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Raimunda

ltledeiros
Germano

DadosInternacionais
deCatalogaçãonaPublicação(ClP)
(Câmara
Brasileira
do Livro,SP,Brasil)
Dducação
eldeologia
( l c n t r a n o .R a i r n u n r la
\íe tlçir o s.
I ì l u c a ç à oc ir lco lo g ia< lae n fcn n a g e nnr o Ilr a sil ; l {ai nrunrl aìr'l çrl ei ros
( ì e n n a n r - r- .ì .t r l. Sr ìol) a u lo: Co r le z, l9 ( ) 1 . da
lì ib I iograíìa.
Ì S l l N 8 5 - 2 4 9 - ( ) - 1 5 ì- 4
Enfermagem
noBrasil
L I : n l c r nr a g cm l:slu d oe cn sin o llr a sil l. l ìevi sl a l l rasi l çi ratl c
I Ì n r r n ; r g c r nl.' l ítu lo .

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paracatálogo
Índices sistemático:

| . []ra si l : l :n Íer r nager n : I:sludo c elsino ír I t) .7( ) ( ) BI


2 . l ìcvi sl a s : l r nlinnagcm o Ì0.7- ltl5

EEEHFã
SUM,\RIO

T NT RO DUÇÃ O :

Objetivos e Justificativado Estudo 't1

2. Fontes e Procedimentosde Pesquisa 16

PalavrasSobre a Exposição .... ......, 18

CAPíTULO
I

Breve históricodo Ensinode Enfermagem


no Brasil

1. Enfermagemno BrasiI 21
Ag r a d e co a todos os trabalhadoresd e s a ú d e
e de educacão que ainda acred it a m n a 2. Evoluçãodo Ensino de Enfermagemao longo do pe-
tr an sfor m a cão da realidadesocial e , p o rq u e ríodo 1923-80 33
a cr e d itam, lutam incessantem e n t ep o r
3. A AssociaçãoBrasileirade Enfermagem- Contribui-
ess a c a u s a . ções ao Ensino de Enfermagem
CAPíTULO
II

A Revista Brasileirade Enfermagem

1. Histórico da Revista 59
2. Temáticaabor.dada
pela Revista- Tentativade Carac-
terização 65
2 .1. In tr odução 65
2 .2. Período i 955-64 66
2 .3 . Período1965-80 72 PREFIiCIO

CAPÍTULOIII
O primeiro encontro,como estudantesde enfermagem,no
A Revista Brasileira de Enfermagem enguanto instru. t CongiessoNacionalde Estudantesde Enfermagem,- realizado
mento de Educação: Análise de suas bases concep. om Sãlvador- 1963,o segundoencontro,corno profissionais,
tuais rro XXXI GongressoBrasileiro de Enfermagemrealizadoem For-
taleza- í979, marcaramo nosso compromissode participação
1. A EstruturaMaterial da produçãoe Difusão lntelectual r:om HaimundaMedeiros Germano,na buscade uma compreen-
da Revista: Escolas,lnstituições,Intelectuais....... rão crítica da prática de enfermagemque permitisse a cons'
81 trução de um projeto de enfermagemmais coerente com a
2. TendêncíasFundamentaÍsda Revista enquantoveicu- realidadeda sociedadebrasileira.
ladora de uma Étíca e de uma prática profissional:a Prefaciar este livro representa a consotidaçãodestes e
(,utros encontrosposteriores e investe de maior responsabili'
direção cultural, moral e ideológica 87 dade o caminhoa ser seguido.
Este livro evidenciade forma bem clara que a história da
CONCLUSÃO 109 onÍermagemnão se processanum espaçoabstrato,mas ela se
dá de forma concreta na sociedadebrasileiracom seus deter'
BIBLIOGRAFIA .......113 Inlnanteseconômicos,polítícos e Ídeológícos.A evolução da
oducaçãoe ideologia em enfermagemé analisadadentro de
ABREVIATURAS uma concepçãonão simplesmentehistoriográfica,mas de uma
torma problematizadora, onde o objeto de estudo apreendido
lrassa pela construção de um processode análise,cujo quadro
teórico adotado evidenciaas relações entre a enfermagem,a
sociedadecivil e o Estado,em diversos momentos históricos.
Consubstancia-se de forma defínida neste trabalho, o papel
político da Associação Brasileira de Enfermageme a ideologia
voiculadapela Revista Brasileira de EnÍermagem,quando a rea'
lidade da enfermagemno período analisado(1955-80)é desntr
dada, demonstrandìsua vinculaçãoaos interessesdominanter'
e, portanto,a serviço da conservaçãodo sistema vigente' Cab''
notar que, apesar disto, a autora deixa claro que não se-dev':
inferir daí o raciocíniomecanicista,segundoo qual a enferma
gem reproduz os interesses dominantes.Esse raciocínio dt:
õerta foima dissolveas contradiçõesinerentesa uma sociedadtr
estruturadaem classes e grupos sociais, com interessesdis
tintos e antagônicos.
O esforço de documentaçãocuidadosa,pre€enteao longo
de todo o teito, revela,além de uma árdua tarefa, uma postura
ousada,na medida em que poucos trabalhossistematizadosde
enfermagemtêm-se peocupadocom tal tipo de estudo'
Nesú década de 80, quando se comemora os 50 anos de
fundaçãoda primeira Escolade EnÍermagemno país, este ,livro
vem óonstituir um marco importante na produçãodo conheci-
ItvTRODUÇÃ'o
mento científico da enÍermagem,não só pela oportunidadede
oferecer instrumentosde anãlisecrítica à atual crise de enfer-
magem, como também pelo tipo de quadro teórico-utilizado
do Estudo
que-, apesar de antigo, é quase recém-nato na enfermagem' 1. Obietivos e JustiÍicativa
princioalobietivoefetuar
O presentetrabalho-tem c-omode Enfermagem(HEBEn)'
StellaBarros" rrrnestudosobrea iíuult" Ét"sileira históricoem que sur'
janeirode 1984 rrrocurando
Salvador, sempre;;i;i;; o contexto e
desenvolvã;'ï';;ti"; de enfermagemno' Brasil
irtu e se Associasão de EnÍermeiras'
n conseqüenr,,o'tãïaã ãt-"tu é noiória'desdeseu início'
r;.ia preocupaçã9t;;iï primeiroesta'
confirmado se observaque no seu
q;;;J" "ï"ãçào
rstoé
ããóituroii'lãiaì- "Do nome'sede'
tuto,datadode 1eze"'ï;;; iã na letra "a" do art' 2''' lê-se:
duraçãoe fins O" a'sJJiãçãô"'
.re enÍernreirase
,,Trabalharincessantemente pelo progressoda ctìucação
que tenham os mesmos
ànrttrnsgem
pelo estabeleci,nt"t"-^al'-tttãt* it l
Jt Escola Oficial do Governo"
ï."ït-.t
oficial da
se constituiu no porta-voz das con'
A Revista naturalmente "servir de depositárìa
Associação,ui"noo"tàËtJiuaï Jánaoexistência à
que vão ir"*1""iì-'"nlotoundJ
cepções "
em
do grau de
exrgência*pa'ra obtenção 'mestre
* Estudo apresentado como do proÍessor New'
üãt"ãtràgiã do E"ti'.,o' 'oï"àtl"*çao
liducação, na Área at
oï..'d..lil
ron césar Balzan,na úìJ.*iaãa'de' Assocnçao-*a,crrï'r)iÏ'à, urtrr*agem, 7926'
AnavdeCorrêa
i." c'Ànver-úo,
480
n stella Maria P. F. Barros é professorada Escola de Enfermagem da uFBa. t976 Do*t"ntt{rio P
11
enfermagemnacional"' ou ainda como assinala um dos seus caçãoé entendidaaqui no sentldogramsciano- como uma rela'
editoriais,de í946, quando chama a atenção para o papel da "a relaçãopedagógica
óaò U" hegemoniapois, para esse autor,
Revista enquanto instrumentode divulgaçãode novos conhe- Iãó põOã*r limitaàaàs relaçõesespecificamente escolásticas"
cimentos profissionaise como elemento unificador entre os ã pd, conseguinte "toda relação.de hegemonia é necessaria'
enfermeirosdispersos por todo o território nacional.3 mente uma relação pedagógica..."i
A preocupaçãocom o elemento unificadore com "as con- Tratando-se,assim, de um estudo que privilegia também
cepções que vão plasmando,moldando e dando existência à as bases conceptuais,isto é, a direção cultural, ideológica,
enfermagemnacional" significa entatizara formação de uma moral, resumindo,a direção intelectual que a Revista impri-
ética, pois, segundoGramsci, miu no decorrer das diferentes conjunturas históricas que
marcaram o período analisado,importa pois identificar.quais
"não pode existir associaçãopermanente, com capacidade de desenvol-
vimento, que não seja sustentadapor determinadosptincípios éticos,
eram essas concepções(de educação'de saúde, da enferma'
que a própria associaçãodetermina para os seus componentes singula-
res, a Íim de obter a compacticidade interna e a homogeneidadeneces-
sárias para alcançar o objetivo".l para a enlermagem,pois ten o obietiuo de manter inforna'
uistaé,,importantissima
-os
ìlos todos membros da categoria espalhadosnum país de dimensões continen-
Ao. mesmo tempo, a unificaçãode enfermeiros dispersos por tais,comoéoBrasil".
todo o país. significa a preocupaçãoem estabelecerum vín- Por outro lado, em levantamento Íeito em 22 escolas de enfermagem, sediadas
culo entre a direção da Revista e suas bases.Ainda, a propó- em 18 Estatlos e mais o Distrito Federal, todas informafam que dispunham da
sito, observa Gramsci que REBE/ nas suas respectivasbibliotecas. Todas, ressaltarama sua importân-
cia para o ensino, parã a pesquisa, para a atualizaçãoda categoria' Algumas res-
"as direções, se não estão ligadas a um movimento de base, disciplinado, ssltatam ainda ser a única publicação no gênero que chega às suas escolas.Todas
tendem ou a se tornârem igrejinhas de profetas desarmados, ou a se disseramque a aludida Reuistaera consultadasistematicamentepor professores
cindirem de acordo com os movimenros inorgânicos e caóticos que se e estudantesde graduaçãoe de pós-graduação, onde existe, quer seia no prepâro
verificam entre os diversos grupos e camadas de leitores".s dc aulas, em pesquisa, u .- .rtuào iealizado em sala de aula, entre outras moda-
que os
lidadesde usã. Enquanto isso, a maioria das escolasconsultadasafirmou
E, ao que parece, a Associação Brasileira de Enfermagem cnfermeiros assistenciaistambém utilizam a REBEn Como se vê, a penetração
(,ABEn)tem procurado,através da Revista, manter o vínculo da Reuista Brasileira de Enlernagezr é evidente.
com as suas bases (estudantes,professores,enfermeiros),vi- O levantamentofoi eÍetuado iunto às seguintesescolas:E.E. UFAc-Rio Branco;
sando estabeleceruma moral homogêneapara toda a catego- E.E. Manaus; E.E. UFPa-Belém;E.E' UFCe-Fortaleza:E'E' URRN-Moçoró;
ria, daí a sua preocupaçãocom a educação. E. E. UFRN-Natal; E. E. UFPb-João Pessoa; E. E. UFPe-Recife; E' E' UFAL'
Assim sendo, e mais especificamente,trata-se de reali- Maceió; E. E. UFSe-Aracaiu; E. E. UFBa-salvador; E E' UNB-Brasília; E' E'
UFMT-'Cuiabá;E. E. UFMG-Belo Horizonte; E. E UFRJ-Rio de Janeiro; E E'
zar um estudo sobre a REBEn,í955-80,considerando-acomo
usP-são Paulo; E.E. Ribeirão Preto-usP-Ribeirão Preto; E.E. UFSCAR-São
instrumentode educaçãode toda uma massa de estudantes, Carlos; E. E. UFPr-Curitiba; E. E. UFSC-Florianópolis;E' E' UFRS-Porto Ale-
professores,enfermêiros e profissionaisde enfermagem em gre, E. E. UFG-Goiânia.
geral, espalhadospor todo o país.6Cabe esclarecerque a edu-
7. GRÁMSCI, Ântonio. Concepção Dialética da História- p. 37 O estudo da
hegemoniaem Gramsci "tem por obietiuo iustametttesublinhar a importânciada
diíeção cultural e ideológica" - PORTELLI, Hugues - Gramsci e o Bloco Histó'
2. Editorial da Reuista Brasileira de Enfermagen. Ano XV, n.' 5, Out. 1962. rico, p. 6), mas não somente isso "pois se a begemonìaé ético-política também é
p. 401. econômica; não pode deixar de se lundamextar da lunção decisiua que o- grttpo
t. Ver RESENDE, Marina de Andrade. Em: Reaista Brasileira de Exlermagem. dirigente exerce'no nrícleo decisiuo da atiuidade econômica"- GRAMSCI, An-
Ano XV, n.' 6. Dez. L962. p. 508. ,nnú - Maquiauel,a Política e o Estado Moderno. p 33' Enquanto.isso, Gramsci
,,uma concepção do mundo, que se manilesta implicita'
4. GRAMSCI, Antonio. Os Intelectuais e a Organizaçãoda Cultura. p. 167. <lefine ideolãgia como
,. Ibidem, p. 166. mettte na arti, no direito, na atiuidade econônica, em todas as manilestaçõesde
6. A propósito, a Profa, Haydée Guanais Dourado, redatora-cheÍeda REBEn, uida indiuiduais e coletiuas". GRAMSCI, Antonio. A ConcepçãoDialética da His'
salientou (em conversacom a âutorâ do presente trabalho, em 19.05-81),que a Re- t&ia. p. 76.

