Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BOLETIM DA REPUBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE
3? SUPLEMENTO
SUMÁRIO ameaçam diariamente a saúde da população para quem o
alimento é o principal meio de consumo.
Comissão Permanente da Assembleia Popular: Deste modo, a punição dos Crimes Contra a Saúde
Lei n.° 8/82: Pública assenta essencialmente na possibilidade daqueles
Aprova a Lei sobre crimes contra a Saúde Pública no âmbito delitos produzirem perigo ou prejuízo e não na materiali-
da higiene alimentar. zação efectiva desse perigo ou prejuízo na saúde do con-
sumidor.
Conselho de Ministros: A nova legislação sobre os Crimes Contra a Saúde
Decreto n.° 12/82: Pública adapta-se ao desenvolvimento económico e social
Estabelece os requisitos higiénico-sanitários de produção,
do nosso País, onde as relações sociais se renovam total-
transporte e comercialização de géneros alimentícios e mente e se desenvolvem na base da Uberdade e do res-
ainda as regras gerais de inspecção e fiscalização bem peito pela dignidade e personalidade humana.
como as infracções correspondentes, que tenham a natureza Nos termos do artigo 44 da Constituição, a Comissão
de contravenção e respectivas punições. Permanente da Assembleia Popular, determina:
CAPITULO I
Assume grande importância na defesa do bem-estar físico, 1. Consideram-se géneros alimentícios, produtos alimen-
psíquico e social do Povo moçambicano o combate enér- tares ou simplesmente alimentos, todos os produtos natu-
gico e imediato às infracções contra a saúde pública, nomea- rais ou artificiais, elaborados ou não, que se destinam a
damente as fraudes alimentares. ser utilizados na alimentação humana quer para satisfação
das necessidades nutricionais quer para simples prazer.
O combate a estas infracções insere-se no quadro mais
geral da luta contra o subdesenvolvimento e pela constru- 2. Consideram-se ainda géneros alimentícios as bebidas
alcoólicas ou não, os condimentos e, em geral, todas as
ção da sociedade socialista. O desenvolvimento de uma substâncias que independentemente das suas qualidades
economia forte passa pelo desenvolvimento e elevação do nutritivas se adicionam aos alimentos como aditivos.
espírito científico no trabalho, condição indispensável para
elaboração de produtos inócuos e de boa qualidade.
ARTIGO 2
Deste modo, há que regular e controlar o resultado das
(Crimes contra a Saúde Pública)
actividades produtivas que possam influenciar negativa-
mente o estado de saúde da população, alertar e esclarecer 1. São Crimes Contra a Saúde Pública:
produtores e consumidores e estabelecer medidas punitivas a) Produzir, vender ou expor para venda, adquirir,
para ás entidades que, por ignorância ou deliberadamente, transportar ou armazenar, para fins comerciais,
infrinjam as normas estabelecidas para a defesa da saúde géneros alimentícios falsificados, avariados ou
do nosso Povo. corruptos;
A Política da Saúde definida pelo Partido Frelimo, b) Produzir, vender ou expor para venda, adquirir,
tendo por objectivo dar prioridade à Medicina Preventiva, transportar ou armazenar, para fins comerciais,
encontra na nova legislação sobre os Crimes Contra a utensílios de cozinha ou de mesa, recipientes,
Saúde Pública no domínio da higiene alimentar um instru- quaisquer outros objectos ou equipamento desde
mento legal indispensável ao seu combate. Estas infracções que no seu uso corrente contactem com os ali-
108—(16) 1 SÉRIE —NÚMERO
mentos e por este contacto lhes possam transmi- radioactivas, tóxicas ou parasitas em quantida
tir produtos tóxicos em quantidades superiores capazes de poderem produzir ou transmitir do
aos limites legalmente fixados. ças ao homem.
2. Presume-se que o transporte de géneros alimentícios ARTIGO 7
(Avaria)
A prova ou evidência da ignorância do estado ou qu
lidade dos produtos em virtude do modo como eles
Considera-se género alimentício avariado todo aquele apresentam exclui a responsabilidade criminal.
que, por negligência ou causa acidental, se deteriorou ou
sofreu uma modificação mais ou menos profunda na sua ARTIGO 11
composição tornando-se impróprio para consumo. (Agravantes)
A nova regulamentação permitirá beneficiar a economia c) O equipamento usado para a produção e mani
nacional, criando mecanismos que garantam o controlo lação de géneros alimentícios;
do estado e qualidade dos alimentos e evitando desperdícios d) As viaturas destinadas ao transporte de géne
inúteis. Por outro lado, reduzirá o encargo social que pode alimentícios;
constituir para o nosso sistema de saúde as doenças pro- e) As instalações sanitárias quer para uso dos tral
vocadas pela falta de cumprimento das normas de higiene lhadores quer para uso do público dos loc
alimentar. de produção e comercialização de géneros A
Finalmente, estabelecendo normas de qualidade para os mentares.
géneros alimentícios de produção nacional, entre os quais ARTIGO 4
se encontram alguns importantes produtos destinados à
exportação, a nova regulamentação visa defender e valori- 1. A produção e comercialização de pesticidas destinao
zar a cotação dos nossos produtos no mercado innternacio- à protecção e tratamento de plantas e animais e conser
nal, e, assim, garantir uma importante fonte de divisas. ção de substâncias alimentares armazenadas ficam sujei
A Lei dos Crimes Contra a Saúde Pública é um impor- ao parecer favorável do Ministério da Saúde.
tante instrumento jurídico na defesa e melhoria do nível 2. O Ministério da Saúde estabelecerá a lista dos aditiv
de saúde do nosso Povo e no desenvolvimento da nossa químicos de qualquer natureza cuja utilização na pre]
economia. ração de alimentos é permitida.
