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Cânon Bíblico do Antigo Testamento

Septuaginta
Targum
Os Massoretas

Moisés ordenou que uma cópia de seu conteúdo fosse preservada no


próprio Santo dos Santos (Dt 31.26), e que outra cópia estivesse
constantemente diante do rei, para que ele pudesse estudá-la cuidadosamente e
direcionar suas atividades de acordo com o conteúdo (Dt 17.18,19).
A Bíblia não contém promessa de exatidão absoluta na preservação do
texto, visto que os livros seriam copiados e copiados novamente através dos
séculos.
A descoberta dos manuscritos do Mar Morto mostra quão amplamente as
cópias das Escrituras Sagradas devem ter sido disseminadas durante os séculos
anteriores ao período de Cristo.
O período da destruição de Jerusalém em 900 d.C. Colocou-se ênfase
renovada nas Escrituras. Com a perda do Templo e da cidade capital, os judeus
poderiam ter perdido integralmente sua identidade, não fosse a grande ênfase
sobre as Escrituras na preservação da integridade dos livros sagrados.
Anteriormente os homens envolvidos nesta tarefa eram os “escribas”, depois
foram designados como “mestres da tradição” e finalmente “massoretas”.
Não se sabe quando o termo Massoreta começou a ser usado, todavia por
volta de 800 d.C. os homens que se dedicavam particularmente ao cuidado das
Escrituras eram chamados por este nome, em vez de escribas. Eles tinham
muitos problemas com os quais lidar, um dos principais era o de indicar a
pronúncia exata as palavras e a forma com que elas deveriam ser lidas nos
cultos, particularmente considerando que, originalmente somente as consoantes
eram escritas. Especialmente entre 800 e 900 uma grande quantidade de
esforço foi gasto nesta tarefa, e o resultado alcançado recebeu tal aceitação que
a maioria do MSS foi prontamente substituídas. Já que os massoretas fizeram
tão bem seu trabalho, depois de cerca de 900 este título não foi mais aplicado a
indivíduos, e o texto hebraico veio a ser designado como TM.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia.
SP, Editora Cultura Cristã, vol.5, pag.902,3
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A palavra kânwn (no hebraico qãneh), significava primitivamente vara ou


régua. Os clássicos gregos a usavam no sentido figurado de regra, norma,
padrão.
O Cânon Hebraico se nos apresenta numa tríplice divisão, que corresponde
à formação gradual do cânon e a que os judeus atribuem três graus distintos de
inspiração, a saber Leis, Profetas, e Escritos. De fato, por esses três nomes é
que os judeus designam as Escrituras Sagradas: "Torá”, (Lei), equivalendo o
Pentateuco – Gênesis, Êxodo, Levítico e Deuteronômio. “Nebhiim”, (Profetas)
que se subdividem em “Anteriores” que são – Josué, Juízes, Samuel (I e IIº) e
Reis (I e IIº); e “Posteriores” que são – Isaías, Jeremias, Ezequiel e “Doze
Profetas Menores”, contados como um livro. “Kethubim”, (Escritos) que são –
Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes,
Ester, Daniel, Esdras-Neemias e Crônicas (I e IIº).
Deixando de parte a difícil questão da época em que esses livros teriam
sido incluídos no Cânon bem como a questão dos motivos que determinaram a
sua inclusão, uma cousa certa se deve notar e é que a tríplice divisão acima
esboçada representa uma tradição judaica de grande antiguidade. Quando Jesus
se referiu às Escrituras do AT em Lucas 24.44, fez menção da tríplice divisão,
“Lei, Profetas e Salmos”. Da mesma maneira os escritores do Novo
Testamento faziam referência ao Antigo Testamento usando a expressão “as
Escrituras” – Mt 22.29; At 18.24; Rm 1.2; IIª Tm 3.15,16.
Filon, escritor e filósofo judeu-helenista, nascido em Alexandria no ano 20
a.C. fez citações aos livros como origem inspirada: aos livros de Josué,
Samuel, Reis, Esdras, Salmos, Provérbios, Isaías Jeremias, Oséias e Zacarias.
Não cita nenhum dos Apócrifos.
Josefo, outro escritor helenista do primeiro século A.D., bem conhecido
historiador judeu, nascido e, 37 a.C, deixou em suas obras referências preciosas
ao Cânon Hebraico.
Os Sínodo de Jâmnia – Embora sejam escassas as informações precisas
acerca desses sínodos (organismo permanente e colegiado pertencente ao
governo eclesiástico das igrejas do oriente), sabe-se que houve duas reuniões
de rabinos em Jâmnia, uma em 90 e oura em 118 A.D. Nestes sínodos, os
rabinos apenas ratificaram o que já fora popularmente aceito, os judeus já
aceitavam cinco séculos antes, assim, estes concílios (conselho, assembléia,
reunião) não rejeitou nem um livro sequer, nem acrescentou outros à lista, mas
puseram fim a discussão acerca da permanência ou não dos livros de Ester,
Cântico dos Cânticos e Eclesiastes no cânon já existente há muito tempo.
Guilherme Kerr, pg. 37 – 47.
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Quando Deus autorizou a escrita de um manuscrito, e o povo de Deus


