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EM ERGONOMIA
(Pós-Graduação Lato Sensu - 540 hs)
FUNDAÇÃO COPPETEC
GRUPO DE ERGONOMIA E NOVAS TECNOLOGIAS
APOIOS
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - COPPE/UFRJ
PROGRAMA DE ENGENHARIA MECÂNICA - COPPE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL - EE/UFRJ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA - FAU/UFRJ
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA - ABERGO
PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS
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Higiene do Trabalho II - Ruído
Profs. Jules Slama e Marilda Duboc
1 - INTRODUÇÃO
Neste trabalho estaremos apresentando informações sobre ruído no ambiente de trabalho também
chamado ruído ocupacional. As máquinas produzem ruídos, estes se propagam no local onde se
encontram os trabalhadores. O campo sonoro produzido no local vai depender da geometria do
mesmo, do lay-out, das qualidades acústicas dos revestimentos das superfícies, da existência de
barreiras, da localização das máquinas, e também das propriedades acústicas das próprias máqui-
nas.
Existem trabalhadores cujos postos de trabalho estão perto das máquinas que produzem o ruído, e
outros cujas atividades estão afastadas das fontes de ruído. O ruído no local vai produzir diversos
efeitos nefastos sobre o trabalhador, sendo o mais grave a perda de audição.
Som percepção
A percepção é realizada através de vários sentidos. A acústica está associada ao sentido da audição.
O som pode ser definido como uma sensação subjetiva produzida através do ouvido, resultante de
flutuações da pressão do ar.
A percepção do som é um fenômeno complexo. Diferente da visão, uma pessoa está mergulhada
num ambiente sonoro recebendo informações de todas as direções. As pessoas conseguem distin-
guir entre sons agudos e graves, sons fortes e fracos. Os sons permitem a comunicação entre seres
humanos e podem conter muitas informações. Um som muito forte pode prejudicar a audição, im-
pedir a realização de uma atividade, interferir na comunicação oral, perturbar o sono. Existem sons
que julgamos desagradáveis e outros agradáveis. Como podemos ver, o universo dos sons é muito
complexo.
Som fenômeno físico
Também podemos dizer que o som é uma perturbação produzida pelas vibrações de um corpo, uma
chapa metálica ou pelo escoamento de um fluido liquido ou gasoso (jato de ar), fenômenos comuns
em máquinas e equipamentos de uma fábrica. Ele se propaga num meio elástico (sólido, gasoso ou
líquido) através de pequenas flutuações de pressão, densidade e temperatura.
Quando uma onda sonora atravessa um meio, as partículas deste oscilam em torno da posição de
equilíbrio. O deslocamento máximo de uma partícula durante a passagem de uma onda sonora se-
noidal é conhecida como amplitude de vibração.
O ouvido humano
A audição se faz através do ouvido que relaciona o som fenômeno físico com o som fenômeno psi-
cológico.
Pressão acústica
A pressão acústica em qualquer ponto é a diferença entre a pressão existente num ponto na presença
do som e a pressão que deveria existir neste ponto, na ausência do som. A variação de pressão pro-
duzida quando uma onda sonora se propaga no ar é muito pequena se comparada à pressão atmosfé-
rica, que é de 10 Pa. A menor pressão sonora que pode ser percebida é de 0.00002 Pa (1 Pa = 1
N/m2 ).
Potências sonoras
Uma máquina é em geral uma fonte de ruído. Ela é caracterizada acusticamente pela sua potência
acústica em Watts e a sua diretividade (como ela distribui o som em cada direção). Esta potência
acústica depende do processo mecânico envolvido na máquina e da tecnologia empregada. A ten-
dência atual é fornecer a potência acústica da máquina junto com as outras especificações técnicas.
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A escolha de uma máquina deverá em princípio levar em conta a sua potência. A localização da
máquina deverá ser realizada de forma a contemplar não somente as restrições de ordem econômica
e operacionais como também acústicas.
