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CURSO : PANORAMA BÍBLICO

Lição: O Período Interbíblico

Pastor Girval Trevisan da Silva

Introdução
Encerramos o Antigo Testamento com Esdras e Neemias (aprox.425ac) restaurando a cidade de Jerusalém.
Inicia-se um longo período de silêncio de Deus, aprox. 420 anos, sem que nenhum profeta se apresentasse até
João Batista, o último profeta da velha ordem, dando início a uma nova ordem: o Reino de Deus (Lc.1616).
Encerramos A.T. com Israel sendo uma colônia Persa, vivendo em penúria econômica, com uma ênfase muito
grande na observância da Lei por influência de Esdras deixando pouco espaço para os profetas. Encontramos
no Novo Testamento um Israel subjugado pelos romanos, governada por um rei vassalo, Herodes, as 12 tribos
deixaram de existir como tal, e se transformaram em 4 ou 5 regiões: Galiléia, Judéia, Samaria, Peréia, etc...
Aparentemente os judeus viviam uma situação econômica próspera.
Surgem várias seitas político-religiosas: essênios, zelotes, saduceus, fariseus, herodianos e muitos livros
apócrifos foram escritos (significa: aquilo que está oculto) que não são inspirados mas que fornecem
informações históricas e sociais sobre aquele período.
Deus não se revelou neste período mas não ficou ausente da história humana, ocorrendo acontecimentos
importantes que irão nos ajudar a entender o ambiente em que Jesus cresceu e teve seu ministério. Veremos
como Deus preparou o mundo para receber seu Filho.
O que aconteceu de importante neste período?

I. Período Persa – de 539 a 331ac

Quando Israel voltou do exílio a Pérsia já estava decadente perdendo espaço para os Gregos e Macedônios.

O exílio proporcionou lições espirituais: 1)a idolatria foi destruída; 2) a Lei de Moisés foi valorizada : surge o
escriba no lugar do profeta e do sacerdote; 3) Inauguração do culto público; 4) fortalecimento da esperança
messiânica; 5) ressurge sentimento nacionalista (exclusivismo - ex.Esdras e os casamentos mistos, preconceito
com os samaritanos); 6) ressurreição para recompensa dos justos; 7) anjos (em Daniel); individualismo (em
Ezequiel).

Os persas passaram a nomear os sumo-sacerdotes que passaram a ter função política também. Esta posição
ficou reservada para os protegidos dos dominadores.

Quando voltaram do exílio, uma parte dos judeus que deixaram a Babilônia não voltaram para Israel, foram
para outras partes, movimento conhecido como Dispersão. Nestes outros lugares os judeus se reuniam, liam o
V.T., oravam, adoravam e cantavam Salmos e no fim havia um comentário da Lei - surge a sinagoga tão
importante na evangelização da igreja.

Perderam o Hebraico dando lugar para o Aramaico, foi a língua que Jesus falou. Vivam num favelão às
margens do Rio Quebar que permitiu preservar os costumes familiares e a educação religiosa.

Pelo final deste período a Pérsia estava tento dificuldade de enfrentar muitas insurreições de seus súditos e os
gregos vinham se fortalecendo cada vez mais, perdendo seu domínio sobre os gregos.

II. Período Grego-Macedônio – de 331 a 198 ac

A Grécia inicialmente dominava a Macedônica, mas devido à disputas de suas cidades estado (Atenas,
Esparta, Tebas, etc...) dando oportunidade para a Macedônia se fortalecer e subjugá-la em 338ac por Filipe que
logo depois foi assassinado. Seu filho Alexandre Magno assumiu o poder e mostrou-se um exímio general.
Logo derrotou os Persas e foi tomando toda a Ásia, invadiu o Egito, Síria, Mesopotâmia, perseguiu Dario e só
não o pegou porque ele foi assassinado antes. Estendeu seus domínios até a Índia, tudo isto em 14 anos.
Morreu aos 33 anos, sem deixar herdeiro.

Em seu reinado lançou as bases para uma nova civilização. Nos dias de Alexandre tudo prosperou: filosofia,
história, literatura, poesia, artes. Alexandre levou a cultura e a arte grega aos povos vencidos, obrigando-os a
aprender o grego. Para espalhar a cultura e idioma grego por todo o mundo fundou 70 cidades (colônias) entre
elas Alexandria no Egito que se tornou um grande centro da cultura grega. Foi em Alexandria que se traduziu o
A.T. para o grego na versão conhecida como Septuaginta. Em pouco tempo os povos dominados falavam além
de seu idioma o grego, a língua internacional tão útil na proclamação do evangelho.

Quando Alexandre Magno morreu, seu império foi divido entre seus 4 generais: o Egito coube a Pitolomeu, a
Síria a Seleuco, Macedônia a Cassandro e a Trácia a Lisímaco.

Desta divisão nos interessa o Egito e a Síria que freqüentemente lutavam entre si e usavam o território de Israel
como escudo e passagem de seus exércitos. A Palestina ora era dominada pelos egípcios, ora era dominada
pelos selêucidas. Israel era freqüentemente saqueada pelos exércitos que cruzavam o seu território e dependia
de uma política certa com a potência certa a todo instante. O Egito dominou a Palestina de 320-198ac. e a Síria
de 198 a 63ac. com diversos monarcas.

