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Para poder introduzir o Período Interbiblico é necessário entender como e onde se originou a

idéia dos reinos que viriam posteriormente após o cativeiro babilônico. Quando o povo judeu
foi levado cativo a Babilônia, o Rei Nabucodonosor mandou que levasse os jovens mais
dotados, e de família nobre de Jerusalém, e um desses jovens se chamava Daniel. No capitulo
2 do Livro de Daniel, ele traz a revelação do sonho de Nabucodonosor, e a partir do verso 36,
Daniel da a interpretação do sonho. A grande estátua do sonho do rei foi composta de quatro
partes principais. Daniel as identifica como quatro reinos, começando com a própria Babilônia
(“a cabeça de ouro”). Depois da Babilônia, teria uma sucessão de mais três reinos humanos. O
segundo reino seria inferior à Babilônia, e foi representado pelo peito e os braços de prata. O
terceiro seria maior, exercendo domínio “sobre toda a terra”. O mais forte dos quatro reinos
seria o quarto, feito de ferro, mas a mistura de barro mostra um reino dividido, com um lado
frágil, e este reino seria esmiuçado pela grande pedra.

A parte mais importante da interpretação começa no versículo 44. A pedra representa o Reino
Eterno de Deus. Ela (a pedra) não surge da terra; é cortada de um monte e desce para esmagar
os reinos humanos. Diferente dos reinos dos homens que levanta e cai, este reino seria eterno
e superior a qualquer império humano. Um detalhe que devemos observar é a profecia sobre a
época na qual o reino de Deus seria estabelecido. Deus permitiu que Daniel olhasse para o
futuro para afirmar que Deus ia fundar o seu reino “nos dias destes reis”, ou seja, durante o
quarto império. Numa profecia feita 600 anos antes do nascimento de Jesus, Deus falou para
os homens o tempo aproximado do estabelecimento do reino messiânico.

A cabeça de ouro é a Babilônia, o reino do conquistador Nabucodonosor (Daniel 2:37-38). Para


identificar os próximos dois, considera-se a visão de Daniel no final do domínio babilônico,
relatada no capítulo 8. Nesta visão, Deus lhe mostrou mais detalhes sobre os próximos dois
reinos, e os identificou como a Medo-Pérsio (8:20) e a Grécia (8:21). Ligando as duas profecias,
percebemos que a parte de prata representa Medo-Pérsio, o reino que venceu a Babilônia em
539 a.C., e que o bronze simboliza a Grécia, o império que conquistou um território enorme no
quarto século a.C.

O reino que não foi identificado por nome em Daniel é o quarto. O reino de Alexandre o
Grande se despedaçou depois da sua inesperada morte. Diversas brigas entre seu descendente
e seus generais preparou o campo para o surgimento do próximo império na região, o império
romano. Numa série de vitórias militares entre o terceiro e o primeiro séculos a.C., os romanos
tomaram controle de todos os arredores do mar Mediterrâneo, assim dominando uma boa
parte do comércio entre os três continentes da Ásia, África e Europa. Foi um reino forte, mas
com dificuldades e fraquezas devidas às alianças frágeis forjadas entre líderes e países.

A Judéia ficou, aproximadamente, sobre osdomínios persa (539 – 332 a.C.; 207 anos),
macedônio (332 – 305 a.C.; 27 anos), ptolomaico (305 – 198 a.C.; 107 anos), selêucida (198 –
141 a.C.; 57 anos).

Entre 167 e 160 a.C., a Judeia revoltou-se contra o império selêucida, sobre o governo de
Antioco Epifanes, “o louco”. Antioco tinha o domínio sobre a Judeia, e consequentemente
sobre Jerusalém, conseguindo também fazer do cargo de sacerdote um cargo político. Antioco
comandou uma chacina em Jerusalém por suspeitar de uma revolta na cidade.Mais de 40 mil
pessoas morreram, entre elas velhos, jovens, mulheres e crianças, e muitos sendo levados ao
cativeiro, a mando de Antioco. Não satisfeito com isso, entrou no templo, matou um porco
sobre o altar, e toda a gordura e vísceras, junto com o sangue do animal, e aspergiu sobre todo
o templo. A carne de porco foi assada, e os judeus obrigados a comê-la sobre ameaça de
morte.

Após dois anos do acontecido, Antioco Epifanes, manda 22 mil soldados a Jerusalém, numa
terça feira, onde esperaram até o dia do shabat. Enquanto os judeus procuravam adorar
conforme os precitos da lei de Moises, Apolônio junto com os soldados sob seu comando
executa a ordem de Epifanes, e começam a matança em Jerusalém, buscando exterminar
principalmente quem era do sexo masculino. A cidade ficou banhada em sangue, e o exercito
destruiu tudo pelo caminho, que também acabou incendiando o Templo.