Exemplos de potências sonoras:
Um sussurro humano envolve uma potência sonora de 10-10 Watts, um grito emite 10-5 Watts, uma
orquestra produz 10 Watts, e, um avião a jato decolando emite cerca de 105 Watts. Através destes
exemplos vemos que a energia sonora que pode ser percebida pelo ouvido humano, numa escala
linear, corresponde a uma faixa muito grande de valores.
O decibel
Gustavo Weber e Ernst Fechner, no séc. XIX, descobriram que, aproximadamente, as sensações
humanas são proporcionais ao logaritmo da intensidade do estímulo. A unidade Bel foi, então, pro-
posta para relacionar a intensidade do som a um nível de intensidade correspondente à sensação
humana, sendo utilizada a escala logarítmica. Desta forma, as potências sonoras citadas acima po-
dem ser expressas em decibeis (décima parte do Bel).
2 - DEFINIÇÕES
Freqüência
A freqüência no caso de uma onda sonora senoidal é o número de oscilações da onda acústica ocor-
rida num segundo, ou a taxa de repetição de um fenômeno periódico. A unidade de freqüência é o
Hertz (Hz), ou ciclo por segundo. A maioria dos sons, à exceção dos tons puros, contêm energia
numa faixa larga de freqüências.
Amplitude da vibração sonora
A amplitude corresponde à intensidade da vibração, pode-se dizer que quanto maior a amplitude
mais forte é o som.
Velocidade acústica
Quando uma onda sonora atravessa um meio, as partículas vão oscilar em torno de uma posição de
equilíbrio com uma certa velocidade (vetor). Esta velocidade é chamada velocidade acústica.
Comprimento de onda
λ: numa onda senoidal, é a distância que o som percorre durante um ciclo completo e também a
distância entre dois máximos sucessivos na onda. A relação entre comprimento de onda e velocida-
de do som é :
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c
λ=
f
onde: λ é o comprimento da onda, c é a velocidade do som no meio e f é a freqüência. Exemplo:
uma onda senoidal de freqüência 100 Hz terá um comprimento de onda de 3.4 m.
Espectro de freqüência
Da mesma forma que a luz pode ser decomposta em várias cores formando um espectro, o som
pode ser submetido à análise espectral pela Análise de Fourier. Através de uma integração matemá-
tica (Transformada de Fourier) o sinal sonoro passa da representação no tempo para a representação
em freqüência. Mostra-se assim que um ruído é uma mistura complexa de ondas acústicas de
freqüências diferentes. A análise espectral permite representar graficamente as amplitudes dos
diferentes componentes em freqüências. O aparelhos em que se pode realizar esta operação são
chamados analisadores espectrais.
O espectro do som apresenta as características da fonte que o emitiu como também do meio pelo
qual ele se propagou.
Por exemplo: quando um instrumento musical emite uma nota musical produz, além da freqüência
fundamental, uma série de tons, sobretons e harmônicos, adicionados à essa nota fundamental. Se
tomarmos o espectro em freqüência do som emitido por um instrumento musical veremos que além
do espectro apresentar energia (amplitude) na freqüência fundamental também apresenta energia em
outras freqüências. Esta série de tons e sobretons e harmônicos caracteriza o que chamamos de tim-
bre do instrumento.
Num local de trabalho, uma máquina emite sons que dependem da sua estrutura e das operações que
ela realiza. Ela pode ser considerada como uma fonte complexa de ruído constituída de várias fontes
elementares (escoamentos, chapas vibrando, choques). Uma analise espectral do som emitido pela
máquina pode permitir descobrir a origem do ruído. Isto pode ser utilizado para melhorar o dese-
nho da máquina para ela ser mais silenciosa ou detectar falhas no seu funcionamento.
A fala humana, além de abranger uma faixa grande de freqüências (de 100Hz a 8000Hz), também
produz estes harmônicos associados a cada freqüência, e isto faz com que distingamos as diferentes
vozes.
Ver exemplos de representação no tempo e em freqüência na fig. 2.
Faixas de freqüência:
O ouvido reage diferentemente para distintas freqüências, logo, o espectro em freqüência é um ele-
mento importante na caracterização do som. Baseado na resposta do ouvido humano e nas notas
musicais, o espectro foi dividido em faixas de oitavas. Cada faixa de freqüência é definida pela sua
freqüência central, freqüências mínimas e máximas, e pela sua extensão em oitavas.