Dos reis Egípcios deste período nada de muito relevante ocorre para Israel além das freqüentes dominações e
pagamentos de tributos.

Período Selêucida – de 198 a 63ac

Dos reis selêucidas, o mais importante para a história de Israel foi Antíoco IV –Epifanes (175-163ac) notório
pela sua crueldade para com os judeus. O sumo-sacerdote não é mais indicado de acordo com a Lei de
Moisés, nem tampouco pela sua genealogia, mas tornou-se uma força política à serviço da potência
dominadora. Havia muita intriga política para se obter o posto de sumo-sacerdote. Dependia de quem
prometesse mais para o rei da Síria.

Antíoco Epifanes era irmão da rainha Cleópatra do Egito que fora assassinada. Epifanes tinha plano de invadir
o Egito e iniciou suas batalas, mas foi advertido pelos romanos de que não o fizesse, então, ele direcionou toda
sua fúria contra os judeus. Surgiram notícias de que Epifanes tinha morrido em batalha contra o Egito,
imediatamente um ex sumo-sacerdote deposto, Jason, invade Jerusalém com 1.000 homens pondo o sumo-
sacerdote indicado por Epifanes, Menelau, em fuga. Epifanes pensou tratar-se de uma insurreição, invadiu
Jerusalém, e profanou o templo. Manda sacrificar porco no altar, obriga os judeus o comerem sua carne, borrifa
sangue e escrementos de porco no templo todo. Começa uma intensa perseguição aos judeus onde muitos
morrem. Decorridos 2 anos, Epifanes envia Apolônio para Palestina, ele invade Jerusalém, aguarda o sábado e
promove uma matança indiscriminada, depois saqueia e incendeia Jerusalém. Não satisfeito, Epifanes decreta
uniformidade de culto em seus domínios impondo o paganismo grego. Os samaritanos aceitaram a imposição
em seu templo. O templo de Jerusalém foi dedicado a Zeus Olímpico, os pátios do templo foram profanados
com orgias, o altar coberto com ofertas abomináveis, o livro da Lei foi destruído ou profanado com pinturas
pagãs obscenas. Quem não, mas uma boa maioria permaneceu fiel ao Senhor e enfrentaram o martírio. Neste
momento, Jerusalém está reduzida a escombros e sua população dizimada e humilhada. Começa a nascer um
nacionalismo que intenta libertar Israel do jugo profano e iníquo de Epifanes.

Ocorre, então a revolta dos Macabeus. Um velho fiel sacerdote do Senhor chamado Matatias e outro judeu são
obrigados pelo comissário fiscal a oferecerem sacrifícios a outros deuses. O outro judeu submeteu-se, mas
Matatias mata os dois, o outro judeu que se submetera e o comissário fiscal, a seguir derrubou o altar pagão e
proclamou independência. Ele fugiu para as montanhas com seus 5 filhos e começou a utilizar táticas de
guerrilhas. Logo havia muitos seguidores. Os sírios e os judeus renegados identificaram estes seguidores,
aguardaram o sábado e promoveram uma matança de uns 1000 seguidores. Matatias, então, sensibilizado pelo
sangue das vítimas declara: “nesta luta pela vida, pela liberdade e pela religião, pode-se quebrar a guarda do
sábado, tratando-se de legítima defesa”. Matatias logo falece e seus filhos irão dar seqüência à sua missão de
libertação.

Judas Macabeu ( 167-161ac) impõe uma série de derrotas aos exércitos sírios e reconquistou Jerusalém. No
livro de Macabeus 436 lê-se as seguintes palavras de Judas: “ eis aí estão derrotados os nossos inimigos:
vamos agora purificar e consertar os lugares santos”. Os homens de Judas limpam o Templo, constroem novo
altar, novas portas, e com o despojo dos sírios fazem vasos de ouro para o serviço. Tudo fica pronto e
purificado e então o Templo é dedicado. Jesus participou de uma destas celebrações ( Jô 1022-23). As lutas não
terminam, e as guerras contra os sírios continuam com grandes vitórias até que em 161ac, com um exército de
apenas 800 homens morre o herói.

Em 165/164ac morre Epifanes de enfermidade deixando o trono para seu filho, Antíoco V, que é tutelado por
Lísias. Aparece em Antioquia Demétrio, irmão de Epifanes que fora enviado como refém para Roma em seu
lugar, reclama seu direito ao trono, executa Antíoco V e
Lísias e declarou-se rei. Demétrio I é deposto e morto por Alexandre que, por sua vez é deposto e morto por
Demétrio II.

Jônatas Macabeu (160-143ac), irmão de Judas, dá continuidade aos confrontos com os sírios e com o sumo-
sacerdote Alcimo colocado pelos sírios, chefe do partido helenista de Jerusalém. Jônatas faz acordo com os
sírios e começa a governar paralelamente (158-153ac) e começa a perseguir os judeus helenistas. Aparece um
pretenso filho de Epifanes, Alexandre, reclamando o trono forçando Demétrio a fazer muitas promessas para
Jônatas. Alexandre, por sua vez oferece o sumo-sacerdócio , uma coroa de ouro e uma estola sacerdotal que
foi aceito por Jônatas, que também levou em conta as boas relações de Alexandre com Roma. Jônatas torna-se
sumo-sacerdote em 153ac dando início a linhagem de Príncipes Sacerdotes da família Hasmoneana. Jônatas
insurge-se contra Demétrio II apoiando um general, Trifon, que tomasse o reino da Síria o assassina.

