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2008-36-0042

MELHORA DE PARÂMETROS ACÚSTICOS REAIS ATRAVÉS DE FERRAMENTAS DE


PREDIÇÃO EM SISTEMAS DE EXAUSTÃO

IMPROVEMENT OF REAL ACOUSTIC PARAMETERS THROUGH TOOLS OF


PREDICTION IN EXHAUST SYSTEMS

MSc. Eng. Márcio da Silva Moura


CAE Engineer
Department of Numeric Simulations
Walker - Exhaust System
Tenneco Brazil
Mogi Mirim - SP, Brazil

Anderson Ricardo Gomes de Oliveira


Technical of Product Development
Department of Numeric Simulations
Walker - Exhaust System
Tenneco Brazil
Mogi Mirim - SP, Brazil

Narciso Ichano Junior


Product Engineering Supervisor
NVH Laboratory
Tenneco Brazil
Mogi Mirim - SP, Brazil

c 2008 Society of Automotive Engineers, Inc


Copyright

1
Resumo apenas as ondas que se propagam entre 20 Hz e 20k
Hz são audíveis ao ouvido humano. Por isso, em sua
Resumo. O presente trabalho visa discutir e apresen- maioria, o estudo da acústica se detem a ondas den-
tar a utilização de ferramentas de predição numérica tro desta faixa de frequência. As ondas que se encon-
para ajuste e indicação de características de projetos tram abaixo desta faixa são chamadas de infrasônicas
reais. A ferramenta utilizada para tanto fora o soft- e acima ultrasônicas. Usualmente refere-se a som au-
ware GT-Power, que tem por premissa realizar a mod- dível, a sensação de uma pequena, mais muito rápida,
elagem, solução e apresentação de resultados. O prob- variação na pressão do ar acima e abaixo de um valor
lema aqui apresentado refere-se aos componentes aba- estático. Este valor estático é a pressão atmosférica.
fador e silencioso de um sistema de exaustão (escapa- Mas nem todo som provoca sensação de conforto
mento) automotivo. As análises foram realizadas sobre ao ser humano, apesar de ser também uma medida
o âmbito das contra-pressões e ruído. Salienta-se que a subjetiva, existem faixas de frequência a onde o som
experiência da equipe de desenvolvimento do produto provoca a sensação de dor, desta maneira quando a
fora essêncial para a melhor indicação dos parâmetros sensação não é confortável, o som é chamado de ruído.
de modelagem. Sabe-se que para se ajustar a acústica Para que os ambientes tenham o mínimo de ruído e se-
de componentes silenciadores e, que estão submetidos jam confortáveis acusticamente ao ser humano, muito
a vibrações constantes, não é uma tarefa fácil, visto as pesquisadores têm elaborado materiais absorvedores do
diferentes variáveis empíricas envolvidas e as diferentes som, sistemas que trabalhem em frequências especí-
propostas de projeto apresentados, até o resultado con- cas de ruído e isoladores acústicos. Dentre os quais
clusivo. destacam-se, para sistemas automotivos, os escapamen-
Palavras-Chave: Acústica veicular, Sistemas de ex- tos, que são responsáveis por absorver o ruído prove-
austão, GT-Power niente dos gases de exaustão do motor e do movimento
de seus componentes.
Abstract. The present work aims at to argue and As primeiras investigações sobre o som foram ini-
to present the use of tools of numerical prediction for ciadas na Antiguidade. Pierre Gassendi, primeiro a