12 13
gerìì, de sociedade,.dosocial etc..)e a serviço de que
e dcr llrorezinhaTeixeira Vieira, da Escola de Enfermagemda Uni-
quem foram veiculadas.A serviço da conservaçãoou da
trans vnrsidadeFederalda Bahia (UFBa),denominado"ProduçãoCi'
formaçãoda sociedade?A serviço das poríticasde saúde, ado rntlÍica em EnÍermagemno Brasil - í960'79", trabalho apre'
tadas pelo Estado brasileiro,a fim de assegurara dominaçât, qnrrtadono concurso para professor títular na referída univer-
de classe ou a serviço dos interessesda maioria da pooura rldade. A autora estabeleceuuma amostra de 50o/o das Re'
ção? E ainda, como são colocadose discutidos os interesses vlrtas publicadasno período 1960-79,pesquisandoainda os
dos enfermeirosenquantocategoriaprofissi onale qual a ética Arraisdos Congressos Brasileiros de Enfermageme os volu-
transmitida: combatividadee insubordinaçãoou obediênciae rrrosle ll do Catálogode Teses do CEPEn.Entretanto,no que
resignação? pose a importânciado trabalho,os seus objetivos são inteira-
É fundamental também identificar onde se encontram urontediferentes daqueles ora propostos pelo presente estu-
localizadosos centrosde produçãointelectual(em que univer, rkr. Assim, a própria TherezinhaVieira explicita que "é obje-
tlvo deste trabalhofazer uma avaliaçãogeral da produçãocien-
grdades,em que escolas, em que Estados) que ali'mentama ttÍica da enÍermagemno Brasil nas décadasde 60 e 70' '.",8
BEBEne o que veiculam a partir, inclusive,àos grandesvul.
purtanto,nada que diga respeito à direção cultural, moral e
tos da enfermagemcomo FrorenceNightingaree Aú Néri. Ter,- idcológicaassumida pela Revista. Para Vieira interessasaber
tar desvendaro que se encontra por trás dessas formulações o que foi produzidoe não que mensagens,que concepções
e evidenciar as articulações existentes entre a enfermagem plasmarama ética e a ação da enfermagemnos últimos anos.
[como profissão) e sociedadeno Brasil são os principais ob- Além do mais, a presentepesquisaabrangeum períodomaior,
jetivos deste trabalho. lÍ155-80,e abarca a totalidade dos números da Revista publi-
Diante disso, o presente estudo é plenamentejustifica_ r;udosnesse espaçode tempo.
.
{o e sua importância resulta, em primeiro lugar, do fato No que se refere ao segundocaso,ou seja, da enfermagem
-a
de a Revista Brasileirade Enfermagem,além de õrgão oÍicial r:omo profissão e como prática social, a inexistênciade es'
da AssociaçãoBrasileirade Enfermãgem,ser, de lonie, o rnais tudos é ressaltada por Maria Cecília Puntel de Almeida e
importante veículo de comunicaçãona área da enfermaqem r:olaboradores em trabalho apresentadono XXXlll Congresso
e o .de mais ampla circulação nacional,atingindo todos"os Urasileirode Enfermagem,realizado em agosto de 1981 na
Estadose Territóriosbrasileiros.Em segundolugar,pela grande r:ldadede Manaus-AM.Nas conclusõesdo trabalho,referindo-se
importânciaque a REBEne a ABEn concedemà educacãó.Bas_ no períodode 1975-79,Almeida e colaboradoresdestacamque:
ta ver os artigos da Revistadedicadosà educaçãoe fornração
profissionalque atíngemelevadospercentuaisnô período í9s5- - "A área de pesqui sa pri ori zada no úl ti mo qüi nqüêni o c orres ponde a
-80 (Tabela2) bem como das recomendações dos Congressosda assi stênci ade enfermagem,50To da s tes es ;
ABEn realizadosentre 1g4T-82,54oloreferem-setambém à edu- - N o total geral ,"- a mai ori a dâs tes es (44.1c o) c orres ponde a área
cação e ao ensino [Tabela1J. Em terceiro lugar,porque existe de assistência (aspectos internos e técnicos da profissão), seguida da fuet
carência de estudos a respeito da Revista é da enfermagem biológica com 20,6Vo e em terceiro lugar administração em enfermagem
com umâ percentâgem de 19,6Vo;
como prática social. No primeiro caso, ou s eja, da Bevista e
da produçãointelectual na área da enfermagóm,são coúecí_ - As áreas da pro{issão, ensino e saúde pública são as menos trabalha'
dos apenas dois trabalhos a nível de tese, sencJoum deles das, com uma percentagem de 4}Vo, 7,lvo e 1,4(% respectivamentei
realizado pela lr. cleamaria simões, intitulado "contribuicão - A produção do conhecimento da enfermagem, até o presente tem estâ-
ao Estudo da TerminologiaBásica de Enfermâgemno Brasil _ do cenrada nos âspectos internos da prática profissional, enquanto prí
Taxionomiae Glassificação'.Trata-sede umã pesquisa apre- tica técnica:

sentada na Escola de EnfermagemAna Néri da universidade


Federal do Rio de Janeiro tUFRJ), onde a autora sistematiza
um Glossário de Enfermagem,com base na terminologiaem- It. VIEIRA, Therezinba Teixeira. Prodação Cientíltca em Enlermagem no Bra'
pregada pela REBEn,utilizando os números da Revistã publi- úl; 1960-79.p. 9,
cadosno quadriêniode 1974-78. o outro trabalhoé de autoiia de ' Esse total geral cortesponde ao período 196]-79.