Antioco subjugou Samaria e a Judeia, promovendo cultos helenistas aos deuses gregos,
dedicando o templo do Monte Gerizim a Zeus Xenius (templo construído pelos samaritanos
quando Esdras e Neemias os impediram de participar da reedificação do Templo de
Jerusalém), e o Templo de Jerusalém dedicou a Zeus olímpico.

Os samaritanos aceitaram pacificamente as proposições de Antioco, pois além do medo de


serem subjugados, e morrerem, eles eram um povo mestiço, costumeiros ao politeísmo. Já os
judeus viviam tempos terríveis. Eles viram os pátios do templo profanados, com a licença dada
para o cometimento de orgias nos locais sagrados. A idolatria a Baal foi restituída, com
imagens de obsceno aspecto. Os livros da lei, a Toráh, foram profanados com pinturas
obscenas, e outros destruídos.

Quem se negasse a praticar sacrifícios aos deuses gregos, ou praticasse algum rito judaico,
seria castigado. Segundo relatos, duas mulheres pobres, só por terem circuncidado seus filhos,
foram presas, levadas perante toda a cidade, e depois atiradas pelo muro da cidade, junto com
seus filhos. Muitos que ousaram guardar o shabat, escondidos numa cova, foram queimados
vivos.

Eleazar, chefe escriba, nonagenário, foi obrigado a comer carne de porco, mas se recusou.
Meteram-lhe na boca, mas ele cuspiu, e se entregou ao martírio. Muitos judeus por conta da
perseguição se acomodaram com a circunstância, e se inclinaram ao culto pagão, mais a
grande maioria, por outro lado, permaneceram fieis as leis, e foram sacrificados, levados ao
martírio.

A revolta judaica era eminente, pois nunca os judeus haviam sido tão humilhados. A
perseguição continuava até que um comissário fiscal, chamado Apeles, obrigou um certo
homem chamado Matatias e um outro judeu a sacrificar aos deuses estranhos. Matatias, filho
de Simão, filho de Joanam, filho de Hamam, da turma de Joaribe (as 24 turmas estabelecidas
por Davi), era descendente direto de Arão, e pai dos futuros líderes da revolta Macabeia (João,
Simão, Judas, Eleazar e Jonatas), avó e bisavó da era Hasmoniana, que durou até
aproximadamente 63 a.C. O judeu que estava com Matatias condescendeu a condição imposta
pelo comissário fiscal, e dobrou-se de joelhos para oferecer sacrifício aos deuses estranhos.
Matatias aproveitou a oportunidade e conseguiu matar, tanto o fiscal quanto o judeu que
cedeu ao paganismo.

Nasce assim a revolta dos Macabeus, em 170 a.C. (macabeu, “o martelador”), contra a
opressão selêucida, que liderou a Judeia como um estado semiautônomo até 141 a.C.,
passando a ser autônomo plenamente a partir de, aproximadamente, 110 a.C., até que um dos
três generais do Triunvirato romano, Gnaeus Pompey (Pompeu), conquistou a Judeia em 63
a.C., incorporando a Judeia ao império romano como estado cliente:

- Ser subordinada à província romana na Síria;

- Perdeu territórios;

- Interferência na escolha do sumo sacerdote;

- Pagamento de imposto;

Pompeu estabeleceu a Dinastia Herodiana, através de Herodes “o grande”, que era edomita,
mas, que, com a guerra civil que acontecia entre Pompeu e Júlio Cesar (outro dos três generais
do Triunvirato romano), durante 49 a 45 a.C., Herodes estabeleceu se procurando evitar
inimigos, e fazendo aliados, quando, por exemplo, prometera se casar com Mariana, neta de
João Hircano, ultimo descendente hasmoniano, ligado a genealogia de Arão.

Júlio Cesar vai a Roma em busca de seus inimigos, para enfrentá-los. Sabendo disso, Pompeu
foge, e Júlio Cesar se autodeclara Imperador de Roma. Declarado como “ditador perpétuo”
pelo senado romano, Júlio Cesar, mesmo procurando fazer varias reformar politicas e sociais,
foi assassinado por opositores políticos em 44 a.C..