adjustment and indication of characteristics of real pro- medir a velocidade do som obteve o valor de 478 m/s
jects. The tool used for in such a way is the GT-Power medindo a relação de tempo entre a chegada do clarão
software, that has for premise to carry through the e do som ao disparar um canhão. Os trabalhos de ló-
modeling, solution and presentation of results. The sofos gregos como Pitágoras, no século VI a.C. e con-
problem presented here mentions suppressing and quiet tinuados ao longo dos séculos, realçaram os trabalhos
the components to it of a automotive exhaust system de Galileu sobre a acústica. Galileu iniciou o estabelec-
(exhaust pipe). The analysis had been carried through imento das relações numéricas entre os sons em função
on the scope of the against-pressures and noise. Salient das vibrações do objecto sonoro. Vericou-se que um
that the experience of the team of development of the determinado número de vibrações dá como resultado
product is essential for the best indication of the model- um som especíco. Aumentar a frequência do número
ing parameters. It is known that to adjust the acoustics de vibrações por segundo torna o som mais agudo. O
of component silencers and, that the constant vibra- inverso produz um som mais grave.
tions are submitted, it is not an easy task, visa the Em 1738 uma equipe da Academia de Ciências Pa-
dierent involved empirical variables and the dierent risiense foi à primeira na época a chegar aos valores
presented proposals of project, until the conclusive re- mais próximos dos atualmente conhecidos, onde tam-
sults. bém utilizando um disparo de canhão obteve os pre-
Keywords: Vehicle Acoustic, Exhaust System, GT- cisos 344 m/s a uma temperatura de 20◦ C, que na
Power ocasião também observou-se a inuencia da temper-
atura na velocidade do som.
Joseph Sauver, considerado o pai da acústica musi-
cal, descobriu o número exacto de vibrações em cada
som para o ouvido humano o captar.
1 INTRODUÇÃO
Antes de se discutir sobre a acústica e o comporta- 1.1 Equação da Onda Plana
mento do ruído em sistemas de exaustão, é importante Para compreender-se como as ferrementas numéricas
identicar e apresentar conceitos básicos do assunto. calculam o ruído gerado por determinado sistema é im-
A acústica é o estudo do comportamento do som, isto portante conhecer a teoria e as equações básicas que
é, o estudo das variações de pressão no meio que pro- estes utilizam para tal cálculo. Assim apresenta-se, de
duzam ondas sonoras. Então o som provem de um forma suscinta, alguns conceitos pertinentes a este tra-
distúrbio da pressão normal de um meio. Desta forma balho.
o conceito de acústica confunde-se com a concepção O desenvolvimento matemático para a teoria acús-
de vibrações, pois dependendo do deslocamento, ve- tica baseia-se nos princípios de propagação de ondas,
locidade e frequência que algum objeto transmita, este desta forma são apresentadas as equações básicas para
produzirá um tipo de onda sonora. Apesar das ondas formulação desta teoria e como esta é aplicada para o
sonoras serem diferentes e de diferentes intensidades, caso unidirecional. A equação de onda pode ser obtida