14 ì5
- A á t e a d a p r o f i s s ã o d e e n fe r m a g e m , ( ) tì( l( ( st,r t.r tr ttr, l rrt,l ,,s ,ts r't Bahia (UFBa)- Salvador-BA;Biblioteca da AssociaçãoBrasi-
t udos d a p r o l i s s ã o c o mo p r ó tica so cia l, q u c s< ' tt l.trt,r tt,t r (ìrrì ('utti rs l ìr'i í- leira de EnfermagemABEn-Central) - Brasília-DF.
t ic as s o c i a i sn a e s t f u t u r â e co n ô m ica , p o lítica t r ,lt,' 1 ,' t' r ,.r,1,,1'.rr',tÌ,Ì()l (ttt
sido objeto de pesquisas".e Como procedimento de pesquisa foram dados os se-
guintes passos: delimit açãodo estudo - definiçãode propó-
(leste
Ante o exposto,pode-sedepreenderqtro ;r r(:;rlr,/;t(,:;ro nitos, objetivos e do fio condutor da investigação;coleta do
trabalho é pertinente e plenamente jusl ilir:irrl;r A oscolha material de pesquisa - foram mantidos entendimentoscom
do períodode investigação1955-80foi motiv;rrl;tgrcloÍrrto de as instituiçõescitadas,onde se conseguiuacesso à bibliogra-
ter sido a partir de 1955 que a Revista Brasileir;rtlc EnÍerma. íla necessária;estudos dos artigos da Revista,pertinentesao
gem começou a circular, como publicaç;roro(lttl;u.r:trt subs' objeto de pesquisa - educação,a profÌssão de enfermagem,
tituição aos Anais de Enfermagemque vitrlurrn:;crrrÍoltubÍi- ótica, Associação Brasileira de Enfermageme sobre a propria
cadosdesde 1932,emborade forma inconstatttcc trtcr;ttlitr.Por REBEn;categorizaçãoprovisória de 1.040 artigos e matérias
outro lado,diferentesconjunturashistóricas rlr:sr:ttvolvitnen- publicadasna Revista ao longo de 25 anos. A categorização
tismo de JK, crise e mobilizaçãopopulardo inÍt;iotlo:;;tnos60, Íoi estabelecidanão somentea partir do materialempírico,mas
golpe e ditaduramilitar a partir de 1964 possilrilil;rÌìíì que tambémde uma orientaçãoteórica que viabilizavaa explicação
se faça uma análiseda enfermagemnesses viirios nrotttcntos, da reafidade social.10Essa categorizaçãoprovisóriaÍoi subme-
segundoa Bevista. tlda a apreciaçãode um grupo de especialistas,composto de
11 membros docentes do Departamentode Enfermagemda
UFRN,que durante uma semanase dedicarama sua análise e
2. Sobre a Investigação: Fontes e por fim propuseramalgumas modificações,as quais foram in-
corporadas,formando,assim, a categorizaçãoadotada no pre-
Procedimentosde Pesquisa sente estudo. A seguir , cada categoriafoi dividida em subca-
tegorias,também analisadaspor esse grupo de docentes.Torna-
A principal fonte de pesqursil (),:ì()nr <lrivirÍlr,a Revis- se importante aqui explicitar a dinâmíca que norteou o fun-
ta Brasileirade Enfermagem(REBEn),rro pcrrorlo1Í)5580, sendo clonamentodo mencionadogrupo de especialistas.Inicialmente,
objeto de estudo todos os exemplirrcslrrrlrli<;lrrlos
rro espaçode foi feita a classificaçãode todos os artigos e matérias,bem
tempo deÍinido e que totalizam'l 0tì volrrrrr<)s,
ootìì[)reendendo como a categorizaçãoe subcategorização dos assuntos.Entre-
1.040 artigos e matérias.Outras forrtes.I)orí)rÌì,{oram pesqui- tanto,quando a categorizaçãodivergia da que foi estabelecida
sadas,entre as quais merecem destaque:Os Anais de Enfer- anteriormente,bem como quando ocorria divergênciaentre os
magem,revistacriada em 1932e que antecedcrra REBEn;Anais membrosdo grupo, era empreendidaentão uma discussãoso-
dos Gongressos Brasileiros de Enfermagem; Betrospectiva de bre o tema, subsidiadapor uma respectivaleitura do texto e,
33 Congressos Brasileiros de Enfermagem; Documentário da om seguida, mediante votação, era efetuada a classificação,
Associação Brasileira de Enfermagem- í926-í976; Legislação prevalecendo a posiçãotomada pela maioria.Destaque-se que o
Específicade Enfermagem- 1832-1972;Bibliografia sobre o grupo,em questão,não tinha o conhecimentoda categorização
assunto investigado. estabelecidaprovisoriamente.
O referido material foi recolhidonos seguinteslocais: Bi-
bliotecado Departamentode Enfermagemda UniversidadeFe-
deral do Rio Grande do Norte (UFRN); Biblioteca do Centro 10. Á propósi to, é el uci dati va a s egui nte c i taç ão: "...partìendo de l os s i m-
ples datos, de los simples documentos, seria posible cuando mucho llegar a
de Ciências da Saúde da mesma Universidade- Natal-RN;
dguna clasilicación o t un ordenamietíto que pernitiese alguna generalización,
Bibliotecada Escolade Enfermagemda UniversidadeFederalda
p.ro nunca se coxsegueria tobrepasar un niuel muy bajo de teorización y, por
ln laíto, de explicacióx de los proprios hechos a que se relerian. Sin una
rritntación teórica lirme y coberente, sería preciso satislacerse con la con.
9. ALMEIDA, Maria Cecília Puntel de, et alíi. A Produção do Conbecimento ,lición de pentoflecer prisìoxero de los proprios datos, lo que uendría a iden-
na Pó*Graduação em Exlermagem no Brasil. Em: Anais do XXXIII Congresso Irlrarse.. en otro plano crtn peïmanecer prisìonerO de la ideología dominante"
Brasìleirode Enfermagem.p. 125. (griÍos nossos). (:ARDOSO, Miriam Limoeiro. La Construcción de Cotocimìentos.

16 17
Educaçãoe Formação Profissional
relacionacom outras práticas sociais Ieconômìcas,políticas,
a) Ensinode Enfermagem; ldeológicas),em meío a uma totalidade histórico-social,que
b) Currículo; configuraa própria sociedade.lsso implica, naturalmente,em
cl Ética profissional; evidenciaras relações entre a enfermagem,a sociedadee o
d) Histórico de Escolasde Enfermagem. Estadono Brasil,ao longo do períodopesquisadoe de que for-
ma esse intercâmbiotem ocorrido.Daí a importânciado estudo
tl Assistência ldiferentes áreas de atuaçãoda enfermagem) da AssociaçãoBrasileirade Enfermagem(ABEn),como um apa-
a) EnfermagemMédico-cirúrgica; relho privado de hegemoniae, portanto,como uma instância
rla sociedadecivil,ttno sentido empregadopor Gramsci, da
b) Enfermagemem Doenças Transmissíveis;
rlual a Revista é uma expressão.
c) EnfermagemPsiquiátrica;
d) EnfermagemMaterno-infantil; Além desta introdução,este trabalho apresentaa seguin-
e) Enfermagemde SaúdePública; te ordem de exposição: Capítulo l, intitulado Breve Históri-
f) AdministraçãoAplicada à Enfermagenr; co do Ensinode Enfermagemno Brasil,dividido em três partes,
g) Enfermagemdo Trabalho. onde são abordadosrespectivamentede forma abreviada-. um
hlstóricoda enfermagemno Brasil, a evoluçãodo ensino de
ilt. Vida Associativa e Interesse Profissional nnfermagemao longo do períodode 1923-1980 e, por fim, a cria-
Çâoe desenvolvirnento da ABEn,em particular,no que diz res'
a) Congressos; peito às suas contribuiçõesao ensino.
b) Concursos:
O Capítulo ll trata especificamenteda Bevista Brasilei-
c) Legislaçãode Enfermagem;
ra de Enfermagerne divide-se em duas partes: a primeira
dJ Associaçõesrepresentativasda Enfermagem;
r:onstade um histórico da REBEn,enquantoa segundacorres-
eJ Enfermageme Sociedade;
pondea um estudo de diversos teffìas abordadospela Revista
f) A Profissãode Enfermagem. .- Educaçãoe FormaçãoPro-
no longo do período 1955-1980
ílssional, Áreas de Assistência da Enfermagern,Vida Associa-
IV Centros de Produçãoe Difusão Intelectualr
Os articulistasda REBEn tlva e InteresseProÍissionale suas respectivassubcategorias.
O Capítulo lll intitula-se A Revista Brasileira de Enfer-
aJ Escolase instituiçõesem que os artigos são escritos; magem enquanto lnstrumento de Educação: Análise de suas
b) Instânciasde difusãoda produçãointelectualda REBEn;
BasesConceptuais.Encontra-setambém dividido em duas par-
c) Os intelectuaisda enfermagern,segundo os diferentes
graus e funções.

fl A ssínal a C outi nho, que, pa râ Grams c i , "O E s tdào (...) c omporta duas es '
l','t, ltrincipaìs: a socictlatle política (que Cratn.sci tambérn chrtma ,Je Eslatlo,
3. Palavrassobre a Exposição ,q tcntido estrilo ou EstuJo-ccterção), 4rrc ó lornatlu peltt coniunío tlc,s
"le
iltn tuìstTzos atraués dos quais a classe loninau/e deíén rt ntonopólio legal la
Enguantoa investigaçãoe o momento em que o objeto (o,tt os aparelhns de coerçãc, sob
'rl'rt'rtão e da t'ìctlôncia, c qilc se identilit'd
de pesquisa é tomado em seus pormenores,a exposição é ,' ,,,utrole das burocracìds (xec,,tlit)as e policìal-nilit.tr; e à sociedadr- civil, lor-
o momentoda síntese.É a ocasião em que o pesquisadorpro- u,Llt prccisat tente pelo conjultct dtts orUani:,tÇõe5 t.'ipoil!úL't'ìs pela clabota
cura tornar inteligívela realidadeque se propôs a estudar.No virr , f ,,, dilusão das itlt'ologids, tonpreendettJtt o sìstt'uu r:scolat, as Igrejas.
presente caso, tratando-secle um trabalho sobre a Revista ,'r 1,,111iJ65políticos, os sìndìcatos, as orgruti:ações prolissionais, t organiução
Brasileirade Enfermagem,torna-seimperativolocalizara enfer- uttr'rHl da cultura (reuìstas, jornaìs, editoras, ntios de conunit'dçao de rtassa)
magem como profis são,não como prática interna que se de- ,r, ' (.OU TIN H O, C arl os N el s on. GR A I[.](. 1 p, 91 Os "aptrc l hos prìt' tdos
l, lt1lt4'v116ni4"<r.ttstì!uen poìs "os organisntos tle partictp,tç,to |olitrta Doliln
senvolvea partir de si mesma, mas como prática social gue se tá,t,r\, ('que nào se caracíe ri z am pel o us o da rt' prts rão" Ibi dem, p.90

r8 19
tes: em primeiro lugar, figura uma breve caracterizaçãoda
estrutura materíal da produçãointelectualda Revista.Trata-se
de identificarem que escola (e instituições)são produzidosos
artigos da BEBEne quem os escreve (professores?diretoresde
escola?chefes de serviços?enfermeirosassistenciais?).Existe
uma hierarquiaentre essas escolas (as que produzeme difun-
dem e as que só difundem os conhecimentosveiculadospela
Revista?ì.Se existe uma hierarquiaentre instituições,existe
também uma hierarquiaentre os intelectuaisda enfermagem?
São questões postas nesta primeira parte. Em segundo lugar,
segue-seuma análise da direção cultural, moral e ideológica
difundidapela Revista,com vistas à formaçãode uma ética e
de uma prática profissional,residindoaqui o caráter educativo,
por excelência,da ABEn,atravésdo seu órgão de divulgaçãoe
formação.Seguem-se,finalmente as conclusões.
CAPTTULOI