A série de freqüências centrais das faixas de oitava normalizadas é dada por:
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A freqüência central, f0 é:
f0 = f1f2
As freqüências máxima e mínima de uma faixa de oitava são obtidas como a seguir:
f0
f1 =
2
f2 = f0 2
f1 f0 f2 Hz
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freq. (Hz) 31.5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Nível (dB) 82 80 81 79 78 65 83 75 77
Assim, o som é representado por um conjunto de sons localizados na região da faixa central de cada
faixa de freqüência. O nível sonoro total vai ser a soma logarítmica dos níveis para cada faixa de
oitava.
Terças de oitavas
Para um trabalho mais preciso, cada oitava é dividida em três (terça de oitava - 1/3).As freqüências
máximas e mínimas das terças de oitava são calculadas por: f2 = 3 2 f1 . Aparelhos medidores de
pressão sonora podem medir a energia sonora por faixas de freqüência de oitava ou terça de oitavas
utilizando filtros eletrônicos ou numéricos.
Uma pessoa jovem pode ouvir sons de 20 Hz a 20 kHz e uma pessoa idosa, sons de 20 Hz a 4 kHz.
Os sons abaixo de 16 Hz são chamados de infra-sons e acima de 20.000 Hz, são os chamados ultra-
sons. Os dois não são captados pelo ouvido humano.
A faixa de freqüência da fala se situa entre 125 Hz e 8 KHz, mas a faixa entre 1000 a 2500 Hz é
suficiente para a fala ser compreendida. Vale lembrar que ruído com composição incluindo fre-
qüências altas (3.000 a 6.000 Hz), em grande intensidade, em relação ao risco de dano auditivo, são
mais nocivos.
Janela de audição
A sensibilidade auditiva varia com a intensidade do som e responde de maneira diferenciada às vá-
rias freqüências. Duas curvas são características da audição: o limiar de audibilidade, da ordem de 2
10-5Pascals estando na escala de decibéis próximo ao zero dB, e o limiar de dor, da ordem de 2 108
Pascals, que está entre 130 e 140 dB.
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p2 p
NPS(f ) = 10 log10 2 = 20 log10
p0 p0
onde: p = pressão sonora medida
p0 = pressão sonora de referência
p0 = 2*10-5 pa
A menor mudança de nível de pressão sonora que o ouvido pode detectar é da ordem de 0.5 dB.
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A norma NR-15, que será vista a seguir, estabelece as condições para o uso de uma ou outra veloci-
dade. Os aparelhos, normalmente, ainda apresentam um circuito de resposta para medição de ruído
de impacto.
O microfone deve responder à uma faixa de áudio- freqüência, sem distorcer o sinal. Para isto a
resposta deve ser linear, em função da freqüência e da amplitude do sinal.
As normas IEC/UNO especificam os medidores comuns, que são lineares na faixa de 20 a 16.000
Hz, e os medidores de precisão, que são os lineares para a faixa de 6 a 20.000 Hz, nas R-123 e R-
127.
Portanto, os medidores de nível de pressão sonora medem o nível global, podendo a medição ser
linear (sem filtro), ou com filtros baseados nas curvas de compensação A, B, C, D.
Na medição linear obtemos as medições do nível de pressão sonora em dB. A medição ainda pode
ser feita por faixa de freqüência utilizando-se mais um filtro, por exemplo, um filtro para faixa de
oitava. As curvas de compensação A, B, C, D procuram simular a sensibilidade do ouvido humano
que é menos sensível para as freqüências mais baixas e mais altas.
Um nível de pressão sonora medido pela curva de compensação A é dado em dB(A).
Estes circuitos de compensação dos medidores recebem o sinal linear em função da freqüência, vin-
do do microfone, e atenuam algumas freqüências, originando uma resposta que é uma imagem es-
pecular das curvas de Fletcher e Munson.