2
através do entendimento do comportamento de defor- Da equação 7 implica que:
mações e de pressão no meio, dependendo de conheci-
mento termodinâmico, cinemático e cinético dos ui- p
dos, além de transferência de calor e dinâmica dos u- ρ= ; (9)
v2
idos. ∂ρ 1 ∂p
Com relação a termodinâmica sabe-se que uma sub- = 2 ; (10)
∂t v ∂t
stância pode ter um grau de condensação conforme a ∂ρ 1 ∂p
equação 1. = 2 (11)
∂x v ∂x
ρ − ρ0 Realizando algumas manipulações matemáticas de
s= (1) modo a substituir as equações 9, 10 e 11 em 5 e elim-
ρ0
inando u das equações 5 e 6 por diferenciação com o
onde s é a condensação em qualquer ponto, ρ a den-
tempo t e subtraindo-se tem-se:
sidade instantânea e ρ0 a densidade de equilíbrio con-
stante do meio. ∂p ∂2p
A equação de estado para os gases é dada por: 2
− v2 2 (12)
∂t ∂x
Pt Desta forma a equação 12 é chamada de equação
ρ= (2) da onda plana acústica que é uma equação diferencial
RTK
linear [5], unidimensional, homogênea que permite a
onde Pt é a pressão total, R a constante universal dos solução geral da forma:
gases e TK a temperatura em Kelvin [4].
Na acústica a variação de pressão é calculada com p(x, t) = F1 (x − vt) + F2 (x + vt) (13)
base na pressão do meio, desta forma tem-se que:
Considerando a expressão em função de ondas har-
p = Pt − P0 (3) mônicas na forma complexa:
onde p é a pressão relativa e P0 a pressão do meio. x x
p(x, t) = F1 eiω(t− v ) + F2 eiω(t+ v ) (14)
Considerando que a onda acústica se propaga com
velocidade tal que não permite a variação de temper- Desta forma, de posse das poderações a serem real-
atura, o processo torna-se isotérmico, desta forma, uti- izadas na análise acústica pode-se apresentar as ferra-
lizando as equações 1 e 2, tem-se a relação entre o uido mentas utilizadas para a medição e predição do ruído.
de qualquer ponto e do meio como:
1.2 Usuais Metodologias para Análise
Pt ρ
= (4) Acústica
P0 ρ0
Considerando um caso ideal de paredes rígidas com A indústria automobilística, com objetivo de atender
seção transversal sucientemente pequena com um u- as expectativas dos clientes, vem freqüentemente apri-
ido estacionário ideal, com ondas planas se deslocando morando o comportamento acústico de seus produtos.
com baixas amplitudes [4], uma pertubação acústica p Esta expectativa depende do tipo de produto e de cli-
e velocidade ~v podem ser representados pelas equações ente, varia com padrões culturais e evolui com o tempo.
de: Já foi comprovado que o ser humano se habitua a níveis
de conforto crescentes e torna-se cada vez mais exi-
• Continuidade de Massa gente. Assim, a busca pela melhoria do comporta-
mento acústico de veículos deve ser uma busca con-
ρ0
∂u ∂ρ
+ =0 (5) stante das montadoras e seus fornecedores.
∂x ∂t No caso de um pré-projeto, geralmente a análise
preliminar é feita tratando o sistema dinâmico como
• Equilíbrio Dinâmico um todo, com um método de análise dinâmica de sis-
∂u ∂p temas. Isto geralmente é feito com um software para
ρ0 + =0 (6) obtenção automática das equações do movimento do
∂t ∂z
problema a partir de sua geometria, propriedades dos
• Equação de Energia - isotropia materiais e carregamentos dinâmicos, assumindo-se que
os componentes estruturais sejam rígidos ou quase rígi-
dos (com a exibilidade representada por alguns mo-
 