BREVE HISTORICO DO EA/S/IüO


DE EIúFERMAGEMIüO BRASIL

l. Enfermagemno Brasil

Antes de discorrer sobre a enfermagem de hoje, uma


hreve análise de sua ev oluçãono Brasil se faz oportuna,uma
v(rzque a compreensãode qualquerárea do conhecimentose
nrrcontraestritamenterelacionadacom suas origens, suas raí-
ros, tornando-senecessáriobuscar na história explicaçõespara
íatos ocoffidos na atualÍdade.
Portanto,a enfermagem,da qual ora se fala, reporta-se
no período colonial, quando os jesuítas na missão de cate-
qulzar os índios brasileiros, de facilitar a dominação pelos
orrropeus,introduziramalguns costumes,tais como o uso de
r(,upasimposto pela moral cristã, concentraçãodos índios em
grrrndesaldeias, algumas alterações nas danças e festivais
c{rnuns entre eles, substituindo-ospor cantos religiosos que
fnlnssemde Nossa Senhorae dos Santos,enfim. uma série de
lrrlluênciasque contribuírampara a degradaçãoda raça e da
2A
21
cultura indígenano Brasil.l Mas, como se não bastassea con- No Brasil, a primeira dessas Santas Casas foi a de San-
tribuição dos jesuítas,os colonos que aqui chegavam,possuí- tos-SP,seguindo-seRio de Janeiro e posteriormenteVitória,
dos de grande interesseeconômico,foram Olinda,llhéus,todas no século XVl. A enfermagemaí exercida
tlnhaum cunho essencialmente prático; daí por que eram êxces-
"os principais agentes disgênicos entre os indígenas: os que lhes alte- ilvamentesimplificadosos requisitospara o exercíciodas fun:
raram o sistema de alimentação e de trabalho, perturbancloJhes o me- ções de enfermeiro; por outro lado, não havia exigência de
rabolismo; os que introduziram entre eles doenças endêmicas e epidê- qualquernível de escolarizaçãopara aquelesque as exerciam.
micas; os que lhes comunicaram o uso de aguardente de cana".:
0ontandocom voluntáriose escravospara o cuidadoaos doen-
lss, os religiosostambém prestavamassistênciae faziam su-
Os novos hábitos aumentarama mortalidadeinfantil, acarreta- pervisãodas atividadesde enfermagem.Essa situação perdu-
ram o aparecimentode doenças,principalmentea disseminação rou desde a colonizaçáoaté o início do século XX, ou seja,
das epidemias,pois com o uso das roupas,apenas para citar ttma enfermagemexercida em bases puramenteempíricas;os
um aspecto,a higienizaçãose tornou muito precária,visto serem llvrosconsultadoseram de medicinapopulare enfermagemca-
as mesmas usadas até ficarem podres. nelrapublicadosem Portugal.Um manual,Guia do Enfermeiro,
É a partir desse contexto que se pensa a enfermidadee a Inuitoconsultadopor aquelesque se dedicavamao cuidadodos
necess idadede alguém para cuidar dos enfermos. tloentes,foi escrito em í783 por FranciscoMorato Roma, inti-
Ittlado- Luz da Medicina ou PráticaRacionalMetódica,publi-
Não desconhecendoterem sido os próprios índios os r:adotambém em Portugal.
primeiros a se ocuparemdos cuidadosaos que adoeciamem
suas tribos, nas pessoas dos feiticeiros, pajés, curandeiros, A preocupaçãocom a cura em detrimento da prevenção,
com a colonizaçãooutros elementosassumiramtambém essas ou seja, de medidas profiláticas, vem coincidir com a his-
responsabilidades, dentre eles os jesuítas, seguidos posterior- lória da medicina,onde os primeiros médicos e cirurgiõesti-
mente por religiosos,voluntários leigos e escravosseleciona- nham na colônia a função de assistir os súditos colonizadores
dos para tal tarefa. Surge assim a enfermagem,com íins mais r;trandoenfermos, constÌtuindo-se,portanto, em "uma perso-
curativ osque preventivose exercidano início,ao contráriode rrngemque figura entre o Rei e seus vassalos,através da pre-
hoje, praticamentepor elementos apenas do sexo masculino. nonçada doençae da morte".{ Eram enviadospelo Rei em aten-
rllmento a solicitaçãode grupos da administraçãocolonial e
Foi nesse período, por volta de 1543, que as primeiras
Santas Casas de Misericórdia foram fundadas para recolhi- l,nssavamentão a integrar essa administraçãocomo funcioná-
rlos,com autonomiarelativa,submetendo-se, entretanto,a rigo-
mento de pobrese órfãos,pois assim eram concebidasna época
rosa e complicada hierarquiados órgãos fiscalizadores.Suas
SegundoFoucault, preocupaçõeseram centradas muito mais na doença que na
"antes do sécuÌo XVIII,
snúde.
o hospital era essencialmente uma instituição
de assistência aos pobres. . . O pobre como pobre tem necessidade de As Santas Casas se propunhama um atendimentopura-
assistência e, como doente, portador de doença e de possível contágio, rrronteassistenciale destinavam-seprincipalmenteaos enfer-
é peri g o s o . P o r e s t a s r a zó e s, o h o sp ita l d e ve e sta r p r e s ente tanto pârâ
rrrosmiseráveis,embora recebessemtambém outros doentes,
recolhêJo, quanto para proteger os outros do perigo que ele encarna,
i . . . ) Assegurâ\'â-se, portânto, a salvação da alma <1o pobre no momento
rlontreos quais soldados,pelo fato de não existirem,na época,
da m o r t e ( . . . ) . T i n h a fu n çã o d e tr a n siçã o e n tr e â vi da e a morte, lrospitaisgovernamentais.Os hospitaismilitares foram criados
de salvação espiritual mais do que material, aliada à função de sepa- uomentea partir de meadosdo século XVlll, muitos deles com
ração dos indivíduos perigosos para a saúde geral da popuiaçfr6".:t vorbasoriundasdo própr iosaláriodos soldados,que concediarn

l. FREYRE, Gilberto. Casa Grunde & Senzalap. 152-56


2. Idem, ibidem. '| MACHADO, Roberto, et alii. Danaçãoda Normu. Medicina Social e Cons
,. FOUCAULT. À{ichei. Microlisìca ito Poder p. 101-02 tttrriçrio
da Psiquiatriano Brasil. p 2 3 .

