho de t\rào A julgar pe lo comportamento das \'acas,
se c ha ma\'a adabe (1 m 3:2), e seria espe- seria possfvcl conc luir que Bete- 'emes era
rado que um de seus descendentes diretos o luga r lógico onde a arca deveria repousar.
se c hamasse Abinadabe. o en ta nto, a curiosidade profana do povo
No outeiro. Do hcb. baggibe'a/1. l a c o temor dos que sobre' h eram ao cas ligo
KJV, a mesma e \ pressão é tradutida por "em indica m que seus habitantes não eram quali-
Gibeá" (2Sm 6:3: e no v. 4). O contexto de\ e fi cados para a re,erente custódia do sagrado
dete rmina r se a pala' ra é usada para desig- sfmbolo da presença de Deus. A c.:crca de
nar o nome de um lugar ou se a referência é 15 km de distância, esta\ am os moradores
somente a um "outeiro", conforme costuma de Quiriate-Jearim, cuja reputação justifi-
ser t radu7ida no AT. li a\ ia uma "Cibeá de cava a c rença de que pudessem transpor-
Benjamim" ( I m 13:16) ou ''G ibeá de aul" ta r e g ua rdar com segurança aqu ilo que
( I m li :4), a lém disso, existia um ou tei ro. seus vi;inhos não queriam. Inúmeras \ Ctes
lit eralmente, "Cibeá" de Fineias na região Israe l atrapa lhou a De us na realiLação de

5 10
l SAMUEL 7:3

Seus propósitos, ao não aceita r eu conse- israelitas serviam quando se esqueciam do


lho e não se conform a r ao Seu plano. Cr isto Senhor. Astarote (plural, asta rotes) estava
amava Judas e gosta ria de convertê-lo num associada aos baalins fenícios ou cana neus,
dos líderes dos apóstolos, mas ele se rec usou pois era a princ ipa l divindade feminina deles
(ver DT '· 295). Cristo ta mbé m a mava o (ver ]7 2: 13).
jovem rico, que pe rguntou qua l e ra o ca mi- Acreditava-se que ela representava os
nho para o rein o de De us, mas, apesa r do poderes reprodutores da natureza. Em geral,
co nvite para segu ir a Cristo, o jovem se afas- seu culto consistia de orgias lasc ivas fomen-
to u c he io de pesa r. tadas, muitas vezes, por mulh eres líderes
2 . Tantos dias se passa ra m. Levou que se convertia m e m suas devotas e eram
20 a nos para os israelitas reconhecerem que conhec idas como "mulhe res sagradas" o u
não fora Deus quem os aba ndonara, mas que prostitutas c ultua is. em dú vida, esta tue tas
eles, ao pla nta r sementes de egoísmo e re be- de de uses e deusas dos ca na ne us podi a m
li ão, havia m aba ndonado a Deus e, por isso, ser e ncontradas e m muitos lares israelitas.
colhia m uma ama rga cei fa de sofrim ento. Gradualmente, o povo de Israel caíra sob a
o passado, foram necessá rios traba lhado- influênc ia e o co ntrole dos povos da planí-
res pa ra construir a arca, e home ns di spos- cie, pois tinha m ta nto acordo comercia is
tos para a tarefa foram e ncontrados qua ndo (lSm 13: 19) como re laciona me nto soc ia l
De us delineou o plano. Era prec iso designa r (Jz 14) com e les. O fa to de Israel de ixar a
homens para carregar a a rca em suas diversas a rca em Quiriate-Jearim dura nte muitos
jornadas, e a di sposição dos levi tas para ajudar a nos e não faLer ne nhuma te ntativa para
l\ loisés no monte Sina i proporcionou tais car- restaurar o sen iço do templo ou para pro-
regadores. Quando Israel falhou e m c umprir porc iona r um lugar de desca nso adeq uado ~
suas responsabilidades, a a rca cai u nas mãos para a arca mostra o quanto o povo havia
de idólatras, e foi preciso ajuda pa ra levá- la se afastado de De us. A história não registra
de volta . Os seres huma nos fracassaram, nenhuma deportação dos israelitas para as
mas os a nima is do ca mpo foram obedientes planícies costeiras, semelha nte às de porta-
à orientação de Deus. Be m perto estava m os ções posteriores pa ra a Assíria e Babilônia.
que podiam levá-la e guardá-la com toda reve- I o e nta nto, Israel deve te r se assoc iado com
rência e ordem. Por que não estavam pron- os filisteus em quase todos os aspectos da
tos para a responsabilidade? ão é fornecida viela, se rvi ndo-lhes (ISm 4:9), pagando um
ne nhuma pista ela origem ou genea logia tributo a nual com diversos tipos de produtos
de les para servir de base para as conclu- agrícolas e deleitando-se nas orgias dos luga-
sões. Tudo o que se encontra registrado é res altos tão comuns em toda a terra. Ares-
que levou 20 a nos para os israe litas apren- tauração da a rca não sig nifi cava, de maneira
de re m que a idolatria não compe nsa e pro- a lg uma, que os fili ste us deixaram de exercer
c ura re m Samuel a rrepend idos. A arca ficou se u domínio sobre israelitas venc idos.
na casa de Abinadabe e nqua nto Sa muel foi Samuel apa rece na na rra tiva pe la pri -
juiz, durante o reinado de Sa ul e a primeira me ira vez, desde a bata lha de Afeca,
pa rte do reinado de Davi, e nqua nto um luga r desempe nha ndo o papel de um re forma-
era pre parado para ela e m Jerusa lém. G ra nde dor na tentativa de fazer um povo idólatra e
é a paciência de Deus. egoísta se voltar pa ra Deus. ó a imagina-
3. O s de uses estra nhos e os a sta- ção pode conceber o que aque les a nos s ig-
ro tes. Uma frase usada para re presen- nifica ra m para ele, enquanto peregrinava de
ta r os diversos deuses e deusas a quem os um lugar para o outro. ão vis itou apenas

5 11
7:4 COi\ IENTÁR IO BÍBLICO ADVEt TI TA

os distritos pró,imos à Filístia; todo o Israel Um dos maiores incenti\OS para o cristão
ou' iu suas súplicas, ad, ertências e orações, é a certeta de que Deus nunca é surpreen-
até que de forma lenta, mas segura, uma dido, quaisquer que sejam as circunstâncias.
com icção do pecado c da necessidade de Para t\ quclc que conhece o fim desde o prin-
confia nça rcno,ada em Deus tomou conta de cípio, não há pressa ne m demora. O que terid
toda a nação. Samuel descre\CU de maneira sucedido a Israel naquele tempo se não hou-
'Í\ ida a condição em que se encontravam vesse Samuel? Que h a\ eria acontecido com
em comparação com o plano de Deus para Israel no Egito se J\ lo isés não ti' esse exis-
eles e lhes prometeu libertação dos filis- tido? Como Nabucodonosor seria instruído
te us se tão somemc se tornassem verdade i- nos caminhos de Deus se não houvesse
ros israelitas, Iiterai me nte , "gm ernados por Daniel? Durante toda a história, sempre que
Deus". Samuel sabia que se o povo aban- uma crise demandou ação, um líder bern pre-
donasse a idolatria e se recusasse a scn ir parado para a tarefa este\ e à di~posição. Isso
<~Os deuses fi Iistcus, isso seria interpret<~do não significa que o líder sempre fosse LUdo
como o cqui,·alcme a uma rebelião contra que o enhor deseja,·a. i\ luitos são chama-
a supremacia filisteia e. é claro, significaria dos, ma poucos são escolhidos. porque, à
guerra. Contudo, Silmucl tinha confiança semelhança de ansão, recusam-se a aten-
na s promessas de Deus e prosseguiu inspi- tar às instruções que Deus lhes em ia. Com
rando esperança num povo desolado. certe7a , Jeremias estma bem preparado pam
4. Os baalins e os astarotes. Ou , baa- urna obra especial e cumpriu bem seu papel.
lins e Astarote (ver com. de JL 2:1 1, 13). I o entanto, Israel sofreu terri\elmente por-
Se r v iram só ao SEN HOR. Os israeli - que o rei Jeoaquim se recusou a prestar aten-
tas permaneceram sob o domínio dos filis- ção aos conselhos que o profeta lhe dma .
teus por -+O anos durante os dias de ansão Tanto para as nações, corno para os indi-
e Lli: depois da morte de Eli, hesitaram ' íduos, a grande pergunta no did do juíto
entre dua s opiniões por outros 20 anos. será: "Que mais e podia fater ainda à \I in ha
O pO\O arrependido dificilmente Silbcria 'inha, que Eu lhe não te nha feito?" ( ls '5:-+l.
o pró'\imo passo a dar. pois pe rmanecera 5. Mispa. Esta palm ra significa "ponto de
tempo demais sob a influência da ido- obsen·ação". Em heb., 111i:pel1 era uma "torre
latria. arca se fora do tabernácu lo. c o de' igia", c assim é tradutida e m Isaías 21:8.
sen iço do sa ntuário em si fora interrom - Durante anos, pensou-se (c alguns mantêm
pido (\er PP. 609). Não ocorriam as festas essa opinião) que a t\lispa de SJmuel cor-
anuais, nas quai s os adoradores recebiam responde à moderna 1 ebi allnl'il, oito qui-
in struções. Pratica mente uma no,·a geração lômetros a noroeste de Jerusalém , mas não
tinha surgido desde que a arca fora tomada. foi possÍ\ cl rcalitar escm·ações <~li. por e'\istir
O pO\O de Israel era como melhas perdidas uma sepultura sagrada para os árabes loca-
na encosta de uma montanha. Pe rcebia que litada nesse lugar. també m considerada o
esld\ a perdido. mas não sabia como voltar lugar tradiciona l do sepultamemo de Sarnuel.
pdra o aprisco. 1\ ntecipando o mamemo em No e ntJnto, as escavações fa,oreccm a iden-
que seu pm o sentiria o desejo de se a fastar tificação de \lispa com a moderna Ie/1 eii-
de seus maus ca minhos, Deus preparou um Nat~be/J, 12,2 km ao nane de Jerusalém, na
pastor fiel para sair em busca dos perdidos estrada principal para amaria.
c leHí- los de' olw para casa. Tal como Deus 6. Tiraram águ a e a d erramaram.
planejara. em sua ansiedade Israel procurou Os cornemaristas não entraram em con-
amuei. senso quanto ao significado deste te'\tO .

512
I A IU EL 7: 11

Alguns pensam que se refere à dor de Israel esfera de ali\ idades. Era um teste , em pri-
por seu pecado, um reconhecimento de me iro lugar. para amuei. a fim de saber se
que , se não fosse pelo poder de Deus, o ele esperaria o enhor condu7i-los, e, em
povo seria como águas derramadas na terra segundo. para o p0\0, se confiaria em Deus,
(2 m 14:14). Outros sugerem que estas pala- em ve7 de fugir aterrori7ado das hostcs que
' ras se referem à água c ao' inho derramados m·a nçavam. Foi uma prova severa para os
pelo sacen.lote no principa l dia da Festa do::, israelitas. pois, após renunciar aos ídolos em
"là bcrnáculos, que representavam a alegria quem confiaram durante tantos anos, per-
com que tiravam água das fontes da sal\'açãu gunta\am a si mesmos se o profeta, que os
(ls 12:2, 3). t\ f esta dos Tabernácu los era um visitara \ 'C/ após' e7. lhes garantiria a\ itória.
memorial do cuidado protetor de Deus sobre Eles deveriam ser uma demonstração prática
Israel durante o ê.\odo, quando fluiu água e m da declaração de ]osafá: "Crede no Sr~. JJOR,
abundância da rocha ferida . 'osso Deus, c estareis seguros; c rede nos
Referindo-se a esse incidente do deserto , seus profetas e prosperareis" (2Cr 20:20).
Cristo declarou:" e alguém tem sede, 'enha 9. O S EN HOR lhe respondeu. /\111th
a l\lim e beba"' (]o 7:37). Tahe7 o \erdadeiro é um verbo co mum , tradutido de di,·ersas
signiricado se encontre numa combinação maneiras, mas com o significado rundamcn-
das duas ideias. Realmente Cristo foi derra- ta l de "responder". Da parte de Deus. cos-
mado "como água·· ( 122:14) para que a saha- tuma envolver uma resposta' isÍ\el. como
ção fosse possÍ\el. Ao derramar es ta libação em I amue i 28:15, qua ndo a ui reclamou
e m l\ I ispa , Israel e\prcssou o reconheci - <10 t•spírito imocado pela médium de En-Dor

mento da própria indignidade e solenemen te tlue De us não o OU\ ia nem lhe respondia.
se alegrou na confiança recém-descobena lO. Trovejou o SENHOR. !\este caso. a
num Pai celestial que, apesar dos extravios resposta de Deus (ver I 99:6) ' eio por meio
espirituais de Seu pmo. mostrou-se disposto de uma tempestade de trmões. I lá outros
a recebê-lo de braços abertos. C\cmplos do uso milagroso das forças da
Julgou . Cste foi o início da longa atua- nature7a por parte de Deus (\·er com. de I ' m
ção de Samuel como jui7. 14: I1). Tendo renunci ado aos ídolos e confes-
7. Subiram os príncipes dos filisteus. sado o afastamento do Senhor, com espírito
Depoi!. de decidir romper definiti,·amcntc de humildade, eles esta\am prestes a teste-
com a idolatria, o::, israelitas se re uniram munhar a rapidez com que Deus os colocaria
em lispa. Os príncipes dos filistcus reco- de mlta sob Sua proteção c como demons-
nheceram que isso era equha lcn tc a uma traria o amor de um Pai celestial pelo filho
declaração de inde pendê ncia e se apressa- pródigo que rctorna. O cnhor não e\pressou
ram para deter qua Iquer tentati\'a nesse sen- amargura nem se mante'e distante até que
tido. Eles atacaram com tamanha rapidez Seu pmo. após anos de humildade e sacri-
que os israelitas, reunidos de ,·árias partes ffcio, de monstrasse a mudança de atitude.
do país com intenções pacíficas. se 'iram Estendeu Seu braço protetor sobre os israe-
obrigados a enfrentar-lhes sem estar prepa- litas imediatamente. Os israelitas podiam
rados para a guerra. A única saída seria por muito bem t ransformar aquele lugar num
meio da oração. memorial dd de,oçào e terna de Deus. de
8. Não cesses de cla mar. Literalmente. Seu c uidado amoroso c do poder para pro-
"não fiques e m si lêncio sem c lamar". teger e livrar.
lomcntos de prO\ a sobre\ êm a todos os ll. Bete-Ca r. A localitação é incerta.
seres humanos, cada um em sua própria mas a lguns pen sam que corrcsponde à

113
7: 12 C Ol\ IE TÁR IO BÍBLICO ADVE T ISTA

modern a 't\i11 Karim , cerca de sete quilôme- na força de deu se s fa lsos e na habilidade de
tros a oeste de Jerusa lé m . Essa é a opinião se us exérc itos. A mesm a coluna d a pre e nça
gera l, m as a cidade ta mbé m tem s ido identi- de De us que la nçou lU? sobre os exérc itos do
fi cada com Ranwth-Rahel, .f,6 km ao s ul de enhor e nvolveu as hostes egípc ias e m escu-
Je rusa lé m . Ta lvez a tempestade d e trovões ridão. Ta h ez os fili ste us te nha m co nc luído
ten h a vindo do norte e. já que Baa l e ra con- que Baa l, o de us das te mpestades (\ er p . 22.
side rado o d e u s d as to rm e nta s, os s upe rs- 23), estava luta ndo contra e les e a favor dos
tic iosos fili ste us fugiria m de um deus c uja exé rcitos de Is rael. Entreta nto. graças à re no-
mo rad a supunha m esta r nas monta nhas ao vação do re lac io na m e nto com De us. os isra-
no rte. E m s ua fuga pa ra o sul , é provável elitas pude ra m tira r , ·an tagem d o ponto de
que os filis te u s tenha m esco lhido a estrada vista pagão tradic io na l e cons uma r a m ais
ma is fác il pa ra regressa r à planíc ie, que os completa v itó ria sobre os inimigos.
lenui a a passa r por Bete- e m es até c hega r Assim foi naque la é poca e ass im é hoje.
~ a Ecrom . Pe lo ca minho, fo ra m atorm e n- O ser huma no c hega a um po nto e m que
tad os pe los israelitas re unidos. E a li. con- reconhece que sua ' ida é to ta lmente insatis-
fo rme Isa ías d ec la ro u séc u los m a is ta rde, fató ria. Encontra-se a m a rrado a seus ídolos.
Deus bondosa mente lhes de u , de uma só ,·ez. qua isque r que seja m . Pe rcebe a inutilidad e
"coroa e m ve1 de c in zas. ó leo de a legria. em dos hábitos passados, elo m o tivos que a bri -
\ CI de pra nto" (Is 61:3). gou e elos ele ejo que sa ti sfez. É atraído à
12. Ebenézer. Lite ra lme nte, 'ebe11 comunh ão que vê out ros d esfruta re m co m
/za'e:er, "a p e dra da ajuda", uma re ferênc ia De us, assim co mo Is rae l viu e m a mue i
e\'id ente à libertação prO\ ide nc ia l m e nc io- dura nte 2 0 a nos. Re nunc ia, e ntão, à 'ida
n ada po uco a ntes. Assim com o a ajuda fo ra passad a e confessa s ua inca pac idade pa ra
especffi ca, ta mbé m o m emoria l deveria se r se tra nsforma r pe los pró prios esfo rços. Então
de finiti vo e perma ne nte. O fato de De us os se e ntrega ao Espírito a nto e, de ntro ele si
livra r dos inimigos n aque la ocasião e ra ape- mesm o, descobre a utocontrole. aceitação
r
nas uma a m ostra de prO\ idê nc ias uturas. da ajuda espiritua l que De us lhe dá , com
a mue i d esejava qu e os israe litas compreen - toda sabe do ria, pa ra capac itá-lo a a lca nça r
dessem que o au xílio do e nhor seria de les, uma vida superio r até e ntão d esconhecid a.
conta nto que Lhe o be decesse m dia após O s erros do passado se tra n sfo rma m , por-
dia, e não uma \ ez por todas, inde pende n- ta nto, em degraus. O s ' a les de Acor se con-
te me nte das a titudes de a lg un s o u d a m a io- vertem e m po rtas de espe ra nça (O s 2: 15).
ria. O crente deve \ Oita r con sta nte me nte a 15. E julgou Samuel. l\l a is ta le n -
"Ebenézer", o nde ocorre ram livra mentos pro- tos fora m d ados ao h om e m que tinha c ui -
vide nc ia is, pa ra desconfia r de si mes mo e d ado com êx ito dos que lhe fo ram confiad os
chega r a uma entrega ple na e tota l confia nça a nte riorme nte. a mu e i n ão imagin a\ a a
em De us. res po nsa bilid ade que se ria colocad a sobre
13. A mão do SENHOR. O m esm o inc i- seus ombros qu a ndo chegou , pe la pri me ira
de nte provide nc ia l pod e t razer ta nto favor vez, a iló. Ta mpo uco Pedro. qu a ndo sai u
qua nto desfavor. Favor pa ra os que se e ntre- de Be tsa ida pa ra visita r João, e m Be tâ nia ,
ga m à m ão g ui adora de De us e des favo r para sonhou que um di a se to rna ria p escad o r
aque les que escolhe m servir ao eu . A m esm a ele ho me ns. Qu a nto m e nos pe nso u que um
tempestad e levou v itó ria aos inde fesos israe- di a se asse nta ri a ao lado d e C ri sto no tro no
litas e de rrot a aos fili ste us, qu e confiava m do universo!

SI .f
A JU EL 8: I

COMENTÁRIOS D E ELLEN G. WH ITE

1- 17- l IR, 191: PP, 589-59 1 5- 10- PP, 590 12- T2. 27-1
I , 2- PP, 589, 593 6,8-T4,517 15- PP, 663
3- n. 517 IO- T4,5 18 17- PP, 593
11, 12- PP, 591

C APÍTULO 8
Por ca u a da má administração dos fi llw s de a muei, os israelitas pedem um rei.
6 Sa muel ora entristecido e é confo rtado por Deus. 10 Ele descreve o direito
de um rei. 19 Deus deseja q11e Samuel ceda à impertinência do povo.

I Tendo amuei emefhccido. constituiu seus seus cm aleiros. para que corram adiante deles:
filho~ por juí7es ~obre Israel. 12 e os porá uns por capitães de mil e capitães de
2 O primogênito chama' a-se Joel, e o scgun- cmqucnta; outr~ para la' rarcm os seus campos e cei-
~ do, t\bias: e foram juí1cs em Bcrseba. farem as suas messcs; e outros para fabricarem suas
3 Porém seus filhos não andaram pelos cami- armas de guerra c o aparelhamento de seus carros.
nhos dele; an tes, se inclinaram à ma reia, cacei- I~ ' lomar<í as \Ossas filhas para perfumistas,
taram subornos. e pcn crtcram o direito. co1inheira., c padeiras.
-1 Lntão, os anciãos todos de Israel se congre- 1-1 romará O melhor das \OSSas IJ\OUrJS, C da<,
garam, c' icram a C.,amucl, a Ramá, \Ossas 'inhas, c dos \Ossos olhais c o dará aos seus
5 e lhe disseram. \ê, já estás Yelho, c teus fi- sen idores.
lhos não andam pelos teus caminhos; constitui- 15 As \Ossas sementeiras e as \Ossas' inhas diti-
no'>, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos mar<í. para dar ao~ seus oficiais c aos seus scn idorcs.
go,erne, como o têm todas as nações. 16 ']ambém tomará os \Ossos senos, c as ,·ossas
6 Porém esta pala' ra não agradou a C.,amuel. scn c~s. c os 'ossos melhores JO\ ens. c os 'ossos ju-
quando disseram. Dá-nos um rei, para que nos mentos e os empregará no seu trabalho.
go,crne. Cntão, amuei orou ao L~ I IOR. 17 Ditimc~rá o \Osso rebanho. c \ÓS lhe sereis
7 Di'>se o El\ li ORa Samucl. Atende à '01 do por scn·os.
povo em tudo quanto te di1, pois não te rejeitou 18 Entiio, naquele dia, clamareis por causa do
a ti, mas a \l im. para Cu não reinar sobre ele. ,·osso rei q uc h oU\ erdes escol h ido: mas o E1\ li OR
8 cgundo todas <lS obras que fet desde o dia em não vos OU\ irá naquele d1a.
que o tirei do Lgito até hoje, pois a \lim ~I e dei,ou. 19 Porém o pm o não atendeu ii \'O/ de ~c~mucl
e a outros deuses sen·iu, assim também o fat a ti. e d1sse '\ão' 1\ las teremos um rei sobre nós.
9 Agora, pois, atendeu <,ua '01, porém ad' e r- 20 Para que sejamos também como tod<Js as
te-o solenemente e explica-lhe qual será o direito nações: o nosso rei poderá ~o' ernJr-nos, sair adian-
do rei que houver de reinar sobre ele. te de nós c rater as nossas guerras.
lO Referiu amuei todas as pala, ras do C.,L~IIOR 21 Ou\ indo. pois, Samuel todas as pala' ras do
ao po\'O, que lhe pedia um rei. pmo. as repetiu perante o S1 '\ IIOB
li e disse: Este será o direito do rei que hou- 22 [nLão, o r~ l iOR drssc a <>amuei· \Lende ii
ver de reinar sobre' ós ele tomará os \OSsos fi lhos su,1 ,.o, c estabelece-lhe um rc1. C:,amucl disse aos
e os empregará no scn iço dos seus carros c como fi lhos de Israel: Volte cada um para sua cidade.

515
8: I COi\ IE lTt\RJO BÍBLI COADVENTI TA

I . C ons tituiu seus filhos por juí- amuei resohc r do que esperar pela confu-
Les. E.m harmonia com I amuei 7: 15, esta são que certamente se seguiria à sua morte,
declaração se re fere ao fato de amuei ter quando os filhos tentariam consolidar a pró-
chcg<~do a uma idade em que não conseguia pria autoridade.
mais 'isitar todas as partes do país; então, C onstitui-nos, po is, agora, um rei.
nomeou seus filhos como seus assiste ntes, Deus dissera, por intermédio de ~ l oisés, que
co locando-o~ em Berscba. uma da~ cidades che~aria o dia em que o po'o pediria por um
mais ao sul, dentro do território pertencente rei "como toda!> as nações" (Dt 17: 14). Taln.•t
a Judü. l:.lcs, porém, eram juí1es autônomos. os anc iãos estivessem praticamente ci tando
2. J oe l. Os nomes Joel, "Yah\\eh é Deus", essa passagem como justificati\ a para seu
c t\bias, ''Yah\\eh é meu pa i", indicam que pedido. Certamente o plano do enhor
Samuel continuan1 a te r prazer em sen·ir ao para Israel era diferente do que acontecia
',enhor, a despeito da idolatria espalhada nas nações \ i1inhas. Por sécu los, desde o
pela nação. t\ declaração de J Crônicas êxodo, Ele tinha protegido c g uiado o pmo
6:28 (t\RC), que cita "\'asni" como o pri- por meio dos juí7es. e os israelitas hoU\e!.-
meiro filho de , amuei, de, e ser interpretada sem aceitado o plano di\ i no para e les, as
como: "E os filhos de amuei: o primogênito, nações os \Criam e teriam dito: "Certamente,
e o segundo, a saber, bias." Essa 'crsão não este gra nde po\O é gente s<íbia e inteligente ..
menciona o nome de Joc l, mas o tc\to deixa (Dt 4:6). Usando a diplomacia costumeira no
claro que hm ia dois filhos e o segundo se Oriente, os anciãos, em oposição à 'ontade
chamma t\bias. t\ t\Rt\ acrescenta o nome de Deus e sem buscar eu conselho, torna -
Joe l depois da c \.prcssão "o primogênito", ram conhecida sua limitada decisão. A prin-
em h<1rmonia com o '· 33. t\ t\RC tradu1 a cípio, declararam simplesmente que queriam
palavra hebraica u•aslleni como "o segundo". um rei para julgá-los assim como ocorria no
O plano de nomear responsá\eis por admi- restante do mundo; mas quando Samuel ten-
nistrar certos distritos sob a autoridade do tou ad\erti-los das maldições que es tm <lm
juiz principal também foi reali1ado por Jair, prestes a Lra1er sobre si mesmos, e les acres-
muito antes dos dias de amuei (j1 10:4). centaram um segundo moti\O: "o nosso rei
4. A nciãos. Do hcb. ::aqmz, de um radi- podení [...]sair adiante de nós e fater as nos-
cal cujo significado é incerto; do mesmo sas guerras" (JSm 8:20). O esc la rec imento
radical deriva a pala\ ra "quei\o" ou "barba". das circunstâncias que baram os anciãos de
Os "a nc iãos" e ram homens de idade madura Israel a apela r por um rei é dado em J amuei
que C\crciam posições de autoridade. Samucl 12: 12: "Vendo \ÓS que Naás. rei do filhos
organi1ou as tribos com líderes responsá\ eis de Amom. 'inha contra \ÓS outros. me dis-
em todos os lugares, que prcslél\ am contas a sestcs: l ão! i\ las reinará sobre nós um rei ...
um "jui/' local, o qual atuava sob a coordena- ] oscfo confirma a idcia de que 'aás 'inha
~ ção de 'a muei. Csses líderes já tinham visto afligindo os israelitds do ou tro lado do Jordão
muit;Js coisas ruins na conduta dos filhos de já por a lgum tempo, transformando os habi -
'a muei para justificar o fato de irem direta- ta ntes das cidades em escravos c arrancando
mente ao profeta. o olho direito dos cati\ OS, a fim de incapa-
5. Não a ndam pe los te u s ca m inhos. citá-los para a guerra (t\ llti~uidacles, \ i.5. 1).
t\ con fi a nça dos anciãos em Samuel era Descobertas a rqueológicas na Palestin a
tal que e les sabiam não ser ele de maneira e na Transjordânia também apontam p,lra
alguma respons<hel pela maldade dos filhos. o fato de que, no século anterior, todas c1s
Seria melhor, pensaram, len1r a questão para nações dessa região começa ram a ronificar

516
Ar..IUEL 8:7

suas cidades e a se preparar para resistir aos (Dt 17:14): !'inalmente cumpriu-se essJ pro -
bandos de migrantes compostos pelos "pm os fecia. Embora seja pro\<11 el que a molíl ação
do mar", da região do Egeu (\C~r p. 15, 16), dos a nciãos fosse apenas política. ~amuei
que a1 ançm·am contra o Cgito tanto por terra lhes mostrou o melhor caminho: buscdr a
quanto por mar. Parte dessa onda migrató- Deus em oração. Eles h<n iam sube..,timado
ria se mo1 eu pela Ásia ;-. lenor, derrotou os seu clen1do pri1 ilégio religioso c não perce-
he teus e , então, se dirigiu para o su l, pas- beram que a necessidade real da nação não
sando pela íria c Palestina, a caminho do era de um n010 poder, mas da organit.ação ~
Egito. Depois de derrotados por Ramsés 111 , permanente da teocracia, para confrontar
a lguns se estabeleceram na planície filisteia. a confu são que resu ltava de suas próprias
1\ s outras nações obser\'avam o panorama inqu ie taçõcs e pen ersidades.
político com medo e tremor. Não é de se Não estm·am dispostos a submeter o caso
estranhar, portanto, que os Iídercs de Israel a Deu!> e a conhecer ua vontade. amuei
sentissem preocupação vital pela condição exerceu sua prerrogatil c1 oficial insistindo
política da nação. que eles deixassem a decisão de um assunto
Deus cslma procurando demonstrar um tão importante nas mãos do enhor, que sem-
méLOdo singu lar de lidar com problemas pre esti1 era pronto para li1 rá-los nos momen-
internacionais, mas Israel não conseguiu tos de perplexidade. Por mais magoado
ver outra saída a não ser imitar as nações que esti1 esse por aque le pedido da parte
ao redor. Por sécu los, eles ha1 iam sido um do pmo, amuei dispôs seus sen iços como
pO\o sem inômade, que habita\'a principal- profeta com a mesma fidelidade que o fet
mente em tendas: não conseguiram e \pul - em circunstâncias agradá1eis. ua atitude foi
sar das cidades todos os na til os habitantes de semelhante à de Cristo séculos mais tarde,
Canaã (]t I:27-36). o entanto, no período quando clamou: "Pai, perdoa-lhes, porque
entre 1200 a I0'50 a.C .. passaram a morar não sabem o que fa7em" (Lc 23:34): c d de
cada \ 'C/ mais em regiões urbanas. I essa João. que afirmou acerca de Cristo: "Comém
no\'a condição, não 1 iam nada mais a fa7cr que [le cresça e que eu diminua" (Jo 3.30).
a não ser consolidar eu gm·erno e se fortifi - 7. Ate nde à voz do povo. Este 'er!>í-
car contra in\'asorcs. culo é a melhor C\ idência possí1el de que as
Anos antes, os amonitas hm iam acusado nações, assim como os indivíduos, são agen -
Israel de tomar território deles (J; li :13-27). tes morais li1 res. Se os anciãos ti1·csscm bus-
Isso ocorreu nos dias de Jefté, quando a opres- cado conselho, Deus teria dado: mas como
são amonila , que j<í dura,·a 18 anos, c hegou chegaram com um ultimato, o Senhor acei-
ao fim. os tempos de ' amuei, os amonilas tou a escolha deles.
fuiam uma segunda lenlali\'a de reconquis- Rejeitou [...] a Mim. ob a liderança
tar esse território das mãos de Israel. dos ju í;es. rsrael desfrutou di versas \'anta-
6. Samuel orou. Israel mais uma \C/ gens em relação ao governo monárquico. Por
resoheu fa;er e\c.llamente o que fi;cra por C\emplo:
séculos: tomar decisões sem esperar a orien- I. Durante o período de liderança dos
tação di1 ina. O po1o foi advertido contra cair juítcs. Deus permitiu a cada uma das tribos
na idolatria, mas preferiu seguir os cami- ser praticamente independente. Os impos-
nhos das nações, em 1e1 de permanecer no tos eram baixos. Embora as tribos traba -
direcionamento do enhor. r.. loisés previra lhassem juntas, como aliadas, "não ha1 ia rei
o momento em que os israelitas pediriam em Israel; cada um fa7ia o que achma mais
um rei , para serem com as outras nações reto" (J; 2 1:25). É claro que não se lralma

'5 17
8:9 CO I E TÁRIO BÍBLICO ADVEI TI TA

de uma bênção sem restrições (\e r Dt 12:8). em degraus para um conhecimento ma i pro-
Os anciãos, porém, rejeitaram a independên- fundo do Senhor e do plano da salvação.
cia de uma confederação tribal e escolhe- 6. Deus espalhou os levitas por entre
ram, em \e; disso, uma forma autoritária de as tribos para que o po\'0 fosse educado de
governo que, em poucas décadas, trouxe con- maneira especial em eus caminhos. Por
sigo uma carga tributária exorbitan te . causa do egoísmo que resultou na falta de
2. Deus hm ia dado a cada israelita liber- disposição em execmar esse plano. Israel
dade individual considerável para ganhar o falhou em sustentar os levitas e permane-
sustento, escolher a própria forma de ado- ceu em a nalfabetismo e ignorância. A maior
ração e administrar seus negócios em geral. parte do povo não queria ser ensinada a pen-
Contudo, os anciãos rejeitaram essa liber- sar por si só. entia-se perfeitamente fel i;
dade, preferindo ser servos de um rei que em deixar que os líderes pensassem em seu
exerceria poder de \ida e morte sobre seus lugar, contanto que estes não exigissem suas
súditos e que poderia executar aqueles que posses, nem perturbassem sua tranquilidade
discordassem dele. egoísta.
3. Por \'á rios séculos, o Espírito do enhor Desde o momento em que o grande con-
desceu sobre pessoas das diversas tribos. Sob flito começou no Céu (Ap 12:7-9) o gran-
a liderança desses indivíduos, Israel desfru- dioso plano de Deus para o universo tem
tou descanso e certa medida de pat e segu- sido mal compreendido por alguns. Alegando
rança para ir em busca das vocações que sabedoria, essas pessoas questionam se a
escolhessem. ão havia sucessão hereditá- orientação divina é confiável e desejável;
ria: o<; juí7es eram escolhidos por Deus de decidem. então, seguir aquilo que, em seu
tempo em tempo, com base nas qualifica- raciocínio, parece ser a melhor direção. tão
ções pessoais. Todavia, os anciãos rejeitaram somente para descobrir que tomam cami-
esse au\ílio di\ ino e preferiram uma monar- nho sem saída. O enhor sempre dá oportu- ~
quia hereditária. nidade para os seres humanos provarem que
4. Ve; após \C7 , quando Israel buscou o Seus cami nhos são os melhores. As ve7es,
conselho do Senhor, Ele protegeu miraculo- porém, Ele cede aos desejos das pessoas e
samente o pü\O de ataques inimigos (\er I m permite que sigam o rumo que escolhem, a
7:10: Js 10:11 , etc.). J\o rejeitar a crença de fim de que seus fracassos, por mais graves
que Deus era o supremo enhor da teocra- que sejam, acabem levando-as a se prostra-
cia, os anciãos estavam, na verdade, abrindo rem de joelhos e reconhecerem a superiori-
o caminho para a nação se tornar uma mera dade de Seu plano eterno (ver Fp 2: IO, I I;
marionete dos conflitos internacionais. PP. 605. 606).
Os israelitas e\igiam tributo dos inimigos 9. Adverte-o so lenemente. Literal-
derrotados e se gloriavam de seus feitos mili- mente, "advertindo-os. tu os advertirás". Por
tares. Em contrapartida, caíram sob o domí- ser um agente moral livre, o ser humano deve
nio de nações mais poderosas. Atribuíram decidir, com base nas e\ idências à sua dis-
erronea mente seus reveses militares e perío- posição, o que deseja fa~:er com a própria
dos de opressão à forma de governo, em vez vida. Existem duas maneiras de obter essas
de reconhecer seus caminhos ímpios. evidências: por meio de estudo cuidadoso
5. Era plano de Deus transformar o vale dos conselhos, estatutos e julgamentos de
de Acor em um portal de esperança quando Deus aplicáveis ao caso, ou experimentando
eu povo se entregasse a Ele (Os 2: 15). Sob a outras sugestões na tentativa de se verificar o
orientação di\ i na, os erros se transformariam va lor delas. Um pai pode dizer: "Filho, \Ocê

5 18
l SAf\ l UEL 8:18

está come tendo um e rro. e \Ocê sente que 18 . Não vos ouvirá. Literalmente, "não
deve seguir o caminho que propôs, te rá de \OS responderá". O verbo 'anah aparece 35
arcar com as consequ ê nc ias."' Entreta nto, ve7CS em I amuei e só nesta vez é tradu-
após a advertência contra a mudança pro- 7ido por "ouvir". Em I amuei 7:9, o termo
posta, Deus declarou claramente o segu inte: apa rece como "respondeu", ocasião em que
" e vocês sentem que essa é a coisa certa a se Deu s atendeu ao pedido de Samuel por uma
fazer, tentem. Embora Eu saiba que o plano tempestade de trovões. l\ las, neste texto, a
não terá sucesso. vocês precisam aprender ideia não é que Deus seja incapaz de ou\ ir,
por experiência própria que não funcionará. mas que E le não responderia por causa da
Só en tão ficarão satisfeitos em segu ir 1\ leu rejeição voluntária de Israel a E le. Isso está
conse lho." Assim, Samue l foi inst ruído a em harmonia com o contexto, pois I amuei
advertir Israel do resultado daquele plano. 8:7 afirma que não foi o Senhor quem pla-
O Senhor, con tudo, seria com e les e lhes nejou mudar a forma de governo, mas, sim,
ajudaria a transformá- lo e m s ucesso (ver a os líderes de Israel. Portanto, quando poste-
relação do I 139, especia lmente os v. 7- 13, riormente ficassem insatisfeitos com as con-
com essa questão). dições, e les deveriam se lembrar de que, ao
11. O direito do rei . Litera lmente, "o pedir um rei, estavam colocando em vigor
julgamento de um rei". A palavra ntishpat, um novo regime que certamente afetaria sua
"ju lgamento", descreve o a to ou a decisão \ida materia l. ovas tentações, novos rela-
de um shopet, "jui7". A d ecisão d e um rei cionamentos e problemas afetariam a nação.
deveria ser aceita como lega l e inquestioná- Os israelitas, por vontade própria, lançaram
vel. e e le sentisse necessidade de a uxílio as sementes da obstinação e, ao fazer isso,
para desempenhar s uas responsabilidades, colocaram o enhor numa posição em que
tinha o direito de buscá-lo, fosse para fins era necessário permitir que a semente pro-
civis ou militares. du7isse a própria colheita. Ele não interferi-
13. Perfumistas. Pa lav ras d a mesma ria na lei universal de que a semente lançada
raiz foram empregad as p ara se referir ao produ7 co!hei ta de sua própria espécie.
trabalho de determinados sacerdotes que É por isso que Deus muitas \ezcs per-
"confeccionavam as especiarias'' (ICr 9:30). mite ao ser humano ter o que Ele não aprova.
Samueltambém pode ter mencionado o fato Libera aq uilo que antes. por misericórdia ,
de que muitas das filhas do povo se torna- havia retido. Ao questionar a palavra do
riam concubinas no harém do rei (l Rs li :3). enhor, Adão trou xe à luz um novo regime,
14. Aos seus servidores. Literalmente, que deve seguir seu rumo para demonstrar a
''escravos". A mesma palavra é usad a para se pessoas e anjos, sem sombra de dúvida , que
referir ao Egito como a "casa da serv idão" somente o plano ordenado por Deus é capaz
(Êx 13:3; Dt 5:6, etc.). O rei tinha poder de de trazer vida e felicidade. Os acontecimen-
vida e mo rte sobre os súditos e, na maioria tos posteriores na história de Israel mostra-
das nações do ant igo Oriente, as pessoas ram que, embora o Senhor tenha permitido
existiam principalmente para o benefício que o povo colhesse a messe que plantou ,
do rei, que podia fazer o que quisesse com Ele nunca o abandonou e sempre esteve dis-
e las. Além de supri r as necessidades da casa posto a salvá-lo. Além disso, os profetas tes- ~
real, o povo costumava prover-lhe os meios tificaram de que, em meio a tal ambiente,
necessários para enriquecer seus preferidos, qualquer pessoa pode escolher se afastar dos
fossem esposas, concubinas ou oficiais civis camin hos da multidão e ser guiada por Deus
e militares. (ver Ez 18: 1-24).

519
8:20 COf\ IENTÁR LO BÍBLICO A DVE 'TI TA

20. Como todas as nações. Durante estilo d e vida diferenciado. Indig nados com
o tempo em que habitaram na Pa lestina, os a ga nância e a corrupção de líderes sacer-
israelitas testemunhara m os esforços unidos dotais como os filhos de E li e de amuei,
dos povos do mar e de outras nações na con- pensaram que a solução se e ncontra\'a em se
quista de todas as terras do an tigo Oriente subme ter ao juí7o de um rei, como o fati am
Próximo, supera ndo qualquer resistê ncia e as outras n ações. Ignoraram o fato de que
leva ndo medo a todo coração. o e ntanto, um rei e ncontraria ai nda mais oportunida-
o povo n ão sabia nada sobre o medo que des para d emonst rar favor itismo e gratificar
tomou conta dos cananeus quand o J osué desejos egoístas do que fa?ia m os d issolu-
liderou os filhos d e Israel na conquista da tos sacerdotes.
Palestina (ver J s 2:9-1J). Seus a ntepassa- o in ício de seu período como jui7.
dos foram tolos e acredita ram que o tributo amuei mostra ra ao povo que a \erdadeira
cobrado das nações conq uistadas e nrique- solução para os problemas não era uma
ceria a nação. Esqueceram-se de que as mudança de administração, mas, sim. d e
\erdadeiras rique?as \êm por meio de um coração, numa e ntrega contrita ao 'enhor.

COMENTÁRIOS D E ELLEN G. WHITE

1-22 - PP, 603-607 7. 8- PP. 605 20- PP, 6 14


3-5- PP, 604 J0-1 8- PP. 606 22- PP, 607
S - Ed, 50; T6, 249 19. 20- PP, 607

CAPÍTULO 9
1 Sau l, ao perder as esperanças de encontrar as jumentas de seu pai, 6 segu e o
conselho de seu servo, 11 e a informação de umas moças. 15 Segundo a revelação de
Deus, 18 ele vai até Samuel. 19 O profeta recebe Saul na festa. 25 Depois
de uma co mtmicação secreta, Samuelle11a Saul a seu cam.inho.

llavia um homem de Benjamim, cujo nome elas não estavam ali: passaram ainda à terra de
era Qu is. filho de Abicl, filho de Zeror. filho de Benjamim; todavia , não as acharam.
Becomte. filho de Afias, benjamita, homem de bens. 5 Vindo eles, e ntão, à terra de Zufc, Saul
2 Tinha ele um filho cujo nome era Saul, dis~c para o seu moço, com quem ele ia: Vem.
moço c tão belo, que entre os filhos de Israel não c 'oi temos: não suceda que meu pai dei\ e de
hm ia outro mais belo do que ele: desde os om- preocupar-se com as jumentas e se aflija por
bros para cima, sobressaía a todo o pO\o. causa de nós.
3 E.ürm iaram-se as jumentas de Quis. pai de 6 Porém ele lhe disse: '\ esta cidade há um
au l. Disse Quis a Saul. ~eu filho: Toma agora homem de Deus, e é muito estimado; tudo quanto
contigo um dos moços. dispõe-te e ,·ai procurar ele di7 sucede; , ·amo-nos, agora, h\; mostmr-nos-á.
as jumentas. porventura, o caminho que devemos SL'j.!,Uir.
4 l:.ntão, atrmessando a região monta nho- 7 Então. Saul disse ao seu moço: Eis. porém.
sa de Efra im e a terra de Salisa. não as acha- se lá formos. que leva re mos. então, àque-
ram: depois, passaram à terra de Saa lim; porém le homem? Porque o pão de nossos alforjes se ~

520
A IUEL 9: I

acabou, e presente não ternos que lc1·ar ao homem 18 ~aul se chegou a Samuclno meio da porta
de Deus. Que ternos? c disse: \!ostra-me, peço-te, onde é aqUI a ca<,a
8 O moço tornou a responder a aul c disse: do 1 idente.
Eis que tenho ainda em mãos um quarto de siclo 19 <;amuei respondeu a Sau l c disse Lu sou o
de prata, o qual darei ao homem de Deus, para 1 identc: sobe adiante de mim ao alto, hoje, corne-
q ue nos mo~tre o cam inho. rcb com igo. Pela manhã, te despedirei c tudo quan-
9 (A ntigamente, em Israel, indo alguém ccm- to está no teu coração to declararei.
sultar a Deus, di;ia: Vi nde, 1amos ter com o 1 i- 20 Quanto às jumentas que h<í três dms se te
de nte; porque ao profeta de hoje, antigamente, perderam , não se preocupe o teu coração com elas,
se chamma 1 identc.) porque já se encontraram. 1:. para quem está reser-
10 Cntiio, disse aul ao moço: Di;es bem ; l·ado tudo o que é precioso em Israel? i'\ão é para
anda. pois. l'amos. C foram-se à cidade onde es- ti e para toda a casa de teu pai?
tm a o homem de Deus. 21 l:.ntão, respondeu aul c disse: Ponenlllra,
li ~ubindo eles pela encosta da cid.1dc, en- não sou benjamita, da menor das tribos de lsmcP
contraram urnas moças que saíam a tirar água c L a minha família. a menor de toda~ as famílias da
lhes perguntaram. Cstá aqui o 1 identc? tribo de Benjamim) Por que, pois, me falas com
12 Lias responderam· Cstá. Cis aí o tens diante t<liS p,1ia1 ras?
de ti , apressa-te, pois, porque, hoje, 1eio à cidade; 22 ",amuei. tomando a Saul e ao seu moço, lei ou-
porquanto o povo oferece, hoje, sacriffcio no a lto. o~ à sala de jantar c lhes deu o lugar de honra entre
13 [ntrando 1·ós na cidade. logo o acha reis. os com idados. que eram cerca de trima pessoas.
a m es que suba ao a lto pa ra comer: porque o n Cntão, disse Samucl ao co;inheiro: I ra;c a
p01 o não comerá enqua nto ele não c hega r, por- porção que te dei, de que te disse: Põe-na à parte
que e le tem de abençoar o sacrifício, e só de- umtigo.
pois comem os com idados: subi. pois, agora, que. 24 lomou. pois. o cozinheiro a CO\a com o que
hoje, o achareis. ha1 ia nela e a pôs diante de ~aul. D1sse Samucl: L1s
14 ~ubiram, pois, à cidade: ao entrarem. eis que que isto é o que foi rcsenado: toma-o c come, pois se
Samucllhes saiu JO encontro, para subir ao Jlto. guardou para Li para esta ocasião, ao di1er eu: Com1de1
15 Ora, o SL." IIOR, um dia antes de Saul che- o p01 u. \ ssim, comeu Saul com amuei naquele d1a.
gar, o ren•lara a Sarnuel, di7cndo: 2'1 rendo descido do alto para a cidade, falou
16 1\man hã a estas horas. te envia re i um ",amuei com Saul sobre o e irado.
homem da terra de Benjamim, o qual ungirás 26 Le1amaram-se de madrugada; c, quase ao
por príncipe sobre o r- leu p010 de Is rael, c e le subir da alva, chamou amuei a aul ao eirado, di;cn-
li1ra rá o r-leu pmcJ das mãos dos filisteus: por- do: Lc1anta-te: cu irei contigo para te encaminhar.
que atentei para o r. leu povo, pois o seu c lamor Lc1·untou-sc aul. c saíram ambos. ele c Smnuel.
chegou a \ lirn. 27 Desciam e les para a e:-.tremidadc da cida-
17 Quando Samuel 1 iu a Saul, o SE:-..IIOR lhe de, quando Samuel disse a Saul· 011c ao moço
disse C1s o homem de quem Cu já te falara. LMc que passe adiante de nós, c lU , tendo e le pas~a­
dominará sobre o r. leu po1o. do, espera, que te farei saber a pala1 ra de Deus.

1. Quis. A palavra tra n sliterad a como significa "arco", e ntão Quisi (IC r 6:44) sig-
"Quis" \em de qosl! . "colocar uma armad i- nifi cm ia "meu a rco" (1e r também o subs-
lha" (1er ls 29:2 1). Uma p a lavra á rabe rela- ta nLiiO "elcosita " em Naum 1:1, de 'elko.~hi,
cionada quer di;er "esta r c un·ado como "Deu s é m e u a rco"). Às 1 c;es, o nome era
um a rco". Se for con s ide rado qu e "Q uis" composto com o d a divindade, como o caso

521
9 :2 CO I E TÁRIO BÍBLICO ADVE lTJ TA

de Cusaías, "o a rco de De u s" ( ICr 15: 17). Poucos estão prepa rados para esse lipo de
O pai de Quis era Abiel, " Deu s é m e u pa i", lidera nça. loisés n ão estava plenamente
c o nome de seu a\ ô era Zeror, "atados jun- preparado para ser líd er nem mesmo quando
tos". O mesmo radical é usa do e m I amue i teve um e ncontro com Deus junto à sarça
2S:29-3 J, rassagem na qua l Abigai l implora a rde nte. Porém, o aspecto animado r de um
a Da\ i que esqueça a afront a de 1 a bal con- chamado à liderança é que o Senhor toma as
tra e le. O pai de Zeror era Becorate, de bekor, pessoas como as encontra , com o propósito
"primogênito", e o nome de seu a\ Ô e ra Afias, de capacitá-las para a obra. Tudo que Deus
cujo s ig nificado é d esco nhec ido. A ascen- esp era d e qua lquer indh íduo é q ue pratique
dência de au l é delineada por um período a justiça. ame a misericórdia e ande humil-
de mais de um século. de m e nte com E le (i\ lq 6:8); literalmente,
Filho de Abiel. Ver com. de I m 1+50. " humilhe-se para andar com Deus". Pedro
2. Saul. Do hcb. slw'ul , de ri vado do fe7 isso; Judas não. Dm i fet isso, mas a ui se
\erbo lwltf, "pedir". ''solicitar". Um dos prín- recusou. O enhor sempre é capa7 de habili-
~ cipes de Cdom t ambém se chamd\·a Saul tar os que Ele ch ama. i\ las, às ve;es, alguns
(Gn 36:37, 38). e Quis era conhecido como não humilham o coração diante dCie para
"o arco de Deus" (ver com . do v. 1), por li ber- que, no tempo devido, Deus possa exa ltü-
tar Israel das mãos das nações\ itinhas, tam- los (I Pe 5:6).
bém de\eria haver flechas para sua alja\a . 4 . Região montanhosa de Efraim.
Zdcarias se refere a Jud á como o arco de Quem se apro\ima\·a do \ c1le do Jordão ou
Deus c a Erraim como su as fl echas; Sião das colinas ondu lantes da Sefe lá a oeste , con-
é "como a espada de um \alente" (Zc 9:13). seguia ver a região montanhosa de Cfraim à
Com uma a ltura em que ombros e cabeça frente . Era a cordilheira que ficma no norte
sobrcssaídm em relação a seus compa t rio ta~. da região de Betel rumo a Salím, alguns qui-
Saultinha um porte rea l que lhe gnmjeou o lômetros a leste de iquém. Essas montanhas
fm o r da multidão. Que lição melhor Deus formm·am uma bacia hidrográfica a cerca de
poderia dar àqueles que deseja\·am ser como 800 a 900 m acima do ní\el do mar, de~ qual
as nações a seu redor do que escolher rara saíam riachos que corriam para o leste, até
e les um rei que seria julgado conforme os o J ordào, e para o oeste, até o i\ lediterrâneo.
padrões humanos? De maneira semelhc~nte, Terra de Salisa. ada se sabe quanto
os discípulos de Jesus consideraram Juda~ um à localização da "terra de c~lisa". t\lguns já
líder, pouco sabendo d as trc\'aS que cm·ol- sugeriram q ue ficava nos montes oc iden-
\ iam seu coração. O pmo do enhor, de todo tais, a noroeste de Betel; out ros pensam que
os tempos, de\ e pedir o colírio celestial para esta\·a situada no va le do Jordão, a noroeste
os olhos, o qual prmê o claro discernimento de Jericó.
das qualificações da \Crdadeira liderança. Saalim. Ou, ual (1Sm 13:17), de ,/w'al.
3. As jume ntas. Com frequência odes- "raposa" ou "chacal"; ou então de \ho'ctl, "cà\ i-
tino de nações c pO\O!> depende de inciden- dade da mão". É bem provável que a região
tes aparentemente inconsequentes. aul de Saa lim fosse considerada uma terra de
havia saído de casa com o objetin> de encon- chacais. As encostas ocidentais das monta-
trar jumentas perdidas, sem saber que che- nhas da Palestina central eram , em sua maior
gara o dia de assumir as responsabi lidades parte, selvagens, rudes c desoladas, o habi-
de um rei . Os acontecimentos posteriores tat natural de feras.
demonstraram que ele não estava prepa- Depois de atra\'essar os distritos men-
rado para a tarefa à qual Deus lhe chamou. c ionados, no terceiro dia de busc<.IS, Saul

522
I A IUEL 9:20

e seu servo chegaram a Ramá , 9,56 km ao Isso ilustra o direcionamento do Espírito


norte de Gibeá (\. 20; \ercom. de I m I:I ). an to, que lc\'a as pessoas em dificuld<.~dcs
Os a nimai s estavam perdidos haviahá dois ao encontro daque les que podem ajudá-las.
dias completos(\. 20; \er p. 11 9, 120) e De maneira semelhante, Rute foi pro\ iden-
podiam ter perambulado a poucos quilôme- cialmente guiada ao campo de Boa? (Rt 2:3)
tros ele casa. Em sua busca pelas jumentas e Filipe foi dirigido ao eunuco, que ia de
perdidas, Saul investigou todas as colinas, Jerusa lém para a Etiópia (At 8:26-29). É um
os vales e desfiladeiros e parou em \ários pri\'ilégio santo render-se de tal maneira ao
lugares para perguntar a respeito elos an i- controle do Espírito 'a nto, que pode guiar,
mais. A área coberta em dois ou três dias assim como guiou amuei, às almas que
ob, iamente tinha uma e \lensão limitada. necessitam de ajuda.
Assim, é prO\·ável que aul e seu servo não 18. No m e io da porta. Depois de rece-
esti\ essem longe de Gibeá e Bete!, ao norte be r instruções do enhor e de se lembrar
de Benjamim e ao sul de Efraim . Conforme da hora do dia em que a mensagem lhe fora
I amuei 13:17, a ''Lerra de ual" ficava na dada, am ue i saiu para encon trar o jO\em
'i?inh,mça de Ofra, cerca de oito quilôme- de que Deus falara. Os dois se encontraram
tros a nordeste de Bete!. Eles não fizeram "no meio da porta", o lugar onde os anciãos
uma busca comple ta em todas as regiões se assentavam e dm am conselho, ou aju-
citadas, mas somente naquelas partes dm c1m o estrangeiro a encontrar seu cami-
onde as jumentas poderiam ter se per- nho. •\ li amuei poderia obter informações
dido. Durante os dois di as ou mais. a té o acerca de qua lquer estrangeiro que chege~sse
momento em que encon traram amue i, eles it cidade. O momento foi preciso. Antes de
viajaram en tre 48 e 64 km, incluindo as Saul falar, amuei sabia que ele era o homem
buscas pelos topos e encostas das colinas, Je quem o Senhor lhe falara no dia an te-
dos' ales c desfiladeiros. rior (\ . 17). Tahez os'· 18 e 19 sejam um<~
5. Terra d e Zufe. \ er com. de I m 1:1. e\phcação detalhada do'. 14. Que emoção
6. Nesta cidade. Ou seja, Ra má, a Samuel deve ter se ntido ao perceber que
cidade nata l de Samuel (PP, 608-610; ver estm a sendo condu;ic.lo por Deus, a quem
com. de I m I:l). Lle sen ia fielmente! 1 ão há moti\O algum
11 . Subindo eles pela encosta. para não vivenciar a mesma emoção, quando
atura lmente. as jumentas não estariam a pessoa se entrega ao Senhor de maneira
em cidades. aul e seu seno procurmam completa como o fet a muel.
pelos a nimais na ;ona rural , onde as pessoas 20. Já se encontraram. Samuel afirma
tinham plantações. ou em campos abertos. que as jumentas ficaram perdidas por três
~ 1~. Samuel lhes saiu ao e n c ontro. dias, literalmente, "hoje, três dias". Antes
Ou, '\eio em direção a eles": ou ainda "saiu de falar a aul sobre seu importante cha-
para lhes chamar". Todas essas traduções são mado, amuei o tranquilitou quanto ao pro-
possÍ\ eis, de acordo com o texto hebraico c pósito prático de sua \ isita. Cristo sempre
com o contexto. ministr<l\'a às necessidades físicas de Seus
16. E nviare i. Este é o pc1no de fundo ou\ intes, bem como aos anseios cspiritua is.
do\ . 1-L Os \ersículos anteriores mostram O próprio fato de Jesus se interessar pelo
que aul não tinha certcn1 se era adequado bem-estar físico das pessoas as leva\ a a
se apresentar a um profeta sem ]e,ar um ouvi-Lo quando Ele atendia su<1s necessida-
presente. foi preciso que o seno o persu<l- des espirituais. Portanto. a informação c.lc
disse pc1ra aul consentir com a ida à cidade. que as jumentas tinham sido encontradas

523
9:22 CO 1E TÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

desempe nhou um papel primordial em con- persistência para encontrar livra mento das
' encer a ui da origem divina da mensagem hostilidades infligidas pelos filisteus.
de Samue l acerca do reino. 24. A c oxa. A festa para a qual aul foi
Precioso e m I s r ael. Embora fo sse convidado era um sacrifício de ofertas pací-
profeta e jui1, am ue i aceitou o con selho ficas, do qual os anciãos de Ramá participa-
do en hor de conceder a Israel o desejo de ram (ver vol. I, p. 754, e o com. de L' 3:1).
seu coração. Ele não ex pressou sentimen- Os filhos de Israel fi7eram esse tipo de acri-
tos de pesar ou inveja ao con hecer o jovem fício no Sinai, quando confirmaram a aliança
que estava prestes a assumir a responsa bi- (Êx 24:4-8). Nele, o peito e a coxa direita
lidade de livrar Israel da mão dos filisteus pertenciam ao sacerdote ofician te (Lv 7:33,
(\ . 16). Em ,ez disso, deu a Saul evidências 34). A carne do sacrifício devia ser ingerida
de honra e respeito (ver v. 20-24). Nessa no mesmo dia ou no seguinte; nada podia
ocasião. a mue i demonstrou o verdadeiro ficar para depois di sso (Lv 7: 16). ão se men-
espírito de a ltruísmo. Assim como 1\loisés, ciona se a coxa dada a au l era a esquerda,
ele es tava desejoso de que o Espírito do que os laicos podiam comer, ou a da direita,
enhor 'iesse sob re todas as pessoas que pertenc ia ao sacerdote, mas a porção foi ~
( m li :29). C ri sto não co nsiderou a igual- reservada a e le, como conv idado de honra.
dade com Deus Pai a lgo a que se apegar, Disse Sa mue l. Embora o nome
porém , manifestou o princípio verdadeiro .. amuei'' não esteja no hebraico, ao que tudo
de renúncia ao e u capa L el e le' ar o vence- indica, foi e le quem falou. Ficou c laro para
dor a se assenta r co m Ele em Seu t ron o Sau I que sua chegada fora prevista e plane-
(Ap 3:2 1). De maneira semel hante, amuei jada, e isso deve tê-lo convencido do convite
demonstrou que estava disposto a delega r a de Deus para assumir responsabilidades de
responsabilidade a aul e que faria tudo ao liderança.
seu alcance a fim de preparar o fuLUro rei 2 5. Fa lou Samuel com Saul. aul não
para suas funções. ficou sabendo de seu importante chamado
22. Sala de jantar. Trata,·a-se do naquele dia. Evidentemente, amuei passou
cômodo ligado ao a lto onde se comia a carne a lgum tempo explicando aos convidados os
dos sacrifícios. au l e seu servo foram condu- grandes princípios do governo teocrático que
zidos aos lugares de honra, junto com cerca estava em vigor fazia sécu los e as conseq uên-
de 30 anciãos. au l fora persistente no tra- cias da mudança solicitada pelos anciãos.
ba lho de procurar as jumentas do pai ; e tal- Entretanto, os acontecimentos inesperados
vez os a nciãos, ao olharem para ele e ouvirem do dia não parecem ter perturbado o cora-
sua história, tenham sentido que se tratava ção de Sau l, pois ele dormiu até ser chamado
de um homem q ue poderia usar a mesma pelo profeta na manhã seguinte.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-27- PP, 608-61O 11 , 12, 14-21-PP.609


2-8 - PP, 608 22-24, 27 - PP, 610

524
A l\ IUEL 10: I

C APÍTULO 10
amu ei unge Sa11l. 2 O p rof eta dá proms a aul por m eio da predição de três
si1wis. 9 O coração de Sa ul é transform ado, e ele profeti::a. 1-1 Ele oculta
ao tio a que tão do reino. 17 Sa ul é escolhido e m i\lispa por sortes.
26 As dife re nte reações de seus súd ito .

I lomou amuei um ~a'>o de a1citc, e lho der- lO ChegJndo eles a Cibcá, eis que um grupo de
ramou sobre a cabeça, e o bc1jou, e disse. '\Jão te profetas lhes saiu ao encontro; o Lspírito de Deu~
ungiu, pon·entura. o SE'I II OR por príncipe sobre se apossou de Saul, c de profeti1ou no meio deles.
a ua herança. o pmo de lsmcl? li Todos os que. dantes, o conheCiam, \Cndo
2 Quando te apartares, hoJe. de mim, acharás que e le profeti~<lHl com o~ profeta~. d11iam uns
dois homens junto ao sepulcro de Haqucl. no ter- aos outros: Que é isso que sucedeu <lO filho de ~
ri tório de Benjamim. em Zel1a. os quais te dirão: QUis? [stá também Jul entre os profetas?
\ charam-se as jumentas que foste procurar, e eis 12 Lntão, um homem rc pondeu Pois quem
que teu pa1 já não pensa no caso delas c se afli- é o p.11 deles? Pelo que se tornou em pro' érb10:
ge por causa de 'ós, di1endo: Que farei e u por l:.stá também '-,aul entre os profetas?
meu nlho) I~ 1:., tendo profeti1ado. seguiu para o alto.
3 Quando dali passares adiante e chegares I-! Perguntou o tio de '-,aul. a ele c ao seu moço:
ao cana lho de fabor. al i te encontrarão três ho- \onde fostes? Hespondeu ele: t\ huscar as jumen-
mens, que vão subindo a Deus a Bctcl: um lc- tas c. 'cndo que não apareciam, fomos a amuei.
' ando três cabritos, outro, três bolos de pão, c o I 1 [ntão, disse o tio de Saul Conta-me. pe-
outro, um odre de\ in ho. ço -te. que é o que \OS disse Samucl?
4 l:. les te saudarão e te darão dois pães, que 16 Hcspondcu Sau l a seu tio Informou-nos
receberás da sua mão. dl' que .ts jumcmas foram encontradas. Porem,
5 Então, segu1rás a Gibctí-Eioim, onde está a com respeito <~o reino, de que amuei falara, não
guarnição dos filistcus: c há de ser que. entran- Iho declarou.
do na cidade, encontrarás um grupo de profe- 1- Comocou Samucl o po,·o ao 1 '\IIOR, em
tas que descem do alto, precedidos de sdltérios, \ ltspa,
e tambores, e flautas, c harpas, c eles estarão IH e disse aos filhos de Israel \ ssim di1 o
profeti1ando. ~~ ' l i OH, Deus de Israel ri1 subir a Israel do
6 O l:.spfrito do Sc'\ IIOR se apossará de ti. [gito c Ih rci-n>s das mâos dos egípcios c das
e profct i1arás com e les c t u scr<ls mud Jdo em mãos de todos os reinos que' os opnmiam.
outro homem. 19 \las 'cís rcJcitastcs. hoje. a Yosso Deus ,
7 Quando estes sinais te sucederem, fa1c o que \OS livrou de todos os \Ossos ma les e tra-
que a ocasião te pedir, porqul· Deus é cont igo. balhos, e lhe dissestes: l\Jo! ~las constitui um
8 l u, porém. descer<ÍS adiante de mim a rei sobre nós. •\gora, pois, ponde-\ os perante o
Gi lgal, c eis que cu descerei a ti, para sacrincar SE.'\IIOR. pclJs 'assas tribos e pelos 'ossos gru-
holocausto e para apresentar ofert<~s pacíficas; pos de milhares.
sete dias esperarás, até que cu \CnhJ ter contigo 20 Tendo '>amuei feito chegar tod.Js as tribos,
e te declare o que hás de fa1cr. foi indicada por sorte a de Benjamim
9 Sucedeu, pois, que, 'irando-sc e le para 21 fendo feito chegar <1 tribo dl' Benjamim
despedir-se de '>amuei, Deus lhe mudou o co- pelas suas famfltas, foi ind1cada a família de~ latn:
ração: c todos esses sina is se deram naquele c dela foi indicado Saul. filho de Quis. \ las, quan-
mesmo dia. do o procuraram. não podia ser encontrado.

525
10: I COME TÁR IO BÍBLICO ADVENTJSTA

22 Então, tornaram a perguntar ao SE IIOR 25 Declarou Samuel ao povo o direito do


se aquele homem viera ali. Respondeu o SENHOR: reino, escreveu-o num livro e o pôs perante o
Está aí escondido entre a bagagem. SE IIOR. Então, despediu amuei todo o povo,
23 Correram e o tomaram dali. Estando ele cada um para sua casa.
no meio do povo, era o mais alto e sobressaía de 26 Também Sau l se foi para sua casa, a
todo o povo do ombro para cima. Gibeá; e foi com ele uma tropa de homens cujo
2-1 Então, disse amuei a todo o povo: Vedes coração Deus tocara.
a quem o SE HOH escolheu? Pois em todo o 27 l'vlas os filhos de Belial disseram: Como
povo não há nen hum semelhante a ele. Então, poderá este homem sa lvar-nos? E o despre7a-
todo o povo rompeu em gritos, exc lamando: ram e não lhe trouxeram presentes. Porém Saul
Viva o rei! se fe7 de surdo.