reconheceu-o como tal, ele foi preservado. Por exemplo, Moisés escreveu
“tudo o que o Senhor dissera” (Ex 24.4; comp. Js 8.30-35), e esses escritos
foram cuidadosamente colocados na Arca da Aliança (Dt 31.26); assim
também as obras de Josué (Js 24.26) e Samuel, cujas palavras foram escritas
em um livro “e o pôs perante o Senhor” (1 Sm 10.25). O mesmo pode-se dizer
de Jeremias (Dn 9.2) e Daniel.
Obviamente, o número de livros aumentou, e as gerações subsequentes
respeitaram-nos como a Palavra do Senhor. Por exemplo, Esdras possuía uma
cópia da Lei de Moisés e dos Profetas (Ne 9.14, 26-30). A Lei era lida e
reverenciada como a Palavra de Deus.
Naturalmente, nem toda literatura religiosa judaica era considerada parte
da lista inspirada de livros. Por exemplo, o livro de Jasar existia (Js 10.13),
como também o Livro das Guerras do Senhor (Nm 21.14) e outros (Iº Rs
11.41). Esses livros não sobreviveram através dos séculos, por isso não
conhecemos o conteúdo dele.
Lutzer, pg.152.

SEPTUAGINTA

Como consequência dos setenta anos de cativeiro na Babilônia, em virtude


da forte influência do aramaico, a língua hebraica enfraqueceu-se. Todavia,
fieis à tradição de preservar os oráculos em sua própria língua, os judeus não
permitiam ainda fossem esses livros sagrados vertidos para outro idioma.
Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e ortodoxa teria de
dar lugar a um senso mais prático e liberal. Com o estabelecimento de
Alexandre Grande, a partir de 331 a.C., a língua grega popularizou-se ao ponto
de tornar imprescindível que para ela se fizesse uma tradução das Sagradas
Escrituras.
Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por setenta e dois
sábios judeus (daí o nome “Septuaginta”), na cidade de Alexandria, a partir de
285 a.C., a pedido de Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo.
Concluída trinta e nove anos mais tarde, essa versão assinalou o começo de
uma grande obra que, alem de preparar o mundo para o advento de Cristo,
deveria tornar conhecida de todos os povos a Palavra de Deus. Na Igreja
Primitiva, era essa a versão conhecida de todos os crentes.
Bíblia de Thompson, 4215.
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De acordo com uma antiga tradição, foi sob Ptolomeu Filadelfo (285-246
a.C.) que 72 estudiosos judeus começaram traduzir o Antigo Testamento
hebraico para o grego, numa versão denominada Septuaginta. Primeiramente
foi realizada a tradução do Pentateuco. Mais tarde foi feita a tradução das
seções restantes do Antigo Testamento. A obra foi realizada no Egito,
aparentemente para beneficiar judeus que compreendiam o grego melhor que o
hebraico, e, contrariamente à tradição, provavelmente foi efetuada por judeus
egípcios e não palestinos. A razão dessa suspeita é que trechos da tradução
acabam por denunciar um conhecimento muito precário de hebraico, levando a
crer que os tradutores tinham menos familiaridade com o este idioma do que
com o grego, como seria de esperar caso residissem não na Palestina, mas no
Egito. O numeral romano LXX (por ser 70 o número redondo mais próximo de
72) tornou-se o símbolo comum dessa versão do Antigo Testamento.
Panorama do Novo Testamento.
Robert H. Gundry, Vida Nova, pg. 32.

Os mais antigos testemunhos, contudo, já que pregavam acerca de Jesus


em língua grega, os cristãos tinham a tendência de citar as Escrituras Judaicas
na tradução grega, especialmente a versão chamada Septuaginta (LXX). Essa
tradição, derivada dos judeus da Alexandria, considerava sagrados não somente
os livros listados – “A Lei” compreende os cinco primeiros livros do A.T. (o
Pentateuco). “Os Profetas” são Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, Isaías,
Jeremias, Ezequiel e os Doze Profetas Menores. Finalmente, os “escritos”
chegaram a incluir Salmos Provérbios, Jó, Cânticos dos Cânticos, Rute,
Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras Neemias e 1 e 2 Crônicas. Mas
também alguns livros que foram primeiramente compostos em grego
(Sabedoria de Salomão, 1 Macabeus, Tobias, Ecelsiástico). Todos estes livros
foram compostos antes do tempo de Jesus.
No reinado de Ptolomeu II, Filadelfo (285 – 246 a.C.), o bibliotecário real,
que desejava uma cópia da Lei judaica para a famosa biblioteca de Alexandria,
providenciou o envio de 72 anciãos (seis de cada tribo) pelo sumo sacerdote de
Jerusalém e realizaram a tradução ao longo de quatro séculos.
No Egito, os judeus se tornaram uma importante minoria e, por volta do
início do século III a.C., o processo de tradução das Escrituras para o grego
estavam em bom andamento.
Introdução do Novo Testamento de Raymond E. Brown.
Paulinas, pg. 39, 95, 120, 1077.
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Comumente conhecida pela sigla LXX, a Septuaginta é a mais importante