22 23
desconto em suas folhas de pagamentopara tal fim.t Toda a Ana Néri, na época,era viúva de oficial, mãe de dois filhos
assistêncíaprestada aos enfermos provinha da iniciativa pri- rria.ltcose um oficial do exército,portanto,de condiçãosocial
vada,chegandoalgumasdessasSantasCasasa serem construí- liirnniuelmente privilegiada;e, o principalmotivo de seu volun-
das à base de esmolas; portanto,as camadasmais pobres da para servÍr nJguerra, deveu-seao fato de dois dos seus
inrtrr<Jo,
populaçãoque delas necessitavam,recebiam ali precário tra- flllros e' dois irmãos óficiais encontrarem-senos campos de
tamento. hatlllha.Por seu esmeradoespírito de dedicaçãoe incansável
ao final da guerra foi con-
A medidaque ordensreligiosaschegavamao Brasil,a admi- 'governoaos so[dados,
iirt"tencia dispensada
rlor:orada pelo brasileÍro,tendo recebido o título de
nistração dessas casas ía-lhes sendo entregue,contudo sem além de duas medalhas - Humanitáriade
úm do" Érasile-iros,
que fosse assegurada,por parte do governo,a manutençãodas
tlngundaClasse e de CamPanha.
mesmas. O sentimento de religiosidadeentre os primeiros a
exercerema enfermagemmuÍto marcou seu espírito até hoje, Portanto,a ideologiada enfermagemdesde sua origem, e,
haja vista todo um discurso ideológicodifundido por escolas, arrrparticular,a de Anã Neri, para os brasileiros,sìgnifica:abne-
gação,obediência,dedicação'lsso marcouprofundamente pro-
serviçose pela própria RevistaBrasileirade Enfermagemsobre .a
as qualidadesinerentes ao bom proÍissional;aparecem como Ítràao de enfermagêm- o enfermeiro tem que ser alguém
característícasde prímeira ordem, a obediência,o respeito à rllaciplinado e obediente.Alguém que não exerçaa crítica social,
ra-
hierarquia,a humildade,o espíritode servir, entre outras. lrorémconsole e socorra as vítimas da sociedade.Por essa
,no, os enfermeirosenfrentamsérias dificuldadesde ordem pro-
Dentre aquelesque se dedicaramà enfermagemna época, llasional,desde as longasjornadasde trabalho,baixos salários
rnerece um destaque especial o franciscanoFrei Fabiano de r:ómparadosaos de oútros profissionaisdo mesmo nível, en-
Cristo, que, por quase quarentaanos, exerceu as funções de
enfermeirono Conventode SantoAntônio do Rio de Janeiro,no
século XVlll. A história ainda registra,em fins do século XVll,
o trabalhoda voluntáriaFranciscade Sande,viúva,que na Bahia rrrnr página negfa na história da América Latina, tal o genocídio praticado.
Ar*im, Jnqu^rrrá,,Ano N&i se rcsolue a dedicar seu destino aos soldados em
se dedicouao tratamentodos doentespobres,chegandoa abri-
lut,t contra o absolutismo de Lopes" (rüaldemar de oliveira - Ana Néri -
gá-los em sua própria casa, em virtude da falta de leitos nas li,'uista Brasileira de Enfetmagemi:'Rio de Janeiro, (2): 58, Jun-1956), o Conde
Santas Casas, por ocasÌãodas freqüentesepidemiasde febre l)'lìu, comandantedas tropas brasileiras,ordenava o incêndio do hospital de
amarela e peste, daquele período. fcridos de Peribebuy, com os pacientesno seu interior. Ver a propósito GHIA-
VIiNATTO, Júlio José. Genãcidio Americano: A Guerra do Paraguai. SÁo
Um outro nome a se fazer referêncianessa fase emoírica I'rulo, Brasiliense.1979.
ó o da também voluntáriaAna Justina FerreiraNéri, conl-recida
 guerra significou a completa destruição da economia paraguaia,considetada
como Ana Néri, que vem marcandodecisivamentea enferma-
ouaÃç"dapaã a época. O analfabetismohavia sido erradicado desde 1840 e o
gem até nossosdias. Destacou-se a brasileiraAna Néri por seu o término do con'
Irnís apresentavaum quadro original na América Latina.
abnegadocuidedoaos soldadosferidos durantea guerra do Pa- ilito no, dá uma dimensão da dizimação da população, "pois as cidades, as
raguai no século XlX, guerra essa que, na verdade,significou t,ilas e as ahleias do Paraguai ettaoan despouoadas.SobreuiueraLl4 da
popu'
para a hístóríada Améríca Latinauma verdadeiradestruícãodo lação - cerca de 200 nit prtroot - 90vo do sexo t'eminino. Dos 20 nil b:mens
país e do povo paraguaiopara garantiro imperialismobritânico.(l ai'nilacom,aid.a,75Voeran aelbos acima de 60 anos ou gLtotos fteflotet de 10"
(:ANCOGNI, M. et alii. solano Lopez, o Napoleão d,o Prata. Rio de Janeiro'
liditoia CivilizaçãoBrasileira,p. 260, citado por ALENCAR, Francisco'Op. cit.
p. 170.
t. I dem, p . 1 2 3 .
Este é um quadro diferente do que é apresentado pela história oficial, princi-
6. O símbolo máximo da enfermagem no Brasil, Ana Néri, a chamada Mãe palmente nos livros escolares,onde, via de regra, os brasileiros apâfecem como
dos Brasileìros, destacou-se nos serviços qur: prestou aos soldados brasileiros heróis ou tflocìnhose os paraguaioscomo bandidos ou ailões. Este tâmbém é o
d urant e a G u e r r a d o P a r a g u a i ( 1 8 6 4 - 1 8 7 0 ) . Ao co n tr á r io do que mostra t hi s- cenário em que Ana Néri é entronizada, símbolo máximo da enfermagem no
passa
tória oficial, esta guerrâ movida pelo Brasil, Argentina e Uruguai (a Tríplice Brasil, um er.mplo a ser seguido por todos os enfermeiros. o enfermeiro
4ü*ç") a serviço do imperialismo britânico, e contra o Paraguai., constitui s ser o símbolo da abnegação, da dedicação e da obediência'

24 25
tim, sua organÌzaçãopolítica é frágil e quase sem autonomia, rluiatria,com o corpo docenteformadoapenaspor médicose psi.
pois a própria ABEn, seu órgão de representaçãomaior, não r;uiatrasdaquelalnstituição.O motivo maior da fundaçãodessa
foge a esse espírito, servindo todavia para difundir e veicular (Ìscoladeveu-seao fato de terem as irmãs de caridade,respon-
os interessesdo Estadona área da saúde.Acrescente-se. aínda. uúveis pela enfermagem,deixado o hospital por incompatibili-
o importante papel que a escola desempenhana formação do rladecom a nova direção interina que passoua cercear muitas
enfermeiro,principalmenteatravés da ética profissionalque aí rlo suas atribuiÇões.
se ensina, reforçadorade toda essa ideologia,sem contar a Somenteem 1923,quase um século depois da organização
presença predominantena enfermagematual do elemento do rlo ensino médico, surge, no Rio de Janeiro, uma escola de
sexo feminino,grupo já discriminadopela própriasociedade. onfermagem,a EscolaAna Néri, com orientaçãoe organização
Mas, voltando um pouco ao século passado,registra-seaÍ rle enfermeiras;daí por que a maioriados documentosregistra-a
algum crescimento no campo da medicina,com a criação de (;omoa primeira escola de enfermagemdo país.
suas prÍmeírasescoÍas,dentre as quais a da Bahia,a primeira
Emborase possa mencionaruma evolução no ensino mé-
do Brasil. criada em 180B.coincrdindocom a vinda da família <licoduranteo lmpério,a partir da própriaorganização
da Socie-
real para o Brasil.?Antes da existênciade escolas,cursos espar-
dadede Medicinae Cirurgiano ano de 1829,não se pode dizer
sos eram ministrados,principalmentenas áreas da anatomia, o mesmosobre a saúdeda população,explicitamentesobre seus
cirurgia, medicina clínica, obstetrícia,espalhadosentre Bahia, $etoresexplorados,sobre a organizaçãoda saúde pública,uma
Rio de Janeiro e São Paulo,contudo sem o propósito de uma
vez que essas questõesextrapolavamo saber e poder daqueles
formaçãointegral,tendo por conseguinteum caráIermuito mais profissionais,constituindo-senuma instância eminentemente
emergencial,circunstancial. política.
A partir do início do século XlX, novos cursos foram sendo
fundados,emborao ensino médicosomentetenhase organizado Um pequenoesboço de organizaçãoda higiene pública,no
em 1832,quando à escola foi reservadoo direito de conceder Brasil,surge a partir das constantesepidemiasque atacavam
ao estudanteo título de médico,o que até então ficava a cargo rr cidade do Rio de Janeiro na primeira metade do século XlX,
de outras instâncias,como, por exemplo,a Fisicatura.s particularmentea febre amarelaque, por volta de í850, chega
n matar mais de quatro mil pessoas.É então quando o Minis-
O mesmo não ocorreu na enfermagerì; data de íS90, já tério do lmpério recorre à Academialmperialde Medicina,soli-
no final do século,a criação de uma escola de enfermagemno citandodesta a elaboraçãode um plano para combateressa epi-
Rio de Janeiro, a Escola Alfredo Pinto, que nasce no próprio demia.Os médicos,em atendimentoao apelo,procurarammos-
Hospíciode Pedro ll , também chamado Hospital Nacionalde trar toda eficácia no combate à morte, bem como sua respon-
Alienados,para atendera crise de pessoaldaquelemomentoe, sabilidadena preservaçãoda saúde da população.
portanto,com objetivos direcionadosprincipalmentepara a psi- Nessa ocasião algumas medidas sanitárias foram reativa-
das,constituindo-se portantona existênciade um órgãodirigente
da saúde pública, divÍsão da cidade em paróquiase distritos
7. Na Am é r i c a L a t r n a , a cr ia çã o d a s p r im cir a s lr r cr r ltl:r < lc <l
s c r.rrsi rro superi or para maior organizaçáo sanitária,serviço de assistênciagratuíta
foi nat uralm e n t e o r i e n t a d a p a r a a Ío r m a çã o d c b a clr :r tiis t.rrr I)i rci to,- neces- uos pobres,serviço de inspeçãosanitáriapara visitas periódicas
sários à re s o l u ç ã o d e c o n f l ito s e n tr e o s c( ) r n lx) r ìr lìtcstlc clitr' ,,,r","r.,"," -, de a navios, mercados,prisões, hospitais,colégios, matadouros,
médicos - Íundamentais para cuidar da saú<le c crrr:rr irs t.nlt'r'rnitlades dos lgrejas (...), fiscalizaçãodo exercício da medicina,cirurgia e
l a t ino-am er i c a n o sr i c o s - e d e e n g cn h cir o s civis Í) ìr ir c( ìrì\trui r sr.rrs pal áci os Íarmácia,registro de casos,enfim, medidasque contribuíssem
e res idênc i a s ,a s o b r a s m e t r o p o lita n â s I- OI) lr S, lo st: l.t itt ( . ri nt ìu t Li hertação. para um melhor conhecimentomédico dos fenômenos,a fim
p. 90. de possibilitarum planejamentomais eficaz.e
L Tribunal formado por pessoas de coniiança do lìtr c rì() crÌso cspecífico da
medicina, controlava a concessão de títr.rlos c porlia rcstlirrgir () rìtilÌìcro clc cirur-
g i õ es ou im p e d i r q u e l h e s fo sse m co n ce tlid o s r lir cit.r s t' ;r tlillri çõcs cl c médi co,
(r. Idem"p. 24445.
com o erâ p o s s í v e l d e s d e 1 81 1 . M ACHADO, Iìo b tlto ct r r l i i . Op. ci t. p. 175.