∂p γ(P0 + p) γρ0
= ≈ = v2 (7)
∂ρ s ρ0 + ρ ρ0 dos). A abordagem pode ser de sistemas multicorpos,
com uma formulação de Newton-Euler ou de Jourdain
onde x é o eixo longitudinal do movimento, u o vetor por manipulação simbólica ou mais genérica, por grafos
posição, γ é a variação do calor especíco e v a veloci- de ligação ou alguma técnica de modelagem dinâmica
dade da partícula. equivalente [2]. Nestes modelos simplicados, os sis-
Sabendo-se que: temas acústicos e sua interação com a estrutura são
tratados de forma muito aproximada, sendo esta abor-
p dagem a mais adequada em baixas freqüências como
<< 1 ρ
ρ0 << 1 (8) no caso de sistemas de exaustão veicular.
P0

3
Na fase de projeto detalhado, modelos numéricos Os sistemas são modelados em um ambiente de in-
(FEM e BEM) são feitos e o comportamento vibroacús- terface versátil chamado de GT-ISE (Integrated Simu-
tico em baixas freqüências pode ser simulado em bas- lation Environment), que apresenta uma variada bib-
tante detalhe e com boa representatividade. Ferramen- lioteca dos módulos de programação. GT-ISE tende
tas de realidade virtual tendem a se tornar cada vez a minimizar a quantidade de dados de entrada com a
mais populares, facilitando a interpretação dos resul- adição de um simple elemento geométrico de progra-
tados destas análises. Idealmente, deseja-se sentir e ou- mação.
vir os sistemas antes de construí-los, por exemplo numa GT-POWER pode ser utilizado para estudo das
sala de realidade virtual. As ferramentas de análise não caracteristicas de funcionamento de motores, modi-
linear têm se desenvolvido muito, mas a maioria das cação de projetos e desenvolvimento e melhoria de com-
ferramentas de análise vibroacústica disponíveis ainda ponentes. Algumas aplicações comuns do software são:
se baseia numa análise linear [1]. Além disso, a análise
não linear implica, por sua própria característica in- • Projeto de coletores de exaustão e conversores;
trínseca, uma multiplicidade muito grande de situações
• Geometrias de válvulas e otimização de tempo;
a analisar, o que muitas vezes a inviabiliza.
Neste trabalho fora utilizada a ferramenta de pre- • Turbinas, abertura e fechamento de válvulas ge-
dição chamada GT-POWER. Esta ferramenta permi- rais;
tiu realizar todos os cálculos acústicos para geometrias
propostas e indicar seu comportamento acústico. A • Performance de sistemas EGR;
seção 1.3 apresenta uma esse programa.
• Temperatura de parede de sistemas;
A partir da construção dos primeiros protótipos, a
análise experimental e as ferramentas híbridas aplicam- • Estudos de CFD em conjunto com softwares do
se. Esta etapa de modicação, ajuste e validação dos mesmo;
modelos é essencial, mesmo para o sucesso das análises
anteriores, através de um processo de capacitação que • Análise térmica dos componentes do cilindro;
se acumula e que permite, a cada novo projeto, ter uma
• Análise de combustão;
melhor análise preliminar e caminhar em direção ao
modelo "ideal". Este objetivo só pode ser atingido com • Projeto de controles ativos e passivos;
a experiência acumulada no processo de modelagem,
prototipagem e validação. • Fluxo e análise de ruído;
Os experimentos devem permitir tanto a caracteri-
• Projeto de abafadores e silenciosos para controle
zação dinâmica, com excitação e medida de respostas,
de ruído;
como a análise em operação. Os modelos vibroacústi-
cos devem prever ao menos o comportamento qualita- • Resposta transiente de sistemas turbos.
tivo, permitindo explicar as principais características
das respostas medidas. Quando este é o caso, e só as- GT-POWER pode ser usado para predição de ou-
sim, pode-se passar à fase de ajuste e validação dos tras condições de estado e transiente análises. Através
modelos com base nas medidas experimentais. Com do pós-processamento são visualizados fatores como:
isso podem-se aprimorar técnicas de modelagem, car- - Fluxo e velocidades; - Temperatura no sistema; -
acterizar materiais e processos de montagem e identi- Pressões; - Temperaturas de componentes; - Eciên-
car esforços dinâmicos de operação. cia volumátrica; - Potência e torque; - Predição da
queima de sistemas DI e SI; - Predição de NOx; -
1.3 Introdução ao GT-POWER Química no catalisador; - Transferência de calor; - Cal-
culo de ruído pela aplicação de microfones externos;
GT-POWER é uma ferramenta de simulação utilizada Ruído transiente; Ruído de ponteira; Ruído por oitavas
para análise de problemas de motores ou sistemas que de onda (1/8, 3/8, 10/8)
envolvam ciclos de trabalho. Ele foi projetado para
realizar simulações estáticas e transientes de controle.
Aplicado a diversos modelos de motores de combustão 2 MODELO MATEMÁTICO DE
interna, GT-POWER traz um ambiente de programa- UM SISTEMA SILÊNCIADOR
ção orientado a objeto gráco. Sua base matemática
consiste de equações dinâmicas unidirecionais dos u- Esta seção não pretende deduzir equações e sim, apre-
idos, representando o uxo e a transferência de calor sentar as equações básicas para projetos de sistemas
em tubos e outros componentes de motores. O código de exaustão de forma a auxiliar a compreensão de sua
do programa traz modelos especializados que represen- teoria e, quais os parâmetros mais relevantes para o
tam partes físicas de movimento. Por ter um código mesmo.
simples, a integração entre componentes associados ao Basicamente a velocidade de propagação de ondas
motor são facilmente aplicados. Dentro destes com- é dada pela equação 15, onde seus parâmetros já foram
ponentes sita-se os sistemas de adimissão e de escape. apresentados nas equações 2 e 7 [5].
Neste trabalho é enfatizado o modelo de sistemas de
exaustão devido a análise acústica que é apresentada. (15)
p
v = γRTK