tradução grega do Antigo Testamento, bem como a mais antiga tradução
influente em qualquer idioma.
Valiosa como um monumento do grego helenístico, a Septuaginta
ocasionalmente preserva significados de termos hebraicos que eram correntes
quando foi feita a tradução da Septuaginta. Também age como uma espécie de
ponte linguística e teológica entre hebraico do Antigo Testamento e o grego do
Novo Testamento; pois, serviu de Bíblia para gerações de judeus de fala grega
em muitos países, e é frequentemente citada no Novo Testamento. Lucas e o
escritor da Carta aos Hebreus são os que mais a usam enquanto que Mateus é
que menos apela para a mesma.
Além disso, a Septuaginta era levada a todas as partes pelos missionários
cristãos. Finalmente veio a ser considerada no mesmo nível com o Novo
Testamento grego formando uma Bíblia inteira, firmando a fé dos convertidos
ao tornar-lhes disponíveis as profecias messiânicas e influenciando os
pensamentos dos primeiros teólogos. Até os nossos dias continua sendo a
versão oficial da Igreja Ortodoxa Grega.
DOUGLAS, J.D.
Novo Dicionário da Bíblia.
São Paulo,Vida Nova,1981.
Vol. 3 Pg. 1597.

TARGUM
O vocábulo “targum” é hebraico, ainda que não possa ser encontrado no
AT. Significa uma paráfrase aramaica, uma tradução interpretativa, de alguma
porção do Antigo Testamento. Depois do cativeiro babilônico, o aramaico
começou a substituir o hebraico como língua nativa do povo judeu, assim
foram esquecendo o hebraico e a leitura do Antigo Testamento original foi-se
tornando cada vez mais difícil. E em vista do fato que as Escrituras e
especialmente o Pentateuco, foram se tornando cada vez mais importante aos
olhos dos judeus, passando a ser consideradas como guia tanto da fé como da
vida diária, tornou-se necessário traduzi-las para que o homem comum pudesse
entendê-las.
Targum é o aramaico para “tradução”. A palavra veio a ser usada
exclusivamente para um grupo particular de traduções do AT em aramaico. O
aramaico era o idioma comum da comunidade judaica, e tornou-se habitual, em
cada serviço do Sábado na sinagoga, ao se estudar uma porção da lei, ler um
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versículo do hebraico de uma vez após o que uma segunda pessoa daria a
tradução em aramaico, com uma explicação do significado da passagem.
O desenvolvimento da sinagoga e seu ritual foi lento, e por conseguinte é
impossível estabelecer datas certas para o começo dessa prática. É possível,
contudo, que em Neemias 8.8 tenhamos os seus primórdios, onde a palavra
“claramente dando explicações” aparece. Seja como for, o costume foi
estabelecido na sinagoga bem antes do nascimento de Cristo. A Mishnah
Megillah IV.4 alista as regras para o uso dos Targuns. Deve ser salientado que
os Targuns eram orais em suas origens; receava-se que se fosse lid para o
adorador não bem informado, ele ter-lhes-ia dado a mesma autoridade que as
Escrituras. Porém, não precisava haver dúvidas que havia traduções
tradicionais mais ou menos fixas; quando finalmente, foram postas em forma
escrita, deve ter havido grande abundância de material a ser utilizado.
Sabe-se que há Targuns escritos, de caráter não-oficial, de considerável
antiguidade; sobre o livro de Jó, que já existia no primeiro século da era cristãs.
Tornou-se habitual nos serviços da sinagoga um versículo da Torá em
hebraico, e então fazer uma explicação oral em aramaico. Durante muitos
séculos não era considerado adequado ler no serviço da sinagoga outro texto
qualquer que não fosse a própria Escritura em hebraico, e as traduções eram
apresentadas de modo improvisado, normalmente de memória. No transcorrer
dos anos, essas traduções de interpretações naturalmente tenderam a se tornar
mais fixas. Todavia, traduções para o aramaico foram registradas para as
pessoas usarem em casa. Por volta do 2º ou 3º século d.C., muitas sinagogas
haviam adotado o costume de ler a tradução no serviço.
Targuns do Pentateuco. Visto que o Pentateuco em sua totalidade era
consecutivamente lido nos serviços semanais da sinagoga, as Targuns do
Pentateuco foram particularmente importantes. A mais conhecida é a
denominada Targum Onkelos, extremamente conservador, que foi uma das
mais antigas Targuns escritas. A linguagem figurada é usualmente explicada,
com esclarecimentos adicionais onde isso se torna necessário. Os
antropomorfismos são estritamente eliminados; de tal maneira que o homem
teria sido criado à imagem dos anjos, e não de Deus (Gn1.26); e certas ações da
parte de Deus são atribuídas à Palavra de Deus ou à glória de Deus
Os Targuns são úteis porque lançam luz sobre as interpretações judaicas
tradicionais e, de fato, sobre seus métodos de interpretação. Uma passagem
particularmente interessante é a paráfrase de Isaías 52.13 – 53.12, no Targum
de Jônatas. O servo sofredor é ali é especialmente chamado de Messias e todos
os sofrimentos são transferidos para o povo de Deus ou para os seus inimigos.
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Targuns dos Profetas. A Targum mais conhecida dos profetas é atribuída a