1. Vaso de azeite. O azeite de oliva e ra A unção com azeite é uma excelente ilus-
símbolo de prosperidade (Dt 32: 13; 33:24). tração de como Deus usa costumes huma-
A unção do corpo com óleo e ra prática nos para levar as pessoas a um conhecimento
comum desde o início da história e continua mais profundo e verdadeiro da sa lvação.
a ser entre povos primitivos. Posteriorme nte, O enhor instruiu os israe litas a fazer tipos
unguentos perfumados passaram a ser usa - familiares de capas e varas para os móveis
dos. As pessoas eram ung idas por vários e utensílios sagrados do tabern ác ulo, seme-
motivos: como distinção de honra (Lc 7:46; lhantes, até certo ponto, aos que os egípcios
]o li :2), em preparação para eventos sociais usavam em seus templos. Artigos parecidos
(Rt 3:3), ou com o significado da qualifica - foram encontrados na tumba de Tutancâmon.
ção apropriada para um serviço, nobre7a, Ali também foram encontradas imagens simi-
função ou privilégio especial. lares às de querubins, cujas asas se tocava m, ~
Não te ungiu , porventura , o SENHOR? enta lhadas em alto relevo. Aos magos dos dias
Para os hebreus, a unção de um homem por de Cristo, Deus deu um sina l usando um
um profeta era um símbolo do recebimento meio que lhes era conhecido: uma estre la
de um dom especial do Espírito Santo, para para guiá-los até Belém. Em qualquer era e
realiza r a tarefa designada. O óleo santo em todos os costumes dos povos , o Senhor
da unção era usado para consagrar obje- usa instrumentos familiares para ensinar as
tos usados para propósitos religiosos , como pessoas sobre Sua santidade e sobre a beleza
o tabernáculo (Ex 30:26-29) e para a con- do plano da redenção.
sagração dos sacerdotes (Êx 29:7; 30:30; 2. Acharás. Era natural que Saul ficasse
Lv 8:10-12; etc.). H av ia cuidados espe- espantado pela mudança inesperada dos
cia is a serem tomados em seu preparo e aconteci mentos. Que surpresa deve ter sido
uso (Êx 30:23-33). É claro, porém , que não para ele se descobrir no centro das aten-
havia santidade no óleo, assim como não ções. Samuel, o líder do povo, estava pre pa-
há nas águas do batismo; e le não transmi- rado para recebê-lo com honra . Ele deve te r
tia virtude especia l, era apenas um sím- se perguntado o significado de tudo aquilo.
bolo. Alguns pensam que a prática de ungir Como evidência de que o Senhor o estava
os reis se originou no Egito; outros con- chamando, o Espírito anto fa lou por inter-
sideram seu antigo uso em rituais cana- m édio de Samuel e reve lou eventos futu-
neus uma evidênc ia da primeira vez que ros. As evidências da presciência de Deus,
foi e mpregado. confirmadas poucas horas de pois da unção,

526
I SAMUEL I0:6

deram coragem a aul para aceitar a respon- por "estarão profetizando" significa, literal-
sabi lidade à qual foi chamado. Teve certeza mente, "estarão agindo como profetas". Eles
de que o enhor estaria com ele. Samuel já estavam cantando louvores a Deus com fer-
lhe havia informado que as jumentas tinham vor. Esse parece ter sido um dos métodos ins-
sido encontradas; em seguida, mais testemu - tituídos por amuei como parte do currículo
nhos inspirados foram acrescentados a fim das escolas que fundou , para refinar e espi-
de confirmar a mensagem do profeta. ri tualizar a mente dos profetas (\er Ed, 47).
Deus multiplica as evidências do cami- 6 . Profe tizarás. O verbo é uma forma
nho a seguir para o coração humilde e dese- do termo nava', "agir como porta-voz de
joso (Is 30:2I; Jr 33:3; ver DT , 224, 330, Deus". este caso, a referência não é à previ -
33I, 668; 1\ I DC, 150). E a beleza disso é que são de acontecimentos futuros, mas à expres-
Ele tem milhares de maneiras de manifestá- são da verdade divina na forma de música
las; o Senhor não se limita a um método pre- sacra. A mesma forma do verbo é usada para
estabelecido. O fato de o Espírito anta ter descrever os falsos profetas de Baal que se
falado mediante línguas de fogo nos dias dos cortaram como se estivessem possuídos por
apóstolos não significa que E le precisa Se um espírito maligno (lRs 18:28, 29), embora
manifestar da mesma forma em outras oca- ninguém questione que se tratava de um
siões. Os apóstolos foram instruídos a lan- espírito completamente diferente do que
çar sortes para escolher o 12° membro de seu possuía aqueles profetas pagãos. Os filhos
grupo. Isso não significa, porém, que usar o dos profetas cantavam louvores ao Senhor
mesmo método hoje seja a resposta para pro- quando Saul se encontrou com eles e come-
blemas pessoais. çou a cantar junto. As muitas C\ idências da
Junto a o sepulc ro d e R a qu e l. Ver providência divina pelo caminho durante as
ota Adicional a I Samuel l. horas anteriores, de fato, provocaram uma
3. Ao ca rvalho de Ta bor. Os carvalhos transformação que, mesmo temporária,
tinham vida longa e se tornavam grandes deixou clara a promessa daquilo que Deus
árvores; eram, portanto, excelentes pon- estava pronto e disposto a fazer por ele, caso
tos de referência. Os deuses estrangeiros permanecesse humilde e submisso.
da casa de Jacó foram enterrados "debaixo Tu será s mudado e m outro home m.
do carvalho que está junto a iquém" (G n Chega o instante na vida do ser humano
35:4). Débora, a ama de Rebeca , foi sepul- em que uma mudança de circunstâncias ou
tada perto de Betel, "debaixo do carva lho" algum dom divino o libera de impedimentos
(Gn 35:8). Em algum lugar entre o sepulcro anteriores. Ele é, então, submetido a uma
de Raque l e Gibeá ficava essa árvore, que mudança tão rápida, inovadora e marcante
pertencia a Tabor, ou se localizava na região quanto a de uma borboleta que sai do casulo,
com este nome. ou da flor noturna do cacto, que, de repente,
5. Gibeá-E loim. Literalmente, "Gibeá começa a desabrochar, revelando sua beleza
de Deus". Uma vez que era em Gibeá que magnífica e exa lando seu perfume, onde <~t
aul morava (v. 26), é provável que "Gibeá de poucos momentos antes não havia nada visí-
Deus" fosse a parte da colina onde se situava ve l. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito''
o a lto de onde desceu o grupo de profetas. vêm de Deus (Tg 1:17). Bezalel e Aoliabe
U m g rupo d e profe tas. O contexto receberam sabedoria e habilidades espe-
sugere que os profetas estavam usando ciais para a obra do tabernáculo (Êx 31 :2-6);
aquela música para relembrar as providên- 1\ Ioi sés foi transformado, quase que de uma
cias de Deus no passado. A palavra traduzida hora para a outra, de um tímido pastor de

527
10:7 COi\ IE TÁRIO BÍBLI COADVENTI TA

0\ e lhas para um libertador que se apresen- De u s é contigo. Todo o Céu esta\ a inte-
ta\ a sem medo diante de um rei. De maneira ressado em ajudar au l a tomar a decisão de
!>emelhante, Gideão se tornou um homem dei\ar sua' ida ser controlada por Deus. l as
de grande coragem. capa; de condu7ir um circunstâncias de sua e\periência cotidiana.
e\ército à 'itória, não por sua própria sabe- ele de,eria reconhecer a direçJo di\ ina.
doria e capacitação, mas inspirado por Deus. Bem diferente teria sido a história de !!.mel
O egocêntrico Pedro. cheio de justiça pró- se clUI hou\esse se contentado em e'>pcrar
pria, foi transformado num líder intrépido d<t pela orientação do Senhor. Ele te' c C\ idên-
igreja apostólica. Essas mudanças são opera- ci<.ts de que as circunstânciils de seu retorno
das quando o Espírito de Deus comunica às para casa seriam ordenadas por Deus. Ficou
pessoas uma 'i são de nO\ as possibilidades e sabendo o que iria acontecer, para que fosse
das respondem com santa alegria e júbilo, encorajado a cooperar com o 'e nhor, permi-
rego1ijando-se na aceitação da respons<tbili- tindo que o Espírito o instruísse, protegesse
dade dada pelo en ho r. c guiasse suas ações.
A realidade ela transformação se torna 8. D escerás. amuei deu a Saul um' is-
e' idente à medida que ocorrem mudanças lumbre sufic iente do futuro. para pro\'ar que
nos pensamentos, nos h<í bitos c na \ida. Deus estm J trabalhando por ele. O Senhor não
\s coisas 'elhas passam, tudo se fa; nO\O podia, naquele momento, di1er c1 C.,c~ul que Lir-
( ICo 5:17). Contudo, é preciso lembrar que cunstâncias ele encontraria em Gilgal. C.,e o
a mudança só se torna permanente com a fi;esse , poderia confundir o jO\ em, em' e; de
reafinnaçào diária da escolha feita . Cideão. ajudá-lo(\ er I Sm ll : 15: 13:-t. 8). C.,amuc l-.irn-
por exemplo. condu;iu os israelitas de sua plesmente garantiu ao futuro rei que. ao agir
época à mesma idolatria da qual os fitera sair conforme a ocasião pedisse e ao aguardar a
pouco tempo antes {j7 6: I, 10, 25; 8:2-t-33). orientação di' i na, ele sempre poderia espe-
':>aul. de igual modo, se recusou a continuar rar tanto sucesso quanto no dia de sua unção.
a conhecer ao Senhor. Como resultado, aca- 9 . D e u s lhe mudou o coração. Lite-
bou se dei\ando chegar ao ponto de estar sob ralmente, ''Deus transformou outro cora-
controle tota l de atanás. J\luitas pessoa s, ção para ele", com o significado de "Deus o
tt.tnlo hoje corno nos tempos antigos, l<tmen - com eneu ". Esta mudança de coração tam-
tam sobre o que "poderia ter sido". bém seria acompanhJda por uma mudança
7. Faze o que a o casiã o te p edi r. Saul na orient<~ção da ali\ idade menta I. Em 'e;
deveria perceber, em tudo que o começou a de pensar sobre jumentas e fa7endas. ':>aul
acontecer, que Deus estm a lhe d<tndo e\ i- de,eria aprender a pensar nos problemas que
dências de seu chamado. Por que ele não confrontam os estadistas, generais c reis .
h<t\ ia encontrado dS jumentas antes? Por que O Senhor esla\a pronto a conferir a Saul
tinha seguido aquele caminho até encontrar habilidade proporcional à suas novas res-
amuei, sem saber nada sobre os an imais? ponsabi Iidades. Pensamentos su rprecnden-
Em todas essas coisas, de' cria entender tes de,·ern ter passado pela mente de C.,aul
que , embora não conseguisse \er, o Senhor naquele dia. enquanto e\ento após e\ento
estava com ele em todo o percurso. Com tan- preditos por Samuel se cumpriram(\. 2-7).
tus e' idências a sua disposição, deveria ficar Deus estm·a promo para transformar a
alento a ou tras prO\ as da orientação divina. 'isão, a ambição e as aspirações de Saul, a
aquele momento, isso foi t udo que Deus fim de que as coisas celestiais de tornassem
considerou adequado re\ e lar a Saul acerca as mais importante!> da' ida para ele. éculos
do ruturo. mais tarde, um profeta declarou: "Dar-lhes-ei

528
1 Ai\ IUEL 10:16

um só coração, espírito nom porei dentro de cura do que os rios límpidos de Damasco
deles; tirarei da sua carne o coração de pedra (2 Rs 5: 12). A cruz de Cristo foi despreL.a-
e lhes darei coração de carne" (Ez 11 :19). da pelos gregos, considerada por eles o mais
aul buscava ao enhor por meio de amuei desprezí,·el meio de salvação (ICo 1:18-24).
na tentativa de encontrar urna saída para pro- À me nte moderna , pode parecer injusto o
blemas pessoais. Deus respondeu a súp lica enhor te r instruído Abimeleque a de,oher
por orientação pessoal e chamou au l para ara a Abraão e pedir que este orasse por ele,
ace itar seu direcionamento em questões pois a havia tomado com sinceridade de co-
que afetavam o bem-estar de toda a nação. ração (Gn 20:5). João Batista acha\ a inapro-
O mesmo ocorre hoje. Deus toma os homens priado batitar o Filho de Deus ( lt 3:13-15).
o nde os encontra e os conv ida a cu mprir e u A menta lidade de Simão discordava do posi-
~ plano g lorioso para a vida deles . cionamento de Jesus, de que Ele de\ eria per-
11. Está também Saul entre os pro- mitir a faria ungir eus pés, caso soubesse
fetas? Pa ra o povo, isso parecia inacred i- o tipo de mu lher que ela era (Lc 7:37-40).
tável. Ao que tudo indica, a vida de au l No entanto, todas essas aparentes inconsis-
até então não fora um e\emplo de piedade. tências foram resolvidas quando a obra e o po-
Era quase um milagre ele Ler se tornado um der do Espírito anta foram b ·ados em conta.
profeta, embora, na verdade, não tenha sido As escolas dos profetas, adminis tradas
chamado a exercer o ofício profético. Ali ele por amuei, foram organizadas para que
esta,·a exa ltando a majestade e o poder de jO\ cns fossem instruídos nas \ crdades de
Deus, proferindo sagradas \'erdades por meio Deus. Era dedicado tempo ao estudo da his-
da inspiração. Em seu coração, aca lenta\ a tória, à memori7ação das Escrituras, à oração
um segredo difícil de se guardar. As evidên- c ao canto. Em vez de declarações poéticas
cias recentes da graça e da pro\'idência di, i- sobre Baal, o deus da chuva, I rael apren-
nas a ele conferidas mexiam profundamente deu sobre as obras marm ilhosas do enhor,
com seus sentimentos. uas emoções con- e louvores a Ele eram expressos em cânti-
tidas irromperam com a evidência de que cos. A contemplação dos benefícios de Deus
as palm ras de amuei tornaram-se reali- lenn a alegria e paz ao coração desses jO\ ens.
dade: a ul foi ··mudado em outro homem·· Isso ilumina\ a sua face , num reflexo da lut
(\. 6). Sua experiência também deu testemu- interior do Espírito anto.
nho de que Deus é capa7 de transformar até 16. Não lho declarou. O sábio afirmou
me mo a pessoa menos promissora num ins- que há "tempo de estar calado e tempo de
trumento útil. Além disso, no caso de Sau l, fa la r" (Ec 3:7). Quanta diferença da reação de
essa mudança notável atrairia a a tenção e a Jeú à sua unção pelo profeta (2 Rs 9:4-13). se
confiança das pessoas, bem como as prepa- comparada ao procedimento de aul. e Deus
raria para seguir sua lidera nça. era responsável por chamar au l para ser rei,
l\luitas ve?es, Deus trabalha de maneira Ele tornaria o fato conhecido às pessoas cer-
contrária ao planejamento huma no. Os ju- tas no tempo ceno. ob o controle do Espírito
deus pensaram que era inacreditável os discí- amo. au l segu iu a orientação dada por
pulos fa la re m em línguas estrangeiras no dia amuei de esperar o direcionamento divino.
de Pentecostes. 1 ão parece sensato Cristo Ler Para estar apto a exercer o e le' ado ofício, o
colocado Judas na posição de tesoureiro dos novo rei precisava aprender primeiramente
disdpulos, conhecendo seu caráter (]o 12:6). a controlar a língua. Sua discrição era C\ i-
aamã achou absurdo que as águas la ma- ciência da consciência da responsabilidade
centas do Jordão possuíssem ma ior poder que passara a repousar sobre si.

529
10:19 COl\ IE TÁRJO BÍBLJCOADVE T l STA

19. Rejeitastes, hoje , a vosso Deus. 24. A quem o SENHOR escolheu.


O !>er humano é por demais limitado quando l\ lu itos já perguntaram: "Por que Deus esco-
pensa em opor sua sabedoria finita à onisciên- lhe u au l para ser rei , sabendo dos resul-
cia do Criador. Durante o período dos juí- tados de seu reinado?" O conte,to re,ela
7es, quando as forças egípcias marcharam que o pcl\O desejava um homem de perso-
pela terra \CZ após vez, os israelitas foram nalidade imponente, que prO\ esse fone lide-
sahos dos ataques que subjugaram di\er- rança na guerra (I m 8:19, 20). O enhor
sas cidades na Palestina. Eles não sabiam escolheu em harmonia com o desejo dos
que os senhores egípcios voltaram para sua israelitas para lhes ensinar: (I) que Ele não
terra com a notícia de que não ha\'ia nada a limita a liberdade de escolha; (2) que, a des-
temer quanto aos israelitas, que habitm am peito da escolha insensata, Ele controlana
nas montanhas. Israel não tinha consciência as influências malignas que acompanhmam
de que esse exército. ao passar pela terra, era d monarquia; (3) que eles deveriam apren-
um instrumento de restrição às tribos 'ili- der por experiência própria que as pessoas
nhas, que, sem dú, ida, olhavam com cobiça colhem <~quilo que plantam; e (4) que o afas-
para as colinas bem irrigadas da terra a oeste tamento naciona l do caminho escolhido por
do Jordão (ver com. de ê-.: 23:28). Deus não impede que indi\'íduos desse pO\o
Ao longo de toda a história do mundo, 'Í\ amem harmonia com ua \Ontade e rece-
pessoas questionam os planos de Deus. Após bam uas bênçãos.
o dilúvio , o enhor fet uma aliança com a 27. F ilhos de Belial. Ou, "pessoas de
humanidade. de que a Terra nunca mais mJu c<~ráter" ( TLJI, 'c r com. de I m 2: 12).
seria destruída pela água. Em \C/ de cem- Jâ era de se esperar C.]UC aul, membro da
fiar na promessa, os seres humanos acha - menor tribo de Israel, se deparasse com
ram que de,eriam construir uma torre cujo duas classes de pessoas: aquelas "cujo cora-
topo a água nuncu alcançuria. Por !>egurança, ção Deus tocara"(\. 26) e que estariam dis-
de,eriam construir cidades e viver em con- postas a seguir a orientação di\ i na ; c outras
tato pró\imo com seus 'i1inho . Os judeus - tahc7 incluindo a lguns dos anciãos de
~ dos dias de Cristo não colocavam o reino Judá, a maior tribo, que hm iam feito o
de Deus e ' ua justiça em primeiro lugar, a pedido por um rei - que se sentiriam dimi-
fim de permitir que o Senhor lhes provesse nuídas c se recusariam a prestar sua leal -
as necessidades temporais e materiais con- dade ('c r PP. 612). O mesmo ocorreu
forme Lhe parecesse melhor. quando o Senhor ordenou d l\loisés que
Na ansiedade de ser como as nações ao trocasse os primogênitos de todas as tribos
redor, os israelitas não perceberam que esta- pelos Je, itas, limitando o ofício sacerdotal
vam colocando mais um obstáculo aos pla- aos filhos de t\rão. 1 a época, Corá c 250
nos do Rei celestial. '\Ja condiçuo de agentes príncipes de Israel se rccuS<Ham a seguir a
morais li' res. esta\ am limitando a Deus por ordem de Deus e culparam loisés por colo-
escolha própria (SI 78:4 1); c, ao fazer isso, cJr membros de sua família no sacerdócio.
lançaram as sementes do egoísmo c da rebe- O fato de aul ter reagido com paciência à
lião. A colheita fatal certamente chegaria, rejeição de sua au toridade e de não ter se
contudo o enhor, em sua misericórdia e lon- esforçado para manter seu direito ao trono
ganimidade, nunca os abandonou. usando a força é a maior e\ idência de que o
22. A bagage m. Literalmente, "as coi- cnhor ha\ ia tocado em seu coração e que
sas", "o equipamento", uma referência aos esta' a lhe comunicando sabedoria nccess<Í-
objetos ajun tados para a reunião especial. ria para reinar.

530
I SAI\ IUEL 11 : 1

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-27- PP, 610-612 5. 6- CPPE, 373 lO - PP, 622, 636


1-11 - PP, 6 10 8- PP, 617, 627 17, 20 -25, 27- PP, 6 11

CAPÍTULO 11
1 aás oferece aos habitantes de ] abes-Gileade uma condição l'ergonhosa.
4 Eles enviam mensageiros a Saul, o qual os livra. 12 O poder de
Sau l é confirmado e seu rei-nado, fortalecido.

I Então, subiu Naás, amonita, e sitiou a Ja bes- 8 Contou-os em Beteque ; dos filhos de Israel,
G ileade; e dissera m tod os os home ns de j abes a havia trezentos mil ; dos ho mens de judá. trin-
Naás: Fa7e a liança conosco. e te en ire mos. ta mi l.
2 Po ré m 1 aás, a monita, lhes respo nde u : 9 Então, dissera m aos mensageiros que ti-
Fa re i a lia nça com osco sob a condição de vos nham 1 indo: 1\ ssim di reis aos homens de j abes-
sere m 1·azados os o lhos d ire itos, tra 7e ndo assim C ilcadc: Aman hã, quando aq ue nta r o sol. sereis
eu vergonha sobre tod o o Israel. socorr idos . Vindo. pois. os me nsageiros , e , a nun-
3 Então, os anciãos de j abcs lhe disseram : t:iando-o aos homens de Jabes, estes se alegraram
Concede- nos sete dias, para que e m iemos men- IOc d isseram aos amon itas: Aman hã, nos en-
sageiros por todos os limites de Israe l c, não trega remos a vós outros; então, nos farcis segu n-
havendo ninguém q ue nos livre. e ntão, nos en- do o q ue me lho r vos parecer.
trega re mos a t i. li ucede u que , ao o utro dia, a ul di1 id iu
4 C hega ndo os mensageiros a G ibeá de a ui. o po1o em três compa nh ias, que, pela vigfl ia da
re lata ra m este caso ao po1o. Então, tod o o p010 ma nhã, viera m para o me io do arra ial c feri ram
c ho ro u em voz a lta. a A mom . a té q ue se fc7 sentir o ca lor d o d ia.
5 Eis que a ul voltava do ca mpo, atrás dos Os sobre1 ivcntes se espa lhara m, e não ficara m
~ bo is, c pergun tou : Qu e tem o povo, que c hora? dois de les juntos.
E ntão, lhe re ferira m as pa lavras dos home n s I 2 Então, disse o po1o a a muei: Q ue m são
de Jabes. aqueles que ditia m : He ina rá Saul sobre nós?
6 E o Cspfrito de Deus se apossou de Saul. Trazei-os pa ra aqui, para q ue os matemos.
qua ndo oul'iu estas pa lav ras, e ace nde u-se so- 13 Po ré m au l d isse: lloje, ning ué m será
bremod o a sua ira. morto, porque, no dia de hoje, o SE II O R sd l-
7 Tomou uma junta de bois, cortou-os e m vou a Israel.
pedaços c os e nvio u a t odos os te rritó rios de 14 Disse Samue l ao povo: Vind c, 1·a mos a
Is rael po r inte rmé dio de me nsageiros q ue dis- G ilgal e reno1emos a li o reino.
sessem: Assim se fará aos bo is de LOdo aque le 15 E todo o povo pa rtiu para G ilga l, onde pro-
que não seguir a a ul c a a mu e i. Ent ão, ca iu o clama ra m aul seu rei. pe rante o E:-< IIO R, a cuja
te mor d o c H O R sobre o povo, e sa fra m como presença trouxeram ofertas pacfficas: e Saul muito
um só h omem . se a legrou a li com todos os homens de Israel.

53 1
11 : 1 CO~IE TÁRIO BÍBLICO ADVE! TI TA

1. Naás, amonita. O nome Naás é a ~luitos anos a ntes de l aás, Israel fora
pa lavra popula r usada para desig na r "ser- dominado pelos amonitas por 18 a nos. Seria
pe nte". A serpe nte e ra um importante ele- natural que os a mo nitas, ainda ressentidos
me nto decora tivo dos te mplos pagãos da pela derrota que sofrera m néls mãos de ]efté,
Palestina. O s filhos de Israel quise ra m guar- esti\ essem e m busca de uma oportunidade
da r a serpe nte de bron;e de pois da expe riê n- pa ra retoma r o controle de Gi leade. O s gad i-
cia com os répte is ' c ne nosos no deserto de tas e a meia tribo de ~l a n assés dispunh a m
Lim , qua ndo pa rti ra m de C adcs ( m 20:1; de um solo rico, irrigado pe los rios Jaboque,
2 1:5-9; \ e r 2 Rs 18:4). Ao ver a importânc ia ]abes e ]armuque. Bem loca li7ados, acilna do ~
que tod as as re li giões dos povos vizinhos calor do deserto, suas ' inhas e ,·erdes péls-
atribuía m a esse a nimal, logo os israelitas tos causava m inveja nos po,·os do desertos
ta mbé m começa ra m a ve nera r a serpente orie nta is. Ja bes- Gileade se reerg ue ra das
que, segundo o pe nsa mento de les, os havia ruínas de te mpos passados, mas é prová\ cl
sa lvado no deserto {ver Ez 8:7- 12). ~ I ais que seus ha bita ntes nunca te nha m esq ue-
tarde. nos dias de Et equias, a serpente de cido a punição bruta l resulta nte da questão
brollle foi destruídc1 por causa des a idolatria de Be nja mim. C ontudo, ma is forte do que a
(2 Rs 18:4). Uma \ e; que o nome das pessoas rixa entre os home n de Ja bes-G ileade e os
costuma, ·a ser composto com o das di\ in - de sua pa re ntela era o ód io q ue \mom sen-
dacles, laás poss i, clme nte recebe u esse tia por todo o Israel.
nome por causa de determinadas ca racte- 2. Vergonha sobre todo o Israel.
rísticas da se rpe nte, como sagac idade, a!.tú - Parece que l aás não sabia do desejo israe-
cia c c ngenhosidade . lita de um a orga nização ma is centra li;ada
Jabes-G ileade. No passado. os eruditos das tribos, sob a a utoridade de um rei.
defe ndera m que a cidJde fica\ a nos montes e os ha bita ntes de Ja bes-G ileade sabia m
em f re nte ao Wadi Yabi~ (J abes). 11 .5 km a do pla no - todas as tribos fora m representa-
leste do rio Jordão. Po ré m, essa loca li;ação das na ocas ião da escolh a de au I e m ~I ispa
seria dista nte de ma is pa ra que os moradores ( I m I 0: 17) -, parece qu e isso pouco impor-
de ]a bes-C ileade ca rregassem aul e Jônatas tou pa ra e les. \ atitude de Jabes-Gi leade dJ
na mesma noite que tira ra m o corpo decap- uma ideia do estado de desorgJ nização d.1
tad o desses home ns do muro de Betc-Seã, nação, não tanto pe lo desejo de te r um rei,
ond e havia m sido ufixad os (I m 3 1:11 -13). mas por haver reje itado o pla no do e nhor.
O a rqueólogo clson Clueck descobriu O egoísmo c rescera a ta l po nto qu e qua lque r
V<írias ev idê ncias que o levara m a identifi- solução oferecida por De us não seri a aceilél
ca r Jabes-G ileacle com Tell el-Meqbere/1 e por todos (\ er I m 10.27). aás não tinha
Tell Abu Klw ra::., cerca de q ua tro quilôme- um ressentime nto especia l contra os a nc iãos
tro. a leste do Jord ão, e m rre nte ao rio Jabes, de Jabes; seu propósito e ra de monstra r dcs-
depois que e le e merge de sua ga rga nta pro- prew por todo o Israel, hu milha ndo a lguns
funda nas colinas de C ileade e corre pa ra o dos seus. De igual modo, o inimigo das almas
oeste, rumo a sua uni ão com o Jordão (Th e tra ma semea r desprezo nas hostes celestiais
Ril'er jorda11, p. 159- 167). Essa c idade fora ao lenH sofrim ento a uma pessoa perdida e
o la r das 400 \ irgens c ujos pa is fora m mor- fa;er a acusação de que o castigo é resultado
tos por não pa rticipa r da gue rra civil contra na tura l de sen ir a Deus.
Be nja mim . A mão de las fo i dada aos re ma- 3. Enviemos me nsage iros. Pa rece
nescentes dos benja mitas após a destruição que, desde que Israel sofre ra uma domina-
quase tota l da tribo (J; 2 1:8-14). ção a monita, j J bes hm ia perdido conta to até

532
I SAI\ IUEL I 1:8

mesmo com as tribos mais próximas. como o registro diz, literalmente, que "o Espírito do
Issacar, Efraim e Benjamim. A cidade ficava cnhor c' estiu de Cideão" (]1 6:3-t). t\ ssim
a menos de 50 km de iló, c o ministério como ]osué foi instruído a ajudar os gibeoni-
de amuei parece te r se limitado principal- tas quando os cinco reis do su l de Canaã ten-
mente a Efraim, Benjamim e Judá. e ria taram puni -los por fazer aliança com os filhos
possível que os habitan tes de Jabes-C ileade de Israel, o Espírito de Deus demonstrou que
guardassem rancor das outras tribos ha' ia a resposta à oração dos habitantes de jabes,
tanto tempo que não sa biam que amuei estava a caminho. Deus tem inúmeras res-
e ra juit? Ao que parece, e les ni:ldi:l sabiam postas para cada desafio.
da nomeação de Sau 1. É prová\ e l que não 7. Junta de bois. Talvez fossem os mes-
tenham participado das campanhas militares mos bois com os quais ele estava arando a
contra os filisteus , fechando-se, indispostos terra. Os instrumentos que Deus usa para
a cumprir sua parte nas responsabi lidades demonstrar eu poder gera lmente estão pró-
tribais. E les nem tinham certeza ele que as ximos. 1\ Ioi sés não precisou dos ca,·a los e
tribos responderiam à sua súplica. Em total carros do Egito. Seu bordão de pastor setor-
desespero, praticamente reconheceram suas nou a vara de Deus. Cideão não necessitou
falhas e se coloca ram à mercê elos compa- das lanças de ferro que os filisteus julgavam i
triotas israelitas, a quem ha' iam negligen- necessárias. Alguns vasos de barro e velas
ciado no passado. foram melhores. aul não requisitou equi-
5. Atrás dos bois. Fica c laro que aul pamentos especiais. Por meio do sacrifício
estivera arando a terra e, após isso, g uardava dos próprios bois, com enceu 1srael de sua
os bois para passar a noite. Josefo entende disposição de ser usado pelo Senhor. Sua
que isso aconteceu pelo menos um mês energia e desenvoltura foram contagiantes,
após sua nomeação (An tiguidades, vi.S. I). e "caiu o temor do e nhor sobre o povo".
Uma vez que a escolha não agradara a mui- 1\lais uma \e7 e le demonstrou que, sob o
tos, e le \Oitou para casa, a fim de esperar controle do Espírito. seria guiado a fazer a
instruções do profeta que o ungira. O que coisa certa. O eu foi completamente esque-
ter ia acontecido se Na ás h oU\ esse cercad o cido. As crít icas dos filh os de Belial, que pro-
Jabes an tes de aul se tornar rei? E que vm elmente vieram a seu pensamento muitas
ocasião seria mais essenc ia l do que aquela \eles durante aquele último mês, perderam
para o novo rei provar seu valor perante os toda a sign ificância. Sob a influência de um
descontentes que se recusaram a reconhe- poder nmo e estra nho para ele, au l sen-
cer sua legitimidade no poder? O aconteci- tiu sua coragem mu lt iplicar-se. Confiante
mento e o rei precisavam um do outro. lão quanto ao sucesso, e le não hesitou em se
há nada a temer, a menos que se esqueça colocar ao lado de amuei a fim de levar pro-
de como Deus guiou Seu povo no passado teção a uma cidade aflita.
(c f. 1\ I E3, 162). Essa experiência assegura a 8 . Bezeque. Este local de reunião do
cada c ren te que ele só é colocado em si tu- exérc ito das tribos fica 20 km a nordeste de
ações para as quais o enhor já tem tudo iquém, na estrada para Bete- eã, e cerca
preparado para o apoiar. de 16 km a sudoeste de Jabes-Gileade. Não
6. O Espírito de Deus Se apossou. era muito longe para as tribos do norte, mas
Literalmente, "se apressou". A mesma palawa ficava a 67 km ao norte de Jerusalém; por-
é usada para descrever a exper iê ncia de au l tanto, seria impossível para muitos da tribo
a caminho de casa, depois de ung ido (1 m d e judá reunirem-se a li no tempo deter-
I 0:6, IO). Em relação ao chamado de Gideão, minado. Be7cque fica a mais de 300 m

533
11:11 COME TÁR IO BÍBLICO ADVE T I TA

acima do níve l do mar. De lá, o exército Foi nessa hora da manhã que o oponente
desceria pelo Wadi el-Khashneh até o de Jacó disse: "Deixa-me ir, pois já rompeu
Jordão, nesse ponto, a aproximadamente o dia" (Gn 32:26). A aurora de um novo dia
270m aba ixo do nível do mar. Seguindo a trouxe consigo consolo e segurança. Foi na
margem do rio, percorreriam mais de um vigília da manhã (a quarta , segundo a conta-
quilômetro para o leste . O ajuntamento gem romana), que Jesus foi até o barco asso-
dos homens armados seria possíve l num lado pe la tempestade na Galileia e aca lmou
prazo de seis dias. 1\ larch an do a partir de o coração dos di scípu los, perturbado por
Be1eque durante a noite , au l consegui- dúvidas sobre o fato de Cristo ser mesmo
ria chegar a Jabes no início da manhã do o 1\Iessias (ver com. de 1\ lt 14:25). Foi na
sétimo dia. la manhã do sexto dia, au l vigília da manhã que o Céu enviou um anjo
tinha um exército em número suficiente poderoso, na velocidade do relâmpago, para a
para ga rantir aos anciãos de Jabes que eles sepu ltu ra do lado de fora de Jerusa lém, a fim
receberiam aj ud a em tempo. de derrubar a guarda ali colocada e exclamar:
li . Pela vigília da manhã. Entre os "Filho de Deus, ressurge! Teu Pai Te chama"
a ntigos hebreus, a noite era dividida em três (DTI , 779, 780).
'igílias militares. A primeira delas é men- au l não parou para perguntar por que
cionada em Lamentações 2:19. Gideão e seu os anciãos de Jabes não ha, iam se apresen-
e"\ército atacaram os midianitas no início tado a amuei quando o novo rei seria esco-
da segunda vigília (J; 7: 19). Foi no período lhido. Tão quis saber do passado, a despeito
da terceira vigrlia, ou "vigília da manhã", de qual fosse. Aquelas pessoas estavam em
que 1\ Ioi sés estendeu sua vara, e as águas necessidade: o Espírito de Deus se apossou
do !\ lar Vermelho voltaram, submergindo de au l e o constrangeu a ajudá-los. Deus
os egípcios que perseguiam os israelitas está muito mais interessado na atitude do ser
(Êx 14:24-27). esta ocasião, aul e suas humano depois do erro do que no erro em si.
três compan hias, depois de marcharem a A conduta posterior dos habitantes de ]abes
noite inteira, atacaram os amonitas durante provou que eles haviam passado por genuína
a 'igília da manhã, logo antes da aurora, mudança de coração ( IC r I 0: li , 12).
sem que os inimigos suspeitassem, e a bata- l 2. Disse o povo a Samuel. Este 'cr-
lha continuou até o meio-dia. A derrota foi sículo, juntamente com a declaração de aul
completa: os adversários não puderam se no v. 7, indica que o profeta foi com o nO\ O
agrupar nem mesmo em duplas. rei pe lo menos até Bezeque e o ajudou a
Muitos dos livramentos providenciais planejar o ataque. É provável que o exército
de Deus aconteceram a essa hora do dia. tenha retornado a Bezeque antes de se dis- ~
Da' i devia estar pensando na libertação no persar, muito feliz pela vitória e pronto para
lar Vermelho quando cantou: "Ao anoite- punir todos aqueles que ha' iam se oposto à
cer, pode vir o choro, mas a alegria ,·em pela unção de aul. A força militar manifestada
manhã" ( I 30:5). as pala' ras do guarda nos últimos dias era, para eles, uma maior
que respondeu: "Vem a manhã, e também confi rmação do título do que tinha sido a
a noite" (Js 21: 12), a manhã trouxe a legria escolha por sortes (ISm 10:19-21) e a unção
aos anciãos de Jabes, mas a noite, a destrui- por amuei (10:1 ).
ção para laás e seus seguidores. O destino 13. Poré m Saul disse. em espe-
que e le havia planejado para os habitantes rar pela resposta de amuei, au l deu
da cidade sitiada se 'oltou contra a própria ainda mais provas de que fora transfor-
cabeça, em porção dobrada. mado em outro homem, ao dizer que a

534
I SAMUEL I 1:1 5

vitória pertenc ia ao Senh or e q ue nenhum especia l pa ra sacri fíc ios (1 m I 3:8; 15:21;
ho mem deveria se r mo rto. e, por ca u sa etc.) e, posteriormente, talvez para a prática
dos acontecimentos então recentes, o ini - da idolatria (ver p. 936, 937).
migo pudesse se trans forma r e m a migo, Samue l c hamou o povo de Israel a e se
a va ntagem seri a ma ior do qu e m atá-lo. luga r tão repleto de memórias dos fe itos mila-
Fa lou p o r intermédio de Sa ul o m es mo grosos de De us, a fim de fortalecer o com-
Es pírito que se ma nifesto u por meio de promisso com a monarquia. Ali , sem d úvida,
C ri sto no sermão do mo nte , na seguinte ele relembrou o povo do cuidado amoroso
dec laração: "Ama i a vossos inimi gos, be n- e da paciênc ia longâ n ima do Pai celestia l
dize i os qu e vos ma ldizem , fazei be m aos durante os séculos passados. Teria sido muito
que vos ode iam e ora i pe los que vos ma l- melhor se eles tivessem ficado satisfe itos
tratam e vos persegue m" (l\IL 5:44, ARC). com o pl ano de governo origi na l do en hor.
15. Gilgal. A loca lização é incerta. A tra- l\ las, como desejaram um rei, Deus pro me-
dição modern a favorece en-Nitla, cerca de teu derramar Seu Espírito sobre o mona rca
c inco quilômetros a sudeste da Jericó do AT: assim como fi zera sobre os juízes. Embora
conLUdo, é mais provável que corresponda houvessem rejeitado ao Senhor, tiveram mui-
a Khi rbet el-Mefier, dois quilômetros a nor- Las evidências de que Deus ainda estava com
deste. De acordo com Josué 15:7, ficava ao eles. Ao estabelecer a sucessão governamen -
norte do vale de Acor, portanto, no te rritó- tal por heredita riedade, Israel estava abrindo
rio de Benja mim. Durante os seis anos de as portas pa ra muitos problemas e perigos
g ue rra pe la posse da Pa lestina , foi a sed e que não e nfrentavam sob o governo dos j uí-
de Israel. o entanto, depois da conqui sta ;cs. 'o entanto, por me io de amuei, Deus
da terra, o tabernác ulo foi levado pa ra Siló a f'irmou Seu amor e Sua dedicação eterna e
(]s 18:1). l\1esmo assim, Gilga l era cons ide- pro meteu cercar os israelitas com a mesma
rado um loca l sa nto. Sa muel o visitava em proteção solícita que eles recebera m durante
seu itinerário anual (I m 7:16). Era um luga r os séculos passados.

COMENTÁRIOS D E ELLEN G. WHITE

1-15 - PP, 6 12 , 6 13, 714 l-8- PP, 612 9-15- PP, 613

CAPÍTULO 12
1 Samuel testifica de sua integridade. 6 Ele reprova a ingratidão do povo.
16 Ele os aterroriza com trovoadas no período de colheitas 20 e os
conforta com a misericórdia de Deus.

I Então, disse amuei a todo o Israel: Eis que d iante de vós desde a minha mocidade até ao dia
ouvi a vossa voz e m tudo qua nto me dissestes e de hoje.
constituí sobre vós um rei. 3 Eis-me aqui, testcmunha i contra mim pe-
2 Agora, pois, eis que tendes o rei à vossa fren- rante o SEN IIORe perante o Seu ungido: de q uem
te. Já envelheci c estou cheio de cãs, e meus fi- tome i o boi? De quem tomei o ju mento? A quem
lhos estão con\'Osco: o meu proced ime nto esteve defraudei? A q uem oprimi? E das mãos de quem

535
12: I CO!\ IE TÁRIO BÍBLI CO ADVE TISTA

aceitei suborno para encobrir com ele os meus Deus, tanto 'ós como o \Osso rei que gm erna
olhos? [ 'o- lo restituirei. sobre 'ós. bem será.
4 Lntão. responderam: Crn nada nos defrau- 15 Se, porém, não derdes OU\ idos à '01 do
daste, nem nos oprimiste, nem tornaste coisa a l- Li\ IIOR, mas, antes, fordes rebeldes ao Seu rn<Jn-
guma das mão~ de ninguém . dado, a mão do SE"-IIOR será contra ,-ós outros,
::; L ele lhes disse: O Sc:-..1 10R é testemunha corno o foi contra vossos pais.
cont ra \ÓS out ros. e o cu u ngido é, hoje, teste- 16 Ponde-\OS também, agora. aqu 1c vede cst<J
.,. munha ele que nada tendes ac hado nas mi nhas grande coisa que o SC'\IIOR fará diélntc dos \O~­
mãos. L o povo confirmou: Deus é testemunha. sos olhos.
6 Lntão. disse <)amuei ao povo: Testem unha 17 ão é, agora, o tempo da sega do trigo?
é o C'\ IIOH. que escolheu a i\ loisés e a A rão c C lamarei, pois. ao ENIIOH. e dará trmõcs c
tirou 'ossos pais da terra do Egito. e hll\a; c sabereis e \Creis que é grande a \OSS.l
7 ·\ gora, pois, ponde-\OS aqui, e pleitearei maldade, que tendes pratic.1do perante o ">E:\IIOH,
com·osco perante o Sc."'IIOH, rclati,·amente a pedindo para \'ÓS outros um rei.
todos os Seus atos de justiça que fe1 a \ÓS ou- 18 Cntão. imocou Samuel ao SL'\IIOH. c o
tros c <1 'ossos pais. St '\I IOH deu tro\ õcs c chu' a naquele dia; pelo
8 li a' cndo entrado Jacó no Egito. clarnamrn que todo o pmo temeu em grande maneira ao
\OSSOS pais ao SCNIIOH, C O CNI IOH em iou ,1 ">1 '\ IIOR e a Samuel.
i\ lobés c a t\ rão, que os tiraram do Cgito c os !'i- 19 Todo o pmo disse a Samucl: Hoga pelos
leram h<Jbitar neste lugar. teus senos ao C'\IIOH, teu Deus. para que não
9 Porém esqueceram-se do SL "'I IOH, seu venhamos a morrer; porque a todos os nossos
Deus; en tão, os entregou nas mãos de Síscra. pecados acrescentamos o mal de pedir para nós
comand ante do C\ército ele llazor. e nas mãos um rei.
dos filistcus. e nas mãos do rei de i\ loabe. que 20 Então, disse amuei ao po' o. i\ão tema i~.
pclej,uarn contra eles. tendes cometido todo este mal; no entanto, não
10 L clamaram ao SC'\ IIOR e disseram . \OS des,ieis de seguir o SEI\ IIOR. mas seni ao

Pecamos. pois dci\amos o SC'\IIOR c sen unos ">r ·'\I IOH de todo o 'osso coração.
aos baalins c astarotcs: agora. pois. li\ ra-nos das 21 Não ms eles' íeis; pob seguiríe1" coisas' às,
mãos de nosso'> inimigos, c te scn iremos. que nada aprmcitarn e tampouco \OS podem h-
l i O ) t '\HOH em iou a ]erubaal. c a Baraquc, \ rar, porque \·a idade são.
c a Jcfté, c a Samucl: c' os li' rou das mãos de' os- 22 Pois o L.'-IHOR, por causa do Seu gran-
sos inimigos em redor. c habitastes em segurança. de nome. não desamparará o Seu po,o, porque
12 Vendo \ÓS q ue I mís, rei dos fi lhos de aprou\e ao SE'\I IOH fa7er-\OS o Seu po\o.
Amom , 'in ha contra \ÓS out ros, me disscstcs: 23 Quanto a m im , longe ele mim que cu
"\lão! l\ las reinará sobre nós um rei ; ao passo que peque cont ra o SE.'\ IIOR, cletxando de orar por
o ~L'\IIOH, \Osso Deus, era o vosso rei. 'ós: antes,' os ensinarei o caminho bom e direito.
13 1\ gora. po1s, eis aí o rei que elegestes e 24 Tão-somente. pois. teme i c10 SLl\ IIOR e
que pcclistcs: c eis que o SE.'\IIOR 'os deu um rei. scn i-0 fiel mente de todo o 'osso coração; po1s
14 Se tcmcrdcs ao Sc:-.tiOH , e O senirdes, \Cdc quão grandiosas coisas \OS fc1.
e Lhe atcnderdes à '01. e não Lhe fordes rebel- 2'5 ">c, porém, perse\erardes em fucr o mal,
des ao mandado, e scguirdes o L'\I IOH, 'osso perecereis, tanto \'ÓS corno o vosso re1

536
l SAI\ l UEL 12:3

1. E is que ouv i. O reino de Deus se súditos. Embora pressentisse perigos incon-


baseia no princípio da liberdade de escol ha. tá\ eis à frente, não tinha ressentimentos em
O fato de o enhor conhecer o fim desde seu coração, não abandonou os israelitas nem
o princípio não limita, de maneira alguma, o dei'<ou à própria mercê.
a decisões tomadas pelo ser humano 3. E is-me a qui. O idoso profeta não
(ver Ed, 178). Deus revelou aos israelitas, era egocêntr ico. Procurou levar o po' o, que
antes da entrada na Pa lestina, que chega- estava muito animado pelas vitórias então
ria o momento em que eles pediriam um rei recentes e feliz por causa da nomeação do rei,
(Dt I7: 14). isso, Ele não estava expressando a fater urna ca lm a recordação da atuação de
Sua\ ontade, mas tão somente mostrando o Deus no passado e a examinar as perspecti-
rumo que os acontecimentos tomariam. \ as quanto ao futuro. Com o estabelecimento
E m tudo qua nto m e dissestes . Deus d.1 monarquia. os serviços de amuei como
concedeu ao pO\O um rei que correspondia jui; não seriam mais necessários. O rei se
a seus ideais, pelo menos no que ditia res- cercaria de homens de guerra (I m 14:52), c
peito à aparência, c também parecia corres- a influência moral de amuei seria obscure-
ponder aos padrões espirituais desejados pelo cic.b pela força física sob o comando de aul.
enhor. Durante os meses anteriores, aul \inda assim, Samuel poderia continuar a
dera indícios de que era guiado pelo Espírito ser o pona-\ oz de Deus, o canal por meio
de Deus. Era ca lmo na conduta, paciente de quem o Espírito anta dirigiria o pmo.
com os inimigos, humilde perante o enhor, Era um momento de crise para amuei.
obediente aos conselhos do profeta. enérgico rlc sentia que, em grande medida, o grau de
na guerra, decidido em emergências e dis- persuasão da mensagem que estm a prestes
5? posto a se sacrifica r. a apresentar dependia de sua integridade de
Sobre vós um r e i. e Deus houvesse caráter. Caso contrário, seu con elho tcric.1
permitido que Israel reali7a se uma eleição, pouco peso. Os israelitas o conheciam desde
sem dú\ ida as aspirações políticas das tribos seu nascimento: sabiam de sua obra prole-
maiores teria resultado em confusão e res- tica: eram testemunha de sua conduta como
sentida di\ isão. Por meio do lançamento de profctcl e jui7; conheciam seu caráter e\cm-
sortes, foi escolhido alguém da menor dentre plar; estm·am pessoalmente familiaritado~
as tribos. O po' o cb e ria perceber a necessi - com a justiça e imparcialidade de suas deci-
dade contínua da orientação divina. Embora sões judiciais; prontamente admitiram que
tivessem um rei de acordo com seu desejo, Samuel nunca se enriquecera com seu ofício;
os israelitas precisavam se lembru r de que c tinham convicção de que seu (mico obje-
não era por força , nem por poder que fariam tivo era cumprir as ordens de Deus para o
progresso, mas pelo Espírito de Deus (\er bem-estar do pO\ o.
Zc 4:6). Eles de,eriam Ler permanecido dis- A vida de amuei mostra, de maneira
postos a seguir o jui; Sarnuel, que os con- clara, que o caráter, assim como urna plélnta,
duzira durante muitas crises ao longo das cresce gradualmente. Desde a infância, o
décadas de sua liderança. Entretanto, uma espírito de consagração controla\ a sua~
'ez que a decisão pelo regime de gO\ erno faculdades. Assim como a seiva fornece os
monárquico foi confirmada de maneira irre- elementos necessários ao crescimento da
\Og:hel , Samuel procurou deixar c laro que o planta, o Espírito anta se tornou a força
líder só consegue andar segundo a disposi- inte rna e si lenc iosa que permeél\'a todos os
ção do povo em segui-lo, c que suas ações são seus pensamentos, sen timen tos e ações,
condicionadas pela escolha voluntária dos até que tod as as pessoas eram capa;es de

537
12:6 COME TÁRIO BÍBLICOADVE T I TA

ver que sua vid a seguia o padrão d ivino. dos fi listeus (]z 13: I) e de outros fora m tris-
O ca ráter simé trico de amue i era resu l- tes episódios da hi stória de Israel.
tado de atos individuais de cumprimento do 10. Clamaram. A súp lica teve duas
de, er, rea li7ados sob a orientação do Espírito partes: (1) a con fissão da apostas ia, por
a nto. O mes mo se dá hoje. "O Espírito de não seguir Aquele que os guiava ; e (2) um
Deus consumi rá o peca do e m todos qua n- ped ido por livra mento, acompa nhado da
tos se submeterem a Seu poder" (DT l, 107). promessa de servi r a De us fiel me nte a par-
É completa me nte possível ser um Samuel tir de então. Todavia , o ser humano parece
hoje, assim como mi lhares de a nos antes incapaz de aprender com a ex periência dos
de C risto. outros. egue as próprias incl inações até ser
6 . É o SEN HOR. O Senhor a q uem eles tarde dema is e, fin almente, e m puro deses-
invoca ra m pa ra teste munha era o mes mo pero, admite a necessidade de auxílio exte-
q ue "escolheu" (literalmente, "fez") ~ loisés rior. Pensa ter aprendido a lição e que nu nca
e Arão. Fora Ele que m os protegera da vi n- cairá novamente.
ga nça do fa raó e os tira ra da casa da escra- Salomão entrou no laboratório da vida e
v idão. o entanto, ao pedi r um rei, e les tentou, de todas as maneiras possíveis, encon-
deixara m subentendido não c rer q ue Deus trar o caminho da felicidade. Contudo, a cada
os protegeria dos ataques el os bandos saquea- experimento, só descobri u \'aidade e téd io
dores das nações vizinhas, mesmo já estando (Ec L:H , 17; 2: 11 , 15, 17, 23, 26; etc.). Por fi m,
estabe lecidos nas próprias c idades c não chegou à conclusão de que o temor do Senhor
sendo ma is e cravos. e a obed iência a Seus preceitos são o dever
9. Esqueceram-se do SENH OR. Cerca- de todo homem (Ec 12: 13). Contudo. mesmo
elos po r idólatras qua ndo estava m no Egito, com esses exemplos diante de si, as pessoas
e vivendo e ntão e ntre nações q ue pratica - logo esqu ecem as concl usões dos sábios até
va m as form as mais degrada ntes de idola- cru7a rem a mesma estrada e provarem que o
tria, Israel achou difícil ser o povo esco lhido ser humano colhe aquilo q ue pla nta.
de Deus e testemunhar, por meio do exem- li. Jerubaa l. Outro nome de G ideão,
plo, acerca da melhor ma neira de enfrenta r uma lembra nça da ocas ião e m que e le der-
os complexos problemas da vida. Os estilos rubou o a ltar a Baa l (ver ]z 6:25-32).
de adoração d a época eram tão fixos qua nto Baraque. Ou, "Bedã" (A RC ). Não
os modernos modos de se vestir. E ra neces- houve ju iz com o nome de " Bedã". A LXX
sária muita coragem para resistir à maré da e a versão siríaca , assim como a A RA. tra-
opinião pública, e poucos estava m di spos- zem "Baraque". A letra d no h ebraico se
tos a fazê-lo. Muito antes ela migração para parece com o r, e o n com o /{. (ver com. de
o Egito, Ló hav ia pe nsado que ele e sua G n 10:4; 25: 15). Outros identifica m "Bedã''
família poderiam viver em Sodo ma e não com "Abdom" (ver Jz 12:13, 15), defendendo
ser influe nciados pelos costumes predomi - q ue há mais semelhança entre os dois nomes
na ntes ao redor. Os res ultados dessa decisão no hebra ico do que entre "Bedã " e "Baraque".
fo ra m tri stes. O Se nhor proibiu o povo de Jefté. O ca mpeão de Israel qu ando os
fazer a liança com os idólatras nativos. Entre- filhos de Ama m fi zera m a primeira tentativa
::;: tanto, ca nsados da g uerra, os israelitas pen- de retomar a terra de Gileade (Jz I 1). Jefté
sa ra m ser me lhor se assoc iar intimamente disse aos amonitas que dependia do poder de
aos ca n aneus. A opressão resu lta nte de Deus para proteger Israel na posse da ter ra
Eglom , re i de loabe (Jz 3:12- 1-t), de Sísera, (Jz 11:24). Sua vitóri a sobre esses inimigos
capitão dos exérc itos de Jabim (Jz 4:2), foi tão completa quanto a de Saul.

538
I SA~ I UEL 12:23

Samuel. A \ersão sirfaca e o te\tO bizan- ou junho. \er p. 92, 94). ChuYa nessa época
tino, revisões da LXX , trazem" ansão" em era surpreendente. a Palestina, as chu-
\eZ de " amuei", talvez por pensar que vas de primavera costumam ces. ar an tes da
amuei fosse modesto demais para ci ta r o Páscoa, c a estação seca se inicia imediata-
próprio nome. Outros eruditos pensam que mente. Volta a chover no outono, antes do
" amuei" foi acrescentado na margem por plantio do trigo e da cevada.
um escriba posterior e, finalmente, inse- Sabereis e vereis. Os israelitas de\ e-
rido no texto. Contudo, enquanto o nome riam sa be r c ver duas coisas: (I) que haviam
hebraico '"Baraque" poderia ser facilmente pecado diante do enhor, ao pedir um rei, ~
confundido por '"Bedã"', ou, ainda mais pro- e (2) que Deus os amma e nunca os aban-
' á\ el, "Abdom" por "Bedã"', por causa da donaria. aquele dia , e les acrescentaram
simi laridade das let ras, "Sa nsão" nunca outra le mbrança às mui tas evidências que
seria trocado por" ' amuei", pois as letras já possuíam: de que o pródigo. quando \Oita,
são bem diferentes . é mJis do que bem-\ indo à casa do Pai.
14. Se t e merdes ao SENHOR. Fora 20. De todo o vosso coração. en ir
de si pela a legr ia da vitória, os israelitas a De us é uma forma voluntária de serviço,
coroaram au l, sem pensar no fuLUro nem que resulta do amor. As pessoas fatcm por
na liderança protetora de Deus no passado. amor aquilo que não fariam de outra forma.
1\ ssim como Adão, por li\ re escolha, optou '",t~muel ama\'a a Deus e seu sen iço era
por um estilo de vida contrá rio à vontade como o de um servo que se agrada em estar
di, ina. Israel lançou as bases daquilo que com seu senhor. À medida que o pO\O tes-
afetaria a\ ida subsequente de toda a nação. tcmunha\a a proximidade entre amuei e o
O enhor, porém, garantiu ao pO\o que o '",enhor, a obser\'ação tendia a criar o mesmo
guiaria, caso reconhecesse que dependia desejo em seu coração.
dEle, aceitasse eu conselho e segu isse 21. Não vos desv ieis. O amor \erda-
uas ordens. deiro não é estático, mas progressi\O. Deus
15. Se, poré m , não derdes ouvidos. eslm a pronto a reYelar eu amor contínuo
Israel ha\ ia se rebelado con tra Deus, ao pedir pelos israelitas e e entristecia quando e les se
um rei. O povo se rebelara muitas vetes no torna\'arn egocêntricos e ingratos. O enhor
passado, mas, em todas as ocasiões que cla- ama o ser humano a todo tempo e o com ida a
mou ao enhor, a ajuda foi imediata. retribuir o amor na forma de en iço dedicado.
A mão do SENHOR. Os israelitas não 23. Antes, vos e nsinarei. am ue i
podiam dit.cr que a mão de Deus fora con- garantiu ao povo que não guardava rancor
tra e les, pois o enhor os protegera c sal- por causa da escolh a feita e que dedicaria
vara em repetidas circunstânc ias, embora, sua \ida a instruí-lo ainda mais nos cami-
e m egoísmo e loucura, eles tivessem se afas- nhos de Deus. Embora não ti\esse mais res-
tado dE le vez após vez. De us tentou levá-los ponsabilidade pelo governo, sendo que um
a responder voluntariamente a e u amor. rei fora nomeado, ainda seria o repre entante
De que outra maneira poderiam aprender do enhor na f unção de profeta. amuei
que nenhum povo é sa lvo como nação, mas pressentia os perigos do futuro. abia que
que cada indivíduo deve decidir por si só a seria impossível ao ser humano fa7er o que
despeito do ambiente em que vive? é certo, sem a orientação do Espírito de
17. Trovões e chuva . Deus não pode ria Deus. Começou a se dar conta de que seu
dar evidência mais impressionante do que fa rdo de pro fe ta prova\ el mente seria a inda
c huva na época da colheita do trigo (maio ma is pesado do que antes. Contudo, tinha

539
12:2-+ COME TÁR IO BÍBLICO ADVE TISTA

a certeza de que ninguém podia apontar o provou que seu a mor por eles não havia
dedo para e le com re preensão, declarando mudado, assim como o de Deus.
que não permanecera ao lado de Israel em 24. Vede. Uma das maiores necessida-
meio a todas as 'ic issitudes. Ele fora lea l à des das pessoas é a de refletir, meditar na
nação como juiz. E, mesmo que os israelitas infinita bondade de Deus e ver as ev idênc ias
o tivessem demovido de seu posto, amuei de eu cuidado e amor.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

l-25- PP, 61-+, 615 12 - PP, 615 16-25- PP, 615


1--+, 11 - PP, 6 1-+ 13 - PP, 636 19- CC. H ; T5, 6-+1

CAPÍTULO 13
1 O e colhidos de Saul. 3 Ele conl'oca os hebreus em Gilgal para l11tar contra os
fi listeus, cuja guarnição ]ônatas hav ia derrotado. 5 O grande exército fi li teu.
6 A aflição dos israelitas. 8 aul, cansado de espera r por amuel, oferece sacrifíc ios.
11 Samuel o reprova. 17 As três tropas de saqueadores dos filisteus .
19 A estratégia dos filist eu s: não perm·i tir ferreiros em Israel.

Um ano reinara Sau l em Israel. 1 o segun- buracos, e pelos penhascos, c pelos túmulo~. c
do ano de seu reinado sobre o po,·o, pelas cisternas.
2 escolheu para si três mil homens de Israel: 7 Também a lguns dos hebre us passaram o ~
c~t<IHl m com ">aul dois mil em \licmás e na re- Jordão para a terra de Gade c Gileade; e o po'o
gião montanhosa de Bete!, e mil esta\ am com que permaneceu com a ul , estando este ai nda
Jôncltas em Gibeá de Benjamim: e despediu o e m Gi lga l, se e nc heu de temor.
resto do pO\O, cada um para sua ca~a. 8 Esperou aul sete dia!., segundo o prato de-
3 Jônatas derrotou a g ua rnição dos fi listc us terminado por Sa muel: não ' indo, porém. ">amuei
que estava em Gibeá, o que os fili steus ou' iram ; a G ilga l, o pO\O se foi espa lhando da li .
pelo que au l fe; tocar a trombeta por toda a 9 Então, disse au l: rratci-mc aqui o holo-
terra, di;e ndo: Ouçam isso os he breus. causto e ofe rtas pacíficas. E ofereceu o holoca usto.
4 Todo o Israel OU\ iu cli;er: aul derrotou a IO i\ la! acabara e le de oferecer o holoca usto,
guarn ição dos fili ste us. e ta mbé m Israel se fe7 eis que c hega a muei; aul lhe saiu ao e ncon-
odioso aos fili steus. Então. o pO\ o foi com ocado tro, para o saudar.
para j unto de Saul, e m Gilgal. li a mue i perguntou: Que fiteste? Respon-
5 Re uni ra m-l.e os filisteus para pelejar con- de u Saul : Vendo que o pO\o se ia espalhando
tra Israel: trinta mil carros, e seis mil cm·a leiros, daqui. e que tu não ' inh as nos dias apra;a-
e po' o e m multidão como a areia que está à bei - dos, e que os filis te us já se tinham ajuntado
ra-mar; e s ubiram e se acampara m em 1\ licmás, e m \li cmás,
ao oriente de Bete-Á, e n. 12 cu disse comigo: Agora, desce rão os fi -
6 Vendo. pois. os home ns de Israel que es- listeus contra mim a Gilgal, e ninda não obti\C
tmam e m apuros (porque o povo es tava aper- a bene,olênc ia do E IIOR: c, forçado pelas ci r-
tado), esconde ram-se pe las cavernas, e pelos cunstâ ncias, ofereci holocaustos.

5-+0
A IUEL 13: l

13 Então. disse Samucl a aul Procedeste 18 outra tomou o cammho de Bctc-11orom;


nesciamente em não guardar o mandamento c a terceira. o laminho a em aleiro do 'ale de
que o L"' JOR, teu Deu~ . te ordenou ; pois teria. Zeboim, n<t direção do deserto.
agora, o St JJOR confirmado o teu reino sobre 19 Ora, em toda a terra de Israel nem um fer-
Israel para sempre. reiro e acha\<!, porque os filisteus tinham dito:
1-1 Já agora não subsistirá o teu reino. Para que os hebreus não façam espada. nem lança.
O E'..JIOR buscou para si um homem que Lhe 20 Pelo que todo o Israel tinha de de~ccr aos
agrada c já Lhe ordenou que seja príncipe sobre filisteus para amolar a rclha do seu arado. c a sua
o eu pm o. porquanto não guardaste o que o <.:'11\ada. e o seu machado. e a sua foice .
St "JOR te ordenou. 21 Os filisteus cobr<n am dos israelitas dois
15 Cntão, se b ·antou <-.amuei e subiu de terços de um siclo para amolar os fios das rclhas
Cilga l a Cibcá de Benjamim. Logo. s~nd con- c d.~s em.adas c um terço de um siclo para amo-
tou o pmo que se achma com ele. cerca de scis- lar machados e aguilhadas.
cenLos homens. 21 Sucedeu que. no dta da peleJa. não
16 ~aul, c Jônatas, seu filho. e o povo que se se achou nem espada, nem lança na mão
achava com eles ficaram em Gcba de Benjamim: de nenhum do pmo que csta\a com Saul c
porém os filisteus se acamparam em l\ 1icmás. com Jônatas, porém se acharam com aul c com
17 Os saqueadores saíram do campo dos fi- Jônatas, seu filho.
listcus em três tropas; uma delas tomou o cami- 23 Saiu a guarnição dos filistcus ao desfila-
nho de Ofra à terra de ~ual: ckiro de licmás.

