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RTIGO ORIGINAL
GleRtrrn Lutzr or MElro Cesrrrrol, Knnrun Pnven2, Bnut'n ERtxo Mersuoa MrRr..o: .:. S.=: - - .-.1
Resumo Abstra ct
Data de recebimento: 26101lll
Data da aprovação: 21102111
Na reabilitação, a efetividade da In reh.,r. ... .. . .--ieitilertess
avaliação terapêutica é importante para ol thc th-:..". - -...-:r ,n ir itl-
que sejam traçadas metas, objetivos, .,
portilnt .-. ,,. _- -- - - J - : l'. i. tlf trCat-
prognóstico e ajuste da terapia. Devido me nt. fr, . .' , .," -- ---: ,..t:lcnt of the
à ausência de uma escala específlca de therapy -:r-a .-- = - - .- : .rb>ence tlf a
avaliação da funcionalidade de pacien- specihc ..-,.- ; .- -..-.. :, ,ri the fllnc-
tes com lesão medular (LM) na cultura tion;.riitr' -.. : . i .r. Spinal Cord
e linguagem brasileira, faz-se neces- In.jurr r SCl . .: - . -.:; :rttl Brazil-
sário traduzir e adaptar o Spinal Cord ian luni-..,-.. : -r, ,. neeessaly to
Independence Measure III (SCIM iII), transl:,t: ., -- -. - .. i t l\Í Ill. instru-
.
n
AdaptaÇão transcultural e validaqão do questionário "Spinal Cord Independence lvleasure lll" para a populaÇâo brasileira
baseadas em evidências em pacientes dos e classificados através do nível de áreade saúde. Com o questionário adap-
com LM. O questionário foi aprimorado LM em dois grupos: paraplégicos (abai- tado à população brasileira, sua aplica-
e em 2007 sua terceira versão foi publi- xo do nível T1) e tetraplégicos (igual ou ção foi efetuada.
cada. acima do nível T1). Análise estatística - Os dados fo-
O objetivodeste estudo é adaptar Os dados foram então coletados atra- ram analisados e os resultados apresen-
transculturalmente e validar o ques- vés de uma ficha de avaliação (Anexo tados de maneira descritiva. O método
tionário Spinal Cord Independence 1). Os indivíduos selecionados para este da análise descritiva foi feito pela fre-
Measure (SCIM) versão III de medida estudo foram submetidos à avaliação qüência das variáveis categóricas e me-
funcional para pacientes com LM para através da SCIM III traduzida e adapta- didas de posição e dispersão das contí-
a população brasileira, verificando sua do para o português (Anexo 2). nuas. A Análise de Variância Multivaria-
confi abilidade e reprodutibilidade. Instrumento - O SCIM III é a ver- da foi realizada para os dados de sexo,
são mais recente, de fácil utilização, não idade e escolaridade, para identiflcar os
Materiais e Métodos exigindo nenhum manual e composto fatores que, eventualmente, pudessem
por três principais domínios que são influenciar no resultado de cada variável
Este estudo ó prospectivo do tipo subdivididos da seguinte forma: auto- dependente.
corte transversal, desenvolvido no Am- cuidados (pontuação de 0-20); respira- A medida de confiabilidade e a con-
bulatório de Fisioterapia Neurofuncio- ção e controle esfincteriano (pontuação sistência interna do instrumento foram
nal Adulto do Serviço de Reabilitação de 0-40) e mobilidade, sendo que este é obtidas pelo Teste da Estatística Alfa de
da Irmandade Santa Casa de Misericór- subdividido em mobilidade no quarto e Cronbachro. A análise de correlação de
dia de São Paulo (ISCMSP) após apro- no banheiro e mobilidade dentro e fora Pearson foi aplicada para identificar se
vação do Comitê de Ética e Pesquisa da de casa (pontuação total dos dois últi- as correlações calculadas apresentaram
ISCMSP com número 309109. mos domínios 0-40). O total da pontu- comportamentos semelhantes no "teste"
Sujeitos - Foram incluídos na pes- ação varia de zero a 100, sendo zero o e no "re-teste". Para a medida de teste-
quisa 39 indivíduos com diagnóstico de escore de total dependência e 100 o de reteste, foram considerados a medida
paraplegia ou tetraplegia, por LM trau- total independência. inicial e os resultados obtidos na segun-
mática ou não traumática, de ambos os A pontuação das questões é dada de da avaliação. Esta análise permite verifi-
sexos, com idade entre 18 e 70 anos. Os acordo com a independência em execu- car a reprodutibilidade desta versão.
critérios de exclusão para participação tar várias tarefas, com seu valor para o O nível de significância adotado foi
neste estudo foram gestantes, portadores paciente e cada tarefa ou iárea da função < 0,05 para todos os testes estatísticos.
de deflciência cognitiva, visual ou audi- de acordo com seu peso relativo na fun-
tivas severas e politraumas. ção diária total e o tempo exigido para o Resultados
s'a'6.