Jonathan Ben Uzziel, aluno do grande rabino Hillel.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia.
SP Editora Cultura Cristã, Vol. 5, Pag. 747,748.

DOUGLAS, J.D. O Novo Dicionário de Bíblia.


SP, Edições Vida Nova, Vol. 3, pag. 1562, 63.

Os Massoretas

A escrita dos consoantes apenas, foi processo adequado enquanto o


hebraico continuou sendo o idioma falado. Quando aparecia uma palavra que
poderia ser ambígua eram usadas ‘letras vogais’ para deixar o texto mais claro.
Foi no século sétimo de nossa era que os massoretas introduziram um
sistema completo de sinais vocálicos.
Os massoretas criaram os sinais vocálicos e a pontuação ou sinais de
acentuação, que foram adicionados ao texto consonantal.
DOUGLAS, J.D. O Dicionário da Bíblia
São Paulo, Edições Vida Nova, Vol. III, pag. 159.

O Antigo Testamento da Bíblia adotada atualmente pelos evangélicos e


pelos Judeus origina-se do texto hebraico chamado Massorético. Este termo,
conhecido hoje de todos, vem da palavra hebraica masorah, que significa
“tradição”. É reconhecido pelos judeus como o verdadeiro texto transmitido
pela tradição judaica até os nossos dias e, portanto, único digno de toda
confiança. Em outras palavras, é o texto oficial dos judeus.
Este texto não contém os livros chamados “apócrifos” ou
“deuterocanônicos”, aceitos pela Igreja Católica Romana como inspirados e
rejeitados pelos evangélicos e pelos judeus.
O texto Massorético começou a ser formado no tempo de Esdras e
Neemias, por um grupo de eruditos chamados Soferim. Os Soferim iniciaram
então a difícil tarefa de selecionar os livros inspirados e copiá-los para sua
maior divulgação entre o povo judeu. O cânon do texto Massorético só foi
encerrado em 90 d.C.
Logo surgiram entre os Soferim três escolas distintas: A escola da
Palestina, a da Babilônia e a Tiberiana. Embora fossem três tradições fortes e
seguidas por muitos adeptos, com o tempo duas delas desapareceram, e
permanecendo apenas a Escola Tiberiana.
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Duas correntes se destacaram então na Escola Tiberiana, a de Ben Naftali


e a de Ben Aser. O texto de Ben Aser, cujo nome completo é Aaron Ben
Moisés Ben Aser, conseguiu a preferência popular.
O texto de Ben Aser foi usado em 1523 por Jacob Ben Hayyim que
publicou a famosa Bíblia de Bomberg. Esta Bíblia foi usada durante muitos
anos como original para transmissão do texto hebraico.
Mais ou menos na mesma época, isto é, em 1520, surgiu a primeira edição
cristã do texto hebraico, a chamada Bíblia Poliglota, publicada pelo Cardeal
Ximenes.
Depois da Poliglota, a publicação mais importante do texto Massorético se
deu na Holanda entre 1661 e 1667 com o nome de texto Amsterdam. Este texto
é uma combinação dos originais e Ben Hayyim e do de Ximenes.
Também origina-se diretamente do texto Ben Hayyim o conhecido texto
Kittel.
Uma revisão do texto de Amsterdam foi feita em 1795 por Von der
Hooght. E, finalmente, em 1852, o texto de Von der Hooght foi revisado por
Letteris. O texto de Letteris é adotado até nossos dias pela Sociedade Bíblica
em todo o mundo.
Luiz Antônio Giraldi