1. Um ano re ina ra Saul. Todos ostra- quando se tornou rei c governou o povo de
dutores e comentaristas concordam que o Israel dois anos."
sentido desta passagem não é claro. Uma Alguns comentaristas concordam que,
tradução literal do texto hebraico disponí\'el sem dú' ida, este é um exemplo de tC\.tO no
seria: " aul ano[s] de idade quando come- qu<tl ocorreu uma omissão no processo de
çou a reinar, e dois anos reinou sobre Israel" cópia. embora ninguém saiba diter ao certo
(sobre "ano[s] de idade", \er o \OI. I. p. 160 em que momcmo ela aconteceu ('e r , ·oi. I,
e também o com. de Gn 5:32). Desde que a p. \i\). e o te\to hebraico atual é resultado
primeira \ersão da Bíblia foi feita, este texto de uma omissão. trata-se de uma C\ idência
confunde os tradutores. As primeiras edições do cuidado e da consciência dos copistas tar-
da L .~ e' itaram essa dificuldade por meio dios no trab<Jiho de prodU?ir nO\OS manus-
da omissão do \ersículo inteiro. Os targuns critos, pois não preencheram a lacuna por
parafrasearam da seguinte forma: "Sau l era conta própria. Em ve7 disso, deixaram a pas-
tão inocente quamo uma criança de um ano sagem como estava, embora o significado
de idade quando começou a reinar." A ver- tenha ficado enigmático.
são siríaca traz: "Quando aul hm ia reinado Pouco se ganha f<11endo conjecturas;
por um ou dois anos." Assim como as tradu- wda\'ia, é possível oferecer uma explicação
ções precedentes da passagem, a da AHA é e\perimenLal. A declamção em análise cor-
uma paráfrase que e.\pressa não a ideia do responde e'l:atamente à fórmula usada em
texto hebraico disponÍ\cl hoje, mas aquilo geral pelos escritores da Bíblia ao registrar
que os tradutores pensaram que o original a idade de um monarca ao começar a reinar
de,eria comunicar. A ITLH assume a pri- c a duração de seu gO\ erno. A fórmula cor-
meira omissão: " aul tinha ... anos de idade respondente para D<n i está registrada em

541
13:2 COJ\IE TÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

2 Samuel 5:-t (ver também 2Rs 21:1 ; 24:8, considerada referente à primeira tentativa.
18, etc.). Caso uma omissão semelhante à Contudo, a despeito da tradução ou da inter-
que parece ter ocorrido em l Samuel 13:1 pretação dada nesta passage m, ainda perma-
fosse encontrada num texto comparável, nece dúvida quanto ao registro original do
como 2 Reis 2 1: I , este seria o resultado: texto. Mas, nesta e e m outras ocorrências
"Tinha i\ lanassés ... anos de idade quando de textos difíceis e enigmáticos, nen huma
começou a re ina r e reinou ... e cinco anos questão doutrin ária, pertinente à sa lvação,
e m Je ru sa lém." o or iginal, a expressão está envolvida.
'" ... c doi s'' poderia significar ''quarenta'' (ver 2. Gibeá. Tem sido identificada com Te/1
Atos 13:21). O texto hebraico di sponí, c l de el-Ful, observató rio loca!i?ado no cume da
I a muei 13: I sugere, portanto, que o rigi- cade ia montanhosa centra l, 5,6 km ao norte
na lme nte se tratava de uma declaração da de Jeru sa lém. As ruínas do que se acredita
id ade de Saul e da duração de seu reino. e ter sido a fortaleza e capita l de Saul foram
não for o caso, então Sau l seria o único rei escavadas há a lgumas décadas (ver vol. 1,
hebre u sobre que m o AT não forn ece tais p. 103-104).
informações. 3. A guarnição. Do heb. netsiv. "está-
De acordo com outra explicação, tua", "pre feito", "deputado'', "guarnição" ou
amue i 13:1 deveria ser: "Saul reinou um "coluna". Os comenta ristas defendem , de
a no; e ele re inou dois anos sobre Is rael.'' modo gera l, que o sentido de "prefeito" ou
Ou seja, ele hav ia completado o primeiro ano ''gove rnador" estaria ma is em ha rmoni a com
de seu reinado (ver p. 12 1, 122), e esta\·a no o contexto (ver, porém, PP, 616). Em Gênesis
segundo ano quando ocorreram os C\ entes 19:26, netsiv é traduzido por "estátua", em
deste capítulo. l o entanto, é preciso ad mi - I Reis 4:19, por "intendente'' e em 2 C rôn icas
tir que interpretar o he braico de 1 Samuel 8: 1O, por "oficiais''.
13:1 com o signifi cado de que os e\ entos do Gibeá. Ou, Geba ( TLI I, KJV; ver
capítulo ocorreram no segundo ano do re i- v. 16). Aproximadamente se is quilômetro!> a
nado de aul não é natural; a lém disso, seria nordeste desta Gibeá fica o Wadi Alediueh,
urna construção sem pa ra lelo claro no regis- g rande rachadura na supe rfíc ie da Terra,
tro bíblico dos reis. quase imperceptível mesmo a uma pequena
É razoável compree nder que o se ntido distâ ncia de sua beirada. Suas la tera is se
da passagem é uma tentativa feita por Saul erguem, forma ndo precipícios intransponí-
de domina r os fil isteus no segundo ano de veis, com muitos melros de altura. o lado
seu reinado, embora a primeira derrota rea l sudoeste desse desfi ladeiro fi ca Gibeá.
(a e fetuada por Jô natas e registrada neste A cidade de licmás fica 2 ,8 km a nordeste,
texto) te nha ocorrido de pois. Caso seja de frente para o desfiladeiro, num planalto
ente ndido dessa form a, está em ha rmonia cerca de 200 m mais baixo do que a região
com a tradução e a prime ira interpretação em torno de Gibeá (Te/1 ei-Ful). A terra a
menc ionada para I Sa mue l 13: I. Caso se leste de Micmás forma pequ enas colinas
conc lua que a a firm ação de Elle n White de por algum a distância, constituindo um a boa
que "não foi senão no segundo ano do rei- região para a agropecuária , com uma visão
nado de Saul que se fez uma tentativa para clara de quem se aproxima de Jericó. Bete!
submete r os fili steus'' (PP, 6 16) tenha sido fica cerca de dez quilômetros ao norte e mais
baseada na interpretação da KJV deste ver- de 30 m de a ltitude aci ma de G ibeá.
sículo (semelhante à da ARA), é importa nte Micmás coma ndava a estrada principal
destaca r que a declaração em si pode ser de Jericó e do vale do Jordão para Bete\ e

542
1 SAMUEL 13:6

ta mbém a mais importa nte rod ovia no sen- fato fica claro: o termo "hebreus'" sempre é
tido norte, de Jerusa lém a Siqué m. Saul usado por estrangeiros ou pelos próprios israe-
posicionou o filho Jônatas e um te rço dos litas quando se referem a si mesmos como
soldados armados em Gibeá, enquanto ficou estrangeiros. Acredita-se hoje, de modo gera l,
vigiando o acesso a Bete! e Gibeá pelo leste, que " hebreus" era o nome comum pelo qua l
com dois terços do exé rcito. Essa seria a os israelitas eram conhecidos por seus vizi-
estrada mais prováve l que os amonitas esco- nhos (ver com. de Gn 10:21; 14:13). O faraó e
lh eriam para se vingar de Saul por sua vitória seu povo pareciam usa r as duas designações
em Jabes-Gileade. Ele não previa problemas interca mbiavelmente (ver Êx 1:16; 5:2; 14:5;
provenientes do oeste, pois estava em paz etc.; ver também com. de ISm 13:7).
~ com os filisteus (l Sm 7:13). 4. Saul [...] se fez odioso. O mesmo
Os filisteus. Embora não estivesse m ve rbo é usado para descrever o maná que
em guerra contra Israel, os fili ste us manti - foi a rm azenado de um di a para o o utro
nha m guarnições nos montes, como o que (Êx 16: 20, 24).
ficava em Geba, a sudoeste de M icmás, de Para junto de Saul, em Gilgal. Uma
frente para o desfil adeiro e mais de 200 m vez que o reino fora con firmado em Gi lga l
ac ima. A pa lavra netsiv, traduzida por "guar- (I Sm I J:J4, 15), Saul convocou todo o Israe l
nição", se o rigina do verbo llatsav, "toma r pa ra se reunir lá, em vez de em G ibeá ou
o lugar de alg uém", "fica r posicionado", a Micmás, onde seus p reparativos poderiam
saber, por designação ou na linh a do dever. ser observados pe los fili steus. Estes não
E m Ra má (ver com. de 1Sm 1:1), não muito teria m dificuldades de chegar a l\licm ás,
longe, havia uma escola de profetas orga ni- ma rch ando p elos vá rios va les da região.
zada por Sa muel. Fica cla ro que o profeta É di fíc il entender por que Saul não pediu
tentou combater a in fluência pagã dos fili s- ao povo que reforçasse o exército já posicio-
teus, coloca ndo sua escola ali perto, na espe- nado no distrito de Benjami m. Estaria per to
ra nça de atra ir o povo de volta à adoração a da casa de Sa mu el e do local sagrado de Bete!
Yahwe h. Se a influência da escola houvesse (ver com. de ISm 1:1). As rochas do desfila-
pe rmeado a vida dos habitantes de Geba, de deiro em Geba formariam uma excelente for-
uma mane ira que levasse os fili steus a ver a ta leza, e certamente os habitantes daque la
verdadeira importância da sa lvação que vem região conheciam melhor o ca mpo de defesa
de Deus, a sa ngrenta batalha poderia ter sido do q ue os fili steus, então sedentos de vin-
evitada e muitos fili steus quem sabe servi- ga nça. esse d ilema, Saul parece ter selem-
ri am ao Senhor, como o siro aamã fez anos brado de amuei lhe dizer para ir a Gilga l
depois (2 Rs 5). (lSm 10:8).
Ouçam isso os hebreus. O substa n- 5. Trinta mil. O texto biza ntino e a
tivo "hebre us", usado para se refer ir ao povo versão siríaca traduziram como "três mil ".
he breu , ocorre apenas 35 vezes em toda a A diferença entre as pa lavras hebra icas que
Bíblia, 31 delas no AT e quatro no NT. Das des igna m três e 30 é m ínima. É fácil con-
31 referênc ias do AT, 16 estão ligadas à per- fundi r uma com a outra .
manência de Israel no Egito e cinco a esta 6. Esconderam-se. Com a n ítida lem-
guerra contra os fili steus (lSm 13 e 14). Em bra nça da derrota anos antes perto de S iló,
contrapartida, a palavra "Israel" é usada cen- es pec ia lmente na ausência ele Sa mue l, os
tenas ele vezes nas Escrituras. Surge, por- israelitas se encheram de pâ nico. A mobi-
tanto, o q uestionamento de por que ocorre lização dos filisteus assustou tanto o p ovo
o contraste nessas duas ocasiões. Porém, um que Saul não conseguiu ma nte r a ord em

54 3
A BATALHA DE MICMÁS _tj
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Depot> de perder .1 !!.uarnt~;ão em Ceba, <,., fi listeu' .ICJmpam t•m \ ltcm.h (I ). '>,llll 'a' a (.tlgal p<tra comnLar n t'\eruto. m.1s segue p<ir<l C..eba com apena~ 600 homens. (h
in, ,l!>orcs filtstcus per,t•guem os tsraelnas em três direções ( I, 2, ~l. m," '->.tu! !!.Uarda J .irca ao sul. Como filisteus t' hehrt•us acampam em lado' opostos do'o desfiladetros em
\ licrnJ> c Ceha. re-.pclll\amente. JônatJ-. e seu e-.cudeiro atr.IH'''"m n \J ie (\\<!Ú i) pelo laJo norte. dl'frnntc ,, I\ hem." t' surpreendem O'> lilisteus (I') que fogem <tpa,oradns p.tra
o oeste. O e\é rcitn de '>.JUI os persegue por ~2 km ate \tj.:~lom . -;u~
1 Al\IUEL 13: 11

no aca mpamento, e os â nimos se deterio- (ver PP, 617, 6 18), aul te nha assumido a
raram com rapide7. A' itória em Jabcs pou- responsabilidade de oferecer o sacrifício.
cos meses antes foi esquecida por comple to. Quando amuei ungiu aul para o ofício de
Também foram esquecidos os sacrifícios e rei , instruiu o monarca com respeito a essa
as confissões realiLados em tempos e ntão ocasião; ele deveria ir a Gilga l e esperar a
recentes, quando os israelitas se alegraram c hegada do profeta (ver I m 10:8; PP, 617).
diante de Deus no mesmo lugar (I m li: 15). amuei, porém, chegou logo depois do horá-
I lá grande contraste entre o temor do povo rio marcado para o sacrifício, ocasião em que
e a fé manifesta posteriormente por Eliseu descobriu o ato de desobediência de au l
quando seu sen·o, amedrontado pelas hos- (1 m 13:10).
tcs sirias às portas da cidade, te\e os olhos ll. O povo se ia espalhando. Quando
abertos e conseguiu contemplar a monta- predisse que Israel pediria um rei, l\ loisés
nha repleta de exércitos angelicais. Era muito advertiu que o monarca não de\cria multi-
importante, naquele momemo de crise, que plicar "para si cava los", ou seja, confiar em
au l e os homens esperassem pelo conselho equipamen tos materiais para sua proteção
e pela bênção do profeta antes de dar iní- (Dt 17:16; ve r ls 31:3). Pelo contrário, o rei ,
cio à batalha. por ser o líder da nação e um C\emplo para
7. A lguns dos h e breus passaram. o povo, de,eria obter uma cópia da lei , se
Quando au l feto chamado às armas, disse: Lornar um estudioso diligente das ordenan-
"Ouçam isso os hebreus" (v. 3). lo entanto. o ças e obedecer às instruções al i registradas.
' · 7 constata que "os hebrem" fugiram , atra- En tre tan to, au l, pensando nos equi-
\essando o Jordão (a expressão "a lgum Jo~" pamcnlos miliLares dos pmos \'izinhos de
não figura no texto original), enquanto o'. 6 Israel, juntamente com os soldados, passou a
declara que os homens Je Israel se esconde- con iderar a segurança e o succsl.o como ele-
ram pelas cavernas "pela região montanhosa mentos separados da simples fé e confiança
de Efraim" (I m 14:22). O te rmo ''hebrcus" em Deus. Com esse conceito em mente,
é usado repetidamente pelos filisteus para não conseguiu inspirar em seus homens
se referir a seus ad,ersários, mas o autor a coragem que resulta da fé no enhor. em
de amuei parece diferenciar as palm ras coragem e sem armas das quais depender,
~ "Israel" e ''hebreus", como, por exemplo. no seus soldados - com uma \ isão mais clara
'· 19, o qual faz menção de que os filisteus que a do próprio Saul- não conseguiam\ cr
controlavam todos os ferreiros , "para que os moli\O para conLar com a \itória. As pers-
hehreus não'' fi7esscm "espadas". Em contra- pectivas pareciam desprovidas de qualquer
partida, o mesmo autor di7 que "todo o Israel esperança. Portanto, na primeira insinua-
tinh a de descer aos filisteus" para amolar ção de perigo real , a maior parte do exér-
suas ferramentas. Entretanto. a LXX tradu7 ciLO de aul desertou. Temendo pela própria
a palavra "hebreus", neste caso, por "escra- segurança, eles deixaram o rei com apenas
\Os" (\er com. do'· 3). 600 homens em Gilgal. Seus espias haviam
8. Esperou Saul sete dias. Isto não b ·ado informações sobre a concenLraçào dos
quer diter necessariamente que au l j<1 hm ia inimigos a 18 km de distância, em l\ l icmás,
aguardado sete dias inteiros e que amuei e aul temeu não 6 pela nação, mas tJm-
só chegou no início do oitmo dia. estando, bém pela própria vida.
portanto, uma dia a trasado para seu com- aul perdera a confiança c o respeilo de
promisso. É possÍ\el que, ao ver que o pro- seu exército. t\ cada dia , mais c mais
feta não chegara no começo do dia designado de seus homens de ertavam. Ele perdeu

545
13: 13 COMENTÁRIO BÍB LJ C O ADVE T I TA

comple ta men te a coragem. Sua popula ri- e que au l escolheu o ca minho decadente,
dade estava ca indo rapida me nte. E le pa re- Jesus foi vitorioso.
cia pronto a coloca r toda a culpa da situ ação A repreensão de amuei foi proferida com
em Sa mue l, que não aparecera . aul se sen- o objetivo de despertar contri ção c humil -
tiu a flit o po r a mu ei não es ta r presente. dade, mas foi em vão. A própria presença do J•

Com esse es pírito, não pediu descul pas ao profeta de\ e ria ter C\ oca do lem bra nças da
se e ncontra r com o profe ta, mas passou a solic itude e do interesse altruísta de amuei
se justifica r. Houve um gra nde cont raste no passado então recente. lo entanto, tudo
com o es pírito com que e le se prepa ra pa ra isso fora esquecido. au lte ntou se justificar,
o ataq ue aos amonitas. colocando a culpa em am uei. Ass im como
13. Procedeste n escia m e nte. Samuel ocorreu com aul , acontece a pessoas em
se re fe riu ao fato de au l permitir qu e os todas as eras . Qua ndo os problemas pressio-
se ntimentos assumi ssem o controle , em na m, o medo elo perigo im inente suprime o
luga r da confia nça em Deu s, baseada nas raciocín io sensato e indu z a uma im paciên-
prO\ idências passadas. e o enhor estiver cia nen os a para resoh c r a q uestão de u ma
contigo, quem será contra ti? (ef. Rm 8:31). vez. Com tanto estresse, a razão fica cega
O mesmo que G ideão fe; com 300 dentre 32 ao de\·e r e coloca, em se u luga r, uma conde-
mil ho me ns, aul certamente pode ria rea li - nação crflica dos outros e a \ iole nta dete r-
ta r com 60 0, de três mil. Porém, caso ele se min ação de justificar a ação escolhida.
recusasse a confia r nas promessas di vinas e A confia nça no cuidado prote tor c na o rien-
na pa lm ra do profeta c manifestasse atitude tação de Deus abre ca minho pa ra a des-
de descre nça e hesitação num momento de crença cínica e, por fi m , à re bel ião.
cri se, como poderia Deus continuar ao lado 15. G ibeá. Do heb. gib'a/1 (ver com. do
dele? c Sa ul houvesse se mostrado di sposto \ . 16).
a humilha r o coração, a história de Israel 16. G e ba . A A RC tra1 "Gi beá", mas o
pode ria te r sido d iferen te. hebraico menc iona Geba, não G ibeá como
14. Te u re ino. aul não deu a desculpa no \ . 15. Geba ficava bem em f rente ao des-
de que não havia compreend ido as instruções fi ladeiro, a partir de l\ I ic más (ver I m 14:4,
de a muei , ou de que estas não fora m expli- 5; Geba, não G ibeá, se e ncontra no origi-
cadas com cl areza. Pelo contrário, admitiu na l do v. 5). É provável que a confusão na
aberta mente a violação de liberada das ins- tradução tenha surgido da opin ião de que
truções do profeta em favor da própria von- Gcba e Gibeá era m apenas va riações da gra-
tade. O posicio na mento de Saul se compara fi a do mes mo luga r, como ainda mostra m os
com o de Adão no jardim do Éden e con- mapas mais a ntigos. É verdade que Geba, às
trasta com o de C risto no monte da tenta- vezes, é chamada de G ibeá, mas pa rece q ue
ção. Antes de ir pa ra o deserto ser tentado ex istia m dois luga res distintos (ver com. de
pelo diabo, Jesus recebeu a certeza de que I Sm l+ 16). Uma vez que escavações arqueo-
era o Fi lho a mado de Deus. Seis sema nas lógicas, aliadas a outras informações bíbl i-
depois, fa minto e sem saber o que encon - cas, permitira m loca lizar corretamente a
traria à frente, espe rou com paciência pe la forta leza de aul e m Tell ei-Ful, ci nco q ui -
direção divina. Qua ndo Ele parecia aban - lômetros a sudoeste de Ge ba e bem ao norte
donado. desgastado e fatigado pela pressão de Jerusa lém (ver vol. I , p. 103- 104), então
me ntal, Sata nás fez todas as tentativas de Jônatas não foi para lá, mas evidentemente
aba lar a confia nça de C risto na Palavra de ficou e m Geba, em frente a 1\tlic más, como
Deus. Contudo, naqui lo em que Adão falhou a passagem sugere, de pois de derro ta r os

546
I A IUEL 13:22

filisteus (\. 3). aul de,e ter se unido a ele Das re lhas e das e nxadas. O hebraico
depois de \Oitar de Ci lgal. dit "dos arados e das e nxadas".
17. Trê s tropas. O frade, ia estar loca- Um te rç o de um sido. Ou, "forqui-
litada onde as duas estradas principais se nhas de três de ntes'' (A RC). Do heb. lishelosh
encontravam, a noroeste de Jericó. A região qilleslwn. lão se sabe ao certo o significado
de ua l (literalmente, "terra dos chacais") desta expressão. Lishelosh 'em de slwlosll ,
pro..,ave lmente designava as montanhas ca- que sign ifica "dividir em três partes"; o termo
vernosas da região a les te de Ofra , na qua l é composto de duas palavras: /e, "para", c
os cumes tinham uma acen t uada queda silelosil , uma "terceira parte". Qilleslw11 não
de a ltitude desde a região montanhosa de é usado em nenhum outro lugar do ATe
Efraim até o Jordão. Essa terra é reple ta seu significado é dU\ idoso. A tradução "for-
de ca\ ernas calcárias, que formam e\ce- quinhas de três dentes" é apenas uma con-
len tes esconderijos. jectura, baseada parcialmente numa pala' ra
18 . Be te-Horom . A Bete- llorom de arama ica semelhante que significa "ser fino",
cima e a Bete-l lorom de baixo ficam 15 e e no termo precedente. lic;/wlo. h, o qual
18 km , respecti,·amente, a oeste de ~ l icmás, parece sugerir que o objeto "fi no", qualquer
perto da fronteira de Efraim e Benjamim, que fosse, era "di' idido em três partes".
onde as montanhas sofrem uma queda \ tradução hebraica moderna de Alcxander
a brupta , até formar a efelá. Zeboim fica' a ll arkavy também \erte a e\prcssão como
perto de Anatote c de ou tras cidades ao su l "l'orquin has de três de ntes", apoiando a t\ RC.
de I icmás, na direção do deserto de Judá Já a i\ RA tradu? lishelo~il qilleslw11 por J'
(\ e r Nc I 1:34). i\ bata lha de ~ 1 icmás mostra , "um terço de um siclo". las, assim como a
de forma clara, que os fi listeus não ava nça- tradução da ARC c de outras, isso também
ram para Cilgal; mas , por meio de mm i- é uma conjectura , pro,·a,elmente baseada na
mcntos nas e.\tremidades norte , oeste e sul, tran~posição de letra da pala\ ra qilles/l(m ,
tent<lram eliminar os reforços dos homens de formando ~!Jequel, "siclo", em' e1 de qi/le,/um
a ui, pensando que estes esta' am escondi- (em -.cria o diminuti\ o).
dos nas cm·ernas a leste de ~I icmás. \ tradução "forquinhas" é qucstion<l\ cl
19. Ne m um fe rre iro. Parece que, por porque essas ferramentas, na época, assim
um tempo, os filisteus praticavam o mono- como nos dias de hoje, em muitos luga-
pólio da produção de materiais de ferro e res do Oriente onde ainda se usam uten-
talve7 de outros metais em Canaã. aquela '>ílio~ primiti,os, eram de madeira, não de
época, o ferro usado na Palestina \ inha da metal. Os israelitas não levariam forquinha s
Ásia ~ lenor c era importado pelas cidades de madeira para os filisteus amolarem (n~r
litorâneas. Portanto, era relativa mente fáci l '. I 9-2 I). e lislzelosll qillesl1011 fosse uma fer-
para e les colocar em prática aquilo que, do ramenta , ela deveria ser fe ita por um "fer-
ponto de 'ista deles, era uma política s<1bia reiro" (\. 19). Levando-se em conta que os
para manter os hebrcus desarmados. dois terços de um siclo eram uma unidade
2 0 . Arado. Ou. "charrua". monetária, a tradução "um terço de um sido",
Enxada . Ou, "picareta··. adotada pela ARA , se torna mais prefcrhel,
Foice . Ou, "foicinha". embora não seja conclusi,·a (' cr \OI. I . p. 142).
2 1. T inha m [...] lim as ade ntadas 22. Ne m espad a, ne m la nça. t\pós
(ARC). O te\tO de\C ser tradu7ido, porém , anos sofrendo opressão por parte dos filis-
como ''dois terços de um siclo" (A RA ; ver' oi. teus, au l e Jônatas eram os únicos israelitas
I, p. 142), o que equiva liam a 7.6 g. que possuíam armas de metal. Os soldados

547
14:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

comuns tinham flechas e fundas, equi- dois lados, que Deus interveio a favor de eu
pamentos poderosos nas mãos de pessoas povo. Saul poderia se rebelar e, por causa
hábeis (ver ]z 20:16), mas não estavam aptos a disso, fazer muitas coisas tolas; ma s o enhor
competir no combate direto contra as armas ai nda atuava em prol de Israel encoraja ndo os
de ferro dos filisteus. Este versícu lo revela soldados a se unirem a eu reino e a depo-
duas coisas: (l) a batalha ocorreu antes de sitarem confiança nE le. Saul se recusou a
Israel estar bem organizado, provavelmente ir aonde Deus mandava, mas Jôna tas estava
no início do reinado de Saul, e (2) a falta pronto e cheio de disposição para realinr o
de equ ipa me ntos d eixou evidente, para os que seu pai deveria ter feito.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-23 - PP, 616-622 8-10 - PP, 618 14 - PP, 636, 723


2, 3- PP, 616 8-14- PP, 625, 627, 634 22- PP, 616
4-8 - PP, 617 11-15- PP, 621

CAPÍTULO 14
1 ]ônatas, sem avisar o pai, o sacerdote e o povo, sobe e derrota milagrosamente a
guarnição dos filisteus. 15 O terror divino leva os filisteus a atacarem-se uns aos
outros. 17 Saul, sem dar ouvidos à resposta do sacerdote, sai contra o inimigo.
21 Os hebreus cativos e os israelitas escondidos se unem à batalha. 24 O voto
insensato de Saul dificulta a vitória. 32 E le impede o povo de comer
sangue. 35 Constrói um altar. 36 A sorte recai sobre Jônatas,
que é salvo pelo pol'O. -17 Aforça e a família de Saul.

ucedeu que, um dia, disse Jônatas, fi lho 6 Disse, pois, Jônatas ao seu escudeiro: Vem,
de Saul, ao seu jovem escudeiro: Vem, passemos passemos à guarnição destes incircuncisos: por-
à guarnição dos filisteus , que está do outro lado. ventura, o ENHOR nos ajudará nisto, porque ~
Porém não o fez saber a seu pai. para o EN IIOR nenhum impedimento há de li-
2 au l se encontrava na extremidade de Cibeá, vrar com muitos ou com poucos.
debaixo da romeira em l\ ligrom; e o pmo que es- 7 Então, o seu escudeiro lhe disse: Fa7e tudo
tava com ele eram cerca de seiscentos homens. segundo inclinar o teu coração: eis-me aqui con-
3 Afas. filho de Aitube, irmão de lcabô, l"ilho tigo, a LUa disposição será a minha .
de Fineias, filho de E li, sacerdote do EN IIOR em 8 Disse, pois, J ôna tas: Eis que passare-
Sil6, trazia a estola sacerdotal. O povo não sabia mos àqueles homens e nos daremos a conhe-
que j ônatas tinha ido. cer a e les.
4 Entre os desfiladeiros pelos quais Jônatas 9 e nos disserem assim: Parai até que che-
procurava passar à guarnição dos filisteus, deste guemos a vós outros; então, ficaremos onde es-
lado havia uma penha fngreme, e do outro, outra; tamos e não subiremos a e les.
uma se chamava Bozez: a outra, ené. 10 Porém se disserem : Subi a nós; então,
5 Uma delas se e rg ui a ao norte, defronte de subiremos, pois o SE HOR no-los entregou nas
licmás; a outra, ao su l, defronte de Ceba. mãos. Isto nos sen•irá de sinal.

548
I SAl\ IUEL 14: I

li Dando-se, pois. ambos a conhecer à guar- 23 t\ssim. li\'rou o 5LNIIOH a Israel naquele
nição dos filisteus, disserum estes: Eb que j~í os dia; e a batalha passou além de Bctc-A,cn.
hcbreus estão saindo dos buracos em que se ti- 2-l Esta\arn os homens de Israel angustiados
nham escondido. naquele dia, porquanto Saul conjurara o pm o. di-
12 Os homens da guarnição responderam a 7endo: \ laldito o homem que comer pão antes de
Jônata~ e ao seu escudeiro c disseram : Subi a n6s. anoitecer, para que me' ingue de meus inimigos.
c nós \OS daremos urna lição. Disse Jônatas ao Pelo que todo o pmo se abstC\C de prmar pão.
escudeiro: Sobe atrás de mim, porque o SLNIIOH 25 Todo o po' o chegou a um bosque onde
o~ entregou nas mãos de Israel. havia mel no chão.
13 Cntão. trepou Jônatas de gatinhas. e o seu 26 Chegando o povo ao bosque. eis que cor-
escudeiro, atrás; c os filistcus caíram diante de ria mel ; porém ninguém chegou a mão à boca ,
Jônatas. c o seu escudeiro os mata\'a atrás dele. porque o pm o temia a conjuração.
l-t ucedeu esta primeira derrota. em que 2- jônatas, porém, não tinha ou,·ido quan-
Jônatas e o seu escudeiro mataram perto de' in te do ~cu pai conjurara o pmo, e estendeu a ponta
homens. em cerca de mciu jcira de terra. dJ 1ara que Linha na mão. c a molhou no fa,o de
15 I louve grande espanto no arraia l, no mel. c. levando a mão à boca, tornaram a brilhar
campo e em todo o pm o: também a mesma guar- os seu~ olhos.
nição c os saqueadores tremeram, c até a terra 2H L.:ntão. respondeu um do pmo: leu pai con-
se estremeceu; c LUdo passou a ser um terror JUrou solcncmellle o po,·o e disse. \ laldito o homem
de Deus. que. hoje. comer pão; cstm a c:-.austo o pm·o.
16 Olharam as scminelas de Saul, em Gibcá 2Y Lntão, disse jônatas: 1\lcu pai turbou a
de Benjamim, c eis que ,1 multidão se dissoh ia. terra. ora , ,·edc como brilham os meus olhos por
correndo uns para cá. outros para lá. ter cu prmado um pouco deste mel.
17 Lntão. disse Saul ao pmo que csta,·a com ~()Quanto mais se o po,o, hoje. ti,·essc co-
ele: Ora. contai c ,cde quem é que saiu dentre mido li' remcnte do que encontrou do despojo de
nós. Contaram, e eis que nem jônatas nem o seu seus inimigos; porém desta \C/ não foi tão gr<ln-
escudeiro estavam ali. dc il derrota dos filistcus.
18 Sau l disse a \ ías. Trate aqui a arca de 31 r criram, porém , aquele dia aos filistcus.
Deus (porque. naquele Jia, ela estma com os fi- desde \I icmás até Aijalom. O po' o se acha' J
lhos de Israel). e\austo em e-..trcmo;
19 Enquanto Saul falma ao sacerdote. o al- 32 c, lançando-se ao despojo. tomJram O\ C-
voroço que hm ia no arraiul dos filisteus crc~cia lhas, bois c bctcrros, e os mataram no chão, e os
mais e mais, pelo que disse Saul ao sacerdote: comeram com sangue.
Desiste de tra7er a arca. 33 Disto informaram a 5,1UI, di1cndo: Eis que
20 Cntão. aul c todo o po\'o que csw'a com o pO\o peca comra o E.'IIOB, comendo com san-
ele se ajuntaram e 'ieram à peleja: e a espada de gue. Disse e le: Procedeslcs alehosamente; rolai
um era contra o outro, c holi\C mui grande tumulto. para aqui. hoje. uma grande ped ra.
2 1làmbém com os l'ilisteus dantes ha' ia he- 34 Disse mais Saul: EspalhJi-Yos entre o po,·o
breus, que subiram com eles ao arraial; e também e ditei-lhe: Cada um me traga o seu boi, a suJ
estes se ajuntaram com os israelitas que esta,·am me lha, c matai-os aqui, e comci, e não pequeis
com aul e j ônatas. contra o 5L' 110n , comendo com sangue. Então,
22Om indo, pois, todos os homens de Israel todo o po' o trouxe de noite, cada um o seu boi
que se esconderam pela região montanhosa de de que já lançara mão, c os mataram ali.
Efraim que os filisteus fugiram, eles também os 35 Edificou Sau l um altar ao SL IIOH; cslc
perseguiram de perto na pelcj~1. foi o primeiro a ltar que lhe edificou.

549
14:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

36 Disse mais Sau l: Desçamos esta noite no 44 Então, disse Sau l: Deus me faça o que
encalço dos filisteus, e despojemo- los, até o raiar bem lhe aprouver; é certo que morrerá s, Jônatas.
do dia, e não deixemos de resto um homem se- 45 Porém o povo disse a Sau l: Morrerá
quer deles. E disseram : Faze LUdo o que bem te Jônatas, que efetuou ta manha salvação em
parecer. Israel? Tal não suceda. Tão certo como vive o
37 Disse, porém, o sacerdote: Cheguemo- SENHOR, não lhe há de cair no chão um só ca-
nos aqui a Deus. Então, consultou Saul a Deus, belo da cabeça! Pois foi com Deus que fez isso,
dizendo: Descerei no encalço dos filisteus? hoje. Assim , o povo salvou a Jônatas, para que
Entregá-los-ás nas mãos de Israel? Porém aque- não morresse.
le di a Deus não lhe respondeu . 46 E Saul deixou de perseguir os filiste us; e
38 Então, disse au l: C hegai-vos para aqui, estes se foram para a sua terra.
todos os chefes do povo, e informai-vos, e vede 47 Tendo Saul assumido o reinado de Israel,
qua l o pecado que, hoje, se cometeu. pelejou contra todos os seus inimigos em redor:
39 Porque tão certo como vive o SE IIOR, que contra Moabe, os filhos de Amom e Edom ; con-
sa lva a Israel, ainda que com meu filho Jônatas tra os reis de Zobá e os filisteus; e, para onde quer
esteja a cu lpa, seja morto. Porém nenhum de todo que se voltava, era vitorioso.
o povo lhe respondeu. 48 Houve-se varonilmente, e feriu os ama-
40 Disse mais a todo o Israel: Vós estareis de lequitas, e libertou a Israel das mãos dos que o
um lado, e e u e meu filho Jônatas, do outro. Então, saqueavam.
disse o povo a Saul: Faze o que bem te parecer. 49 Os filhos de Saul era m Jônatas, lsvi e
41 Falou, pois, Saul ao SENIIOR, Deus de Malquisua ; os nomes de suas duas filhas eram:
Israel: Mostra a verdade. Então, Jônatas e Saul o da mais velha, Merabe; o da mais nova , l\1ica l.
foram indicados por sorte, e o povo saiu livre. 50 A mulher de Saul chamava-se Ainoã, filha
42 Disse Saul: Lançai a sorte entre mim e de Aimaás. O nome do general do seu exército,
Jônatas, meu filho. E foi indicado Jônatas. Abner, filho de Ner, tio de Saul.
43 Disse, então, Sau l a Jônatas: Declara-me 51 Quis era pai de Saul; e Ner, pai de Abner,
o que fi zeste. E Jônatas lhe disse: Tão somen- era filho de Abiel.
te provei um pouco de mel com a ponta da va ra 52 Por todos os dias de Saul, houve forte guer-
que tinha na mão. Eis-me aqui; estou pronto para ra contra os filisteus; pelo que Saul, a todos os ho-
morrer. mens fortes e valentes que via, os agregava a si.

1. Não o fez saber a seu pai. Jônatas (v. 15). É certo, porém , conforme a narra-
s urge pela primeira vez na narrativa no cap. tiva se desenvolve neste capítulo, que Deus
13, quando recebe u a responsabilidade de eslava tentando convencer os israelitas da
comandar um terço da guarda nacional loca- necessidade de depender estritamente dEle.
lizada em Gibeá. Saul, com os outros dois O sigi lo de Jônatas é uma evidência clara
terços, acampou no nordeste, e m Micmás. de sua fé no Senhor, a despeito da reje ição
Quando os filisteus c hegaram para se v in - de Sau l em Gilgal. Aquilo que pode ria ser
gar da derrota de sua g uarnição em Gibeá, classificado como imprudência se transfor-
efetuada por Jônatas, Saul se re tirou para mou em forte evidência da atuação da pro-
Gilgal. Jô natas parece ter ficado e m Geba , e v idê ncia divina . Deus usou todas as provas·~
os filisteus ocuparam Micmás (ISm 13:16). materiais possíveis para convencer um povo
O texto não é claro em dizer se Samuel vol- ignorante de Sua fidelidade e mostrou que
tou para Ramá ou se permaneceu em Gibeá todas as coisas são possíveis para aqueles

550
I SAMUEL 14: 16

cujo coração anseia por livramento da escra- dos inimigos em um sinal de que Deus luta -
vidão do pecado. ria em favor deles. Escalar as paredes per-
4. Entre os desfiladeiros. Josefo pendiculares do pen hasco setentrional era
escreve: "Agora o acampamento inimigo um feito aparentemente impossível , espe-
estava sobre um precipício que tinha três cia lmente, com uma armadura. O Senhor
cumes, os quais terminavam numa extre- fi ca honrado quando seres humanos espe-
midade pequena, mas brusca e a longada. ram grandes coisas dE le e procura m fazer
Ao mesmo tempo, havia uma roc ha que os grandes coisas por Ele.
cercava, como linhas feitas para impedir 13. Trepou Jônatas. Josefo acredita
ataques de um adversá rio" (Antiguidades, que o sol havia acabado de nascer quando
vi.6.2). Os que já visitaram o loca l, do lado Jônatas e seu escudeiro se aproximaram
norte do desfiladeiro, dizem que os mora- do aca mpamento fi listeu. Chegaram lá
dores ainda se referem a ele como "o forte". quando a maior parte dos homens a ind a
Esse penhasco tinha o nome de Bozez, que estava dormindo (Antiguidades, vi.6.2).
pode significar ''branco" ou '' brilhante", A narrat iva do v. 14 confirma a ideia de que
contudo, mais provavelmente, "macio" ou era o início da manhã (ver v. 15, 16, 20, 23,
"tenro". a face sul do desfiladeiro fica outro 24-28, 30, 31, 45). ão se sabe se os dois
penhasco de a ltu ra semelhante chamado israeli tas esperaram até a noite para fazer
"Sené", "es pinheiro", bem mais fácil de se a subida , ou se só levaram poucos minutos
esca lar do que o localizado do lado norte. para esca lar. É evidente que tomaram a for-
As informações topográ ficas desta passa- ta le7a de surpresa, pois grande confusão se
gem da Bíblia, segundo se acred ita, foram espa lhou por entre a guarnição dos fi listeus.
usadas pelo genera l britânico Edmund J5. Um terror de Deus. Literalmente,
Allenby [líder da campanha que tornou a "um tremor de Deus ['elo1úm]". A palavra
Pa lestina um protetorado britânico, precur- 'elohim, neste texto, se refere à intensidade
sor do estado de Israel], ao tomar Micmás do tremor e reflete o espanto e a confu-
dos turcos, em 1917. são que prevaleceram. O termo 'elohim é
6. O SENHOR nos ajudará. Jônatas usado, às vezes, como superlativo (ver com.
d ependia muito mais do poder ilimitado de Cn 23:6; 30:8). O tremor de terra foi ,
de Deus do que de sua armadura. Ele sim- com certeza, uma intervenção divina (ver
plesmente usou o que tinha em mãos, e o PP, 623). O Senhor Se manifestou muitas
Sen hor abençoou sua confiante dependên- ve?es por meio das forças da natureza , como
cia do Céu. Mesmo quando o rei havia se no Mar Vermelho (~x 14:21-28), no vale de
afastado do cami nho da obediência, Deus Aija lom (Js 10:11-14) e em Ebenézer, onde os
se propôs a provar para todo o Israel que a filisteus foram derrotados (ISm 7:10).
salvação depende de escolhas e ações indi- 16. Gibeá de Benjamim. Cibeá e Ceba,
viduais, não de um movimento em massa. respectivamente, formas feminina e masculina
A situação teria sido trágica caso o Senhor de uma palavra que significa "monte" ou
tivesse rejeitado todo o povo quando aul "altura", eram cidades de Benjamim (Js 18:24,
escolheu não obedecer. 28; 1Sm 13:16). Parece que as formas femi-
10. Se disse re m. C ideão havia pedido nina e masculina do nome eram, às vezes, usa-
um s inal quase impossível, humanamente das de maneira intercalada. A distinção entre
fa lando, ao sugerir que o orva lho caísse na os dois lugares fica clara em Isaías 10:29, em
terra, mas não na lã (Jz 6:39). De maneira que são mencionadas na ordem em que um
semelhante, Jônatas transformou o cha mado viajante proveniente do norte as alcançaria.

551
1-+: 19 CO IE TÁRlO BÍBLICO ADVE TI TA

Uma vi la com o nome de ]eba existe hoje no 21. Hebreus. Ve r com . de I m 13:3.
antigo loca l, 2 ,2 km a sudoeste de 1\tlicmás 23 . Livrou o SENHOR a Israel. Este é
e cerca de dez a nordeste de Jerusa lé m. um exe mplo notável do pode r de De us e m
A mode rn a vil a de Tell el-F11l costuma ser cooperação com o esforço humano. ]ô na tas
ide ntifica da com a G ibeá de a ul , 5,6 km almejava por livra me nto das inc ursões dos
ao norte de Jeru sa lé m. Escavações realiza- fili ste us. O s aconteci me ntos do d ia não dei-
das a li most ra ra m o que se acredita te r sido xa ram dúvida de que essa aspiração provinha
o pa lác io de aul (ver p. 56, 57; vol. 1, p. 103- do Espírito a nto. Jônatas percebeu o ataque
10 -1.). A ""G ibeá"' de I Sa muel 14:16 é Gcba, impulsivo de de pressão q ue a fl igia seu pai,
e m fre nte ao desfiladeiro de 1\ I ic más (ver mas isso só lhe inspi rou mais confiança no
\ . 5; PP, 622), não a G ibeá que era a cidade Governa nte divino, q ue pusera Sa ul em pri-
nata l de aul , caso esta es teja corretamente mei ro lugar. A cada passo a [rente, Jônatas
ide ntificada com Tell el- Ful (ver com. ISm sentia uma corre nte de pode r, nascida da fé.
13:2, 3). De G ibcá ele aul, sete qu ilômetros que o e ncorajava a prossegui r. Naq uele dia,
a sudoeste de I ic más, com duas corei il hei ras e le comprovou que Ya hweh é o Deus que
entre os loca is, te ria sido pouco pro\'ável con- guarda a a lia nça, Aquele capa; de tra nsfor-
segu ir observar o q ue estava se passando em mar a ira dos home ns em louvor a i.
:;: 1\ Iicmás. mas de Geba, be m do out ro lado do Gra nde significado se concentra nas pa la-
des fil ade iro, seria relativa me nte fácil. vras "Liv rou o Senhor a Israe l". A força c
19. D esiste de trazer a arca. A impe- coragem do jovem guerreiro, o compan hei-
tuosidade de Sa ul estava se de sem oh e ndo r ismo e o apoio lea l do escude iro, o atre\ i-
rapida me nte. A a parente confu são no aca m- menta das sentinelas do pen hasco, o te mpo
pa me nto do inimigo o deixou tão e mpolgado preciso da ofensiva , o pâ nico c r iado pelo ata-
que não conseguiu sequer esperar pelo con- q ue surpresa, o terremoto, a fuga do exército
selho do e nho r. Dura nte dias, e le c seus con fu so, a libe rtação dos escravos q ue esti-
com pa nhe iros ouvi ra m relatos de incursões mul ados pela façan ha ele Jô na tas cria ram
do inimigo em c idades próxim as c. embora coragem de se rebelar contra seus captores,
não soubesse o motivo da ruga das forças o re torno de u m rei e de seu exército antes
do out ro lado do desfilade iro, subitament e humilhados por seus in imigos, tudo aponta
deu orde m ele ataque. Se houvesse espe rado para a mão d ivina em ação. Por fim , todos
o te mpo necessá rio pa ra busca r a orie nta- parecia m a nsiosos por de monstra r avidez em
ção d iv in a, é be m provável q ue te ria ev i- tornar com ple ta a derrota el os adversários.
tado os muitos proble mas que o exérc ito ele Bete-Áven. Este nome provavelm ente
Israel e nfre nto u du ra nte as horas seguintes significa "a casa dos ídolos'', ou ta lvez ''a casa
e sua vitória sobre o inimigo teria sido muito do va;io". Pe nsa-se que se referia a uma loca-
ma is comple ta. Foi um caso cla ro e m que a l id ade na região ao norte de I ic más e ao
pressa provocou despe rd ício. O s mome ntos leste de Be te!. O ca mi nho di reto para a terra
que Jesus passava medita ndo e ora ndo Lhe dos fili ste us era pe lo oeste, mas sua con fu-
propo rc ionava m o julga me nto ca lmo de que são foi tão evidente q ue fugira m pa ra todas
necessitava pa ra suporta r com pac iê ncia as as direções.
provações que O agua rdava m. A noite que 24. Saul conjurara o povo. Fica cla ro
Jacó passou luta ndo com o a njo no Ja boque que a ul es tava te nta ndo se preservar. E le
lhe fo rta leceu não só pa ra e ncontra r Esaú, não ma is conside rava q ue a vitória vin ha
mas ta mbé m pa ra e nfre nta r os a nos de pro- do Senhor (ver 1 m 11 : 13), mas some nte
ble mas complexos q ue se seguira m. que prec isava se vingar de "seus" ini migos.

5 52
I Al\ IUE L 14:32

Esta foi a segunda oca ião no mesmo dia e não hesitou em deixar o povo saber que não
em que ele deixou de buscar o conselho de concordava com aquelas restrições. Isso é de
Deus. Então, forçou sua \ ontade ao pO\ o, grande interesse, Je,ando em conta as repe-
assim como o fi7era antes com o sacerdote tidas declarações sobre a devoção inques-
(I m 14: 19). Talve7 ainda estivesse ressen- tionáve l dos soldados. O hebraico deixa
tido pela repreensão de amuei em Ci lga l. subentendido que au l fe7 o povo jurar.
A presença do sacerdote Aías como con e- Depois disso, é claro que as pessoas se sen-
lheiro (\. 3) sugere que o profeta havia retor- tiam obrigadas a cumprir o \Oto, enquanto
nado para Ramá , em vez de permanecer com Jônatas. por não tê-lo feito , não se encontra\a
aul em Cibeá (I m 13: 15). sob a mesma obrigação pessoal.
Jônatas era muito cu idadoso em ouvi r as A t e rra. Isto é, o povo (\er v. 25).
pala\ ras de Deus, ao contrário do pai. É prová- 31. De Micmás até Aijalom. Uma dis-
vel que isso fosse resultado direto da influên- tância de 21 km pelo elevado planalto mon-
cia de amuei (ver PP, 623). Pode ser que uma tanhoso da Pa lest ina central e pela região
palm ra anterior de ânimo da parte do pro- ondulada da efelá. 300 m mais baixa do
feta o tenha inspirado a empreender o ousado que l\ l icmás, por entre cânions como o \Vadi
feito. Assim como aul fora advertido quanto eluwu. O caminho mais direto de Lida para
à experiência em Cilgal, meses antes (I m i\ 1icmás passava pelo \ l'adi elma11 depois
10:8; 13:8). uma mensagem semelha nte de de atravessar a estrada norte para iquém ,
amuei pode ter preparado o filho do re i para oito quilômetros ao norte de Jerusalém. Uma
fater sua parte nos acontecimentos daquele caminhada normal por um terreno como
dia me morá\ e !. De qualquer maneira, Jônatas esse, entre licmás e Aijalom. seria consi-
foi humi lde. assim como seu pai no início, ao derada a jornada de um dia inteiro. O con-
aguardar a orientação di\ i na, segui-la e \olun- tc\to sugere que o ataque de Jônatas ocorreu
tariamente atribuir a Deus o créd ito pelos bem no início da manhã (ver com. do v. 13).
resultados (I m 14:10, 12). A exigência arbi- e esse for o caso, Israel perseguiu o inimigo
trária e radical de a ui por um dia de jejum é durante todo o dia, mal parando para pegar
um agudo contraste com a fiel obediência do os espólios, que, nesse caso, deviam ser
povo a suas instruções, independentemente muitos. Os filisteus haviam reunido grande
dos desejos e necessidades pessoai!.. número de carros e cm a lo em i\ licmás.
~ A humildade de au l se fora para sem- Além disso. ha' ia lanças, escudos, alimen-
pre e, em seu lugar, surgiu um falso 7elo, um tos e ,·á rios outros suprimentos que um exér-
orgulho secreto c um abuso de autoridade cito deve carregar. A realização militar dos
que cresceria ao longo dos anos até ele tirar a homens de au l já seria uma grande tarefa
própria vida. Assim como Judas. au l foi bem para um exército bem alimentado, muito
por um tempo. e tivesse morriclo antes de mais para o bando faminto de homens do
convocar Israel em Cilgal, teria sido conside- campo indisciplinados que ele lidera\ a. Que
rado digno do mais al to lugar da lista de honra lição essa experiência poderia ter sido para
dos reis. Contudo, naquela ocasião, traiu seu au l, ainda amargando a repreensão e o 1elo
sagrado encargo, mas foi-lhe permitido que apenas pela própria reputação. Assim que
continuasse a vi\ er para que todos vissem os colocou os pés na areia mO\ediça do orgu-
frutos de suas decisões equi,·ocadas. lho. cada tentati\a frágil e indecisa de sair
29. M e u pai turbou. Ao ficar sabendo só o levava a afunda r cada \ C/ mais.
da ordem radical do pai , Jônatas logo reco- 32. Lança ndo-se ao d espojo. Era
nheceu o problema imposto sobre o exército noite, e o povo estava liberado do \Oto (\er

553
I -U -+ COi\ IENTÁR IO BÍBLICO ADVE T ISTA

v. 24). Fa m intos, mata ra m bois e bezerros; percebe u o e rro do rei ao não busca r o con-
na pressa, negligenc ia ra m a ma ne ira correta selho divino a nte riorme nte (l m 14:18, 19). J;
J e e lim ina r o sa ngue (Lv 17: 10-J-+). 39. Ainda que com me u filho. Por
34. Cad a um me traga . Assim como que au l não disse: "A inda que com o rei
os fariseus nos dias el e C risto, Saul e ra meti- esteja a c ulpa"? Te ri a a lg ué m con tado a
culoso na o bservâ ncia d as for malidades Saul que Jônatas se a lime nta ra? O silêncio
externas, e mbora e le mesmo estivesse dei- do Se nhor indicava Sua desaprovação, e o
xa ndo de lado questões bem mais importa n- mona rca decid iu que havia pecado no acam-
tes. O povo, mais uma vez, foi lea l à ordem pa me nto. O povo demonstrara sua lea ldade
do rei. O pecado tira a visão es piritu al. vez a pós vez ao lo ngo do dia , e a consc iê n-
O registro seria difere nte se a ul houvesse cia de aul , sem dúvida, a pontava u m dedo
refle tido por algun s in sta ntes sobre até que acusador pa ra o próprio coração. Contudo,
ponto as tra nsgressões do povo se deviam ta lvez na te ntativa de e ncobr ir sua sensação
a seu pecado. De us dá muitas oportu n ida- de c u lpa, e le pratica me nte acusou o fi lho,
des à pessoa que escolhe rejeita r o conse- q ue, pela força de De us, havia conquistado
lho d ivino, mas volta a trás e busca Sua face g ra nde vitória. Assim como havia suger ido
em humildade. o e nta nto, é di fíci l pa ra a em G ilga l que a c ulpa não era dele, mas do
me nte cega pe lo pecado aceita r tais oportu - e nhor, ma is uma ve7 deixava subentend ido
nidades e fa.~:e r como o filh o pródigo: \Oitar que, por ser rei, estava li' re ela culpa. É pro-
pa ra a casa do Pai. vável q ue ele sentisse que o povo não era cu l-
3 5. Este foi o prime iro a lta r. Lite- pado; porta nto, o ú n ico q ue poder ia estar
ra lme nte, "começou a const rui r u m a lta r"'. errado era seu filho. De igua l modo, os líde-
A lguns pe nsa m q ue Sa ul começou a cons- res dos dias de C ri sto achava m q ue esta-
truir um alta r, mas não terminou ; out ros va m acim a de qualquer censura e decidiram
ac redita m q ue este fo i o prime iro altar q ue q ue o gra nde Herói de nossa sa lvação de\ e-
ele construiu . Os tradutores evide nteme nte ria suporta r a ca lamidade de toda a nação.
aceita ram a ú ltima inte rpretação, verte ndo Espa ntados sem medida pela violê ncia radi-
helzel p or "o primeiro", e m v e1 de "come- ca l ele Saul , os soldados de Israel não lhe
çou", pensa ndo que esta fo rma se conforma- dissera m uma só pa lavra. De us estava em
ria me lhor ao he bra ico idiomá tico. Contudo. si lêncio e o povo também; o q ue mais res-
trata-se elo único caso no AT e m que hehel é tava a Saul senão la nça r sortes?
tracl U? iclo desta ma neira. 42. Foi indicado Jônatas. Os questio-
36. Faze tudo o que be m te pa recer. nadores pode m se pergu ntar: por q ue Deus
Ao perceber que um a gra nde oportunidade pe rmitiu q ue a sorte caísse sobre Jôna tas,
estava fi ca ndo pa ra trás, a u l propôs que, e m vez de Saul , sendo que o re i demons-
de pois ele comer, e les cont inuassem dura nte t rara cla ra ev idência de culpa d iversas vezes,
a noi te. Esse tipo ele est ra tég ia não e ra iné- enq ua nto seu fi lho era inocente? Com cer-
dito. a ul rea lizara um a marc ha noturna teza, o e nhor não aprovava os votos que
de Bezeque pa ra Ja bes-G ileade a fim de a ul fizera (\. 24 , 39) nem concorda,·a
liv rara cid ade do a monita Naás (I m I 1: 1I). com a execução de Jô natas após gu iá- lo
G ideão seguiu o mesmo procedime nto em de ma neira Lào mi lagrosa ao longo do dia.
sua ca mpa nha contra os midia nitas (Jz 7: 19- Contudo, assim como nos d ias de C r i~to,
23). O povo logo concordou com a proposta qua ndo o inocente foi condenado pa ra expor
de a u l, mas o sacerdote Aías suger iu que a ma ldade dos líde res de Israe l, Deus expôs
se perguntasse ao Senhor. Fica cla ro q ue ele com efi cácia os ma us caminhos do rei ao

55 4
1 SAI\ IUEL 14:50

de ixar que a sorte reca ísse sobre o inocente fé do prínc ipe. O mesmo Deus que impres-
Jônatas. aul, qu e começara a re ina r com sionara Jônatas a fazer sua fa mosa faça nha
toda humi ldade, havia resva lado pa ra um ins pirou o exé rcito a c la mar como um só
estado de autoju stificativas sem esperança. homem : H ão lhe há de ca ir no chão um
A me nos que uma ex peri ênc ia extraordiná- só cabelo da ca beça '"
ria o expusesse ele ta l forma que o chacoa- Jônata Linha um pape l ainda mais difí-
lhasse em sua ilu são (a crença ele que um c il a desempenha r, e ningué m pode ria
re i nunca e rra), aul logo arruinaria s ua uti - tocá-lo até que sua obra estivesse te rminada.
lidade como líder. A despeito de como foi tratado, pe rmanece u
43. Estou pronto para morrer. Jônatas leal a seu pa i. Em a lgumas ocas iões, essa
tinha um a excelente justificativa pa ra seus lea ldade o levou a aca lmar a impulsividade
atos, mas falou a verdade e se submeteu às do pa i e a lutar novamente ao lado de le, algo
o rdens do rei. Ex istiria mane ira melhor de q ue fez até o fim . A ho nestidade, integri-
conde nar seu pa i por desobedecer às ordens dade e fé demon stradas por Jônatas era m
do Re i dos reis? aul , pera nte amue i, ha' ia atributos extremamente necessá rios naquele
justificado suas ações em rebelião aberta, momento da história de Israel. em mesmo
mas Jônatas justifi cou seu comportamento au l podia u ltrapassar os limites estabelec i-
do dia s ubmetendo-se ao julga mento prec i- dos pelo Espírito Sa nto.
pitado do pai. 4 7. E ra vitorioso. A ênfase dos últi-
44. É certo que morre rás, Jônatas. mos versícu los deste capítulo é colocad a
É impressio na nte como Sau l pronunciou sobre o ava nço materia l do reino, não sobre
o julga me nt o com apa re nte fac ilidade . o dese nvolvimento espiritua l. aul pa rec ia -:;
Ao passo que Jônatas admitiu seu e rro ceri- ex ultar em sua genia lidade milita r. Em vez
monia l, algo que poderia ser retificad o de proteger os direitos de seu p0\ 0, assumiu
com uma simples oferta pe lo pecado, aul u ma posição ofensiva contra a nações vi;i-
cometeu um erro mora l, a lgo que foi publi- nh as, com o prop ósito de melhorar a pró-
ca mente demonstrado na severidade da sen- pria reputação como re i. E le imitava essas
tença contra o filho. A consc iênc ia de aul nações, ao passo que deveria ter apresentado
o conde nava por ex igir que o po\ O se absti- ao mundo um método novo e mais perfeito
vesse ele alimento, mas es pe rava conseguir de administração.
esconder sua apree nsão pela fo rm a como 4 9. Isv i. Ev ide nte me nte, lsbaa l, ou
pronunciou o voto. E m \'ct d isso, conseguiu Isbosete (ver com. de 2 m 2:8).
apenas condenar a s i mesmo. 50. Abne r, f ilho de Ner. Este \ ersículo,
45. O povo sa lvou a J ô n a tas. O pm o por si só, não deixa completa me nte c la ro
havia seguido aul fi elmente o dia inte iro. quem era o tio de aul: Abner ou er. er é
O s sold ados o o uviram da r as orde ns mais chamado de filho de Abie l (v. 51) e ta mbém,
irrac iona is, poré m, mesmo ass im, obedece- de Je ie l ( IC r 9:35, 36). Portanto, é provável
ram. Viram-no se apega r a mi nuciosas res- que Abiel e Je ie l sejam dois nomes da mesma
trições, mas cedera m . Vira m-no ressentir pessoa (ver com. de Ê.\ 2: 18). Uma '> ez que
o silêncio do Urim c do Tumim, mas con- Quis, pa i de aul , ta mbém é chamado de
corda ra m em lançar sortes. Vira m a sorte ·' filh o de Abicl" ( I m 9: 1), pa rece que Q u is
ca ir sobre ]ônatas, mesmo sabendo que ele e Ner eram irmãos, mas o registro di; que
e ra inocente. E ntão se lembraram dos feitos "J er gerou a Quis" ( IC r 9:39). A apa re nte
poderosos do herói do dia e de como o Senhor contradição não envolve somente um a dife-
lhes dera 'itória por meio ela bravura e da rença de nom es, mas de gerações, pois 1 er

555
15: I COi\IEl TÁR IO BÍBLICO ADVE TI TA

também é chamado fi lho de Abiel. Isso, mesmo a um descendente mais distante; as


porém, não sign ifica necessariamente um genealogias bíblicas nem sempre incluem
con flito entre os livros de amuei e Crônicas. todos os elos da corrente familiar (ver com.
Assim como em outras partes das Escrituras, de 1Rs 19:16; Dn 5:11, 13, 18; ver também
relatos independentes parecem diferir nos vol. 1, p. 160, 165). (2) Quis, filho de 1 er,
detalhes apresentados, mas descobre-se har- pode ter se tornado fi Ih o do avô por ado-
monia entre eles quando analisados à luz ção, assim como l\lanassés e Efraim, filhos
dos costumes e dos modos de pensamento de José, se tornaram filhos de Jacó e foram
e expressão hebraicos. Existem duas situa- mencionados entre seus filhos como che-
ções possíveis para explicar os nomes em fes de tribos (G n 4 8:5, 6; m I: IO; ]s 1+4).
conflito: (J) A lista em 1 amuei 9:1 pode Qualquer dessas explicações estaria em har-
ter omitido o nome de er e registrado Quis monia com os fatos fornecidos e fariam de
como filho ou neto de Abiel, pois "filho", às Abner um tio de Saul (ver casos semelhan-
vezes, é usado para se referir a um neto ou tes nos com. de m 10:29 e i\lt 1:12).

CO MENTÁR IOS D E ELLEN G. WHITE

1-46 - PP, 622-626 16, 17- PP, 624 44-46- PP, 625
2- PP, 622 18, 19- PP, 622 47, 48 - PP, 628
6-15- PP, 623 20-24, 27, 32, 33- PP, 624

C APÍTULO 15
1 Samuel envia Saul para destruir os amalequitas. 6 Saul favorece os queneus.
8 Ele poupa Agague e o melhor dentre os espólios. 10 Sa 11ntel denuncia Saul, por se
elogiar e se desculpar; Deus rejeita o rei por sua desobediência. 2-l A humilhação
de Saul. 32 Samuel nwta Agague. 34 Samuel e Saul se separam.

1 Disse amuei a aul: Em iou-me o ' E:\ II OR 6 E disse aos queneus: Ide-\ os, retirai-\OS e
a ungir-te rei sobre o eu pO\ o, sobre Israel; aten- saí do meio dos ama lequitas, para que eu vos não
ta, pois, agora. às palavras do EN IIOR . destrua juntamente com eles, porque usastes de
2 Assim diz o C:>~JJOR dos Exércitos: Castigarei misericórdia para com todos os nlhos de Israel,
Amalcque pelo que fe; a Israel: ter-se oposto a quando subiram do Egito. Asstm , os queneus se ;
bracl no caminho, quando este subia do l:.gito. retiraram do meio dos ama lequttas.
3 Vai, pois, agor<l, c rerc a Amalcque, c destrói 7 Então, reriu au l os amalequitas, desde
totalmente a tudo o que ti\Cr, e nada lhe poupes; Havilá até chegar a ur, que está derronte do Cgito.
porém matarás homem c mulher. meninos e crian- 8 Tomou "i' o a Agaguc, rei dos amalequttas;
ças de peito, bois e ovelhas. camelos e jumentos. porém a todo o povo destruiu a no de espada.
4 Saul com ocou o pO\ o e os contou em 9 E aul e o po,·o pouparam Agague. e o me-
Telaim. duzentos mil homens de pé c dez mil lhor das O\elhas e dos bois, e os animais gordos.
homens de Judá. e os cordeiros, e o melhor que hm ia e não os
5 Chegando, pois, Sau l à cidade de Ama leq ue, quiseram destruir tota lmente; porém toda coisa
pôs emboscadas no \'ale. 'il e despreiÍ\ el destruíram.

556
I SAi\ IUEL 15: I

lO Então, \ eio a pa lm ra do SE:>~ IIO R a Sa muc l, Eis q ue o obedecer é melho r elo q ue o sacri fica r,
d i7endo: c o atender, mel hor do que a gord ura de carneiros.
11 Arrependo- le de ha, er constituído 23 Porque a rebe lião é como o pecado de fe i-
Saul rei, porqua nto de i\ou de 1\ le seguir e não tiça ria, c a obst inação é como a idolatria c c ulto
executou as i\ l inhas pa la' ras. Então, Samue l se a ídolos do lar. \'isto q ue rejeitas te a pa lm ra do
con tristou c toda a noite cla mou ao SL,, IIOR. SEN HOR, Ele também te rejeitou a ti, para q ue
12 i\ ladr ugou amue i para encontrar a aul não sejas re i.
pela manhã ; e a nunciou-se àq uele: Já c hegou Saul 24 Então, disse Saul a amuei: Peq uei, pois
ao Carmclo, c eis q ue le,·antou para si u m monu- tra nsgredi o mandamento do SE:-<IIOR e as tuas pa-
me nto; e, da ndo 'olta, passou e desceu a G ilga l. lavras; porq ue temi o povo e dei ouvidos à sua \ OZ.
13 Veio. pois. amuei a Saul. e este lhe disse: 25 Agora, pois, te rogo, perdoa-me o meu pe-
Be ndito sejas tu do SEN HOR ; execute i as pa la- cado e volta comigo, para q ue adore o ~ L:-< II OR.
vras do SE:>~ II O R . 26 Porém Samuel disse a au l: 1 ão tornarei
14 Então, d isse Sa muel: Q ue balido, pois, de contigo;' isto q ue rejeitaste a palawa do SEI'\ IIOR,
ovelhas é este nos me us ouvidos e o mugido de já Ele te rejeitou a ti , para q ue não sejas rei sobre
bois q ue ouço' Israe l.
15 Hespondeu Sau l: De Ama leq ue os trou- 27 Virando-se a muei para se ir, Sau l o segu-
xeram; porq ue o povo po upou o me lhor das ove- rou pela orla do ma nto, c este se rasgou.
lhas e dos bois, pa ra os sacrificar ao SL IIOR, teu 28 Então, Samue l lhe d isse: O E:>I IIOR ras-
Deus; o resto, porém, destru ímos tota lmente. gou , hoje, de ti o reino de Israel e o deu ao te u
16 Então, d isse a muei a aul. Espe ra, e te próx imo, que é mel hor do q ue t u.
declara re i o que o Sc'-H!OR me disse esta noite. 29 Também a G lória de Israel não me nte .
Hcspondeu-lhe Sau l: Fa la . nem Se a rrepende. porqua nto não é homem. para
17 Prosseguiu a mue i: Pon e ntura, sendo tu que Se arrepe nda.
pequeno aos teus olhos, não foste por cabeça ~O Então, d isse Sa ul: Pequei; ho nra-me,
das t ribos de Israel, e não te ungiu o SL '\I IIOR porém, agora , dia nte dos anciãos do meu po' o c
re i sobre ele? d ia nte de Israel; e volta comigo, para q ue adore
18E nviou-teo E HORaestecaminhoe dissc: o SL' IIOR, teu Deu s.
Va i, c dest rói tota lmente estes pecadores, os ama- 3 1 Então, Samue l seguiu a Saul . e este ado-
lequitas, c peleja cont ra e les, até e\term iná-los. rou o SL 'IIOR.
19 Por que, pois, não atentaste à \ 07 do Se 'IIOR, 32 D isse Sa mue l: T ra t e-me aqui Agague, rei
mas te lançaste ao despojo e fi7este o que era ma u dos a ma lequitas. Agague veio a e le. con fia nte: e
aos olhos do Sci'. IIOR? d isse: Certamente, já se foi a a margura da morte.
20 Então, disse Saul a Samuel: Pelo contrário, 33 Disse, porém , a mue i: Assim como a tua
dei ou' idos à vo7 do ENIIORe segui o caminho pelo espada desfilhou mulheres. assi m desrilhada fi -
q ua l o S ENHOR me enviou; e troul\e a Agague, rei de cará tua mãe entre as m ulheres. E amue i des-
Ama leque, c os a malequitas, os destruí totalmente; pedaçou a t\gague pera nte o E:>~ IIOR, e m G ilga l.
2 1 mas o povo tomou do despojo ovel has e 34 Então. a mue i se foi a Hamá; e Sau l subiu c~
bois, o me lhor do designado à destruição pa ra ofe- à sua casa. a Gi beá de aul.
recer ao S E IIOR, te u Deus, em G ilga l. 35 N unca ma is 'iu Samue l a Saul até ao
22 Porém a mue i disse: Te m , porventura, dia da sua morte; porém tinha pen a de Sau l.
o SEi'. IIOR ta nto prazer em holocaustos c sacri- O Ei\ IIOR Se a rrepende u de ha,·cr constituído
fíc ios qua nto em que se obedeça à ua pa lavra? aul rei sobre Israel.

557
15:1 COMENTÁR IO BÍ BLiCO ADVENTlSTA

1. Ate nta . Literalmente, "ouve", com o se encontra na segunda pessoa do singular,


sentido adiciona l de obedecer. Samuel dei- colocando a responsabilidade pelo extermí-
xou subentendido que Saul havia ouvido as nio dos amalequitas de maneira pessoa l sobre
espec ificações a respeito de sua presença em Saul , o rei de Israel. A palavra heb. haram,
Gilgal, mas não fora obed iente. Então, mais traduzida por "destruir", s ignifica "ban ir",
uma vez foi testado para ver se realizaria a "sacrificar", porta nto, "exterminar". Quando
vontade de Deus, ou se cederia de novo aos um país era ba nido, tudo que pertencia à
próprios desejos. nação era visto como ama ldiçoado. As pes-
2. Eu Me recorde i (A RC). Litera l- soas deveriam ser mortas, assim como o gado
mente, "dei atenção a". Os amalequitas eram e outros seres vivos, mas os objetos de ouro
uma etnia nôm ade que habitava a região e prata deveriam ser levados pa ra o tesouro
desértica entre a Palestina e o Egito. Seu do Senhor (ver Js 6: 17- 19). Um costume
meio de vida parecia ser garantido principal- seme lhante ex istia e ntre as outras nações
mente por ataques predatórios a tribos vizi- do antigo O riente Próximo.
nhas (ver com. de Gn 36: 12). Eles fizeram 4. Em Telaim. Alguns eruditos iden-
um ataque sem motivo aos fi lhos de Israel na tificam o loca l com Telém, de j osué I 5:24,
região do monte Sinai (Êx 17:8-16). Depois cidade na fronteira sul de Judá, próxima
da batalha, Moisés denominou o loca l ao território ama lequit a, mas não se sabe
"O Senhor É Minha Bandeira", dize ndo: n ada de definitivo acerca d e sua loca liza-
"haverá guerra do Sen hor contra Ama le- ção. Telaim serviu de base para a campan ha
que de geração em geração". a profecia de contra os ama lequitas, assim como Bezeque
Ba laão, Amaleque é cha mado "o prime iro fora a sede da guerra contra os amon itas (\ er
das nações", mas acrescentou que "o seu fim com. de JSm 11:8). É estran ho que apenas
será destruição" (Nm 24:20). 5% do exército de Saul fosse proven iente de
em dúvida, os a ma lequitas vinham Judá, uma vez que era essa tribo a que mais
ataca ndo a parte sul de Judá , na região de sofria nas mãos dos ama lequitas.
Berseba, e esse pode ter sido um dos moti- 6. Aos queneus. Os membros da fa mília
vos para os a nciãos da tribo te rem pedido da esposa de Moisés são chamados tanto de
um re i (ver lSm 8: 1-5). Assim como josué foi midi anitas (Nm 10:29), quanto de queneus
instruído a de fende r os gibeonitas do ataque (Jz I: 16), porque ambos os nomes se refe-
sem motivo dos cinco reis da confederação riam à mesma linhagem familiar, ou porque
do su l, o rei Saul recebeu a ordem de libertar as duas famílias haviam se unido. Alguns
Israel dos ataques dos amalequitas. os dias comentaristas identifica m os queneus com
de Josué, a morte dos cinco reis gerou paz. os descendentes de Quenaz, neto de Saul,
Se Saul tivesse cumprido o plano de Deus, é filh o de Elifaz, mas nada se sabe ao certo
bem provável que Israel houvesse obtido paz quanto à sua origem (ve r com. de Gn I 5: 19).
naquela região por muito mais tempo. A refe- Os quene us devem ser dife renciados dos
rência aos ama lequitas em 1 Samue l 1-+:48 quenezeus (G n I 5:19). Os midianitas e, pro-
pode ser a essa ca mpa nha, um a vez que os vavelmente, os queneus também , era m des-
v. 49-52 certa mente são parentéticos. cendentes de Abraão por sua esposa Quetura
3 . D estrói tota lmente. Litera lmente, (ver com. de Êx 2: 16). Os amaleq uitas eram
"destruam tota lm e nte". A res ponsabi li- descendentes de Esaú (ver com. de Gn 36: 12)
dade por ba nir as posses dos a malequitas e, portanto, parentes d e sangue tanto dos
re pousava no próprio exército. Tod avia, o queneus quanto dos israelitas. Alguns dos
verbo "ferir", da ordem "fe re a Ama leque", queneus, ou midianitas, acom pa nh aram os

558
I SAMUEL 15: li

filhos de Israel à terra prometida (ver com. de era descendente do amalequita Agague, da
Nm 10:29-32). Receberam herança ali, entre 16" geração (ver com. de Et 3:1).
~"a tribo de Judá (Jz 1:16) e, mais ao norte, no A todo o povo destruiu. Isto é, os
território de Nafta! i (Jz 4:10, 11). É possível amalequitas que viviam na região do ataque
que os queneus mencionados nesta passa- realizado por Saul. Os amalequitas ficavam
gem fossem descendentes daqueles que se dispersos por uma grande área da península
estabeleceram na parte sul de Judá, próxima do Sinai, o Neguebe e pelo norte da Arábia
ao território ama lequita , e se casara m com (ver com. de Gn 36:12). Não teria sido pos-
ama lequitas (ver 1Sm 27: 10). sível a aul derrotar todos eles nesta curta
7. Havilá. A localização de H avi lá é expedição. Fica claro que não foi isso que
desconhecida. Alguns eruditos pensam que aconteceu ao se levar em conta o fato de que
se refere a uma "terra das areias"; outros, a Davi rea lizou outras campanhas contra os
"dunas arenosas". A partir do rio do Egito (ver ama lequitas depois desta ocasião (l m 27:8;
com. de Nm 34:5), a fronteira sudoeste de 30: l-20; 2Sm 8: 12). Foi somente no tempo de
Judá, a oeste do Egito, nada mais é, hoje, do Ezequias que eles foram exterminados por
que um deserto estéri l de areia. Acredita-se completo (lCr 4:42, 43).
que a palavra shur ("muro") se refira a muros 9. Toda coisa vil. Ao destruir o que
de fortalezas construídas por reis egípcios não valia a pena ser guardado, Saul e seus
ao longo de sua fronteira oriental, do Mar homens se convenceram de que haviam obe-
Vermelho até o Mediterrâneo, a fim de se decido à ordem divina de destruir "total -
proteger de invasões asiáticas (ver com. de mente a tudo o que tiver" (v. 3). Enquanto
Êx 2: 15; 13:20; 14:2). O deserto ao leste do isso, os israelitas vitoriosos preservaram "o
Egito é chamado de Sur (ver com. de Gn 16:7; melhor que havia".
25:18; Êx 25:22). Considerando que os ama- 11. Arrependo-Me. Ver com. de Gn 6:6;
lequitas ainda habitavam a mesma região sul Êx 32:14; ]z 2: 18. Muitos acham difícil con-
nos dias de Davi (I Sm 30), é provável que ci liar esta declaração com l Samuel 15:29:
a "cidade de Amaleque" (lSm 15:5) fosse 'Também a Glória de Israel não mente, nem
a residência do rei Agague. Além disso, o se arrepende, porquanto não é homem, para
exército de Saul deve ter destruído o loca l que se arrependa." Ambos os verbos são for-
e espal hado os ama lequitas até o deserto de mas de naham, que podem ser traduzidos
Sur. Esse ataque contra os ama lequitas deve como "lamentar" ou "entristecer-se" pela
ter sido bem semelhante ao que e les reali- miséria dos outros, portanto, "ter pena"; além
zavam em Israel antes e depois dos dias de disso, ··arrepender-se" por causa das próprias
Saul (Jz 6:3-5; 10:12; 1Sm 30:1-18). Ao que ações. Em nenhum lugar a Bíblia diz que o
parece, Saul ficou contente com a campa- ser humano se arrepende do bem que faz,
nha incompleta. Ele capturou Agague e, nos somente do mal. Contudo, declara que Deus
tempos antigos, sempre que um rei era domi- se arrepende tanto de coisas boas quanto
nado, sua terra era considerada tomada (ver ruins (ver ]r 18:7- 10). ··o arrependimento do
]s 12:7-24). homem implica mudança de intuitos. O arre-
8. Agague. Significa, talvez, "infla- pendimento de Deus implica mudança de
mado" ou "violento". É possível, embora não circunstâncias e relações" (PP, 630). A pala-
se tenha certeza, que se tratasse de um título vra naham deveria ser traduzida de maneira
assumido pelos reis amalequitas, semelhante a expressar tal pensamento.
a "faraó" entre os egípcios. De acordo com Pelo princípio da liberdade de escolha,
Josefo (Antigtridades, xi.6.5), o agagita Hamã Deus não usa nenhum ser humano como

559
15: 12 C Ol'vl ENTÁRIO BÍBLICO ADVE T ISTA

uma me ra máquina pa ra c umprir e us pro- 13. Executei. Com a pa re nte de mons-


pósitos. É verd ade que esses propós itos, por tração de gra nde respeito, Sa ul esperou, com
fi m, sempre se rea liza rão (Is 46: I O), mas a e.\ pecta tiva, recebe r um elogio de a muei.
nação ou o in di, íduo selecionado pa ra isso Ass im como o utras pessoas ao longo da
não fica sem o privilégio de escolhe r, acei- história, Sa ul es tava pronto para c re r que
ta r ou rejeita r as propostas do c nhor (\ e r havia efetuado a orde m q ue lhe fora dada
Ed , 178). Aq uele que di? a princípio, "l ão ao rea lizar ape nas a pa rte agrad;h e l a ele.
irei", mas muda de ide ia, está em pos ição O mona rca fc7 uma inc ursão contra os tra-
muito mel hor do q ue a pessoa que prome te d icio na is inimigos de Israel c \Oito u com
ir, mas depo is decide não fa1ê-lo (ver l\lt Agague como prova do c umprime nto de sua
2 1:28-32). Em cada caso, se o instrume nto missão. O monume nto de vitória leva ntado
de De us se mostra r ind igno, Ele .. e e ntris- em Carmelo é uma e' idê nc ia de satisfação
tece" pela decisão do indi' íduo, mas pe rmite pessoa l. Assi m como au lo de Tarso, aul.
q ue siga o ca minho q ue escolhe u e colha a filho de Quis, não tinha dúvida de que suas
seme nte q ue pla nto u. A dec isão de aul de escolhas estava m em harmonia com a \ Cm-
seguir os própr ios desejos não subverte u o tade de De us. Todm ia, nesse ponto term ina
propós ito divino, mas abriu a o portunidade a semelha nça e ntre as duas histórias, pois um
pa ra o e nhor demo nstra r Sua longa nimi - sabia qu al e ra a \'Ontadc do e nhor, e nquanto
3 dade, ao permiti r que ele conti nuasse a ser o outro não, e agia em ig norância ( ITm l :13).
rei. A seq uênc ia na tu ra l de ca usa c efeito é 14. Que balido. E mbora a consc iê n-
uma das gra ndes lições q ue o ser hu ma no cia de Saul parecesse limpa no momento, o
prec isa apre nder no grande con flito e ntre ba lido das ovelhas re\ elava sua desobed iên-
De us c o diabo. c ia e o fa to de q ue a consc iê nc ia de le não
Samuel se contristou. Litera lmente , era confiá' el. A consc iê nc ia pode estar cau-
"Samuel se infl a mou". Q uando este \'erbo é tcri?ada (ITm 4:2), em yez de puri ficada de
usado e m conexão com a pa lm ra .. ira", cos- obras mortas (llb 9: 1-f) e lim pa di a nte de
tuma ser tradu;ido: " infla mou-se sua ira". De us e dos home ns (At 2-+:1 6). Desde q ue
Este é o único exemplo no AT em que o \erbo fora ung ido, aul havia de monstrado mu itos
lznra l7 é tradut ido por "se contristou". cria traços nobres de caráter, e a muei o amma ,
incorre to traduzir " a mue i se irou", pois a assim como Jes us amava Judas. Porém, o
a firm ação seguinte acrescenta que .. toda au mento de poder tra nsformara o home m
a noitec la mou ao enhor"(, e r, . IJ ).Opro- num déspota que não tolera ria inte rferên-
feta fi cou tão decepc ionado e perplexo q ue c ias. Embora ele esti, esse no próprio ato de
buscou ao Sen hor de todo coração para des- proclamar sua obed iê nc ia, os a n ima is rc,e la-
cobr ir uma sa ída pa ra a situação deploráve l. va m em alta vo? sua desobediê ncia.
12. Carme lo. lão se t rata d o mo nte 15. O povo poupou o melhor. Assim
Carm elo, onde E lias teve um confro nto como Adão e E,·a , aul tentou se e:-imir da
com os profe tas de Baa l, mas de uma cidade c ulpa. erá que o povo não teria sido lea l à
11,6 km a sudeste de ll e brom , onde Dav i orde m de destruir tudo que pe rte nc ia aos
e ncontrou a bal (lSm 25). a malequi tas assim como fora a nte riorme nte
Leva ntou para si um monumento. ao se abste r de a lime nto no d ia e m q ue colo-
esse loca l, a ul e rg ue u um monume nto ca ram os fili ste us e m fuga (I m 14:24)? Pa ra
à sua 'itória e, e m segu ida, foi pa ra G ilga l, alguém com a na ture7a e a inte ligênc ia de
perto de Je ricó, ta lvez pa ra se red imir da des- au l, procura r refú gio num a descul pa como
graça que hav ia vivenciado (ISm 13: 11 -16). essa era evidência cla ra de colapso espiritual.