Simão Macabeu (143-135ac), irmão de Judas e Jônatas, alia-se a Demétrio II apoiando-o na luta contra Trifon.
Conseguiu de Demétrio II isenção completa de impostos para seu país. Reforçou as fortalezas militares, foi
eleito pelo povo governador e sumo-sacerdote, transformando estes títulos em hereditários em sua família.
Começou a ganhar simpatia dos romanos e espartanos. A Síria tentou no reinado de Antíoco Vii, tentou invadir
a Judéia mas foi rechaçado pelos filhos de Simão. Seu genro, querendo usurpar-lhe o trono da Judéia, matou a
Simão e a dois filhos: Judas e Matatias, mas outro filho, Hircano, fugiu e se escondeu.

O país está esfacelado e muito reduzido. Este período caracteriza-se mais por heroísmo patriótico do que por
ardor religioso. Começa agora uma nova etapa: de reconstrução através da Dinastia Hasmoneana.

João Hircano (135-104ac), filho de Simão Macabeu, conseguiu escapara das garras de seu cunhado e reinou
no lugar de seu pai, Simão Macabeu. Seu primeiro ato depois de investido rei e sumo-sacerdote foi perseguir
seu cunhado, Ptolomeu Ábalo, mas não conseguiu vencê-lo porque ele mantinha refém a mãe e seu irmão.
Desistiu da empreita, voltou para Jerusalém e logo teve de enfrentar o cerco de Antíoco VII – Sidetes. Hircano
rendeu-se e foi-lhe imposta uma paz vergonhosa: a fortaleza de Jerusalém foi destruída, Judéia pagaria tributo
à Síria, os soldados sírios guarneceriam os principais pontos da cidade. Antíoco VII teve de voltar para
combater os Partos em sua retaguarda e morreu, ficando a Judéia livre das imposições sírias que não mais a
molestariam. A Judéia só voltaria a pagar impostos para os romanos. Hircano destruiu Samaria, arrazou seu
templo para nunca mais ser reconstruído, forçou os edomitas a se circuncidarem ou serem expulsos do país.
Reconstruiu fortalezas e edifícios em Jerusalém, a Palestina volta a seus antigos limites. Hircano abandonou os
“Chasidim” seita muito conservadora, que depois veio a ser conhecida como Fariseus e tornou-se um Saduceu
e passou a perseguir os fariseus de seus dias. Sua morte representa a transição do governo teocrático dos
Macabeus para o caráter helenístico. Hircano rompe a tradição de seus antepassados de um patriotismo contra
a dominação Síria e inaugura uma era de intolerância e opressão que mais tarde será freada por Herodes.

Os sucessores da Dinastia Hasmoneana ( Aristóbulo I -104-103ac; Alexandre Janeu – 103-76ac; rainha


Alexandra e Hircano II 76-67ac; Hircano II e Aristóbulo II – 67-40ac) se sucedem no trono, passando por ma
série de intrigas e disputas familiares, combatendo os vizinhos e eventualmente as grandes potências (Egito,
Síria e a emergente Roma). Ora apoiavam o partido dos fariseus, ora o partido dos helenistas. Os romanos
começam a dominar a Palestina e na disputa entre os irmãos Aristóbulo II e Hircano II pelo governo civil e
sumo-sacerdócio da Judéia, Aristóbulo se insurge contra os romanos, seus 12mil homens se refugiam no
templo de Jerusalém. Os romanos entram na cidade e são recebidos com delírio pelos homens de Hircano. Os
romanos depois de 3 meses de espera invadem o templo e sacrificam os 12 mil homens. Pompeu aproveita e
entra no Santo dos Santos e estranha a falta de imagens mas não tocou nem se apoderou dos tesouros do
templo.Está mais uma vez profanado o templo Pompeu confirma Hircano II de na governador e sumo-
sacerdote da Judéia, obrigando-o a pagar tributo a Roma.

Hircano II (67 – 40ac) teve que enfrentar várias revoluções. O general romano Gabino resolve tirar das mãos
de Hircano II o poder temporal estabelecendo um Sinédrio com 5 membros para gvernar a Judéia com capitais
em Jerusalém, Jericó, Gadara, Amatus e Séforis. Em 55ac Crasso recebe como sua parte no Primeiro
Triunvirato Romano a Síria, foi a Jerusalém e apoderou-se dos tesouros do templo. Depois, Júlio César nomeou
Hircano II Etnarca da Judéia e Antípater a Procurador Geral da Judéia. Antípater era ambicioso e a cabeça
pensante por traz de Hircano II. Ele suprimiu diversas rebeliões na região e ganhou a confiança dos romanos.
Mais tarde, o filho de Aristóbulo II, Antígono, fez aliança com os Partos, derrotaram Antípater e Hircano II e
colocaram no trono de Jerusalém Antígono (40-37ac), mas ele foi deposto por Crasso – membro do Segundo
Triunvirato Romano (37ac) – que colocou o filho de Antípater – Herodes, no governo. É o fim da Dinastia
Hasmoneana.
Na dominação dos Ptolomeus e Selêucidas, a língua grega foi implantada na Palestina. Durante este período
Roma vem crescendo em importância no cenário internacional.