Cânon Bíblico do Novo Testamento

A palavra kanwn (no hebraico qãneh), significa primitivamente vara ou


régua, especialmente usada para manter algo em linha reta, à semelhança da
linha ou régua dos pedreiros e carpinteiros. Os clássicos gregos a usavam no
sentido figurado de regra, norma, padrão. A palavra se aplicava ainda para o
padrão de beleza física; às regras da declinação, conjugação e sintaxe; no
sentido de regra moral ou lei moral; as regras de doutrina e prática. Os autores
patrísticos aplicam o termo pela primeira vez às Sagradas Escrituras para
distingui-las como escritos reconhecidos pela Igreja. E, na luta contra a
literatura pagã e herética, a Igreja produz, num processo longo e lento, a lista
dos livros aceitos como inspirados, e a palavra cânon passou a significar o
conteúdo das escrituras. Cânon, finalmente, é o corpo de escritos havidos por
únicos possuídos de autoridade normativa para a fé cristã, em contraste com
escritos que não o são, ainda que contemporâneo.
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O preparo do Novo Testamento


Justino Mártir foi um dos primeiros heróis da igreja. Os romanos o
mataram cerca do ano 165 d.C. para silenciar o seu poderoso testemunho
cristão. Seus escritos em defesa do Cristianismo são algumas das primeiras
declarações da nossa fé. Em um deles, ele dá a mais antiga descrição do culto
cristão que temos hoje:

No dia chamado domingo, todos os que vivem nas cidades ou no campo se


reúnem num só lugar, e todas as memórias dos apóstolos ou os escritos dos
profetas são lidos, conforme o tempo permite; depois disso, quando termina a
leitura, o presidente instrui e exorta verbalmente para que essas boas coisas
sejam imitadas. Justino

As palavras “memórias dos apóstolos” se referem ao nosso Novo


Testamento e “escritos dos profetas” ao Antigo Testamento. Isto significa que
em meados do segundo século a igreja tinha um conjunto de escritos dos
apóstolos de Cristo além da Bíblia em hebraico.

Como este novo conjunto de livros veio a existir? Em resumo, o processo


foi o seguinte:
1. Os livros que chamamos de Novo Testamento foram escritos;
2. Eles foram amplamente lidos;
3. Foram aceitos pelas igrejas como úteis para a vida e a doutrina;
4. Foram introduzidos na adoração pública da igreja;
5.Ganharam aceitação através de toda a igreja e não apenas das
congregações locais; e
6. Foram oficialmente aprovados mediante decisão formal da igreja.

O aparecimento dos livros do Novo Testamento


Logo após a morte de Paulo em Roma por volta do ano 64, surge naquela
mesma cidade o Evangelho de Marcos, provavelmente no ano 65, e que
serviria de base a duas outras grandes obras futuras. Partindo do trabalho de
Marcos, cuja conexão com Pedro e com a cidade de Roma lhe dava grande
autoridade. Mateus escreve seu Evangelho provavelmente em Antioquia da
Síria, entre 80-85 e Lucas na Grécia entre 85-90. E por fim, parecendo
desconhecer os outros três, o Quarto Evangelho surge na última década do
século, i.e., 90-100, provavelmente em Éfeso.
Bittencourt, pg. 21 – 43.
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A formação do Novo Testamento, que envolveu o surgimento e a


preservação de livros compostos pelos seguidores de Jesus, foi algo
complicado. Jesus não elaborou um escrito que contivesse sua revelação. Não
há registro de que ele tenha escrito uma única palavra durante sua vida ou
ordenado a qualquer dos discípulos que escrevesse. O desaparecimento da
primeira geração de cristãos contribuiu para a produção de obras de natureza
mais permanente.
Brown. pg 57 – 69.

Examinemos o processo pelo qual Deus conduziu a preparação do Novo


Testamento, respondendo a quatro perguntas importantes:

I. Qual a necessidade do Novo Testamento?


Jesus jamais escreveu um livro, nem ordenou a seus apóstolos que o
fizessem. 1) A igreja precisava de relatos das testemunhas oculares de Cristo.
Todos os apóstolos, menos João, morreram antes de 70 d.C. Por este motivo,
quase imediatamente houve necessidade de preservar o testemunho deles. 2) O
mundo precisava da história de Jesus. 3) Os discípulos precisavam de
treinamento. 4) A fé precisava ser propagada. 5) A igreja necessitava de
padrões doutrinários. O melhor e mais objetivo teste que os cristãos podem
fazer para separar a verdade da heresia é a Palavra de Deus. 6) A igreja
precisava de diretrizes práticas. 7) A igreja tinha necessidade de explicar e
defender o Evangelho. Mateus escreveu o seu Evangelho porque o seu povo, os
judeus, precisava saber que Jesus era o seu Messias e o cumprimento da
profecia. Marcos escreveu para os romanos, a fim de mostrar a eles que Jesus
era o Filho de Deus. Lucas escreveu o seu Evangelho para mostrar aos gentios
que eles estavam incluídos no plano universal e no amor de Deus. João
escreveu para os gregos a lógica interna e a sabedoria do Evangelho. 8) As
palavras de Jesus deveriam ser preservadas. 9) A Nova Aliança exigia o Novo
Testamento.