26 27
Todasessas providênciassÍgnificarammuito pouco em rela-
rindamomento,o contextohistóricoespecíficoda sociedadebra-
ção às precáriascondiçõesde vida da grande maioria da popu- Elloira.Este aspecto será retomadoposteriormente,quando da
Iação,persistindo,portanto,o grave problema das epidemiase
de outros males. Enquantoisso, no campo da medicina bem arráliseda evoluçãodo ensino de enfermagemno país'
como da biologiajá se registravaum progressocientíficoconsi- É imprescindívelnesse históricose fazer referênciaà Asso.
derável. Conformepode-seobservar,verificava-seum descom- claçãoBrasileirade Enfermagem,entidade representativada ca-
passo entre o avanço do conhecimentoe as reais condicões tog'oria,que, ao lado de uma luta em defesados interessespro-
de saúde da populaçãobrasileira. desenvolveutambém uma silenciosa,mas intensa
llaãionais,12
No começodess e século,já na Bepública,por volta de í903, ,,rróà"6" em busca de disseminaras intençõesdo Estado,na
o Brasil entra em crise, do ponto de vista de suas relações rlreada saúde, tendo para tal utilizado,entre outros veículos,
comerciais,pelo fato de ocorrerem novas epidemiasde febre ii óiOpriuRevistaBrasiíeirade Enfermagem,órgão por ela criado.
amarela e, os navios estrangeirosque atracavamno porto do
Rio de Janeiro,tinham seus tripulantesconstantementeacome-
tidos pela doença, acarretando,inclusive, a morte de muitos 12. como resultado das lutas da ABEn destacam-se enfte outros feitos:
deles. Em conseqüência,surge a ameaçados países que nego- Decreto n." 20.109 de 15-06-193I do Governo Provisório da República -
ciavam com o Brasil, no sentido de cortarem relaçõescomer- Itegula o exercício da enfermagem e fixa as condições para a equiparação das
ciais, caso o governobrasileiro,de imediato,não saneasseseus ..colas de enfermagem - CARVALHO, Anayde corrêa de. Associação Bra-
portos; esta era, portanto,uma condiçãonecessáriaà continui- rrltìrade'Enlermagem,1926-1976. Documentário.p. 210.
'Lei n.' ll8l35 de 18-11-1935do Presidente da República - Organiza o
dade da comercialização. O Brasil exportavaprodutosagrícolas Médico-
licrviço de Enfermagem da Diretoria Nacional de Saúde e Assistência
e minérios e importavaprodutos manufaturados.
S,rial. Ìbidem, p. 212.
Foi aí então que o sanitaristaOswaldoCruz,convidadopelo , Lei n." 775/49 de agosto de 1949 da Presidência da República - Regula
governo,aceitou o desafio de controlara febre amarelano Rio (, cnsino de enÍermagemno país. Ibidem, p. L29'
de Janeiroe lançou-senuma campanha,conseguindoem quatro .Lei n." 2.604 de 17-09-1955da Presidênciada República - Regula o exeÍ-
anos controlar a doença.Combateraparalelamentea varíola e cício da enÍermagem ptofissional. Essa lei engloba vários decretos anteriores
a pêste no mesmo período.Dado o êxito da campanhae com robre o âssunto.Ibidem, P. 2L6.
o seu entusiasmopelas coisas da saúde pública,propõe ao go- -. lrvantamento de Recursos e Necessidadesde Enfermagem no Brasil, 1958.
verno uma outra campanha,agora,contra a tuberculose,chegan- lbidem, p. 299.
do a elaborar um longo plano de controle à doença,que-foi - Lei ).780/60 - Inclusão do enÍermeiro do nível técnico-científico no Plano
negado pelo Congresso.l0Sendo "a tuberculose,doença endê- tlc ClassiÍicaçãode Catgos. Ibidem, p. 58'
mica sobretudona classe operária,não ameaçavadiretamente - A partir de L977, com o objetivo de preservar a memória histórica da
a estruturado Estado ou da economia".ll cnÍermagem no Brasil, a ABEn adotou um novo pÍocesso de documentação,
qual seja, os Anaìs do Congresso. Da mesma forma, com o fim de regisffar e
É nesse quadro gue emerge o ensino sistematizadoda en-
iiuulgai a produção Científica em Enfermagem, criou em I9l9 o Centro de
fermagem,tendo, no seu bojo, o propósitode formar profissio- l,lstuJose pesquisasem Enfermagem- CEPEn. VIEIRA, Therezinha Teixeira.
nais que contribuíssemno sentidode garantiro saneamentodos Itrodução cientTlica em Enlermagem no Brasil; 1960-1979(Tese de Concurso para
portos, principalmenteo do Río de Janeiro;daí ela ser iniciada Í)rofessorTitular), p. 15.
fora dos hospitais,na área de saúde públÍca,por volta precisa- - Projeto de Lei n." 3.487/80 - Càman dos Deputados - Dispõe sobte a
mente de 1923. regulamentaçãodo exercício da Enfermagem nas instituições de saúde pública
A enfermagem no Brasil vem percorrendo,ao longo dos privada ; dá outrâs providências. A ABEn vem desenvolvendo um trabalho
"
anos, uma trajetória pontilhadade dificuldades,refletindo, em sisÈmático na aprovação desse Projeto de Lei, tendo em vista attalizar a óeÍa-
sada lei 2.604/55 que regulamenta o exercício da enfermagem no país'
profis-
- Desencadeouconjuntâmente com entidades representativas de outras
10. Ver a propósito I Simpósio sobre Política Nacional de Saúde. Câmara sóes, que âtuâm nâ ârea de saúde, uma campanha Nacional contta o Proieto
dc Lei n: 2.762/80, do Deputado Salvador Julianelli (PDS-SP), que repfesen- Í
dos Deputados. Comissãode Saúde, 1980. p. 200.
11. LUZ, Madel. Medicixa e Ordem Politica Brasìleiru. p. 201. tavâ umâ ameaçaà autonomia técnica de cada proÍissão' uma vez que o cltado I
Projeto previa uma subordinação desses proÍissionais ao médico'

28 29
como confirmaçãodas inúmeras dificurdadesenfrentadas
pelos profissionaisde enfermagem,através I ntretanto,longe dessas divagações,a ética se relaciona,con-
de sua Associação, lnrme Vázquez,com as relaçÕesmateriais de produçãoque
assinala-sea. criação do seu-
[róprio consetho,-"u;o'fnreiro us homens mantêm entre si.r'l
anteprojetodeu entrada na Divisão de organizaçãï
(D.o.s.l do Ministério da Educaçãoe saúdã Sunitariu
àq de ágosto Deve-seesse certo exagerode religiosidade,como condição
de 1945,sob o número s6.267/4s, so oãpãis "^ úe quale"ìrinta grrlmordialao bom desempenhoda profissãode enfermagem,em
anos, após perdase desviosde vários " anteprojetos,posteriores prrrte,ao fato de ter sÍdo conduzÍdaao longo dos séculos por
ao de 1945,finalmente,em í2 de jurho de'rgis, Ìoi !ánàìonuau roligiosos.Mesmo após a sistematizaçãodo ensino da enfer-
a Le,i5.9_05/73, que "dispõe sobre a criação dos Conselhosfe_ rììagemno Brasil, atrav és de escolas,lá no começo desse sé-
derar.e Hegionaisde Enfermageme dá outras providências". r;rrlo,ainda assim persistiu grande vìnculaçãocom ordens reli-
9y.1.9:
da, criação do Consetfio Federat Ae EnfeïmãsËil,','urt" 1llosas,quer na orientaçãode alguns serviços de enfermagem,
ror vrncuradoao MÌnistérÌodo Trabalhosob portarianúmero
305g, rluer na manutençãode escolasde níveis médío e superior
publicadasomente em 0S de março de íg25.1,r
Constata-sefacilmente essa afirmaçãona leitura de qual-
Deve-sesalientar ainda que, quando se estuda a enferrna- r;uerartigoescrito por enfermeiros,quer religiososou não,quan-
gem no Brasil, dois pontos merecem um especial
destaqueno rfo se referem à humanizaçãoda enfermagem.Em artigo sobre
discurso produzÍdopelos seus íntelectuaÍs:o sentimento o assunto,já na décadade 70, analisandoo papel do enfermeiro
de rrr estruturae organizaçãosocial,assim se expressamtrês pro-
religiosidadee a preocupaçãocom o social. O primeiro
encon- lossorasda UniversidadeFederal Fluminense,duas das quais
tra-se vivamentepresenteem inúmerosartigos da revista.
Ape- tlo enfermageme uma de sociologia:
nas, a título de ilustração,observe-seo qrJdiz um
deles;
"o en{ermeiro, como qualquer outro indivíduo, se vê dentro de um
" . . . Não é s ó o c o r p o , n e m só o e sp ír ito , m a s u m e
o utro j untos, num complexo em que se destacam os seguintes âspectos: a) são várias as
composto indissolúvel que contém qualquer coisa
misteriosá e impers- órbitas da vida social em que é obrigado a gtavitar; b) não obstante,
c rut áve l . . . D a í a g r a nd e za d a m e d icin a e .Ja e n fe r m a g .-...
E r.r, pro_ e paradoxalmente, a socialização crescente o individualismo é a tônica
fissões tornar-se-ão ainda mais nobtes à luz da verdade
cristã, consideran- em nossos dias; c) o enlraquecimento relìgioso e a Íalta de uma filo-
do a origem dívina e o âmor fraterno que
clevem unir todos os sofia moral que viesse a tomat o lugar da religião, tão ostensiuatnente
hom en s " . l {
abandonada. . . "ri

Este texto foi produzidona décadade S0; já na décadaseguinte, Bem recentemente,em discurso proferidodurante o XXXII
60, vamos encontrarna mesma Revista,referindo_se à étlca do CongressoBrasileirode Enfermagem,em junho de 198.0,reali-
enfermeiro,três princípiosconsideradosfundamentais: rado em BrasílÍa-DF,na sessão de outorga de títulos de mem-
bros honoráriose beneméritosda ABEn,depara-secom palavras
"respeito à natureza humana, reÌação
do homem pâra com seu seme. Irtiomenos diferentes,ao se homenagearuma enÍermeira:
Ìhante, direção vertical do homem a Deus.
Este aspect<.ré fundamentado
do ponto de vista filosófico de que o homem " . . . A vida é breve. Mas seus atos, sua corâgem, seu (lmol a Deus e
d' um ser naturalmente
ético, e que a ética sem apoio no Ser supremo a seus semelhantes já estão ultrapassando, pot meio do registro escrito
na. tem razão nem
fundamento de ser".1ã sobre a láurea de hoie, o tempo de sua ocortência no espaço. Com seu
viver, você f.ez soar ecos do amor de Deus nas quebtadas e nas ampli
dóes, em que nós o captâmos nestes momentos de hoje"'ts

13. lbidem, p. 255-78.