III. Período Romano – de 63ac a 70 dc

Depois de conquistar o Ocidente os romanos voltaram-se para o Oriente e tornaram-se os senhores do mundo.
Roma dividiu o mundo em províncias. Judéia foi anexada à Síria e junto com outros pequenos países da região
formara uma província romananos.

Roma deu certa liberdade aos povos conquistados. Cada país podia ter seu rei. Roma mantinha em cada país
seu ”governador” ou “procônsul” ou “juiz”. Também havia um corpo de publicanos para arrecadar os impostos.
Podiam ter suas leis e costumes desde que a Roma. Não era permitido se executar ninguém sem permissão
dos romanos.

O poder romano em Israel começou em 63ac e vai até 70dc quando Jerusalém é destruída e os judeus
dispersos pelo mundo.

Antípater – pai de Herodes


Quando os 2 irmãos, Hircano II e Aristóbulo II disputavam a coroa e sumo-sacerdocio, Antípater, rei da Iduméia,
se colocou ao lado de Hircano II como seu mentor. Ajudou Hircano II a conseguir a posição junto aos romanos,
convenceu-o de que o idumeus eram judeus, pois, João Hircano os havia forçado a se circuncidarem e depois
tramou para conquistar o trono da Judéia executando Hircano II. Antípater ajudou César na campanha contra o
Egito (48ac) e ganhou deste a nomeação de Procurador Geral da Judéia (40ac), enquanto Hircano II foi
constituído Etnarca da Judéia. Antípater tinha 4 filhos e nomeou a um deles, Fasael, para o trono da Judéia e a
outro, Herodes, como governador da Galiléia aos 15 anos. Com a morte de Júlio César, o partido de Hircano, e
por associação os idumeus que dependiam dele, sofreram um grande golpe. Cássio assumiu o governo da Síria
e impôs tributo de 700 talentos para a Judéia, sendo 350 para Hircano e 350 para Antípater. HircanoII não pode
pagar porque Antípater roubou seu dinheiro. Então, Hircano II manda envenenar Antípater em 44ac.

Herodes, o Grande - de 37ac a 4ac


Desde cedo Herodes se mostra cruel e astuto no governo da Galiléia. Desafiou e burlou leis dos judeus,
extinguiu o banditismo na Judéia o que muito agradou aos romanos, tornou-se governador da Celesíria por
apontamento de Sexto César. Quando Cássio deixou o governo da Síria, os judeus estavam prestes a se
emancipar de Herodes, Antígono, filho de Aristóbulo II, irmão de Hircano II, o ataca mas é derrotado por
Herodes e é expulso da Judéia por Herodes e seu irmão Fasael. Herodes casa-se com Mariana da família
Hasmoneana, neta de Hircano II. Ganha o favor de Marco Antonio e torna-se Tetrarca da Palestina. Antígono,
apoiado pelos Partos, invadem Jerusalém com o exército Sírio e Hircano, contrariando os conselhos de
Herodes, se submete a eles forçando Herodes a fugir. O general sério prende seu irmão Fasael e Hircano II.
Fasael suicidou-se e o general cortou as orelhas de Hircano II desqualificando-o para a função de sumo-
sacerdote. Muitos anos mais tarde Herodes executa Hircano II por traição. Depois que os partos saquearem
Jerusalém a deixarem nas mãos de Antígono. Herodes, ajudado pelos soldados romanos sitia Jerusalém e
depois de 6 meses a invadem promovendo enorme matança. Antígono foi preso, enviado a Marco Antonio que
o executa. Os Hasmoneanos estão definitivamente derrotados. Herodes se torna rei da Judéia, traz soldados
mercenários que estavam a serviço de Cleópatra para apoá-lo, ofereceu sacrifícios a Jupter Capitolina, cunha
moedas com inscrições gregas, importou fogos e festas pagãs para Jerusalém, matou 45 aliados de Antígono,
executou todos os membros do Sinédrio com exceção de 2 que aconselharam a capitulação de Jerusalém em
sua invasão, colocou os tesouros do templo à disposição de Marco Antonio.

Herodes reconhecendo-se estrangeiro não teve coragem de assumir o sumo-sacerdócio. Temendo o


remanescente dos Hasmoneanos coloca Ananel no posto. Houve uma tentativa da família Hasmoneana de
colocar um dos seus no sacerdócio mas Herodes se livrou dele.