Todo mundo nos dias de Saulo de Tarso, em regiões da Espanha à Síria, tinha que adorar a
deusa Roma e a KYRIOS CESAR, “o Senhor César”. César Augusto declara que seu falecido pai
adotivo, Julio César, era, agora, divino; dessa forma, convenientemente adquiriu para si o
título de “divi filius” (do latim, “filho divino”), ou em grego, simplesmente huios theou (“filho
de deus”). O nome real de Cesar Augustos era Caio Otavio, que era sobrinho neto de Júlio
Cesar, que adotou Otavio e o legitimou como herdeiro. Caio Otavio, agora como Cesar
Augusto, declara seu pai adotivo como KYRIOS, ou seja, ”Senhor”, e procura promover a
adoração ao seu pai adotivo também na Judeia. Os judeus não aceitaram a ideia, e ainda
inspirados pela Guerra dos Macabeus e da Era Hasmoniana declaram em grego o Shemá:

“Kyrios Cesar? Kyriosho Theos, Kyrios heis estin!”

(César o senhor? O Senhor é Deus, O Senhor é um!)

Se os Judeus declarassem o Shemá em Hebraico seria:

“Shema Ysrael, Adonay Elohenu, Adonay Echad!”

(Escute ó Israel, O Senhor Nosso Deus, O Senhor é um!)

Antes de um impasse agravante entre Roma e Jerusalém, alguns lideres judeus propuseram a
Roma que ao invés de orarem para César, orariam ao seu Deus em favor de César e de Roma.
Para César, por hora, era o bastante, pois não fugia da real intensão, que era de submeter e
subjugar a Judeia.
A maioria dos sucessores de Cesar Augusto seguiu seu exemplo, e assim, cultos em
homenagem a Roma e ao imperados se espalharam de diversas maneiras e em velocidades
diferentes pelo império.

Roma era uma divindade da mitologia romana que personificava a Cidade de Romadesde o
século II a.C. Roma era representada nas moedas como uma donzela armada com espada.

Cesar era um titulo que correspondia aos imperadores juniores assistentes dos Augustos
(titulo romano que poderia ser usado como nome; EX: Imperador Cesar Augusto)usado pelo
Imperador Diocleciano, em 293 d.C., quando buscou reorganizar as províncias do império,
criando o colegiado de quatro imperadores chamado de tetrarquia. O titulo de Cesar era
usado pelos “juniores” em razão do titulo de Augusto ser ainda associado diretamente aos
deuses e ao ato de APOTEOSE (consiste em elevar alguém ao estatuto de divindade, ou seja,
endeusa ou deificar uma pessoa devida alguma circunstância excepcional). Cada metade do
império era governada por um imperador sênior (augustos) e um júnior (caesar).

No ano 31 a.C., quando Caio Otavio batalhava contra Marco Antonio (marido amante de
Cleópatra VII, ultima rainha do Egito), Jerusalém foi sacudida por um terremoto, onde se
estima que mais de 10 mil pessoas morreram. Parecia um aviso, um sinal, de que algo ainda
aconteceria.

Caio Otavio se torna Cesar Augusto definitivamente quando derrota Marco Antonio na Batalha
do Ácio. Marco Antonio retorna ao Egito com a derrota, mas suicidou se com a notícia falsa de
que Cleópatra havia morrido. Herodes se encontrou com Otavio e seu exércitoenquanto
marchava ao Egito. Herodes alimentou todo o exército de Otavio, e ainda entregou 800
talentos de ouro. Como recompensa, pela demonstração de fidelidade, Otavio da o domínio a
Herodes de toda a Judéia, Samaria, Galileia e Pereia.

Herodes fazia de tudo para agradar ao novo Imperador romano:

- No Monte Santo (Sião, Moriá), onde Davi levou a Arca do Senhor, Herodes levantou um
teatro e anfiteatro, onde realizava jogos em honra ao Imperador.

- Reconstruiu os muros e fez torres, construindo também um dique com lapides de 18 metros.

- Construiu e fundou Cesárea, na Costa Mediterrânea de Israel, em honra ao Imperador, onde


colocou templos com estatuas colossais em homenagem a Cesar Augusto. Construiu também
um palácio que Chamou de Cesar Agripa (em homenagem a Marcus Vipsanius Agrippa, amigo,
genro e general de Otavio).

Herodes, entre 20 a 19 a.C., promete aos judeus que reconstruiria o templo, “reformaria” o
templo que já havia sido bastante judiado pelas inúmeras invasões e profanações de inimigos.
Segundo o historiador Flávio Joséfo, Herodes mandou que o Templo de Jerusalém fosse
reconstruído todo em mármore branco. Em 17 a.C. começaram as obras, e em 1 ano e meio o
pórtico, o santuário e o lugar santíssimo já haviam sido terminados. Entre 8 e 9 a.C. as outras
partes do Templo já estavam prontas, mas o templo ainda não estava terminado. Herodes,
durante a reconstrução do Templo, viu a euforia dos judeus por conta da reforma, aproveitou
e mandou que destruíssem a genealogia sacerdotal que ficava no Templo, com o intuito de
colocar quem bem parecesse aos seus olhos.