560
I SAMUEL 15:20

17. Sendo tu pequeno. A tradução Iite- Samuel lembrou a Saul sua declaração
rai do hebraico do v. 17 permite duas inter- quando fora ungido (JSm 9:21), ocasião em
pretações: "Embora [ou quando] tu [eras] que e le passara de uma posição humilde para
pequeno aos teus olhos, não [foste feito] ser o líde r de Israel. ão é plano de Deus
cabeça das tribos de Israel?", ou "Embora colocar Seus servos onde não possam ser
tu [sejas] pequeno aos teus olhos, não [sois] tentados, nem lançá-los no meio da tenta-
cabeça das tribos de Israel?" o texto ção, onde, depois ceuerem, Ele precise per-
hebraico, os verbos são sugeridos, em vez doá-los para permitir que voltem a pecar.
de expressos, e a tradução para o portu- Pelo contrário, Seu desejo é restaurá-los a
guês exige que e les sejam acrescentados. ponto de que possam vencer a batalha con-
Presumindo que amuei se refere, nesta oca- tra o pecado. O Espírito Santo levou Cristo
sião, a uma experiência passada, a ARA usa para o deserto a fim de que fosse tentado por
o passado, enqua nto a TLH considera que Sata nás (J\Ic 1:12). Saul recebeu evidências
o profeta está pensando na declaração do rei inconfundíveis de que o Senhor o amava e o
feita no v. 15 e, por isso, se dirige a e le no pre- ajudaria em todo o tempo. Ele nunca pode-
sente. A ARA interpreta que Samuel estava ria acusar Deus de, con hecendo sua natureza
traçando um contraste entre a humildade egocêntrica , falhar em lhe dar a oportuni-
anterior e o orgulho presente de Saul. Já a dade possível de fazer o bem e superar seus
NTLH considera que a declaração expressa defeitos. O fato de o Senhor Ler dado um
um contraste entre a suposta subordinação novo coração a Saul não significa que o rei
de Sau l à vontade do povo (v. 15), uma falsa não poderia voltar a seu velho esti lo de vida
humildade e sua nomeação divina como caso escolhesse fazê-lo. Saul se exaltaria?
líder (v. 17). Então Deus precisaria humilhá-lo.
A expressão "não te ungiu o Senhor rei 20. Pelo contrário, dei ouvidos.
sobre ele" parece ser apenas uma repetição Somente um coração empedernido tentaria
do questionamento anterior: "não foste por fazer a desobediência passar por obediên-
cabeça das tribos de Israel". Além disso, au l cia. Ao proferir esta declaração, au l deu
justificou sua conduta, dizendo que fora "o evidências de como se afastara do caminho
povo" quem poupara "o melhor" do espólio, da retidão. Foi quando Eva conc luiu que a
deixando subentendido que não conseguira árvore proibida "era boa para se comer, agra-
contê-lo (v. 15). De acordo com a lTLH , dável aos olhos e árvore desejável para dar
r;! amuei desafiou a fuga de responsabilidade entendimento" que tomou "do fruto e comeu"
da parte de Saul -"você pode pensar que é (Gn 3:6). Quando a pessoa se convence de
uma pessoa sem importância", ou seja, inca- que a lgo cl aramente marcado por Deus como
paz de exercer controle eficaz sobre seus veneno moral é desejável para uma vida mais
homens - com a afirmação solene de que e le plena, ela renega a lealdade ao Senhor e se
era o líder. los v. 17-19 (ver v. 1-3), amuei a lia ao diabo. Quando aquilo que Deus rotu-
continuou a lembrar Saul de sua responsa- lou como er rado parece certo. o indivíduo
bilidade pessoal naquela situação: o Senhor pode saber que colocou os pés em terreno
(l) o ungira rei e, portanto, líder de todo o proibido e se encontra sem proteção em meio
Israel, (2) o enviara contra os ama lequitas, e às seduções hipnóticas do tentador. Cegou
(3) ordenara que ele os destruísse totalmente. sua visão espiritua l e endureceu o próprio
Por que Sau l não obedecera? A questão da coração (E f 4:30; ver com. de Êx 4:2 1).
obediência é central no relacionamento com C risto advertiu seus discípulos de que
o Deus. c hegaria o dia "em que todo o que \ 'OS matar

561
I 5:2 I COr'd ENTÁR IO BÍBLJ CO A DVENTI TA

julgará com isso tribu tar c ullO a De us" santuário (Js 6: 19). O fato de uma pessoa ou
(]o 16:2). Desde os d ias da igreja apostólica objeto ser "a m a ld içoado" ou "dedicado" não
(At 26:9- 11 ; ver !Tm 1:13) a té o presente, s ign ifica, necessariamen te, que deva serdes-
as mais graves perseguições contra os ser- truído, mas, sim, que é importante seguir as
' os do enhor têm sido travadas em nome orientações precisas de Deus. Cm contraste
da religião. Após o fechamento da porta da com a prata e o ouro, tudo o mais na cidade
graça. homens maus continua rão a exercer dcYeria ser tota lmente destruído (]s 6:21 );
formas de re ligião com aparente t.elo por no entanto, isso também ha' ia sido "conde-
Deus (GC, 615). A mais astuta armadilha de nado", ou reservado para o enhor (Js 6: I7).
atanás é camuflar o erro, fazendo -o se pas- A mesma pa lavra heb., here111, é usada para
sar por verdade. É por isso que a Testemunha ofertas "consagradas" ao uso santo ('e r
fie l c \erdadeira à igreja de Laodiceia, em L\ 27:21,28, 29; 1m 18;14; etc.).
cujo período o grande fa lsificador empreen- A declaração de aul referente às coisas
den1 seus mais bem-sucedidos esforços, a "designadas à destruição", ou, literalmente,
aconselha a fazer uso do ··colírio" Cl.piritua l, "as coisas consagradas", assume no' o signifi-
para que possa ver (Ap 3: 18) sua verdadeira cado ao se considerar o uso bíblico da palm ra
condição, distinguir a \erdade do erro, dis- hebraica assim tradu? ida. amuei havia instru-
cernir os ardis do inimigo e repeli-los, detec- ído a ui a "destruir totalmente [lwrlllll]" os ama-
tar o pecado e aborrecê-lo, reconhecer a lequitas e todas as suas posses, matando-os.
verdade c obedecê-la (T5, 233). Do contn1- Eles não eram apenas "consagrados'' ou
rio, assim como os judeus dos dias de Cristo, "designados à destruição". Ao que parece,
<Jcabarão aceitando como doutrina manda- aul pensou que era seu pri\ ilégio decidtr
mentos de homens (ver lt 15:9). como a ordem di\'ina seria cumprida.
T rouxe a Aga gue . Isso foi absurdo, em- Sem dú\ ida, ele fa Iou a 'crdade quando
bora \Crdadeiro. aul ofereceu seu supremo disse que "o po,o" quis poupar o melhor das
ato de desobediência como pro,·a de obediên- ovelhas c dos bois. Os soldados não tinham
cia completa à ordem de Deus dada por in- permissão de pegar os rebanhos amalequi-
termédio do profeta amuei. No estado de tas para si. Porém. podiam se enriquecer
cegueira espiritual em que se encon t rava, substituindo animais dos amalequilas pelos
considerava o errado como certo e ficou ofen- próprios que seriam necessários para ofere-
dido por que amuei não abriu uma exce- cer sacrifícios ( PP. 629). aul apenas ..tpro-
ção àqui lo que e le considerava (e que em vou a sugestão que recebeu, presumindo
certo sentido era) uma vitória muito gran- que tinha o direito de interpretar a ordem
de (,·er PP, 629). de Deus da maneira que acha\ a melhor. De
2 1. O melhor do d esig n a do à d estrui- sua parte, Saul não cstma interessado no'
ção . Toda esta expressão \em de uma única animais; com ccrteta, ele já tinha gado o
pala\Ta heb. lzere111, "as coisas consagradas", suficiente. Cntretanto, se voltasse com um
"as coisas ded icadas", "as coisas amaldiçoa- rei conquistcTdo sob seu poder, segundo os
das" ou "coisas designadas à dest ruição". costumes da época, poderia apresentá-lo
1/erelll se origina do verbo hara111, "proibir a todo o brael como C\ idência tangh el de
o uso comum", "consagrar a Deus", "extir- sua faç..tnha militar, algo que ampliaria seu
par". t\ cã se apropriou. para o uso pessoal , de prestígio. É certo que aul plancja\a e\e-
"coisas condenadas [hereul]" (Js 7: I, I I, 13, cutar Agague depois de apresentá-lo como
~ 15; 'er ISm 6: 17, 17), que incluíam prata e troféu de suas habi lidades como guerreiro.
ouro (Js 7:2 1) reservados para o serviço do Samuel , instruído por Deus, prhou Saul dc1

562
J AMUEL J 5:23

exibição plan ejada, realitando ele mesmo sete anos após a tra\essia do Jordão, a arca
a execução. foi levada de Gi lgal para iló (Js 18:1). essa
au l, provavelmente, raciocinou que esta- época, Josué morava em "Timnale- era, na
ria obedecendo à ordem de Deus a respeito região montanhosa de Cfrairn" (]s 19:49, 50).
dos animais c do rei e, ao mesmo tempo, O serviço do santuá rio ern Siló foi inter-
acrescenta ndo riqueza a seus súditos e a rompido quando a arca foi tornada pelos fili s-
seu próprio nome. E le rea litaria a 'on- te us (I rn 4: li ; I 78:60; PP, 609) e a cidade,
tadc de Deus da maneira que escolhesse. destruída (ver Jr 26:6, 9). l\lais tarde, a arca
Afinal. tanto os animais quanto o rei seriam \olwu, primeiramente para Bete- emes
mortos; mas, no me io tempo, e le e o po'o ( l~m 6:7-15) e de pois para Quiriate-Jearirn 5(
podiam tirar proveito. isso repousava a fra- ( ISm 7: 1), onde permaneceu a té Da• i trans-
que?a do caráter de a ul: enquanto fingi <l portá-la para Jerusalém (2 m 6:2-12; \Cr
sen ir a Deus, na verdade, e le estava ser- Js 15:9, 60). A adoração a Deus era, por-
vindo aos próprios interesses em primeiro tanto, descentralitada. arnuel oferecia
lugar c dei\ando os do ~enhor por último. !>acrifícios ern vários lugares (PP. 609), e é
em dú, ida, foi justamente por esse moti\(> prm <Í\'cl que ta mbém em Gilgal (I rn 7: 16).
que, ao cn\' iar Saul con tra os ama leq uitas Foi em Gilgal que a muei reuniu o pO\O
com a ordem de "consagrar" a Clc os habi- para confirmar aul corno rei após a \ itória
tantes e todas as suas posses, Deus espe- em Jabes-Gileade (I rn I I:14, 15). Ali tam -
cificou de que maneira e les deveriam ser bé m as forças fora m comocadas pa ra ata-
"consagrados"- pela e liminação. car d guarnição dos filisteus em \licmás
aul falhou nesse grande teste final de (I Sm 13:4). Também deve ter s ido a base
caráter. Até mesmo amuei, que passara a para a campanha militar contra os amale-
noite inteira em oração em prol dele, pam quitas, conforme se subentende pela pro-
que a sentença de rejeição fosse re,ertida posta de aul de \'Oitar a Gilga l para oferecer
(PP, 630), se encheu de indignação quando sacr ifícios a Deus.
viu a C\ idência da rebelião do rei ( PP. 63 1). 22. Tem, porve ntura , o SENHOR[ ••• ]?
Pelo fato de au lter abandonado o enhor, Impulsionado pelo Espírito anlo, amuei
o Céu o abandonou aos caminhos que ele proferiu esta profund<~ verdade que ecoaria
mesmo escolheu. Samuel, por !>Ua , ·e; , ve1 após ve7 em eras por' ir (ver SI 51: 16- 19;
"nunca mais' iu [... ] a aul até ao dia da sua ls I: li ; Os 6:6; l\ lq 6:6-8; etc.).
morte "(~ . 35). a ui se dcsqualificou por com- 23. Rejeitou a ti. Este \ ersfcu lo dei 'l.él
pleto como rei ao se submeter aos desejos claro por que o relacionamento entre Deus
do pO\o, ao colocar a cu lpa por sua decisão e o ser humano muda: "visto que rejeitaste".
errada nos súditos e ao tentar atribu ir a si a Quando o indi\ íduo escolhe seguir o próprio
honra que pertencia a Deus. cam inho, o en hor precisa reajustar as condi-
E m Gilgal. Embora não fosse a residên - ções para lidar com a situação. Quando Israel
cia de a ui, Gilgal parece ter sido, em alguns quis um rei, Deus lhe deu a oportunidade de
aspectos, a capital funcional da monarquia testar a viabilidade do plano. O próprio fato de
hebraica. A cidade representa\'a o local do o en hor ler permitido que aul continuasse
primeiro acampamento depois da travessia a ser rei mostra que não o havia abandonado.
do Jordão (Js 4 : 19) e a sede militar para a con- Se não queria seguir a Deus, aul precisa-
quista de Canaã (Js 10:15; etc.). Ali a terra ria desenvolver a própria ideia de monarquia
foi di,idida (Js 14:6- 17: 18). Quando a con- sem a ajuda do conselho di\ ino, não porque o
quista origina l da terra term inou , seis ou Senhor estivesse sem disposição para gu iá-lo,

563
15:24 COME TÁRIO BÍBLICO ADVE T ISTA

mas porque o monarca se recusou a aceitar a 28. E o deu. Deus fala da unção e coroa-
orientação divina. ção de Davi, eventos futuros, como se já
24. Pequei. Antes de Samuel anunciar houvessem se cumprido. aul havia sedes-
que Deus havi a rejeitado Saul como rei (v. 23), qua lificado para ser rei irremediavelmente,
este defendeu resolutamente suas ações. e a decisão divina a respeito dele era irre\O-
omente quando a sentença foi pronunciada e gável. a \Ontade e no propósito do enhor,
a penalidade se tornou conhecida é que ele se o rei no já fora dado a outra pessoa. I ada do
mostrou disposto a admitir o desvio da ordem que Saul fi; esse em adoração (v. 30) teria
divina. a ui falhou em manifestar a e' idê ncia qualquer utilidade para mudar a sentença.
de uma' ida transformada, que acompanha a em mesmo a oração a mudaria (ver Jr 7: 16;
"tristeza segundo Deus"; o que e le sentia era 11:1-t; 14: li ; PP, 630). Para ser preci so, a
a "t risteza do mundo" (2Co 7:9- 11 ). 1 ào foi rejeição de au l como rei não significou
o desejo sincero de fater o certo que o moti- necessariamente que a porta da graça havia
\OU a admitir sua culpa, mas o medo de per- se fechado para ele e que Deus Se recusaria
der o reino. omente quando confrontado a aceitá-lo como pessoa. Ele ainda poderia
com essa perspectiva ele fingiu estar arrepen- se arrepender e se converter. Caso au l esti-
dido, com o objetivo de resguardar, se pos- \esse disposto, na época, a abdicar do trono
sível, sua posição monárquica . Os loU\ores c a viver, a partir de então, como um cida-
humanos sign ificavam mais para ele do que dão comum, quem sabe teria encontrado sal-
a aprovação di' ina. ,·ação. Entretanto, ficou claro que e le n ão
25. P erdoa-m e o m e u p ecado. Quanta pode ria ocupar a função de rei em harmo-
diferença deste pedido para o que o pO\O fc7 nia com a \'O ntade di, i na.
em i\ I ispa , quando clamou: "Pecamos con- Melhor do que tu. t\té onde o regis-
tra o enhor [... ] 1 ào cesses de c lamar ao tro revela, o único erro de au l até então
en hor, nosso Deus, por nós" (lSm 7:6, 8). fora o de Ci lgal (l m 13:8- 14). Não hou\e
Era o pecado dele contra amuei ou contra nenhuma mancha em s ua história como o
o enhor? Estava ele tão preocupado com a caso de Davi com Bate- eba c o heteu Urías.
mudança de coração necessária de sua parte Ambos foram grandes pecadores; a diferença
quanto esta\ a com a perda do prestígio diante e ntre e les repousa no fato de que, quando os ~
do p0\0, diante da possibilidade de perder o pecados foram apontados, Saul justificou sua
reino? uas ações futuras iriam re\ ela r cla- ação (I Sm 13: 11 , 12; 15:20 ), e nquanto Dm i se
ramente as verdadeiras ra7ões de sua atitude. arrependeu sinceramente (2 m 12:13: I 51).
26. Não torna r e i contigo. entindo 29. A Glória d e I srael. Este título para
que Deus ha' ia rejeitado aul, amuei a Deu s só aparece neste lugar do AT. A pa la-
princípio se recusou a adorar com o rei . vra tradu1ida por ''glória" é uetsah, que \Cm
llumanamente falando, ele não queria ter do verbo natsah, "ser preeminente", "ser per-
nada que ver com um homem que tinha tão severante". o conte \.lo, esta forma de se
pouco apreço por aquilo que o e nhor fi;era referir a Deus é extre mamente apropriada.
em sua vida. A atitude de amuei foi apenas etm/1 costuma ser tradu7ido e m "para sem-
um reflexo da atitud e de Deus. e o enhor pre" (ver 2 m 2:26; I 52:5; etc).
não queria mais se emolver com au l (ver Nem Se arrepende. obre Deus ''se
1 m 28:6), tampouco amuei, o represen - arrepender", ver com. de Cn 6:6; Êx 32: 1-t;
tante de Deus, o faria ( L m 15:35), para que ]7 2:18; I m 15:11.
tal associação não foss e interpre tada como 30. P ara que adore. Para aul, as for-
aprovação di\ ina. mas de adoração só e ram importa ntes como

564
1 SAI\1UEL 15:35

meio de assegurar a fealdade do povo. eu Israel (Êx 21:23, 24), Agague era culpado
objetivo e ra dar a impressão de que suas de morte , e Samuel o executou "perante o
políticas se originavam em De us, para que SE fl OR", assim como Elias matou poste-
os israelitas cressem que , ao segui-lo, est a- riormente os profetas de Baal no Carmelo,
vam Fazendo a vontad e d o enhor. Dessa acusados de blasfêmia (Lv 2-1: l i, 16). Ao des-
forma, a re ligião era d egrad ad a para ser- pedaçar Agague, Samuel frustrou o propósito
vir ao poder c ivi l, pois a ul se propunha de au l, de exibir o rei cativo como prova de
a usar Deus como meio para obter os fin s sua suposta liderança astuta.
que desejava. 35. Nunca mais viu Samuel a Saul.
31. Samuel seguiu a Saul. Ex istem, Ver com. do v. 26; e 1 m 16:14.
ta lvez, dois motivos para Sa mue l Le r mudado Tinha pena de Saul. Por mais re lu-
de ideia: (l) ele queria fazer tudo que fosse tante que tenha fi cado, a princípio, em dar
possível para salvar Saul; ou (2) a desapro- um rei para Israel, depois que o monarca
vação declarada a Saul de su a parte pode- l'oi escolh ido, Samuel permaneceu lea l a
ria levar a lg un s descontent es e m Is rae l a e le, a despeito das falhas de Saul. Pa ra o
usar isso como descu lpa para se revolta r. profeta, assim como pa ra Davi mais tarde,
A ord em no governo deveria continuar, a ul era "o ungido de Deus" (l m 24: 10).
mesmo que o rei houvesse reje itado a lide- A pena de Samuel pelo caminho que Saul
rança divina para fazer as coisas a seu modo. esco lhera (ISm 15:11 ; PP, 630) é uma ev i-
33. Samuel despedaçou a Agague. dência da sinceridade da preocupação que
De acordo com o código c ivi l ent regue a t inha por e le.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-35- PP, 627-636 13, 1-t - T4, 146 22,23- TI, 323; T4, 146
2, 3- PP, 627, 659 13-15- PP, 630; T4. 14 6 23 - PP, 635; T3, 357
3- T4, 146 16, 17- PP, 63 1; T4, 146 23-25- PP, 631
6 - PP, 628 17- T I , 707; T2, 297 26, 28 - PP, 632
7-9- PP, 629 18-21 - PP, 631; T-t, 146 28- Ed, 254
8, 9- PP, 659 22- DT '· 590; PP, 63 1, 29- PP, 630
9- T4, 1-t6 634; Tl\1, 241; T2, 653; 30-34- PP, 632
11 - PP, 630 T3 , 57, 11 6; T4, 84

CAPÍTULO 16
I Samuel é enviado por Deus a Belém, sob o pretexto de um sacrifício.
6 Seuju.lgam.ento humano é equivocado. 11 Ele unge Davi. 15 Saul manda
chamar Davi para acalmar o espírito maligno que lhe atormenta.

Disse o SENHOR a Samuel: Até quan- belemita; porque, de ntre os seus filho s. l\ le
do terás pena de Saul, ha\endo-o Eu rejeita- prO\ i de um rei.
do , para que não reine sobre Israel? Enche um 2 Disse amuei: Como irei e u? Pois aul
c hifre de azeite c vem; cnviar-te-ei a Jcssé, o o saberá e me matará. Então, disse o E:>. li O R: ~

565
16:1 COl\IEI TÁRIO BÍBLICOADVE TISTA

Toma contigo um novilho e dize: Vim para sa- 13 Tomou amuei o chifre do azeite e o ungiu
crificar ao E HOR. no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante,
3 Convidarás )essé para o sacrifício; Eu te o Espírito do E HOR se apossou de Davi. Então,
mostrarei o que hás de fazer, e ungir- le-ás a amuei se levantou e foi para Ramá.
quem Eu te designar. 14 Tendo-se retirado de aul o Espírito do
-1 Fe7 , pois, Samuel o que dissera o c' IIOR e E flOR, da parte deste um espírito maligno o
\eio a Belém. aíram-lhe ao encontro os anciãos atormentava.
da cidade, tremendo, e perguntaram: É de pa7 15 Então, os servos de Saul lhe disseram:
a tua vinda? Eis que, agora, um espírito maligno, enviado de
5 Respondeu ele: É de paz; vim sacrificar ao Deus, te atormenta.
c'IIOR. antificai-vos e vinde comigo ao sacri- 16 1\landa, pois, senhor nosso, que teus ser-
fício. Santificou ele a Jessé e os seus filhos c os vos. que estão em tua presença, busquem um
convidou para o sacrifício. homem que saiba tocar harpa; c será que, quan-
6 ucedeu que, entrando eles. viu a Lliabe do o espírito maligno, da parte do SENIIOR,
c disse consigo: ertamente, está perante o vier sobre ti , então, ele a dedilhará, e te acha-
LI' fl OR o eu ungido. rás melhor.
7 Porém o ENIIOR disse a amuei. I ão aten- 17 Disse aul aos seus senos: Buscai-me,
tes para a sua aparência, nem para a sua altura, pois, um homem que saiba tocar bem e trazei-mo.
porque o rejeitei ; porque o E IIOR não vê como 18 Então, respondeu um dos moços e disse:
,-ê o homem. O homem vê o exterior, poré m o Conheço um filho de Jessé, o belcmita, que sabe
Se IIOR , o coração. tocar e é forte e valente, homem de guerra, sisu-
8 Então, chamou Jessé a Abinadabc e o feL do em palaHas e de boa aparência ; e o E. IIOR
passar diante de Samuel, o qual disse. em a é com ele.
este escolheu o E IIOR. 19 aul em iou mensageiros a ]essé, dilcn-
9 [ntão. Jessé fc7 passar a amá. porém do: Cm ia-me Davi, teu filho, o que está com
Samuel disse: Tampouco a este escolheu o as ovelhas.
ShNIIOR. 20 Tomou, pois, ]essé um jumento, e o carre-
lO Assim, fe1 passar Jessé os seus sete filhos gou de pão. um odre de' inho e um cabrito, e en-
diante de amuei; porém amuei disse a Jessé: ' iou-os a aul por intermédio de Davi, seu filho.
O E'<IIOR não escolheu estes. 21 Assim, Davi foi a aul e esteve perante ele.
li Perguntou amuei a Jessé: Acabaram-se este o amou muito e o fe1 seu escudeiro.
os teu filhos? Ele respondeu: Ainda falt a o mais 22 aul mandou diLer a Jessé: Deixa estar
moço. que está apascentando as ovelhas. Disse, Davi pera nte mim, pois me caiu em graça.
pois, amuei a )essé: 1\ I anda chamá-lo, pois não 23 E sucedia que, quando o espírito malig-
nu!> a~~cntaremos à mesa sem que ele \cnha. no, da parte de Deus, v mha sobre a ui, Da1 1 LO·
12 Então, mandou chamá-lo e fê-lo entmr. Cra ma,·a a harpa c a dedilha' a; então, Saul sentia
ele rui\O, de belos olhos e boa aparência. Disse alívio e se achava melhor. e o espírito maligno
o El\IIOR: Le,-anta-te e unge-o, pois este é ele. se retira,·a dele.

I. Até quando [... ]? aul era um líder Porém, logo se transformou num dés-
inspirador. Por ser o primeiro chefe de estado pota cruel, tirano e rancoroso. lo entanto,
de uma nova forma de governo, tinha poder é preciso lembrar que, embora o rei tenha
quase que hipnótico sobre os israelitas de se afastado de Deus e separado a nação da
espírito a ltivo e amantes da independência. orientação divina , isso não o impedia de

566
l SAMUEL 16:5

ser sa lvo como indivíduo. abucodonosor, da unção só na reunião em lispa para a


por exemplo, se gloriava no pensamento de escolha de um rei ( I m 10:20-27). A unção
que seu deus Marduque era mais forte elo de au l foi, para e le, uma declaração do
que Yahweh ; o Espírito de Deus, porém, ape- plano de Deus para sua vida. Ele foi convo-
lou a e le por meio de Daniel de tal maneira cado, mas não intim ado, a aceitar o chamado
que o soberano exaltou o Deus d e Da niel divino. A unção não deu licença para que
como o Altíssimo (Dn 4:34-37). iniciasse as ações para levá-lo à consolida-
Jessé, o belemita. É provável que ção pública como rei. O registro é claro em
amuei conhecesse a lguns moradores d e mostrar que, mesmo depois de ser escolhido
Belém , de visitas anteriores à cidade. Embora em i\ lispa, Saul voltou para casa e esperou
:;! devesse conhecer Jessé, não fora apresentado que o enhor dirigisse seu passo seguinte.
ao restante da família (v. 11 , 12). A única diferença entre a unção de au l
2. Toma contigo um novilho. E ra por am uei e a visita do profeta à casa ele
completamente natural e adequado o pro- Jessé é que, desta vez, já havia um rei, o
feta visitar Belém para fazer um sacrifício. qual suspeitava de todos os mO\ imentos ele
A arca ainda se encontrava em Quiriate- amuei desde que e le anunciara sua rejeição
Jearim. abe-se que o santuá rio esteve em por Deus. Sem dúvida, essa sensibi lidade
obe durante, pelo menos, parte do reinado aumentou a hesitação de amuei em ado-
de Saul ( I m 21:1-6), mas não é informado rar com o rei. Pode ter ocorrido um grande
se as festas anuais eram realizadas a li como intervalo entre os cap. 15 e 16.
costumava acontecer em iló no passado. 4. É de paz a tua vinda? Com base na
Desde que os sacrifícios deixaram de ser ofe- descrição apresentada em I amuei 9, fica
recidos em Siló, e les passaram a ser rea li - claro que a festa da unção de aul foi rea-
zados em várias cidades (PP, 609). !essas lizada no a lto, junto com outra festividade
reuniões para sacrifícios, o profeta instruía o já conhecida de antemão. Contudo, a che-
povo acerca do grande plano da salvação e o gada de amuei a Belém sem aviso, trazendo
encorajava a enviar seus jovens para as várias um novilho e convocando os anciãos a estar
escolas de profetas, a fim de elevar o nível presentes, naturalmente levou a especula-
intelectual e espiri tua l da nação. Portanto, ções consideráveis. Os anciãos comparece-
o rei não questionaria a visi ta de amuei a ram cheios de temor, questionando se havia
Belém. Até onde as pessoas sabiam, tratava-se acontecido a lgo de ruim. Essa reação à che-
de uma ministração rotineira do profeta, gada inesperada de um importante oficia l era
seme lhante a uma reunião comunitária hoje. muito natural e acabou por acrescentar um
Dize: vim para sacrificar. ão era toque de autenticidade à narrativa.
de interesse público que a unção de Davi 5. É de paz. amuei dissipou todo o
fosse con h ecida de todos imediatamente. medo dos anciãos e os a utori7ou a se santi-
A unção de aul não foi realizada da mesma ficar, ou seja, passar pelo procedimento de
maneira? Os 30 anciãos que responderam purificação cerimonial, que incluía lm·ar o
ao conv ite de participar da festa sabiam por corpo, as roupas e praticar abstinência (ver
que Samuel dera a au l um lugar de honra? Êx 19:10-15; J m 21:4-6). amuei se certifi-
Eles não estavam presentes quando Samuel cou pessoalmente de que Jessé e pelo menos
e au\ conversaram depois da festa ( I S m seus filhos mais velhos se purificassem (I m
9:25). em eles, nem o servo de au l tes- 16:5). Então, todos foram chamados para o
temunharam a unção no início da manhã sacrifício. Algumas horas se passariam entre
(ISm 9:27-10:1). A famí lia de a ul soube o sacri fício e a festa, pois o no\ ilho precisaria ~

567
16:7 CO IE TÁRIO BÍBLICO ADVE TI TA

ser temperado e assado antes de ser inge- com ele (I m 10:7). Contrariando os melho-
rido. amuei aproveitou esse intervalo para res interesses dos israelitas e ua vontade
conhecer melhor Jessé e sua família . O falo em favor deles, Deus atendeu ao pedido
de ainda não hmerem se reunido para a festa por um rei . aul era popula r entre o povo-
fica claro no\. J I, pois Da\ i foi chamado do um rei segundo o coração dos homens, não
campo antes que se assentassem para comer. do enhor. Os filhos de Israel não estavam
7. O SENHOR [vê] o coração. A pala\ ra pensando em liderança espiritual. mas em
··coração" aponta para o intelecto, as afeições fortalecer a nação. Quando escolhido, Saul
e a vontade ( I 139:23; i\lt 12:34; etc.). É o tinha sérios defeitos. Deus os reconheceu ,
fator determinante para o destino, pois, como mas ad\ ertiu o novo rei sobre os perigos
o homem "imagina em sua alma. assim ele que enfrentaria e deu conselhos precisos
é" (P\ 23:7). O li\ re-arbítrio é, em essênc ia, sobre como encará- los.
uma questão do intelecto, mas geralmente Com Da\ i, a situação era outra. Não
é influenciado por sent imentos e e moções. hm ia evidências de que o pO\ o estiYcssc
Dentro dos limites do tempo da graça. Deus insatisfeito com aul; na verdade, os israe-
convida os seres humanos: "Vinde. pois, e 1itas esta\ a m contentes com o resu !tado da
arrazoemos" (Js I: 18). Ele quer que nos fami- ca mpanha contra os amalequitas. Davi era
liari7emos com Ele e com cu plano, pois o mais nO\ o da ca a de seu pai, e. no antigo
é pela contemplação que somos tran sfor- Oriente, a idade era sinônimo de respeito e
mados (ver 2Co 3: 18). Deus fa1 um <!pelo prioridade (Gn 29:25, 26). Ele era um rapa-
ao intelecto. As aparências exteriores não 7in ho, sem direito nem mesmo a ser reco-
rc\elam os reais moli\OS da\ ida, pois, mui- nhecido pelos membros da própria família
tas \ e1es, as ações são mal interpretadas. ( I m 17:28). ão tinha a estatura elevada de
Quando loisés disse aos filhos de brael: aul. nem o físico de Sansão. Saul foi cha-
"t\marás. pois, o C:\ IIOR, teu Deus. de todo mado a deixar o arado em resposta às súpli-
o teu coração, de toda a tua a lma e de toda cas urgentes dos anciãos por um rei. Tc\c
a tua força" (Dt 6:5), estava pensando na pouco tempo para ser treinado. Davi foi cha-
influência orientadora que o conhecimento mado enquanto ainda era jmem e apasccn-
pessoal de Deus tra1 à vida. O fato de os ta\'a o rehanho; teria mais de uma década
discípulos terem visto a Deus por meio da a fim de se preparar para a árdua tarefa de
associação íntima com Jesus (Jo 1+9) os for- liderar a!> do1c tribos.
taleceu muito para se entregarem ao pl<~no do Escolhido ainda jovem, Dm i teve a opor-
en hor para eles. Davi aprendera a conhecer tunidade de um período de capac itação c
a Deus enquanto apascentava as O\ clha s e, teste antes de assumir as responsabilida-
e mbora não fosse algo reconhecido por seus des do ofício. I os pontos em que o cará-
irmãos, esse conhecimento possibilitou que ter de Da\ i falhava em alcançar os padrões
o Espírito anto lhe guiasse a cada passo. di\ i nos, era possível realizar as mudanças
12. Boa aparência. Ou, "belo"'. necessárias antes da coroação. Deus lida de
Unge-o. Por que Deus escolhe deter- maneira semelhante com cada indi\ íduo a
minadas pessoas para serem eus repre- quem com ida para fazer parte de eu reino ,
sentantes, dei\ando outras? Qual era a em especial, com aqueles chamados a exer-
diferença entre a escolha de aul e a de cer funções de responsabilidade. Todo ser
Dm i? Por ser onisciente, o enhor sabia humano é inconscientemente testado pelos
exatamente o caminho que aul esco lh e- acontecimentos comuns da \ida, até Deus
ria ; mesmo assim. o ungiu e prometeu estar poder di7er: "1\luito bem, seno bom e fiel ;

568
l SAMU E L 16: 16

foste fiel no pouco, sobre o muito te colo- Sua presença na vida de aul , a despeito dos
carei" (Mt 25:23). Até e ntão, Davi mostrou desejos do monarca, esta ria tra nsformando-o
q ue possuía o vigor da juventude, um espí- numa mera máquina.
rito manso e a moroso e uma intre pidez nas- Da parte deste. Às vezes, as Escrituras
cida da con fiança no pode r divino. Ele não re presenta m De us fazendo algo que, na ver-
fo i corrompido pelo mundo; era uma pessoa dade, Ele não imped iu. Ao da r a Sa ta nás
meditativa que crescera no tranquilo isola- oportun idade de de monstra r seus princípios,
me nto das colinas de Belé m. Lá, ao apascen- na verdade, o Senhor esta ria restring indo
ta r as ovelhas, como Moisés em Midi ã, ele Seu próprio poder. É claro que há limites que
adquiriu senso de responsabilidade e dese n- o inim igo não pode ultrapassar (ver Jó 1:1 2;
volveu as qua lidades de lidera nça qu e leva- 2:6), mas, dentro de sua esfera limitada , e le
ria consigo ao longo da vida . te m pe rmissão divina para agir. Porta nto,
13. Chifre. Do he b. qeren , o "chifre" de e mbora os atos do inimigo sejam contrá rios
um touro, bode ou carnei ro. A palavra por- à vontade divina, ele só pode fazer aqu ilo que
tuguesa "corno" se origina de qeren, por meio Deus permite ; tudo o q ue ele e seus espíri-
do la tim cornu. tos ma lig nos fazem é rea lizado com a per-
Espírito do SENHOR. O Espírito do m issão do e nhor. Q ua ndo Deus re tirou Seu
Senhor não faz acepção de pessoas. Ele deu a Espírito de Sa ul (ver com. do v. 13), Satanás
Sau l um novo coração e advertiu das armadi- ficou livre pa ra operar.
lhas à sua frente. Todavia, Saullogo recusou Um espírito maligno o atorme ntava.
a orientação divina. esta ocasião, Deus c Josefo descreve o mal da seguinte ma neira:
propôs a guia r Davi ao mesmo te mpo e m '"E qua nto a Sa ul, a lgumas desorde ns estra-
que tentava, em vão, gu ia r Saul. Assim como nhas e demon íacas lhe sobreviera m , pro-
muitos dos gra ndes líderes mundia is, Davi voca ndo-lhe a sensação de su foca me nto,
c resceu num ambie nte humil de, dese nvol- como se estivesse pronto para estrangulá-lo"
vendo t ra nq ui lame nte um caráter excelente (A11tigu idades , vi.8.2). Com certeza, u ma
sob a orie ntação do Es pírito a nto, que o grave mela ncolia se desenvolveu à med ida que
quali ficava pa ra exercer o papel a ele dest i- ele se preocupava com o a núncio do profeta de
nado no gra nde con flito. O Espír ito de De us q ue a coroa fora dada a um homem ··melhor"
ve io sobre ele no mome nto de sua unção do que ele (I Sm 15:28). A possessão inter m i-
assim como desceu sobre Jesus na ocasião tente por um espírito ma ligno levou Sau l a
do batismo (ver com. de l\1t 3: 16). se sentir e a agir como uma pessoa de me nte.
14. Tendo-se retirado de Saul o I 5. Um espírito mal igno, e nviado de
Espírito do SENHOR. Sa ul rejeito u o D e us. Ver no com. do v. 14 uma expressão
Es pírito de Deus - cometeu o pecado impe r- equiva lente.
doável - e não havia nada mais que De us 16. Harpa . O u me lhor, "li ra"'. Saul fo i
pudesse fazer por e le (ver com . de ISm aconselhado a procu ra r alívio na musicotera-
15:35). O Espírito do e nhor não Se reti rou pia. O som da lira de Davi e o canto de hinos
de Saul de ma neira a rbitrária. Em vez disso, consagrados proporcionavam a aulli berta-
Saul se re be lou contra a orie ntação d ivina e, ção te mporária do espíri to mau que o ator-
~ por vontade própria, se afastou da influ ên- me ntava. Enq ua nto ouvia a mú sica de Davi,
cia do Espírito. É preciso compree nde r isso seus sentime ntos perversos ele alllopiedade
e m ha rmon ia com o Salmo 139:7 e com o e inveja o deixava m por um tempo, mas vol-
princípio Funda menta l do livre-a rbítrio. Se tava m com o dobro de poder à medida que
De us, por me io do Es pírito Sa nto, forçasse o te mpo passava. Por rejeitar continuamente

569
16:17 COl\ IE TÁR IO BÍBLICO ADVE T I TA

a orientação dh i na, ele se tornou como o as sementes do mal em sua vida produ7issem
homem da parábola que Jesus contou obre ua colheita certa e até que o treinamento
possessão demoníaca (Lc li :24-26), na qua l inicial de Da' i terminasse.
o "último estado" da alma acabou sendo Este o amou muito. Até ' aul começou
muito "pior do que o primeiro". a honrar e are peitar a personalidade natu-
17. Busca i-me . len hum meio que ofe- ra lmente atra ti va de Davi , bem como a csti·
recesse esperança de libertação do espírito mar no jovem as qualidades implantadas pelo
ma ligno que atormentava Saul de,eria ser Espírito anto.l\ lais tarde , au l reconheceu
ncgl igenciado. a superioridade notória do rapat promissor,
18. Filho d e J essé. Ao que parece, a admiLindo tacitamente a sabedoria da esco-
reputação de Da\ i como músico e homem de lha de Deus para ser seu sucessor no trono.
coragem, bom julgamento e tdto já era conso- Escudeiro. Ao ser nomeado nesta fun -
lidada antes de se apresentar à corte c antes ção, Dé:l\ i foi colocado no relacionamento
da 'itória contra Golias. Da' i de' ia ser um mais pró,imo possível do rei e se tornou
jO\em chegando à idade adulta, pois. pouco pessoalmente responsá\el pela segurança
depois. na época do confronto com Colias. do monarca. É possí\'el que esta declara-
é descrito como um "jovem", do beb. 11a'ar ção tenha sido feita antecipando o papel de
(1 m 17:56, 58). Da' i na corte após a' itória sobre Gol ias (\{'f ""
O SENHOR é com ele. Embora não ISm 18:2, 5).
fosse do conhecimento público que Da' i fora 22. Deixa estar Davi. Após um período
ungido rei, nada podia esconder o fato de que de experiência de Da\ i na corte, aultrans-
o Espírito anto, o qual assumira controle formou numa função permanente aquilo
de sua' ida de maneira e pecial na época de que, a princípio, era apenas uma tarefa
sua unção (, er com. do\'. 13). o esta\ a pre- temporária.
parando com ê>..ito para as importantes tare- Pois me caiu e m graça. \'er com. do
fas à sua f rente. "· 21. Deus olhou para o coração de Dm i c
20. Um jumento. O presente de Jessé ficou saLisfciLo ao "er que ele era o tipo de
tinha a intenção de e\pressar boa \Ontade homem que poderia ser usado em eu ser-
com respeito ao desejo do rei de que Da' i ' iço (\en. 7). Olhando apenas para a aparên-
o servisse na corte. Caso um presente não cia c as ações externa , que, aLé certo ponlo,
fosse em iado, isso seria interpretado como espelha' amo coração do jovem, Saul chegou
uma expressão de má von tade, que prejudi- à mesma conclusão (ver p, 23:7).
ca ria o sucesso de Davi. 23. Saul sentia alívio. Literalmenlc,
21. Esteve perante ele. Esta declara- ·· au l respirma". O termo rua/1 significa "res-
ção não se refere à postura de Davi na pre- pirar", ''soprar". O uso do \erbo sugere um
sença de aul, mas que e le entrou no sen iço e>..a lar forte e pronunciado do fôlego, como
do rei (\er Gn 41 :46; Dn 1:19). Pela provi- o que costuma acompanhar o relaxamenLo
dência divina, Da\'i foi le\'ado a uma situa- após um período de tensão, seguido de res-
ção em que pôde ter conta to com os negócios piração normal. Os ataques de possessão
do governo e com os líderes da nação, os demoníaca dos quais au l sofria eram, ao
quais aprec iariam seus talentos. au l teria que parece, acompanhados de tensão física
permissão de permanecer no trono até que e nervosa.

570
1 SAMUEL 17:1

CO MENTÁR IOS D E ELLEN C. WH ITE

1-23- PP, 637-644 T3, 201,244, 301; T5, 3 1, 12 - CPPE, 44; T6, 197
1-4- PP. 637 333, 625, 658; T6, 197; 12, 13- PP,641
6, 7 - Ed. 266; PP. 638 T7, 88, 282; T8, 146 18- PP, 644, 74 1
7 -CP PE. -B, 44; PJ, 72; PP, 8- 11 - PP, 638 16-23- PP, 643
323; T I. 173; TI, 320; 10 - Ed, 266
T2, I I , 34, 72, 41 8, 633; I 1-13- CBV, 44; PP. 592

C APÍTULO 17
Os exércitos israelita e filisteu preparam-se para a batalha, -1 Gol ias desafia os
israelitas a escol11er alguém para combatê-lo. 12 Dat•i, enviado pelo 11ai para visitar
se11s irmãos, aceita o desafio. 28 Eliabe o repreende. 30 Davi é levado a aul.
32 Ele revela o motivo de sua confiança. 38 Sem armadura e munido de f é,
ele mata o gigante. 55 Davi cita ma a atellção de aul.

I Ajuntaram os filisteus as suas tropas para 9 '->c ele puder pelejar comigo e me ferir, se-
a guerra, c congregaram-se em ocó, que está remos 1osso~ servos; porém, se eu o vencer c o
em Judá. c acamparam se entre ocó e A1eca. fenr. então. sereis nossos ser1·os c nos scn ireis
em Efes-Damim. 10 Disse mais o filisteu: lloje, afronto as
2 Porém Sau l e os homens de Israel ~c ajun- tropas de Israel. Dai-me um homem, para que
taram, c acamparam no 1a le de E lá. c a li orde- ambos pelejemos.
naram a batalha contra os filisteus. li Ou1 indo Saul e todo o Israel estas pala-
3 Esta1 am estes num monte do lado dalém. ' ras do filbteu, espantaram-se e temeram muito.
e os israelitas, no outro monte do lado daquém; 12 Dm i era filho daquele cfratcu de Belém
c, entre eles, o vale. de Judá cujo nome era Jessé, que tinha oito fi-
4 Então, saiu do arraial dos filistcus um lhos; nos dias de Saul, era já 1elho e adiantado ;::
homem guerreiro, cujo nome era Golias, de Cate, em anos entre os homens.
da a ltura de seis cô1·ados c um palmo. I~ Apresentaram-se os três filhos mais \'C-
5 Tra1ia na cabeça um capacete de bron;c e lhos de Jessé .1 Sau l e o segu ira m à guerra ;
1estia uma couraça de escamas cujo peso era de chamavam-se: Eliabe, o primogênito, o segun-
cinco mil siclos de bror17c. do, t\binadabe, c o terceiro, amá.
6 Tra1ia canelei ras de bron~:e nas pernas e 14 Davi era o mais moço; só os três maiores
um dardo de bron1e entre os ombros. seguiram aul.
7 A haste da sua lança era como o ei\o do te- 15 Da1 i. porém, ia a Saul e I'Oital a, para apas-
celão, e a ponta da sua lança, de seiscentos siclos centar as ovelhas de seu pai, em Belém.
de ferro; e diante dele ia o escudeiro. 16 Chega1·a-se, pois, o filistcu pela manhã e à
8 Parou, c lamou às tropas de Israel e disse- tarde; e apresentou-se por quarenta dias.
lhes: Para que safs, formando-1os em linha de 17 Disse Jessé a Dali, seu filho. Leva, peço-
batalha? ão sou c u filiste u , e vós, servos de te, para te us irmãos um cfa deste trigo tostado c
~aul? Escol hei dentre vós um home m que desça estes de7 pães e corre a lclá-los ao acampamen-
contra mim. to, a te us irmãos.

571
17: 1 COME TÁRJO BÍBLICO ADVE T!STA

18 Porém estes dez queijos, leva-os ao co- 31 Ou\ idas as palavras que Dm i fal ara, anun-
mandante de mil; e v isitarás teus irmãos, a ver ciaram-nas a aul, que mandou cham á-lo.
~e \ãO bem; e trarás uma prova de como passam . 32 Davi disse a au l: ão desfaleça o cora-
19 aul, e eles, e todos os homens de Israel ção de ninguém por causa dele ; teu servo irá c
estão no va le de Elá, pelejando com os filisteu s. pelejará contra o filisteu.
20 Dm i, pois, no dia seguin te, se le\antou 33 Porém au l disse a Da\ i: Contra o filis-
de madrugada , deixou as ovelhas com um guar- teu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu és
da. carregou-se c partiu, como Jessé lhe ordena- ainda moço, c ele, guerreiro desde a sua mocidade.
ra: e chegou ao acampamento quando já as tropas 34 Respondeu Davi a aul: Teu servo apas-
saíam par<t formar-se em ordem de batalha e. a centava as ovelhas de seu pai ; quando veio um
gritos, chama\ am à peleja . leão ou um urso e tomou um cordeiro do rebanho.
11 Os israelitas e filistcus se puseram em 35 eu saí após ele, e o feri, c li\rei o cordeiro
ordem, fileira contra fileira. da sua boca ; le\·antando-se ele contra mim , agar-
22 Da\ i, deixando o que trouxera aos cwdados ret-o pela barba. e o feri. e o matei.
do guarda da bagagem, correu à batalha: e, che- 36 O teu seno matou tanto o leão como o urso.
gando, perguntou a seus irmãos se estavam bem . este incircunciso filisteu será como um dele~. por-
n Lstando Da\ i ainda a falar com eles, eis que quanto afrontou os e:-.ércitos do Deus\ i\ O.
\ inha subindo do e\ército dos filisteus o duelista. 37 Disse mais Da\ i. O E'\ li OR me li\ rou das
cujo nome era Golias, o filisteu de Cate; e falou garras do leão e das do urso; Ele me Ih rará das
as mesmas coisas que antes falara , e Da\ i o OU\ iu. mãos deste filisteu. Então, disse au l a Dm i Vai-
24 ToJos os bracl itas, \ cndo aquele homem, te, c o SEN HOR seja contigo.
fugiam de diante dele, e temiam grandemente. 38 aul vesLiu a Davi da sua armadur<~, e lhe
2'5 c Jitiam uns aos outros: Vistes aquele pôs sobre a cabeça um capacete de brontc, c o
homem que subiu? Pois subiu p<tra afrontar a \CSliu de uma couraça.
Israel. \quem o matar, o rei o cumulará de gran- ~9 Dad cingiu a espada sobre a armadura c
des riquctas. e lhe dará por mulher a filha . e à e\perimentou andar. pois jamab a hm ia u~ado:
casa de seu pai isentará Je impostos em bracl. então, disse Da\ i a Saul. Não posso andar com
26 Lntão, falou Da\ i aos homens que csla- isto, pois nunca o usei. E Da\ i tirou aqutlo de
\am consigo, ditcndo: Que farão àquele homem sobre si.
que ferir a este filistcu e tirar a afronta de sobre 40 Tomou o seu cajado na mão, e escolheu
Israel? Quem é. pois, esse incircunciso filistcu , para si cinco pedras lisas do ribeiro, c a~ pôs no "'
para afrontar os C\.ércitos do Deus vi\ o? alforje de pastor, que tra~ia , a saber, no surrão;
27 E o PO\ o lhe repetiu as mesmas palm ras, e, lançando 111ã0 da Sua fLInda, foi -Se chegando
dizendo: Assim farão ao homem que o ferir. ao filistcu .
28 Ou\ indo-o Eliabc, seu irmão mais n :-lho. 41 O filbteu também se \ mha chegando a
falar àqueles homens, acendeu-se-lhe a ira contra D.l\ i; e o seu escudeiro ia adia me dele.
Da\ i, c disse: Por que desceste aqui? E a quem 42 Olhando o filistcu e \Cndo a Dm i, o
dei\aste aquelas poucas 0\-elhas no deserto) Bem desprctou, porquanto era moço ruho e de boa
conheço a tua presunção e a tua maldade; des- aparência.
ceste apenas para \c r a peleja . 43 Disse o filisteu a Da... i: Sou eu algum cão,
29 Respondeu Da\i: Que fi7 eu agora? Fi7 so- para \ires a mim com paus? C. pelos seus deu-
mente uma pergunta . ses, amaldtçoou o filisteu a Da\ i.
30 Desviou-se dele para outro c falou a 44 Disse mais o filisteu a Da\ i: \ em a mim ,
mesma coisa; c o po\·o lhe tornou a responder e darei a Lua carne às a' cs do céu e às bestas-fe-
como dan tes. ras do campo.

572
AJ\ I UEL 17:4

45 Dm i, porém, disse ao filisteu: Tu 1ens con- e o matou . cort<Jndo-lhe com ela a cabeça. \'endo
tra mim com espada, c com lança, e com escudo; os filisteus que era morto o seu hcrót, fugiram.
eu, porém. 10u contra ti em nome do E' II OH dos '52 Cntão, os homens de Israel e Judá se le-
E,ércitos. o Deus dos C.\ ércitos de Israel. a quem ' antaram. e jubilaram, c perseguiram os filistcus,
tens afrontado. até Cate e até às portas de Leram. E c<Jíram filis-
46 llojc mesmo, o Se ' I lO R te entregará nas tl'U'> feridos pelo caminho, de Saaratm até Cate
minhas mãos; ferir-te-ci, ti rar-te-ci a cabeça e c até Ecrom.
os cadá1cres do arraial dos filisteus darei. hoje 53 Então, 1oltaram os filhos de Israel de
mesmo, i.\s <11 es dos céus e às bestas-feras da perseguirem os filisteus c lhes despojaram os
terra; c toda a terra saberá que há Deus em Israel. acampamentos.
47 Saberá LOda est.J multidão que o Cr>. IIOR 54 Tomou Dc11 i a cabeça do filisteu c a trou-
salva, não com espada, nem com lança; porque \ C a Jerusa lém; porém as armas dele pô-las D,11 i

do Se tiO R é a guerra, e Ele 1os entregará nas na sua tenda.


nossas mãos. 55 Quando aul 1 iu satr Da1 i a encontrar-se
48 Sucedeu que, dispondo-se o filistcu a en- com o filistcu, disse a t\bner, o comandante do
contrar-se com Davi, este se apressou c, deixan- C\ército: De quem é filho este jovem, Abner?
do as suas fileiras. correu de encontro ao filistcu. Hl''>pondcu Abner: Tão certo como tu 1 il cs, 6
49 Da1 i meteu a mão no alforje, e tomou dali rct. não o sei.
uma pedra, e com afunda lha atirou, e feriu o fi- '56 Disse o rei : Pergunta, pois, de quem é
listeu na testa; a pedra encravou-se- lhe na testa, filho este jo1 em.
c ele caiu com o rosto em terra. s- \ oltando Da1 i de hmer ferido o fihstcu,
50 Assim, pre1 aleceu Dm i contra o filisteu, \ bner o LOmou c o levou à presença de a ui, tra-
com uma funda e com uma pedra, e o feriu. e o tcndo ele na mão a cabeça do filisteu .
matou: porém não havia espada na mão de Davi. '58 Então, Saul lhe perguntou: De quem és
51 Pelo que correu D:n i. e. lançando-se sobre filho, j01 em? Hespondeu Dm i. Filho de teu seno
o filistcu, tomou-lhe a espada. e desembainhou-<~. Jcssé. bclcmita.

I. S ocó. A moderna Klúrbet 'Abbâd, diferente d o "va le" (do heb. 'emeq) de C lá
situada na metade do ca minho entre (1. 2). A primeira palavra hebraica é usclda
Jerusalém e a cidade filisteia de Cate, que para designar um desfiladeiro irrigado por
pe rtenc ia à tribo de Judá. Ficava cerca d e uma to rre nte de água durante a estação chu-
27 km a sudoeste de J erusa lé m . I OSa; c a segu nda, de um a mplo va le fé rtil.
E fes-Da mim. Ou. Pas-Dam im , com o l:.ste ga)e' era praticamente intransponí-
em 1 Crônicas 11 :11 -13, que menciona a lista ' cl, com C'\Ceção d e alguns pontos; nesse
dos va lentes de Davi. ão se sa be ao certo o as pecto. e ra parecido com o desfiladeiro em
signi ficado do nome. frente a i\l icmás (ver com. de I m 1-H-10).
2 . Va le d e E lá. Vale férti l com picos au l e seu exército acamparam nas col inas
suaves que se e rg uem a leste c a oeste, que do lado oriental do gaye', e os filisteus forli- ~
se este nde por vários qu ilô mc tros na cl ireção ficaram os m ontes a oeste (ver ICr 11:13).
noroeste a pa rtir de ocó. 4 . Goli as. J\ lorador de Cate, mas pro-
3. E ntre e les, o va le. O 1·ale de clá era , .all:-lmenle não era filisteu, e\ceto pelo fato
uma depressão que ficm·a no centro do cha- de viver entre esse po1o. Acredita- e que
mado \Vadie~- a11t, que o 1ersículo deno- era descenden te de Cnaque (\er com. de DL
mina "va le", do heb. gaye'. O Le rmo é bem 9:2). ua a ltura de seis CÔ\'ados e envergadu ra

573
I 7:5 COl\ IE TÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

de seis côvados e meio seria equiva lente a 7: 13), teste munhara m um ataque !.urpresa
2,9 metros. É possíve l que o nome Gol ias sig- de Jônatas que os destituiu de muito mate-
nifique "notável". Contudo, esse sentido, assi m rial de guerra (lSm 14:3 1, 32). Convencidos
como "exilado", se baseia na possibilidade de contra sua vontade, os filisteus mantiveram
Golias ser um nome de origem semita. a mesma opinião e, ao encontrar um cam-
Gate. Uma das princ ipais cidades d a peão, decidiram retomar o ataqu e.
Filístia. ua loca lização exata é desco nhe- 9. Se eu o vencer. Era costume, nos
cida (ver com. de 2 Rs 12: 17). tempos antigos, decidir-se uma batalha tri-
5. Esca mas. Armadura corporal dos sol- bal por meio de um só combate. O exército
dados, fe ita de peças de me ta l de ci nco a que perdesse o rei ou líder, e ra considerado
20 e m de comprimento, costuradas sobre venc ido. Quando Josafá guerreou junto com
uma base de couro ou tecido. Protegia a Acabe contra os siros, o rei de Damasco orde-
parte superior do corpo. os pontos em que nou a seus capitães que pelejassem "somente
as partes de metal não se encaixa\'am com contra o rei de Israel" (I Rs 22:3 1). Isso, porém,
perfeição, o soldado fic ava 'ulnerá\ e! ( I Rs não ocorreu num só combate. Quando hoU\e
22:34). A armadura de Golias era de bronte. guerra entre a casa de aul e a de Davi, foram
Cinco mil siclos. Pouco menos de sete escolhidos 12 homens de cada lado para
quilos. determinar o resultado. A consequência foi
6. Ca n e le iras. Essas finas placas de que "Abner e os homens de Israel foram der-
meta l, postas na parte da fren te da pe rna, rotados" (2Sm 2:12- 17), embora Abner não
abaixo do joelho, era m usadas pelos gregos, tenha participado do conflito.
mas não pe los soldados semitas ou egípcios. 10. Afronto as tropas. Litera lmente,
Os fili steus, originários deCreta, podem ter "repreendo" ou "escarneço··. por não acei-
adotado a proteção ao observar seus vi;i - tarem o desa fio. Golias estigmatizou os
n h os gregos. homens de Israel de serem cQ\·ardes e indig-
Dardo. Neste caso, uma lança, carre- nos. O desfiladei ro que separava os dois e\ér-
gada a tiracolo entre os ombros. citos era tão difícil de se atravessa r que se
7. A h ast e da s u a lança. O peso era de qualquer um dos lados se a\ enturasse a rea-
quase sete quilos. A bola usada no esporte de lizar um ataque fronta l, a derrota seria quase
arremesso de peso tem pouco mais do que certa. Os fili steus estavam tão confiantes de
isso. Embora a armadura do ca mpeão fosse que ninguém seria páreo para seu campeão,
de bron;e, a ponta da la nça era de ferro, um que propuseram dec idir a batalha por meio de
metal re lativa mente novo e mais caro. um único combate. Esse desa fio continuou
8. F ilist.e u . Litera lmente, "o fili steu". todos os dias por mais de um mês (\ . 16).
O uso do artigo de finid o nesta dec laração 11. Espantaram-se. Em I amuei 2.10,
sugere o egocentrismo do oponente de Davi. a mesma forma verba l é tradutida por "que-
Ele tinha orgulho de sua habilidade e se glo- bra ntados". O significado principal é "estar
riava no título que o distinguia. O título de despedaçado", em referência a um estado
Golias é usado mais de 25 vezes no capítulo, mental ou físico. essa ocas1ao, o egocên-
em contraste com seu nome, qu e só é me n- trico aul não sabia o que fazer. Além disso,
cionado duas vc?es (\ . 4 , 23). Os filisteus aul era o gigante entre seu povo, e seria
conhecia m, é c laro, a superioridade do Deus esperado que ele aceitasse o desafio. e us
de Israel sobre Dagom (I m 5:1-7). Eles fu gi- companhe iros lhe batiam nos om bros c ele
ra m com medo e m l\ lispa (ISm 7: 10-13). tinha um capacete de bron7e e uma cou-
Então, d epois de a nos de calma ria (I m raça (v. 38); mesmo assim, tre meu diante

574
1 SAMUEL 17:18

de Golias. Embora houvesse reje itado a pre- ser invertida sem dificuldades cronológicas
sença e a proteção do Espírito de Deus, e le sé rias. Muitas vezes, n a Bíblia, se desen-
pe rcebeu que precisava vencer o impasse, volve um pensa mento ou relato até sua con-
ou perderia sua reputação entre o povo. Seu clusão, antes de voltar pa ra retomar out ro fio
espírito estava despedaçado, sua consciên- do argumento ou da narrativa, a fim de tor-
cia o perturbava e ele se dava conta de que na r cada tó pico comple to em si mesmo {ver
o dile ma no qual colocara a si mesmo e a com . de Gn 2 5:19; 27: 1; 35:29; Êx 16:33,
seu exército piorava a cada hora . O compri- 35; 18:25). e esse foi o caso nessa ocasião,
mento da ga rga nta profunda do va le de Elá a decl aração do cortesão de a ul acerca
:;: .. era de uns poucos quilômetros. Isso indica de Davi como ''forte e va lente, homem de
que as tropas não eram muito grandes, do gue rra" {lSm 16: 18) parece ai nda mais sig-
contrár io, antes de completar um mês, um nificativa. Em contrapartida, caso Da\ i já
dos dois lados teria dado a volta pelas extre- houvesse matado Gol ias, o interloc utor pro-
midades do va le. vavelmente teria se referido a e le como o
15. Davi, porém, ia a Saul e voltava. gra nde herói nac ional (J Sm 18:5-9). Todavia,
l ão fica claro se a referência é ao compa- se Dav i já fosse conhec ido como aque le q ue
recimento de Davi à corte a fim de toca r e ' enceu Gol ias, seria necessá rio que a lguém
ca nta r para Sa ul , ou às repetidas viagens ao dissesse a Saul quem e le era? Alé m disso,
aca mpamento israelita, leva ndo a lime nto. de pois que Davi derroto u o giga nte, "Sa ul
O fato de a dec laração se encontrar no con - [... ] o to mou e não lhe perm itiu que tor-
texto da narrativa de Golias pa rece sugerir nasse para casa de seu pa i" (1 m 18:2; PP,
a últillla t:x plicação. Talvez Dav i fosse mem- 649). o enta nto, qua ndo Sau lma nduu pro-
bro de um comboio de suprimentos, enca r- cura r Jessé a fim de que Dav i fosse levado
regado de fornecer comida para os ho me ns para toca r e ca ntar na corte, ele se referiu
no front . Por outro lado, os v. 13-15 pode m ao rapaz como "teu filho, o q ue está com as
explicar por que Davi - já colocado na corte ove lhas" (I m 16: 19). o in ício da narrat iva
de Saul , segundo o capítulo a nterior (l m de Golias, Davi estava justamente apascen-
J6: 19-23) - se encontrava e m casa, em ve7 tando as ovelhas e m Be lé m (l m 17: 15; ver
de com o re i. O autor de 1 Sa mue l ta lvez tam bém os com. de 1Sm 17:55; 18:1).
tenha achado necessário explica r o fato a 16. Quarenta dias. Po r mais de um
seus leitores, e o fe7 decla ra ndo que Dav i mês, Golias fez seu desa fio diário. O fato
não era permanentemente ligado à corte de de que, dura nte este interva lo, os fil isteus
Sau l, mas apenas ia pa ra lá em dete rmina- não te nta ra m derrotar o exérc ito de Israel
das ocas iões. O autor observa a ind a que Davi sugere que, desde sua derrota desastrosa e m
era um mero jovem (l m 17: 14, 42, 56), e m Micmás, os fili steus não conseguiram reu nir
contraste com seus irmãos ma is ve lhos, que forças sufic ientes para um ataque com pleto.
"seguiram aul " {v. 14). De pendia m da intimidação e da possibi li -
ão há acordo entre os come nta ris- dade de vitória num combate ún ico. Tal con-
tas se este e mba te com os filiste us ocor- clusão é fortalecida pela fuga imed iata assim
re u a ntes ou de pois de Dav i ir à corte toca r que Goli as foi venc ido.
pa ra Sa ul (I m 16: 18-23). O fato de aul I 7. Trigo. Refe re-se ao grão, ao próprio
não reconhecê-lo depois (J Sm 17:55-58) e trigo ou então, à cevada.
a repetiç ão do nome de seus irmãos em l 18 . Ao comandante. O objetivo do pre-
Sa mue l 17: 13 e 14 (ver ! Sm 16:6-1I) indica sente era que o coma ndante do regime nto
que a sequência dos dois capítulos poderi a em que servia m Eliabe, Abinadabe e amá

575
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iv
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... - --
'--~~_--y-
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O CONFRONTO DE DAVI E GOLIAS
( ISm 17)
«. v--- ( \-- '-.~ "-"" F=Acampamento filisteu H= Acampamento hebreu

~~] ---~ c, \_---~"""- Q 5 1O 15 20 ,km

(), Jn\JSOre~ fihstcus e os ddt•nsures i~racluas ficam num 1mp.J\SI' dt• 40 di<IS.l'mlados opoo,tos de um lon~o no no ,,Jit• de Llii ( I . l ll D.ni ba supnmentos de Bek·m l•t24 l..m
dt· d1'lância para o e\ércllO de ">.tu I), OU\e O'> desafios d1ànos de C:uh.ts para dcc1thr a tjlll'sl.1o cnm um cnmh,lll' indl\ idual I ),1\ 1alr..l\l'S'>il n rio (dt• onde pe~a a' cinco pedras) t'
H'nct• o ~~~ante Os fihstcus .•tpa\'Oritdns. 'l' e~palham pelo neste. sJo per\e!(Uidn, pelo e\érclln de '>aul até Calt' t' l.unm ( \s lmh •._ lraccpda' ind1cam l''lrada, como po'>siwl
rota para abaMccimcmo). 'i1t.
I A IUEL 17:37

notasse esses três indivíduos de seu esca lão la nça r fora todo o medo; mas ele não tinha
e lhes demonstrasse favor. mai s esse amor dentro de si. Em lugar dele ,
Trarás uma prova. Davi deveria levar havia apenas o tormento de uma consciên-
um sinal de que os irmãos passavam bem. cia cu lpada (ver l]o 2:5; 4: 18). Davi, por sua
20. Davi [...] se leva ntou de madru- vez, irradiava um espírito de coragem e oti-
gada . A distância de Belém a ocó era de ape- mismo genuínos, a expressão de uma "cons-
nas 25 km . É provável que Davi, familiarizado ciê ncia pura diante de Deus e dos homens"
com a região, conhecesse ata lh os que red u- (At 24: J6; ver I 51:1 O, li). Davi tinha cora-
tiam consideravelmente o tempo de viagem gem proporcional à covardia de aul.
(ver mapa "O Confronto de Davi e Golia ", 36. Afrontou. Dm i era zeloso pelo
p. 576). Parece que ele não levou mais do que bom nome de Israel e de seu Deus, assim
quatro ou cinco horas pa ra fazer a jornada. como l\1oisés no passado (Êx 32: 12, 13;
Talvez fosse o fina l da manhã quando Davi m 14: 13-16; Dt 9:26-29; \ e r EL 20:9). A i na-
chegou, na hora em que Golias se posicionou ti\ idade do povo do enhor num tempo de
para fa7er seu desafio (ver v. 16). vergon ha e cri e era mais do que Davi con-
Aca mpamento. A KJV fala em '\rin - seguia suportar.
cheiras", mas não se fazi a m guerras com 37. E le me livrará . No passado, au l
trincheiras nos tempos antigos. h a\ ia pedido grandes coisas a Deus e ten-
26. Quem é, pois, esse incircunciso tara fa7cr grandes coisas por Ele. 1 o entanto,
filisteu [...]?Litera lme nte, "Quem é o fi lis- o orgu lho c a glorificação do cu encheram
teu , este incircunciso?". Davi fez uma decla- seu coração, e então cada obstácu lo pare-
ração enfática de seu desdém pelo gigante cia intransponhel. No esforço de se defen -
que dei\OU Saul e seus homens aterrori7a- der. esqueceu-se de que, com o Senhor, tudo
dos. Com fé em Deus, uma fé que aul tam- é possível. ão haveria maneira melhor de
~ bém poderia e \ercer, Da\ i não ficou nem Deus impressioná-lo com suas carências do
um pouco impressionado com a estatura de que deixando Davi falar sobre a proteção
Gol ias. Se Saul fosse obed iente ao e nhor, a prO\ idencia l, que esti\·era sobre ele no pas-
vitória poderia muito bem ter sido dele; mas ~ado. lais uma vez. o E pírito do cnhor
Deus não lhe podia confiar uma vitória como se apoderou de aul. Ele teria a oportuni-
essa. Golia é chamado no capítu lo inteiro dade de \e r o que ele mesmo poderia ter feito
de "o filisteu". Dm i mal conseguia esconder caso não se rebelasse contra o Espírito. l\ Iais
seu desprezo pelo grande arrogante. em uma \Ct , encontrava-se num dilema. Caso
mesmo a repreensão de seu irmão o dete\e se recusasse a permitir que Davi lutasse, o
(\ . 28). Ele Ou\iu a história de Golias de tan- exército esperaria que ele, o rei , ad\ ogassc
tas pessoas, e falou com tanta ousadia que a a causa. c deixasse Dm i lutar e Gol ias o
notícia logo chegou até aul. matasse, a batalha seria perdida e Israel se
32. Davi disse a Saul. Que contraste: submeteria à servidão aos fi listeus mais uma
um humilde c jovem pastor de ovel has enco- vet. Foi para !>alvar a própria vida e reputa-
rajando um guerreiro experiente e bem -suce- ção que au l mandou Davi para o combate.
dido de Israel! au l, o único "gigante" de Porém, o instrumento que e le usou parares-
Israel (I m 10:23). sabia que era ele quem guardar sua reputação de rei e líder causou
de\eria ter aceitado o desafio de Colias. justamente a perda dela (l m 18:6-9). Ficou
Entretanto, sua consciência cu lpada o tor- evidente que , sem Deus, aul não tinha
nara temeroso. e o amor por Deus esti- poder perante seus inimigos ( I, m 14:24;
vesse em seu coração, seria su ficiente para 15:23) e que as vitórias do passado, pelas

577
17:38 COI\1E TÁRlO BÍBLICO ADVE t TI TA

qua is ele assumira o crédito, vinham, na ver- experiências cotidia nas aquilo que precisa-
dade , do enhor. rão saber para resolver os prob le mas por vir.
38. Sau l vestiu a Davi da sua arma- C ada um deve usa r o e quipa me nto que o
dura. Saul estava enérgico c fez tudo que enhor lhes oferece.
podia para gara ntir o sucesso de Davi. O rei 44. Darei a tua carne. Provavelmente
confiava e m sua armadura, mas Dav i con - era um desa fio comum e form a l para o com-
fi ava e m Deus (ver v. 45). bate (ver Ap 19: 17, 18).
39. Experimentou a ndar. Ou, ''ten- 45. Eu, porém, vou. Este é o contraste
tou ir em vão". definiti vo e ntre dois estilos de vida distin -
N un ca o usei. Saul tinh a a armadura, tos. Goli as re prese nta a segura nça ca rn al
mas sa bia qu e não podia enfre nta r Golias da força do indi\ íduo, o orgulho do auto-
com sua Força física. Com fa lsa prudência, a engra ndecimento, a va idade da acla mação
princípio negou a pe rmissão para Davi lutar, popul a r, a ousadia indomáve l da pa ixão
por ca usa da juventude do rapaz. Então, deu huma na. Dav i ma nifesta co nfi a nça tra n-
C\ idência de sua insensate7, tentando dar a quila na força divina e na determinação
própria armadura a Davi. e m glorifi ca r a De us, faze ndo ua vontade.
A resposta cortês de Davi,·· unca o usei'', A motivação de Davi , expressa nessa oca-
demonstra: ( I) sua fé e m outro equipamento sião e posteriorme nte em s ua 'ida, não era
já testado; e (2) sua confia nça na experiên- a de fazer as coisas à s ua ma ne ira, nem de
cia passada para enfrenta r novas situações se torn ar fa moso aos olhos de seus compa-
que surgia m (ver L . 196). Da' i atri buía ao triotas, mas de faze r sabe r a "toda a terra
poder de De us a \ itória até mesmo sobre qu e há De us e m Israel" (v. 4 6).
os a nima is sel vagens. O pe rigo desenvol- 50. Assim, prevaleceu Davi. Um a
\ e ra ne le uma co ragem santificada, c a fid e- prO\ a logo se seguiu à o utra. Esta foi a ter-
lidade nas pequenas coisas o preparara com ceira vitória de Davi em um só dia. A pri-
eficácia pa ra inc umbências mais el c\'adas. meira ocorre u qu ando fo i mc nospre1ado
Ele, qu e de monstrou ser um pastor confiá- por Eliabe, quando disse que Davi só ser-
vel do rebanho de seu pai, foi então chamado ' ia para cuidar de ovelhas. Ele poderia ter
pa ra defender a causa do rebanho de seu Pa i dado uma resposta rude. mas se recusou a
celesti al (ver E7 34:5, 2 3; 37:24; lt 9:36; reagir no mesmo tom . C om ca lma , apenas
25:33; Jo 10:1 2, 13). O procedime nto que disse: "Que fi z eu agora? Fiz somente uma
e le escolheu foi determinado por suas con- pergunta" (v. 29). Esse tipo de ca rá ter não
vicções espirituais, não pelo julgamento pro- surge de uma hora para a outra. e não hou-
fa no de outros, a despeito da pos ição que vesse aprendido a paciência com seu reba-
ocupava m. luito d epende da pureza dos nho, não teria demonstrado paciência com o
motivos quando se empreende uma inicia- irmão invejoso. Ao ignora r a oportunidade ele
tiva perigosa. Davi não conseguiria lutar na entrar numa discussão insignifica nte, Da\ i
a rmadura de a ui ; precisa ria ser ele mesmo. mostrou que era mestre do próprio espí-
Deus deseja que cada pessoa trabalhe com rito. O mesmo ocorreu com C risto que, ao
a própria experiência. Muitas vezes, a pes- demonstrar sua ma nsidão diante das piores
soa \ ê a lguém de v ida pública que obtém provocações, disse: "a pre nde i de ~lim , por-
~ sucesso e procura copiar seus trejeitos, na que sou manso e humi lde de coração; e ach a-
expectativa de e ncontrar su cesso por meio re is descanso pa ra a vossa alma" ( ~ I t 11:29).
deles. o e nta nto, o enhor que r pessoas ome nte assim uma pessoa pode se tornar
que seja m a utê nticas, que aprendam das um ve rdadeiro líder e guia dos outros.

