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A revolta dos 

Macabeus

167-AC (Anno Mundi 3729) – início da revolta dos Macabeus.


Os judeus conseguiram vencer os exércitos helênicos e estabelecer um reino judaico
independente na região entre 142 a.C.- 63 a.C., quando então foram dominados pelos
romanos. Durante este período de 142-63 a.C., a família dos macabeus estabeleceu-se
no poder e iniciou uma nova dinastia real e sacerdotal, dominando tanto o poder secular
como o religioso. Isto provocou uma série de crises e divisões dentro da sociedade
israelita da época, visto que pela suas origens os Macabeus (também conhecidos pelo
nome de família como Asmoneus) não eram da linhagem de Davi, não podendo assim
ocupar o trono de Israel, e também não eram da linhagem sacerdotal araônica.
Antíoco Epifâneo reinou sobre a Síria entre 175 AC e 164 AC, vindo a invadir Israel e
profanar o Templo de Jerusalém em 167 AC, proibindo o culto judaico, a guarda do
sábado, além de outros costumes tais como a circuncisão. Saqueou toda Jerusalém de
suas riquezas e mandou construir um altar no Templo e fez ali sacrificar porcos.

Josefo cita, ele próprio, as maldades praticadas por este governante: “A maior parte do
povo obedeceu-lhe, fê-lo voluntariamente ou por medo; mas estas ameaças não puderam
impedir aos que tinham virtude e generosidade de observar as leis dos pais.

O cruel príncipe fazia a estes morrer por vários tormentos. Depois de os ter feito retalhar
a golpes de chicote, sua horrível desumanidade não se contentava de fazê-los sacrificar,
mas, enquanto respiravam, ainda fazia enforcar e estrangular perto deles suas mulheres
e os filhos que tinham sido circundados.

Mandava queimar todos os livros das Sagradas Escrituras e não perdoava a um só de


todos aqueles em cujas casas os encontrava.” (Hist. Dos Hebreus, Vol 4, Cap. 4, § 465)
Afora a História dos Hebreus de Josefo, I e II Macabeus são os únicos relatos que temos
acerca do período helênico na Judéia.

Embora se diga que Josefo parafraseou o livro apócrifo de I Macabeus, suas narrativas
são bem mais completas e diferem em algumas datas e pontos, por exemplo, no que diz
respeito ao intento de Antíoco conquistar o Egito: Conforme I Macabeus, ele logrou
fazê-lo, enquanto Josefo diz que Antíoco foi dissuadido por ameaças dos romanos a
abandonar o Egito.

Matatias iniciou a revolta dos Macabeus. No geral, a dinastia que se consolidou em


Israel da descendência de Matatias passou a ser conhecida como “asmoneus”, termo que
deriva do nome Asmoneu, ancestral de Matatias, conforme explica o próprio Josefo:
“Naquele mesmo tempo, numa aldeia da Judéia chamada Modim, havia um sacerdote da
descendência de Joaribe, nascido em Jerusalém, que se chamava Matatias, filho de João,
filho de Simão, filho de Asmoneu.” História dos Hebreus, Capítulo 8, § 467)

Na literatura judaica o título “Macabeus” se refere mais propriamente aos filhos de


Matatias, Judas e seus irmãos Jônatas e Simão, sendo o título “Asmoneu” mais
apropriado para se referir aos descendentes seguintes.

É mais correto ver os “macabeus” Judas, Jônatas e Simão, filhos de Matatias, como
chefes da resistência judaica, e não propriamente como “reis” de um suposto estado
Macabeu. Os três, cada qual a seu tempo, acumularam as funções de chefes militares e
de sumo-sacerdotes do Templo de Jerusalém.

Neste tempo, muitas das cidades de Israel se encontravam tomadas pelos selêucidas e
seus aliados judeus, entre as quais se pode citar Jericó, Emas, Betoron, Betel, Tocon e
Gazara entre outras.

Após este período, podemos sim entender a existência de um estado Asmoneu, que
experimentará uma completa independência durante um período de 70 anos entre 134 e
63 AC, o que não deixa de nos sugerir uma antítese com os 70 anos de cativeiro na
Babilônia.

165 AC a 164 AC – Matatias


A revolta dos Macabeus foi iniciada por Matatias, que fugindo das atrocidades
praticadas em Jerusalém por conta da nova ordem imposta por Antíoco Epifâneo, veio a
habitar com seus cinco filhos na cidade de Modin, onde alcançaram grande respeito por
parte de seus moradores.
Certo dia apareceu em Modin um oficial do rei a ordenar que se oferecessem sacrifícios
no altar conforme o novo costume imposto por Antíoco. Matatias se recusou a fazê-lo e
matou um dos judeus que ali sacrificava, bem como o oficial do rei, vindo assim a se
refugiar com seus familiares nas montanhas.

Juntou-se pouco tempo depois a este pequeno grupo familiar, alguns judeus assideus,
que igualmente fiéis à sua religião, decidiram combater Antíoco; muitos outros grupos
foram se juntando a este núcleo, de tal forma que se constituiu um pequeno e valente
exército disposto a combater os pagãos.