As quatro curvas principais são a A, B, C e D, cada uma simulando a resposta do ouvido em deter-
minada situação. A curva D, por exemplo, é para ruídos aeronáuticos ;a curva A avalia de forma
simplificada o desconforto acústico, informando com razoável precisão os riscos de lesão auditiva.
Então para conforto acústico, normalmente utiliza-se a escala dB(A).
Para se fazer a conversão dos valores em dB para dB(A), dB(B), dB(C) ou dB(D) podemos utilizar
a tabela 1. Deve-se adicionar os valores da tabela 1 aos valores encontrados em dB, para cada faixa
de freqüência. Para se obter o Nível Global em dB(A) ou em qualquer outra curva, devemos somar
logaritmicamente os valores encontrados por banda de freqüência, como está descrito no item 4,
sub-item 4.2 desta apostila.
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Fig.4 - Medidor.
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p T2 NPS1 NPS 2
NPS T = 10 log 10 2 = 10 log 10 (10 10 + 10 10 )
p0
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Podemos verificar, pelo exemplo abaixo, que no caso de um grande número de fontes o tratamento
pode não reduzir o ruído global significativamente:
Nível de ruído de 70 fontes de mesmo nível de pressão sonora 30 dB:
Lp= 30 + 10 log (70) = 49 dB
30 ⊗70=49
Nível de ruído de 30 fontes de mesmo nível de pressão sonora 30 dB:
Lp= 30 + 10 log (30)= 45 dB
Ln
L pT = 10 log ∑ 10 10
onde = L p T é o nível de pressão sonora das n fontes
Exemplo: calcular o nível de pressão sonora total de duas fonte sonoras emitindo, cada uma, 55 dB
e 52 dB.
55 52
Lt = 10 log 10 + 10 10 = 10 log(105.5 + 105.2 ) = 53 dB
10
obs: Lp , SPL (Sound Pressure level) e NPS (nível de pressão sonora) têm o mesmo significado.
No caso de ruídos incoerentes, as energias são aditivas e não as pressões sonoras. Já no caso de ruí-
dos coerentes, as pressões sonoras são aditivas.
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Para adicionar um grande número de níveis de pressões sonoras, deve-se ordená-las em ordem
crescente, antes de combiná-las duas a duas.
Exemplo :
Adição dos níveis seguintes:
41dB ⊕ 48dB ⊕ 43dB ⊕ 49dB ⊕ 55dB ⊕ 51dB ⊕ 52dB ⊕ 49dB ⊕ 57dB
1- Ordenação:
41dB; 43dB; 48dB; 49dB; 49dB; 51dB; 52dB; 55dB; 57dB
2- Adição ordenada utilizando a tabela 2:
41dB ⊕ 43dB = 45dB
45dB ⊕ 48dB = 50dB
50dB ⊕ 49dB = 53dB
53dB ⊕ 49dB = 55dB
55dB ⊕ 51dB = 57dB
57dB ⊕ 52dB = 58 dB
58dB ⊕ 55dB = 60dB
60dB ⊕ 57dB = 62 dB
41dB ⊕ 48dB ⊕ 43dB ⊕ 49dB ⊕ 55dB ⊕ 51dB ⊕ 52dB ⊕ 49dB ⊕ 57dB = 62dB
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A NR-15 - Anexo n0 1 estabelece como ruído contínuo ou intermitente, para fins de aplicação dos
limites de tolerância, o ruído que não seja de impacto.
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Surdez permanente - se origina da exposição repetida, durante longos períodos, a ruídos intensos.
A perda é irreversível porém não é sentida no início pois atinge inicialmente as freqüências mais
altas, acima da faixa de freqüência da fala. Com o passar do tempo as perdas progridem e atingem a
comunicação oral (500 a 2000 Hz).
A surdez profissional é a surdez permanente que aparece devido a exposição a intensidade superior
a 90 dB por 8 horas de trabalho. A surdez pode ser total ou parcial, em ambos ou ouvidos ou de
maneira diferenciada em cada ouvido (perda bilateral). A gravidade varia de uma pessoa para ou-
tra, mesmo quando expostas ao mesmo nível de ruído ao mesmo tempo.
