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Para o nosso estudo nos interessa apenas o grupo dos Ptolomeus e dos
Selêucidas. Por isso, em um primeiro momento, depois de algumas
informações sobre a conquista do Império Persa pelo macedônio Alexandre
Magno, veremos o domínio dos gregos sobre a Palestina a partir do Egito
(301-198 a.C). Esta é a ocasião para olharmos mais de perto os livros
bíblicos dessa época, isto é, Ester, Eclesiastes, Zacarias 9-14 e Tobias. Em
seguida, abordaremos o domínio dos gregos sobre a Palestina a partir da
Síria, conhecidos por Selêucidas (198-142 a.C). Veremos a imposição à
força da cultura grega sobre os judeus, bem como a resistência dos
macabeus contra essa imposição. Desse período, são os seguintes livros:
Eclesiástico, Daniel, Judite e 2 Macabeus. Por fim, estudaremos a época de
independência dos judeus desde 142 a 63 a.C, período conhecido como
dinastia dos asmoneus. Este período descreve o começo da ascensão
romana sobre o Oriente Médio. Em Jerusalém, a família sacerdotal assume
o poder religioso e também o político, mas os conflitos continuam e sempre
com mais sofrimento para o povo. Os escritos deste período são os últimos
do Antigo Testamento e recuperam a confiança em Deus que liberta os
justos: livro de Ester - o texto grego, 1 Macabeus, Baruc e Sabedoria.
2 - A GLOBALIZAÇÃO HELENISTA INVADE A CULTURA DE
ISRAEL
Com a morte prematura de Alexandre, seu vasto império foi dividido entre
seus generais, chamados de diádocos. Quatro deles disputaram a divisão do
reino de Alexandre: Seleuco; Lisímaco; Cassandro e os Ptolomeus (lMc
1,7-9; Dn 8,8).
A Palestina, região onde se encontrava a terra do Povo de Deus,
inicialmente ficou sob o domínio da dinastia do general Ptolomeu. Depois
de 198 a.C., porém, os Selêucidas, como ficaram conhecidos os sucessores
do general Seleuco, conquistaram a Palestina e passaram a dominar Israel.
Enquanto isso, a comunidade judaica continuava surpresa, sem poder reagir
e mesmo sem compreender o alcance total dos acontecimentos. Seu
território, diversas vezes invadido, torna-se agora palco de batalhas entre
Ptolomeus e Selêucidas.
2 - DOMINAÇÃO DA DINASTIA DOS PTOLOMEUS (323-198 A.C)
Depois das lutas entre os generais de Alexandre Magno, a dominação dos
gregos sobre a Palestina pode ser dividida em dois grandes períodos. Num
primeiro momento, isto é, de 301 a 198 a.C., a Palestina ficou sob o
domínio da dinastia do general Ptolomeu a partir de Alexandria no Egito.
Depois de 198 a.C., porém, os Selêucidas, como ficaram conhecidos os
sucessores do general Seleuco, conquistaram a Palestina dos Ptolomeus e
passaram a dominar Israel desde a Antioquia da Síria, a capital de seu
império. Os quatro chifres menores foram os quatro generais de Alexandre
que dividiram o poder sobre seu grande império, logo após sua morte.
O primeiro rei desse novo império foi Ptolomeu I Soter (323-285 a.C).
Entrou em Jerusalém em 320 a.C., em dia de sábado, com o pretexto de
levar oferendas ao Templo, mas o resultado foi o estabelecimento do
domínio sobre a cidade e o país de Israel. Prendeu muitos judeus e os levou
para Alexandria, no Egito. Ptolomeu I Soter, por outro lado, favoreceu a
cultura grega em seu reinado, criando um museu em Alexandria.
A presença dos gregos trouxe outra mudança significativa. A partir de
agora não há mais um governador civil ao lado do sumo sacerdote, como
no período persa. O próprio sumo sacerdote passa a exercer também o
poder civil. A administração não era mais feita por um governador, mas por
um conselho de anciãos, composto de sacerdotes e leigos, presidido pelo
sumo sacerdote (l Mc 12,6; 2Mc 1,10; 11,27). Mais tarde, na época dos
Macabeus, esse conselho seria chamado de Sinédrio. Com isso, aumentou
ainda mais o poder do sumo sacerdote. Além de desempenhar as funções
no templo, passou a exercer tarefas políticas, como representante político
da comunidade judaica. No entanto, embora tivesse poder para administrar
as questões internas do Judaísmo, ele tinha pouca autonomia
administrativa.
Em 2Macabeus 3,11, temos uma referência a uma dessas famílias que tinha
muito dinheiro depositado no templo de Jerusalém, sinal de que o templo
funcionava ao mesmo tempo como banco. Isso nos revela que as principais
famílias judias estavam plenamente integradas no mundo helênico. Mais
tarde, quando os Selêucidas venceram os Ptolomeus, elas apoiaram o rei
Antíoco III contra Ptolomeu V.
Hircano II e Aristóbulo II
O Talmud é composto de duas partes principais: a Mishná (da raiz hebraica shanah [hfnf$], que
significa “repetição”) e o comentário sobre a Mishná, denominado Guemará (que em aramaico
significa “término”). A Mishná é o código de leis orais passadas de geração a geração e foi
escrita em hebraico. A Guemará é todo o comentário sobre estas leis orais e foi escrita em
aramaico.
O Talmud tem um caráter dinâmico. Foi engendrado por seus arquitetos rabínicos como um
instrumento de adaptação da religião judaica às circunstâncias variáveis da vida. Ele sem
dúvida, expressa de maneira clara as experiências práticas dos grandes mestres de Israel em
relação à Torá. “Indague-me sobre um ponto da lei”, ensinava o sábio talmúdico Rami Bar
Chami, “e embora eu lhe responda segundo a razão, você encontrará seu paralelo na tradição
(isto é, na experiência comprovada pelo tempo)”. A tradição judaica derivou-se dos preceitos
extraídos da Torá e por conseqüência, do Talmud.
“Os fariseus (isto é, os sábios da Mishná) obedecendo à tradição de seus pais, fizeram muitas
ordenanças para o povo a respeito das quais nada existe de escrito nas leis de Moisés; daí
serem elas rejeitadas pela seita dos saduceus”. Paulo fariseu / Atos 22,3 “Sou judeu,
nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui educado rigorosamente na
Lei de nossos antepassados, aos pés de Gamaliel /Atos 23,6“Irmãos, sou fariseu, filho
de fariseu. / Atos 22,25-29 “cidadão romano”
O Rei Ptolomeu do Egito (287-47 AEC) deu uma recepção real aos 72
Sábios da Terra de Israel que ele convidara a Alexandria para traduzirem
a Lei de Moshê no idioma grego.