578
1 SAI\ IUEL 17:55

Da' i obtc\e a segunda' itória quando foi Contudo, ao fugir, deram as CO!:> tas à cláu-
levado à presença do rei. Ao olhar para o rapa1. su la proposta no próprio desafio ao exército
impetuoso, o rei não pôde deixar de contras- de au l e demonstraram ainda mais que, se
tar a a legria jovial e a Falta de treinamento Golias houYesse vencido, não teriam mise-
militar com a astúcia do \eterano de guerra. ricórdia de Israel. A morte seria preferhel à
e aul, com toda sua personalidade domi- escravidão que tinham proposto num gesto
nante, havia se esquivado do combate contra de magnanimidade.
Gol ias, de que maneira um adolescente como 53. E lhes d espojaram os aca mpa-
Dm i tentaria fa7ê-lo (J m 17:33)? em nem mentos. Quando Israe l perseguiu os ini-
sonhar com a possibilidade de uma interven- migos, que se espa lha\'am por todas as
ção sobrenatura l, Saul plantou sementes de direções, é provável que t ambém tenham
dú, ida na mente de Da' i c tentou fazê-lo usar de\'astado as cidades que ficavam pró\imas
sua armadura de rei. Entretanto, usando mais à linha de combate e matado muitos além
uma \CZ de deferência cortês, Davi foi vito- dos filisteus em ocó. Josefo di1 que 30 mil
rioso sobre a dúvida ao se apegar ao propó- forum mortos e os feridos foram o dobro disso
sito inspirado pelo Céu de manter sua fé no (, \11tiguidade~.
'i.9.5).
Senhor, numa atitude de total dependência. 54. A Jerusalém. Dm i não teria b a do
Tudo isso o preparou para sua terceira a cabeça do gigante para Jerusalém imedia-
'itória: sobre o filistcu, que era um blasfemo. tamente, pois a cidade ainda se encontrava
Foi uma vitória das forças espirituais sobre em posse dos jebuseus e só foi tom,Jda após a
a força bruta material. Levando em conta os coroc1ção de Dm i ('e r 1C r 11 :4-8; 2Sm 5:6-9).
acontecimentos dos meses anteriores, era de l\cste versícu lo. o historiador registra o último
fato necessário que Israel aprendes e essa lugar onde o troféu da vitória foi colocado,
lição. Cm resposta às imprecações de Golias, sem pensar no tempo que isso ]e, ou. \ o que ~
Dm i e\clamou e\u ltante: "eu, porém, \OU tudo indica, a armadura de Golias foi levada
contra ti em nome do enhor dos Exércitos" p<~r<l a casa de Da' i em Belém (\er com. de
(v. 45). Uma simples pedra de um riacho, 2Sm 18: 17; ver também 1 m 4:10; 13:2; etc.)
a liada à habilidade de um garoto e à con- c sud espada. para obe (H ! r 1 m 21 :9).
fiança no Deus eterno. deu ao~ israelitas uma 55. D e quem é filho [...]? \ cr com. de
lição que nunca esqueceriam, embora nem 15m 18:1, 2.
sempre a tenham imitado. Não o sei. i\bncr ainda não conhecia
51. Fugiram. A perfídia dos filisteus Dt~\ i; portanto, este ainda não era tão conhe-
se tornou ap<1rente assim que seu campeão cido no pal<íc io. Ele fora levado como músico
foi morto. Cles ha,·iam prometido ser ser- 'isitante e ainda não se tornara membro da
' os dos israelitas caso Golias morresse (v. 9). corte ('c r PP, 643).

COM ENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-58- PP, 64-t-648; 15- Ed. 152, 164 38, 39- E,, 684
T3, 2 18, 220 17. 18. 20, 26, 28- PP, 645 38-47- PP. 647
4-8- T3, 2 18 29, 32 - PP, 646 39-47- T3, 219
4-10 - PP, 646 32 T3, 219 47 - T3. 269
13- PP, 644 34, 3'5- DT . 479; PP, 644 48-54 - PP. 648
37- PP, 646

579
18: 1 COi\tl EJ TÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

CAPÍTULO 18
1 Jônatas ama Davi. 5 Saul inveja os louvores a Davi, 10 procura matá-lo em sua
fúria , 12 teme-o por seu sucesso, 17 oferece a mão de sua filha como uma cilada .
22 Davi é persuadido a se tornar genro do rei e dá 200 prepúcios de filisteus
como o dote de Mical. 28 O ódio de Sau l e o atnnento da glória de Davi.

ucedeu que, acaba ndo Da1 i de falar com 12 aultemia a Davi , porque o c II O R era
aul, a a lma de Jôna tas se ligou com a de Davi; e com este e se tinha retirado de aul.
Jônatas o a mou como à sua própria a lma. 13 Pe lo que Saul o afastou de si e o pôs por
2 aul . naque le dia, o tomou c não lhe pe r- c hefe de mil; e le fa; ia saídas e e ntradas mdita-
mitiu que tornasse para casa de seu pai. res dia nte do p01 o.
3 Jôna tas e Dm i fi Lera m a lia nça; porque 14 Davi logra1a bom ê xito e m todos os seus
Jônatas o a mava como à sua própria alma. e mpreendime ntos, pois o E II O R era com ele.
4 Despojou-se Jônatas da capa que 1cstia e a 15 Então, 1endo a ui que Dali lograva bom
deu a Davi. como ta mbém a armadu ra. inc lusl- ê \ito, tinha me do de le.
' e a espada, o a rco e o cinto. 16 Porém todo o Israel e Judá a mava m Da1 i,
5 afa Davi aonde que r que Saul o e m ia- porqua nto fa7ia saídas e e ntradas militares d ian -
l a e se condu;ia com prudê ncia; de modo que te de les.
aul o pôs sobre tropas do seu exérc ito. e e ra e le 17 Disse aul a Da1 i: Eis aqui 1\le ra be.
benquisto de todo o povo e até dos próprios ser- minha filh a ma is velha, que te d a re i por mu- ~
l OS de aul. lher; sê-me some nte filho ,·ale nte e gue rre ia as
6 Sucedeu, poré m, que, 1 indo a ui e seu e:-.ér- gue rras do SL HOR ; porqu e Sa ul dilia consi-
cito, e 1olta ndo ta mbé m Davi de fe ri r os l'ilis- go: Não seja co ntra e le a minha mão, e sim a
teus. as mulheres de todas as cidades de Israel dos fili ste us.
saíra m ao encontro do rei aul , canta ndo e da n- 18 Respondeu Dal'i a aul: Que m sou eu, e
çando, com ta mbores, com júbilo c com instru- qua l é a minha vida e a fam ília de meu pai em
mentos de música. Is rael. para vir a ser eu genro do re i?
7 t\ s mulhe res se a legra1·am e, ca nta ndo a l- 19 ucedeu, porém, que, ao te mpo em que
ternada me nte, di; ia m: aul feriu os seus milha- i\ le rabe, filha de a ui , devia ser dada a Davi, foi
res. poré m Da1 i, os seus cle7 milha res. dada por mulher a Adrie l, meolatita.
8 [ntão, Saul se indignou muito, pois estas 20 t\l as i\lica l, a outra filh a de aul , a ma1a
pa la1 ras lhe desagrada ra m em extre mo; e disse: a Da1 i. C onta ra m-no a aul, e isso lhe agradou.
De1 milha res deram e las a Davi , e a mim so- 2 1 Di sse 'aul : Eu lha da re i, pa ra que e la
me nte milha res; na 1e rdade, que lhe fa lt a. senão lhe sirva de laço e pa ra que a mão dos filiste us
o reino? venha a se r contra e le. Pe lo que a ul dic,se <1
9 Daque le dia e m dia nte, a ul não ' ia a Da" i Da1 i: Com esta segunda serás, hoje. me u genro.
com bons olhos. 22 Orde nou aul aos seus sen os: Fa la1con-
10 o dia seguinte, um espírito ma ligno, da fidenc ia lmente a Dav1, di;endo. Cis que o re i
parte de Deus, se apossou de aul , que teve uma te m a fe ição por ti , e todos os seus sen os te
crise de ra iva em casa: e Da1 i, como nos outros a ma m; consente, pois, e m ser genro do re i.
dias, dedilhava a ha rpa: Saul, poré m, tra7ia na 23 Os servos de aul fa la ra m estas pa la-
mão uma la nça, vras a Davi, o qua l responde u: Pa rece-vos coisa
li que a rrojou, di;endo: Encravare i a Dav i na de some nos ser genro do re i, sendo c u home m
parede. Porém Da1 i se des1 iou dele por duas ve1es. pobre e de humilde cond1ção?

580
I SA~I UEL 18:3

24 Os senos de Saullhe referiram isto, di- homens: trouxe os seus prepúcios c os entre-
tendo: Tais foram as pdl.l\ ras que falou Da\ i. gou todos ao rei, para que lhe fosse genro.
25 Então, disse a ul: 1\ ssim direis a Da\'i: Então, Saul lhe deu por mulher a sua filha
O rei não deseja dote algum, mas cem prepúcios ~ l ical.
de filisteus , para tomar \'ingança dos inimigos 28 Viu Saul e reconheceu que o 'c:-..110R era
do rei. Porquanto aul tenta\ a fazer cair d Da' i com Da' i; e \lic<li , filha de aul, o amd\a.
pelas mãos dos filisteus. 29 Então, C.,aul temeu ainda mais a Dm i e
26 Tendo os servos de aul referido estas pa- continuamente foi seu inimigo.
la\ rasa Davi , agradou-se este de que' iessc a ser 30 Cada \ez que os príncipes dos filisteus
genro do rei. Antes de' encido o prd70, saía m à batalha. Da' i logrma mais ê'\ito do que
27 dispôs-se Da' i c partiu com os seus ho- todos os senos de aul; portdnto. o seu nome
me ns, e feriram dentre os filisteus du;cntos se tornou muito estimado.

1. Aca bando. A narrativa continua sem ( I Sm I 4:29). Para e le, as respostas humildes
intenalo. aul, depois de prometer recom- e espirituai s de Davi aos questionamentos de
pensas atraentes para quem matasse Golias 5aul, dando a Deus toda a glória por conquis-
(l m 17:25), chamou Davi e lhe pergun- ta!. passadas, eram como água fresca c re\ igo-
tou sobre sua identidade. Caso se insira rantc ao espírito exa usto e sedento. Jônatas, o
I Samuel 16:14-23 entre os v. 9 e 10 do herói de l\ I icmás, deve ter passado por horas
cap. 18, como fazem a lguns erudi tos, o pri- solitárias de desapontamento e frustração por
meiro contato de aul com Da\ i teria ocor- causa da falta de discernimento espiritua l
rido no front de batalha , e o motivo para do pai . Ia l sabia Jônatas que a mesma fé
a perturbação mental do rei seria a adu- em Deus c o espírito de entrega à liderança
lação que Dm. i recebeu do povo (v. 6, 7). di, i na estavam moldando outra vida poucos
o entanto, se o registro estiver em ordem quilômetros ao sul de onde e le vh ia.
cronológica, a pergunta de aul ( I m 17:55) 2. Saul, naque le dia, o tomou. Da' i
pode ser explicada ao se supor que Sau l pres- se tornou um cortesão de aul, permanen -
tara tão pouca atenção no humilde tocador temente ligado à casa do rei. É difícil que os f
da lira durante seus surtos de abstração !'atos narrados em I amuei 16:14-23 tenham
que não sabia quem era Davi . lesse caso. ocorrido depois desta ação por parte d e a ui
I amuei 16:21 estaria mencionando aconte- (ver com. de I m 18: 1).
cimentos futuros. A última hipótese parece 3. Ali ança. É provável que tenha sido
preferível (ver com. de I m 16:21). De todo feita posteriormente c registrada neste ver-
modo, uma , ·ez que Da' i era tanto um herói sfcu lo para introduzir o relato da amizade
militar quanto um músico inspirado, não é de entre Davi e J ônatas. O paclo de amizade
se espa ntar o fato de aul"não lhe [perm itir] deve ter sido resultado de incontáveis con-
que tornasse para casa de seu pai " (I Sm I 8:2: versas, de expedições que fizeram juntos,
ver também o com. de I m 17: 15). de uma afeição madura. a amizade amável
A alma de Jônatas. A amizade entre entre esses dois jovens consagrados e vibran-
Davi e Jônatas é um exemplo clássico de tes, cspelha-se a lgo do sentimen to de Cristo
união de seres humanos que reconhecem quando vê na vida dos redimidos a mesma
mutuamente ideais seme lhantes e se a legram \ isão espiritua l, humildade de alma, calma
nisso. Jônatas já havia manifestado sua desa- de espírito e obediência aos princípios eter-
provação pela a titude do pai e por seus a tos nos da verdade q ue Seu coração expressou

581
18:-+ COME TÁR IO BÍBLICO ADVE TISTA

enquanto esteve na Terra. Ao ver o fruto do 8. Que lhe falta [...]? ão é mencio-
penoso trabalho de ua alma, ficará satis- nado o intervalo entre o anúncio da escolha
feito (ls 53: 11). Que alegria o Céu será para de Deus de outro homem "melhor do que
os amigos, quando terão toda a eternidade tu" (lSm 15:28) para ser rei e a experiência
para o companheirismo! presente de Davi na corte de aul. Embora
4. D espojou-se Jônatas. O amor de seja provável que muitos anos tenham se
Jônatas por Davi era tão grande que ele passado, com certeza, aul estava atento
estava preparado para dizer, como João para os sinais do homem que o sucederia
Batista, séculos mais tarde: "Convém que Ele (ver v. 9). Ele havia recentemente provado
cresça e que eu diminua" (]o 3:30). Ele con- sua impotência dianre dos filisteus; e, se
templou em Davi aqui lo que um dia sonhara não fosse pela façanha corajosa do jm em
se tornar. Todas as qualidades louváveis de pastor, o rei poderia ter perdido a própria
ambos os caracteres foram unidas pela a fei- vida. o entanto, ele ressentia o fato de que
ção verdadeira, e Jônatas se deu conta de que o rapaz a quem ele havia honrado e asso-
a felicidade consiste em amar, em vez de ser ciado intimamente a si estivesse roubando
amado. Cristo nos amou tanto que volun - a afeição do povo e do exército. Que tipo
tariamente renunciou a todas as prerroga- de gratidão seria essa? O tempo não havi a
tivas divinas (Fp 2:6-8) para que pudesse diminuído a dor aguda da repreensão pro-
implantar a influência da verdade em cada fética (ver 1 m 15:23). Mais uma vez, aul
ser humano (]o I :9). cedeu aos sent imentos de descontentamento
5. Saía Davi. Como l\ loisés na corte do e conjecturas malignas, até que sua mente
faraó, Davi recebeu treinamento nas ques- c iumenta ficou fora de controle.
tões administrativas a fim de estar bem pre- 10. Um espírito maligno. Ver com. de
parado para os anos por vir. Ele foi colocado I m 16:15, 16. Embora Deus permita que a
numa posição da qual podia ver as coisas de tentação ocorra, Ele nunca induz os seres
variados ângu los e recebeu discernimento humanos a pecar (Tg 1:13; ver 1Co 10:1 3).
espiritual para diferenciar entre o bem e o Teve uma crise de raiva. Ou, "e pro-
mal. Assim como Daniel, Davi manteve sua fetizava" (ARC). A forma verbal usada no
integridade num ambiente que não esco- versícu lo é, com frequência, usada para se
lhera, sem temer a contaminação. Deus não referir a uma profecia verdadeira, mas tam-
hesita em colocar eus servos no centro do bém pode se tratar das murmurações de fal-
egoísmo humano, ciente de que, quanto mais sos profetas. O frenesi e o êxtase de aul se
escura for a noite, maior será a intensidade deviam a um espírito de paixão violenta, tal-
da lu z. Davi, que fora um filho diligente na vez na esperança de impressionar seus corte-
casa de seu pai Jessé, passou a provar seu sãos com um aspecto de santidade.
,·alor como um embaixador lea l do rei. Davi [... ] dedilhava a harpa. Tomado
S aul o e nviava. O rei cumpriu a pro- por uma fúria invejosa, Saul pegou sua lança
messa de honrar o homem disposto a aceitar com o intuito deliberado de matar Da' i.
o desafio que seus próprios soldados recusa- Este, provavelmente pressentindo o perigo
ram. Embora fosse pouco mais do que um e percebendo o motivo da exa ltação de aul ,
rapaz, Davi se portava com uma discrição tão pegou sua harpa, com a qual tentou aliviar a ~
notável que logo foi aceito por todos. eus tensão mental do rei.
e\celentes traços de caráter eram óbvios. Isso 12. Saul te mia. O motivo para
não significa que ele substituiu Abner, o qual au l temer Davi era a convicção de que
continuou a ser o ca pitão das forças armadas. Deus se afastara dele, em favor do jovem.

582
1 SAMUEL ] 8: 18

Porém, foi o en hor quem voluntariamente e espiritua l de sempre. Muito amado pelo
de ixou Saul, ou o rei abandonou seu Pai Senhor, ele estava, a despeito da ira do rei ,
celestia l? Por ter dado ao home m o poder recebendo justamente o treinamento de que
da liberdade de escolha, Deus não o segura necessitava antes de assumir as responsabi -
à força caso rejeite eu conselho. Adão aban- lidades da liderança. Deus adapta a disci-
donou o Senhor quando cedeu às sugestões plina da vida às necessidades especiais de
do inimigo, mas Deus não o abandonou . cada pessoa que se propõe a ser fiel ao dever.
Paulo perseguiu a igreja de Cristo por von- 16. Fazia saídas e entradas milita-
tade própria, mas Deus também não o aban- res. Os deveres atribuídos a Davi o deixavam
donou. Se esse fosse o caso, como o apóstolo constantemente sob o olh ar público.
teria afirmado mais tarde: "Cristo Jesus veio 17. Sê-me somente filho valente.
ao mundo para sa lvar os pecadores, dos quais este texto, duas personalidades distintas
eu sou o principal" (ITm 1:15)? se apresentam em grande contraste: a dupli-
Por meio do ministério de Davi, o Senhor cidade sagaz de Saul contra a simplicidade e
estava apelando ao coração endurecido a conduta franca de Davi. A consciência de
de au l, convidando-o a voltar e a se dar Saulo incomod ava; além disso, secretamente
conta do poder divino de cura em seu favor. e le tinha medo do povo, que amava Davi e
Embora Saul tenha se desqualificado irreme- expressava lea ldade a e le. Invejoso de cada
diavelmente para ser rei, ai nda podia encon- palavra de louvor ao jovem, au l recorreu a
trar sa lvação como indivíduo (ver com. de uma atitude dupla, a arma secreta de todo
ISm 15:23, 25). egoísta: elogios abertos e ardis em segredo.
13. Saul o afastou de si. Do ponto A princípio, Davi não parecia consc iente da
de vista egocêntrico de Saul, um dos maio- armadi lha preparada para ele. Aceitou tanto
res erros de sua vida foi ter tirado Davi da a promoção quanto o rebaixamento com o
corte e tê-lo nomeado "chefe de mil". A melo- mesmo espírito humilde e cooperador. eu
dia da música de Davi não mais aca lmaria a coração era puro diante de Deus, e ele só se
aflição do rei. inguém mais ser ia capaz de preocupava com o cumprimento eficie nte de
erguer a mão do monarca diante do público, qualquer tarefa a ele designada, com ca lma
como Davi fizera , indo "aonde quer que Sau l indiferença quanto aos perigos pessoais.
o enviava" (v. 5). Obcecado pelo desejo de Não seja contra ele a minha mão.
matar Davi, Saul fez justamente aqui lo que Sau l ainda não estava pronto para tirar a
dificultou ainda mais o processo necessá- vida de Davi de maneira direta. Ele tinha
rio de humilhação e retorno ao Pai celestial. a expectativa de rea lizar este propósito de
14. Lograva bom êxito. Ou, "era bem- forma indireta, a fim de evitar a desaprova-
sucedido", conforme sugere a forma do verbo ção do povo.
hebra ico. Os erros humanos no poder, ao 18. Quem sou eu [...]? Fica claro que
lidar com subordinados, podem facilmente Merabe, a filha mais velha de aul, cujo
ser usados por estes como degraus para o nome significa "aumento", "multiplicação"
sucesso, caso se portem com sabedoria. Davi (ver ls 9:6, 7), fora prometida a Davi como
aceitou seu rebaixamento, como parece ter parte da recompensa por matar Golias (I m
sido o caso, com toda a humildade e, neste 17:25), ou na espera nça de persuadi-lo a acei-
novo papel, conquistou a admiração de todo tar o risco de outros ataques dos filisteus.
o Israel. lão houve recriminações, nem auto- A hesitação de Davi em se casar com f\ lerabe
piedade por causa do tratamento injusto. provém do fato de que ele não Linha condi-
Davi continuou a ser a mesma alma bri lhante ções de providenciar o dote exigido.

583
18: 19 COl\ IE lTÁ RIO BÍBLICO ADVE T I TA

19. Foi d a d a . A princfpio irritado com a perplexidade quanto à duplicidade de a ul.


recusa de Davi, aul não conseguia esconder Contudo, não demonstrou amargura , pen-
sua crescente an tipa tia pelo recém-nomeado sando, prO\m·elmente, que a decisão do rei
chefe de mil; ele deu i\ lerabe a Adricl- "meu se dev ia à su.1 pobre1a.
auxflio é Deus", presumindo-se que a pa la- 2 5. Não desej a dote a lg um. O inte-
\ ra seja aramaica. resse de Dad foi despertado com tanta discri-
Meolati ta. t\bel-l\ leolá, a cidade natal ção que não b ·a ntou suspeitas. Na \·erdade.
de E liseu, era uma c id ade próxima a Bctc- a ideia lhe foi muito atraente. Ele poderia, ao
Seã {IRs -U2; 19: 16), prO\avelmentc a leste mesmo tempo, vingar Israel dos inimigos de
do Jordão em Tell e/ \laqlub, lugar identifi- longa data c receber a mão de urna jO\em que
cado. no passado, com Jabes-G ileade (\er tahc; fosse a ind a melhor para e le do que a
J com. de jL 7:22). t\ duplicidade de Saul dc\e- irmã mais \elha , mas que tahe7 não pudesse
ria ter aberto os olhos de Dm i, mas como este se casar antes da prirnogênita (\er Gn 29.26).
considerava os outros tão si nceros quanto ele Urna \C7 que os casamen tos da época eram
mesmo. submeteu-se humildemente ao can- arranjados pelos pais, 0 ,1\ i não pressentiu
celamento do primeiro contrato matrimonial nada de errado nas intenções ele aul.
por parte do rei . Cem pre púcios. Rcbo!. egípcios retra-
21. Pa ra q u e e la lhe sir va de laço. tam pilhas de prepúcios cortados de inimi-
O ardi loso au l \'iu em sua filha i\lical a go!. mortos, os quais eram contados e levados
oportunidade para execu tar seu nefasto até o faraó corno prO\ a da\ itória. Portanto,
plano da destruição de Dm i. Ele C\igiria um a proposta ele aul estm·a de acorelo com o
dote que cumpriri a seu propósito de rmmeir<l costume pagão de sua época.
aind<l melhor do que se hou\essc dado a mão 26. A n tes d e ven cid o o prazo. l:.sta
de lerabc ao jm em. aul estm·a satisfeito. sen tença pertence ao \ . 27.
mas precisava agir com cuidado. pois Da\ i 27. Duzen tos homen s. '>aul hm ia esti-
não poderia suber que l\lical o amma. pulado 100. O rei fi1era a questão tão pública
Com esta segunda. Referência ao fato de que f'oi forçado a cumprir a própria pnrte
esta ser urna segunda proposta de Saul a Da\ i. na barganh<1. Desta maneira , Deus dirigiu a
22. O rd e n o u Saul a os seu s servos. atenção ele aul mais uma \e7 ao homem a
Depois de de liberada mente tornar l\lerabe quem Ele c agradava em honrar.
de Dav i, Saul informou ao jovem que aind<l o 29. Foi seu inimigo. Desgostoso pelo
queria como genro, usando um método trai - fracasso de sua trama,, aulte\ e ainda mais
çoeiro. Ele procurou pegar Davi pur meio de ód io de Da\ i. Em ve7 de se render a Deus, ele
uma campa nha de convencimento dentro da se entristeceu porque seu orgulho foi ferido.
corte. É prová\el que os !.enos não percebes- O pres tígio de Da\ i era maior do que nunca.
sem o papel que estava m realizando incons- Então, completamente possesso por um cspf-
cientemente no drama . rito mau, a mente sombri a de Saul procurou
23 . Sendo e u home m p obre. Talve; assiduamen te urna nova armadilha para seu
esta seja uma C'l.pressão de Davi de sua inimigo, que se tornara seu genro.

C O MENTÁRIOS D E ELLEN G. WHITE

1-30 - PP, 6-+9 1-5 - PP, 6-+9 13- 16- PP, 65 1


I - Ed. 157 6-8- PP. 650 17-25, 28- PP, 652

58-t
1 SAMUEL 19: I

CAPÍTULO 19
1 }ônatas revela o propósito do pai de t"natar Davi. 4 Persuade o pai a se reconciliar.
8 Por causa do sucesso de Davi numa nova guerra, a ira malicio a de aul irrompe
outra ve=. 12 Mical engana o pai com u·ma imagem na cama de Davi.
18 Davi vai ter com Samuel na casa dos profetas. 20 aul envia
mensageiros para trazer Davi 22 e o próprio Saul profetiza.

I Falou a ui a Jônatas, seu filho, e a todos os por Mical, sua mulher, que lhe disse: e não sal-
senos sobre matar Davi. Jônatas, filho de a ui, ,·ares a tua' ida esta noite, amanhã serás morto.
mui afeiçoado a Davi , 12 Então, ficai desceu Davi por urna Jane-
2 o fez saber a este, ditendo: I\ leu pai, au l, la: c ele se foi , fugiu e escapou.
"J procura matar-te; acautela-te, pois, pela manhã , 13 licaltomou um ídolo do lar, e o deitou
fica num lugar ocu lto e esconde-te. na cama, c pôs-lhe à cabeça um tecido de pelos
3 Eu sairei e estarei ao lado de meu pai no de cabra, e o cobriu com um manto.
campo onde estás; falarei a teu respeito a meu 14 Tendo aul emiado mcnsage1ros que trou-
pai, e verei o que houver. e te farei saber. xessem Davi. ela disse: Está doente.
4 Então, Jônatas falou bem de Davi a aul, 15 Então, Saul mandou mensage1ros que' is-
seu pai, e lhe disse: ão peque o rei contra sem Davi, ordena ndo-l hes: Tra~.ei-mo mesmo na
seu seno Davi, porque ele não pecou contra cama, para que o mate.
ti , e os seus feitos para contigo têm sido mui 16 Vindo, pois, os mensageiros, eis que esta-
importantes. ' a na cama o ídolo do lar, e o tecido de pelos de
5 Arriscando e le a 'ida, feriu os filisteus e cabra, ao redor de sua cabeça.
efetuou o CN IIOR grande livra mento a todo o 17 Então, disse aula l\lical: Por que assim
Israel; tu mesmo o viste e te a legraste; por que, me enganaste e deixaste ir e escapar o meu ini-
pois, pecarias contra sangue inocente, matando migo? Respondeu-lhe 1\lical: Porque ele me d1sse.
Davi sem causa? Deixa -me ir; se não, eu te mato.
6 a ui atendeu à voz de Jônatas e jurou: Tão 18 Assim, Dmi fugiu , c escapou, e veio a
certo como vive o C;\IIIOR, e le não morrerá. amuei, a Rarná, e lhe contou tudo quanto aul
7 Jônatas chamou a Dm i, contou-lhe todas lhe fitera : e se retiraram, ele e Samuel, c fica -
estas palavras e o levou a aul; e esteve Da' i pe- ram na casa dos profetas.
rante este como dantes. 19 Foi dito a a ui. Cis que Da' i está na casa
8 Tornou a haver guerra, e, quando Davi pele- dos profetas , em Ramá.
jou contra os filisteus e os fenu com grande der- 20 Então, enviou aul mensageiros para
rota , e f ugirarn dia nte dele, trat:erem Davi, os quais viram um grupo ele
9 o espírito maligno, da parte do LI\.J JOR, profetas profetizando, onde estava amuei,
tornou sobre aul: estava este assentado e m sua que lhes presidia ; e o Espírito de Deus veio
casa c tinha na mão a sua lança, enquanto D3\ i sobre os mensageiros de au l, e também eles
dedilha,·a o seu instrumento músico. profeti;ararn.
10 Procurou au l encra,ara Davi na parede, 21 Avisado disto, aul em iou outros mensa-
porém e le se desviou do seu golpe, indo a lança geiros, e também estes profeti;aram; então, en-
ferir a parede; então. fugiu Da' i e ec;capou. ' iou • au l ainda uns terceiros, os quai também
li Porém aul, naquela mesma noite , man- profetizaram.
dou mensageiros à casa de Davi, que o vigiassem, 22 En tão, foi também e le mesmo a Ramá
para ele o matar pela manhã ; disto soube Da' i e, c hegando ao poço grande que esta\a em

585
19:1 COi\lE TÁRIO BÍBLICO 1\DVE TI TA

eco, perguntou: Onde estão amuei e Dm i? casa dos profetas, em Ramá.


Responderam-lhe: Eis que estão na casa dos pro- 24 Também ele despiu a sua túnica, e pro-
fetas, em Ramá. fetii.OU diante de amue i, e, sem ela, cstc\e
23 Cntão, foi para a casa dos profetas, em deitado em terra todo aquele dia e toda aquela
Ramá; c o mesmo Espírito de Deus 'eio sobre noite; pelo que se dit: Está também aul entre
ele, que, caminhando, profetiza' a até chega r à os profetas?

1. Matar Davi. Litera lmente, "causar a a influência sobre o pai e, ao mesmo tempo.
morte de Dm i". aul decidiu fater de Davi sahou o amigo da morte certa.
o aho de um e\purgo político e discutiu o 4. Não peque o re i . Ligado a seu
assunto com Jônatas e com a lguns oficiais amigo por laços ainda mais próximos que
do governo. em dú' ida, garantiu-lhes imu- os de sangue, com o amor "ultrapassando o
nidade de qualquer punição. amor de mulheres" (2 m 1:26) e conhecedor
Esta foi a quinta tentativa de aul para dos pensamentos mais fntimos do coração
eliminar Da\ i: ( I) atirou sua lança contra de Davi, ]ônatas se encontra\'a na posição
ele (I m 18:10, 11); (2) tentou realizar seu ideal para fater mediação entre Da' i e S.wl.
mau desígnio, colocando Da' i na frente da Ao suplicar a seu pai, l'oram manifestos o
batalha, na e\pectati,·a de que fosse morto respeito pela autoridade c umJ estritJ consi-
( I m 18: 17); (3) enganou-o, prometendo a deração pelo princípio. endo filho de Saul,
mão de 1\ lerabe, mas dando-a a outro, talvct ele conhecia os argumentos que teria m mais
pensando que Da" i reagiria com' iolência c, peso junto ao rei : a 'itória de Da\ i sobre
como resultado. fosse punido (I m 18:19); Golias e seu sen iço leal e contínuo ao rei.
(4) depois disso. deu permissão a Da' i para pessoalmente, em todas as ocasiões.
obter o dote de lica l por meio de uma mis- 5. Sem causa. Com tato, Jônatas prm ou
são poderosa ( I m 18:25); e (5) como era C\ i- a Saul que ele não tinha moti\O para matar
dente que o Senhor estava com Dm i. 'aul Od\ i, ao lembrá-lo de que, na 'erdade. ele
:; procurou a ajuda de outros para matá-lo. contava com di\'ersas ruõcs para apreciar o
3. Falarei. A ad\ersidade pro' a a since- sen iço leal do súdito.
ridade de uma amizade \crdadeira. Jônatas 6. Saul atendeu. Como são eficatcs
sabia que Da" i não pensma em usurpar o as palavras certas no momento certo (\er
trono, mas não conseguiu comencer aul p, 25: li ; ls 50:4)! Jônatas sabia que seu pai
disso. A posição de Jônatas não era f<íc il, estava errado, não só nesta ocasião. mas
pois ele se colocaria no papel de se opor aos em muitas outras. lo entanto, nada teria
desejos de um tirano, e o po' o poderia pen- ganhado se ti\ esse repreendido o pai com
sar que esta\'a sendo desleal ao próprio pai. se' e r idade por seus erros.
o entanto, como um amigo verdadeiro, 8. Com gra nde derrota. O enhor deu
Jônatas contou a Dm i a verdade sobre Sau l, ao rei novas C\ idências da lealdade de Da\ i
não para assustâ-lo, mas para ad' erti-lo c e do \alor de seus sen iços.
lhe garantir a aliança de um amigo verda- 9. O espírito maligno. Ver com. de
deiro. Esta foi urna pro\'a real para Jônatas. I m 16:14, 15. 0diabosabia,desdeomomento
Cle precisou se decidir entre a lealdade ao da unção de Davi, que ele estm a sendo capa-
pai ou a Dm i. Cra imposshel continuar leal citado para assumir o reino. Por isso, já era
a ambos. Jônatas demonstrou sensate7 ao se de se esperar que o maligno tentasse sub-
comportar de uma maneira que conservou verter o plano de Deus. Clc não poderia ter

586
I SAi\IUEL 19:14

concebido um método ma is eficaL de fazê-lo para lítico na presença de Jesus (Lc 5:19).
do que convencendo a ul de que Davi estava A sabedoria da ação imediata de l\lica l se
tenta ndo usurpar o trono. tornou evidente quando os ofi c ia is comi sio-
10. Fugiu Davi e escapou. eguindo o nados a prender Davi pediram para entrar na
esti lo narrativo hebra ico, os resultados finais manhã seguinte.
da fuga de Davi são dados e mais de ta lhes H á momentos em que a causa do bem
são acrescentados. Davi não escapou de uma ava nça me lhor pela fuga do que pela luta. t
vez; primeiramente, ele foi para s ua casa. Alguns podem pensar que, como Deus
11. Naquela mesma noite. O relato hm ia ungido Davi e Saul se afastara tanto
não revela como M ical ficou sabendo da do direito que pl a n ejava um assassi nato,
ordem de au l para matar Davi. Ela pode teria sido m elhor q ue Davi ficasse firme .
te r visto os oficiais aguardando por seu Até essa ocasião, e le nunca dera as costas a
marido e, conhecedora do caráter do pai. um inimigo. Caso houvesse enfrentado aul
discerniu o propósito deles. Ou, t a lvez Davi com o mesmo espírito usado no embate com
tenha se sentido impression ado a conta r Golias, teria consegu ido atrair muitas pes-
para ela. Quem sabe e le estivesse pensando soa~ para seu lado; mas tal ação levaria a uma
nessa exper iência. quando cantou com fer- guerra civi l, pois au l também era popular e
vor: "O Senhor firma os passos do homem muitos lhe obedec iam. Conforme os acon-
bom" (SI 37:23). É como se D avi estivesse tec ime ntos posteriores demonstram , foram
na encosta de uma montanha, sem teto e necessários sete anos após a morte de Saul
sendo caçado como um an ima l selvagem. para Davi ser aceito por todo o Israel. Davi,
o entan to, depois de uma noite de temor, portanto, procedeu como Cristo. Destemido.
ele podia dizer : "E u, porém, cantarei a Tua o Salvador poderia ter convocado os exér-
força ; pela manhã louvarei com a legria a Tua citos do Céu para auxi liá-lo. Em \'ez disso,
misericórdia; pois Tu me tens sido alto refú- permitiu que homens maus triunfassem
gio e proteção no dia da minha a n gústia" tempora ria mente.
( I 59: 16; ver o título deste sa lmo). 13. Um ídolo do lar. Do heb. terafim
12. Por uma janela. A palavra tradu- (\C' r com. de G n 31:19; Lv 19:31). Um ídolo
zida por "janela" provém de um verbo que de tamanho suficiente para ser confundido
significa "cava r", "perfurar". Antigamente, as com um homem é bem incomum.
casas costumavam ser construídas com todas À cabeça. Ou, "à cabeceira" (A RC).
as entradas \Oitadas para um pátio fechado , Um t e cido. A palaHa traduz ida neste
com exceção de um a entrada principal. Em versículo por "tecido" não ocorre em nenhu-
gera l, os telhados eram planos, sendo possí- ma outra passagem do AT, e seu significado
vel s ubir até e les pelo interior da casa ou pe lo é incerto. Pode ser que se tratasse de uma es-
pátio. O registro não diz se a janela pela qual pécie de peruca fe ita de pelo preto de cabra,
i\ Iica I desceu Dav i ficava no telhado, ou se colocada na cabeça do ídolo, imitando cabe-
da,a para a parte de trás da casa. De todo lo humano.
modo, era em algum lugar oposto à entrada 14. Está doente. Embora Da' i pudesse
da frente, onde os emissá rios do rei monta- estar litera lmente "doente", é mais prová-
vam gua rd a. Os espias desceram os muros vel que i\ lica l tenha cont ado uma mentira
de Jeric6 de maneira semelhante (Js 2: 15); do de libe rada. c esse for o caso, sua ati tude
mesmo modo, desceram Paulo pelo muro de não deve ser desculpada, apesar de ter dado
Damasco (At 9:25); os discípulos abriram o ma is tempo para Davi conseguir fugir (ver
te lhado p lano de uma casa para co locar um v. 15, 16).

587
19:17 CO !VI E TÁ RI O BÍBLI CO ADVE T ISTA

17. Por que assim me enga naste[ ...]? Totalmente assustado pela tentativa de
Sau I ficara fe liz de usar !VI ica l como e ngodo Saul de ti ra r sua vida , Dav i naturalmente
para atrair Davi à própria morte; mais tarde, procurou o conselho daquele que o chamara
ficou nervoso por que a fi lha escolheu ser do aprisco para uma posição de responsabili-
leal a Davi, não a ele. Ludibriado, temia dade em Israel e que, possivelmente, o ensi-
perder autoridade com seus oficiais. Fica nara em Ramá . Com amuei, ele se sentiria
c laro que l\ l ical herdara a lgumas das carac- tão seguro quanto se hoU\ esse um santuá-
terísticas do pai; e la não hesitou em dar a r io para onde pudesse fugir (ver I Rs I:50-
desculpa de que o marido havia ameaçado 53; 2:28-34).
matá-la. Essa mentira deu a aul um moti\O F icaram na c asa dos profe t as. Talvez
para buscar com ainda mais vigor seu pro- "sentaram-se nos alojamentos .., mas o signi-
pósito de assassinar Davi, pois, e le teria ficado é incerto. O \ e rbo yaslwb, "habitar..,
ameaçado sua filh a. e Davi ousava matar também quer dizer "sentar", como um rei em
a fi lha do rei, não haveria segurança para seu trono, um juiz perante o tribuna l ou um
nenhum membro da família real até que ele professor em sua classe. A "casa dos profetas"
fosse exterminado. A falsidade , porém. era ficava em Ramá (v. 19, 22, 23); talvez fosse
resultado da educação dada por aul, e e le um dormitório construído por amuei para
só podia culpar a si mesmo. O exemplo de jO\ ens que estudavam em sua esco la. Da\ i
engano dado por Labão também retornou encontrou amuei em Ramá, instruindo seus
para e le em forma de praga (G n 3 1:14-20. alunos, não em seu circuito anual por Israel ~
35). Labão, Jacó e au l verificaram a ver- ( I m 7: 16, 17).
dade da declaração de Cristo: "com a medida 2 0 . E n viou S a ul m e n s age iros . Por
com que tiverdes medido, vos medirão tam - três vezes, o desígnio de aul foi frustrado
bém .. (l\ lt 7:2). pelo comportamento dos homen que ele
J 8 . Veio a Sa mue l. Sem dúvida, Davi mandou para levar Davi a Gibeá (ver v. 21).
estava muito perplexo com a conduta do líder Um grupo após o outro foi impedido, pelo
escolhido por De us, aul. Por que o enhor Espírito anta, de prender Davi e começou,
perm1t1a que aul continuasse a ser rei? em vez disso, a participar das atividades da
Deus o preferia? ll avia abandonado a nação? escola dos profetas.
O ta be rnáculo e o sen iço religioso em iló Que lhes pre sidia. Ou seja, era o dire-
foram interrompidos; a arca estava na casa tor da escola.
de um levita em Quiriate-Jearim. Te riam 23. E spírito d e Deus . A distância de
sido um engano todos os séculos de serviço Cibeá a Ramá era cerca de 12 km . au l ficou
e religião? Existia mesmo um Deus no Céu? tão ru rioso com os acontecimentos do dia
Ele tinha um plano para Israel? Por que ele, que tomou a deci ão de ma ta r Davi com as
Da"i, deixaria seu trabalho com as 0\elhas próprias mJos, a despeito das conseq uê ncias
para ajudar no desenvolvimento de um reino, (ver PP, 653, 654). o entanto, o poder do
se os elevados padrões pelos quais ele sempre Espírito foi tão forte que levou au l a reYe-
prezara eram deixados de lado? Qual fora o lar toda a sua perfídia, mas a ira do homem
ganho de combater os filisteus, se o rei estava se transformou em louvor a Deus.
determinado a assassinar aquele que obti\era 24. Profe tiz ou dia nte d e Samue l.
a vitória? Davi não ousm·a colocar as mãos no Em sua unção, aul se uniu aos profetas,
ungido do en hor (I m 24:6, IO}, mas não e a sinceridade de seu propósito ocasio-
sabia o que fazer (ver "Peregrinações de Davi nou mudança em seu coração (I m I0 :5-
enquanto fugia de Saul", p. 597, 599). 11). Desta vez, sua ira foi restringida c c\c

588
I SAi\IUEL 20: 1

recebe u uma evidê ncia cla ra d e que Deu s \ estido m ais o u menos com o qua lque r um
estava protegendo Davi. Josefo afirma: ''E le dos a lunos da escola.
estava com a mente desordenada e sob a vee- Ta lve..: a li o Espírito a nto te nha ins is-
m e nte agitação de um espírito; tira ndo as tido com aul pessoa lme nte pe la ú ltima \ CZ.
vestes, e le se prost rou no c hão o dia e a noite É possível que te nha sa ído de seus lábios não
inte ira, na presença de a mu ei e d e Davi" só uma confi ssão da justiça da causa de Davi,
(Antiguidades, vi.ll. 5). m as ta mbé m a conde n ação d e seu s a tos
Deitado. O u, "nu" (AR C). A pa lav ra volun ta riosos. o dia do juízo fi na l, o gra nde
he bra ica pode s ig nifica r completa m e nte nu in imigo admitirá a j ustiça do excelso plano
(Jó I :21), maltrapilho ou m a l vestido (J ó 22:6; d ivi no de sa lvação e o e rro de seus ca m inhos
24:7, 10; ls 58:7), o u , possh e lme nte, ' estido (\ e r Fp2: 10, 11 ).1 ãoobsta nte,antigasi nve-
com uma túnica, sem o m anto (ver ls 20 :2). jas c in imizades ressurgirão numa impe tuosa
es te versículo, é prov<h e l que te nha o C\ pressão fin a l de ódio e fúria (ver CC. 67 1.

último sentido. Em out ras pa lavras, a ul 672). Ass im ocorreu no caso da a nimosidade
tiro u seu m a nto rea l e ficou vestido a pe nas de Saul contra Dav i. Ao reto rna r, o espír ito
de tún ica, u ma peça de ro upa inte rna, usada m a ligno que o controla ra po r ta nto te m po
no rma lme nte em casa. E m gera l, na rua, o encontrou seu coração desprO\ ido da graça
m a nto exte rio r o u a capa e ra m usados po r de De us e se apossou de le com m a is força
c ima. Ao tira r seu m a nto rea l, Saul ficou do que a ntes (ver i\lt 12:-H , 4 5).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-2-t - PP, 652-654 11 . 12, 18-22- PP, 653


2- 10 - PP, 652 23, 2-t - PP, 654

CAPÍTULO 20
Davi consulta jônatas a respeito de Sita segurança. 11 j ônatas e Davi renovam sua
aliança por meio de um jttramento. 14 O si12al de j ônatas a Davi. 24 Saul, ao dar falta
de Davi, tenta matar jônatas. 35 ]ônatas, emocionado, se despede de Davi.

Então. fugiu Da\i da casa dos profetas, em Se' II OR, e tu vh es, Jônatas, apenas há um passo
Ramá, e veio, c disse a Jônatas: Q ue fi7 eu? Qual entre mim e a morte.
é a minha culpa? E q ual é o meu pecado diante 4 Disse Jônatas a Davi: O que tu desejares
de leu pai, que procura tirar-me a vida? eu te farei.
2 Ele lhe respondeu: Tal não suceda; não serás 5 Di sse Dav i a Jônatas: Amanhã é a Festa da
morto. 1\ leu pai não fa7 coisa nenhuma, nem gran- Lua Nova, em que sem falta deveria assentar-me
de nem pequena, sem primeiro me dizer; por que, com o rei pa ra comer; mas deixa-me ir, e escon-
pois, meu pai me ocultaria isso? 1 ão há nada disso. der-me-ei no campo, até à terceira tarde.
3 E n\.ão, D avi respondeu enfatica meme: 1\ lui 6 Se teu pa i notar a minha ausência, d irás:
bem sabe teu pai que da w a pan e achei mercê; Davi me ped iu muito q ue o deixasse ir a tOda
pelo q ue d isse consigo: l ão saiba isto Jônatas, pressa a Belém, sua cidade; porq uanto se faz lá
j para q ue não se entristeça. Tão certo como vive o o sacrifício a nual pa ra toda a fam ília.

589
20: l COMENTÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

7 e disser assim: Está bem! Então, teu servo 21 Eis que mandarei o moço e lhe direi :
terá pu. Porém, se muito se indignar, sabe que já Vai, procura as flechas; se eu disser ao moço:
o mal está, de fato, determinado por e le. Olha que as flechas estão para cá de ti, traze-as;
8 Usa, pois, de misericórdia para com o teu então, vem, Davi, porque, tão certo como' ive o
servo, porque lhe riLeste entrar contigo em alian- Se ' IIOR, terás paz, e nada há que temer.
ça noS~::~ HOR; se, porém, há em mim culpa, ma- 22 Porém, se disser ao moço: Olha que as fl e-
I '
ta-me tu mesmo; por que me levarias a teu pai? chas estão para lá de ti. Vai-te embora, porque o
9 Então, disse Jônatas: Longe de ti tal coisa; SENHOR te manda ir.
porém, se dalguma sorte soubesse que já este mal 23 Quanto àquilo de que eu e tu falamos , eis
esta,·a, de fato, determinado por meu pai , para que o E HOR está entre mim e ti , para sempre.
que viesse sobre ti , não to declararia eu? 24 Escondeu-se, pois, Davi no campo; e, sendo
10 Perguntou Da\i a Jônatas: Quem tal me a Festa da Lua 'ova, pôs-se o rei à mesa para comer.
fará saber, se, por acaso, teu pai te responder 25 Assentou-se o rei na sua cadeira, segun-
asperamente? do o costume, no lugar junto à parede; Jônatas,
11 Então, disse Jônatas a Davi: Vem, e saia- defronte dele, e Abner, ao lado de Saul; mas o
mos ao campo. E saíram. lugar de Davi estava desocupado.
12 E disse Jõnatas a Davi: O Se IIOR, Deus 26 Porém , naquele dia, não disse au l nada,
de Israel, seja testemunha. Amanhã ou depois de pois pensava. Aconteceu-lhe alguma coisa, pela
amanhã, a estas horas sondarei meu pai ; se algo qual não está limpo; tahez esteja contaminado.
houver favorável a Davi, eu lo mandarei diter. 27 Sucedeu também ao outro dia, o segundo
13 Mas, se meu pai quiser fazer-te mal , faça da Festa da Lua ova, que o lugar de Davi con-
com Jônatas o SENHOR o que a este aprou\ er, se tinuava desocupado; disse, pois, Saul a Jônatas,
não to fizer saber eu e não te deixar ir embora, seu filho : Por que não veio a comer o filho de
para que sigas em pa1. E seja o SE 'IIOR conugo, Jessé, nem ontem nem hoje?
como tem sido com meu pai . 28 Respondeu Jônatas a Saul: Davi me pediu.
14 Se eu, então, ainda viver, pon e ntura, não encarecidamente, que o deixasse ir a Belém.
usarás para comigo da bondade do SE HOR, para 29 Ele me disse: Peço-te que me de ixes ir,
que não morra? porque a nossa famflia tem um sacriffcio na ci-
15 em tampouco cortarás jamais da minha dade, e um de meus irmãos insiste comigo para
casa a tua bondade; nem ainda quando o Se. IIOR que eu \'á . e, pois, agora, achei mercê aos teus
desarraigar da terra todos os inimigos de Davi . olhos, peço-te que me deixes partir, para que 'eja
16 Assim, fe7 Jôn atas aliança com a casa de meus irmãos. Por isso, não veio à mesa do rei.
Davi, dizendo: Vingue o SE HOR os inimigos de 30 Então, se acendeu a ira de Saul contra
Davi. Jônatas, e disse-lhe: Filho de mulher perversa e re-
17 Jônatas fez jurar a Davi de novo, pelo amor belde; não sei eu que elegeste o filho de Jessé, para
que este lhe tinha, porque Jônatas o amava com vergonha tua e para vergonha do recato de tua mãe? ·~
todo o amor da sua a lma. 31 Pois, enquanto o fi lho de Jessé viver sobre
18 Disse-lhe Jônatas: Amanhã é a Festa da a terra, nem tu estarás seguro, nem seguro o teu
Lua Nova ; perguntar-se-á por ti , porque o teu reino; pelo que manda buscá -lo, agora, porque
lugar esta rá va7io. deve morrer.
19 Ao terceiro dia, descerás apressadamente 32 Então, respondeu Jônatas a aul, seu pai, c
e irás para o lugar em que te escondeste no dia lhe disse: Por que há de ele morrer? Que fez ele'
do ajuste; e fica junto à pedra de ELel. 33 Então, Saul atirou -lhe com a lança para
20 Atirarei três flechas para aquele lado, o ferir; com isso entendeu Jônatas que, de fato,
como quem a tira ao a lvo. seu pai já determinara matar a Davi.

590
1 SAM UE L 20:3

34 Pelo que Jônatas, todo encolerizado, se le- e voltou ao seu senhor.


vantou da mesa e, neste segundo dia da Festa 39 O rapaz não entendeu coisa alguma; só
da Lua Nova, não comeu pão, pois ficara muito Jônatas e Davi sabiam deste ajuste.
sentido por causa de Davi, a quem seu pa i 40 Então, Jônatas deu as suas armas ao rapaz
havia ult rajado. que o acompanhava e disse-lhe: Anda, leva-as à
35 a manhã seguinte, sa iu Jônatas ao cidade.
campo, no tempo ajustado com Davi , e levou 41 Indo-se o rapaz, levantou-se Davi do lado
consigo um rapaz. do sul e prostrou-se rosto em terra três vezes; e
36 Então, disse ao seu rapaz: Corre a buscar beijaram-se um ao outro e choraram JUntos; Davi,
as flechas que eu atirar. Este correu. e ele ati- porém, muito mais.
rou uma flecha, que fez passar além do rapaz. 42 Disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz, por-
37 C hegando o rapaz ao lugar da fl echa que quanto juramos ambos em nome do E IIO R, di-
Jônatas havia atirado, gritou Jônatas at rás dele zendo: O EN IIOR seja para sempre entre mim e
e disse: ão está a flecha mais para lá de t i? ti e entre a minha descendência e a tua.
38 Tornou Jônatas a gritar: Apressa-te, não te 43 Então, se levantou Davi e se foi ; e Jônatas
demores. O rapaz de Jônatas apanhou as flechas entrou na cidade.

1. Fugiu Davi. Com certeza, pa ra e desejos n ão fora m sempre trazer sucesso


G ibeá, a fim de conversar com Jô natas. Davi a m eu a m ado povo? Em q ue errei o a lvo e
não te ria o usado volt a r pa ra lá enqua nto Sau l fa lhei e m me u propósito?"
a li estava, mas, sob o poder de restrição d o 2 . Tal não suceda. Do heb. halilah,
Espírito, o rei pe rma neceu e m Ram á a ma ior usado como excla mação d e aversão, u m pro-
pa rte d o dia e da no ite (ver ISm 19:23, 24). testo; ta mbé m é traduzido por "lo nge de t i",
A de m ora de u a Davi uma opo rtunidade de como no v. 9. Jôn atas pa rece te r certeza d e
se e ncont rar com Jôn atas e descobrir qua l era q ue as ações de seu pa i se devem ao estado
a at itude de aul. Não se faz me nção a Davi de louc ura. Ele gara nte a Davi q ue aul n ão
visita ndo a esposa nessa ocasião. E le tinha fa ria nad a em segre do, p ois já havia conver-
certeza de que Jô na tas g u arda ria segre do, sado a nte rio rme nte com Jô nat as e seus ofi-
m as não sabia qual seria a reação d e t-. lical cia is sobre mata r Davi ( IS m 19: 1). Jô natas
(ver "As Pe regrinações d e Davi e nqua nto conseguira a rrazoa r com Saul e aca lmá-lo ;
fugia de Saul ", p . 598). tinha certeza de que hav ia solução para o
Minha culpa. A s duas pa lavras, "cu lpa" pro ble m a. Po ré m , de pois de ver a atitude do
e "pec ado", não são sinô nimos repetitivos. re i na casa dos profetas em Ra m á , Davi n ão
A pa lavra 'awon, tradu zida por "c ulpa", vem se convenceu .
d o radica l 'awah, "te r uma m ente pe rversa". 3 . Davi respondeu e n fatic amente .
/<h von cos tuma envolver a culpa e o castigo Ou seja, a firm ou com um jura m e nto que
pe lo pecado. A pa lavra hatta'ah, traduzida po r sa bia d aquilo q ue fa lava. Davi ch amou a
"pecado", vem do radica l hata', "erra r o a lvo". ate nção de Jônatas para o fato de q ue Sau l
Davi estava p erg unta ndo: "Qua l é minha t inha conhecimento d a a mizade e n tre
cu lpa e e m que fui pe rverso e m minha ati- e les. Embo ra Jô na tas ho uvesse conseguido
tude contra o rei ou o reino? Eu não lutei pe rsuadir o pa i no passa do, Davi tem ia que
por Saul nas ci rcu nstâ nc ias ma is provadoras? aul prosseguisse com seus planos m a lignos
l ão fi z um serviço vale nte po r Israel, com - e m segred o, sem fa lar sobre o assu nto com .. ;s
batendo os inimigos da nação? M e us motivos ningué m , qua nto menos com o próprio fi lho.

59 1
20:5 COi\ l E TÁRIO BÍBLICO ADVENTlSTA

Talvez Jô natas não houvesse visto o pai logo as tribos eram agrupadas em c lãs, ou famí-
antes da experiência em Ramá e não sou- lias (ver Ê>. 6:14-30). as tribos de Benjamim
besse da mudança súbita para pior. e Jud á, é possível que um clã se reunisse em
Passo. Do heb. pesa'. A pala\ ra só ocorre Gibeá e outro em Belém.
nesta passagem no AT. Seu uso na expres- Alguns questionam a integridade de Dm i
são ilustra um coloquialismo comparável a ao pedir a Jônatas que falasse a aul sobre
expressões idiomáticas modernas. Elas dão uma suposta visita a sua casa, pois acre-
cor à narrativa e evidenciam a autenticidade ditam que Davi não planejava ir a Belém.
da história. o entanto, uma análise cuidadosa do con-
Da\ i tivera poucas horas para se recupe- texto não confirma o argumento. Com
rar do susto, e, então, era capat. ele pensar e frequência, as narrativas bíblicas omitem
planejar com clare?a. Ele demonstrou verda- muitos detalhes que, se fornecidos , esc la-
deira lideran ça ao delinear o plano de obter receriam o panorama. O breve relato aqui
as informações necessárias para determinar fornecido dá a impressão de que todo o inci-
as ações ruturas. dente era uma invenção para testar a atitude
5. Festa da Lua Nova. Os israelitas, de au l. Todavia, a declaração de Jônatas ao
como muitos dos povos vizinhos ao redor, pai (v. 28, 29) sugere fortemente que os ami-
seguiam um calendário lunar, no qual o pri- gos discutiram bem a questão e que fala -
meiro dia do mês começava na noite do sur- ram muito mai s do que o registrado. Fica
gimen to da lua crescente. O primeiro dia do c laro que Davi planejava \'er seus irmãos, e
mês, chamado de "lua nova", era um momento é prová\cl que tenha feito uma breve visita
de festividades especiais, que incluía ofer- a Belém (\er PP, 654, 655). Porém, antes de
tas ( m 28: I I- I 5) e o toqu e de trombetas aul mandar a lguém buscá-lo, e le \Oitou e se
sobre as ofertas e sacrifícios ( m 10:10). escondeu no campo, esperando a informação
Essas festas eram rituais tribais c com uni - de Jônatas sobre a reação do rei.
tárias da época, e seria esperado que Davi, 8. Se, porém. Davi tinha consciência
genro de Sau l. esti\ esse presente. A narra- de que sua condição não se devia a nenhum
tiva não diz qual era o mês. No entanto, uma pecado de s ua parte. Se o fardo da culpa
veL que esta\'a ocorrendo também uma festa fosse acrescentado ao infortúnio de ser tra-
em Belém chamada de "sacrifício anua l" tado como inimigo político c à tristet.a de
(I Sm 20:6), é possível que se tratasse de \ i\·er fugindo, o peso teria sido quase esma-
uma festa anual, provavelmente o ano novo, gador. 1\ certeza de sua inocência sustentou
que ocorria no primeiro dia do sétimo mês, Davi na hora de pro\·ação.
tisri, no outono, como hoje no ca lendá rio Uma consciência limpa pode compensar
judaico moderno (ver p. 92). Esse aju nta- qualquer perda neste mundo. Aqueles que
mento fora autorizado no lugar de um encon- !>CnLem imcja dos ímpios, tjUC se permitem
tro central ele todas as tribos (Dt I 2:5-16). desfrutar os prazeres do pecado, devem se
os dias de Eli, era em Siló; mais tarde, na lembrar que esses prazeres são pagos com
época da monarquia , Jerusa lém. Depois que horas de remorso e aversão a si mesmos.
a arca foi tirada de Si ló, é bem provável que i\luitos que beberam da fonte poluída da
cada região realizasse o próprio encontro. Terra dariam tudo o que têm para desfazer
Portanto, o mesmo tipo de festa em Belém o passado e apagar a mancha vi l de sua vida.
poderia ser reali7ado em Gibeá. Em contrapartida, os que podem olhar
6. Para toda a família. Ou, "para todo para Deus e para Seus semelhantes com
o clã". Israel era dividido em 12 tribos, mas a consciência livre de ofensas são pessoas

592
AMUE L 20:13

mais felizes. Talvez possuam poucas vanta- excentricidades, fazendo concessões a todo
gens materiais, mas têm um tesouro que nem seu jeito dominador e autoritário?
mesmo toda a riqueza do mundo seria capa7 A resposta a essas perguntas se encon-
de comprar (ver IPe 3:13-17). tra nas palavras de Paulo: "desse mesmo a
9. Este mal estava, de fato, determi- quem obedeceis sois servos" (Rm 6: 16). Por
nado. Jônatas sentia que Davi estava errado causa do livre-arbítrio, o ser humano dá seu
em suas deduções relativas à atitude de Saul. serviço, seus pensamentos e sua perspectiva
Ele parecia estar certo de que e ra apenas na vida a um dos dois mestres, dois líderes
~ a loucura do pai que o fazia agir, às vezes, que representam padrões diametralmente
como um demônio. Ele poderia ter contra- opostos. Ta lvez Saul tenha servido ao eu
dito Davi abertamente; mas, como a questão durante a juventude. É possível que fosse o
afetava o amigo de forma pessoal, ele cedeu, filho problemático da casa de seu pai, pra-
por vontade própria, ao método de Davi para ticasse o buliJ•ing contra seus colegas, ma ,
descobrir a intenção de Saul. O futuro reve- assim como Judas, era um líder nato. e isso
laria a \erdade e, afina l, não havia mal algum for verdade, é fácil entender a ansiedade de
em seguir a proposta do am igo. seu pai quando Saul estava longe de casa,
H á uma lição va liosa nessa experiên- procurando suas jumentas. Contudo, em
c ia. As pessoas não têm a mesma hera nça sua unção, houve provas abundantes de que
genética nem viveram no mesmo ambiente; Deus o aceitava, a despeito de suas faltas,
por isso, não abordam os problemas da vida e lhe deu um novo coração (ISm 10:6, 9).
da mesma form a. Cada uma acredit a que Apesar disso, Saul se recusou a andar de
seu método é o correto. O resulto é, com acordo com a lu7 do Céu. Em contrapartida,
frequência, uma divergência de opini ões, seu filho Jônatas escolheu seguir interesses
contrad ições e recriminações. Palavras pre- a ltruístas. Cedo na vida, por meio da ora-
c ipitadas são lançadas de um lado para o ção e da entrega à providência di' ina, esse
outro, separando famílias, amigos e até côn- príncipe desenvolveu aos poucos a política
juges. O egoísmo cresce e o orgulho torna consolidada de seu ponto de vista. Essa expe-
o lugar, quer seja justificável, quer não. riência , junto com outras, deve ter se passado
Este capítulo aprese nta o cont raste mar- pela mente de Davi quando posteriormente
cante entre a maneira de Saul e a de Jônatas cantou: "Oh! Como é bom e agradável vi\ e-
de lidar com tais situações. Saul, em sua rem unidos os irmãos!" ( 11 33:1).
impaciente tira nia e intolerância, sentia 13. E seja o SENHOR contigo. No
que precisava ser o primeiro, e o que ele campo, ] ônatas se aliou a Davi por meio do
dizia precisava ser cor reto e a palavra final. juramento solene de que nunca o abandona-
Qualquer pessoa que discordasse deveria ria , a despeito do que acontecesse. e a notí-
ser e liminada, a despeito dos meios usados cia fosse boa, conforme esperava, e le não
para fazê-lo. Contudo, seu filho abordava abandonaria Davi. Por outro lado. se a notí-
a vida por um ângu lo completamente dife- cia fosse ruim, contaria e verdade e oraria
rente. Por que existia essa diferença entre para Deus abençoá-lo enquanto fugia para
pai e filho que\ iviam no mesmo ambieme e salvar a vida. Jônatas fora pessoalmente con-
tiveram a mesma educação? Deus ilumina\'a vencido da presença do Senhor com seu pai
a vida de um e não a do outro? Saul nas- quando este assumiu as pesadas responsa-
ceu para ser mau , e seu filho, para refletir bilidades do reino. Porém , desde o encon-
traços nobres de caráter? As pessoas eram tro com Davi, ele recebeu a impressão divina
obrigadas a aceitar au l com todas as suas de que Deus também havia planejado um

593
20: 15 COME TÁRlO BÍBLICO ADVE TlSTA

importante destino para seu amigo, que especia l (ver Lv 15; 1 m 21:3-5; etc.). ua
seria rea lizado, a despeito da malícia de Saul principal preocupação no momento não era,
contra ele. Por meio dessa atitude, Jônatas porém, com a form a do culto, mas com o
demonstrou verdadeiro altruísmo. pa radei ro do jovem que ousara receber os
15. Jamais. Ou, "eternamente" (A RC). aplau sos do povo à frente do rei.
Do heb. 'ad-'aola111 , litera lmente, "até uma 27. Ao outro dia , o segundo. Se fosse
idade". A idade era determinada pela ideia simplesmente uma questão de impureza,
~ com a qual estava associada. este ca o, o Davi poderia se lavar e es taria limpo à tarde,
período se ri a a duração da ex istência simultâ- portanto, presente no segundo dia. Quando
nea das duas casas. O termo "eternamente", Sau l descobriu que Davi estava ausente,
ou ''para sempre", nem se mpre significa um revelou seus reais sentimentos ao perguntar
período de tempo ilimitado (ver no com. de a seu filho onde estava "o filho de Jessé". cu
Êxodo 21:6). ódio era tão grande que as palavras prova, ci-
Da minha casa. Por laços de sangue. mente não foram nada gentis (ver v. 31). Por
Jônatas fazia parte da casa que havia jurado duas vezes, Davi escapara de suas mãos; ele
inimizade contra Davi. Todavia, ele reconhe- estava determ inado a não deixar isso acon-
cia o propósito de Deus de confiar a liderança tecer de no' o.
de Israel a seu cunhado. Jônatas escolheu se 28. Pe diu, encarecidamente. Ver
aliar à casa indicada pelo Senhor para subs- com. do v. 6.
tituir a família decadente na qua l ele nas- 30. Mulher perversa e rebelde. A pa-
cera. No coração de Jôna tas, o plano divino lavra "mu lher" é omitida no hebraico, mas
era mais importante que os laços fami liares. perfeitamente justificada, pois as pala' ras
Isso não ocorreu porque ele almejava a sua "perversa" e "rebelde" se encont ram no fe -
segurança pessoal, mas por entender que a minino. Por isso, "mulher" de\'C ser suben-
verdade deve triunfar. tendido . Alguns já sugeriram que, ao dei \ar
16. Fez Jônatas aliança. É difícil tra- de incluir "mulher" e colocar os dois adje-
duzir o hebraico deste versículo. A versão da tivos no gênero feminino, Sau l estava fa-
LXX diz: "E se tu não, quando o enhor e li- zendo um insulto d a pior forma possível
minar todos os inimigos de Davi da face da ao se recusar até mes mo a proferir a pa la-
terra, caso ocorra que o nome de Jônatas seja vra "mulher" ou ·'mãe", tão nervoso que só
descoberto pela casa de Davi, então que o conseguiu emitir adjetivos. Um dos piores
enhor persiga os inimigos de Davi.'' insultos entre os orien tais é falar mal da
23. Entre mim e ti. aturalmente, mãe de alguém.
Jônatas e pera,·a boas notícias. Se algo dife- 31. Nem tu estarás seguro. au l
rente acontecesse, ele tinha a certeza de que, estava determinado a manter sua dinastia, a
de a lgum modo, o Senhor realizaria cus despeito de qualqu er questionamento sobre
propósitos. Estava cer to de que o mesmo o certo e o errado. Ao fazer essa escolh a, o
Deus que dera a e le e a Davi tantas horas rei de Israel seguiu o exemp lo dos monar-
preciosas de companheirismo continuaria a cas dos povos vizinhos, que estabeleciam o
cuidar de ambos. trono à força , lutavam e morriam para man -
26. Não está limpo. 1\ Iesmo com todos ter sua dinastia. aul não esta' a d isposto a
os seus traços de maldade, Saul continuava reconhecer que Deus era o supremo gover-
a se apegar à forma. Ele compreendia que nante de Israel.
qualquer impureza cerimonia l seria motivo 34. Ficara muito sentido por causa
suficiente para Davi se ausentar da festa de Davi. A experiência foi uma desilusão

594
I Ai\ IUEL 20:-i I

chocante para Jõnata . O rompimento aberto propósito de sua ida ao campo. Os outros
com o pai foi algo muito doloroso para ele. pensariam que ele fora apenas caçar ou trei-
ua decisão de se aliar ao ''filho de Jessé" nar tiro ao aho.
estava sendo testada, mas e le se recusou a 38. Apressa-te. Ver o v. 22. Estas pala-
dei\ar o que é correto. Assim como i\ loisés, ' ras foram acrescentadas para impressionar
que deu as costas ao trono do Egito, Jôna tas Dm i quanto à gravidade da situação.
preferiu "ser maltratado junto com o povo 41. Davi, poré m , muito mais.
de Deus a usufruir prazeres transitórios do Literalmen te, "Dm i fe7 se tornar grande".
pecado" (llb 11 :25). Ele sabia, por experiê n- O significado exato da frase é incerto.
cia própria, da \erdadc que Cristo declarou A LXX transmite a ideia de chorar por
mais tarde: '' Quem ama seu pai [... ] mais do muito tempo ou de um grande clíma\.
que a l\ lim não é digno de l\ lim" (i\ lt 10:37). Alg un s entendem as palavras no sentido
35. Um rapaz. Uma \ eL. que o ''rapaz" literal, de que Davi "se fortaleceu" para o
(e, ou arco e flechas , Jônatas disfarçou o desario à sua frente.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-42 - PP, 654, 655 1-3. 5 - PP. 654 6. 7, 25-35, 41. 42- PP. 655

CAPÍTULO 21
1 Davi conseg ~le pão sagrado com Aimeleque e m Nobe. 7 Doeg11 e pre encia tudo.
8 Davi pega a espada de Golias. lO Davi se f inge de louco e m Cate.