Tratamento: Não existe forma de tratamento porém deve ser feito exame audiométrico periódico
como forma de controlar as condições do ambiente de trabalho. A NR-7 estabelece as condições dos
exames médicos.
Trauma acústico- É a perda repentina, causada pela exposição a um ruído repentino, de forte in-
tensidade, do tipo explosão ou impacto. Conforme o tipo e a extensão da lesão pode haver apenas
uma perda temporária ou esta ser permanente. Em alguns casos existe tratamento médico: vasodi-
latadores, oxigenoterapia hiperbárica, eventualmente cirurgia.
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O NIC determinado no interior de um recinto, pode ser utilizado como índice para avaliar a possi-
bilidade de se estabelecer uma comunicação verbal, de se utilizar o telefone e, ainda, como ele-
mento para determinar qual a redução necessária do nível para tornar possível uma inteligibilidade
nas comunicações.
O quadro 4.2. e a figura 4.5. dão uma idéia da interpretação destes valores SIL.
QUADRO 4.2. INFLUÊNCIA DO RUÍDO SOBRE A COMUNICAÇÃO
SIL Distância limite para a conversa-
ção
40 5m
45 3m
50 2m
55 1m
60 0,5m
Dano auditivo
Pode haver perda da audição ou lesão auditiva.
Perda da audição: deslocamento positivo permanente do limiar da audição em relação ao limiar au-
diométrico normalizado.
Lesão auditiva: quando a média das perdas auditivas à 500, 1000 e 2000 Hz excede 25 dB.
Presbiacusia: diminuição natural da audição pela idade. A perda é mais acentuada nas freqüências
mais altas.
Sociacúsia: Alteração da sensibilidade auditiva das pessoas expostas ao ruído urbano.
7 - LEGISLAÇÃO E NORMAS
No Brasil temos as seguintes normalizações que tratam do ruído no ambiente de trabalho:
• LEI 6514 ( 22/12/97) - altera a CLT – CAP. V, TITULO II, relativo à SEGURANÇA E
MEDICINA DO TRABALHO.
• PORTARIA No 3.214 (08/06/78), aprova as Normas Regulamentadoras do capítulo V, Tit.II,
da CLT:
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estes valores percentuais são extraídos da Tabela de Fowler de acordo com a Perda auditiva ( NR-
7 ítem 1 anexo 1)
então: PERDA AUDITIVA = O,2 + 0,0 + 0,4 + 0,1 = 0,7%
O significado
Perda bilateral: perda da audição diferenciada em cada ouvido. A fórmula de cálculo encontra-se
na NR-7 anexo I, item 1
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Dose de ruído: a dose de ruído é um valor percentual obtido pela razão entre o tempo que o indiví-
duo fica exposto a um determinado nível de ruído e a máxima exposição diária permissível a este
nível. Então, um indivíduo exposto durante 3 horas a um nível de ruído de 90 dB, recebeu uma dose
de ruído de 75 %, ou seja:
tempo de exposição = 3 horas
máxima exposição diária permissível ao nível de 90 dB (tab. 3) = 4 horas
dose de ruído = 3 / 4 = 0.75
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Exposição a ruídos de diferentes níveis durante a jornada de trabalho: devemos medir o tempo
de exposição de cada diferente nível de ruído. Então, calculamos a soma das seguintes frações:
C1 C2 C 3 C
+ + +.....+ n
T1 T2 T3 Tn
onde: C1, C2, C3, ...Cn são os tempos totais que o trabalhador fica exposto a cada nível específico
que nos medimos, e T1, T2, T3, ...Tn indicam a máxima exposição diária permissível a cada nível
medido.
Se esta soma exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.
7.3 - NR-6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI
O empregador deve fornecer aos trabalhadores o EPI para proteção auditiva, os protetores auricula-
res, para trabalhos realizados em locais em que o nível de ruído seja superior ao estabelecido na NR
15, Anexos I e II.
A recomendação ao empregador, quanto ao EPI adequado ao risco existente em determinada ativi-
dade é da competência:
a) do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT;
b) da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas empresas desobrigadas de manter o
SESMT.