4
onde f é a frequência, n o número de eventos do movi-
mento, i o número total de iterações e L o comprimento
da tubulação.
Alguns procedimentos devem ser analisados para
vericar se a teoria da acústica linear aproxima-se dos
valores reais de um dado sistema, dentre elas: - análise
do número de Mach, que deve ser muito menor que 1;
- os gases devem satisfazer a relação de gás ideal, 2; as
variações de pressão no meio devem ser pequenas [3].
Quando essas vericações são realizadas demons-
trando que a teoria de acústica linear não pode ser
aplicada, deve-se recorrer as equações da acústica não-
linear, onde as equações tornam-se mais complexas e
difíceis.
Existem basicamente dois tipos de sistemas silen-
ciadores que aplicam-se nos sistemas de exaustão de
Figura 1: Interface de entrada de dados veículos automotivos, são eles o absorssivo e o ree-
tivo.
Os sistemas reativos ou reetivos têm a função de
atenuar faixa de frequências sonoras especícas, isto é,
são sistemas que atuam como ltros. Os sistemas re-
sistivos ou absorsivos são atenuadores do ruído, isto é,
abafam pertubações não desejáveis na pressão sonora.
A performance de um sistema silenciador dá-se pela
medição ou cálculo da perda de transmissão / propaga-
ção da onda sonora [3]. Desta forma a diferença entre
os níveis de potência sonora incidente e a onda trans-
mitida fornecem essa medida. Dependendo do sistema
sua equação muda. Para sistemas onde as ondas acús-
ticas são geradas no interior do silencioso que em sua
saída é reduzido para a tubulação de escape tem-se:
(A + a)2
 
T L = 10log10 (18)
4Aa
onde TL é a perda de propagação, A é o diâmetro do
silencioso e a o diâmetro do tubo de redução do sis-
tema.
Para sistemas onde a onda acústica é gerada de uma
tubulação de escape reduzida anterior ao silencioso e,
depois deste a uma redução novamente a equação ca:
(  2  )
1 A a 2 2πf L/v
T L = 10log10 1+ − sin
4 a A 1 − (M a/A)2
(19)
onde L é o comprimento do silencioso, M o número de
Figura 2: Exemplo de um modelo GT-Power - Adimis- Mach e f a frequência de propagação da onda.
são, Motor e Escape Para silenciadores com câmaras de Helmholtz apli-
cada [3], tem-se:
Um importante parâmetro para o projeto de sis-  
temas de exaustão é o número de Mach (M), isto é: 
 (2πf V /vS)
2 

T L = 10log10 {1 + h i2
U 2 2
(16) (f /fHR ) − 1 + (2ςf /fHR ) 

M=

v (20)
onde M é número de Mach e U a velocidade do uido. onde V é o volume do solenciador, S a área da tubu-
A frequência de de excitação das ondas são dados lação principal e fHR a frequência do resonador de
por: Helmholtz dada por:
nv
(17)
r
f= v A
iL fHR = (21)
2π L0 V