Então. \Cio Davi a obe, ao s<~ccrdote '~agem comum, quanto ma i~ serão puros hoje!
1\imeleque; Aimeleque. tremendo. saiu ao en- 6 Deu-lhe, pois, o sacerdote o pão sagra-
contro de D<1~i e disse-lhe: Por que vens só. e do, porquanto não ha' ia ali outro, senão os
ninguém, contigo? pães da proposição. que se tiraram de diante
2 Respondeu Da~ i <lO sacerdote \imeleq uc· do C.,t "IOR , quando trocados, no de\ ido dia ,
O rei deu-me uma ordem e me disse : inguém por pão quente.
saiba por que te em io e de que te inc umbo; 7 t\ cha,·a-se ali, naquele dia, um dos servos
quanto aos meus homens, combinei que me en- de Saul. detido perante o 1: '\ IIOR , cujo nome era
contr<Jssem em tal e tal lugar. Doegue, edomita, o maioral do pastores de aul.
3 Agora, que tens à mão? Dá-me cinco pães 8 Disse Dada Aimeleque. Não tens aqui à
ou o que se achar. mão lança ou espada a lguma? Porque não trou-
4 Respondendo o sacerdote a Da\ i, disse-lhe: xe comigo nem a minha espada nem as minhas
ão tenho pão comum à mão; há, porém, pão armas, porque a ordem do rei era urgente.
sagrado, se ao menos os teus homens se absti- 9 Respondeu o sacerdote: A espada de Golias,
veram das mulheres. o filisteu , a quem mataste no va le de lá, está
5 Respondeu Da' i ao sacerdote e lhe disse. aqUI. envolta num pano detrás da estola sacerdo-
Sim, como sempre, quando saio à campanha, ta l; se a queres levar, leva-a, porque não há outra
foram -nos 'edadas as mulheres, e os corpos aqui, senão essa. Disse Da' i: l ão há outra se-
dos homens não estão imundos. e ta l se dá e m melhante; dá-ma.

595
21: I CO lE I TAR!O BÍBLICO ADVE TISTA

I O Lc' antou-se Dm i, naquele dia. c fugiu de 13 Pelo que se contrafe1 diante deles, em
diante de Saul, e foi a Aquis, rei de Cate. cujas mãos se fingia doido, esgra' ata\ a no~
li Porém os sen·os de Aquis lhe disseram . postigos das portas e deha' a co rrer sal!' a
Este não é Dm i, o rei da sua terra? Não é a pela barba.
este que se cantava nas danças, di7endo. Saul 14 Então, disse Aquis aos seus scn os. Bem
feriu os seus milhares, porém Da' i, os seus de1 'edes que este homem está louco; por que mo
milhares? trouxestes a mim?
12 Da' i guardou estas palavras , conside- 15 Faltam-me a mim doidos, para que trou-
rando-as consigo mesmo, e te,·e muito medo de xésscis este para fa7er doidices diante de mim?
Aquis, rei de Cate. I lá de entrar este na minha casa?

J. Nobe. Esta é a primeira referên - os cultos provavelmente eram reali1ados


cia das Escrituras ao local. Ele é citado assim como nos dia de Cristo, quando o
apenas seis 'eLes no AT, quatro delas em lugar santíssimo do templo estava 'a1io.
I Samuel 21 e 22. Em nenhuma das pas- Ao sacerdote. Certamente o sumo
sagens é mencionada a posição relativa a sacerdote, o responsável pelo santuário.
outros locais conhecidos. o entanto, em A presença dos pães da proposição (\ er '· 6)
1 eemias I I :32, l obe é listada logo depois mostra que o tabernáculo na época se e ncon-
de Anatote, cidade loca li zada cerca de qua- trava em obe (ver PP, 656).
tro qui lômetros a nordeste da área do tem- Aimeleque. Ver com. de 2 rn 8· 17.
plo, em Jerusa lém. a visão que Isa ías Tremendo. A ansiedade e o medo eram
te' e do exército assírio se aproximando de manifestos na face de Da' i. Airnclcque sabia
Jerusalém pelo norte, ele mencionou \Jobe que algo estava completamente errado. Toda
entre Anatote e Jerusa lé m (Is 10:30-32). a atitude de Davi era tão diferente de antes
Contudo. nessa 'isão, duas outras cidades que \irncleque ficou perple\o, sem ~aber o
são citadas entre Anatote e 1 obe. A AssíriJ que fater.
é 'ista agitando o punho contra o monte 2. O re i de u-me uma ordem. 1 ão
iào, quando chega a obe. t\ estrada há dú, ida quanto ao fato de que Da' i deu
princ ipal para iquérn passa pelo norte de a t\imeleque urna versão errada dos fatos .
Jerusalém , sobre o monte Escopo. de onde Dm i se encontra\ a numa posição de grande
se tinha a última' isào da cidade. À direita perigo. Estava tão transtornado pela recente
da estrada, pró\ imo ao cume do monte, fica mudança nos acontecimentos que foi difícil
um planalto que alguns pensa m correspon- para ele encarar as provações à lu1 das c\ i-
der u loca li1ação de lobe. Essa posição dências manifestas do chamado e do cuidado
(ica'a mais ou menos no meio do caminho protetor de De us. c fug i ~sc para Jmud,
~ entre Jerusalém e Anatote. Outros pensam poderia colocar em perigo a ' ida do' enerá\ cl
que l obc fica,·a no monte das O li, e iras. profeta. e' oltasse para casa, em Cibeá, sua
Foi para obe que o tabernác ulo foi levado , presença poderia Ie' ar à morte da esposa. 1 a
saindo de iló. depois que a arca foi tomadJ sinceridade de sua alma, ansia'a por consul-
pelos filisteus . Porém, a arca permanecia tar ao enhor, c o único lugar em que pôde
na casa de Abinadabe em Quiriate-Jearim. pensar era o tabernáculo e m obe. Uma
i\ lais tarde, Da' i transportou a arca para \ C/ que au l exigia o au\ílio dos sacerdo-
Jerusa lém (2 m 6:2, 3). Urna \ C7 que a arca tes durante as guerras, é prO\ável que Dél\ i,
não !te encont rm·a no tabernáculo na época, na posição de chefe de mil ( ISm 18:13), já

596
I St\i'd U EL 2 J :4

hou,esse passado antes por lo be para pedir c poderia ter escapado da mão assassina do
ajuda antes de prosseguir nos empreendi- rei (\ er PP. 656).
mentos militares. Combine i. Gramaticalmente, a frase
eu problema era como consu lta r t\ ime- pode ser interpretada como palm ras de
leque sem lhe contar a 'erdade sobre a situ- ~aul ou de Davi. Tahet Dm i tenha posicio-
ação. O sacerdote [e; a consu lta. Isso fica nado seus homens peno da estrada oriental
claro no relato de Doegue a Saul ( I m 22: J0) que ia de Cibeá a Belém para\ igiar se hm ia
c pela adm issão sube nte ndida de Aimclc- ol'ic iais de Saul a caminho para prendê-lo.
que de não saber de nada sobre os proble- O con hecimento da mo' imentação dos emis-
mas entre aul e o genro (J m 22: 1-l, 15). '><Írios de aulteria grande \'a for para Daü
Da' i achou a situação em 1 obe muito com- 4. Pão sagrado. Os 12 pães da proposi-
plicada pela presença de Doegue. Parecia çJo eram trocados todos os sábados por uma
que tudo estm a contra ele. Ele precisava de non1 fornada. De acordo com as lei b íticas.
ajuda e, no momento dd tentação. pareci<~ o pJo \e lho só podia ser comido pelos s.tcer-
que a única forma de conseguir dll\ílio c. dotcs, no lugar santo (L\ 24:5-9). f.
ao mesmo tempo. proteger o sacerdote , era Das mulhe res. De acordo com as infor-
falar de um jeito que não re,elassc a Aime- mações disponí,eis, não hm ia nc~da na lei
leque seu moti\O para estar a li. Ao recorrer mosaica proibindo que o pão fosse inge-
ao engano, Da\ i errou (ver PP, 656). rido por aqueles que estm am cerimonia l-
O fato de a Bíblia não condenar a duplici- mente limpos. Alguns já obsenaram que
dade de Da' i não deve ser usado como justi- era costume das nações antigas que até os
ficati\ a para o ato. As Escrituras e\igem que sacerdotes pagãos de abstivessem de relacio-
se fale a \erdade sempre. namento com mulheres antes de desempe-
Do ponto de' ista dos padrões da época, nhar seus deveres oficiais, e é bem prm<hel
a di ss imulação de Dm i seria considcradu que os b itas também observassem tal prá-
ra7oá,·cl, com fins de defesa. Entre os povos tica. egundo a lei mos<.~ica, esse tipo de inti-
do antigo Oriente J\lédio, era- c, <.~té ceno midade torna\ a a pessoa cerimonialmente
ponto, ainda é- costume acreditar que não imunda até a tarde (L\' 15: 16-18; \ er tam-
é errado contar uma mentira para sah-ar um<! bém Êx 19: 15). É pro,·á, cl que , por causa
'ida. Os gibconitas recorreram a essa estra- da urgência dos negócios de aul. também
tégia, e a\ ida deles foi poupada (Js 9:13-18). porque Da' i e ra seu genro e, ao que pare-
Embora Deus aceitasse pessoas contamina- cia, um agente do rei, Aimeleque fechou os
das pelos cos tumes prc,alecentes, procurava olhos para a letra da lei, considerando que
condu? i-las a um padrão mais ele\ ado. Ele Dm i e seus homens estavam cerimonia l-
não as rejeitm a, nem as abandonm a pela prá- mente limpos.
tica ocasional ou ta h e7 habitual desses cos- O pão da proposição, litera lmente, "pão
tumes da época. Era cu plano produ;ir uma da presença", tipifi cava Cristo, o "Pão da
reforma em todas essas questões. Vida" (Jo 6:28-51). Todo e qualquer alimento
Embora Da\ i não pudesse alegar igno- humano, tanto espiriludl quanto m<ttcrial, é
râ ncia por seu alo, o Senhor não o abando- recebido somente pela mediação de Cristo.
nou. Tal\e7 ti, esse sido melhor para e le ir O maná c o pão da proposição dan1m tes-
a amue\, que já con hecia todo o assu nto. tem unho de que "não só de pão \i\ erá o
Deus tinha milhares de saídas pari.\ a dificu l- homem, mas de tudo o que procede da boca
dade. e Dm i hoU\essc contado a \erdade do e nhor" (Dt8:3). Do ponto de' ista do ali-
pa ra Aimcleque, o sacerdote esta ria ciente mento físico, cinco pães era pouco para Davi

597
Mar de Qumerere
AS PEREGRINAÇÕES DE DAVI (Mar da Galile1a)

ENQUANTO FUGIA DE SAUL


(lSm 19-30)
o 10 20 30 40 km •
Meg1d0

-
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I
I

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I

I
I

DESERTO DE

em pre a Aigido pelo ciúme de a ui, algumas ve1es traíd o por aqueles a que m ajudo u. Da'i é d i' i na me nte
protegido e guiado e m cavernas. Aorestas e desert os. Apesar de come ter graYes erros. s ua experiê ncia como
líder d e um ba nd o fugitivo lhe provê tre ina me nt o prático pa ra o trono que lhe foi prome t1do, mas que ele
nunca ou sa u su rpar.
Confira na pági na segu inte urna c have num érica de luga res do ma pa e ta mbém uma lista dos salmos da\ !d icos
ligados a de te rminados eventos de sua vida. '556
I SAMUEL 21:13

e seus homens. 1\ las, se Aimeleque "consu l- dos principais motivos para Doegue delatá-lo
tou o SE HOR" e forneceu "provisões, como posteriormen te (PP, 659).
alegou Doegue ( I m 22:10), a visita ao sacer- 8. Lança ou espada. Ao ver Doegue,
dote valeu a pena. Além disso, se Davi pen- Davi se deu conta de que partira de Gibeá
sasse no significado do pão em suas mãos, com tanta pressa que não tivera tempo de
perceberia mais uma vez a realidade da pre- pegar armas para se proteger em caso de ata-
sença de Deus com ele por onde fosse. Ele que. Por ser foragido, estava à mercê de qual-
precisaria desse tipo de ga rant ia durante os quer um q ue o encontrasse.
anos difíceis que se seguiriam. 9. Espada de Golias. Toda a armadura
6. Pão quente. Alguns dizem que esta de Golias havia se transformado em pro-
é uma evidência de que Davi visitou o taber- priedade pessoal de Davi. É prová\el que,
náculo no sábado, mas o registro diz ape- numa ocasião anterior, ele houvesse dado a
nas que os pães eram tirados quando havia espada ao tabernáculo, como oferta de gra-
outros, quentes, para substituí-los. tidão a Deus. Davi sabia muito bem que o
7. Doegue, edomita. Provavelmente tabernáculo não era um depósito de armas,
um dos reféns ou escravos levados da guerra mas deve ter pensado na possibilidade de a
de Saul contra Edom (I m 14:47). espada a inda esta r a li e, por isso, pergun-
Detido perante o SENHOR. Doegue tou de maneira indireta ao sacerdote se havia
havia aceitado a religião hebraica e estava no alguma arma que ele podia pegar emprestada.
tabernácu lo cumprindo seus votos (PP, 656). Não há outra semelhante. Pela posi-
As circunstâncias desses votos são desco- ção da espada no tabernáculo e peta forma
nhecidas. Fica claro que ele havia comet ido como estava emba lada, fica claro que era
a lgum deslise que lhe valeu a repreensão de guardada como lembrança da grande vitória
Aimeleque, pois esse ato do sacerdote foi um dada providencialmente a Israel. Davi pare-
ceu feliz com o pensamento de ter a espada
em mãos, não tanto por seu valor militar,
'lo. Lugar Ref. E•ento Salmo mas como lembrete constante de que a pro-
ISm
í9
teção do Se nhor seria com ele. Ele precisava
I G1bcá 19 12- 18 D.IVI esc.apc.•
2 Hamá 19 18-24 \ 'é '>a ui em Bam.! de ânimo naque le momento. ;:::
3 C 1beá 20 I. 16 Fa1 ahança com Jõnat." '
4 Belém 20 6. 28 resta em Belém 10. Aquis. Aquis é chamado de Abime-
5 C1beá 20 25-42 Dc~>J Jônata'
~ Nobe 21 1-9 ro~e para A1meleque leque no título do Salmo 34. Aquis era um
Cate 21 10-15 \'lsna Aqu~> .H
8 AduiJo 22 I, 2 E<tcondt.•·\C na Cc.l\·erna 57 nome filisteu , e Abimeleque, semita. O salmo
9 ~ l oabe 22 ~. 4 \'tslla u re1 de ~1nothl'
lO ll cn~te 22.5 Re10m.1 p.1ra JudJ 52 foi escrito por Davi quando fingiu esta r louco
li Quc1l.1 23 I 2 '>ah.1 Que1la
12 Z.le 23 14·23 Trafdu pelos 71feu' 11 ·. 54 perante os fili steus. Por ser foragido, Davi
13 i\laom 23 24-26 C"apa para :O.Iaom
14 Cm·C.ed1 23 29. 24 Encontra·'e com '>aul 142 não encontraria auxílio em Israel. Era comum
15 Pari! 25 I roge p.Iril o deserto 120.121.
16 Carmclo 25.2·42 \"nu N.1bal
que os foragidos de uma nação recebessem
17 llaquil.1 261 25 Cncontr.l·'e com '>.llll abrigo em terras inimigas. Cate não ficava
18 Cate 27 2-5 r<>j(e,cara \<)UIS 56
19 lJcJ.I!(UC 27 6-12 Bc" t· em Zícl~uc longe, talveL a menos de 50 km de lobe. a ui
20 Afeca 29 1· 11 Desped~tlo por 'I"''
21 Zída~ue 30. 1-8 \ ê a c1dade de•a,tad.l dificilmente pensaria em procurá-lo ali. Davi
22 Besor 309- 19 RcsgJt~• os cativos
23 Zíclague 30 26-31 PrcscniCIJ os anu.1o\ conhecia bem a região onde obtivera o dote
2Sm
24 llebrom 2H ~ lud.Hc para llcbrom para se casar com 1\lical. e pudesse confiar
Os 5dlmos h'itados. na úhtma coluno.tli..lo rclac1onddo' JO\ reo,pclii\OS
em Aquis, tinha certeza de que au l não teria
e'"enux em cus própn()<.. sub1hulo~. t:\t.cln os com J'olcri~t:o \lp.uns permissão para levá-lo.
erudum. quesllon~•m ~\~t'~ ~ubtllulo' Contudo. ele~ ocorrem no~
mJnuscrnos hcbnut:~ m,ui{O anugM lm •• t~uns caso\, e~!>.J mformJ A história revela muitas ocasiões em que
c_: .lo no texm hcbrdll:O ~ tncerta
•ver PP. 661. 664 os filhos de De us foram perseguidos pelo

599
22:1 CO l EI TÁR IO BÍBLICO ADVE 'TI TA

próprio pmo e ajudados por aqueles conside- desta e \periência levaram Da\i a reconhecer
rados seus inim igos. Zedequias, por exemplo, a necessidade de depender mais de Deus.
prendeu Jeremias por causa de sua profe- Nesse nmo relacionamento, seu coração se
cia (Jr 32:3), mas os conquistadores babi- encheu de ações de graça e o lou,or o ins-
lônios mostraram misericórdia ao profeta pirou a compor o almo 3-l. A lguns acredi-
(]r 40:1-6). t\ s experiências de Da\i re\e- tam que ele compôs o almo 56 durante a
lam con tras tes e parado-.:os estranhos. Por primeira\ isita ao rei de Cate. É mais prmá-
que Deus permitiu que e le se tornasse um vel e ncaixá-lo na segunda 'isita, depois de
e\ilado? Que tipo de treinamento receberia Saul persegui-lo incansavelmente, b ·ando-o
ao ser o genro do rei num dia , para logo em a quase desistir da própria' ida (' er I Sm 27).
seguida suplicar por pão? I lá períodos de grande tentação e pro-
11. O rei da sua terra. Esta conclu- \ ação para toda pessoa, quando os inimi-
são não Je,e ter ocorrido porque os filistcus gos são C.\altados e os amigos humilhados,
sabiam da unção de Dm i. mas, sim. porque quando. não importando o caminho esco-
fora ele quem aceitara o desafio de Colias. lhido, é imposshel encontrar o conselho c
1\ façan ha lhe dera uma forte reputação entre au\ílio necessários. i\essa situação, é bom
aliados c inimigos, pois foi o herói do e\cnto. relembrar o relato da fuga de Da' i, de seu
prm·ando ser o mais , ·a lente defensor de Israel. contato com Aime leque e Doegue em Nobc ,
13. Em cujas mãos se fingia doido. da fuga para os inimigos de Israel em Cate e,
Um segund o erro para o qual não ex iste em seguida, ler seu inspirado cântico de gra-
justificatiHI (\ cr I m 21 :2). Os resultados tidão ( I 34) composto nessa época.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-15- PP. 656,657

CAPÍTULO 22
Pessoas se juntam a Davi em Adulão. 3 Em J\lispa, ele deixa seus pais sob os
c uidados do rei de 1\loabe. 5 Advertido por Cade, Davi mi para Herete. 6 E11quanto
o perseguia, au l reclama da infidelidade de seus se n 'os. 9 Doegue acusa A imeleque.
1 I Sa ul manda matar os sacerdotes. 17 Os servos do rei se recusam, m as Doegue
executa a se nte nça. 20 Abiatar foge e dá a 110tícia a Davi.

I 0,1\ i retirou-se da Ii e se refugiou na cm erna até que eu saiba o que Deus há de fa1er de mim.
de Aduliio, quando ou' iram isso seus Irmãos c toda 4 Trou\e-os perante o rei de \loabe. c com
a casa de seu pai. desceram ali para ter com ele. estc moraram por todo o tempo que Da' 1 este' e
2 Ajuntaram-se a e le todos os homens que se neste lugar seguro.
achm amem aperto. e todo homem endil idado. e 5 Porém o profeta Gade disse a Da' i '\ão fi-
todos os amargurados de espfrito, e e le se fe; chefe ques neste lugar seguro;' ai e entra na terra de Judá.
deles; e eram com ele uns quatrocentos homens. Lntão, Dm i saiu c foi para o bosque de I kretc.
~ Dali passou D,n i a f\ I ispa de i\ loabe c disse ao 6 OU\ iu <,aul que Dm i e os homens que o
seu rei: Deixa estar meu pai e minha mãe comosco, acompanha\am foram descobertos. t\chando-se

600
t\i\I UEL 22:1

aul em Cibeá, debaixo de um anoredo, numa e honrado na tua casa?


colina, tendo na mão a sua lança, e todos os seus 15 Acaso, é de hoje que consulto a Deus em
servos com ele, ~eu fa, or? 1 ão! Jamais impute o rei coisa nenhu-
7 disse a todos estes: Ouvi. peço-vos. filhos ma a seu servo, nem a toda a casa de meu pai,
de Benjamim, dar-vos-á também o filho de Jessé. pois o teu sen·o de nada soube de tudo isso. nem
a todos \ÓS, terras e' inhas e \OS fará a todos che- muito nem pouco.
fes de milhares e chefes de centenas, 16 Respondeu o rei : Aimcleque. morrerás. tu
8 para que todos tenhais conspirado contra e toda a casa de teu pai.
mim? E ninguém houve que me desse a\ iso de 17 Disse o rei aos da guarda. que esta\ am
que meu filho fez aliança com o filho de Jessé: e com ele: \'okei e matai os sacerdotes do SL" tO R,
nenhum dentre vós há que se doa por mim e me porque também estão de mãos dadas com Da' i
participe que meu filho contra mim instigou a meu e porque souberam que fugiu e não mo fi1eram
servo, para me armar ciladas, como se' ê neste dia . saber. Porém os servos do rei não qubcrarn es-
9 Cntão, respondeu Doegue, o cdomita. que tender as mãos contra os sacerdotes do . 1 'ttOR.
também csta\a com os scn·os de aul, e disse: 18 Então, disse o rei a Doegue: \'ohe-te e arre-
Vi o filho de Jessé chega r a obe, a Aimeleque, mete contra os sacerdotes. Então, se' irou Docgue,
filho de Aitube, o edomita, c arremeteu contra os sacerdotes, e
IOe como Aimeleque, a pedido dele, consul- matou, naquele dia, oitenta e cinco homens que
tou o Sei\ IIOR, e lhe fe7 prO\ isões, e lhe deu a es- \CStiam estola sacerdotal de linho.
pada de Colias, o fi listeu. 19 Também a 1 obe, cidade destes sacerdotes,
li Lntão, o rei mandou chamar Aimeleque. passou a fio de espada: homens. c mulheres, c meni-
sacerdote. filho de Aitubc, e toda a casa de seu nos, e crianças de peito, e bois, e jumentos. c O\elhas.
pai. a saber, os sacerdotes que esta\ amem obe; 20 Porém dos filhos de Aimelequc, filho de
todos eles vieram ao rei . \itube, um só, cujo nome era t\biatar, ~a h ou-se
12 Disse aul: ÜU\e, peço-te, filho de Aitube! c fugiu para Davi;
Cste respondeu · Cis-me aqui, meu senhor 1 21 e lhe anunciou que aultinha matado os
13 Então, lhe disse a ui. Por que conspirastes sacerdotes do Se.-.. IIOR.
contra mim, tu c o filho de Jessé? Pois lhe deste 22 Então, Da,. i disse a t\biatar: Bem sabia
pão e espada e consultaste a fmor dele a Deus, eu , naquele dia , que, estando ali Doegue. o edo-
para que se le' antasse contra mim c me armas- mita. não dei\aria de o di7cr a Saul. Fut a Lausa
se ciladas, corno hoje se 'ê. da morte de todas as pessoa da casa de teu pai.
H Respondeu Aimclcque ao rei c disse. E 2 3 Fica comigo. não temas. porque quem pro-
quem, entre todos os teus senos, h<í tão fiel como cura a minha morte procura também a tua; esta-
Da' i, o genro do rei , chefe da tua guarda pessoal rás a salvo comigo.

I. Caverna de Adulão. Segundo Josefo muitas cavernds nesses montes; algumas delas
(Ant igztidades, \i.l2.3), uma em erna que são muito grandes. formação arenosa é tão
ficava próxima à cidade de Adulão. Adulào foi macia que as paredes podem ser cortddds com
identificada com Khirbet esll-Sheihll t\ ladhkíir, pedra. lem mesmo os séculos apagaram as
26 km a sudoeste de Jerusalém, nas encostas marcas das conchas. Em a lgumas das caver-
acidentai!> das montanhas que \ 'ÜO se rebai- nas, os pastores guarda"am o rebanho. Em
xando em direção a efelá. A cidade fica na outras, alguns quilômetros ao sul de Adulão,
extremidade oriental do \ale de E lá, onde os cristãos primithos \h eram na épocc1 em
Davi enfrentou o gigante fi listcu. Ex istem que a perseguição os levou a fugir das cidades

601
22:3 GOl\ IE TÁRIO BÍBLI CO ADVE TI TA

de~ Palestina. Algumas cavernas contêm câma- de Zerede, qu e formava a frontei ra norte de
ras mortuá rias e c riptas semelha ntes às cata- Edom. a ui gue rreou contra ~ loa be depois
~ cumbas de Roma. Adulão era o esconderijo de de assum ir o t rono (I m 14:47). Porta nto,
Da\i qua ndo ele te' e o desejo de bebe r da qua lqu er foragido do re i de Israel e ncontra-
água do poço de Belé m. Três de seus va len- ri a refú gio no país inimigo. Alé m disso, Da\ i
tes a rrisca ra m a vida, passa ndo pelas fileiras pode te r sido influenciado pe lo fato de sua
dos fili ste us, que havia m atacado o vale de bisavó Rute le r origem moa bita.
Refaim , próximo a Je rusa lé m, pa ra leva r águ<l 4 . Luga r seguro. Do he b . lllelsHclaiJ ,
a seu a mado líde r. Dm i ficou tão impressio- "fonirícação", "fortale7a", do radica llsHd, que
nado com a lea ldade daqueles home ns que significa "caça r".
de rra mo u a água como libação ao e nhor 5. Gade. Esta é a prim eira me nção <l O
(2 m 23:13- 17; IC r 11 :15-19). Esse inc i- home m qu e ler ia um papel tão proeminente
dente ocorre u dura nte o pe ríodo de colheita na ' ida de Da' i. Uma ve7 que a u I se' oiLou
(2 m 23: 13; \ Cr ISm 23:1), na prima\ era ou não só contra os sacerdo tes, mas ta mbé m
no começo do' erão. Da' i pro,·a,·elmente pas- contra os profe tas, a que m Sam ue l presidia,
sou o imerno na ca' erna. seria de se espe ra r que a me nte de todas as
Enqua nto se e ncontrava na cmerna de pessoas ' e rdade ira me nte re iigiosas se d is-
Adulão, Dav i escre, e u o alma 57, de acordo ta nc iasse do re i. Ta h e7 o próprio a m uei
com a introdução do mesmo. Depois de recu- te nh a em iado Gade pa ra forma r vínc ulos
pera r a fé e a coragem , ele expressou sua con- co m Davi . O futu ro re i de Israel ser ia muito
fia nça no li\ ra mento de Deus, muito embora be neficiado pela presença de um profe ta im-
estivesse "entre leões, ávidos de devorar os pimdo por Deus. Enqua nto Da' i' Í\ eu , Gadc
filhos dos homens; la nças e flechas são os seus foi seu profe ta (2 m 2-U 1- 19). Cade, junto
de ntes, espada afiada, a sua língua" (SI 57:4). co m o profe ta Na tã, compilo u a biogra fi a
A muda nça de a titude se de, e, e m pa rte, à de Da' i (I C r 29:29). O fa to de te r mor rido
presença d o profe ta Gade, que, conforme de pois do rei e a migo de u ma 'ida inte ira
sugeriram alguns, se uniu a Davi e a seus com- sugere que Gade a inda e ra jove m qu a ndo
panheiros na caverna (ver com. do v. 5). foi se e ncontra r com Da\ i. Embora o regis-
3 . Mispa. Lite ra lmente, "torre de vigia". tro não afirm e, é pro, ·á, e l que Cade le nha
Em toda a região monta nhosa de ~ loabe, se juntado a Dav i em Adulão e o acompa-
fora m e ncontradas ru ínas dessas "'torres·· ou nhado a 1\loabe, e m vez de le r \-iajad o até
fortalezas. Elas fora m construídas nas e ncos- 1\ I ispa pa ra e ncontrá-lo. Ao te ntar re unir as
tas de picos de rno nla nhas, à vista uma da porções de informação sobre Da' i e m vá rias
outra. O s obsen ·ad ores era m posicionados partes das Escrituras, é possíve l pe rcebe r
nessas forta le7as pa ra forma r uma cade ia de qua ntos de ta lhes inte ressa ntes fora m omi -
comunicação. A loca lização exata desta Iispa, tidos na na rração da histó ria do auxílio pro-
e m 1\ loabe, é desconhecida . É provável que vide nc ia l de De us a Seus filhos.
se tratasse de uma das forta lezas nos montes O mes mo que o Se nhor fez po r Dav i,
moa bitas próximos a Quir. Ao que pa rece, e m termos de orie ntação profética, ele ha' ia
Quir, pelo me nos posteriormente, foi a capi- proporcionado a aul. Essas duas ' idas são
ta l de 1\ loabe (\·er 2Reis 3:25-27). e u nome contrastadas uma com a outra pa ra de mons-
mode rno é Kerak, cidade situada nos monte tra r que Deus não faz ace pção de pessoas.
do \Vadi Ke rak , numa proe minê ncia bem Aqueles que não a lca nça m o padrão divino
adequ ada para a defesa. A cerca de 22 km fa lha m não porque o Senhor deixa de fa7er
de Quir, fica o Wadi Ilesa, o ribeiro bfblico t udo que o Cé u pode concebe r para tornar

602
l SAi\ IU E L 22:6

possível o sucesso, mas, sim , porque o plano o relato de Davi e seus homens até que se
celestial é rejeitado com toda persistência. torna nece sário falar do massacre para e:-.pli-
Não fiques. Davi não deveria permane- car a c hegada de Abiatar a Queila, no capí-
cer e m i\ loabe. ua pre e nça era necessária tulo segui nte. Essa interpretação se baseia
em Judá. O exército de a ul parecia impo- principalmente no fato de Aimeleque ter dito
tente diante dos contínuos ataques filisteus que desconhecia a verdadeira situação de
(I m23:1,27; ICr ll :l5),eascondiçõeseram Davi. dedução não é ilógica.
instáveis. A história de aba l sugere que os É ig ualme nte raLOá\·el considerar que
pastores necessitavam de proteção armada a na rrativa seja consecuti\·a. esse caso, a
(I m 25:15, 16, 2J). O ódio de a ul por Da\ i declaração de que Dm i e seu homens foram
não era motivo para este fugir a uma terra descobertos significa que se tornou conhecido
estra ngeira. Deus, que o protegera tantas o fato de que aíram de seu esconderijo na for-
\ezes no passado, não o aba ndona ria , ma taleza de Adulão e se acamparam no bosque
moldaria os acontecimentos de maneira que de llerete. Então, quando o rei ficou sabendo
Davi receberia capacitação necessárid para a disso, reclamou que seus oficiais hm iam cola-
lid era nça futura, por meio das dific uldades borado traiçoeiramente com o foragido (v. 8).
~ e do sofrimento. Foi nessa ocasião que Doegue a pro\ eitou a
A di ciplina do sofrimento entrou em ação oportunidade para delatar Aimeleque (\. 9, 10).
a té mesmo na vida de Jesus. O Capitão de ão há moti\ o para supor que alguém da posi-
nossa sa lvação foi aperfeiçoado "por meio de ção de Docguc saberia, ao\ er Da\ i no santuá-
sofrimentos" (I Jb 2: I 0). Da\·i, ao voltar para o rio, qualquer coisa quanto ao moti\'O real de sua
meio de todos os indivíduos con troversos em ida até ali. endo que não havia nada de estra-
Judá, de\eria se comportar de modo a levar nho em Da\ i parar com o objetivo de pedir con-
coragem a todos. Deus quer e altar a lealdade selho antes de executar uma tarefa para au l,
de eus filhos ern todo tipo de a mbiente. l ão sem dú\ ida, Doegue considerou na época que
deseja que retrocedam quando as circunstân- não valia a pena relatar o fato. A resposta de
cias se tornam difíceis. Quer que eus segui- t\imeleque não ajuda a determinar a sequência
dores demonstrem a beleza da re ligião cristã dos acontecimentos, poi a alegação de igno-
e revelem sua superioridade e m relação ao rância na ocasião da visita de Dad ainda seria
serviço ao eu e a atanás. uma defesa lógica (ver com. dos \ . 14, I 5). a
Herete. É identificada por a lguns com a despeito do intervalo e ntre a suposta traição e
moderna Klwrâs, a noroeste de Hebrom, no a denúncia dos sacerdotes a aul. Porta nto, a
final da região montanhosa; mas essa iden- morte dos sacerdotes e o ma sacre em obe
tificação é incerta. não ocorreram necessariamente logo após a
6. Fora m descobe r tos . Alguns comen- visita de Da\ i ao santuário (\er PP, 658, 659).
taristas usam a narrativa do restante do capí- D e baixo d e um a r vored o, n um a
tulo para ilustrar como o texto he braico, às colina . Ou, "debaixo de um arvoredo, em
vezes , se distancia da sequê ncia cronológica Ramá" (ARC). Uma vez que Ramá e Gibeá
dos acontecime ntos, a fim de concluir um são loca is distintos, eparados por uma dis-
pensa mento antes de dehater outro. Essa tâ ncia considerável (ver com. de I m I : l),
interpre tação da passagem pres ume que aul dificilmente estaria em Gibeá, mas sen-
a acusação de Doegue contra o sacerdote tado sob um arvoredo na cidade de Ramá.
Aimeleque e o massacre de Nobe ocorre- A pa lav ra heb. ramah deveria, neste caso, ser
ram logo depois da descoberta da primeira traduzida por "altura", ou "coli na", conforme
fuga de Davi, mas a narrativa continua com a opção feita pela ARA. A colina e m Gibeá

603
22:8 CO~ I E TÁR IO BÍBLICO ;\DVE TI TA

de,eria ser um dos lugares preferidos para colocam o \erbo no presente. I a \erdade,
reunião dos homens da cidade. o hebraico só tem um verbo, ur, omitido na
8. Conspirado contra mim. Por causa ARA. A palavra "há" é acrescentada. A forma
de seu ciúme doentio, au l começou a sen- 'erbal de sur pode ter sentido presente ou
tir pena de si e a cu lpar a todos, menos a si passado, portanto a afirmação é bem inde-
próprio, pelas tentativas frustradas de captu- finida em relação ao período em questão.
rar Davi. Desta ve7, resolveu e nvergonhar os O tempo \erbal deve ser subentendido pelo
membros de su a tribo, por ocu ltarem infor- contexto. Uma tradução literal das pa lavras
mações dele a fim de ajudar um rival de Judá. de Aimeleque seria: "E quem dentre todos os
Pensava que até o próprio filho h a' ia !>C' ol- teus servos tão fiel como Davi, que, o genro
tado contra e le e que era cu lpado de traição. do re i, que se vira [ou virava] sob tuas ordens
Ele já h a' ia ameaçado matá-lo numa ocas ião e honrado na tua casa?" O passado parece ser
anterior (I m 14:44); desta vez, sentia que a obrigatório pelo contexto. A inserção das for-
simpatia do po'o esta\'a do lado de Jônatas mas \erbais necessárias na tradução de uma
ainda mais do que antes. frase como esta para o português depende
9. E ntão , respondeu Doegue. Como do julgamento dos tradutores. i\ las, depen-
maioral dos pastores, Doegue percebeu sua dendo do caso, permite diferenças de opinião.
chance de se' ingar do sacerdote Aimeleque Aimeleque certamente quis di7er que hm ia
(ver com. de I m 21:7), bem como de melho- ajudado a lguém que supunha, 120 época -
rar sua posição junto ao rei. Ele con tou a fosse ela recente ou remota -, ser um hon-
au l que Jônatas e os benjamitas não ha' iam rado representante do rei .
errado tanto quanto o sacerdote, que, a lém 15. Acaso , é d e hoje [...]? Literalmente,
de prm idenciar alimento para Davi, consul- "hoje comecei a consu ltar a Deus por ele?" Ele
tou ao Senhor por e le e lhe deu uma arma sugere que se hoU\esse começado, naquele
(, , 10). Ao que parece, Doegue só forneceu momento, ciente da condição de Da' i, a bus-
essas informações depois de ser subornado car orientação di\'ina para ele, isso seria pres-
com a oferta de ricas recompensas e de posi- tar au:..ílio a um inimigo declarado de aul.
ção e levada (, er PP, 659). o entanto, aquilo que e le fi1era antes de
;F 14. Responde u A im e leque. O sacer- saber do conflito entre aul e Davi não d e, e-
dote não negou a acusação de ajudar Dm i, ria ser considerado como quebra de sua lea l-
mas, sim, de ter sido desleal. De sua resposta, dade. Com calma e dignidade, Aimeleque
surgiu uma diferença de opinião quanto ao respondeu à acusação de Sau l de que usara
momento em que ocorreu esse incidente (ver o Urim e o Tumim de maneira contrária às
com. do v. 6). Os que defendem ter sido logo ide ias do rei , afirmando que havia consultado
depois da fuga ele Davi ele Gibeá imerprctam em prol da pessoa mais próximcJ do monarca ,
que as pala' ras ele Aimelcque significam que alguém que sempre fora lecJI e de,oto, e que
e le ainda não havia descoberto, até aquele hm ia prestado o sen iço a um mensageiro para
momento, que Dm i não era mais o seno fiel aul. uas últimas palaHas foram de negação
de aul e um honrado membro da casa do de saber qualquer coisa acerca da situcJçào.
rei. Ele não seria tão ignorante ou tão tolo a 17. Ao s da guarda. Do heb. ratsi111, hte-
ponto de di1er a aul, após Davi estar fora - ralmeme, "os corredores", termo às \Cles
gido por muitos meses, que este era "fiel [...] usado para designar a guarda rea l, como é o
e honrado na tua casa". caso neste ,·ersícu lo. amuei provmelmente
Essa conclusão se baseia em tradu- se referiu a este ofício quando ad,ertiu Israel
ções (como as inglesas e portuguesas) que de que o rei pediria seus filhos e os recrutaria

604
l A IUEL 22:23

para correr adiante de seus ca rros ( I m 8: li). este havia eleixado o bosque de ll crcte e
au l ficou frustrado pele~ recusa dos guarde~s se dirigido à cidade de Queila (\er com. de
em levantar as mãos contra os sacerdotes do I Sm 23:2, 6).
en hor. O ato que o rei exigia era chocante. 21. E lh e anunciou. Literalmente, "feL
1\ Iesmo em meio às tribos pagãs da atualielade, Davi saber". Fica c laro que Da' i não hél\ ia
o pajé é consideraelo santo. e ninguém ousa cscutaelo a notícia antes. Portanto. o 'e r í-
atacá-lo. t\ o contrário disso, a ui mostrou não culo indica que a atrocidade aconteceu logo
ter respeito pelos servos elo Deus Altís!.imo. antes da chegada de Abiata r a Queila. em ,ez
18. Ooegue, o e domita. Este elescen- de em algum momento anterior, em conexão
dente de Ese~ú parece ter sido um homem com a visita de Davi a 1 obe.
segundo o coração ele au l: imejoso, ressen- 23. Fica comigo. De\e ter sido um con-
tido, perverso, esperanelo a nsiosa me nte por solo para Davi receber Abiatar em seu grupo.
qualquer elesculpa mínima para realitar os [(e certamente teve ânimo por' er o Urim e o
desejos ele sua natureza má. Com a permis- Tu mim (!Sm 23:6) e por saber que. a despeito
são do rei ele Israel. Doegue não hesitou em da devastação de Nobe, a mão de Deus per-
levantar as mãos contra os servos de Deus, maneceu sobre a estola sacerdotal e o sacer-
desconsielerado até mesmo as vestes sagra- elotc que a guardou. o entanto, quando ficou
das que \imeleque e seu colegas cstd'<lm se~bendo dos abomináveis fatos da tragédia.
usando. t aquele dia, 85 homens morreram Davi ficou cheio de remorso, ao perceber que
por causa ela ganância c do egoísmo. Isso con- fora responsá'd pela morte do sumo saccrclote
trasta granelemente com o suposto fervor reli- c daqueles que pereceram juntamente com
gioso ele Saul que o b ou a deixar t\ gague ele. 1\rrependeu-se de ter se curntdo à dis i-
'i\·o (I m 15:20) e o frenesi que o fet come- mubção. Com alegria, teria agido de forma
ter um ato sem paralelos na his tória juelaica, clifcrente, se pudesse' i\er aquele ano de novo.
por sua barbaridade. O passado, contudo. não pode ser elesfcito. Por
19. Homens, e mulheres. Os inocentes me~is terrível que fosse a repreensão que lançou
sofreram junto com os supostamente culpa- sobre si mesmo, não hm ia nada a fazer, a não
dos. É provável que os habita ntes ele lobe ser avançar para as coisas aelia nte (fp 3: 13).
nada ti\ essem que \Cr com a mudança do Depois ele OU\ ir o que Doegue fi1era ,
tabernáculo e das famíliJs dos sacerelotes para Dm i escre,eu o sa lmo 52 (veja a introdução).
l obe(,ercom.de I m21 :i), masafúrie~satâ­ Ele ficou perplexo ao saber que a lguém se
nica e sem ~entido de aul causou a execução colocaria em arrogante antagonismo ao plano
de uma cidade inteira. o passado. os filisteus de Deus, em vet de repousar na misericórdia
ha' iam destruíelo a cidade sagraela de iló. eterna do Senhor. Com a língua afiada como
Eles eram inimigo ele Israel, mas não se tem uma lâmina, Doegue semeou engano e ca la-
:;! registro do extermínio ele toda a população. midade em tal medida que se tornou a per-
2 0. A biatar. O único sob revi\ e nte de son ificação d a fraude c do mal. Entretanto,
obe do qual se tem notícia . Fugiu "para" estm a para chegar o dia em que ele colheria
Davi , e só de\e tê-lo alcançado depoi que o que plantara.

COMENTÁRIOS D E ELLEN G. WH ITE

1-23- PP. 6'57-660 2- Ed, ! 52 7-10, 16, 18. 19 - PP. 659


1 - PP, 657; T-l, 525 2-5- PP. 658 20-23 - PP, 660

605
23: I COME TÁRIO BfBLICO ADVE lTJSTA

CAPÍTULO 23
1 Davi consulta ao enhor por intermédio de Abiatar e salva Queila. 7 Deus o avisa sobre
a chegada de Saul e a traição dos moradores de Queila, e ele foge. 14 Em Zife, ]ônatas vai
confortá-lo. 19 Os zifeus delatam Davi a aul. 25 Em Maom, ele é salvo
Saul por uma invasão dos filisteus. 29 Davi habita em En-Gedi.

I Foi dito a Davi: Eis que os filisteus pelejam 13 Então, se dispôs Davi com os seus ho-
contra Queila e saqueiam as e iras. mens, uns seiscentos, saíram de Queila c se
2 Consultou Davi ao Et IIOR, dizendo: Irei foram sem rumo certo. Sendo anunciado a
eu e ferirei el.tcs filisteus? Respondeu o ENIIOR a au l que Davi fugira de Queila, cessou de
Davi: Vai, e ferirás os nlisteus, e livrarás Queila. persegui-lo.
3 Porém os homens de Davi lhe disseram: 14 Permaneceu Da\ i no deserto, nos luga res
Temos medo aqui em ]udá, quanto mais indo a seguros, e ficou na região montanhosa no deser-
Queila contra as tropas dos filisteus. to de Zife. aul buscava-o todos os dias, porém
4 Então, Da' i tornou a consultar o E~HOR, e Deus não o entregou nas suas mãos.
o EN IIOR lhe respondeu e disse: Dispõe-te, desce 15 Vendo, pois, Da' i que au l safra a tirar-l he
a Queila, porque te dou os filisteus nas tuas mãos. a' ida , deteve-se no deserto de Zife, em Iloresa.
5 Partiu Dm i com seus homens a Queila, c 16 Então, se levantou Jônatas, filho de aul,
pelejou contra os filisteus, e levou todo o gado, e e foi para Davi , a Horesa, e lhe fortaleceu a con-
fez grande morticfnio entre e les; assim, Davi sal- fianç~ em Deus,
vou O!. moradores de Queila. 17 e lhe disse: ão tema , porque a mão de
6 ucedeu que, quando Abiatar, filho de aul, meu pai , não te achará; poré m tu reinarás
Aimeleque, fugiu para Davi , a Queila , desceu sobre Israel. e eu serei contigo o segundo, o que
com a estola sacerdotal na mão. também aul, meu pai, bem sabe.
7 Foi anunciado a aul que Da,·i tinha ido a 18 E ambos fi7eram a liança perante o
Queila. Disse a ui: Deus o entregou nas minhas Er\ IIOR . Davi ficou em Horesa, e Jônatas \OI-
mãos; está encerrado, pois entrou numa cidade tou para sua casa.
de portas e ferrolhos. 19 Cntão, subiram os zi feus a aul, a Gibeá,
8 Então, aul mandou chamar todo o pO\o ditendo: ão se escondeu Da' i entre nós, nos lu-
à peleja, para que descessem a Queila e cercas- gares seguros de Horesa, no outeiro de llaquila,
sem Davi e os seus homens. que está ao sul de Jesimom?
9 abedor, porém, Da' i de que au l maqui- 20 Agora. pois, ó rei, desce conforme te
nava o mal contra e le, disse a Abiatar, sacerdo- impõe o coração; toca-nos a nós entregarmo-lo
;F te: Trate aqui a estola sacerdotal. nas mãos do rei.
lO Orou D;n i: Ó SCI'\HOR, Deus de Israel, 2 I Disse 'aul: Benditos sejais vós do Se IIOR,
teu servo ouviu que au l, de fato, procura vir a porque vos compadecestes de mim .
Queila, para destruir a cidade por causa de mim. 22 Ide, pois, informai-vos ainda melhor, sabci
li Entreg<u-me-ão os homens de Queila nas e notai o lugar que frequenta e que m o tenha
mãos dele? Descerá a ui, como o teu seno OU\ iu? vi to ali ; porque me foi dito que é astutíssimo.
A h! E'II II OR, Deus de Israel, fa1e-o saber ao teu 23 Pelo que atentai bem e informai-vos acer-
seno. E disse o c 11011 : Descerá. ca de todos os esconderijos em que ele se ocu lta;
12 Perg untou-lhe Davi: Entregar-me-ão os então, volrai a ter comigo com seguras informa-
homens de Queila. a mim e aos meus servos, nas ções, e irei convosco; se ele estiver na te rra , bus-
mãos de Sau l? Hespondeu o E I IOR: Entregarão. cá-to-ei entre todos os mil hares de Judá.

606
1 SAMUEL 23:5

24 Então, se levantaram eles e se foram a para escapar de aui ; porém este e os seus homens
Zife, adiante de Saul; Davi, porém , e os seus ho- cercaram Davi e os seus homens para os prender.
mens estavam no deserto de 1\laom, na planfcie, 27 Então, \eio um mensageiro a au l, dizen-
ao sul de Jesimom. do: Apressa-te e vem, porque os filisteus invadi-
25 aul e os seus homens se foram ao encalço ram a terra.
dele, e isto foi dito a Davi; pelo que desceu para a 28 Pelo que aui desistiu de perseguir a Davi
penha que está no deserto de 1\laom. Ou, indo-o e se foi contra os filisteus. Por esta razão, aque-
aul, perseguiu a Davi no deserto de 1\laom. le lugar se chamou Pedra de Escape.
26 au l ia de um lado do monte, e Davi e os 29 ubiu Da\ i daquele lugar e ficou nos lu-
seus homens, do outro; apressou-se Da\ i em fugir gares seguros de En-Gedi.

I. Que ila. Cidade cerca de quatro qui - 3. Temos medo aqui em Judá. e os
lômetros ao su l de Adulão, loca lizada nas homens de Davi aparecessem em público
encostas rochosas do Wacli es-Sur, no ponto naquela oca ião, correriam o risco de ser
em que este emerge da região montanhosa imediatamente achados. Assim que au l
para a planície de E lá. Queila ficava a apro- descobrisse seu esconde rijo, enviaria uma
ximados 14 km da cidade de 1-lebrom. Hoje guarnição contra e les. Com medo de perder
é con hecida como Khirbet Qfla. a' ida dentro da própria tribo, hesitaram em
Eiras. Era o com eço do verão, pois os enfrentar um forte inimigo estrangeiro. Eles
grãos já haviam sido colhidos e d€fbu lhados; ficariam felizes em proteger Israel dos ata-
os feixes dourados eram empilhados nas ques não provocados dos adversários. las,
eiras, a fim de serem distribuídos. Grande que bem os supostos criminosos poderia m
parte desse tipo de traba lho era um projeto fazer e m cidades que deveriam ser leais à
comunitário. Três fatores eram levados em coroa e das quais se esperava que ajudas-
consideração na escol ha do loca l para as sem o rei na captura das forças de oposi-
eiras: (I) a necessidade de uma s upe rfície e, ção? A despeito das fraquezas de aul, a
de preferência, rochosa; (2) a necessidade de maior parte do povo era obediente à monar-
um lugar a lto o suficiente para permitir que quia. Davi e seus conselheiros se encontra-
uma boa brisa levasse a pa lha embora; e (3) a vam num verdadeiro dilema e sentiram que
conveniência da loca lização mais central pos- a única decisão sábia seria apresentar o pro-
sível para a comunidade {ver JCr 21: 18-26). blema ao enhor.
2. Consu ltou Davi. Alguns conside- 4. Desce. Deus fica feliz quando eus
ram que esta é uma evidência de que Abiatar filhos consu ltam a vontade dEle. Quanto
estava com Davi e consultou a Deus por meio mais O consultam, mais confiança têm em
do Urim e do Tumim {ver com. d o v. 9), sai r das dificuldades. Deus estava fortale-
embora o texto n ão mencione a forma de cendo Israe l para extinguir as pilhagens dos
J consulta. Porém, o v. 6 parece deixar suben- filisteus. Se assumisse posição ativa nessa
tend ido que Abiatar só alcançou Davi em questão, Davi poderia ganhar o favor do
Queila. Antes disso, porém , o profeta Gade já povo, que ficaria ciente de que a política dele
estava com Davi ( l m 22:5). As pessoas cos- visava a fortalecer o reino, não a fomentar
tumavam consultar ao Senhor por meio dos uma revolução contrária.
profetas naquela época (I m 9:9). Portanto, 5. Partiu Davi com seus homens.
Da' i pode ter buscado a orientação divina O consentimento dos homen de seguir a
pela intervenção de Gade. or ien tação div ina revela que, durante os

607
23:6 COi\ IENTÁR IO BÍBLICO i\DV!:.NTI TA

meses de companheirismo, Davi os com en- crit icou a mulher de i\loisé!>; Jeoaquim,
ceu da necessidade de conhecer, antes de aparentemente sem nenhum escrúpulo, se
tudo, a \Ontade de Deus e depois de ir em recusou a aceitar a profecia de Jeremias
frente sem medo, conriando na prO\ idência quanto ao cativeiro de Israel em Babilônia c
di\ i na. O mesmo cuidado em consultar a\ on- queimou o rolo profético (Jr 36:22-30).
tadc do cnhor em todos os atos e em todas Da\ i, em contrapartida , Linha no cora-
as atitudes deve marcar a vida do cristão. ção o desejo de manter a justiça e a digni -
Quei la cru uma cidade cercada(\. 7), mas dade de seu po\O perante as tribos\ i;inhas,
seus habitantes clcspreparados não tinham bem como de ajudar qualquer um em Israel
chance contru os c\perientcs soldados da que csti\esse passando por dificuldades.
FilístiJ. aul estan1 a muitos quilômetros de lão se re\oltou contra Saul ao se int e-
dbtância, mils Dm i e seus homens csla\·am grar com os membros da própria tribo.
pró,imos. A <~çào foi imediata, e os filislcus , Nem esta\ ..I lutando. como os filisteus. por
surpresos, debandaram. despojos obtidos. saqueando cidades nas
Levou todo o gado. Ou os l'ilisteus regiões \ izinhas.
r
derrotados oram Ie\ a dos para tão longe. 9. A estola sacerdotal. Por seu própno
dentro de seu território, que Dm i conse- alo de maldade cometido contra os sacerdo-
guiu recolher despojos em compensação do tes, aul se privou dos benefícios do Urim
dano reali;ado, ou se tratava do gado que c do Tu mim, caso o Senhor h oU\ esse Se
os filisteus le\aram para carregar o grão. comunicado com ele dessa forma desde que
Não se relata quanto dos espólios Dm i deu fora rejeitado (\er I m 28:6). em receber
a Qucila e quanto guardou para si. Centenas comunicações di\ inas, ele acalmou a cons- ~
de homens prccisa\'am de um grande esto- ciência ao \er em cada oportunidade uma
que de prm isões. re\elação de que Deus concordm·a c aben-
6. A bi a ta r. O supcn isor de i\obe parece çoa\·a os desejos de sua mente enferma. Pela
Ler alcançado Da\ i em Qucila com a notícia prm idência di\·ina e, sem dú\ ida, graças à
do massacre ( I m 22:20, 21). Embora alguns consagração de Davi à vontade do cnhor a
interpretem que "a Queila" está ligado ao qu<.~lquer custo, a estola sacerdotal. que S•.llll
\erbo seguinte, "desceu", a expressão cos- perdeu, chegou às mãos do foragido.
tuma ser considerada uma evidência de que As Escrituras não re\elam como c.\aLa-
Abiate~r se encontrou com Davi pela primeira mente o Urim e o Tumim dm·am respostas
\CI em Qucila. às consu ltas. Esse silêncio gerou muita espe-
7. Est á e nce rra do. Da\ i com certc;a cu lação entre os rabis. O talmude babilônico
Ficou em Queila o suficiente para aul pen- di7 que o orácu lo se chamm·a Urim porque
sar que seu inimigo estava sem saída. prO\ ia lu; e\planatória a suas declarações,
8. Cercassem D avi. Em seus esforços e Tumim, porque estas sempre eram com-
contra Dm i, au l prO\avelmenLe se comen- pletas. A tradição considera que as pedras
ceu de que Deus o estava dirigindo. O ser tinham o nome das 12 tribos inscrito c
hum,mo pode pensar no mal por tanto tempo, que as letras necessárias para formar a res-
que ele se torna bom a seus olhos, e a pes- posta eram ressaltadas como as letras numa
soa se torna minuciosa na realização de suas moeda . As letras que compõem o nome
intenções. Por e\emplo. Corá sentiu convic- das 12 tribos não formam todo o alfabeto
ção de que o enhor o designara para lide- hebraico, mas a tradição acrescenta a elas o
rar uma rebelião con tra i\ loisés; J\ liriã Linha nomes: "Abraão", "Isaque", "Jacó" e "tribos de
cer te;a de que estava com a razão quando leshurun" (Tratado Yo11w, 73. a. b).

608
I Ai\ IU EL 23: 15

Josefo dit que "Deus declarava de ante- sa bi a que, se permanecesse dentro dos
mão, por meio das doze pedras que o sumo muros da cidade, estaria lutando contra o
sacerdote levava no peito, inseridas no pei- ungido do Sen hor e daria início a uma revo-
toral, quando os israelitas seriam 'itoriosos lução civi l, algo a que sua consciência era
na batalha; um esplendor tão grande brilha' a absolutamente contrária.
delas, antes de o exército começar a marchar, 12. Entregarão. Deus não instruiu Da' i
que todos ficavam sensíveis à presença do a deixar Queila, como o dissera para lutar
Senhor para ajudá-los" (An tiguidades, iii.8.9). pouco tempo antes. O enhor deixou Da' i
o entanto, o Urim e o Tu mim não eram as usar o próprio bom-senso depois de saber o
12 pedras do peitoral, mas, sim, duas pedras que aconteceria. Ele demonstrou boa lide-
de grande esplendor, uma de cada lado do rança ao não pensar tanto na própria segu-
peitoral. A aprovação era indicada por uma rança quanto na de toda a comu nid ade.
luz circundando a pedra direita , e a desapro- Deus prO\ idenciou a mesma orientação
vação por uma sombra na pedra à esquerda divina para aul no in ício de sua carreira,
(\er PP, 351). As respostas atribuídas ao Urim mas Saul se recusou a agir de acordo com
e ao Tu mim nem sempre eram equi va lentes a o conselho di' ino. Davi fe7 bom uso dele e
simounão(ver Jzl:2;20: 18: I m23:11 , 12), prosseguiu de vitória em' itória. em alarde,
mas é possÍ\ el que o sacerdote desse a res- partiu de Queila, e seus homens o seguiram
posta em forma de frase , soluc ionando uma sem hesitar. Dia após dia , novas e.\pcriências
série de questionamentos. encorajavam seu coração e inspinl\'am a con-
10. D estruir a cidade. ão há dúvida fiança de seus homens no líder.
de que os habitantes de Queila tinham 14. Zife. Cidade locali1ada num planalto
ficado gratos pela ajuda· de Da' i, e é pro- seis quilômetros a sudeste de Hebrom, que
vável que, no momento, não tenham pen- fica a oeste de duas montanhas ele 9 15 m de
sado em nenhum envoh imento futuro. Em altura. Um profundo desfiladeiro fica entre
\eL de permanecer no bosque de llerete, os dois . No decli' c do monte oriental, na
Da' i achou que a cidade era receptiva a e le direção do lar l\lorto, começa o deserto de
e a seus homens e, sem dú, ida, os morado- Zifc, que se estende para o leste por vários
res fi7eram todo o possível para atender às quilômetros. Essa região é estéril, assolada
necessidades de todo o grupo. Contudo, as pelo sol, cheia de desfiladeiros profundos que
notícias se espa lhara m rápido, e não demo- formam excelentes esconderijos. Os "luga-
rou até aul ser informado dos detalhes do res seguros", ou fortalen1s, eram observató- ~
confronto contra os fili steus. Por causa disso, rios das principais áreas da terra , colocados
a situação mudou repentinamente. Os habi - perto uns dos outros; era, portanto, impos-
tantes de Queila perceberam que seriam for- shel que a lguém atrmcssasse a região sem
çados a se decidir entre a lea ldade a Saul, ser' isto. PrO\a\elmente, Da' i colocou seus
mantendo sua posição em Israel, c a reje i- homens em ,·á rias posições estratégicas c
ção do rei , por receber o foragido Da' i, com todos os dic1s ele recebia notícias da locali-
a consequente destruição da cidade. taçào do e\ ército de aul. Em Zife era quase
Davi revelou precaução ao pre\ er uma impossível obter água e alimento.
situação como essa, mas, mesmo com toda 15. Horesa. Do heb.lwrsah. Alguns loca-
sua experiência, não sabia aonde ir. l:.le havia fitam este lugar 2,8 km ao su l da cidade de
chegado a ll erete por orientação divina jus- Zife, na estrada mais trafegada de llebrom a
tamente na época em que sua presença era En-Gedi. Tahet Davi tenha se dirigido para
necessária para sa h-ar Queila. No entanto, a li em busca ele comida ou <ígua.

609
23: 16 C Ot\ IE TÁRIO BÍBLI CO ADVE TI STA

16. Foi para Davi. Jônalas e ncontrou 24 . Maom. C idade loca li 7ad a cerca de
um je ito de m arca r uma reunião com Davi. 13 km ao sul de Zife. O dese rto de t\ laom
Ta lve7 a lguns dos soldados env iados nos gru - fica a leste da cidade e se este nde e m dire-
pos de busca te nha m dado a ]ônatas infor- ção ao t\ Ia r 1\ Iorto. O loca I é conhec ido hoje
mações que ocultava m de Saul. Se for o caso. como Tel/1\Ta'fu.
Davi conta, ·a com a simpatia de muitos. 2 8. Pe dra de Escape. Litera lmente,
Ele precisava do â nimo que uma visita "d espe nhade iro d as divisões''. De acordo
com o esta seria capaz d e proporciona r. com o explorador britâ nico C la ude Re igne r
Embora o título do a lmo I I não especi fique Conde r, "entre o d esfilad e iro d e El Kôlah
o mo me nto de s ua composição, seu tom de (a ntigo o ute iro d e H aqui la) e a região de
confia nça leva a lg uns a pe nsa r que, depo is t\ laom existe um gra nde a bis mo c ha m ado
da ' isita de Jôna tas, Da\ i expressou s ua con- 'Vale d as Roc has', um precipíc io es tre ito,
fia nça na atuação providencia l do enhor e m m a is pro fund o, intra nspo nível, a não ser
seus versos (ve r I J I ; PP, 660, 661). por me io de um desvio de vá r ios quilôme-
19. Os zife us. O hebra ico não usa um t ros. Porta nto. é poss íve l que a ul estivesse
a rtigo de finido aqui ; porta nto, a expressão à vista de Davi, mas inca pac itado d e dom i-
seria ma is bem tradu7ida por "alguns zife us". na r o inimigo. O nome 1\ Ialâky se a plica hoje
Isso s ugere que ne m todos os zifeus tenta- a este 'despenhade iro d as divisões', pa lavra
ra m trair Davi. Qua ndo este ouviu que fora que se a prox ima muito do te rmo he b. mah-
tra ído, compôs o a lmo 54 . lelw th . As redonde7as são e mre mea das por
Oute iro de H aquila. A loca lização muitos leitos d 'água, m as não ex iste ne nhu m
exata d este oute iro é desconhec ida. Alguns outro lugar próximo a 1\ laom onde se possa
o id enti ficam com a longa cade ia de rocha e ncontra r despe nhad eiros co mo os que se
ca lcár ia que se este nde do deserto de Z ife infe re d a pa lavra sela'. Pa rece, porta m o,
em direção ao l\1 ar l\1or to. be m seguro conside ra r que este fo i o loca l
Jesimom. Lite ra lme nte, ''deserto" (ver do escape de Davi, por causa de uma súbita
Dt 32: I O; SI 68:7: 78:40; I 06: 14; ls 43: I 9, 20). invasão dos fili ste us, q ue pôs fim à histó-
É questionável se "]esimom" deve ria ocorre r ria de sua s fugas por um triz na região sul "
na passagem como nome próprio. (Tent Work , vol. 2, p. 9 1).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-29- PP, 660 , 661 5, 14, 16-18- PP, 6 60 19, 20, 24, 25 - PP, 66 1

CAPÍTULO 24
1 Davi, n uma caverna em En-Gedi, corta a ponta do manto de Saul e poupa a vida do
rei, 8 dern.onstran do inocência . 16 Saul reconhece su a fa lha e f az Davi j u rar.