Em 31ac ocorreu um grande terremoto em Jerusalém causando a morte entre 10 e 20mil vítimas. Neste ano,
enquanto Marco Antonio era derrotado na batalha de Actium, Herodes, a pedido de Cleópatra combate e
derrota o chefe árave Malco. Herodes executa Hircano, envia Alexandra e (mão e Hircano) e Mariana (sua
esposa) para uma fortaleza e mais tarde as executa. Herodes encontra-se com Otávio, sucessor de Marco
Antonio, que se dirigia para o Egito, alimenta seu exército e faz uma contribuição em ouro. Tendo reduzido o
Egito a uma província romana, na volta, Otávio deu a Herodes os territórios de Cleópatra e Marco Antonio.
Agora Herodes possui o território dass 12 tribos de Israel mais a Iduméia. O território é dividido em 4 distritos:
Judéria, Samaria, Galiléia e Peréia. Herodes fazia de tudo para agradar o imperador: deu mão forte ao partido
helenista de Jerusalém, os judeus adotaram costumes gregos e romanos. No monte santo, Herodes levantou
teatro e anfi-teatro onde se realizavam jogos em honra ao imperador, peças teatrais, corridas de cavalos, lutas
de gladiadores, feras, atletismo. Alguns zelotes decidiram matar Herodes mas foram executados por ele antes.
Promoveu a reconstrução do palácio dos Hasmoneanos, levantou os muros de Jerusalém, construiu a fortaleza
Antonia, ergueu Cesaréia no estulo arquitetônico grego-romano. Construiu um templo pagão dedicado a
Augusto, construiu um majestoso palácio para si. Destruiu o templo construído por Zorobabel e reconstruiu um
novo edifício, desaparecendo com as genealogias de sacerdotes e sumo-sacerdotes. O templo estava
inacabado nos dias de Jesus e só seia concluído em 65dc por Agripa II. Matou os seus filhos com Mariana,
porque eram descendentes dos Hasmoneanos e representavam ameaça. No ano 6ac mandou colocar uma
águia de ouro no templo, símbolo do impe´rios romano, e grava na pórtico o nome Agripa, ministro de Augusto.
Os judeus se revoltaram e arrancaram a águia, mas são presos e queimados. Herodes, velho e muito doente
teve tempo de executar seu filho preferido, Antípater, que tinha enviado para ser educado em Roma. Herodes
manteve a paz em seus territórios, era prestigiado pelo Imperador Augusto de quem era um fiel vassalo,
eliminou a família Hasmoneana por completo, matou quase todos os de sua família. Seus filhos herdaram cada
uma “tetrarquia”, uma província romana para governar.

O Mundo estava preparado para receber o Messias. Havia paz em nosso o Império Romano, os deslocamentos
eram feitos por estradas romanas ou rotas marítimas em segurança.

IV Particularidades deste período

4.1 Seitas político-religiosas

No AT os ofícios de profeta, sacerdote e rei eram combinados para constituir a Teocracia Judaica. Israel (10
tribos) é levada cativa pelos Assírios que os substituem por pagãos em seu território desaparecendo como
nação. Judá (e Benjamim) são levados para o exílio, onde conseguem manter sua língua, sua estrutura social e
alguma forma de religião. Quando retornam do Cativeiro, notamos duas correntes no Judaísmo: uma opta pelo
cerimonialismo ligado ao Templo, ao culto mantida mantido pelos sacerdotes e, outra corrente mais ou menos
política mantida pelo sumo-sacerdote. No tempo dos Macabeus começou como um movimento nacionalista que
logo aceitou unir a mitra e a coroa.

4.1.1 Escribas
No exílio o judeu se valeu da religião para preservar a identidade nacional, centralizando tudo na Lei de Moisés.
Alguns dedicaram-se em copiar a Lei e vieram a ser peritos na Lei, doutores da Lei, depois, seus intérpretes e
comentaristas. Eram uma espécie de guardiões da Lei, reuniam discípulos que se comprometiam a aprender a
interpretação e a repassá-la adiante, davam palestras no templo (Lc246 e Jô 1820) e quando membros do
43,53
Sinédrio, aplicavam-na como juízes ( Mt. 2235; Mc 14 ; Lc 2262); questionaram a autoridade de Jesus
(Mt728-29); Jesus condenou seu formalismo ( Mt 23); perseguiram Pedro e João (At.45); participaram do
martírio de Estevão ( At.612); alguns creram de Jesus (Mt.819).

4.1.2 Fariseus
No aramaico significa “separado”, nome dado pelos seus críticos por viverem separados para não se
contaminarem. Os escribas discípulos continuadores de Esdras eram chamdos de “hasidhim” que
significa “leais a Deus”. Já o nome “fariseu” aparece pela primeira vez no contexto dos reis-sacerdotes
da família Hasmoneana. Aparentemente os Hasidhim tinham se dividido. Uma minoria deles se opôs a
ilegitimidade do sumo-sacerdote imposto pelos selêucidas. E abaram sendo chamados de “separados”
que no aramaico é “fariseus”. Era uma frente de resistência ao helenismo pagão e a idolatria. Portanto,
os fariseus eram um grupo de escribas e, por isto, conheciam bem a Lei que eram identificados como os
“separados”. Eles combateram ao lado de Judas Macabeu. Quando João Hircano, da família
Hasmoneana, assume uma postura favorável a Síria, ele é rejeitado pelos fariseus e se torna num
Saduceu. Com o tempo estes fariseus desenvolveram tradições e regras para se cumprir a Lei e
cometeram exageros criticados por Jesus (Mac.78-9). Em suas tradições tinham 613 mandamentos,
sendo 248 proibições e 365 permissões. Gozavam de grande prestígio entre o povo. Não admitiam que
Jesus violasse suas regras ( LC.911; 152). Jesus os enfrentava com regularidade acusando-os de
distorcerem a Lei (Lc 1152).