II. Por que o processo foi tão demorado?


A primeira vez que encontramos uma lista de livros do Novo Testamento
como os nossos de hoje é em 367 d.C. Foram necessários mais de trezentos
anos para o Novo Testamento alcançar sua forma final. 1) Os primeiros
cristãos costumavam usar o Antigo Testamento para a sua nova fé. Eles sabiam
que o Antigo Testamento fora cumprido em Cristo e tinham meios de
interpretação que os ajudavam a encontrar Jesus em cada página. 2) A
primeira igreja se desenvolveu numa situação não-literária. Os judeus da
Palestina transmitiram oralmente a sua fé e não na forma escrito. Copiar os
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livros era extremamente dispendioso. 3) Os apóstolos originais foram


testemunhas de Cristo, portanto, as “cartas vivas” da igreja. 4) Os primeiros
cristãos criam que Jesus voltaria imediatamente. 5) O Novo Testamento foi de
fato escrito e compilado muito antes do cânon completo ser oficialmente
reconhecido. A lista final dos livros do Novo Testamento reconhecida em 367
d.C. só formalizou o que a igreja vinha praticando há gerações.

III. Como os livros adequados foram escolhidos?


Muitos volumes sobre a “vida de Cristo” estavam circulando, mas quais
deles foram inspirados e quais falavam simplesmente d’Ele? Com o correr do
tempo, quatro padrões de aceitação foram estabelecidos: 1) O livro deveria ter
sido escrito por um apóstolo ou baseado em seu testemunho ocular. O
testemunho deles tornou-se a primeira autoridade nesta nova comunidade de fé.
Mateus e João vieram então a ser aceitos por terem sido escritos pelos
apóstolos. Marcos foi influenciado por Pedro. As cartas de Paulo continham a
sua autoridade apostólica, assim como as de Tiago, Pedro e João. Judas foi
aceito por ser da autoria do meio-irmão do Senhor. Apocalipse foi também
associado ao apóstolo João. Quando Hebreus passou a ser associado a Paulo
ele foi aceito no cânon. 2) O livro deve possuir mérito e autoridade em seu
uso. Certos livros simplesmente se mostravam mais úteis pela leitura na igreja,
adoração e vida cristã. Um livro antigo intitulado Primeiro Evangelho da
Infância de Jesus Cristo conta a história de um homem transformado em mula
por meio de feitiçaria, mas que voltou a ser homem quando o menino Jesus
montou nele (7.5-27). No mesmo livro, o menino Jesus faz com que pássaros e
animais de barro ganhem vida (Cap.15), aumenta um trono que seu pai fizera
pequeno de mais (cap.16), e tira a vida de garotos que se opuseram a ele
(19.19-24). 3) O livro deve ser aceito e usado pela igreja inteira. Só estes
vieram a ser incluídos no Cânon. 4) O livro deve ser aprovado pela decisão da
igreja.

Os primeiros livros do Novo Testamento a serem colecionados e usados


em larga escala foram as cartas de Paulo. Pedro faz uma referência a elas:
“(Paulo) ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas
as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os
ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras,
para a própria destruição deles” (2 Pe 3.16). A seguir vieram os evangelhos.
Logo depois da morte e ressurreição de Jesus, muitos escritos sobre “a vida de
Cristo” começaram a aparecer. Entre eles estavam o Proto-evangelho,
pretendendo suprir detalhes do nascimento de Cristo; dois livros sobre a
infância de Cristo, um afirmando ser escrito pelo apóstolo Tomé; e o
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Evangelho de Nicodemos. Todavia, em meados do segundo século só Mateus,


Marcos, Lucas e João foram aceitos universalmente pela Igreja.