Nas empresas desobrigadas de possuir CIPA, cabe ao empregador, mediante orientação técnica,
fornecer e determinar o uso do EPI.
7.1.1- Protetores Auditivos
Antes de se buscar utilizar o protetor auditivo deve-se procurar reduzir os níveis de ruído à 85,
dB(A) para 8 horas de exposição conforme a NR-15. De preferência deve-se buscar reduzir até 80
dB(A), que é um valor mais confiável para o não surgimento de surdez ocupacional. A norma NR-
17 traz as recomendações para o nível de conforto acústico do ambiente de trabalho, onde o nível de
ruído recomendado é de até 65 dB(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a
60 dB. Mas em muitos casos a redução de ruído para o limite de 85 dB(A) é custoso pois envolve
mudança de processos, substituição de máquinas. Nestes casos, para uma solução de uso imediato,
deve-se buscar o protetor auditivo de uso individual.
ATIVIDADES: em geral, podem utilizar protetores auditivos os trabalhadores das seguintes ativi-
dades: trabalho em ambiente industrial, aeroporto, pilotos, operadores de equipamentos pesados,
atiradores e caçadores, usuários de ferramentas manuais, músicos, técnicos de som, pilotos de corri-
da, pessoas com sono leve, portadores de hipoacusia com audição extremamente sensível, entre
outros.
PROBLEMAS: a utilização de protetores auditivos apresenta problemas como a higiene, o des-
conforto, dificuldade na comunicação verbal, perda do senso de localização da direção do som, a
não audição de sinal de alarmes e outros sinais.
T IPOS DE PROTETORES AURICULARES
São três os tipos de protetores auditivos: tipo tampão, tipo concha e tipos especiais.
Protetor tipo tampão: São introduzidos no canal externo do ouvido. São fabricados em vários ti-
pos como o descartável, pré-moldado, moldável, tampão expandido, moldável personalizado ou
semi-inserção (capa de canal de ouvido). Os do tipo descartável e moldável tomam a forma do canal
do ouvido, sendo que os moldáveis, quando bem colocados, têm atenuação comparável à dos pro-
tetores do tipo concha. São usados por cerca de 80% dos usuários. Apresentam as seguintes caracte-
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rísticas:
• proteção excelente quando colocados no ouvido externo;
• têm atenuação maior do que o tipo concha em baixas freqüências devido a boa vedação;
• considerados mais confortáveis,
• bons para ambientes quentes e úmidos;
• disponíveis em vários tamanhos;
• não interferem em outros equipamentos como capacete e óculos;
• baixos preços;
• o descartável fabricado em espuma polimerizada é bastante eficaz e confortável, porém como é
mais caro, em geral, conforme o caso, pode ser lavado e reutilizado. O de algodão parafinado é
considerado de baixa qualidade, se contamina rapidamente, apresenta pouca elasticidade não en-
caixando bem no canal auditivo. O de fibra de vidro é considerado o mais prático
• os pré-moldados são laváveis com água e sabão. Para serem eficientes devem ser colocados fir-
memente, o que pode torná-lo desconfortável. Além disso, as diferenças apresentadas entre os
canais de ouvido das pessoas pode dificultar a fixação. Têm vida limitada pois com as lavagens
periódicas perdem a elasticidade;
• os moldáveis são fabricados em borracha de silicone e tem sua forma final moldada no canal do
ouvido.
Protetor tipo concha: fabricado com material rígido, revestido com espuma circular, devendo co-
brir a orelha. Características:
• a atenuação depende da pressão que o protetor exerce sobre a cabeça;
• apresenta desconforto se a pressão não estiver bem distribuída nos dois lados da cabeça;
• apresenta maior proteção do que os outros tampões;
• fácil adaptação aos diversos tipos de ouvido;
• facilmente removíveis, sendo por esta característica recomendado para usuários que necessitem
circular entre zonas de trabalho silenciosas e ruidosas;
• higienizáveis, sendo recomendado para utilização em áreas não limpas.