l(r. V^ZQUEZ, Adolfo Sanchez,Êtìca. p. L4-23.
14' FORJAZ' Marina de vergueiro. o Aspecto sttcìar ll. MARCH, Marieta et ah\. Hutnanizaçãoda Enlermagen. RepistaBrasileira
tra Enfermagent. Reuitta
Brasileira de Enfermagem"n." 2, Ano VIII, ,lr Enlermagem.n.' 6, Ano XXVI, Out./Dez. L91) p' 5ll (Grifos nossos)'
Jun_l%5. p. 145.
15. TURKIE\íICZ. o Primado do Espírito na prolissão. Reaista })rasileira lx. DOURADO, Haydée Guanais. Sessãode Outorga de Titulos de Membros
de Enfermager, n! 4, Ano XVIII, Out. 1965, p. 306. llonorários e Benenéritos da ABE\. Reuista Brasìleìta de Enlernagem. n." l,
l,n./Mar. 1981.p. 7. (Grifos nossos).
30 31
Vê-se, portanto.que a enfermagem,mesmo no momento 2. Evoluçãodo Ensino de Enfermagem
atual,aíndase encontrasob a égide de uma forte religiosidade,
tal se configuranos discursosde grandeparte de seu"sintelec- ao longo do período 1923-1980
tuaÌs, no decorrer dessas três últímas décadas.
Por outro lado, a preocupaçãocom o social, bastanteenfa- Pensaro ensino de enfermagemno Brasil sígnifica voltar
tizada ao longo dessesvinte e cinco anos, não tem um sentido rroséculo passado,quando,em 1890,foi oficialmenteinstituído,
muito diferente do que fora abordadosobre religiosidade.Não í:oma criação da Escola Profissionalde Enfermeirose EnÍermei'
se percebenos textos relacionadoscom essa preoéupação social ras. conforme o Decreto n.' 791 de 27 de setembro de 1890,
uma análisemesmo superficialda realidade,concebendo-se por- rlo GovernoProvisórioda SegundaBepública.rrSurge no Hos-
tanto a socìedadecomo algo assim abstrato,omitindo-se,por plcio Nacionalde Alienados,num momentode crise de pessoal,
conseguinte,qualquerreferênciaà existênciadas classessociais t;oma direçãoa cargo do próprio diretor do hospícioe o corpo
ou a uma formaçãosocial específica.O social a que a enferma-
rkrcenteformado exclusivamentepor médicos daquela Institui-
gem se refere está estritamenterelacionadoapenas ao servir.
r;rìo.Seu objetivo primordialera prepararpessoal para o traba'
Em artigo publicadona RevistaBrasileirade Enfermagemsobre
o aspecto social da enfermagem,afirma-se: llrocom os doentesmentais,uma vez que as irmãs de caridade,
rrrsponsáveispor essa tarefa,haviamabandonado o hospíciopor
"A enfermagem é uma profissão de crráter essencialmente sociall a sua lrrcompatibilidadecom o seu diretor.Essaescola,posteriormente
finalidade precípua é: servir à humanidade segundo as necessidades rkrnominada Escolade EnfermagemAlfredo Pinto,inspirou-sena
do in d i v í d u o e d a s o cie d a d e ".le
lscola de Salpetière,na França,emboraa direçãopor enfermeira
nomentetenha ocorridocom mais de 50 anos de sua existêncÍa,
No mesmo sentido, porém, bem mais recentemente,em
publicaçãodo ano de 1972,na mesma Revista,sobre o papel procisamenteem 1943.
social da enfermeira,destaca-seo seguinte: Por volta de 1901-02foi iniciadoum curso de enfermagem
nrrrSão Paulo,no Hospital Evangélico,hoje HospitalSamaritano,
"deve a enfermeira nanter uma nobre urbanidade de trato, recorrendo
aos sentinentos de afabilidade e doação generosa ao serviço dos seus aolr orientaçãode enfermeirasinglesas; havia sido planejado,
semelhantes, com o que muito lhes atÍajr'á a confiança e o respeito.,2ír uirrdaem 1892,quandoda sua fundação.Tinha,portanto,como
ubletivo precÍpuo preparar pessoal para essa instituição;suas
Essa mesma linguagemse reproduzem vários outros arti- rrltrnaseram oriundas de famílias estrangeirasdo sul do país,
gos, sempre que se pretende evidenciaro social, sÍgnificando, nr aulaseram ministradasem inglês e o referido hospitaldesti-
simplesmente,o relacionar-se
bem com as pessoas,sem nenhum nnva-seao atendimentode estrangeiros.
sentidohistórico,sem qualquerreferênciaàs relaçõessociaisde
produção.O social aparece,portanto,como ali;ó autônomo do Em 1916foi crÍadaa EscolaPráticade Enfermeirasda Gruz
econôrnico.21 VcrmelhaBrasileira,com o propósito de preparar socorristas
voluntáriaspara o atendimentoem situaçãode emergência.

19. FORJAZ, Marina de Vergueiro. Op. cit. p. 127. Mesmo consideradacomo a primeiraescolade enfermagem
20' MELLO, Josefina óe. Papel socìal da Enlermeira. Reuista Brasireira de rkr Brasil- a EscolaAlfredo Pinto -, na verdade,uma escola
Enfermagem.n.' 4, Ano XXV, Jul./Set. 1972. p. 176. r:ornorganizaçãoadministrativae docente,sob a responsabi[i-
21. A tentativa de autonomìzaro social,desvinculandoa sociedadede sua base rlrrdede enfermeiros,surge sornenteem 1923,com a criaçãoda
econômica e, portanto, como uma totalidade concreta, é uma iniciativa da socio-
logia positivista como ciência no período da decadênciaideológica da burguesia
e como uma reação conservadorado lluminismo. Autores como Gramsci e Lu.
kács são críticos implacáveisdessa formulação..Ver, a propósito, NOGUEIRA,
Marco Aurélio. Anotações Preliminares pâra uma História crítica da Sociologia. },t RESENDE, Marina de Ándrade. Exsino de Enlernzagent.Reuista Btasileira
Revista: Teuas de CiênciasHumanas. São Paulo 0):19-il9, L918. le l:nlermagem.n; 2, Ano XIV, Abril-1961.p. 110.