IV. Quem finalizou o cânon?


A primeira tentativa de selecionar os livros do Novo Testamento foi feita
por Marcion de Sinope, um herege expulso da igreja de Roma em 144 d.C., por
causa dos seus conceitos sobre judeus e a Bíblia. Marcion odiava os judeus e,
portanto, rejeitava o Antigo Testamento. Ao mesmo tempo, quase idolatrava
Paulo em vista da insistência do apóstolo a respeito do predomínio da graça
sobre a lei. Aceitou o evangelho de Lucas, por ser único que não fora escrito
por um judeu. A sua atuação, embora negativamente, acelerou a formação do
cânon do Novo Testamento. Em breve outras listas de livros do Novo
Testamento, mais largamente aceitas, começaram a surgir. Uma das primeiras é
chamada de “Fragmento Muratoriano”, desde que foi publicada primeiro na
Itália em 1740 pelo Cardeal L.A. Muratori. Ela representa provavelmente o uso
feito pela igreja de Roma cerca de 200 d.C. Esta lista omite Tiago, 1 e 2 Pedro,
3 João e Hebreus, embora esses fossem incluídos em cânones posteriores.
Outra lista foi preparada por Cirilo de Jerusalém (falecido em 386), contendo
todos os livros atuais no Novo Testamento com exceção de Apocalipse. O
cânon do Novo Testamento que obteve finalmente aprovação em toda a igreja
foi estabelecido por Atanásio, bispo de Alexandria, em 367 d.C. Esta lista foi
mais tarde aprovada pelos concílios da igreja reunidos Hippo Regius em 393 e
Cartago em 397, e permanece sendo o cânon do Novo Testamento hoje. Os
livros do Novo Testamento não se tornaram autorizados para o povo de Deus
por terem sido incluídos numa lista. Eles foram incluídos nessa lista porque o
povo viu que eram inspirados. Ninguém criou os livros ou lista da Bíblia.
F.F. Bruce salienta muito bem este ponto de vista: “O que os concílios (da
igreja) fizeram não foi impor algo novo sobre as comunidades cristãs, mas
codificar o que já era a prática geral daquelas comunidades”. William Barclay
concorda: “A Bíblia e os livros da Bíblia vieram a ser considerados como a
palavra inspirada de Deus, não em vista de qualquer decisão de qualquer
Sínodo, Concílio, Comitê ou Igreja, mas porque neles a humanidade encontrou
Deus”.
Denison. pg. 56 – 71.

O Novo Testamento foi escrito de um período de cinquenta anos.


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Tertuliano, notável escritor cristão das primeiras duas décadas do século


III, foi um dos primeiros a chamar as Escrituras cristãs de “Novo Testamento”.
Seu uso colocou as Escrituras do Novo Testamento em um nível de inspiração
e autoridade igual ao do Antigo Testamento. O princípio dos escritos sagrados
e autoritários estabelecido pelo Antigo Testamento para o povo de Deus, foi
levado obviamente levado para o Novo Testamento.
O processo histórico foi gradual e contínuo, faremos uma divisão em cinco
períodos: Século I, Primeira metade do século II, segunda metade do século II,
século III e século IV.

Período 1 – Século I
O princípio que determina o reconhecimento da autoridade dos escritos
canônicos do Novo Testamento foi estabelecido dentro do próprio conteúdo
desses escritos. No fim da 1Carta aos Tessalonicenses Paulo diz: “Conjuro vos,
no Senhor, que esta epístola seja lida a todos os irmãos” (1Ts 5.27). Em
1Tessalonicenses 2.13 Paulo escreveu “... tendo vos recebido a palavra que de
nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim
como, em verdade é, a palavra de Deus ...”
Em 95 d.C., Clemente de Roma escreveu aos cristãos em Corinto usando
uma tradução livre do material de Mateus e Lucas. Parece que foi fortemente
influenciado pelo livro de Hebreus e obviamente conhecia bem as epístolas de
Romanos e Coríntios. Há também reflexões de 1Timóteo, Tito, 1Pedro e
Efésios.
“Durante o tempo dos apóstolos, algumas das epístolas de Paulo e um ou
mais evangelhos já eram aceitos como Escritura”.

Período 2 – Primeira metade do século II


Um dos mais antigos manuscritos do Novo Testamento já descoberto – um
fragmento de João, proveniente do Egito, conhecido como papiro de John
Rylands – mostra como os escritos do apóstolo João eram reverenciados e
copiados em cerca de 125 d.C., trinta e cinco anos depois da sua morte. Há
provas que indicam que, dentro do prazo de trinta anos depois da morte do
apóstolo, todos os evangelhos e as epístolas paulinas eram conhecidas e usadas
em todos os lugares.
Os três primeiros destacados pais da Igreja: Clemente, Policarpo e Inácio,
usaram grande parte do material do Novo Testamento. Escrituras autenticadas
estavam sendo aceitas sem argumentação. Papias, bispo de Hierápolis (130-140
d.C.), em uma obra menciona por nome os evangelhos de Mateus e Marcos, e o
uso desses livros como base de sua exposição indica que os aceitava como
canônicos. Perto do fim desse período, Justino Mártir, ao descrever os cultos de
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adoração da Igreja Primitiva, pôs os escritos apostólicos no mesmo nível que


os escritos proféticos do Antigo Testamento.
“Já no começo do século II d.C. de modo geral, ainda não universal, treze
epístolas de Paulo eram recebidas como Escrituras, como também os quatro
evangelhos, as epístolas de 1João e 1Pedro, e também o livro de Apocalipse”.

Período 3 – Segunda metade do século II


Irineu foi discípulo de Policarpo, e Policarpo conheceu o apóstolo João.
Irineu fez citações de quase totalidade do Novo Testamento como base de
autoridade e asseverou que os apóstolos tinham recebido poder do alto.
Taciano, discípulo de Justino Mártir, fez uma harmonia dos evangelhos,
conhecida como Diatessaron, por volta de 170 d.C. Por esse tempo, outros
“evangelhos” tinham começado a circular, mas esse discípulo reconheceu
apenas aqueles quatro. Também datado de cerca de 170 d.C., temos o Cânon
Muratoriano.
“O fragmento Muratoriano reveste-se de grande importância porque
mostra diversas coisas: 1) O desenvolvimento do cânon foi grande antes dessa
data; 2) A maior parte dos livros que temos em nosso Novo Testamento já era
aceito naquela época; 3) O processo do estabelecimento do cânon ainda estava
em desenvolvimento; 4) Havia muitos livros que eram aceitos por alguns, mas
não pela igreja em geral”.