As principais doutrinas dos fariseus eram:



O livre arbítrio do homem;


A alma é imortal


A ressurreição do corpo


Aceitavam a existência de anjos


Todas as coisas são dirigidas pela providência divina


Na vida eterna os justos serão galardoados e os maus castigados
Existem espíritos bons e maus.

4.1.3 Saduceus
Não se sabe ao certo o seu surgimento. Pode ser que parte dos Hasidhim que não apoiaram os fariseus
em sua rejeição ao sumo-sacerdote imposto pelos selêuncidas, formaram um partido que apoiava o
movimento helenista. Quando o sumo-sacerdote João Hircano foi questionado por um fariseu sobre sua
legitimidade no cargo ele se declarou um “saduceu”, cre esta é a primeira vez que ouvimos tal nome.
Era composto por sacerdotes e as classes aristocráticas dona de terras. Era um grupo mais liberal e
apoiava a imposição cultural dos poderes dominantes. Eram maioria no Sinédrio. Era um grupo mais
político do que religioso.

• Aceitavam apenas a Lei escrita e rejeitavam os preceitos e tradições dos fariseus;


As principais doutrinas eram:

• Não aceitavam a providência divina e se atinham a um fatalismo intransigente;


• Negam a recompensa e o castigo na vida eterna;
• A alma não existe, ao morrer tudo está terminado, portanto, tudo que se quer deve ser

• Não aceitam a ressurreição (At.238; Mat. 2223-33);


conquistado e aproveitado nesta vida;

• Aceitam só a Lei escrita e rejeitam as interpretações e tradições adicionais;


• Não criam em anjos, nem bons nem maus (At.238);
• Não acreditam na existência de céu nem inferno;
• Não aceitam a existência do Diabo;

4.1.4 Essênios
Comunidade religiosa que floresceu entre o séc.I ac e o séc.I dc. Um destes grupos era a comunidade
do Cumram cujos pergaminhos foram descobertos em cavernas em 1947. Eram da linhagem dos
assideus do período Macabeu. Eram homens retos e piedosos que perseguidos pelos helenistas
refugiaram-se no deserto. Depois de uns 20 anos aparece o
“Mestre de Justiça” que os organizou como comunidade. Este líder fora um sacerdote que contou com
a apoio de outros sacerdotes dissidentes do templo de Jerusalém. Os documentos do Cumram falam de
um sacerdote ímpio, provável alusão a Jônatas Macabeu (160-142ac) Foi nos dias do sumo-sacerdote
João Hircano que houve um acentuado progresso essênio no deserto da Judéia. Foram destruídos em
31ac quando houve por um grande terremoto, mas se reergueram para serem novamente destruídos em
68dc quando o general Vespasiano invadiu a Palestina e destruiu Jerusalém.

Tinham tudo em comum: mesa, bolsa, vida ascética. Se dividiam em filhos de Arão (sacerdotes) e filos
de Israel (leigos). Não se casavam pois consideravam que o homem ao ser pai e marido, deixava de ser
livre para se tornar um escravo (mesmo assim existiram por quase 200 anos). Dedicavam-se a trabalho
de subsistência e oração.

• Consideravam-se servos de Deus e não imolavam animais;


As principais doutrinas eram:

• Viviam distante das cidades;


• Não se preocupam em ajuntar tesouros;
• Não fabricavam nem possuíam armas de guerra;
• Não se interessavam pelo comércio;
• Todos eram livres, não existindo escravos;
• Desprezavam a filosofia, lógica e seus termos rebuscados;
• Eram monoteístas convictos;
• Aplicavam-se na prática da moral;
• Guardavam o sábado e se dedicam a trabalhos dedicados a Deus;
• Ensinavam piedade e santidade;
• Amavam a virtude;
• Ensinavam a se amar todos os homens;
• Mencionavam a “nova aliança” de Jeremias 31;
• Conheciam em profundidade a doutrina do remanescente de Israel em Isaías; criam que não

• Reconheciam suas limitações na prática do bem e confiavam na força de Deus;


seria todo o Israel salvo, mas apenas apenas um remanescente qualificado por Deus;

• Praticavam banhos rituais para agradar a Deus;


• Esperavam 2 messias: um para o grupo de Arão e outro para o grupo de Israel;
• Criam em anjos;
• Aceitavam a ressurreição e a vida pós morte;
• No mais, seguiam fielmente o Velho Testamento

J.Jeremias, um estudioso do assunto, sugeriu que João Batista teve contato com uma comunidade
essênia.