I Tendo Saul voltado de perseguir os filisteus, foi- e dos seus homens, nas fa ldas das penhas das ca-
lhe dito: Eis que Davi está no deserto de En-C edi. bras monteses.
2 Tomou, então, aul três mil homens, escolhi- 3 C hegou a uns currais de ovelhas no cami- ·~
dos dentre todo o Israel, e foi ao enca lço de Davi nho, onde havia uma ca\ erna; entrou nela aul, a

6 10
AI\ IUEL 24: 1

ali\ ia r o\ entre. Ora, Davi e os seus homens esta- e niio pequei contra ti, ainda que andas à caça
vam assentados no mais interior da mesma. da mmha \ida para ma tirares.
4 Lntão, os homens de Da\·i lhe disseram 12 Julgue o SL li OR entre mim c ti c\ ingue-
llojc é o dia do qual o SC"\HOR te disse: Cisque me o ()c"\IIOR a teu respeito: porém a minha mão
te entrego nas mãos o teu inim1go, e far-lhe-ás o não será contra ti.
que bem te parecer. Levantou-se Da\ i c, furti\ a- I~ Dos pencrsos procede a penersidade, di1
mente, cortou a orla do manto de aul. o prmérbio dos antigos; porém a minha mão não
5 Sucedeu, porém, que, depois, sentiu Da\ i esta contra ti.
bater-lhe o coração, por ter cortado a orla do 14 1\ pós quem saiu o rei de Israel? A quem
manto de aul: per~egue? A um cão morto? t\ uma pulga?
6 c disse aos seus homens: O c IIOR me 15 Seja o Sr. IIOR o meu jui1, e julgue entre
guarde de que cu faça tal co1sa ao meu senhor. mim c ti, e \eja, e pleiteie a minha causa, c me
isto é, que eu estenda a mão contra ele. pois é o faça JUStiça. e me livre da tua mão.
ungido do c IIOR. 16 rendo Davi acabado de falar a aultodas
7 Com estas pala\ ras. Dm i conteve os seus estas pala\ ras, disse Saul: É isto a tua voz, meu
homens c não lhes permitiu que se Ic\ antassem filho Da\ i? C chorou Saul em \OI alta.
contra Saul; retirando-se Sau l da cm erna, pros- 17 Disse a Da\·i: i\lais justo és do que cu ;
seguiu o seu caminho. poio, tu me recompensaste com bem, c eu te pil-
8 Depois, também Dm i se Ie\ antou e, saindo guci com mal.
da c a\ crna, gritou a a ui. di1cndo: Ó rei, meu se- IH \lostraste, hoje. que me fi7estc bem; pois
nhor! Olhando aul para trás, inclinou-se Da\ i c o ()1 "\li OR me hm ia posto em tuas mãos. e tu me
fez-lhe reverência. com o rosto em terra. não mataste.
9 Disse DJ\ i <1 aul: Por que dás tu OU\ idos 19 Porque quem há que, encontrando o immt-
às palm ras dos homens que di1em: Da\i procura go. o dci-.;a ir por bom caminho? O Sr'IIIOR, pois,
fazer-te mal? te pague com bem. pelo que. hoje. me fi1estc
IO Os teus próprios olhos \ iram, hoje, que o 20 Agora, pois. tenho certc1.a de que serás
Sc."\IIOR te pôs em minhas mãos nesta caYerna . c rei c de que o reino de Israel há de ser firme na
alguns disseram que eu te matasse; porém a minha tua mão.
mão te poupou; porque disse: Não estendere• a 21 Portanto, jura-me pelo C'IIIOR que não
mão contra o meu senhor. pois é o ungtdo de Deu~. eliminarás a mmha descendência, nem desfarás
li Olha, pois, meu pai, \ê aqui a orla do teu o meu nome da casa de meu pai.
manto na minha mão. No f<11o de haver eu corta- 22 Então, Jurou Dm i a <:;aul, c este se foi ll<lra
do a orla do teu manto sem te matar. reconhece sua casa: porém Davi c os seus homens subiram
e \"ê que não há em mim nem mal nem rebeldia. ao lugar seguro.

1. Deserto de En-Gedi. Esle capí- 1 essa pequena dislância, o leito do um/i


tulo d everia começar com o \. 29 do ante- desce de 760 m alé chegar ao nÍ\el do ~ l ar
rior, como no texlo hebraico atua l. E n-Ged i ~ lorto, a 398 m abaixo do nhel do mar.
é um belo oásis às margens do ~lar ~ lorto, Os despenhadeiros abruptos do deserto. com
na aberlura do \ Vacli ei-Kelb, um cânion cercil de 610 m de altura. chegam a 2,4 km do
lonuoso e íngreme que começa cerca mar, formando uma formidável fortificação a
de I 3 km antes. no aho deserto ca lcá- oeste da cidade. a parte de cima do desfi-
rio de En-Gedi até uma elevação de apro- ladeiro, cemenas de metros acim<J da b<Jse.
ximados 370 m acima do nível do m a r. a bela Fo nte termal de En-Cccl i jorra da

6 1I
24:2 C OME 1TÁR1 0 BÍBLI C O ADVE TI TA

rocha à te mperatu ra de 28° C. 1 as latera is aspecto, não era me lhor do que este, que,
do desfil ade iro, encontra m-se mu itas caver- em c ircunstâ ncias contrá ri as , teria pra; er
nas, naturais e artificia is. O loca l é con he- em eliminar Davi.
cido, nos tempos modernos, como 'Aiu jicli . atanás desa fiou a bondade de Jó, a rgu-
2. P e nhas das ca bras monteses. Are- menta ndo que ele a maldiçoa ria a Deus caso
gião do deserto a oeste do oásis sofreu um certas bênçãos lhe fosse m re tiradas e restri-
processo tão forte de erosão que é prati - ções colocadas em sua vida. Para enfrentar
~ ca mente intra nsponível. Contudo, ex iste tal ac usação, o Senhor permitiu que atanás
uma estrada provenie nte de Ca rmelo, em afligisse Jó, a fim de provar a fa lsidade das
Judá , que atravessa os dese rtos de 1\laom dec la rações do inimigo, be m como a reti-
e En-Gedi, descendo pe lo \Vadi ei-Kelh até dão de seu sen o. Ass im como Jó, Dav i pas-
o oásis. É prová, e l que aul tenha percor- sou na prova. Ele estava tão perto de Deus
rido essa estrada em sua busca determina- que. mesmo com o ini m igo e m suas mãos,
da por Davi . se rec usou a lhe ca usa r da no e ainda impe-
3 . Currais d e ovelhas. Em toda a diu que seus homens cometessem qua lquer
Pa le~ tin a, os pastores usa m ca,·ernas natu- ato rebelde em seu nome.
rais como luga r para proteger as ovelhas do 5. Sentiu Davi b ater-lhe o coração.
mau te mpo. Em geral, junto com as ca, er- Ou seja, sua consciência o acusou. Os ant i-
nas, ex istia m cercados circula res, de pedra gos usava m a palavra "coração" pa ra descre-
e es pinheiros, cha mados de "currais", que, ver o centro do inte lecto (Pv 15:28; 16:9, 23;
dura nte períodos de c lim a bom, oferecia m 23:7, 12; 1\ lt 12:34; Lc 6:45). A pa lavra "cons-
proteção ao re ba nho contra ladrões c a ni - ciência" não ocorre no AT. o lT, e la se
mais selvagens. origi na do \ e rbo "saber"; en fatiza, portanto,
A liviar o ventre. Vindo de fora, aul a fac uldade do inte lecto e m luga r dos sen-
não conseguia ' e r nada, mas os homens timentos. Muitas pessoas d i7em que são
dentro da caverna enxergavam com c la reLa, governadas pela consciência, qua ndo, na ver-
pois seus olhos estava m acostumados com dade, costuma m ser controladas pelos senti-
a escuridão. mentos. A consciênc ia só é um guia seguro,
4. A orla do manto d e Saul. Litera l- se for iluminada pe la lu L q ue vem do Céu .
mente, "a borda da veste exterior de Saul ". A consciênc ia de Saul estava obscurecida,
O ma nto prO\·ave lmente era a túnica exte- manchada por ciúme e im eja (\ er 1Tm 4: 2).
rior sem ma nga, a mpla e chegava até o tor- A consc iênc ia de Davi recebera tre ina me nto
no; elo. Era usado pelas mulheres e também divino e, ass im como a de Paul o, estava,
por homens de posição importa nte, como em gra nde medida , pura d ia nte d e Deus
reis, sacerdotes, etc. Se m dú\ ida, os homens (At 24 : 16). Depois de receber a unção d i\'ina
de Da' i reconhecera m o rei tanto por suas do discerni mento espiritual, hm ia demons-
roupas qua nto pe la apa rê ncia. E mbora não trado ser um líder de verdade. Não dependia
se tenha registro de uma promessa divina dos costumes e das tradições de sua época.
de que o inimigo de Dav i seria entregue em mas tinha um conhecimento vindo do alto
s uas mãos, o que os homens disseram pode- e intrinseca mente correto.
ria ser \ e rdade. A oportun idade veio como 7. Conteve os seu s homens. É pos-
um teste pa ra Da' i, a fim de ca pacitá-lo a síve l que seus homens, ass im como os dis-
ex ibir as ca racte rísticas que desem olvera. cípulos ma is tarde, esti\ cssem a lmejando
e, nessa ocasião, ele tivesse matado aul , ocupa r posições de honra qua ndo o rei no
ha, cria mos trado qu e, pelo menos em um de Dav i fosse estabelecido. I hn ia m ch egado

6 12
Al\ IUCL 24:9

a uma condição em que não estmam mai'> e intercessão. Viu ]ud<1s se transformar aos
sat isfeitos com a comida escassa, os dias c poucos num oponente crítico, obstinado e
noites de\ igflia c fuga. Com au l em suas egoísta de toda a Sua missão. Ainda assim,
mãos, pensaram e \.ultantes que a causa Jesus o amava e teria ficado felit em tê-lo
fora gan ha e se encon trm am impacientes como um dos líderes de ua igreja (ver
para dar rim à longa \ ida de fugitivos. Da\ i DI'\, 294, 295, 717}. Por fim, Ele e pros-
os corrigiu, desculpando-se pela pequena trou per<~nte Judas com todo o anelo de ua
liberda de que tomara ao estraga r a veste Clima c, ao lavar seus pés, apelou em s ilêncio
do rei . Pro\melmente os informou, como para que o trelidor se entregasse Aquele que
fe7 mais tarde ao rei. que o único cam inho nJo \cio para ser sen ido, mas, sim, para ser-
para o sucesso verdadeiro é esperar p e lo \ ir. Paulo se apresentou a Agripa , a fim de
tempo de Deus. defender seu nO\ Oesti lo de\ ida. Ele também
Abraão esperou a sugestão de Deus hm ta recebido muitas C\ idências de cuidado
e consegui u li\ rar Ló, a lguém que seguia prm idencial às quais poderia ter se apegado.
e m rrente pela própria sabedoria. 1\ )oi sés Os gO\crnantes tinham feito muitas injustiças
recusou as honras do Cgito e precisou de contra e le, mas não estma pen!>ando nessas
40 a nos de pro\·as para se tornar profeta do coisas. ' e u coração se encontrm·a tão cheio
Altíssimo. De que outra maneira pode o ser de desejo pelo bem-estar do rei, que este Clca-
humano, ao entrar no laboratório da \ id..1 bou exclamando: "Por pouco me persuades a
para ser aprendi? de Cristo(\ er DTN, 297), me l'uter cristão" (At 26:28).
fa1er as obras de Deus? 9. Palav ras dos homens. Obsen e a
8. Fez-lhe reverência, com o rosto maneira gentil e cortê!> de Davi se dirigir ao
em terra. A aguda percepção espiritua l e o rei. Em vez de culpar S.tul por todas as suas
amor profundo à justiça impedira m Davi de ações, Davi se lembrou da in fluênci<l das fal -
odiar aul, de criticá-lo perante os outros e sas línguas, repletas da malícia do interesse
de a tacá-lo na primeira oportunidade. Dm i próprio, que instiga\am o rei a prosseguir c
~ não tinha necessidade de sen tir uma suposta o usm·am para seu benefício. O fato de aul
indignação justa pelo tratamento que rece- ser afetudo por essas más língu<~s pode ser
bera. Podia deixar a atitude de Saul em re la- inferido de I a muei 22:7. Assim como <~ui.
ção a e le nas mãos de Deus, que fat todas as muitos líderes têm a seu redor a companhia
coisas com perfeição. entia em sua alma a de pessoas que estão com e le por causa dos
confiança tranquila de que o enhor esta\ <I pães e dos pei\.es. A segurança de sua posi-
com e le e h a\ ia , em seu coração, pena por ção depende do amp<1ro que podem dar ao
seu rei . Ninguém ficaria mais fe liz do que líder no poder. e ocorrer uma mudança de
Davi se au l crucificasse o egoísmo e humi- administração, perdem o apoio. Os adeptos
lhasse o coração diante de Deus. I a s in- de a ul havi am negligenciado as c rescen tes
ceridade de sua alma, Da\ i provavelmente e\ idências do cuidado protetor de Deus sobre
ansiava que au l desfrutasse a mesma comu - Dm i. ão prestaram a tenção à estim a de
nhão com o enhor que e le tinha. Po rta nto, Jônatas pelo "filho de Jcssé". Embora muitos
sua reverênc ia não foi mera formalidade. E le es t ivessem convencidos dos erros nas ações
se prostrou com o coração cheio de respeito de aul, por motivos pessoais o defendiam
pelo ofício Jo rei , desejando o bem daque le e mac ulava m o nome de Davi (\ cr I 55:3;
que ocupava tal f unção. 56:5, 6; 57:4; e tc.). O fato de Da\ i pertencer
C ris to aceitou que Judas fosse um dos a outra tribo pode ter sido relacionado com
dote. Ele o enviou em missões de misericórdia notfcias ma lignas que disseminavam.

6 13
24:10 COME TÁRIO BÍBLICO ADVE T I TA

10. Que e u te m a tasse. Leitores super- de um coração realmente perve rso, proce-
ficiais das Escrituras pensam que existe um dem ações malignas. Ao dar essa prO\ a adi-
contraste entre a filosofia "olho por olho" de cional de inocência, Davi estava insistindo
determinadas passagens do AT e a filoso- com o rei para que percebesse que cada ser
fia do amor dos escriLOs do T. leste texto, humano é responsável por seus atos diante
porém, séculos antes de Cristo, as ações de de Deus. Garantiu que, a despeito da pro-
Davi ilustram o mesmo espírito ensinado fundidade na qua l o monarca havia caído, o
por Jesus nas bem-aventuranças (Mt 5: l i). Sen hor ainda podia transformar sua natu-
Os homens de Davi estava m dispostos a amar reza má e estava d isposto a fazê-lo. Tudo de
seus amigos, mas ainda nutriam ódio pelos que Ele precisava era da escolha e da coo-
inimigos. Com essa atitude, Davi demonstrou peração de aul.
respeito por seu pior inimigo (ver f\ lt 5:43-48). 14. A uma pulga . Literalmente, "atrás
11. Vê aqui a orla. Provavelmente aul de uma pu lga". A declaração é uma manifes-
havia prestado pouca atenção nas palavras de tação evidente da humildade de Davi. Isso
Davi sobre estender a mão contra o ungido se compara com a atitude da mulher de Tiro
do Senhor, mas, quando viu a beirada de que pediu a Cristo que ajudasse sua filha
seu manto com os próprios olhos e perce- (Me 7:24-30).
beu como chegara perto da morte, tremeu 17. Mais justo é s do que e u . O res-
diante da evidência materia l da inocência de peito de Davi por Saul, como sogro e rei , e
Davi. Foi o triunfo da força espiritual sobre sua reverência por ele ser o ungido do enhor
a proeza fís ica. se contrastam com o egoísmo impetuoso de
12. Julgue o S ENHOR. O rei podia falar au l ao bargan har, usando Mica! , com o
apenas em termos de conquistas físicas e, objetivo de matar Davi, com o ódio invejoso
quando Davi se referiu à questão dAquele que o transformou num demônio e com a
que ungira aul, o rei soube que precisava sede insaciável pelo sangue do homem que
reconhecer a própria culpa. A resposta de poupara sua vida. Os lábios indispostos de
Saul foi voluntária, assim como a de Judas Saul se sentiram forçados a confessar a ver-
quando devolveu o suborno que tanto cobi- dade , à medida que o calor da bondade de
çara (Ml 27:3-5). Assim será no dia do juízo. Davi o constrangia.
Quando a inocência de C risto e o sacriff- 19. O S E NHOR, pois, te pague com
cio eterno ficarem evidentes diante das has- bem. Isso mostra uma mudança em relação
tes de todas as eras re unidas, todo joelho se à crítica que Saullançou aos próprios mem-
dobrará e toda língua confessará a perfeição bros de sua tribo porque não conseguiram
de Seu caráter (Fp 2: 10, 11). notfcias do paradeiro de Davi (lSm 22:8).
13. Provérbio dos antigos. Davi não aquela ocasião, o rei foi duro e exigente,
acrescentou o inverso: "dos bons procede a mas, por fim, sua voz demonstrou ternura.
bondade'', mas aul provavelmente tirou as A emoção foi tão grande que ele chorou. Mal
próprias conclusões. Se Davi estivesse tra- conseguia acreditar que fora salvo por tão
mando para matar Sau l, não teria perdido pouco. Antes fora tão arrogante; então, muito
uma oportunidade como a que tivera poucos humilde. O mesmo ocorrerá com os ímpios
momentos antes. É natura l que as ações das diante do trono de julgamento do Altíssimo
r; pessoas reflitam seus sentimentos, assim, (ver CC, 668, 669).

6 14
l AMUEL 25: I

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

l-22- PP, 661-663 4-6- CBV, 484 8-1 1, 16-22 - PP, 662
l-6- PP, 661 li - PP, 736

CAPÍTULO 25 \ '

I Samuelmorre. 2 Em Parã, Davi manda mensageiros a Nabal. 10 Provocado pela


grosseria de Nabal, Davi se propõe a destrui-lo. 14 Ao saber disso, Abigaill8 prepara-
lhe um presente 23 e, com sua sabedoria, 32 apazigua Davi. 36 Quando ouve essas
coisas, Nabal morre. 39 Davi desposa Abigail e Ainoã. 44 Mical é entregue a Palti.

I Faleceu amuei; todos os filhos de Israel se 10 Respondeu abal aos moços de Davi e
ajuntaram, e o prantearam, e o sepu ltaram na sua disse: Quem é Davi, e quem é o filho de Jessé?
casa, em Ramá. Davi se levantou e desceu ao de- r..luitos são, hoje em dia, os sen·os que fogem ao
serto de Parã . seu senhor.
2 llavia um homem , em Maom, que tinha as li Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha
suas possessões no Carmelo; homem abastado, água, e a carne das minhas reses que degolei para
tinha três mil Ol•elhas e mil cabras e estava tos- os meus tosquiadores e o daria a homens que eu
quiando as suas ovelhas no Carmelo. não sei donde vêm?
3 aba I era o nome deste homem, e Abigail , o 12 Então, os moços de Davi puseram-se a ca-
de sua mulher; esta era sensata e formosa, porém minho, voltaram e, tendo chegado, lhe contaram
o homem era duro e maligno em todo o seu trato. tudo, segundo todas estas pala1 ras.
Era ele da casa de Calebe. 13 Pelo que disse Davi aos seus home ns:
4 Ouvindo Davi, no dese rto, que Nabal tos- Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a
quiava as suas ovelhas, sua espada, e também Davi, a sua; subiram após
5 enviou dez moços e lhes disse: Subi ao Davi uns quatrocentos homens, e duzentos fica-
Carmelo, ide a abal, perguntai-lhe, em meu ram com a bagagem.
nome, como está. 14 esse meio tempo, um dentre os moços de
6 Direis àquele próspero: Paz seja contigo, e Nabal o anunciou a Abigail, mulher deste, dizen-
tenha paz a tua casa, e tudo o que possuis tenha paz! do: Davi enviou do deserto mensageiros a saudar
7 Tenho ouvido que tens tosquiadores. Os teus a nosso senhor; porém este disparatou com eles.
pastores estiveram conosco; nenhum agravo lhes 15 Aqueles homens, poré m, nos têm sido
fizemos, e de nenhuma coisa sentiram falta todos muito bons, e nunca fomos agravados por eles e de
os dias que estiveram no Carmelo. nenhuma coisa sentimos falta em todos os dias de
8 Pergunta aos teus moços, e eles to dirão; nosso trato com eles, quando estávamos no campo.
achem mercê, pois, os meus moços na tua presen- 16 De muro em redor nos sen iram, tanto de
ça, porque viemos em boa hora; dá , pois, a teus dia como de noite, todos os dias que estivemos
servos e a Davi, teu filho, qualquer coisa que ti- com eles apascentando as 01·elhas.
veres à mão. 17 Agora, pois, considera e 1ê o que hás de
9 Chegando, pois, os moços de Davi e te ndo fazer. porque já o mal está, de fato, determinado
r;.. falado a Nabal todas essas palavras e m nome de contra o nosso senhor e contra toda a sua casa; e
Davi , aguardaram. ele é filho de Belial, e não há quem lhe possa falar.

615
25: I COI\IENTt\RIO BÍBLICO ADVENTI TA

IR Lntüo, '\biga i I tomou, a toda pre~sd, du- atada no feixe dos que' hem com o ~~ '"OR,
tcntos pães. dois odres de 'mho. c1nco 0\ e lhas teu Deus: poré m a '1da de teus mim1~o~. c.,te
preparadas, cinco medid<~s de trigo to~tado, cem a arrojará como se a atirasse da ca\ 1dadc de
cachos de passas c du1cntas p.tstas de l'igo~. e os uma funda .
pôs sobre jumentos, ~O E há de ser que, usando o E'\ li OR conti-
19 e disse aos seus moços: Ide adiante de go segu ndo todo o bem que tem dito a teu respei-
mim. pois' os segUirei de perto. Porém nada d1sse to c te houver estabelecido príncipe sobre Israel,
el<t a seu mando Nabal. ~I então, meu senhor, não te será por trope-
20 Cnquanto ela, ca\'a lgando um jumento, ço, nem por pesar ao coração o sangue que, sem
de~cia , encoberta pelo monte , O,l\ 1 c seus ho- causa,\ iere., a derramar c o te ha,erc., 'ingado
mens também desciam. c ela se encontrou com com as tuas próprias mãos, quando o ~L'\ li OH te
eles. h oU\ cr feito o bem, lembrar-te-<ls da tu.t .,en a.
21 Ora , Dm i dissera . Com efeito, de nada me .n Então, Da' i disse a Abigail : Bendito o
scn iu ter guardado tudo quanto este possui no '>I '\ IIOR, Deus de Israel. que. hoje , te em iou dO
deserto, c de nada sentiu falta de tudo quanto lhe meu encontro.
pertence; e le me pagou mal por bem . 33 Bendita seja a tua prudência, e bendita
22 raça Deus o que lhe ap rOU\er aos inimi- sejds tu mesma, que hoje me tolheste de der-
gos de Dm 1, se cu dci\Jr, ao amanhecer, um só ramar sangue c de que por minha própria mão
do sexo ma!>culino dentre os seus. me' ingasse.
23 Vendo. pois. Ab1gail a Dad , apressou-se, ~4 Porque, tão certo como 'Í\ c o ~L'\ IIOR.
desceu do jumento e prostrou-se sobre o rosto Deus de Israel, que me impediu de que te fi-
diante de Da' i, inclinando-se até à terra. lesse mal, se tu não te apressaras e me não 'ic-
24 Lançou-se-lhe aos pés c disse: -\h! ~cnhor ras ao encontro, não teria f1cado a Nabal, até ao .~
meu, caia a culpa sobre mim , permite falar a tua amanhecer, nem um sequer do !>C\O masculino.
serva contigo e ou,·e as pala' ras da tua serva. 35 Então, Da' i recebeu da mão de Abigail o
2'5 ão se importe o meu senhor com este que esta lhe ha' ia traLido e lhe disse : '>obe em
homem de Belial, a saber, com abal. porque o pa7 à tua casa; bem 'ês que ou' i a tua petição
que significa o seu nome ele é. '\labal é o seu nome, e a ela atendi.
e a loucura est<Í com e le; cu, porém , tua sen a, não 36 Voltou t\bigail a '\labal. Eis que ele fa1i a
'i os moços de meu senhor, que em iaste. em casa um banquete, como banquete de rei : o
26 Agora , pois, meu senhor, tão certo como seu coração esta\a alegre, c ele, já mu1 embria-
'i\ e o SENIJOR e a tua a lma, foste pelo SENHOR gado, pelo que não lhe referiu ela coisa alguma,
impedido de derramar sangue e de\ ingar-te por nem pouco nem muito, até ao amanhecer.
tuas próprias mãos. Como Nabal , sejam os teus 37 Pela manhã, estando Nabal já Ih rc do
inimigos e os que procuram fa1er mal ao meu 'inho, sua mulher lhe deu a entender aquelas
sen hor. coisas; e se <Jmortcceu nele o coração, c ficou
27 Este é o presente que trouxe a tua sen·a ele como pedra.
a meu senhor; seja e le dado aos moços que se- 38 Passados uns de1 dias, feriu o ~Et-.IIOR a
guem ao meu senhor. '\labal, e este morreu .
28 Perdoa a transgressão da LUa scr\'a; pois, 39 Ou' indo Davi que 1 aba I morrera, disse:
de fato, o Sr'III OR te far<Í casa firme , porque pe- Bendito seja o SEMlOR, que pleiteou a causa da
lejas as batalhas do ScNIIOR, c não se ache mal afronta que recebi de I aba I e me deteve de fa7er
em ti por todos os teus dias. o mal , faLendo o SE.'\IIOR cair o mal de abal
29 Se a lgum homem se Ie\ anta r para te per- sobre a sua cabeça. \)andou Dm i falar a t\bigail
seguir e buscar a tua' ida, então, a tua' ida será que deseja\'a tomá-la por mulher.

616
I A~lUE L 25:8

40 Tendo ido os servos de Davi a Abiga il , no assistiam; e ela seguiu os mensageiros de Dc1' i,
Ca rme lo, lhe d issera m: Da' i nos mandou a Li , que a recebeu por mulher.
para te le, ·ar por ~ua mulher. 41 També m tomou Davi a Ainoã de Jezreel,
41 Cntão, ela se le\'antou, e se inc linou com o e ambas foram suas mul heres,
rosto em terra, c d isse: Eis que a tua serva é cria- H porque aulti nha dado sua filha 1\ l ica l,
da pa ra lavar os pés aos c riados de meu senhor. mu lher de Davi, a Palti, filho de Lafs, o qua l era
42 t\ bigail se apressou e, dispondo-se, ca- de Ga lim.
va lgou um j umento com as ci nco moças que a

I. Fale ce u Samuel. obre a re lação Cades- Barneia e a gra nde Arabá, ou a pla-
entre a idade de Samue l, Sau l e Davi , ver nície entre o ~ la r l\tlorto e o Golfo de Áqa ba.
p. I 15, II 6. Como as tribos q ue habitava m a região
Sa muel fez uma contribuição notável ti n ha m natureza predatória, Da\ i encont ra-
quando organizou escolas pa ra os jovens, a ria u ma recepção muito fria ao rugir pa ra
fim de que Israel fosse instruído nos grandes Pa rã e, se m dúvida, reconheceu seu erro.
princfpios da sa lvação. O plano origina l de Tal recepção, a liada à consciência da in imi-
Deus era que os lev itas se espa lhassem por tade de aul , seria ainda mais amarga após
toda a terra e ensinassem ao povo as coisas a morte de a muei. Isso levou Da' i a sent ir
espirituais. Todavia, por se verem desempre- a necessidade de auxílio defi nitivo do Céu.
gados, os membros dessa tribo foram fo r- E m gra nde a nsiedade, compôs os a lmos
çados a encontrar outro me io de ga nha r a 120 e 12 1 {ver PP, 664).
' ida. O resultado foi que o povo estava rapi- 2. Carme lo. C idade loca lizada quase
damente se tornando pouco melhor que os dois quilômetros ao norte de i\ laom, no topo
pagãos a seu redor. Por isso, as escolas dos das montanhas. Toda água a leste deste lugar
profetas foram instituídas. flui para o ~ l a r lorto; toda água a oeste
Na sua casa. A pa lavra "casa" não deve cor re para o ~ Iedite rrâ neo. O dese rto de
ser entend ida como a residênc ia de a muei. laom, uma região esparsa mente povoada,
mas é provável que seja usada, neste contexto, repleta de leitos secos de rios, fica a sudeste
para se re ferir a um loca l de sepu ltamento. do Ca rme lo. Du ra nte sua perma nência no
e amuei fosse enterrado literalmente "na deserlo de Zife e de I\ laom ( I m 23:24 -26), ~
sua casa", haveria profa nação perpétu a ( m antes da retirada pa ra En-Ged i (J m 23:29),
19: 11-22). O luga r que a tradição acredita Dm i e seus homens conheceram os pastores
cor responder à sepultura de amuei é uma de aba l e deixaram a melhor das impres-
caverna sobre a qual se constru iu uma mes- sões. aba l monJVa perto do deserto e, por
quita, em ebi Samwfl , c idade cerca de oito isso, estava ex posto, a todo te mpo, a bandos
q uilômetros a noroeste de Jerusa lém , mas a de saqueadores. A cidade hoje é conhecida
identificação é incerta. como Kerme l.
Deserto de Parã. Deserto que se esten- 3. Na ba l. Litera lmente, "tolo", "sem
di a dosu l de judáa téo inai {ver m IO:I2). juízo". O prováve l sign ifi cado do nome de
Parã é, em u ma ocasião, igualado com eir sua esposa, Abiga il. é "meu pa i é alegria" ou
( Dt 33:2). Seir era a terra dos descendentes "pai do regozijo".
d e Esaú , no eguebe, aba ixo de l le brom 8 . Davi, te u filho. Davi assumiu este
(ver C n 32:3, etc.). Acredita-se que o deserto título em respeito a alguém mais \elho do
de Parã inc lu ía o deserto de Z im , entre que ele. Viaja ntes modernos que passa m pela

6 17
2'>·10 COME TÁR IO BÍBLICO ADVEI TISTA

região obser\'am que as maneiras e os costu- desenvolvendo uma clara percepção espiri-
mes do presente são quase idênticos aos da tua l e forta lecendo sua intuição feminina,
época de Da' i. elementos que, um dia, a ajudariam a impe-
Embora fosse um foragido de au l, Davi dir Davi de cometer um grme erro (v. 18-28).
agira como protetor de seu povo dos ataques 17. Filho de BeliaL Literalmente, "filho
predatórios no deserto. Preservara os reba- da inutilidade" ou " filho da penersidade".
nhos de abal sem qualquer custo para o Belial não parece ser nome próprio nesta ocJ-
proprietário. ormalmente, os donos de O\ C- sião, embora mais tarde tenha sido conside-
lh as ficariam felizes em recompensar aque- rado como ta l (ver 2Co 6: I '), ARC).
les que impediram perdas. O pedido de Dm i 18. Cinco medidas. Literalmente,
por prm isões era legítimo e esta\ a em har- "cinco se<ís". Um seá equi\ale a 7.33 litros.
monia com os costumes da época. Cinco seás, portanto, totalitariam 36,65 litros.
10. Que m é D avi [... ]? Esses comentá- Cachos. Provavelmente "montes". Ocos-
rios repletos de insultos dificilmente teriam tume a nti go era pressionar as U\'as passas,
sido feitos se Davi ainda morasse em 1\ laom. formando bolos.
A referência a senos que fogem pode ser à 24. Caia a culpa sobre mim . Um gesto
situação de Davi com au l ou aosjo,cns que gracioso, a lgo que prova,elmente se tornara
1aballogo dispensou com a insinuação de habitual para Abigail. É certo que frequen -
que não tinh a certeza se e les pertenciam ou temente, sem o conhecimento de 1a bal, ela
não aos homens de Davi (, er v. 11). transformava a loucura do marido em uma
13. Também Davi. O guerreiro come- nova oportunidade de vida, na esperança de
teu um grave er ro ao decidir apressadamente que ele percebesse a beleta de um conceito
buscar' ingança pessoal. Ele ainda precism·a de' ida bem diferente. Essa nobre mulher se
aprender a lição da paciência. Essa \'aliosa apresentou como aquela sobre quem repou-
característica foi adquirida depois. Observe sava a insensatez e que, portanto, deveria
o contraste entre a atitude dele nessa ocasião receber o castigo.
e mais ta rde, quando Absa lão tentou usurpar 25. O que significa seu nome eJe é.
o reino. Enquanto Da' i fugia de Jerusa lém, Ver com. do v. 3.
Simei, da casa de Saul, jogou pedras nele e Não vi os moços . ~abal , o chefe do
o amaldiçoou. Quando um de seus homens lar e representante da família nos negócios,
quis matar o ofensor, Da' i disse: "Dci\ai-o; não incluiu a esposa em seu pensamento. ~c
que amaldiçoe[ ...]. Talve; [...]o Sr"IIOH me hoU\esse confiado nela , poderia ter e' itado
pagará com bem a sua maldição deste dia" problemas infindáveis, mas então ela preci -
(2m 16:11 , 12). sa\'a reorganitar a situação e a!.!.umir a culpa
14. Abigail. 1ão se sabe que acon te- por incidentes desfa, orá' eis.
cimentos ligaram uma mulher de disposi- 26. Impe dido. Abigail não atribuiu
ção tão sábia a um homem rude e impetuoso o crédito à própria geni<Jiidade, mas ao
como labal, porém , muitas vezes, duas pes- enhor, por impedir Da' i de realizar seu
soas de nature;a diametralmente oposta são propósito impensado. As palavras por ela
unidas no relacionamento íntimo de marido proferidas só poderiam 'ir de alguém pro -
e mulher. É pro\'á\el que essa não tenha sido fundamente religioso.
él primeira vez que Abigai l foi chamadél para 27. Prese nte . Ou , " bênção" (A RC).
apa7iguar as coisas entre o esposo e aque- Ao chamar seu presente de bênção, Abigai l
les com quem se relacion<l\'a. l\ la I sabia e la sugeriu que estava retirando a atenção cle
que, dO cuidar de aba I todos os dias, estava si mesma como doadora, para dar crédito'-'

618
l SAI\ IUEL 25 :42

Deus, que estava suprindo as prov isões em 3 1. Tropeço. Do heb. puqah. A pa la-
i; resposta ao pedido de Davi. Ha é usada de forma figurada para desig na r
28. Pe rdoa a tra n sgressã o. Ver v. 24. esc rúpulos da consciência. Abiga il suplicou
Abiga il baseou seu pedido em duas conside- que Davi se portasse de forma que, depois
rações importa ntes: de se tornar rei, poderia agradecer a Deus te r
( I) Davi estava luta ndo as bata lhas do e m iado um poder para detê-lo nos momen -
enh or. A referência a esse fato era uma tos de desespero e autopiedade pela ing rati-
re preensão indireta ao fato de ele não estar, dão dos outros a ele. Afin al, ela era obrigada
naquele momento, numa missão divina, ma s, a supo rtar aquele ho mem rud e, inde pe n-
sim , busca ndo a lgo que e le mes mo esco- dente, rancoroso e ciumento por muito ma is
lhera. o confronto contra os fili steus em tempo do q ue Dav i.
Que ila, Dm i consu ltou cuidadosa mente a 33 . B e ndita sej a a tua prudê ncia .
vo ntade de Deus sobre o assunto (lSm 23:2). É necessá ria humildade para aceitar a repre-
le nhuma consulta do tipo fora feita nessa ensão com tranquilidade. Dav i não fe7 esforço
ocas ião. Dm i não tinha aprovação celestial algum pa ra justifica r suas ações. Seu coração
pa ra matar aba l e seus home ns. se encheu de agradec imento por aquela que
(2) Davi seria c ulpado, a lgo de qu e o sa lvara de um ato apressado e assassino.
estivera livre até o mo me nto. A ex pressão 3 5. Ouv i a tu a p e ti ção . A aceitação
"não se ac he ma l em ti " é uma o bser\'a- imecl iata da repreensão é digna ele elogios.
ção do ponto de vista hu ma no. Da\ i come- Dm i acostumo u-se a testemunhar atua-
te ra e rros g raves (ver l m 2 1: I, 2, 12. ções misteriosas da P rovidência, e reconhe-
13). Com certeza, Ab igai l a, ·a lio u o ca rá- ceu a mão de Deus naquilo que acontec ia.
te r de Dm i com base em sua compe tê n- Agradeceu ao Senho r por desencadear os
c ia pa ra se r o fu tu ro re i de Is rael. Se u s e\ cntos que culminaram em e u e ncontro
de feitos, até então, não o desqua lificavam com Abiga il no luga r certo e na hora certa,
pa ra exercer tal pos ição. Caso ho uvesse e pelo encorajamento de uma alma tão espi-
c ump rid o se u propós ito co ntra a ba !, o ritua l como a daque la mulhe r.
incide nte Leri a leva ntado sérias dúvidas na 37. E se a morteceu n e le o c ora-
mente do povo em rel ação ele como o futuro ção. O u seja, e le ca iu numa condição de
mona rca. Se continuasse com a política de in sensibilidade.
extermina r os cidadãos elo reino que se opu- Ficou ne le como pedra . O u, para lisado.
nha m a faLe r sua vontade, sua aclm ini stra- 38. Feriu o SEN HOR a Naba l. As
ção estaria sob suspe it a. Cscrituras costu mam d i1er que Deus fe1 algo
29. S e a lg um home m. O he bra ico que Ele simplesmente não impediu . laba l
pa rece ser geral. Com certe1a, Abiga il cstm·a teve sua oportunidade. A presença de uma
pensa ndo em Saul , mas usou um vocabu lá- esposa piedosa não exerceu in fluência algumcl
rio dip lomático. sobre ele. Ele abdicou do dire ito de receber a
Feixe dos que vive m. Do hcb. beror proteção di\ ina sobre sua \ ida.
haldw)) irll . Litera lmente, "feixe dos vivos". 42. Que a receb e u por mulhe r.
A imagem é emprestada do costume de amar- Davi já era casad o (I m 18:27). A poliga-
rar os bens numa trouxa que o dono podia mia era um costume da época, e o ato não
ca rrega r sobre si. Essas pa lavras hebra icas seria considerado digno de repreensão pe lo
são usadas em sepulturas de judeus hoje com povo. Deus tolcra\'a o costume nesse período,
refe rê nc ia, segundo autoridades juda icas, à assim como fi zera no passado (ver com. de
vida futura. Dt 14 :26), não leva ndo em conta os tem pos

6 19
26: I CO!\ I E TÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

de ignorâ ncia (ver At 17:30). Conllldo, a poli- eslivesse dis posto a aceita r o padrão origi nal
ga mi a trazia consigo muito sofrimento e Lris- esta belecido pelo Senhor no Éden (Gn 2:24;
teza, dos quais o povo seria poupad o caso ver l\ lt 19:5).

COMENTÁRIOS D E ELLEN G. WHITE

1--H - PP, 663-668 1-5- PP, 664 30-33, 36, 37- PP, 667
1 - PP, 663 6-17- PP, 665 38, 42 - PP, 668
18, 19, 23-29- PP, 666

CAPÍTULO 26
1 Saul, informado pelos zifeus, busca Davi em Haquila. 5 Davi vai ao acampamento
e impede Abisai de matar Saul, mas leva a lança e a bilha da água do rei. 13 Davi
reprova Abner 18 e exo rta Saul. 21 Saul reconhece seu pecado.

I Viera m os 1ifeus a Saul, a Cibcá, e disse- agora, e nc ravá-lo com a lança, ao c hão, de um ~6
ra m: ão se acha Davi escondido no outei ro de golpe; não será preciso segundo.
I !aqui la, defronte de Jesirnorn? 9 Dav i, porém, responde u a Abisai : ão o
2 Então, Saul se leva ntou e desceu ao deser- mates, pois quem haverá que este nda a mão con-
to de Z ife, e com e le, três mil homens escolhi- tra o ungido do ScN IIOR e fiqu e inocente?
dos de Is rael, a buscar a Da\'i. lO Acrescentou Davi: Tão certo corno\ i\ e o
3 Acampou-se Saul no outeiro de H aqu ila , ENIIOR, este o ferirá, ou o seu dia chega rá em que
defronte de Jesirnorn , ju nto ao caminho: porém morra. ou em que, descendo à batalha. seja morto.
Davi ficou no deserto, e, sabendo que Saul 'inha li O SEI\ HOR me gua rde de que e u estenda
para a li à sua procura, a mão contra o eu ungido; agora, porém, torna a
4 enviou espias, e soube que Saul tinha\ indo. lança que está à sua cabeceira e a bilha da água,
5 Davi se lc\'antou, c veio ao luga r onde au l e vamo-nos.
aca mpa ra, e viu o luga r onde se deitaram Saul 12 Tomou, pois, Davi a la nça e a bilha da
e Abner, filho de 1 er, comanda nte do seu exér- água da cabeceira de Saul , e foram-se; ninguém
c ito. au l estava deitado no acampamento, e o o ' iu, nem o soube, nem se despertou, pois todos
povo. ao redor dele. dormia m , porquanto, da parte do SE. r roR, lhes
6 Disse Da\ i a Aimeleque, o heteu, e a Abisai, havia caído profundo sono.
fi lho de Zeruia. irmão de Joabe: Quem descerá 13 Tendo Davi passado ao outro lado. pôs-se
comigo a aul, ao a rra ial? Respondeu Abisai : Eu no cimo do monte ao longe, de maneira que entre
descere i contigo. e les havia gra nde distância.
7 Vieram, pois, Dm i e Abisa i, de noite, ao 14 Bradou ao povo e a Abner, filho de er,
povo, e e is que a ul estava de itado, dormindo di7endo: ão respondes, A bne r? Então, Abne r
no acampamento, e a sua la nça. fincada na terra acudiu e disse: Quem és tu, que bradas ao rei?
à sua ca beceira; Abner e o povo estava m deita- 15 Emão, disse Dm•i a Abner: Ponentura, não
dos ao redor de le. és homem? E quem há em Israel corno tu? Por
8 Então, disse A bisa i a Da' i: Deus te entre- que, pois, não guardaste o rei, teu senhor? Porque
gou. hoje, nas mãos o teu inimigo; dei\a-me, pois, veio um do povo para destruir o rei, teu senhor.

620
Al\lUEL 26:6

16 Não é bom isso que fizeste; tão certo como Israel em busca de uma pulga, como quem per-
\ive o E 110n, deveis morrer, vós que não guar- segue uma perdiz nos montes.
ddstes a \Osso ~enhor, o ungido do SCNI IOR; vede, 21 l:.ntão, disse Saul: Pequei; volta. meu filho ~
agora, onde está a lança do rei e a bilha da água. Davi. pois não tornarei a faLer-te mal: porque
que tinha à sua cabeceira. foi. hoje, preciosa a minha vida aos teus olhos.
17 Então, reconheceu Saul a \07 de Davi c Li~ que tenho procedido como louco e errado
disse: ão é a tua voz, meu filho Da\ i? Respondeu e\cessi\ a mente.
Davi: im, a minha, 6 rei, meu senhor. 22 Da' i. então, respondeu e disse: Eis aqui a
18 Disse mais: Por que persegue o meu se- lança. 6 rei; \enha aq ui um dos moços e le,e-a.
nhor assim seu seno? Pois que fi; eu? E que mal- 23 Pague, porém, o Ei\IIOR a cada um a ua
dade se ac ha nas minhas mãos? justiça C' a sua lealdade; pois O Se,' IIOR te havia
19 Ouve. pois, agora, te rogo, 6 rei, meu se- entregado, hoje. nas minhas mãos. porém eu não
nhor, as pala\ ras de teu servo: se é o E., IIOR quis estendê-las contra o ungido do SE,IIOR.
que te incita contra mim, aceite Ele a oferta de 2-l r\ ssim como foi a tua\ ida, hoje, de muita
manjares; porém, se são os filhos dos homens, estima aos meus olhos, assim também seja a
malditos sejam perante o SEN IIOR; pois eles me minha aos olhos do SL:-.IIOR, e Ele me livre de
expu lsaram hoje, para que eu não tenha parte toda tribulação.
na herança do E:--l iiOR, corno que ditendo: Vai. 25 Cn tão, au l disse a Davi: Bendito sejas tu,
serve a outros deuses. meu filho Davi; pois grandes coisas farás e, de
20 t\ gora, pois, não se derrame o meu sangue fato. prevalecerás. Então, Davi continuou o seu
longe desta terra do SENHOR; pois saiu o rei de caminho. e au l voltou para o seu lugar.

1. Haquila. Ver com. de I m 23:19. Entre os dois acontecimentos, Davi se escon-


1\luitos te nta m igualar a na rrativa d este deu no deserto de Pa rã e te\ e a infeli; expe-
capítulo com o registrado dos cap. 23 c 24, ncncia com aba l. Ao voltar para o norte, os
citando como motivo as seguintes semel han - zifeus o delataram a a ul. Exasperado pela
ças: (I) os zi feus são os informantes de Saul, ousadia de Davi de volta r à região de Hebrom ,
(2) Davi se encontra em Haquila , (3) a ul Saul se esqueceu da recente promessa ao
está acompan hado de 3 mil homens, (4) os genro e, num ataque de loucura, voltou a tri-
home ns de Davi insistem para que e le m ate lhar o ca minho bél ico para capturar seu riva l.
Saul, (5) Davi se recusa a tocar no ungido 5. Acampamento. Do heb. llltl'gal, "tri-
do Senhor, (6) Saul de monstra arrependi- lho [d e tre m]", "entrincheira m ento'' e, tal-
me nto, e (7) Davi se compara a uma pulga. vez, "aca mpamento . A palavra ocorre em
Em contrapartida , há diferenças m a rca n - I Samuel I7:20 para designar o acampa-
tes, como: (I) o local do esconderijo de Davi; me nto ou trinchei ra do exército de Saul na
(2) a forma de descoberta de Saul, no pri- é poca do desafio de Golias. É prov~1vel que
me iro caso, depois que ele entrou na caverna; Davi e seus homens te nham visto o exér-
no segundo, os movim entos do re i e ra m cito inimigo armar suas tendas para passar
observados por vigias; e (3) a evidênc ia mate- a noite, e Davi tenha avistado o local de a ul
rial que Davi recolheu: na primeira situação, em meio ao exército. Abner, primo de a ul
um pedaço d a roupa de Sau l, na segunda, (lSm 14:50), era o g uard a-costas do rei.
a la nça e a bilha da água do rei. ão existe 6. Aimeleque, o heteu. O nome deste
motivo válido para presumir que os dois homem só ocorre neste versículo. Os hete us
re la tos são varia ntes do m esmo incidente. (hilitas) são menc ionados desde os tempos de

62 1
26:8 COME TÁRIO BÍBLICO ADVE T ISTA

Abraão (G n 23:3-20). Os descendentes de proibia qualquer ação contra o rei, como a que
Hete se estabeleceram em Hebrom. Foi de les Abisai defendia. A interpretação espiritual de
que Abraão comprou um lugar para sepultar Davi das leis de Moisés era muito mais avan-
sua esposa Sara. Posteriormente, os heteus çada do que a dos líderes judeus dos dias de
se transformaram numa nação poderosa, Cristo, que tentavam manter a letra da lei,
que ocupava uma posição estratégica na Ásia ao passo que violavam seu espfrito. A habili-
l\lenor e, com o tempo, se tornaram o equilí- dade de Davi de interpretar corretamente as
brio do poder numa região próxima ao grande Escrituras era ajudada pela orientação que
arco do Eufrates, no que hoje se conhece como recebia por meio: (1) dos profetas, (2) do Urim
o norte da Síria e a Turquia. Quando os egeus e do Tumim, (3) dos grandes pontos de prote-
(os povos do mar) migraram pela Ásia 1enor ção providencial que, ao longo de muitos anos,
a caminho do Egito, o império heteu foi prati- foram erguidos em sua vida, (4) das evidên-
camente eli minado. Ainda existiam heteus na cias históricas do poder de Deus nos séculos
Palestina nos dias de Salomão (!Rs 9:20, 21). passados aprendidos aos pés de Samuel nas
É provável que esse Aimeleque fosse ligado à escolas dos profetas, (5) da inspiração rece-
tribo de Judá por meio de casamento e sentiu bida por sua associação com pessoas amigas
que seria seguro se aliar a Davi. Ele deve ter repletas do mesmo discernimento espiritual
se distinguido tanto que Davi lhe concedeu e (6) do dom do Espírito Santo, que o capa-
uma posição em sua guarda. citava a falar sob inspiração (ver 2Sm 23:2).
Abisai. Neto de Jessé. Abisai era filho 10. Tão certo como vive o SENHOR.
da irmã de Davi, Zeruia, portanto, seu sobri- Davi se contentava em deixar tudo nas mãos
nho. Joabe, irmão de A bisa i (lCr 2: 16) foi o de Deus e, de maneira nenhuma , tentava
comandante do exército de Davi. prescrever um caminho para o Senhor seguir.
8 . Deixa-me, pois, agora, encravá-lo. Com alegria, depositava todos os planos aos
Abisai não aprendera a difícil lição de esten- pés do Mestre e esperava com paciência o
der bondade a um inimigo. Saul começou desenrolar das obras misteriosas de Deus.
um conflito intertriba l entre Benjamim e 11. A lança. Davi estava bem ciente da
Judá; Abisai , com certeza, concluiu que isso necessidade de garantir provas materiais de
exigia retaliação. Saul havia arremessado sua atitude em relação a Saul. Ao mesmo
sua lança contra Davi, mas errara. Segundo tempo em que esperava Deus fazer grandes
a opinião de Abisai, era a vez de Davi e, coisas por ele, sabia que também tinha uma
como guarda-costas, se ofereceu para agir parte a desempenhar.
~.,.em lugar do tio. 12. Profundo sono. Davi deve ter rece-
9. Não o mate s. Davi exercitava o pen- bido encorajamento ao perceber a proteção
samento independente. Era superior à atitude do Altíssimo à medida que ele e Abisai per-
de tomar qualquer ser humano como crité- corriam com cuidado o caminho por entre
rio para sua conduta. Ele desenvolveu sua as fileiras do exército de Saul. O milagre que
filosofia de vida não com base na tradição, permitiu a esses homens caminhar em meio
mas nos princípios estabelecidos pela revela- a 3 mil soldados, até o centro do grupo, sem
ção divina. Entre os preceitos da lei mosaica, serem vistos, foi uma evidência do lado do
com a qual Davi era fami liarizado, estava conflito em que se encontrava a Providência.
o seguinte: "Contra Deus não blasfemarás, A intervenção foi uma condenação da natu -
nem amaldiçoarás o príncipe do teu povo" reza instável de Saul, que prometera uma
(Êx 22:28). Davi possuía refinado discerni- coisa e, pouco tempo depois, violou sua pala-
mento espiritual e compreendia que essa lei vra, fazendo exatamente o contrário.

622
I A~IUEL 26:25

17. Não é a tua voz [...]? É provável e da religião que fora sua maior alegria e seu
que ainda estivesse escuro, portanto Saul só grande refúgio ao longo de tantos anos. Fora
poderia reconhecer Davi pela voz. forçado a viver nos buracos da terra, no ermo
18. Que fiz e u ? A atitude de Davi em do de e rto e em meio a inimigos de seu pró-
relação a Saul foi respeitosa e cheia de amor. prio povo. essa condição, a única segurança
Ele poderia ter dito: "Por que violaste tua para ele e seus homens parecia se encontrar
aliança comigo perante Deus? Até quando no exílio completo.
continuarás a pecar contra mim e contra o 2 0 . Um a pulga. Ver ISm 24:14.
Senhor." Mas, tais pa lavras só teriam pro- 2 1. E ntã o , dis se S aul. Saul ficou emo-
vocado a raiva de Saul. É preciso tato para cionado quando percebeu que sua vida
conseguir repreender e obter mudança de fora preciosa aos olhos de Davi mais uma
atitude da parte de quem está no erro. vez. A bondade do patriota foragido forçou
O esforço de Davi realizou tudo que se pode- várias confissões notáveis de seus lábios:
ria esperar de alguém tão endurecido como (I) "pequei ", ao planejar em segredo a morte
Saul (ver v. 21). de um próximo; (2) "tenho procedido como
19. Se é o S ENHOR. Davi apresentou louco", ao tentar novamente matar aquele que
a aul duas possíveis soluções, que pode- graciosamente poupou sua vida; e (3) "tenho
riam ser parafraseadas da seguinte forma: [...] errado excessivamente", ao dar lugar à
(I) "Se, por algum pecado de minha parte, autopiedade e à paixão da natureza inferior.
cometido em ignorância contra ti ou contra O rei convidou Davi a voltar para Gibeá e
todo o Israel, do qual foste ungido rei, Deus prometeu proteção. Embora o convite para
te impressionou a executar juízo contra mim, voltar tenha sido um gesto gentil, levaria a
permite-me seguir as instruções da Torah e uma situação muito difícil, pois Saul dera a
buscar perdão da maneira constituída pelo mulher de Davi a outro homem (ISm 25:44).
Senhor" (Lv 4); e (2) "mas, se resolveste me 22. Dav i, e ntão, responde u . A nar-
caçar como se fosse um rebelde por causa rativa não registra uma resposta direta de
de fofocas vis e caluniosas e difamações sus- Davi aceitando o convite de Saul. Talvez
surradas, sentindo que estou tentando usur- houvesse algo no tom de voz de Saul, não em
par tua posição, a evidência em En-Gedi e suas palavras, um ar de complacência que
mais uma vez neste local prova a falsidade Davi logo discerniu e o convenceu de que
de tais palavras e ações. Portanto, aqueles aquele que parecia humilde no momento
que estão te instigando são amaldiçoados continuava a ser orgu lhoso e obstinado. Davi
diante de Deus, de acordo com as leis da não tin ha garantia alguma de que o estado
Torah (Dt 27:24-26), e tu não deves segui- de espírito de Saul continuaria o mesmo por
los, nem se deixar guiar pelo conselho deles". muito tempo.
Eles m e e xpulsaram. Davi abriu seu 24. Muita estima. Literalmente, "mag-
coração a Saul num arroubo de desalento. nificado", ou seja, de grande valor. Duas
Em vez de ser aceito como servo (v. 18), fun- vezes, Davi asseverou sua integridade ao
ção que exerceria com a legria, era perseguido preservar a vida de Saul, mas, em vez de se
como u m criminoso; seu rei se tornara um confiar às mãos do rei , orou pedindo prote-
inimigo, e aquele a quem ele seguiria com ção divina para si em todas as tribulações.
prazer e respeito o obrigara a fugir como uma 25. C ontinuou o seu c aminho. Des-
perdiz para as montanhas (v. 20). Todavia, crente em relação a uma mudança definitiva
muito pior do que isso, ele foi afastado da na atitude de Saul, Davi escolheu permane-
~·" herança do SENHOR", a terra de seus pais, cer fugitivo.

623
27: I CO IE TÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-25- PP. 668-672 9- 19- PP, 671 21. 22 - PP, 67 1


I, 2, -t-8 - PP, 668 15, 16- PP. 698 25- PP, 672

CAPÍTULO 27
1 Ao ouvir que Davi se encontra em Cate, Sau l para de persegui-lo. 5 Davi pede
que Aquis lhe dê Ziclague. 8 Davi invade outros territórios,
persuadindo Aquis que lu taria contra ]udá.

I Disse, porém, Da1 i consigo mesmo: Pode ser 7 E todo o tempo que Dm i permaneceu na
que algum dia venha eu a perecer nas mãos de au l; terra dos filisteus foi um ano e quatro meses.
nada há, pois, melhor para mim do que fugir para 8 Subia Da1 i com os seus homens, e davam
a terra dos filisteus; para que aul perca de todo contra os gesuritas. os gersitas e os ama lequ itas;
a~ esperanças e deixe de perseguir-me por wdos porque eram estes os moradores da terra desde 1
os limites de bracl ; assim, me livrarei da sua mão. Telã, na direção de ur, até à terra do Egito.
2 Dispôs-se Da1 i e, com os seiscentos homens 9 Da1 i feria aquela terra , e não deixa\'a com
que com ele estavam, passou a Aquis, filho de vida nem homem nem mulher, e tomava as ove-
i\ laoque, rei de Cate. lhas, e os bois. e os jumentos. e os camelos, e as
3 ll abitou Da\'i com Aquis em Cate, ele e os vestes; voltava e vinha a Aquis .
seus homens, cada um com a sua família; Da1 i. lO E perguntando Aquis: Contra quem deste
com ambas as suas mu lheres, Ainoã , a jc~ree­ hoje? Dm i respondia : Contra o ui de Judá, e o
lita. e Abigail. a viúva de aba l, o carmelita. Sul dos jerameelitas. c o Sul dos queneus.
-t A1 isado au I de que Davi tinh a fugido li Davi não deixava com 1 ida nem homem
para Cate, des istiu de o perseguir. nem mulher, para os tra7er a Cate, pois ditia ·
5 Disse Davi a Aquis: e achei mercê na Para que não nos denunciem , ditendo: Assim
tua presença. dá-me lugar numa das cidades da Da1 i o fa7ia . Este era o seu proceder por todos
terra , para que a li habite; por que há de habitar os dias que habitou na terra dos filisteus.
o teu servo contigo na cidade real? 12 Aquis confiava em Davi, di7endo: Fc1·sc
6 Então, lhe deu Aquis, naqu ele dia , a ci- ele, por certo, aborrecível para co m o seu po1 o
dade de Ziclague. Pelo que Ziclague pertence em Israel; pelo que me será por se n o para
aos reis de Judá, a té ao dia de hoje. sempre.

1. Venha e u a perecer. Dav i fa lhou desfruta ra a or ie ntação ele Gacle e Abiatar,


em perceber que , a d espeito das conspi- do Urim e do Tumim; mas, por fim , desa-
rações de Sau l, De u s estava operando ua nimado, e le se a fastou da ajuda divin a e fe1
vonta d e em s ilê ncio . Ele interpretou os seus próprios planos. o en ta nto, o e nhor,
acontecim e ntos então recentes como ev i- em S ua graça, tra nsformou os e rros d e D av i
d ê ncia da im possibilidade de reconci lia- em degra us para seu sucesso fina l.
ção e d o sucesso gradua l do plano do re i de Nada há, pois, me lhor. A d espeito de
a rruin á- lo e destruí-lo. No pa ssado, Davi tudo que Davi fizera por seus compatriotas,

624
1 SAi\1UEL 27:2

ele!> manifestaram pouca simpatia por ele, era o que pensava. Contrariando a \On-
que incorrera no desfavor do rei. Os habitan- tade de Deu!>, Davi colocou os pés na espi-
tes de Queila o teriam entregado a aul (ver nhosa estrada da dissimulação e da intriga.
lSm 23:1-13). Os zifeus informaram duas Ao sacrificar a confiança no enhor por sua
ve?es a aul o local de esconderijo de Davi ideia pessoal de segurança, manchou a fé
(I m 23:19; 26:1) e l abal se mostrara tão que Deus deseja que todos os eus senos
ho!>til quanto Doegue (I m 25:10, 11 ). Por demonstrem perante anjos e homens. Teria
duas vezes, ele estendeu a mão de miseri- sido bem diferente a história de Israel se
córdia ao rei insano e invejoso que aberta- Davi houvesse buscado e seguido o conse-
mente procurava tirar sua vida (!Sm 2-+:6-11; lho di' ino com a mesma m idez como o fizera
26:8-12). Do próprio povo, que deveria ter ante!> de sair de Judá, como fizera ao partir
demonstrado toda cortesia, recebeu somente de J\ loabe ( I m 22:5).
censura e ingratidão; sua vida com seu povo 2. Aquis, filho de Maoque. O nome
fora um pesadelo constante. Vivia com "Aquis" é de origem incerta. Alguns erud itos
pouca comida em cavernas e florestas, em pensam que este Aquis é o mesmo mencio-
desertos e montanhas e era tratado como nado em I Reis 2:39 como filho de laaca.
um criminoso. ~ laoque, porém, era a forma masculina da
Pouco antes desses incidentes ( I m 22:5), palavra, enquanto J\ laaca era a feminina (\e r
Deus havia orientado Davi a voltar de ~1oabe I Rs 15:2; I C r 2:48; 3:2; 7: 15; etc.). Caso as
para Judá. Ha' ia muito a ser feito por seus duas passagens se refiram à mesma pessoa, o
conterrâneos, e Davi atendeu com alegria. Aquis de I Reis 2:39 seria então muito idoso, ~
Ele pode ter concluído que o chamado para pois o incidente registrado ocorreu quase
voltar aJudá surgiu da necessidade de pro- 50 anos depois de Davi fugir para Aguis
teger seu povo contra os ataques de nações pela primeira \eZ (1 m 21:10). Contudo, se
vizinhas. o entanto, é provável que o pro- Aquis, filho de iVIaoque, se casou com uma
pósito divino fosse demonstrar a todo o Israel mulher chamada J\1aaca, seu filho poderia
a força, a humildade e a coragem daquele ser mencionado como "fi lho de ~ l aaca", por-
escolhido para ser rei - uma fé que espera,·a tanto, neto de laoque. É prová,el, porém,
com paciência o enhor operar Sua vontade que o Aquis para quem Da\ i fingira estar
no tempo certo. louco (I m 21:12, 13) seja o mesmo rei ao
Ve7 após vez, o enhor atuou em prol de qual este recorreu novamente. Pelo menos.
Davi , e o povo comum deve ter começado a os dois incidentes não estão separados por
cons iderá-lo um sortuclo. Porém, depois de muitos anos. No primeiro caso, Davi estm·a
cada livramento marm ilhoso, vinha outra sozinho; desta vez tinha a companhia de cen-
provação intensa e, com o tempo. Dm i come- tenas de seguidores com seus familiares.
çou a sentir a inutilidade do perigo e da Durante um tempo, os refugiados perma-
incerteza aparentemente infindáveis. Prover neceram em Cate. De acordo com os tar-
as necessidades das centenas de homens que guns, "os lagares" na introdução dos almos
o seguiam e mantê-los unidos consum iria as 8, 8 1 e 8-t designam um instrumento musi-
energias da pessoa mais capaz. É \erdade ca l inventado ou um tipo de música com-
que Abigail e Jônatas encorajavam Davi, mas posta pela primeira vez por Da\ i durante a
a maioria era contra ele. Sua fé ficou fraca . permanência em Cate, pensando que a pala-
Desanimado, fi na Imente buscou refú- vra original gittith se origina de Cate. Foi
gio em meio aos inimigos do Senhor. Dessa numa de suas visitas a Cate que Davi com-
decisão dependia sua segurança, ao menos pôs o Salmo 56, cuja introdução diz: "quando

625
27: 4 CO!\ IE TTÁR IO BÍBLJCO ADVE TI TA

os filiste us o prende ram em Cate" (ver com. 25:17-19; ve r Gn 15:16). Como herdeiro
de !Sm 2 1:13). ungido do trono, Davi sentia a responsabili-
4. Desistiu de o perseguir. Saul natu- dade de realizar aquilo que aul falh ava em
ra lmente se absteve de invadir território hos- fazer. Sem dúvid a, ele tinh a a inte nção de,
til pa ra capturar Davi; caso o fizesse, poderia assim, conquista r a lea ldade da nação.
provoca r um a guerra para a qua l não estava Os ges uritas. Qua ndo Israel inva diu
prepa rado. O voca bulá rio do texto de ixa as terras de eom e O gue (Js 12), chegou
pouca dúvida de que, se Davi houvesse per- à fronteira dos gesurita s, perto do monte
manec ido em Judá, aullogo se esquecer ia Hermom (Js 12:5; 13: 11). É possível que este
da última pro messa e o perseguiria de novo. povo tenha migrado para o norte, partindo do
Talvez o monarca esperasse que, desta vez, eguebe (ver com . de Gn 12:9; ]1 1:9) e do
como numa ocas ião anterio r ( I m 18: 17, 25), deserto de Parã, c fosse uma tribo pa ren te
Davi caísse nas mãos dos fi listeus. que vi\ ia perto da Filístia.
6. Ziclague. A origem deste nome é Os gersitas. 1\ Ia is precisame nte, "gir-
incerta. É mencionado pela primeira ' C7 em sitas". A única coisa q ue se sabe acerca da
Josué I 5:31, como uma das cidades da herança loca li tação deles é a associação íntima com
de Judá. Qua ndo Simeão recebeu a lgumas os amalequitas no deserto "na direção de Sur,
cidades dentro dos limites de Judá, Ziclague até a terra do Egito".
foi transferida para a tribo (ver ]s 19: I-5). Ela Os amalequitas. Ver com. de I m I 5:2.
se situava na parte leste da região pla na e 9. Dav i feria aquela terra. As tribos
fora to mada pe los filisteus na época dos juí- do deserto eram inimigas de Israel ha\' ia
zes. Provavelmente ficava no loca l que hoje séc ulos e, regula rmente, atacava m as com u-
se conhece como Tell e/-KI111weilfeh, 32 km nidades israelit as que fica\ a m próximas à suu
a sudoeste de Adulão e I 5 km a nordeste de região. No passado, q ua ndo aul "destruiu
Berseba. Foi em Z iclague que muitos das tr i- a fio da esp ada" os a rnalequ itas (I m 15:8),
bos de Benjamim , Gade, 1\la nassés, Judá e é provável qu e muilos le nha m desa pare-
outras se unira m a Davi (!C r 12). c ido no deserto, mas reto rnado pouco depois
7. Um a no. Do heb. )G III i m , literalmente, para continu ar os saques. O s povos nôma-
"dias". E m Levítico 25:29, ya m iw , "um ano" des bedu ínos tê m uma fo rma mi ste riosa
[lite ralmente, "di as"], é clara mente eq uiva- de sumir de repe nle, tão só para \ Oitar no
lente a "um a no inteiro" [slumah , a pa lavra tempo de\ ido. A decla ração de q ue Dm i
costum eira para "a no"]. E m I a muei 1:3, "não dei\a\'a com 'ida nem ho me m nem
a firm a-se que Elca na ia a iló "de ano em mulher" se refere, é cla ro, some nte àque-
a no", lite ra lme nte, "de dias e m dias". Em les yu e vivia m nas comunidades atacadas
I amuei 2: 19, a tradução é a mesma. por ele. A única ma neira de pro porcio nar :
8. Subia Davi com os seu s homens, pa; permane nte às c idndes fron te iriças de
e d ava m contra. E mbora Davi fosse perse- Israe l era le\'ar essas tribos a ma ior d istâ n-
g uido como uma presa por aul e despre7ado cia poss í' e l de ntro do deserlo, de modo qu e
por seus conterrâneos, nunca vacilou em seu hesitassem em reto rn ar. Era quase impossí-
cuidado por Israel. Z ic lague ficava perto do vel exte rminá- las. Vivia m de espólios con-
te rritó rio dos saqueado res do deserto que seguidos por me io de táticas de gue rrilha;
pe rturbava m Is rael desde sua entrada e m gra nde pa rte do ga do e dos o ut ros supri-
Ca naã. O e nhor h avia ordenado a aniqui- mentos que Davi capturou nessas ocasiões,
lação co mpleta de tribos predatórias como os provavelm ente, ha" ia sido lomada de comu-
amalequitas (Êx 17: 16; N m 24:20; Dt 9: 1--l; nidades israelita

626
I St\J\IUEL 27: 12

10. O Sul de Judá. Literalmente, "o 12. Aquis confiava. O fingimento


eguebe de Judá" (ver com. de Cn J 2:l1). de Davi foi outro e rro sério, indigno de
A área ocupada por essas tribos ficava den- alguém tão exal tado com pri' ilégios espi-
tro do eguebe. Portanto, enquanto Da' i rituais . O preço da vitória no conflito com
atacava ··o eguebe de Judá", não estma o pecado é vigilância incessante e entrega
lutando contra o próprio povo, mas contra comp le ta à von tade de Deus. O enhor,
po,os estrangeiros que im adiram o território contudo, em ua bondade, não abandonou
de Judá. Ao mesmo tempo, a declaração era Dm i nessa hora de desânimo. Davi tinha o
ambígua o bastante para permitir que Aquis propósito fixo e o sincero desejo de coope-
a interpretasse de outra maneira. rar plenamente com o plano de Deus. Tal
Jerameelitas. Jerameel foi o primogê- at itude o le\'a\·a a reconhecer seus peca-
nito de llenom, neto de Judá ( ICr 2:9, 2'5). dos quando eram re,elados e a corrigir de
É pro' á' el que tenha nascido depois de Jac<Í imediato os erros.
ir para o Egito, pois não é mencionado entre Da' i cometeu o primeiro erro ao sair de
os 70 da casa de Jacó que migraram para o Judá. Ao pecado de desertar de seus com-
país (Gn 46: 12). \/ão se sabe ao certo se este patriotas sem permissão divina, acre centou
clã acompanhou ou não h.rael no movimento a transgressão do fingimento. Caso perma-
do êxodo. Eles parecem ter se estabe lecido necesse em Judá, o enhor poderia tê-lo
na região sul de llebrom. Pro\ m c imente li' rado, como o fizera ame . Quando Israel
\i' iam como nômades e não participa' am foi para Gilboa re istir a um ataque dos filis-
das questões nacionais de Israel. teus ( I m 28:4), Davi poderia ter sido usado
Queneus. Ver com. de Gn 15:19. por Deus para conquistar uma 'itória tão
11. Para os trazer. "Para tra;er notí- completa que lhe granjearia a aclamação
cias" (KJV). A palavra "notícias" foi acres- popular de todo o país. o passo que au I
centada e deveria ser omitida. O sentido é cometera sério erro ao procurar tirar a 'ida
que Dm i não levou prisioneiros com ele para de Davi, este cometeu falha quase fatal ao
Ziclague, para que os escravos não informas- deixar a própria terra sem o consentimento
sem os fi listeus do ataque. claro de Deus.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-12 - PP, 673,674 I, 2- PP, 672 3, 5, 6, 12- PP, 672

CAPÍTULO 28
1 Aquis confia em Davi. 3 aul, depois de destruir os médiuns, 4 mas temeroso por
ter sido abandonado por Deus, 7 procura uma m.éditmt. 9 Esta, e11corajada por Saul,
con ulta wn espírito. 15 Saul desmaia ao ouvir sobre sua ruína. 21 A mttiiJer
e seus servos o revigoram com. alimettto.

n
ucedeu, naqueles dias, que, juntando os Iis- que comigo sairás à peleja , tu e os teus homens.
tcus os seus exércitos para a peleja, para ra,cr guer- 2 EnLão, disse Da' i a Aquis: Assim sabe-
ra contra Israel, disse Aquis a Davi: Fica sabendo rás quanto pode o teu seno ra,er. Disse Aquis

627
28: I COl\ l E TÁR IO BÍBLICO t\DVE lTfSTA

a Da1 1. Por bso, te farei minha guarda pessoal 15 Samuel disse a Saul: Por que me inquie-
para ~empre. taste , fMendo-me subir? Então, disse Saul ~lui
=!Já Samucl era mono, e todo o Israel o tinha anj.1,ustiado estou. porque os filisteus guerreiam
chorado c o tinha sepultado em Ramá, que era contra mim. c Deus se des\iou de mim e já não
~ a sua cidade; aul hm ia desterrado os médiuns me responde. nem pelo ministério dos profetas.
c os adi\inhos. nem por sonhos; por isso. te chamei para que me
.J /\juntaram-se os filistcus e 1 ieram acam- re1 eles o que de1 o fa7er.
par-se em Suném; ajuntou Sau l a todo o Israel, ló Então. disse amuei: Por que. pois, a mrm
e se acamp<Ham em Gilboa. me pcrgunto~s, 1 isto que o <;L:-!IIOR te des<lmpa·
'i Vendo Saul o acampamento dos filistcus, rou c se fc1 teu inimigo?
foi tomado de medo, e muito se estremeceu o 1- Porque o SC'\IIOR fe1 para contigo como.
seu coração. por meu intermédio, Ele te drssera : tirou o remo
6 Consultou Saul ao SE:-!IIOR, porém o da tua mão e o deu ao teu companheiro Da1 1.
Sc'<HOR niio lhe respondeu, nem por sonhos, 18 Como tu não deste ou1 1dos à '01 do
nem por Unm, nem por profetas. ',L '\IIOR e não e\ecutastc o que Llc , no furor da
- Lntão, disse Saul aos seus senos: Apontai- Sua ira. ordenou contra \maleque. por isso, o
me uma mulher que seja médium, para que me en- SL '\li OR Le fe7. hoje. isLO.
contre com ela e a consulte. Disseram-lhe os seus 19 O SE'\IIOR entregará também a brael con·
sen·os: I lá uma mulher em En-Dor que é médium. tigo nas mãos dos filisteus, c, amanhã, LU e teus
8 Saul disfarçou-se, 1cstiu outras roupas c se filhos est<Heis comigo: e o acampamento de Israel
foi, c com de, dois homens, e, de noite, chega- o "lr '<IIOR entregará nas mãos dos fillstcus.
ram à mulher; e lhe disse: Peço-te que me adh i· 20 De súbito, caiu Saul estendido por terra e
nhcs pela necromancia e me faças subir aquele foi tomado de grande medo por causa d,1s pala\ ras
que eu te disser. de l:,amuel ; c faltai am-lhe as forças, porque niio
9 Hespondeu-lhe J mulher. Bem sabes o que comera pão todo aquele dia e toda aquela noite.
fe1 Saul , como eliminou da LerrJ os médiuns 21 \pro\imou-se de Saul a mulher e. 1endo-o
e ad11 inhos; por que. pois. me armas cilada à assa/ perturbado, disse-lhe. Lis que a tua sena
minha 1 ida , para me matares? deu ou1 idos à tua 101, e, arriscando a minha 1 ida.
lO Lntão, Saullhe jurou pelo SL'-IIOH. dilen- Jlendi às p,1la1 ras que me falaste .
Jo: Tão certo como 1 i1c o SC'\IIIOR, nenhum cas- 22 \gora. pois. Ollle também tu as pc~l<ll ras
tigo te sobrc1 irá por isso. da Lua sena c permite que eu ponh<1 um bocado
li Cntiio. lhe disse <l mulher: Quem te farei de pão diante de ti; come, para que tenhas for-
subir? Hcspondeu ele : Fa1e-mc subir Samucl. ças e te ponhas a caminho.
12 \'endo a mulher a Samuel, gritou em alta 11 Porém ele o recusou e disse \ão comerei.
101: c a mulher disse a Saul: Por que me enga- P- Ias os seus sen·os c a mulher o constrangeram;
naste? Pois tu mesmo és Saul. c atendeu. Le1·a mou-se do chão c ~c assentou
13 Hespondcu-lhe o rei Não temas; que 1ês? no le1LO.
Então. a mulher respondeu a Saul: \'ejo um deus 1-1 Tinha a mulher em casa um be;erro cel'a·
que sobe da terra. do: apressou-se e matou-o. e, tomando fannh,l. a
1-l Perp.untou ele : Como é a sua figura ? amassou. e a co1eu em bolos asmos.
Hcspondeu ela. \ 'em subindo um ancião e está en- 25 E os trou\e diante de Saul e de seus ser-
,·olto numa capa. l:.ntcndemlo Saul que era So~muel . lOS, c comer,Jm. Depois, se le1 anlaram e se foram
inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou. naquel,t mesma no1te.