Procedimento - Os sujeitos foram desempenho2
informados sobre os objetivos e procedi- Tradução e adaptação cultural - O Podemos descrever o perfil da amos-
mentos do estudo e os que concordaram instrumento de avaliação foi traduzido tra de acordo com os valores predomi-
em participar assinaram o termo de con- para o português e avaliado por dois nantes encontrados das variáveis anali-
sentimento livre e esclarecido. Todos os profissionais brasileiros especialistas em sadas (tabela l). Após a análise de vari-
participantes passaram por uma triagem linguagem, fluentes na língua inglesa e ância (ANOVA), observamos na tabela
verbal que constou de perguntas sobre cientes do objetivo do trabalho. Após a 2 que apenas a variável "Classificação"
dados pessoais e itens que identificam aprovação da tradução de linguagem, o é significante em relação à variável res-
se os voluntários apresentam algum dos questionário passou por uma adaptação posta: SCIM total. Assim, podemos con-
fatores de exclusão. Após este procedi- transcultural para a população brasileira cluir que o perfil não influencia no resul-
mento, 39 indivíduos foram seleciona- e foi reavaliado por dois especialistas na tado do escore SCIM total, reforçando
Tabela I - Média cla pontuação das subescalas do SCIM III no teste e re-teste
t
Med Reabil 2O7l; 30(21:. 24-9
I
Castello GLlVl, Pavan K, Marangoni BEM, Lianza S
ver o SCIM era a necessidade de medir e qualidade de vida destes pacientes. A 3. Catz A,Itzkovich M, Steinberg fl Philo O,
Ring H, Ronen J, et al. The Catz-Itzkovich
monitorar o a efetividade de um progra- compreensibilidade superior de SCIM SCIM: a revised version of the Spinal Cord
ma de reabilitação para pacientes com III nestas duas áreas é signiflcativa para Independence Measure. Disabil Rehabil.
LM de uma maneira precisa. Os pre- a avaliação do resultado da reabilitação. 2001 23:263-8.
cursores do SCIM, tais como o índice Estudos anteriores sobre a versão III 4. Itzkovich M, Tripolski M, Zeilig G, Ring
do Barthel, a independência funcional do SCIM já haviam sido validados para H, Rosentul N, Ronen J, et al. Rasch analy-
sis of the Catz-Itzkovich Spinal Cord In-
medida (MlF) e o índice de função em Lrma amostra de pacientes de vários pa-
dependence Measure. Spinal Cord 2002;
quadriplegia (QIF), não medern satisfa- íses, mas o Brasil ainda não havia sido 40:396-407.
toriamente o resultado do tratamentor'rr. incluído. Um estudo multicêtrico reali- 5. Catz A, Itzkovich M, Tamir A, Philo O,
Marino et alrrrelataram que se uma es- zado por Itzkovich et al em 2007r com a Steinberg F, Ring H, et al. [SCIM - spinal
cala não é sensível o bastante, faltará participação de pacientes de seis países e cord independence measure (version II):
mudanças reais no estado Íuncional dos sensitivity to functional changesl. Hare-
afirma que a amostra heterogênea forne-
fuah (Hebrew). 2002; 14 1 : 1025 -3 l.
pacientes. Law e Letts13reafirmaram que ce um forte indicador para os resultados
6. CaÍz A,Itzkovich M, Steinberg F^ Philo O,
essa compreensão às mudanças é a evi- do estudo, mas a participação das uni- Ring H, Ronen J, et al. Disability assess-
dência mais irnportante da validade das dades de outros países poderia desafiar ment by a single rater or a team: a com-
medidas da atividade da vida diária. Por a validade intercultural do SCIM III'. parative study with the Catz- Itzkovich spi-
isso, a sensibilidade às mudanças fun- Atrar'és deste estudo podemos concluir nal cord independence measure. J Rehabil
Med. 2002;34:226-30.
cionais do SCIM supofia sua validade. iniciahnente que o perfil dos participan-
7. Itzkovich M. TamirA. Philo O. Steinberg F,
O presente estudo confirma os da- tes não influencia no resultado do escore Ronen J. Spasser R. et al. Reliabiiity of the
dos epidemiológicos publicados pela SCIM III total. Catz-Itzkovich Spinal Cord Independence
Rede Sarah de Hospitais de Reabilita- Os resultados da versão traduzida \,leasure ass.ssment by interyieu, and com-
parison rvith observation. Am J Phys Med 10. Wodcl Health Organization Quality of Life. and the Functional Independence Measure
Rehabil. 1003: 8l:167-71. General Guidelines for methodologies on (FIM). Paraplegia. 1993 ; 3 | :225-33.
8. Popovic \1R. Thrasher TA, Adams ME, research and evaluation of traditional med- 13. Law M, Letts L. A critical review of scales
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nai electrical therapy: retraining grasping rRM/2000.11. Ther.19891 43:522-7.