5
onde L0 é o comprimento do tubo resonador de Helm- escape, este chamado de ruído de ponteira. A gura 4
holtz. apresenta um esquema de como é realizada essa medi-
Para sistemas absorsivos onde materiais absorve- ção.
dores são empregados a eciência de absorção deste
material é dado por:
EAA
α= (22)
EIA
sendo EAA a Energia de Absorção Acústica e EIA é
a Energia de Incidência Acústica.
Muitas outras relações e equações são utilizadas
para o dimensionamento de silenciosos, mas o objetivo Figura 4: Esboço de medição de ruído de ponteira
deste trabalho não é apresentar um estudo detalhado
do equacionamento utilizado para formulação da teoria
acústica. Neste sentido os resultados obtidos são claros
quanto ao embasamento necessário para convergência 4 RESULTADOS
dos valores experimentais e numéricos. Passa-se, desta
forma, a apresentação dos parâmetros determinantes Até iniciar-se a modelagem virtual no software GT-
do projeto. Power o departamento de engenharia do produto já
havia testado algumas propostas de projeto para as
tubulações internas do sistema de escape, mas nen-
3 PARÂMETROS DE PROJETO huma apresentou-se satisfatória quanto aos limites es-
tabelecidos pelo cliente. A partir da proposta com
A seguir apresentam-se os parâmetros que foram uti- melhor resultado experimental, ainda não aprovada,
lizados para a modelagem dos componentes do GT- iniciou-se a modelagem no programa, tendo como base
Power e as características físicas do problema estudado. a última proposta física, chamada de modelo base.
Os resultados experimentais do modelo base, com
Tabela 1: Informações de projeto para análise relação a acústica da ponteira foram:
numérica
Parâmetros Informações
Motorização Motor de ciclo Otto
Flexfuel
Volume 1.6l
Número de cilindros Quatro
Rotação de trabalho 0 - 6000 rpm
Caracteristicas diâmetros de tubo,
geométricas espessura, "lay-out"veículo
Frequências acústicas 63, 125, 250, 500 e 1000Hz
de análise

As características geométricas dependem do formato


inferior do veículo para ajuste do projeto do sistema de
escape. A geometria interna dos sistemas silenciadores
podem ser inicialmente propostas pelo cliente ou sug-
eridas pelos engenheiros do produto a partir da exper-
iência de projetos, volume de sistema ou testes iniciais
com dutos de expansão.

Figura 5: Ruido de ponteira experimental - Modelo


Figura 3: Sistema de escape simulado Base
Tanto na análise experimental, quanto na virtual Observa-se que as curvas dos resultados experimen-
analisa-se o ruído proveniente da saída do sistema de tais estão acima dos limites de projeto para o modelo

6
base, principalmente para 63 e 125 Hz. Desta forma,
com a modelagem de diversas propostas virtuais en-
controu -se um modelo que apresentou os resultados
conforme gura 6.

Figura 6: Ruido de ponteira virtual total - Primeira


modicação

A gura anterior apresenta os resultados para todas


as frequências do sistema, a linha azul é o resultado da
modicação e o em laranja do modelo base. A nova
modicação apesar de melhorar as frequências de 63 e Figura 8: Resultados Experimentais - Primeira modi-
125 Hz, em 250 Hz apresentou piores valores experi- cação
mentais. Esta variação ca evidente no pico da curva
da gura 6 em 5000 rpm.