4.1.5 Herodianos
Era um partido polítco mais do que religioso. Eram um com os saduceus em assuntos de religião. Eram
apoiadores de Herodes, uma vez que os saduceus tinham alguma preferência em apoiar os
Hasmoneanos no sumo-sacerdócio, embora ambos apoiassem os dominadores romanos. Em Deut.1715
a Lei proibia um rei estrangeiro, criando oposição dos fariseus que deduziam leis como não se pagar
impostos ao poder estrangeiro. Jesus em Mc.815 alerta seus discípulos contra o fermento de Herodes.
Em sua política de vassalo, Herodes favorecia templo de idolatria romana e em honra a seus
imperadores, colocando, inclusive uma águia no portal do templo de Jerusalém causando reação
imediata dos judeus. Apesar das divergências, herodianos e fariseus se uniram contra Cristo (Mt.2217).

4.1.6 Zelotes
Descendem de Judas de Gâmala que inciou os judeus a uma revolta contra Roma por ocasião de pagar
os impostos no ano 6AC. Os zelotes eram conhecidos também como Galileus, porque vinham daquela
região, e
Sicários, porque usavam a arma romana “sica” em seus enfrentamentos. Em doutrina eram iguais aos
fariseus, apesar de aprovarem mais liberdade e desprezo pela vida. Num destes enfrentamentos com os
romanos. Judas de Gâmala morre e com ele muitos judeus (At.537). Os zelotes também puniam judeus
que se submetiam aos romanos. O historiador Josefo responsabiliza os zelotes pela destruição de
Jerusalém no ano 70. Jesus tinha um apóstolo que fora Zelote (Mt.101-4; Mc 313-19; Lc 612-16). Jesus
nunca apoiou mos zelotes, até mesmo pagou impostos e ensinou submissão aos governantes.

4.1.7 Publicanos
Contratados para cobrarem impostos para os Romanos. Em Roma havia um Publicano que
comprava o direito de cobrar impostos numa determinada província e definia o valor a ser
obtido. Como subcontratava cobradores, estes aumentavam o preço para conseguir aquilo
pedido pelo seu contratador, e este método era adotado pelos subcontratados que podiam
romanos ou nativos. Eles eram odiados, taxados de ladrões e desprezados pelos seus patrícios.
Eram comparados a pecadores Mt.910; Mc 215; Lc 530; 734) e prostitutas (Mt.2131). Jesus salvou
e pôs no apostolado Mateus (mt.99; comeu com publicanos (Mt.910-13) salvou Zaque (Lc.191-10).
João Batista batizou publicanos e orientou-lhes que não cobrassem além do estipulado (Lc.312-
13
). Jesus também os amava ( Lc.151; 734).

4.2 Instituições Judaicas

4.2.1. O Templo
O templo de Jerusalém era a coroa da glória de Israel. O primeiro fora construído por Salomão, o
segundo pó Zorobabel depois do exílio e o terceiro por Herodes, em partes, substituindo o templo
anterior. O terceiro templo ficou pronto em 65dc e foi destruído pelo general romano Tito conforme
predito por Jesus. O templo obedecia a planta do tabernáculo, circuncidado primeiro pelo pátio dos
judeus, depois pelo pátio das mulheres e depois pelo pátio dos gentios. No templo se realizavam
sacrifícios, recolhia-se dízimos e ofertas e celebravam-se as festas nacionais. A vida social religiosa de
Israel centralizava no templo. No templo a glória do Senhor se manifestava. Foi o lugar de toda a terra
onde o Senhor escolheu para se manifestar sobre a arca e os querubins.

4.2.2. A Sinagoga
Significa lugar de reunião. No exílio, longe do templo, os judeus se dedicaram à leitura das Escrituras
(Torah) no lugar dos sacrifícios. Era um ponto de reunião dos exilados, que preservou a cultura e a
religião judaica. Quando os judeus deixaram o exílio e não quiseram voltar para a Judéia, se
dispersaram e estabeleceram sinagogas em suas cidades. Depois da destruição do templo pelos
romanos, a sinagoga se tornou a instituição dominante no judaísmo de todo o mundo. A sinagoga foi a
porta de entrada do evangelho ao mundo gentílico como vemos na postura de Paulo. Ao chegar numa
cidade ele primeiro procurava uma sinagoga e ficava ali até que o expulsassem, pois, sua pregação era
facilitada pela compreensão comum sobre a Palavra de Deus e do Messias.

4.2.3 O Sinédrio
Sínédrio vem de concílio e representa a mais alta corte de justiça dos judeus. Reunia-se em Jerusalém
(Mt.2659; Jo.1147; At.415; 612). Alguns vêem seu surgimento quando Moisés escolheu 70 anciãos para
ajudá-lo (Nu.1116-24); outra atribuem a Esdras e Neemias sua organização ( Esdras 725-26; Nee 216). O
livro de Macabeus relata que este tribunal tinha contato com Antíoco da Síria ( I Mac. 123,6; 1430) . Este
corpo de anciãos representava a nação e falava em nome dela. Eram escolhidos dentro da aristocracia.
Este conselho se aliou a Judas Macabeu nas Guerras Macabéias, aconselhou-o na construção de
fortalezas na Judéia. O poder do Sinédrio variava de acordo com o poder concedido pela potência
dominante. O sumo-sacerdote é o presidente do Sinédrio e, desde os Hasmoneanos, ocupa uma função
mais política do que religiosa , bem diferente daquela prescrita na Lei de Moisés. Depois da queda de
Jerusalém em 70dc o Sinédrio foi substituído por uma corte que mudava de cidade de tempos em
tempos. Nos dias de Jesus, o Sinédrio tinha muito poder nas ares civil e criminal, só não podendo
executar condenados. (Mt.2647; At.41; 92). O Sinédrio não podia reunir-se após o por so sol, portanto, o
julgamento de Jesus foi ilegal (Mt.2657-58). Depois do raiar do dia o Sinédrio ratificou a sentença de
Jesus (Mc.151;Lc.22-26-71).