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Tipos especiais
São protetores com filtros acústicos (orifício) ou filtros eletrônicos, do tipo passa-baixo - que atenu-
am as freqüências inferiores a 2 kHz e permitem que as freqüências da fala passem - ou protetores
baseados no controle ativo de ruído. O cancelamento do som através do controle ativo é obtido pela
geração de um campo sonoro idêntico ao campo sonoro original mas com a fase invertida, de forma
a haver o cancelamento. Estes protetores também atenuam certas faixas de freqüência permitindo
que a faixa de freqüência da fala continue a ser ouvida. Estes protetores especiais são bem mais
caros do que os outros tipos e são indicados em locais onde a comunicação é importante e o número
de trabalhadores a utilizarem o protetor é pequeno, viabilizando seu custo, como o caso de cabinas
de avião e helicópteros.
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Considera-se para bandas de oitava adotadas, as atenuações médias, em dB, do protetor utilizado e
os respectivos desvios padrão (dados fornecidos por fabricantes) mostrados na tabela 4 (ver linhas 2
e 3).Os valores em dB fornecidos pelo fabricante foram convertidos em dB(A). Determinam-se os
limites inferiores de atenuação do protetor, subtraindo-se um ou dois desvios padrão da atenuação
média, conforme já descrito anteriormente, para confiabilidades de 84% e 98% respectivamente (
ver linha 4 e 5 da tabela 4 ).
Subtraindo-se a linha (4) da linha (1) da tabela 4, em cada banda de oitava, tem-se os níveis de pres-
são sonora a que o indivíduo estará submetido com o uso de protetor, para cada banda de oitava (ver
linha 6). A soma destes valores é 84,1 dB(A) e corresponde ao nível de pressão sonora total a que o
indivíduo estará submetido após a colocação do protetor . A diferença entre os níveis totais obtidos
antes e após a colocação do protetor é 109 - 84,1 = 24,9 dB (A) e corresponde, para aquela específi-
ca situação analisada, a atenuação esperada do protetor utilizado, com confiança de 84%. Da mesma
forma, subtraindo (5) de (1) e seguindo-se o mesmo procedimento, verifica-se que o nível total é de
90,3 dB ( A ) e a atenuação esperada para o protetor é de 18,7 dB, com confiança de 98%.
Tabela 4 - Cálculo do nível de pressão sonora com o uso do protetor
Freqüências(Hz) 125 250 500 1k 2k 4k 8k
1 - NPS 83.9 93.4 101.8 106.0 102.2 97.0 88.9
2-Atenuação média 14 19 31 36 37 48 40
3-Desvio padrão 5 6 6 7 7 7 8
(σ)
4-Atenuação 9 13 25 29 30 41 32
5-Atenuação 4 7 19 22 23 34 24
6-NPS com prote- 74.9 80.4 76.8 77.0 72.2 56 56.9
tor 84% de confi-
ança (!-4)
7-NPS com prote- 79.9 86.4 82.8 94.0 79.2 63.0 64.9
tor 98% de confi-
ança (!-5)
obs: todos os níveis são em dB(A)
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Higiene do Trabalho II - Ruído
Profs. Jules Slama e Marilda Duboc
Bibliografia:
Cordeiro, C. V. C., “Qualidade Acústica em Escritórios Panorâmicos: A Utilização de Sistemas
Eletrônicos de Mascaramento”. Tese de Mestrado FAU/UFRJ, Agosto 1996;
Dias, V. M., “Introdução à Concepção Arquitetônica de Lugar de Trabalho Industrial a Nível de
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Dowling, A.P., Ffowcs Williams, J.E., “Sound and Sources of Sound”, Ellis Horwood Limited, N.
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Duboc, M., “Propagação do Som em Ambiente Panorâmico Caracterizando os Aspectos da Absor-
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Gerges, S. N. Y., “Ruído: Fundamentos e Controle”, Florianópolis, 1992
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Morais, G., “Apostila: Higiene III-Riscos Físicos-Ruído”, Engenharia de Segurança do Trabalho,
UFF;
Normas Regulamentadoras do Ministério do trabalho
NR-6 - Equipamentos de Proteção Individual
NR-7 - Exame Médico
NR-15 - Atividades e Operações Insalubres
NR-17 - Ergonomia
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