Período 4 – Século III


O eminente nome cristão do século III é Orígenes (185–254). Primoroso
erudito e exegeta, fez estudo crítico do texto do Novo Testamento (em
comparação com sua obra sobre a Hexapla) e escreveu comentários e homílias
sobre a maioria dos livros do Novo Testamento.
“Durante o século III d.C. eram aceitos quase universalmente todos os
vinte e sete livros do Novo Testamento, com certa dúvida quanto à carta de
Tiago”.

Período 5 – Século IV
Já no início desse período, o quadro começa a ficar claro. Eusébio (270-
340 d.C., bispo de Cesaréia), notório historiador eclesiástico, apresenta sua
avaliação sobre o cânon da obra História da Igreja. Nela há uma declaração
fácil de compreender sobre o status do cânon da primeira parte do século IV. 1)
Universalmente aprovados como canônicos estavam os quatro evangelhos,
Atos, as epístolas de Paulo (incluindo Hebreus), 1 Pedro, 1 João e Apocalipse.
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2) Aceitos por uma maioria, mas disputados por alguns, foram: Tiago, 2 Pedro,
2 e 3 João e Judas. 3) Atos de Paulo, o Didaquê e o Pastor de Hermas foram
classificados como espúrios e muitos outros escritos foram relacionados como
“heréticos e absurdos”. Entretanto, é na última metade do século IV que
encontramos plena e completa declaração sobre o cânon do Novo Testamento.
Em sua Epístola Festiva, para a páscoa de 367 d.C., o bispo Atanásio de
Alexandria inclui informações designadas a eliminar, de uma vez por todas, o
uso de certos livros apócrifos. Essa carta que contém a advertência: “Que
ninguém acrescente nenhum a estes; que nenhum seja tirado”, é o mais antigo
documento existente que especifica individualmente e sem qualquer restrição
os nossos 27 livros. No final do século, o concílio de Cartago (397 d.C.)
decretou que, “ao lado das Escrituras canônicas, nada deve ser lido na igreja
sob o nome de Escrituras Divinas”.
Champlin
Comfort, pg 85 – 95

O CRITÉRIO CANÔNICO

Eis alguns dos critérios de seleção:


1) A apostolicidade. A obra em consideração pela Igreja deveria ter sido
escrita por um dos doze ou possuir o que se chama hoje de imprimatur
apostólico. O escrito deveria proceder da pena de um apóstolo ou de alguém
que estivera em contato chegado com apóstolo e, quando possível, produzido a
seu pedido ou haver especialmente comissionado a fazê-lo.
2) A circulação e uso do livro. O critério do uso e circulação veio a
colaborar na aferição canônica. E desse modo o escrito recebia o imprimatur da
própria comunidade cristã universal que o usava. “Alguns livros jamais foram
aceitos por falta de circulação, enquanto outros foram aceitos tardiamente por
falta de circulação, pois circulavam somente em certos setores da igreja”.
3) O caráter concreto do livro. Muito embora a matéria em si não
contrariasse os padrões ortodoxos da Igreja, a ficção tornava o escrito
inaceitável. “Foram rejeitados os escritos ridículos ou fabulosos. Entre esses
podemos enumerar a maior parte dos livros apócrifos, o evangelho de Tomé,
evangelho de André, os Atos de Paulo, o Apocalipse de Pedro, etc”.
4) Ortodoxia. Este era importante item na escala dos padrões de
aferimento. “Houve rejeição de literatura escrita que visava a propagar
heresias, como o Evangelho de Tomé, diversos outros evangelhos, epístolas
falsas e apócrifos”.
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5) Autoridade diferenciadora. Bem cedo, antes mesmo que os


Evangelhos fossem mencionados juntos, já os cristãos distinguiam livros que
eram citados e lidos como tendo autoridade divina. Por volta de 130, a Epístola
de Barnabé usa para citar Mateus “gegraptai”. Isto quer dizer que os livros do
Novo Testamento estavam sendo colocados no mesmo pé de igualdade com os
do Antigo Testamento, considerados inspirados e possuidores de divina
autoridade.
6) A leitura em público. Nenhum livro seria admitido para a leitura
bíblica na Igreja se não possuísse característica própria. Poderiam ser bons e de
leitura agradável, mas só serviriam para a leitura em particular. Foi no culto
público que os escritos cristãos foram reconhecidos como Escritura.

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