Figura 7: Primeira modicação interna do silencioso -


modelo GT-Power
Através da ferramenta GT-Muer a modelagem da
partes internas cam mais rápidas e fáceis. O modelo Figura 9: Resultados virtuais para todas as frequências
criado no GT-Muer é traduzido para o ambiente do - Segunda modicação
GT-Power.
A gura 8 apresenta os resultados para ruído de
ponteira experimental para a primeira modicação. É importante se destacar que para cada proposta
Para atenuar-se a frequência de 250 Hz da primeira de modicação foram simulados em média 40 modelos
modicação foram simuladas mais uma gama de diver- virtuais diferentes, onde se escolhe o de melhor per-
sos projetos internos de silenciosos e abafadores virtual- formance para construção de um protótipo. Outro fa-
mente e conseguiu-se os resultados, virtual conforme tor é que as simulações tem fundamental importância
gura 9 e, experimental conforme gura 10. para o projeto nal do sistema de exaustão, visto que,
Agora percebe-se que a curva em verde (segunda através dos resultados apresentados, para toda melho-
modicação) aproxima-se do modelo inicial para todas ria virtual se obtia uma real. A sensibilidade do projeto
as frequências melhorando sua performance para algu- interno de sistemas silencioso simulados é claramente
mas rotações e, especicamente para a segunda ordem, observada.
esta modicação é mais sensível, conforme gura 11. Mesmo com a ajuda dos programas de predição
Na segunda modicação acrescenta-se uma câmara de acústica, essa entidade continua sendo difícil de se men-
Helmholtz ao silencioso dando a esse caracteristicas de surar, visto que existe uma subjetividade na percepção
atenuação das frequências especícas requeridas. do ruído. O som ou sua qualidade, em formas gerais,

7
Figura 10: Resultados Experimentais 250 Hz - Segunda
modicação

Figura 11: Resultados virtuais para todas as frequên-


cias 2a Ordem - Segunda modicação
Figura 12: Resultados experimentais - Modicação -
nal
podem ser tabelados e calculados, mas o homem e sua
sensibilidade varia quanto a esse parâmetro. É muito
complexo atender aos limites, para as diversas formas exaustão e na aplicação do conhecimento teórico do
que o som se apresenta, por isso, mesmo que se possa grupo que alí trabalha.
mensurá-lo, sempre existirão fatores subjetivos. Através deste trabalho observou-se que para têr-se
A gura 12 apresenta o resultado nal experimental produtos de sistemas de exaustão com alta qualidade
para o sistema proposto virtualmente para cada fre- e conabilidade, as industria deve investir em alta tec-
quência. nologia e em conhecimento cientíco e teórico. Fica
claro que a experiência é importante para qual modelo
servirá para determinada aplicação.
5 CONCLUSÃO
A predição acústica cou por muito tempo a margem Referências
da industria devido a sua complexidade e sua alta re-
lação com parâmetros subjetivos, mas com a evolução [1] Gerges, S. N. Y., 2000. "Ruído - Fundamentos e
das ferramentas de cálculo, alta capacidade dos com- Controle", NR (Ed.). Florianópolis - Brasil, pp.
putadores e um maior número de pesquisadores, a im- 675.
plementação de programas para análise acústica tornou- [2] Hasui, H., Suyama, E., 1971. "Exhaust gas muer
se realidade. means", United States Nihon Radiator Co., Ltd.
Neste sentido a empresa Tenneco, grupo americano Tokyo -JA.
detentora da marca Walker, de sistemas de exaustão,
vem ao longo do tempo se especializando no desen- [3] Hill W., Dowling, D. R., 2007. "Exhaust System
volvimento de ferramentas de predição acústica e na Acoustics and BackPressure", Tenneco Inc. Grass
utilização das ferramentas disponíveis no mercado para Lake - USA, pp. 338.
melhor dimensionamento e projeto de escamentos au-
tomotivos. No Brasil, com o centro de desenvolvimento [4] Kinsley, L. E., Frey, A. R., Coppens, A.
para a América Latina, a Tenneco tem aplicado a fer- B., Sanders, D. V.,1982. "Fundamentals of
ramenta GT-Power para melhoria de componentes de Acoustics", John Wiley & Sons Inc. United States,
pp. 475.

8
[5] Munjal, M. L., 1987. "Acoustics of Ducts and Muf-
ers", John Wiley & Sons Inc. United States, pp.
328.

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