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cotherapy. 2003 ; 7 :823 -34. the Quadriplegia Index of Function (QIF)
Instituição onde o trabalho foi realizado: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Ambulatório de Fisioterapia Neurofun-
cional Adúto do Serviço de Reabilitação
Endereço para correspondência: GabrielaLuize de Mello Castello. Rua Embuaçu, 317 -Vila Mariana - 04118-080 - São Paulo - SP -
Brasil. e-mail: gabi_castello@ymail.com
ANEXO
SCIM lll- Medida de lndependência Funcional para pacientes com Lesão Medular
Auto-cuidado Pontuacão
1, Alimentação (cortar, abrir recipientes, despejar, levar o alimento a boca, segurar copo com líquido)
0. Necessita de nutrição parenteral, gastrostomia ou total assistência à alimentação oral
l.Necessita de assistência parcial para comer e/ou beber ou para colocar dispositivos auxiliales (adaptação)
).Alimenta-se independentemente, necessita de dispositivos auxiliares ou assistência somente para cortar o alimento e/ou despejar e/ou abrir
recipientes
3.Alimenta-se e bebe independentemente
B. Abaixo da cintura
0. Requer total assistência
l. Requer assistência parcial
l. Banha-se independentemente, com dispositivos auxiliares (adaptações) ou ajuste específico
J. Banha-se independentemente
B. il,baixo da cintura
0. Necessita de total assistência
l. Necessita de assistência parcial com roupas sem botões, zíperes ou laços
1. lndependência com botões, zíperes ou laços: requer dispositivos auxiliares e/ou ajustes específicos
-r, lndependência com botões. zíperes ou laços: não requer ajustes específ,cos; necessita de assistência ou ajustes específicos
J. \-este qualquer roupa independentemente
rI t1
Castello GLM, Pavan K, lvaÍangoni BEM, Lianza S
4.Preparo (lavar mãos e face, escovar os dentes, pentear o cabelo, depilar, aplicar maquiagem)
0. Necessita de total assistência
1. Necessita de assistência parcial
2. Amuma-se independentemente,com o apoio de dispositivos auxiliares
3. Amlma-se independentemente, sem o apoio de dispositivos auxiliares
SUBTOTAL (0-20)
5. Respiração
0. Requer tubo traqueal (TT) permanente ou intermitente ventilação assistida (IVA)
2. Respira independenternente com TT; requer oxigênio, muita assistência à tosse ou gerência do TT
4. Respira independentemente com TT; requer pequena assistência à tosse ou gerência do TT
6. Respira independentemente sem TT; requel oxigênio, muita assistência à tosse, máscara (ex: peep) ou IVA (ex: bipap )
8. Respira independentemente sem TT; requel pequena assistência ou estimulação à tosse
10. Respira independentemente, sem assistência ou dispositivo
8. Uso do banheiro (higiene perineal, ajuste das roupas antes/depois, uso de papel higiênico)
0. Necessita de total assistência
1. Necessita de assistência parcial; não se higieniza sozinho
2. Necessita de assistência parcial; higieniza-se independentemente
4. Faz uso do banheiro independentemente em todas as tarefas, mas precisa de dispositivos auxiliares ou adaptaçôes especiais (ex: barras)
5. Faz uso do banheiro independentemente; não necessita de dispositivos auxiliares ou adaptações especiais rer: barrasl
SUBTOT.\L tt)-ltr
Mobilidade
9. Mobilidade na cama e ação para prevenir úlceras de pressão (sentar-se nâ cama, deitar-se na càmà.
fazer push-up na cadeira de rodas)
0. Necessita de assistência em todas as atividades, com ou sem dispositivos auxiliares. mas não com dispositivos auxiliares elétricos
2. Executa uma das atividades sem assistência
4. Executa 2 ou 3 atividades sem assistência
6. Executa todas as mobilidades na cama e atividades para alívio de pressão independentemente
10. Ttansferência: cama - cadeira de rodas (travar a cadeira de rodas, levantar os apoios para os pés,
remover e ajustar os apoios para os braços, transferir-se, levantar os pés)
0. Necessita de total assistência
l. Necessita de assistência parcial e/ou supervisão. e/ou dispositivos auxiliares (ex: barras auxiliares)
2. Independente (ou não necessita de cadeira de rodas)
11.Transferência: cadeira de rodas - vaso sanitário (se usa cadeira de banho: transfere-se de e para;
se usa cadeira de rodas regular: travar a cadeira de rodas, levantar os apoios para os pés, remover e
ajustar os apoios para os braços, transferir-se, levantar os pés)
0. Necessita de total assistência
1. Necessita de assistência parcial e/ou supervisão, e/ou dispositivos auxiliares (ex: barras auxiliares)
2. Independente (ou não necessita de cadeira de rodas)
16. Transferência: cadeira de rodas - carro (Aproximação do caro, travar a câdeira de rodas, re-
mover os apoios dos braços e pés, transferir-se para e no carro, tirar e colocar a cadeira de rodas no
carro)
0. Necessita de total assistência
1. Necessita de assistência parcial elou supervisão e/ou dispositivos auxiliares
2. Transfere-se independentemente; não necessita de dispositivos auxiliares (ou não necessita de cadeira de rodas)
SUBTOTAL (0-40)
IrI E
I
-