4.3 Desenvolvimento Doutrinário

4.3.1 Filosofia Judaico-Alexandrina


Alexandria foi uma das 70 cidades fundadas por Alexandre, o Grande, para promover e divulgar a
cultura e a língua grega. Conseguiu construir a maior biblioteca do mundo de sua época. Lá foi editada
a Septuaginta, a tradução do AT para a língua grega. Filon, um expoente filósofo judeu afirma que em
seu tempo havia mais de i milhão de judeus vivendo em Alexandria, portanto, para os judeus nascidos
fora da palestina ter o A.T. em grego era uma grande benção. Filon se propõe a harmonizar a Lei de
Moisés com a filosofia de Platão. Esta obra apresentava algumas heresias e nunca foi aceita pelos
judeus ortodoxos.

4.3.2 Teologia Rabínica


Os escribas se opuseram ao esforço de interpretar Moisés pela filosofia platônica, de submeter a
revelação divina do V.T. as filosofias estóica e epicurista.

A teologia rabínica coloca o Torah (o Pentateuco) como base estrutural de toda a religião dos judeus.
Posteriormente, os “doutores” começaram a fazer anotações ao lado da Torah que foram combatidas
por Jesus (veja Mt.153-7). Além disto, os doutores da Lei também detinham Tradições Orais que
alegavam vir do tempo de Moises e que foram escritas formando o Halakah que é um acréscimo que foi
incorporado ao Pentateuco. Estes acréscimos foram tantos que Jesus os denunciou em Mat.23.

4.4 A Literatura Apócrifa

Durante os 400 anos do período interbíblico Deus ficou em silêncio mas os homens continuaram a
escrever e destes escritos tiramos boa parte das informações deste período que nos introduz à realidade
dos dias de Jesus.

Apócrifo significava inicialmente “ aquilo que está oculto” indicando aquilo que estava oculto e que
passa a ser revelado pelos sábios aos seus iniciados. Mais tarde, porém, apócrifo passou a designar
livros que não eram inspirados e passou a ser sinônimo da falso. Consideramos apócrifos aqueles
livros que não são canônicos e que foram incorporados na Septuaginta e na Vulgata, mas rejeitados
pelos Judeus e Protestantes.
É característica da literatura apócrifa o uso de pseudônimos, isto é, seus escritores usavam nomes de
figuras importantes para ganharem credibilidade e aceitação mas não foram escritos pelos nomes que
adotam. Exemplos: Enoque, Moisés, Esdras, os 12 Patriarcas.

Dentro dos apócrifos que usam pseudônimos, exemplo: Daniel, Salomão, etc... Existe um grupo de
livros conhecidos como literatura apocalíptica que tinha muita aceitação porque tratava da intervenção
de Deus na história de seu povo para resgatá-lo e colocá-lo em uma situação de destaque no cenário
mundial. Como o povo vivia em grande opressão, esta literatura dava-lhes consolo e esperança e tinha
grande aceitação entre os oprimidos. O fato de sempre anunciarem uma intervenção imediata com um
reino messiânico terreno mexia com os leitores. A perseguição das potências estrangeiras instigava um
sentimento nacionalista muito forte, pois os leitores se identificam com os vencedores resgatados por
Deus.

Estes livros não são inspirados, mas são úteis para fornecer informações históricas. A Igreja Romana
aceita os apócrifos : Judite, Tobias, Acréscimo a Ester, Livro da Sabedoria, Eclesiástico, Baruque,
Acréscimos a Daniel, I e II Macabeus. Já os reformadores protestantes a partir de Lutero ficaram com o
cânon igual aos dos judeus excluindo estes livros que não são inspirados para não causar confusão ao
leitor.

Temos ezemplos de literatura apocalíptica na bíblia: parte do livro de Daniel, a sermão apocalíptico de
Jesus em Mat. 24 a 26 e o Apocalipse.

Conclusão
Relacionamos aqui os principais fatos que explicam as transformações de Malaquias a João Batista.
Percebemos que nestes 400 anos de silêncio de Deus muitas transformações aconteceram nas
instituições, na doutrina e na cultura de Israel. Chegamos no nascimento de Jesus com um mundo ainda
injusto, porém, em paz em todo o Império Romano de tal forma que naquele exato momento da história
humana o Salvador podia desenvolver seu ministério sem eventos que competissem com a primazia de
sua mensagem. Podemos, então, dizer que agora estamos mais preparados para entender as narrativas
do NT.

Bibliografia:

1) Tognini, Enéas. O Período Interbíblico; Livraria e Papelaria Louvores do Coração Ltda; 1980; 5ª ed.;
173pgs.

2) G.W. Anderson, The History and Religion of Israel, 1979, Oxford Unicersity Press, 210pgs.

3) New Ilustrated Dictionary,

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