Em aproximadamente 6 a.C. Herodes manda colocar no pórtico do Templo (entrada do


Templo) uma águia de ouro, símbolo do império romano, e também mandou gravar o nome de
Agripa no mesmo lugar. Os judeus se ofenderam muito, e alguns se disporão a arrancá-los do
lugar. Os Judeus que foram de encontro a vontade de Herodes, e tiraram a águia de ouro do
pórtico, foram condenados a fogueira. Herodes, após esse ato de atrocidade, ficou seriamente
doente, vindo a morrer após o nascimento de João Batista, e posteriormente de Jesus Cristo.

Joseph, ben Caiaphas (“Caifás”), Genro do Sumo sacerdote Ananus (“Anás”), ben Seth, ficou no
cargo de sumo Sacerdote entre 18 a 36 d.C. Anás, que já havia sido sumo sacerdote entre 6 a
15 d.C., usou o poder político que tinha com o cargo, para obter apoio, e poder segurar o cargo
de Sumo sacerdote em sua família, passando a seu genro Caifás.

“Os principais sacerdotes e os fariseus ajuntaram o Sinédrio e começaram a dizer: Que


devemos fazer, visto que este homem realiza muitos sinais? Se o deixarmos assim, todos
depositarão fé nele, e virão os romanos e tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação”
(Jo 11; 47-48).

Jo 11, 49-53: — “Não deduzis logicamente que é para o vosso proveito que um só homem
morra a favor do povo e não que toda a nação seja destruída”. O relato continua: “Isto, porém,
não dizia de sua própria iniciativa; mas, porque era sumo sacerdote naquele ano, profetizava
que Jesus estava destinado a morrer pela nação, e não só pela nação, mas, a fim de que os
filhos de Deus, que se acham espalhados, fossem também por ele ajuntados numa unidade.
Portanto, daquele dia em diante deliberaram matá-lo [Jesus]”.

Jesus era o cumprimento da visão de Daniel, ele era a pedra que foi cortada do monte. Yeshua,
do hebraico ‫ישוע‬, (do paleo hebraico yay-shoo’-ah, ”salvação”), é o braço de D’us,
primogênito do Eterno, e também é a própria encarnação de ‫( יהוה‬EU SEREI OQUE SERE);
quando transliteramos o significado de cada letra do tetragrama do Nome do Senhor,
encontramos mão+furo+prego+furo (mãos furadas por pregos), mas se formos para o paleo
hebraico encontramos yod(braço e mão/trabalhar/feito), hey(veja),
vav(prego/gancho/adicionar), hey(veja), “veja o prego no braço, veja!”.

Antes de Estevão ser apedrejado, ele exclama ver Jesus a destra de D’us Pai (Atos 7 : 55,56),
causando alvoroço entre os judeus. Jesus é a pedra cortada do monte que é Deus para
destronar a opressão espiritual que o mundo vivia, trazendo a libertação do pecado para a
salvação. Jesus é a mão furada por prego que testifica que o Filho do Homem veio morrer
pelos pecados do homem, trazendo o Reino de D’us sobre a terra. Jesus é o braço pregado que
revela a essência do nome de D’us, no qual nos da um Nome acima de todo nome para
adorarmos.

Jesus veio trazer a verdadeira libertação do povo de Deus, mas os judeus estavam tão
preocupados com Roma, de como se livrariam da opressão esmagadora do império romano,
que se esqueceram de olhar os sinais. O então Sumo sacerdote Caifás não se preocupava com
as escrituras mais sim com seu status e poder, que haviam sido ameaçados pelo Mashiah (“o
Ungido”). Em sua cegueira pelo poder, a inconveniência de um Cristo era mais do que real pois
ele, Caifás, não deveria ser Sumo sacerdote, e ter um real Cristo ameaçara seus planos,e os
planos de seu sogro, Anás, de manter uma hegemonia sacerdotal sobre o templo. Os acordos
políticos entre os eles e os romanos era confortável, que preferiam buscar a morte de alguém,
a ter que se submeter a ele. Caifás não se preocupava com o povo, mas sim com tudo que
perderia se Jesus fosse aceito como o Mashia pelo povo.

1 Corintios 6:19 Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita
em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?

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