Conta Josefo que uma guarnição do rei buscou um dos grupos revoltosos para fazê-los
desistir da sedição, vindo a encontrá-los num dia de sábado. Pela reverência que tinham
ao dia do descanso, o grupo se recusou a pegar em armas para se defender vindo assim a
ser impiedosamente sufocado dentro da caverna em que se encontravam.

Os sobreviventes vieram relatar a Matatias o acontecido e este os repreendeu


severamente a que nunca mais procedessem desta forma, pois ao entregar sua vida sem
luta, violavam igualmente a Lei de Deus, fazendo-se homicidas de si mesmos.

164-160 AC – Judas Macabeu 


Cerca de um ano depois de iniciada a revolta Matatias veio a falecer, vindo a ocupar seu
lugar na liderança do grupo seu filho Judas, de apelido Macabeu, cujo significado é
“martelo”, de onde vem o nome revolta dos Macabeus.
Conforme a tradição judaica, a revolta dos Macabeus abriu um precedente na história da
humanidade: nunca antes uma nação ousou morrer por seu Deus. Esta foi a primeira
guerra religiosa e ideológica da história da civilização.

Judas Macabeu provou na liderança de seu povo ser um general competente, havendo
derrotado sucessivas vezes exércitos imensamente mais numerosos e mais preparados
no sentido militar. Era, segundo se constata, dono de quatro predicados importantes:
forte senso de determinação, coragem pessoal, visão militar e fé incondicional no Deus
de seus pais.
Depois de sucessivas vitórias sobre o exército de Antíoco Epifânio, Judas logrou
reconquistar Jerusalém. Ocupou-se então de restaurar e purificar o Templo, vindo a
consagrá-lo novamente ao serviço religioso judaico, exatamente três anos após Antíoco
o haver violado.

A celebração deste evento marca a origem da Festa das Luzes celebrada pelos judeus até
os dias de hoje no mês de Kislêv (Dezembro).

Josefo nos faz compreender que ao tempo de Judas Macabeu Roma já se avultava como
potência européia (Vol 4, Cap. XIII, § 492), havendo já dominado por aquele tempo a
Galácia, Espanha, Cartagena e Grécia.

Desta forma pareceu bem a Judas Macabeu fazer com os romanos um pacto de
coperação em que Roma se comprometia a advertir àqueles que estavam sobre sua
obediência a não atacar ou colaborar com aqueles que se indispusessem contra os judeus
e da mesma forma estes fariam o mesmo por Roma.

No seu tempo veio a falecer Antíoco Epifânio, segundo Josefo, de desgosto, por ver as
sucessivas vitórias dos Macabeus na palestina, bem como as vitórias de outros inimigos
frente ao seu exército.

Antíoco Eupator, seu filho, reinou em seu lugar, vindo no início de seu reinado a propor
paz a Judas Macabeu, proposta esta que não tardou a descumprir, ordenando que se
destruíssem os muros ao redor do Templo e que se matasse Onias, o sumo-sacerdote.

160 a 143 AC – Jônatas


Após seis anos de consecutivas vitórias sobre os selêucidas, Judas Macabeu veio a
falecer, sendo então substituído por seu irmão Jônatas.
Registra-se no tempo de Jônatas o cumprimento da profecia de Isaías que nos dá conta
da construção em Heliópolis, no Egito, de um templo semelhante ao de Jerusalém.

Este templo foi erguido por Onias, filho homônimo de Onias, sumo-sacerdote de Israel
no tempo de Pitolomeu Filometor, rei do Egito. Vejamos o texto de Isaías:

“Naquele tempo o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, e uma coluna se
erigirá ao Senhor, junto da sua fronteira. E servirá de sinal e de testemunho ao Senhor
dos Exércitos na terra do Egito, porque ao Senhor clamarão por causa dos opressores, e
ele lhes enviará um salvador e um protetor, que os livrará.” (Is 19:18-20)

142 até 134 AC – Simão


Jônatas liderou o povo de 160 a 143 AC, sendo seguido depois de sua morte por seu
irmão Simão que governou o povo entre 142 até 134 AC, encerrando assim o período
dos irmãos Macabeus.
Simão empreendeu vários combates contra seus adversários, vindo a obter grandes
vitórias junto às cidades de Gazara, Jope e Jamnia, tendo conseguido tomar finalmente a
fortaleza de Jerusalém, um complexo de resistência militar que havia sido construído ao
lado do Templo, com a finalidade de vigiar qualquer insurreição que pudesse ser ali
iniciada.

Tal fortaleza estava construída num lugar alto ao lado do Monte Moriá, e Simão fez
com que depois de destruída a fortaleza, fosse o monte rebaixado. Diz Josefo que esta
tarefa demorou três anos para ser concluída, de maneira que o monte foi aplainado e
nada mais de evelvado sobou senão o Templo.

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