628
28:6

l. Sa irás. 1 ão se tratava de um con- '>ui do ou teiro de i\ loré, em frente ao \ale


' ite, mas de uma ordem. Da\ i era \'assa lo do monte Cilboa. Csse vale, chamado de
de Aquis; portanto. estava sob o comando Jclrcclou Esdraclom, era uma planície bem
do rei pagão. O go,·ernante filisteu observara irrigada c ele fácil acesso a partir das planí-
os mm imentos de Da' i durante o meses cies Iitorâ neas pela passagem em i\ legido.
passados. c aquilo que OU\ ira o satisfiLera O \ale se estendia para o sudeste, atra\es-
de que este se encontrava tão intimamente '>ando as montanhas centrais e descendo na
~ associado aos filistcus, que as tropas isra- direção orienta l para o \ale do Jordão c Bete-
elitas seriam um va lioso acréscimo às for- C.,e5 . O outeiro de i\ loré c o monlc.' Gi lboa
ças C\pcdtcionárias que se dirigiriam para fit:<lm na C\tremicladc leste da grande pla-
o norte dentro de poucos dias. nície de Esdraelom propriamente dit<~ c for-
2. Saberás. O próprio Dm i não sabia mam um divisor ele águas dessa parte da
como C\ itar o conflito, caso fosse mesmo Palestina. Toda a água a leste escoa para o
para a batalha. Em seu coração, não pensa,·a Jordão; toda a água a oeste deságua no rio
em le\ anta r a espada contra sua nação, mas, Quisom e, portanto, no mar leclitcrrâneo.
por causa dél associação passada com Aquis, O grande ,·ale que fica entre as duas monta-
sentia que não podia se recusar a acompa- nh<~s c que forma umJ e\tcnsão mais baixa
nhá-lo na batalha. ~!ais uma \e7, sentiu-se do [sdraelom é o vale de Je~rcel. cortado
forçado a recorrer à duplicidade. t\ resposta pt•lo rio Jalude. que corre de Bctc-Scã em
ambígua era parecida com o onículo dos di rcção ao Jordão.
deuses. Qualquer que fosse o resultado, o [mbora não haj<l nenhuma declaração
oráculo estaria corr<.'lo. "\lo entanto, suares- definitiva sobre o assunto, o fato de os filis-
posta foi compreendida por Aquis como uma teus conseguirem passar pelo vale de ~uném
promessa de auxílio c, em troca , prometeu indica que , enquanto Saul esta\'a tão con-
a Da\ i uma recompensa grande c atraente centrado em encontrar Dm i, foi omisso na
(\cr PP, 6~4). proteção de SlldS rrontci ras, e os fi Iistcus
3. Samuel. O profeta morrera algum tiraram , ·a ntagem dessa facilidade. A pai-
tempo antes (I m 25: I). Este 'ersículo parece \ão irracional de aul em eliminar Da\ i da
Ler sido acrescentado como um parêntese terra, involuntariamente, abriu o pafs inteiro
para introdU7ir o tema principBI do capítulo. às imasõcs filisteias. É prmá,el que os ima-
a\ isita de Saul à médium de Cn-Dor. sorcs j<í ti\essem se espalhado por grande
H avia d esterra do. 1\ narrati\ a não dá parte do território que pertencia a lssacar,
pistas quanto ao período de seu reino em Zebu Iom e t\ser. Do cume do monte Gilboa,
que Saul aboliu a nccromancia na terra . S<~ul podia ter uma\ isão abrangente do \ale
r\ lguns acreditam que provavelmente foi no de Jeneel. O exército ad, ersário esta\ a reu-
princípio, mas outros sugerem que a ação nido na base do outci ro de i\ lo ré, a sete ou
foi rcali1ada quando aul foi possuído por oito quilômetros de distância. Talvet os' igias
um espírito maligno e tinha a e\pcctativa israelitas tenham intensificado o desespero
de se ver li\ re da causa de seu problema. de Saul ao a\ bá-lo que Dm i esta\ a presente
O espiritismo era uma prática comum entre com a hoste dos filistcus , c ele temia que ele
as nações ao redor, mas Israel recebera a agora tentasse se vingar (\cr PP, 67'5).
proibição de se em oher com isso (DL 18:9- H: 6. Consultou Saul ao SENHOR. A <~pa­
\c r PP, 676). rente discrepância entre esta declaração c a
4. Suném. Hoje Sôlem, cerca de cinco de I Crônicas 10:13. 14. que di7 que Saul não
quilômetros a nordeste de ]elrccl, na base consultou ao Senhor, é faci lmente rcsoh ida.

629
A ÚLTIMA BATALHA DE SAUL
CO TRA OS FILISTEUS
(lSm 28-31)
H=Acampamento ISraelita F=Acampamento filisteu
Mar de Quinerece
o 2 4 6 8 10km
(Mar da Gali/eia)

Bezeque

Os fihstcus ( f) se acampam em uném. no lado norte do vale de Jezrecl; os hebreus ( H ) ~e reúnem no monte
Cilboa . Dav1, env1ado por Aquis a fim de \ Ohar para casa com ~cus homens, não está na batalha. Saul atra~e~sa
o vale de En-Dor p<~ra consultar a méd1um e é morto na b.nalha que se segue no monte C ilhoa o~ corpo~ de
'i.JUI e de seus filho~ são presos ao muro de Bete- eã, mas são resgatados pelos homens de J abe~-Gi leade, a leste
do Jordâo, p.mt ~erem queimados e enterrados. ~K4
1 SAMUEL 28:9

As palavras hebraicas costumam ter signi- zelo espiritual, então, abriu espaço para a
ficado mais inclusivo dos que as de língua superstição pagã de invocar supostos espíri-
portuguesa. A palavra "consultar" (1 C r I 0: I 3) tos de almas falecidas para lhes pedir ajuda.
pode incluir todo o processo de: (1) pedir Que seja m é dium. Do heb. ba'alath-'ob.
informação, (2) receber uma resposta, e (3) Ba'alath significa "senhora". 'Ob deveria ser
agir de maneira favorável ~ resposta . No ver- vertido por "necromante", ou, em linguagem
sículo em questão, aul não fez esse tipo de moderna , "médium" (ver também com. de
consulta. esse caso, o termo "consultou" é Lv 19:3 1). A palavra também é usada para
usado no sentido mais restritivo. Ele pediu se referir à necromancia, como no v. 8, em
informação a Deus, mas o Senhor não lhe que aul di7 literalmente: "Consulta, eu te
respondeu. peço, para mim, por necromancia." O termo
Não lhe respondeu. O Senhor nunca necromancia, em português, provém de duas
rejeita aquele que se aproxima dEle com pala' ras gregas: nekros, morto, e manteia,
humildade e sinceridade. A resposta pode não adivinhação; e descreve a arte de descobrir
vir do modo ou tempo esperado, mas Deus o ruturo por meio de supostas comunicações
atenta à petição e faz o melhor de acordo com com os espíritos dos mortos.
as circunstâncias. O apelo frenético de au l E n -Oor. Cidade do lado norte do outeiro
chegou aos ouvidos do enhor, mas, levando de 1\loré, em frente ao acampamento filis-
em conta a situação, Ele escolheu não dar a teu, a 11 km de onde au l estava com seu
informação que o rei queria. au l havia se exército no monte Gilboa. O local mantém
recusado deliberadamente a esperar pelo con- o mesmo nome, Endôr.
~ selho divino em Gilgal ( I m 13:8- 14) e a acei- 9. Adivinhos . Literalmente, "conhece-
tar quaisquer mensagens contrárias a suas dores". upunha-se que os adivinhos tinham
ideias. Antes ele tinha o acesso ao tabernáculo conhecimento especial do mundo invish el.
em obe, mas mandara matar os sacerdo- Eram classificados junto com os necroman-
tes dali. Uma vez que aul tomara a deci- tcs e igualmente abominados por Deus (\er
são voluntária de seguir os próprios impulsos, b 19:31; 20:6, 27; Dt 18: 11 ; 2Rs 21:6; 23:24;
Deus permitiu que ele colhesse os frutos 2Cr 33:6; ls 8:19; 19:3).
daquilo que semeara. e ele tivesse se arre- Para m e matares. O decreto nacional
pendido e sido submisso, o Senhor poderia de aul não con tou com a colaboração com-
ter transformado seus erros em degraus para pleta de todo os súditos. Com frequência , os
o sucesso. A experiência de Saul ilustra a ver- decretos imperiais falham em garantir con-
dade: "aquilo que o homem semear, isso tam- formidade universal. A perseguição romana
bém ceifará" (Gl 6:7; ver TS, 119). aos cristãos não impediu que o cristianismo
O texto parece indicar que, em seu deses- sobre' ivesse e, em muitos casos, triunfasse.
pero, Sau l tentou apressadamente consu ltar A mulher, aparentemente informada
por meio de sonhos, do Urim e de profe- pelos espíritos quanto à identidade de au l
tas, mas os três permaneceram em si lêncio. (ver com. no v. 12), passou a temer pela pró-
Uma ve7 que a estola sacerdotal estava com pria vida (ver com. do v. 25). Com a total
Abiatar, a lguns pensam que aul mandou consciência de que sua arte oculta fora
fazer outra. banid a pelo rei, continuava a praticá-la em
7. Apontai-me uma mulher. Em sua segredo. 1\lal sabia que o próprio au l era
pressa, aul recorreu à fonte de informa- perturbado havia tempos por espíritos mau
ção que ele mesmo havia condenado (v. 3). (I m 16:14- 16) c que estava completamente
Aquele que, no passado, estivera cheio de à mercê dos mesmos.

63 1
28:10 CO!\ IENTÁR IO BÍBLICO \D\'ENTI Tt\

IO. Nenhum castigo. Por ser o rei, aul O ensino de que o espírito dos mortos
achava que podia rei' indicar imunidade de 'oi ta para se comunicar com os 'i' os se
qu<~lquer lei para si e ainda prometer imunidade baseia na crença de que o espírito do ser
a quem quer que o ajudasse em sua dificu Idade. humano sobre' i\ e em estado consciente
11 . FaL.e-m e s ubir Sa mue l. Por que aul após a morte e de que, na \Crdade, o espí-
pediri<J a presença de c~muel, em \eZ de tantos rito é a pessoa. A Bíblia ensina que o e!>pí-
outros? O profeta fora o guia e mentor do rei rito \Oita, por ocasião ela morte, a De us que
e fi1era \'éÍrias predições na ocasião da unção o deu (Ec 12:7). !\lesma assim, o AT nega
de Saul, as quais proporcionaram paz c alegria e nfaticamente que o espírito seja uma enti-
quando se cumpriram. Tão logo o comporta- dade consciente (Jó 14:21 ; SI 146:4; Cc 9:5. 6).
mento despótico do monarca começou a !>C O I T ensina a mesma doutrina. Jesus apon-
manifestar, seu respeito pelo conselho di' ino tou para o momemo de ua segunda 'inda,
diminuiu. Cssa atitude. por sua \ C7, !>e trans- não pc1ra a morte, quando se referiu ao ins-
formou em indiferença e até mesmo em ódio, tante em que os fiéis estarão com o Senhor
até o rei negligenciar todas as responsabilida- (jo I 4: 1 -~). Caso contrário. Cristo poderia
des administrati\as na tcntati,·a de e\termi- ter confortado Seus discípulos tristes com o
nar seu ri' ai. Com a lembrança da bondade de pensamento de que a morte logo os levaria e
Dm i em duas circunstâncias diferentes aind<J eles iriam imediatamente para o reino celes-
amargurando sua mente enferma, aul come- tial , onde estariam com Ele. Ao confortar os
çou a perceber que hm·ia falhado aos olhos de que haviam perdido entes queridos, Paulo
muitos de seus súditos, aos quais 'iu deser- claramente declarou não hmer precedência
tarem para Dm i. !\ luito irritado pelo silên- dos ' i\ os sobre os mortos, mas que todos se
cio celestial, procurou um método de forç<~r encontrariam com Deus no mesmo momento
uma resposta. ( ITs 4 :16, 17).
12 . T u m esm o és Saul. t\ informa- rica C\ iclente , enLãO, que, nessa circuns-
ção foi dada de forma obrenatural: porém. tância, o espírito ele amuei não se comu-
não era de origem di' ina . O enhor hm ia nicou com ' a ui. De' e-se lembrar. porém,
demonstrado sua abominação pela prática que há uma forma de inteligência que atua
da nccromancia ao ordenar a morte de todo!. no mundo espiritual. As Escrituras re\elclm
que a praticassem ( L v 20:27). t\té mesmo que Satanás e seus anjos têm habilidade de
aqueles que consultavam médiuns espirituais dar informações e de alterar sua aparência
de, ia m ser eliminados (L\ 20:6). Portanto. (ver \lt 4:1-11 ; 2Co 11 :13, 14). A figura que
a comunicação (beria vir de algumd outra apareceu à médium de En-Dor era uma per-
fonte . I lá os que defendem que os espíri- sonificação satânica de Samuel, e a mensa-
tos dos mortos retornam para se comunicar gem comunicada, portanto, se origiml\'a do
com os' h os. Afirmam que foi o espfrito de prfncipe d<Js tre\ as.
amuei que atendeu ao chamado da m édium. Embora di, ersos fenômenos de sessões
Entretanto, uma comunicação da parte de espíritas emoham fraude e truques. nem
: amuei, em sua função de profeta , seria, de todos eles podem ser e"Xplicados dessa forma.
maneira indireta, uma mensagem ele Deus e luitos dos que imestigaram sessões admi-
fica claramente e\presso que o Senhor hm ia tem a presença ele um poder que não pode
se recusado a falar com aul (I m 28:6). ser atribuído a truques ou a lei s científicas
A Bíblia declara que aul morreu "porque con heciclas.
interrogara c consultara uma necromante e As Escrituras preditem o aumento das
não ao Sr "\ II OB .. ( ICr 10:13. H ). manifestações sobrenaturais nos últimos dia!>

632
J A IUCL 28: 16

lt 7:22, 23; 2Ts 2:9; Ap 13: 13, 14; 16 :14). De us, Aque le que proibi u a necro m a ncia ~
A ú nica proteção contra esses instru mentos ( D t 18: I 0 -12), cede ria ao pedido de u ma
do enga no é Ler a mente tão fortificad a com médi u m pa ra pe rturba r o descanso de seu
as verdades da Bíblia, de modo que o tentador sa nto Sa mue l é a lgo tota lmente inconcebí-
seja desmascarado em seu disfa rce. Uma fé ' e l. I o e nta nto, assim como a ta nás teve
firm e na verdade do estado inconsciente dos poder pa ra apa recer dia nte de Jesus no
mortos tornará impotente qua lquer te ntativa deserto como um a njo de luL, e le ou um de
de o inimigo infiltra r suas mentiras por me io seus agentes pode ria, caso pe rmitido, perso-
de médiuns espíritas c supostas me nsagens nif'icar a mue i, ta nto e m aparência quanto
dos fa lecidos (ver GC, ca p. 34). em 'oz. O d ia bo a pro' c itou a oportu nidade
Pa rece que o espírito inform a nte d a pdra escarnecer da ironia do destino de au l.
mulher Leve prazer e m divulga r a ide ntidade O próprio homem que perseguira os expoen-
verdade ira de a u l e ; ombou d o estra nho tes da magia negra eslava de joelhos pe ra nte
ru mo que o re i tomou ao, fina lme nte, busca r aque le pode r, implora ndo por ajuda.
ajuda do poder que ele coloca ra em si lêncio 15 . Samue l disse. Não se de' e pensar
no passado. a presença do poder sobre na- que o p ró prio a mue i fa lou . O escritor des-
LUra l de aLa nás, a bravata, as a uLojustifi- c reve u os acontec ime ntos como e les pare-
caLivas e os ál ibis de toda sorte usados pelo ciam, a lgo norma l nu ma narrali\ a . ,\ Bíblia
mo na rca desapa recem como a pa lha levad a Ldmbém fa la sobre o sol nascer e se pôr,
pelo vento. assim como nós. ingué m se e ngana nem
13. Um de us. D o he b. 'elohini , LíLU lo se confunde com o fa to de fa la rmos apenas
usado ma is de 2, 5 mil' e;es pa ra o Deus ver- d.ts aparências. 'a rea lidade. não é o sol que
d ade iro (\ er \ OI. l , p. 148, 149) c, com fre- nasce e se põe, mas, sim, a Te rra que gira.
q uê ncia, pa ra se referi r a de uses fa lsos (Gn i\o \ersículo e m a ná lise, o contexto e uma
35:2; Êx 12: 12; 20:3; etc.). Três vc7es, a ARA compa ração com outras passagens dei\a m
t raduz o Lermo por "ju í7es" (Êx 2 1:6; 22:8, c la ro q ue u m a person ificação de am ue i
9 ). É possh e l q ue a pa laHa pudesse ser Lra- c'>L <na profe rindo as dec larações atribuídas
du; ida ass im neste texto, e a mulhe r, por- ao fa lec ido profeta (\ e r com. do ' · 12).
ta nto, diri a: "Vejo um juiL que sobe d a terra." Fazendo-me subir. Ver o ' . 11, no qua l
Cmbora e la Lenha usado a forma plu ra l, aul O Lermo "su bir" é usad o d uas \ ezcs. rica
parece Le r compreendido no singular, pois claro que os a ntigos, de modo gera l, imagi-
pe rguntou: "Como é a sua fi gura?" Em con- nm a m que urna região s ubterrâ nea consti-
tru pa rtid a, el a pode te r usado 'e loflim e m seu tu ía a morada dos mortos. Caso a dout rina
sent ido m a is comum: "de us" ou "de uses". apoiada pela ma ior pa n e dos c ristãos, d e
14. Como é a sua fig ura? As pergun- que o jus to sobe ao Céu por ocas ião da
tas de aul , somadas às respostas d a mu lhe r, morte , fosse defe nd ida desde a A ntiguidade,
e\ idencia m que ele não ' iu a apa rição. Ta lvez o pedido seria pa ra [a;er a muei descer, e
estivesse sepa rado d a méd iu m por uma cor- o espírito que personi ficou a mue i te ria dito:
tina ou be m à frente de la na tota l escuridão "Por que me inq uietaste, fazendo -me des-
d a caverna. Qua ndo ela d escreveu a fig ura, cer?" Este ú nico mome nto no registro j<i é
a ul e nte nde u "que era Sa mue l''. sufic ie nte pa ra d escartar a na rrali\ a como
eria contrá rio a qua lquer princípio da prova da doutrina do estado de consciências
justiça im agina r q ue uma necroma nle ter ia dos justos mortos.
recebido uutoridade di' i na pa ra c ha m a r 16. Te u inimigo. Estas pa lavras iden-
a mue i de seu lugar de re pouso. Pe nsar que t ifi ca m seu autor. A dec laração feita neste

633
28:17 CO!\ l EI TARIO BÍBLICO ADVE TI TA

\ersículo e nos seguintes ilustra urna estraté- do desastre, enviando diversas advertências
gia carac te rística do d iabo. Desde sua queda, e repetidos conselhos, mas ele persistiu em
Satanás tenta re trata r o caráter divino de colocar seu julgamento finito em oposição à
maneira distorcida. Ele represe nta Deus instrução divina.
como um tirano vingat ivo, que empurra 19. Dos filiste us. Uma vez que au l
para o inferno todos que não O temem se degradou \ oluntariamentc, colocando-se
(ver GC, 534). Seduz os seres humanos ao nas mãos do inimigo, atanás aprovei tou a
pecado e depois apresenta o caso deles corno oportunidade para ridicularizá-lo e desa-
totalmente desprovido de esperança. Insinua nimá-lo. Com a batalha se aproximando, o
que o enhor não está disposto a perdoar diabo levou aul a sentir que já tinha per-
o pecador enquanto existe uma mínima dido. Na verdade, o enhor poderia ter sal-
desculpa para não aceitá-lo. Assim , retrata vado Israel assim como fi1era em l\ I ispa
Deus para as pessoas corno se Ele fosse ini- (I m 7: 10). Contudo, naque la ocasião, o
migo delas. Tal conceito reside na base das povo confessou seu pecado e c lamou a Deus.
religiões pagã , as quais ensinam a necessi- Tivesse aul confessado seu pecado, reunido
dade de sacrifícios para apaziguar um deus todo o Israel, mencionado sua fraqueza e
irado. Essa doutrina é absolutamente contrá- condu1ido todo o exército a uma dedicação
ria aos ensinos da Bíblia, que mostram Deus renovada ao enhor, o resultado da batalha ~
estendendo amor a todos e disposto a rea li- poderia ter sido comple tamente diferente.
zar o sacrifício supremo para salvar os cu l- Ao colocar diante do rei a aparente impossi-
pados (]o 3:16; 2Pe 3:9). bilidade de qualquer perdão e o tamanho de
17. T irou o r e ino da tua mão e o sua rebelião contra Deus, atanás foi bem-
deu. O espírito, fingind o ser uma voz do sucedido em desanimar aul por comple to
Céu, escarneceu de Sau l ao dit.er que sua e em conduzi-lo à ruína.
coroa iria para seu rival. atanás inspirou os 20. D e súbito. Literalmente, "apressou-
homens de Saul a suscitar a animosidade Jo se". Uma veL que a ação foi involuntária, o
rei contra Davi e então transformou o ódio sent ido seria que, pouco depois de ouvir a
do rei em amargura, ao a nunciar como já terrível mensagem, ele desmaiou.
realizado, justamente aqu ilo que o monarca Estendido por terra. Literalmente, "a
lutara tan to para impedir. Ele OU\ ira que plenitude de sua estatura". A pressão física,
Dav i estava com os filisteus (PP, 675) e, a preocupação mental e, por fim , a horrível
provavelmente, imaginava os inimigos do notícia da derrota e morte iminentes pertur-
enhor derrotando-o e entregando o reino baram tanto au l que seu corpo sucumbiu.
a Davi. 25. Depois, se levantaram. Assim
18. O SENHOR te fez. Em bora Satanás como Judas, Sau l saiu de noite. Deixada
ten ha inspirado os pensamentos que levaram sozi nha, a médium, sem dú\ ida, ficou tão
à desobediência de Saul em sua forma de tra- perturbada quanto o rei. Saul fora cu lpado
ta r os amaleq uitas, ele agora lançava condena- de fa lsidade e traição no trato com Davi.
ção ao rei em nome de Deus. Dessa maneira, Como ela poderia saber se sua vida não seria
o Senhor foi representado como alguém q ue o preço dos aconteci mentos daquela noite?
usa as mesmas táticas que o diabo. Deus não Saul estava muito mal para proferir qualquer
se tornou inimigo de Sau l. Ele simplesme nte pa lavra de apreço pelos serviços dela. Aquela
pe rmitiu que a colheita revelasse a natureza mulher não tinha o consolo da oração e da fé.
da seme nte. Sau l estava em apuros por esco- Era escrava de um poder que poderia Lom-
lha própria. O en hor havia tentado poupá-lo ba r dela como o fizera com o rei.

634
A~IUEL 29: 1

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-25- PP, 674-681 6, 7- PP, 676 12- PP, 680


6-20- PP, 683-689 7- AA, 290; E'. 608 13, 14- PP, 679
I, 2 - PP. 674 7, 8- PP, 683 15-19- PP, 680
4, 5- PP, 675 9- CC, 556 20-25 - PP. 681
6- PP, 683 8- 11 - PP, 679

CAPÍTULO 29
Davi marcha com osfilisteus, 3 mas os principes destes desaprovam sua co mpmzhia.
6 Aquis o dispensa, com elogios a sua fidelidade.

\juntaram os filisteus todos os ~cus exérci- 6 Cntào, \quis chamou a Da\ i e lhe disse.
tos em Afcca. e acamparam-se os israelitas junto Tão certo como' i\e o E:>.IIOR, tu és reto, e me
à fonte que está em jc7recl. parece bem que tomes parte comigo nesta cam-
2 Os príncipes dos filisteus se foram para l<í panha ; porque nenhum mal tenho achado em ti,
com centenas e com milhares; e Da' i e seus ho- desde o dia em que passaste para mim até ao dia
mens iam com Aquis, na retaguarda. de hoje ; porém aos príncipes não agradas.
3 Disseram, então, os príncipes dos filisteus : 7 \ 'olta, pois, agora, e , ·olta em pa1., para que
Estes hebreus, que fatem aqui? Respondeu t\quis não desagrades aos príncipes dos filisteus.
aos príncipes dos filisteus: 1 ão é este Da' i. o 8 Lntão. Da' i disse a \ quis. Porém que f11
seno de a ui, rei de Israel, que esteve comigo cu? Ou que achaste no teu seno. desde o dia
há muitos dias ou anos? C coisa nenhuma achei em que entrei para o teu scn iço até hoje, para
contra ele desde o dia em que. tendo desertado, que não \'á pelejar contra os inimigos do rei, meu
passou para mim, até ao dia de hoje. senhor?
4 Porém os príncipes dos filisteus muito se 9 Respondeu, porém, Aquis c disse a Dm 1:
indignaram contra ele; e lhe disseram: Fa1e ,·ol- Bem o sei; c que, na \erdade, aos meus olhos és
tar este homem , para que torne ao lugar que lhe bom como um anjo de Deus; porém os prínci-
designaste e não desça conosco à batalha. para pes dos filistcus disseram: I ão suba este conos- ~
que não se faça nosso adversário no combate; co à batalha.
pois de que outro modo se reconciliaria como o 10 Levanta-te. pois. amanhã de madrugada
seu senhor? Não seria, pon entura, com as cabe- com os teus senos, que' ieram conugo; e, Je,an-
ças destes homens? tando-,os, logo que haja lu1 , parti.
5 ão é este aquele Davi, de quem uns aos li Então, Davi de madrugada se le\antou,
outros respondiam nas danças, di1.endo: au l ele c os seus homens, para partirem e \Oitarem
feriu os seus milhares, porém D avi, os seus à terra dos filisteus. Os filisteus, porém, subi-
de; milhares? ram a Jezreel.

I. Afeca. orne de várias cidades (ver ficaria subenlendido, se os cap. 28 e 29 esti-


com. de l m 4: 1), mas não de .Jguma loca- verem em ordem cronológica: os filislcus se
lidade próxima ao monte Gilboa, conforme acampam pri meiro em uném , em frenle aos

635
29:3 COI\ IE TÁRIO BÍBLICOADVENTI TA

israelitas e m Gilboa (ISm 28:-t) e depois se habilidade e na lea ldade de Davi se contrasta
dirigem pa ra Afeca (ISm 29: 1). A opi nião se com o pensamento que este tinha a seu pró-
divide, em vá rias obras de referência, entre prio respeito, ao se lembrar de sua dissimu-
uma Afeca ma is ao norte e outra mais ao sul. lação e deso nestidade. De us se compadece
e a narrativa, após o relato da visita de Saul daqueles que passam por perplexidade e afli-
a En-Dor (I Sm 28:3-25), volta para retomar o ção. Por causa de sua bondade, Ele abre uma
evento me ncionado em I amuei 28:2 (Dav i porta de escape para que certas pessoas não
se ndo convocado por Aquis para ajudar os sejam deixadas completamente à mercê das
fili steus a guerrear contra Israel), o cap. 29 próprias escolhas. Em mi sericórdia, Ele pode
continua com sua dispensa pelos príncipes tra nsformar erros graves e tolos em degraus
fili steus em Afeca, onde eles haviam ajun- para o sucesso. Que m se dispõe a aceitar
tado "todos os seus exérc itos" (I Sm 29: I). a orientação divina com humildade encon-
Caso seja o mesmo ajuntamento mencionado tra li\ ramento provindo de fontes inespe-
logo antes da c hegada a Suném (ISm 28:4), radas, ele mane ira s impe nsad as, justo nas
Afeca ficaria na rota da Filístia para Suném, horas mais sombrias. Por meio da exigência
mas não necessariamente perto da úl tima. dos príncipes filisteus de que Davi deixasse
Por isso, muitos considera m que se trate da o aca mpamento, o enhor estava a tuando
Afeca identificada com Antípatris, da qual para livrar eu servo.
os fili steu s haviam atacado Israe l no passado 4. Faze volta r este home m . Literal-
( I m 4 :1) e tomado a arca. me nte, "faLe o home m voltar!" A palm ra
À fonte que está e m J ezreel. Existem "este" não se encontra no hebraico. Os prín-
du as g ra ndes fontes no va le de Jezrecl. Uma ci pes foram respeitosos com Aquis ao se
delas, !\i11 }alue/, conhecida como "fonte de referir ao compa nheiro do monarca, mas o
ll arode", que jorra da encosta norte do monte vocabulário revela que havia grande ressen-
de Gil boa, cente nas de metros acima do , ·ale, timento no coração deles por ca usa da pre-
e a outra, {\in Tuba'uu, no centro do va le. sença de Da' i.
É mais pro,·á, el que aul tenha permanecido 6 . Tão certo com o v ive o SEN H OR.
na encosta da montanha aci ma de t\ i11 Jalud, Trata-se ele uma dec laração ma rca nte por
urna posição bem inacessíve l do va le, e não ter 'indo ele um rei pagão. A lguns suge-
de c iclo a t\in Tuba'1111 , que, por ficar mais rem que Aquis pode ter sido atraído à rel i-
perto dos filisteus, não lhe daria nenhuma gião dos hebrcus por me io de seu contato
va ntagem tática. com Davi, assi m como abucodonosor foi
3 . Es tes h e bre u s, que fazem a qui? levado a exa ltar o "Rei do cé u" pela influên-
Para Dav i, uma pergunta como esta deve ler cia de Daniel e seus am igos (Dn -+: 37).
soado como uma repreensão estarrecedora. Outros de fe nde m que a expressão é um a
Ele estava tota lmente deslocado no aca mpa- mera s ubstituição adaptada daquilo que
mento dos inimigos de seu povo. Em primeiro Aquis de fato disse. Não se pode negar que
lugar, não deveria ter buscado refúgio entre os o comportamento ele Da\ i ca usou impres-
filisteus. Esse passo fora dado sem procurar a são profunda em Aquis. Por três ve1es , o rei
orientação divina. 1 aquele momento, a crise chamou atenção para a retidão da vida de
se aproximava. Davi estava em grande apuro. Dm i (I m 29:3,6, 9), comparando-o. em um
Ele não tinha o desejo de empunha r armas dos casos. a ·· um anjo ele De us" (I m 29:9).
contra se us irmãos. 8 . Que f iz e u ? Davi es tava animado *
C o isa n e nhuma ach e i contra e le . pela virada imprev ista dos acontecimen tos
A ex pressão de confia nça de Aquis na que o livrou de seu dilema. l o entanto, para

636
I SAr-.lUEL 29:10

não demonstrar seus reais sentimentos, diri- senos do teu senhor". A palm ra 'crdou, tra-
giu esta pergunta evasiva ao rei para dar a du; ida por "senhor'' (\. -+ e 8), é o termo
impressão de que estava sendo lesado pela hebraico comum para se dirigir a um supe-
rude dispensa (,er PP, 691). rior. Não de,e ser confundido com a pala-
um momento de desânimo, sem saber ' ra çerell, aplicada aos príncipes filisteus (\ .
para onde ir, Dm i ha' ia dado passos que 1, 6, 7), gO\ernantes de cinco cidades (I m
o conduziram a um di lema elo qual não 6: 17; \Cr com. de ]z 3:3). Outra pala' ra . sar.
teria condições ele fugir sem ajuda externa. gera Imente Lradu.dda por "príncipe", é usada
Caso abandonasse Aquis c se 'oltassc con- corno sinônimo de sere11 ern I Samuel 29:3,
tra os filisteus na batalha, provaria a \eraci- -+ c 9, em referênc ia aos mesmos go,·ernan-
dade da acusação dos príncipes filisteus. e les. \Jos v. -+ e IO (A RC), iulou parece se
guerreasse contra Israel, estaria lutando con- aplicar a aul; e no'· 8, Da' i usa o termo
tra o ungido do enhor e ajudando estran- qu<~ndo fala ele /\quis. O uso dessas pala -
geiros a subjugar a própria terra nata l ('cr vras pode sugerir que Aquis não mais con-
PP, 690). Deus foi misericordioso ao usar a sidcnt,·a Da' i seu vassalo e, com delicadeza,
má 'ontade e a host iIidade dos fi Iisteus para sugeriu que ele tinha liberdade para deixar
abrir a porta de libertação da desgraça. qual- a rilístia caso desejasse.
quer que fosse o resultado da batalha. Logo que haja luz. Pro\melmeme este
Da" i percebeu como teria sido me lhor foi um modo diplomálico de dizer a Dm i
se tivesse permanecido em Judá. Caso não que. ~e o dia raiasse e seu!> homens ainda
se encontrasse em seu coração o desejo de esti,·essem no arraial, os príncipes os mata-
ser fiel a Deu<; acima de tudo o mais. o riam. Sem dú' ida, Da' i se sentiu ali,·iado
Senhor não teria operado este li' ramento com a liberação oficial. Não poderia ha,cr o
para ele. Os pecados de Dm i não consis- sentimento de que ele e seu grupo hm i<lm
tiam em eles' ios conscientes e \oluntários falhado em apreciar a bondade demonstrada
do caminho da justiça, mas numa fraqueta por Aquis ao lhes oferecer asilo. Ao começar
de fé c em julgamento equivocado. L:.lc a jornada para casa, Dm i com certeza lou-
tinha que tomar decisões rápidas c nem ,·ou a Deus pela proteção c pelo li' ramento
sempre espera\ a pe la resposta divina. con- rn i lagroso.
fiando , talvez, que o Céu aprm a ria suas \ narrativa deste capítulo ilustra como
ideias. De todo o coração, de, e ter desejado Deus traba lha para sahar Seus fi lhos. Ele
que hou\essc se comportado de mane ira procura comencer os seres humanos a acei-
diferente. aque le momento, ele estm·a Lar Seus caminhos, mas os dci'a lhres para
diante de um anfitrião genti l que acredi- os rejeitar caso queiram. Isso se aplica não
ta\ a nele, que o considerm a um amigo, mas só à decisão principal de sen ir a Deus, mas
que, finalmente, por pressão política, o dis- Lambém a todas as escolhas de maior ou
pensou. Ao ou' ir a resposta do rei, cheia de menor importância que somos chamados a
confiança e amor, o coração de Dm i de, e [a;er. É in c' itá' el que se cometam erros. e
ter ardido de 'ergonha por sua dissimula- as pro\'aS resu ltanles re,clam o erro de julga-
ção e também se inflamado de gratidão por- mento. Davi escolheu se refugiar na rilístia
que , a despeito de seu pecado, Deus, em a fim de se proteger de aul. 1\daptando as
misericórdia, desfitera a drmadilha à qual ações a seus sentimentos. logo descobriu que
ele próprio se lançara. as sementes do interesse pr6prio produti-
10. O s te us ser vo s . Ou, "os criados ram uma colheita de dissimulação e falsi-
de teu senhor" (ARC). Literalmente, "os dade. Davi, no entanto, reconheceu seu erro

637
30:1 COME TÁRIO BÍBLICO ADVE TISTA

e buscou , de coração, seguir a orientação livramento a Davi, embora a dificuldade em


divin a. Essa atitude permitiu que o Senhor que se encontrava fosse resultado de seu pró-
dirigisse as circunstâncias que leva ram prio erro.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-11 - PP, 690, 69 1 3-10- PP, 691

CAPÍTULO 30
I Os amalequitas saqueiam Ziclague. 4 Davi pede conselho e é encorajado por
Deus a ir em busca dos a·malequitas. 11 Um egípcio é reDniMado e leva Davi até os
inin1igos; Davi recupe ra os espólios. 22 Davi estabelece " lei de divisão dos espólios
igualmente entre os que luta1n e os que ficam cuida?tJo da bagagem.
26 Ele envia presentes a seus amigos.

Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os Responde u-lhe o ENHOR : Persegue-o, porque,
seus home ns, ao terceiro dia, a Ziclague, já os de fa to, o a lca nçará~ e tudo liberta rás.
a malequitas tinha m dado com fmpeto contra o 9 Partiu, pois, Davi, e le e os seiscentos ho-
ui e Ziclague e a esta, ferido e queimado; mens que com ele se achavam , e chegaram ao
2 tinha m levado cativas as mulhe res que lá ribeiro de Besor, onde os retardatários ficaram .
se achava m, poré m a ningué m mata ra m, nem .10 Davi , porém, e qua trocentos homens con-
pequenos nem grandes; tão somente os leva ram tinua ra m a perseguição, pois que duzentos fica-
consigo e foram seu ca minho. ram atrás, por não podere m, de ca nsados que
3 Davi e os seus homens vieram à cidade, c estavam, pass;w o ribeiro de Besor.
ei-la queimada, e suas mulhe res, seus filhos c li Acharam no campo um home m egfpcio e
suas filhas era m levados cativos. o trouxeram a Davi; deram-lhe pão, e comeu, e
4 Então, Davi e o povo que se achava com ele deram-lhe a ~r água.
ergue ram a voz e chora ram , até não terem mais 12 Deram-lhe também um pedaço de pasta
forças para chorar. de figos secos ~ dois cachos de passas, e comeu;
5 Também as duas mulheres de Davi fora m recobrou, então, o alento, pois havia três dias e
levadas cativas: Ainoã, a jezreelita, e Abiga il, a três noites qu~ não comia pão, nem bebia água.
v iúva de a bal , o carme lita. 13 Então, lhe pt:rguntou Davi: De que m és
6 Davi muito se a ngustiou, pois o povo fa - tu e de onde v~ns? Respondeu o moço egfpcio:
lava de apedrejá-lo, porque todos estavam em ou servo de 11m amale<juita, e meu senhor me
amargu ra, cada um por causa de seus filhos e de deixou aqui, parq~ adoeci há três dias.
suas filhas; porém Davi se reanimou no SENIIOR, 14 ós drmos com fmpeto contra o lado
seu Deus. ui dos queretitas, contra o te rritório de Judá
7 Disse Davi a Abiatar, o sacerdote, filho de e contra o lado sul de C a lebe e pusemos fogo
Aimeleque: Tra7e-me aqui a estola sacerdotal. em Ziclague.
E Abiatar a trouxe a Davi. 15 Diss~-Jh~ Davi: Poderias, descendo,
8 Então, consu ltou Da\ i ao SE HOR , di- guiar-me a esse b.lndo? Responde u-lhe: Jura-
J.endo: Perseguire i cu o bando? Alca nçá- lo-ei? me, por DeU5, q~ ~ não m ata rás, ne m me

638
Al\IUEL 30:2

entregarás nas mãos de meu senhor, e descerei responderam e disseram: Visto que não foram
e te guiarei a esse bando. conosco, não lhes daremos do despojo que sal-
16 E, descendo, o guiou. Eis que estavam ,·amos; cada um, porém, leve sua mulher e seus
espalhados sobre LOda a região, comendo, be- filhos e se vá embora.
bendo c fazendo festa por todo aquele grande 23 Porém Davi disse; ão fareis assim, ir-
despojo que tomaram da terra dos filisteus e da mãos meus, com o que nos deu o E IIOR, que
terra de Judá. nos guardou e entregou às nossas mãos o bando
17 Feriu-os Davi, dC$de o crepúsculo vesper- que contra nós vi nha.
tino até à tarde do dia seguinte, e nenhum deles 24 Quem vos daria ouvidos nisso? Porque
escapou. senão só quatrocentos moços que, mon- qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será
tados em camelos, fugiram. a parte dos que ficaram com a bagagem ; recebe-
18 Assim, Davi sahou tudo quanto haviam rão partes iguais.
tomado os amalequitas; também sa lvou as suas 25 C assim, desde aquele dia em diante, foi
duas mulheres. isso estabelecido por estatuto e direito em Israel,
19 ão lhes faltou coisa alguma, nem peque- até ao dia de hoje.
na nem grande, nem os filhos, nem as filhas, nem 26 Chegando Davi a Ziclague, enviou do des-
o despojo, nada do que lhes hm iam tomado: tudo pojo aos anciãos de ]udá, seus amigos, dizendo:
Da' i tornou a tra7er. Cis para ,·ós outros um presente do despojo dos
20 Também tomou Davi todas as ovelhas e o inimigos do E IIOR :
" gado, e o levaram diante de Davi e diziam: Este 27 aos de Bete!, aos de Rarnote do eguebe,
é o despojo de Davi. aos de Jat ir,
2 1 Chegando Da' i aos duzentos homens 28 aos de Aroer, aos de ifrnote, aos de
que, de cansados que estavam, não o puderam Estcrnoa,
seguir e ficaram no ribeiro de Besor, estes saf- 29 aos de Racal, aos que esta,·am nas cida-
ram ao encontro de Davi c do povo que com ele des dos jerarneelitas e nas cidades dos queneus,
vinha; Davi, aproximando-se destes, os saudou 30 aos de llorma, aos de Borasã, aos de
cordialmente. Atace,
22 Então, todos os maus e filhos de Belial, ~I aos de llebrorn e a todos os lugares em que
dentre os homens que tinham ido com Dm i, andara Davi, e le e os seus homens.

1. Ao terceiro dia. Embora a loca li - motivo suficiente para a comple t a exaustão


7ação exata de Z ic lague seja d esconhecida, que a lguns dos homens sentiram ao come-
ficava no território de Cate. Alguns a iden- çarem a per eguição aos amalequitas {v. 10).
tificam com Tell ei-Kimwei/feh, a sudeste d e 2. A ninguém mataram. lão foi uma
Ga1a . esse caso, ficaria a cerca de 80 km questão de misericórdia, mas, sim, porque as
de Afeca, na planície de arom {ver com. d e mu lheres e crianças renderiam bom dinheiro
I m 29:1). Uma vez que Davi e seus h omens como escravas e concubinas. Parecia ser
só partiram no dia seguinte à sua dispensa , um cost ume entre os povos de guerra do
tiveram apenas o segundo dia comple to para antigo Oriente Próximo preservar mulheres
a nda r a té começar o "terceiro dia", quando e c rianças, e m especia l virgens e meninas
chegaram a Ziclague. Portanto, e les prova- (ver m 31:15-18; Jz 21:1-24). Da' i não agiu
velmente caminharam toda a distância em com sabedoria ao deixar Ziclague sem pro-
duas e tapas. Isso seria equiva lente a uma teção. É provável que ele ti,esse a expecta-
média d e 40 km por dia, e o esforço daria tiva de q u e s uas e ntão recentes incursões

639
30:5 COl\ IE t TÁHIO BÍBLICOADVE TISTt\

ao deserto d e tivessem os saq ueadores de parte n orte ou su l do rio. Além disso, é des-
fa1er a taques por um tempo . Estava áv ido con hecida a loca li7ação e\ata de Ziclaguc.
por deixar a me lhor impressão possh cl junto 11. Um homem egípcio. O fa to d e este
ao exérc ito fili steu e nqu a nto se dirigia pa ra home m ser egípcio ac rescenta uma informa-
o norte com Aquis. Com certeza, e le n ão ção sobre o ca ráter dos saqueadores. Assim
espe rava que a notícia da campanha filisteia , como invad ira m Judá e o território filisteu ,
comple tada hm ia po uco te mpo, se infiltrasse possi\elmente tinham entrado e m partes do
pelo dese rto com tama nha rapidet. (\(:'r com. Egito e levado cati\ OS para os vend er como
de IS m 27:9). escrmos. e nhuma nação ou tribo esta\'a a
5. A jezreelita. "t\inoã, a jeaeelita", foi sa lvo de suas inc ursões.
a mãe de t\mnom , o primogênito de Da\ i, 12. Três dias e três noites. Uma 'c1
que poste riorme nte sedu 7iu sua meia-irmã que o home m tinha a informação sobre o ata-
Ta mar (2Sm 13). li avia pelo menos dois lu ga- que a Ziclague (\ . 1-1), a d estruição deve ter
res com o nome de Jezreel. na Palestina: um ocorrido pelo m e nos três dias antes, pois ele
fi cma na tribo de lssaca r (Js 19: 18). onde fora a ba ndon ado pelos saqu ead ores impie-
os is racl itas estava m g ue rrea ndo contra os dosos hav ia três dias (\. 13). O tempo era
filis te us . c o utro e m Judá (Js 15:5-1 -56), loca l s ufic ie nte pa ra que o bando fugisse e se
fortemente ligado a I le brom . l\laom. Z ifc, escondesse no deserto sem deixar vestígios.
e tc. Alguns localizam est a Je7reel e ntre 14. O lado sul dos queretitas. Literal-
Zifc e o Ca rmc lo, num luga r hoje conh e- mente, "o I egue be dos queretilas". A lguns
c id o como Khirbet Terrmua, m as a identifi- acreditam que os q ueretitas prm inham de
cação é incert a. C re ta. Uma co mparação ele Ezequiel 25: 16
6. Em amargura. Do he b. 1uamh. lite- com ofonias 2:5 su gere que e les ocupa-
ralmente, "foi ama rgo" (ver de rivados do radi- ' 'a m parte do litoral fi liste u ; com certe1a, a
ca lma miJ em Ê., 15:23; Ht I :20). A amargura região sul , pois os amalequ itas c hegaram a
dos homen s contra seu líder se de' ia, com eles antes. ao se aproximarem do deserto de
toda certe1a, ao fato de Davi ter deixado os Sur. Ziclague fica\ a dentro do ter ritó rio dos
lares d esprotegidos. queretitas, ou pró\imo a ele.
No SE HOR. f\ atitude de Davi era tota l- Lado sul de Calebe. Ou , "o 'egucbe
mente diferente da que demonstrara durante de Ca lebc". O quenc1cu Ca lcbe (Js 1-I:J-1)
os meses de di ssim ulação diante de Aq ui s. recebeu uma porção el a herança de Judá,
Ele recebera evidê n cias inconfundh e is da pe rto de lle brom (Js 1'5:13-19). Uma ve7 q ue
proteção de Deus durante o momento de seu os amalequitas res id iam no deserto a cami-
grave erro ao fugir de Judá e a li , com o cora- nho do Egito ( I m 15:7) e sendo que o at a-
ção humilde. e nfrento u a nova crise. Ele "rea- que aos ca le bitas é mencionado d epois do
nimou ... litera lment e "fortaleceu", seu coração saq ue aos queretitas, é prO\'<h e l que a in\'asJo
no Senhor e c ham ou Abiatar pa ra consulta r ten ha sido do oeste pa ra o leste, c hegando
~ ao Senhor por meio do Urim e do 'Tum im prime ira m e nte à fro nte ira dos queretitas.
(\ . 7). Este era o rumo que de, cr ia ler tomado Enquanto os saqueadores se dirigiam para
quando pensou em fugir para a Filístia. o leste, bando consigo prisioneiros quere-
9. Ao ribeiro de Besor. Acredit a-se que ti l as, provavelmente fic a ra m sabe nd o que
seja o c urso de água que passa por Gerar e Dav i não es tava em s ua c idade e decidiram
desemboca no lediterrâneo, perto de Gaza. volta r para casa passando por Ziclague para
l ão se pode d e te rm inar s ua distâ ncia d e destruí-la e depois fugir pelas pro f unde1as
Ziclague , pois n ão se sa be se a referência é à do deserto de ur com seus cati\OS.

6-10
I SAi\ IUE L 30:28

16. C ome ndo, b e b e ndo. , Por terem a bagagem recebessem porções igua is. Uma
parado em a lgum oásis para se rega lar com q ua ntidade definida també m era reservada
seus despojos, os a malequitas podem ser pa ra os levitas e para servir de ofe rta ao
compa rados aos reis mesopotâmicos qu e Senh or (ve r m 3 1:25-54). O p la no ne m
saquea ram a mesma região nos dias de sempre foi segu ido, mas, a partir desta oca-
Abraão (G n 14), co meçara m o caminho de sião, Davi pa rece tê-lo transformado numa i
volta co m Ló e outros cativos de odoma, ordena nça em Israel.
mas para ram perto de Hobá (G n 14:15), a fim 26. Um pre sente. Dav i estava longe
de celebrar a vitória (ver PP, 135). A influên- de se r egoísta e ava rento. Durante os anos
c ia do álcool os deixou tota lmente desprepa- de suas peregrinações, alé m dos muitos de
rados para o rápido ataque de Davi. Jud <1 que se unira m a ele, vá rios outros lhe
17. Quatrocentos moç o s . O número dera m prov isões. Até então, ele não t ivera
que fugiu é um indício do tamanho do grupo condições de recompensar a generosidade
que participou do ataqu e e da quantidade dessas pessoas. O gesto, natu ra lmente, abriu
de gado que deveria te r consigo qua ndo ca min ho pa ra a cont inuidade de um rela-
Davi se aproximou. Por ter deixado a baga- cionamento de a mizade com seus conterrâ-
gem no ribeiro de Besor, Davi podi a superar neos, prestes a voltar a Hebrom depois da
o exérc ito sobreca rregado com os espólios. morte de aul.
Depois de lutar a noite inteira e durante o dia 27. Be te !. Dific ilmente seria a Betel da
seguinte, Davi fin almente co nseguiu liber- tribo de Benjamim. É mais provável que se
tar os cativos, recupera r os a nima is e reunir trate de Betul , uma das c idades da porção de
suprimentos para retorna r a Ziclague. ]ud;J que foi dada a Simeão (Js 19:4) e ficava
2 0. Todas as ovelhas e o ga do. Este próxi ma a Zic lague.
versículo é um pouco enigmáti co. A LX Ra mote do Negu e b e . Uma das cida-
traduz: "E e le tomo u todas as ovelhas, e des dad as a Simeão (Js 19:8, "R a má do
os rebanhos, e os levou adia nte dos espó- Negue be"), mas s ua loca Iitação exa ta é
lios. Acerca desses espólios se di zia: estes desconhec ida.
são os es pólios ele Davi." O hebra ico parece J a tir. credita-se que corresponda à mo-
indica r que Davi rec uperou o ga do e out ras derna K/1irbet 'A ttlr, \'á rios quilômetros a leste
posses que pe rte ncia m a nteriormente a se u da estrada principa l entre I Iebrom e Berseba ,
g ru po. Alé m di sso, hav ia muitos o utros cerca de 13 km a sudoeste de i\ laom.
a nima is que os a ma lequi tas ac umu la- 28 . A roe r. lão a Aroer do rio Arno m
ra m em sua recente expedição ele saques. (Js 12:2), a c idade mais ao sul do reino
Esses foram designados como o despojo de de eom de llesbom , mas uma c idade no
Dav i e colocados à fre nte do gado recupe- eguebe, por volta de 17 km a sudeste de
rado e nqua nto o grupo fa7 ia o ca minho de Berseba, hoje conhecida como 'Ar'ara/1.
volta pa ra casa. S ifmote. Possive lme nte seja uma das
24. P a rtes ig u a is. Um siste ma de fi - c idades q ue ajudou Da' i qua ndo ele fo i para
n itivo de distribuição dos espólios foi es ta- o deserto de Parã (I m 25: 1), mas é desco-
belec ido na prime ira ve7 qu e Israel lutou nhec ida hoje.
contra os midi anitas. So me nte uma pa rte Este moa. Assoc iada a Debir na lista de
do a rraia l foi à guerra, mas, logo depois da c idades pertence ntes a Judá (Js 15:20 , 49 ,
bata lha, o enhor in struiu i\ loisés a di vidir 50) e identificada com a moderna es-Se 111íi',
o despojo em duas pa rtes, a fim de que os entre 13 e 14 km ao sul de l lebrorn , próx ima
gue rreiros e aqueles q ue fica ra m para vigiar ao dese rto de Z ife.

641
30.29 COi\ IEt TÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

29. Racal. Esta é a única referência ao Atace. i\ tencionada apena~ neste 'ersí-
loca l em toda a Bíblia. A locali?açào é des- cu lo. A loca lização é desconhecida.
conhecida. A L X o chama de "Carmelo''. 31. Todos os lugares. Como alguém
30. Horma. Era chamada. em tempos que fora ungido rei, Da' i deu e\ idência de
mais antigos, de Zefate {]z 1:17). Uma das seu espírito generoso ao demonstrar real
cidades do eguebe atacadas pelos filhos liberalidade. O registro não menciona pre-
de Israel quando tentaram entrar em Canaã sentes Jos anciãos de Qucila, nem à cidade
a partir de Cades-Barneia, contrariando a hostil de Zife (ver I m 23:1 I, 12, 19),
ordem do enhor (Nm 14:45). c mai~ uma embora estas possam estar incluídas em
\e? quando o cananeu Arade pelejou contra "todos os lugares".
o (JO\ o após a morte de Arão (I m 21.1-3). O fato de ter dado presentes para "todos
Borasã. O mesmo que Asã (Js 15:42-44), os lugares" mostra como Dm i dependera da
a noroeste de Ber~eba. Uma dc~s no\ e cidades hospitalidade de \'árias panes da terra
da Sefelá, associada a Queila e dada aJudá. de Judá.

COM ENTÁR IOS D E ELLEN G. WHITE

1-31 - PP. 692-694 8-19- PP. 693


1-4, 6- PP. 692 20-24. 26- PP. 694

CAPÍTULO 31
aul perde o e:xército, seusfillws são mortos e, depois disso, ele e seu escudeiro se
matam. 7 Osfilisteus tomam posse das cidades abando~tadas dos israelitas. 8 Exultam
sobre os cadáveres. I I Os habitantes de ]abes-Gileade recuperam os corpos à noite, os
queimam em jabes e, em luto, enterram. os ossos.

Cntrelanto. os filisteus pelejaram contra 5 \ endo, pois, o seu esc udci ro que ~au I já era
Israel , e, tendo os homens de Israel fug1do de morto, também ele se lançou sobre a sua espada
diante dos filislcus , caíram feridos no monte e morreu com ele.
Gil boa. 6 i\lorreu, pois, Sau l, c seus três filhos, e o
lOs filisLeus apertaram com aul c ~cus fi- seu escudeiro, e também todos os seus homens
~ lhos e rnataram Jônatas. Abinadabe c \lalquisua, foram mortos naquele dia com ele.
filhos de Saul. 7 Vendo os homens de Israel que cslahlm
3 Agravou-se a peleja contra aul: os flechei- deste lado do va le e daquém do Jordão que os ho-
ros o a' islaram , e ele muito os temeu. mens de Israel fugiram e que aul e seus filhos
4 Então, disse Saul ao ~cu escudeiro: Arranca estavam mortos, desampararam as cidades c ru-
a Lua espada e alra' essa-me com ela, para que, giram; c' ieram os filisleus e habitaram nelas .
poncnlura, não \enham estes incircunci- 8 ucedeu, pois, que, \indo os filisteus ao
sos. e me traspassem, e escarneçam de mim. outro dia a despojar os mortos, acharam aul c
Porém o seu escudeiro não o quis, porque temia seus três filhos caídos no monte Gílboa.
muito; então, aul tomou da espada e se lan- 9 Cortaram a cabeça a aul e o despojaram
çou sobre ela. das suas armas; enviaram mensageiros pela terra

642
I SMdUCL 31:4

dos filisteus, em redor, <1 Ie' ar as bo<ls-no\'as à 12 todos os homens \alentes se le\antaram.
casa dos seus fdolos e entre o povo. e caminharam toda a noite, e tiraram o corpo de
IO Puseram as armas de a ui no templo de Saul c os corpos de seus filhos do muro de Bete-
Astarote e o seu corpo afixaram no muro de Scã, c,' indo a Jabes. os queimaram.
Betc-Scã. I~ romaram-lhes os ossos, e os sepultaram
li Então, OU\ indo isto os moradores de Jabes- dcbaho de um arvoredo. em Jabes. e jejuaram
Gi leadc. o que os filisteus fi;eram a au l, sete dias.

1. Tendo os homens de Israel fugido. Os registros da história sagrada rc,elam que


O exército de Is rael parecia ter a vantagem a perseguição e a morte têm sido o quinhão
tática de escolher o monte Gil boa para fi car. dos justos de todas as era . Por causa das
Para os filisteus era difícil, do ponto de \'ista consequências do grande conflito, atanás
militar, atravessa r o rio Ja lude e subir o tem oportunidade de afligir os justos. O con-
monte. (esmo assim, Israe l perdeu. A apos- forto do cristão é lembrar que, embora o ini-
tasia de Saul. que levara à procura do au\Í- migo possa destruir o corpo. ele não é capa1
Iio de uma médium , desencadeou o desastre. de tirar a sa lvação das pessoas (1\rlt 10:28).
Israel fora ad,ertido de que, no dia em que se Depois que o relacionamento da pessoa com
recusasse a ser guiado pelos estatutos e pela Deus foi decidido com com icção. a conti-
a li ança do Senhor, precisaria fugir "sem nin- nuidade ou o fim da ' ida presente deixa de
guém [lhe] perseguir" (L,· 26: 17). ter suma importância. Podemos engrande-
Caíram feridos. O sentido principal do cer a Cristo "quer pela' ida, quer pele~ morte"
\erbo heb. 1wlal, do qual se deriva o termo (I p 1:20-23).
tradu;ido no versícu lo por "feridos" é "tres- 3. Os flecheiros o avistaram. Literal-
passar". Pode significar ferir mortalmente , mente, e les "o encontraram".
ou somente ferir sem ca usar morte imed iata, Muito os temeu. Os filisteus sabiam
como no'· 4. da' dntagem de matar o rei de Israel. É pro-
2. Apertaram com. A desastrosa der- ,.á,d que um destacamento especialmente
rota mostrou aos israelitas a loucura de ade- treinado tenha recebido a missão de encon-
rir aos caminhos do mundo ao exigir um rei. trar Saul. Uma manobra semelhan te foi reali-
Quando o rei se tornava tirano, toda a nação zad<~ pelos siros em sua batalha contra Acabe #
participma de suas falhas e partilhma dares- c Jos<Jfá (2Cr 18:28-34).
ponsabilidade com e le. 4. Escarneça m de mim . Ou, " lidem
Mataram Jônata s . .:-\ pergunta surge brutalmente [ou impiedosamente] comigo".
naturalmente: por que o 'enhor permitiu au ltemia que os filisteus o tratassem como
que Jônatas morresse junto com o pai , se tra taram ansão. Ele não teve a mesma
as atitudes dele eram contrárias às de au l? preocupação quanto a Da' i, pois, cena 'cz .
Por que ele, que tinha uma mente espiritua l, tramou que este caísse nas mãos dos incir-
condenava as ideias do pai e se unira em sim- cuncisos fili!.tcus (I m 18:21-25).
patia com Oil\ i na aceitação da prO\ idência Saul [...] se lançou sobre ela. Assim
divina, não te\ e permissão de ' iH~r? Por que como Judas, ele tirou a própria' ida. É pos-
\sbosctc não partiu em seu lugar, em ve; de sfvcl que, influenciado pelas Lombarias do
permanecer\ i\ o para seguir os passos do espírito mau de que iria morrer, ele tenha
pai? Tdis questionamentos \àO a lém da habi- perdido a razão c se suicidou para C\ itar abu-
lidade humana de responder (\cr CC. 47). sos do inimigo.

643
31:6 COl\1E TÁRIO BÍBLICO ADVE TI TA

Existem diferentes opiniões quanto à liberdade de agressões e'ternas ou boas rela-


forma exata de sua morte. Baseado pre- ções internacionais. Por meio da dura lição
su mive lmente no re lato do ama lequi ta da experi ência, Israel precisou aprender a
(2 m 1:1-10), Josefo di7 que os ama lequitas inutilidade de colocar, no poder, um rei que
o mataram quando o encontraram ainda\ i\ O esta\'a mais preocupado em enriquecer a pró-
de pois de ter se lançado sobre sua espada pria casa e em satisfazer seu de ejos arbitrá-
(A11tiguidades, vi.l4.7). lo entanto, parece rios. O po\O cometeu um erro de julgamento,
claro que o homem inventou a história com e Sau I errou por não exercer sabedori a.
o propósito de ga nhar a aprovação de Davi 9. Cortaram a cabeça. O tratamento
(ver PP, 682, 695). mostra o desdém dos fi listeus por Israel e
6. Morreu, pois, Saul. Ver ICr 10:13. reflete o fracasso de Saul em quebrar o jugo
14. Desse modo terminou um a vida, que, filisteu. A decapitação estava de acordo
no passado, parecera tão brilhante e promis- com os costumes da época e pro\'avelmente
sora. A ruína da carreira de aul e a perda fosse , em parte, uma retaliação ao modo que
de seu reino foram os resultados de suas pró- Israel tratara Gol ias (JSm 17:51-54). A cabeça
prias escolhas. As pessoas não são pedaços de Saul foi colocada no templo de Dagom
de barro inanimado nas mãos de um oleiro (JCr 10:10), que devia ficar loca li7ado em
arbitrário, mas seres sensíveis que se ofere- Asdode (I m 5:2-7). Esse ato re\ e la que os
cem, por\ ontade própria, à orientação de um filisteus atribuíram a Dagom o crédi to por
dos dois poderes diametralmente opostos. sua grande vitória no monte Gilboa. Eles não
aul, por escolha pessoa l, permitiu ao prín- perceberam que não tinham poder nenhum,
cipe das trevas controlá-lo. eu mestre lhe a não ser o que lhes era conced ido do a lto
deu en tão o pagamento escolhido. (]o 19: 11). Os filisteus tiveram di\·ersas evi-
7. Deste lado do vale. 'o lado norte do dências da superioridade de Yahweh sobre
\ale de Je;reel ficavam as tribos de Naftali Dagom (\er I m 5), mas preferiram depen-
e Zebulom e parte da tribo de lssacar. der da própria habilidade e rejeitar a Deus.
A leste do Jordão, local i7m·am- e a meia tribo 10. Astarote. Deusa cananeia frequen-
de 1\ lanassés e a tribo de Gade. Ao ocupar temente confundida com outras divindades
os \'ales de Esdraelom, de Jeneel e do Jordão, como Aserá e Anate. Juitas ve7es , é mencio-
os filisteus criaram uma linha completa nada na Bíblia em cone.\.ão com o deus cana-
de sepa ração pe lo centro do domínio de neu Baal (também c hamado de H adade).
Israel. O pO\O que pedira um rei com tanta Para os filisteus, colocar a cabeça de aul
insistência te\ e então a oportunidade de ver no templo de Dagom e suas armas no templo
os resultados de sua decisão. Diante de uma de Astarote representava uma\ itória sobre o
derrota tão \ e rgon hosa, poderia perceber Deus de Israel, Yahweh.
como Leria sido melhor esperar pela palavra Bete-Seã. LocaliLada na extremidade
do en hor do que correr à frente dEle. Tanto leste do \'ale de ]eaeel, Bete- eã, hoje Te/1
a reale;a quanto a plebe sofreriam dos males el-lluSJZ, próximo à moderna Beisan, fica\ a
que lhes sobre\ iriam. entre 13 e 16 km do campo de batalha . '\ão
ma aná lise do reinado inglório de au l se sabe se a cidade já esta\·a ocupada pelos
mostra que, enquanto a administração da lei filisteus an les ou se fora tomada depois
por parte de amuei fora útil, a de au l trou- da batalha.
\.era resultados contrários. Sob seu gO\ erno, 11. Jabes-G ileade. Ver com. de I m ~
não houve segurança para as pessoas nem 11:1 - 11. Ao lemb rar que a ui operara um
para as propriedades. Tampouco hav ia maravi lhoso livramento da cidade, os anciãos

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1 S1\~ IUEL 31: 13

sentiram que e ra seu pri\ ilégio honra r o 13. Jejua ra m sete dias. Os habitan-
corpo de seu resgata dor. Infortúnios, derro- tes de Jabes-C ileade demonstraram lea ld ade
tas e morte tra7e m à tona a simpatia oculta inabalável pelo líder caído. Depois de reali-
no coração das pessoas e reve lam seus sen- zarem um funera l respeitoso a au l e a seus
timen tos mais nobres. filhos, obsen aram um período de luto.

CO MENTÁRIOS D E ELLEN G. WH ITE

1-13- PP, 68 1, 682 1-4 - PP, 68 1 5, 7-10, 12, 13- PP, 682

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