Importa agora regulamentar e disciplinar os mecanismos 3. O Ministério da Saúde fixará para os produtos de
destinados à prevenção e repressão das infracções e con- damente autorizados nos termos dos números anterio
travenções nela previstas. os limites de tolerância e o intervalo mínimo do tem
Nestes termos, ao abrigo do disposto no artigo 17 da Lei que deve decorrer entre o último tratamento e a colhe
n.° 8/82, de 23 de Junho, sobre os crimes contra a saúde dos produtos animais e vegetais e para as substâncias a
pública, o Conselho de Ministros, decreta: mentares armazenadas entre o último tratamento e o iní
de consumo.
CAPITULO I 4. O Ministério da Saúde fixará também os limites n
ximos de tolerância para os resíduos químicos ou bio
Requisitos higiénico-sanítários na produção, transporte gicos presentes nos alimentos.
e comercialização de géneros alimentícios 5. O Ministério da Saúde fixará ainda os métodos ofici
ARTIGO 1 de análise para o controlo dos requisitos que foram es
belecidos e a que devem obedecer os pesticidas, aditiv
1. O Ministério da Saúde fixará os requisitos de quali- químicos e resíduos químicos e biológicos.
dade higiénico-sanitários a que deve obedecer a importação
de alimentos e sua comercialização no País.
ARTIGO 5
2. O Ministério da Saúde fixará os requisitos higiénico-
-sanitários a que deve obedecer a produção e comerciali- A presença de substâncias cujo emprego não seja p
zação de novos produtos, bem como de imitações ou mitido na preparação de um género alimentício é proibi
sucedâneos de substâncias alimentares já existentes. nos locais onde se produza, manipule ou comercialize e
3. O Ministério da Saúde fixará os requisitos higiénico- mesmo género.
sanitários a que deve obedecer a produção e comerciali-
CAPITULO II
zação de géneros alimentícios que tenham sido submetidos
a tratamentos de enriquecimento ou tratamentos especiais. Rotulagem
ARTIGO 6
ARTIGO 2
Consideram-se rótulos para os efeitos do presente decre
1. Nenhum serviço ou entidade poderá passar as licenças quaisquer designações ou desenhos aplicados aos recipien
ou conceder as autorizações ou alvarás da sua competência ou invólucros dos géneros alimentícios
para a construção, instalação, abertura, reabertura e fun-
cionamento dos estabelecimentos e empresas onde se pro- ARTIGO 7
duzam, manipulem ou comercializem géneros alimentícios,
sem que o requerente tenha obtido a prévia aprovação 1. Os géneros alimentícios e as bebidas conterão »
do Ministério da Saúde, quanto aos requisitos higiénico- etiqueta bem legível e indelével as seguintes referênci
-sanitários relativos às instalações e equipamento de acordo escritas em língua portuguesa:
com a legislação em vigor.
2. O funcionário a quem seja imputável o não cumpri- a) Nome ou denominação de empresa produtora;'
mento do disposto no número anterior incorrerá na pena ti) Indicação da sede da empresa produtora;
de multa de 2500,00 MT a 50 000,00 MT, independente- c) Indicação dos estabelecimentos de produção;
mente da responsabilidade disciplinar a que haja lugar. d) Identificação do produto;
e) Indicação dos ingredientes por ordem decresces
3. Os estabelecimentos ou empresas abertos em contra-
de quantidades presentes, referidas a peso
venção com o disposto no presente artigo serão encerrados
volume;
quando não satisfaçam os requisitos higiénico-sanitários
legalmente exigíveis. f) Indicação do peso líquido contido na embalage
g) Indicação de «corado artificialmente» quandos,
ARTIGO 3
trata de géneros alimentícios a que se refere
Sem prejuízo do disposto em leis ou regulamentos espe- n.° 2 do artigo 4 do presente decreto.
ciais quanto aos requisitos higiénico-sanitários exigidos, 2. O Ministério da Saúde fará publicar a lista dos géne
devem-se apresentar em perfeito estado de asseio e limpeza: alimentícios que, além das indicações a que se refere
a) Os locais de produção, manipulação e venda ao n.° 1 do presente artigo, deverão ainda ter aposta a q
público de géneros alimentícios; de fabrico e prazo de validade na embalagem, bem co
b) Os locais de armazenagem; outros elementos que forem julgados convenientes.
108-(19)
23 DE JUNHO DE 1982
1. Os quadros técnicos de saúde poderão, quando devi- - As autoridades administrativas ou policiais, as Organiza-
damente identificados, proceder à fiscalização, inspecção zações Democráticas de Massas e as estruturas organizadas
e colheita de amostras em todos os estabelecimentos, em- da Vigilância Popular deverão prestar todo o apoio ao
presas e outros locais onde se produzam, transportem ou pessoal técnico de Saúde no exercício da sua actividade
comercializem géneros alimentícios ou outros produtos de fiscalização e inspecção, bem como no levantamento
abrangidos pelo presente decreto. dos diferentes autos e demais diligências referidas no pre-
2. Os exames especializados e as análises das amostras sente decreto.
são da competência dos Laboratários de Higiene Alimentar ARTIGO 17
dependentes do Ministério da Saúde.
Os responsáveis pela administração ou direcção dos
ARTIGO 1 3 estabelecimentos ou empresas comerciais ou industriais
onde se produzam, transportem ou comercializem géneros
1. Poderão ainda os quadros técnicos de saúde proceder alimentícios estão obrigados a fornecer todos os esclare-
à imediata selagem e apreensão de produtos ou mercadorias cimentos e a prestar todas as informações que lhes forem
quando, em resultado da inspecção efectuada ou por qual- pedidas pelos quadros técnicos de saúde encarregados
108-(20) I SÉRIE —NÚMERO 2
Preço — 6,00 MT