32 33
Escolade Enfermei rasdo DepartamentoNacionalde Saúde pú-
blica (DNSP),anexa ao Hospital Geral de Assistênciadaquele FoÌ nesse contextogue surgiu o DepartamentoNacionalde
Departamento.s3 SaúdePública,já mencionado,e, posteriormente,a atual Escola
É i mportanteressaltarque a socíedadebrasileira,do prin- rlu EnfermagemAna Néri,'" localizadano Rio de Janeiro.
cípio do século XX, tinha como sustentácuÌo,
tanto no olano só- Para implantaçãoe funcionamentodessa escola, na época
cio-políticoquanto no econômico,o setor agrário-exportadorca- vinculadaao DNSP,então dirigido por Carlos Chagas,a Funda-
feeiro.2{A crise do capitalismo internacionalse refletia nos
r;iioRockefellerenviou para o Brasil nove enfermeirasamerica-
setores periféricos e ameaçava,por conseguinte,a economia
brasileiraque por sua vez passa a enfrentara crise do padrão ilâs com o intuito de estruturaro serviço de enfermagemde
exportadorcapitalistae crise do Estado. :raúdepública no Rio de Janeiro,sendo elas também as organi-
rirdorasda escolae as prim eirasprofessoras.r?
SegundoBraga,é nesse momento que
Nasce,dessa forma, a enfermagemmodernano Brasil,sob
"a saúde púbÌica cresce como quesrão social no Brasil, conjuntâmeDte
rr égideda saúdepúblìca,num processode transposiçãodo mo-
com o capitalismo, mas vai ganhar conrornos novos e mais nítidos du. rlelo americanopara a América Latina.!*Analisando-se o primei-
!ânte a década de 20, quando a primeira Íase de acumulação capitalista ro currículoda atual EscolaAna Néri, em vigênciaa partir de
ultrapassa seus próprios limites com o auge da economia cafeeira. . . " 2í 1923,destacam-seprincipalmenteas disciplinasde cunho pre-
ventivo, compatível,portanto, com o objetivo da escola, que
Trata-se,portanto,de uma atençãoespeciale imediata por scria formar enfermeirosde saúde pública; contraditorìamente'
parte do governo,no sentido de implementaro saneamentodos rle suas alunaseram exigidasoito horas diárias de trabalho no
portos e núcleos urbanos,porquantoeram constantesas adver- llospital Geral de Assistênciado DNSP.2'g
tênciasexternas,por parte dos paísesque comercializavam com Alguns dados sobre a Escola Ana Néri parecemsignifica-
o Brasil, ern parar corn as negociações,caso persistissemas tivos, não somente por ter sido a primeìra escola de fato, no
constantesepidemÌase endemiasque representavam uma amea- Ílrasil,a ministraro ensino sistematizadode enfermagema car'
ça aos tripulantesdos navios que aqui aportavam,bem como à 11o de enfermeiros,mas sobretudopor ter sido consideradaescola
populaçãode seus paísesde origem, sem contar com a neces-
sidadeque tinha o Brasilde atrair mão-de-obra
fundamentalpara
a constituiçãodo mercadode trabalhocapitalista. ;(t. A EscoÌa de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública co-
tlf('çou a funcionar em 19 de fevereiro de 192). Dc acordo com o Decreto n.'
| 1.268 de 31 de março de 1926, passou â denominar-se Escola de Enfermetras
l l  na N éri . E m 1911. quando foi el ev ada à c ategori a de es c ol a ofi c i al padrão
2J. A.Escola de Enfermeirasdo DNSP Íoi criada pelo Decrero n." 15.799 de 1r'l r D ecreto n." 20.109, foi dcsi gnada s i mpl es mente E s c ol a c l e E nfermei ras A na
L0-11-I922, tendo contribuído decisivamenrepara sua criação o diretor geral N t:r'i . C A R V A LH O, A naycl e C orrêa de Op. c i t. p. 9.
desse Departamento,o professor Carlos Chagas - CARVALHO, Anayde Cor- ;l PINHEIRO, Maria Rosa S. A Enlermagem no Brasil e em São Paulo. Re-
rêa de. AssociaçãoBrasileìra de Enlermagen, 1926-1976.I)ocumentário. p. 8. t''rtt B rasi l ei ra de E nfermagen. n.'5, A no X V , Out. 1962. p. $).
24. PEREIRA, Luiz. Ettsaiosde Sociologiado Desenuolui,ncnto.p. 125. Atn<la, .rlì. As enfermeiras que aqui chegaram para organização do serviço de enfer-
a propósito, afirma Gorender: Na primeira décadado século XX, dois terços da rrngcrn do Departamento Nacional de Saúde Pública bem como da Escola de
produção agrícola nacional,em termos de valor, eram exportadose, no total da l',nlctnreiras deste Departamento Íoram enviadas pela Fundação Rockefellet que,
exportação,o café participava com 53Vo (seguído pela borracha, com 26Vo).
lÌrl sua vez, tinha objetivos bem definidos com reÌação à América Latinir: criar
Uma vez que São Paulo Íornecia cerca de dois terços do café exportável, com- rrrrrrl i çõessani tári as adequadas ao de s env ol v i mento c api tal i s ta (...). S ua atuaç ão
preende-sea força econômicaconcentradâem mãos <le cafeeirospaulistas,GO- , rtrrva expl íci ta e consci entementevinc ul ada aos i nteres s es ec onômi c os do grupo
RENDER, Iacob. A BurguesiaBrasileira. p. 25-26 l(,xkcfeller nos países subdesenvolvidos. BRAGA, José Carlos de Souza citrrndo
25. BRAGA, José Carlos de Souza e PAULA, Sérgio (ìocs cle. SaútJee Preuí Itr,rw n. 1975. Op. ci t. p. 45.
dência. Estudos de política social. p, 44. .t') ALMEIDA, Maria Cecília Puntel de, et alii; citando CARVALHO, A. C.
t,ttrl ri bui Ç ão do E sttdo da P táti ca da E nfermagetn. p. )l (n' ri meo).
34
35
oficiaf padrâopara todo o país, conforme Decreto 20.10g/31da E de tal forma foi isso mârcanteem sua hrstóriaque, rnesmo
Presidênciada República.:ìo rìas produçõesacadêm icasde seus alunos,na atualidaCe,per'
Do grupo de enfermeirasda FundaçãoRockefeller,respon- (;ebem-seindíciosde suas raízesautoritárias.r:Ì
sável pela organizaçãoda Ana Néri, coube a Miss Clara Louise Mas, retomandoa questãodo currículode enfermagem,sua
Kienningero encargode primeira diretora,a partir da fundacão primeirareformulaÇão data de 1949,conformeDecreton." 27 '426
da escola [1923),tendo sido substituídaem 1925 oor outra en- de 14 de novembrode 1949da Presidênciada República,após
fermeira americana;somente em íg31 a direção foi assumida a promulgaÇão da Lei n." 775 de 06 de agosto de 1949do Go-
por brasiÍeira,na pessoa da enfermeíraRachel Haddock Lobo, vernoFederal,que díspõesobre o ensínode enfermagemno país
quando,aos poucos,as professorasamericanastambém foram e determina,outrossim,que, por um período de sete anos, as
sendo substituídaspor brasileiras. escolaspoderiamcontinuarrecebendocandidatosportadoresde
Inicialmentea EscolaAna Néri foi consideradainstituição certificados de curso ginasial ou equivalente;expirado esse
complementarda Universidadedo Brasil, conforme Lei 4S2 de prazo,surge uma nova lei, a de n.o2.995/56,que prorrogapor
05 de julho de 1937,assinadapelo então PresidenteGetúlio Var- mais cinco anos,extinguindo-se, portanto,em 1961,quandotodas
gas, passandodefinitivamentea pertencer à Universidadedo as escolas passaram a exigir curso secundáriocompleto ou
Brasil, sem a condiçãode instituiçãocomplementar,de acordo equívalente.
com o Decreto21.321de 18 de junho de 1946da Presidênciada Não houve a rigor mudançasensível entre o currículode
República "31 1923,quandoda implantaçãodo ensino de enfermagemna Es-
. Os primeiros cursos tinham caráterintensivo,com duração cola Ana Néri, e o de 1949.Ambos privilegiavamas disciplinas
de 28 meses e em seguida32, respectivamente;do candidãto de caráterpreventivo,emborao mercadoutilizadorjá apontasse
exigía-sea conclusãodo curso normalou equivalente, divergindo forte tendênciapara o campo hospitalar.Enquantoem 1943,cje
consideravelmente das escolas da época (Cruz Vermelhaè Rl- 334 enfermeirasem serviço ativo, 66% trabalhavamna saúde
Íredo PÌnto),cujas exigênciasrestringiam-se apenasa saber ler públicaê 9,5o/oem hospitais,em 1950,49,4% das enfermeiras
e escrever. encontravam-se no campohospìtalare 17,2o/o,na saúdepública.'J{
No que pese a importantecontribuiçãoda EscolaAna Néri
ao ensino,como pioneiradas escolasde enfermagemdo Brasil,
)). Há poucos anos, em 1977, um grupo de alunas da Ana Néri - Kátia de
a mesma nasceu sob o signo do elitismo e do preconceito.nr Souza, Léa Vargas Tiriba Bueno e Regina Célia da Silva Tavares, Íoi reprovacl<;
na disciplina Saúde da Comunidade por terem apresentado um trabalho baseado
crn estudos realizados por médicos sanitaristas, representantes do CEBES RJ. O
30. o D e c r e t o n . ' 2 0 . 1 0 9 d e 1 5 - 0 6 - 1 9 1 1r e g u la o cxe r cício d4 cnfermagem e fi xa rrabalho Íoi considerado de conteúdo tendencioso, negatiuo e destrutiuo. As alu-
as c ond i ç õ e s p a r a a e q u ip a r a çã o d a s e sco la s d e e n fe r m a gem (...). E stabel eceu nas foram encaminhadas à sala da diretoria da Escola para a devida comunicação
a Escola Ana Néri como escola padrão, isto é, outras que viessem a ser criadas tla reprovação, estando presentes: a proÍessora Maria Yvone, a chefe do l)epar-
no território nacional deveriam necessariamente funcionar dentro dos mesmos tâmento de Saúde Pública - Isabel Dantas - e a diretora da Escola - Cecília
moÌdes e serem a ela equiparadas, se ambic.ionassemo registro, no Departamento l )ccego. E m protesto, r:m aba i x o-as s i nadoc om 172 as s i naturas l oi enc ami nhado
Nac iona l d e S a ú d e , d o s d ip lo m a s p o r e la s e m itid o s. CARVA LH O. A navde C or, r di vetsas enti dades de S aúde do R i o de J anc i ro, i nc l us i v e à di reç ão da E s c ol a,
rêa de. O p . c i t . p . 2 3 2 . [>em como nota oficial do CEBES se posicionando contrariamente ao ato que
)1. RE S E N D E , N Í a r i n a cle An d r a d e . Op . cit. p iiJ. rcprovou as alunas, por entender que o trabalho apresentado pelas rnesmas reflete
)2. A escola Ana Néri Íoí organizada no mais alto padrão, e a seleção das a realidade cie saúde da população brasileira 1 . . . ) Revista Saúde em Debate
alunas também foi excepcional. (. . . ) Aco'teceu até um fato lamentável- Ápesar n.' 7-8 A br./Jun. 1978. p. 10.
da oposição de duas americanas que vieranr para a escola, uma moça de cor O jornal Folha de São Paulo, noticiando sobre o rnesmo assunto, actescentâ
venceu todas as barreiras para o ingresso no curso. Na hora da matrícura, as ainda que uma das alunas, Léa Tiriba, eleita representânte do corpo discente
americ a n a s , n ã o p e r m i t i r a m e fe ch a r a m q u e stã o ( ...) . Da í por di ante, enquânto no Projeto de Integração Curricular, foi ameaçada de deposição do cargo por
as ameticanas estiveram aqrri. apenas brancas podiam freqüentar a escola. MAGÂ- scr uma pessoa unilateral e tendencìosa. Folha de São Paulo n." 17.922 de
LHÃES, Má,rìo. A política de Saúde Públìca no Brasil nos últinos cinqüenta anos. 28-04-78.
I Simpósio Sobre Política NacionaÌ de Saúde. Câmara dos Deputados. o. 202. l.{. ALMEIDA, MariaCecíliaPuntelde et alii. Op. cit. p. 3}.

36 37
Embora não se possa estabeleceruma relação mecânica Frutodas medidastomadaspelo Estadoautoritáriopós 1964,
entre a escola e a estrutura social, não é possível,por outro um novo ciclo de expansãoeconômicase desenvolveno período
lado,a análÌseda evoluçãodo ensinode qualqueráreado conhe- igOg-il superandoa crise econômicaanterior. Esse ciclo de
cimenjgrp, rÌêse caso, da enfermagem,numa época determi- expansãoé corrrente conhecido como milagre brasileiro e
nada,sem a compreensãodas bases estruturaisda sociedade. foi possívelgraçasà ação do Estado.que reprimiu severamente
Nesse sentido tentar-se-ácaracterzar a sociedade brasi- a- ciasse tra6alhadora,tomando medidas de contenção do tra-
leir a dos anos 30 até nossosdias, num esÍorço de verificar até balhoe ao mesmo tempo adotandomecanismosde proteçãodo
onde a legislaçãodo ensino de enfermagematrelou-seà nova cãpital.A partir de 1973,tem início uma nova crise econômica.
crdem econômico-político-social. Na década de 30, o sistema Entretanto,permaneceram, em essência,as políticasconcentra-
agrário exportadoracabavapor ceder lugar à implantaçãoda cionistase repressivasdo Estadomilitar'
industrialização,com base num processode substituiçãode im Nesse contexto, a política educacionaldo país teria que
portações.Esse é o processode maturaçãoda burguesia,como bem como aquela adotada na área
refletir a nova situação,16
bem salientou FlorestanFernandesem A RevoluçãoBurguesa
do ensino da saúde.
no Brasil. que se estendeaté o início da décadade 60. A bur-
guesia,visandoconsolidaro seu domínioe garantìra acumula- Tomando-seagora o currículo do curso de enfermagem
ção de capital,se vê compelidaa formar um pacto, tanto com de í949 e o seguinte,ou seja, o de 1962- Parecer271/62 do
as classes médias como com os trabalhadoresurbanos,em no- CFE, percebe-seuma mudançaconsiderável;o primeiro surge
me da autonomianacional.Desenvolvimentismo, nacionalismo, numa fase em que prevaleciaum espíritopolíticosupostamente
populismo,são traços característicosdesse período. liberal,com um capitalismoque ainda não comportavaa priva-
Aconteceu,porém, que essa situação possibilitoutambém tizaçãoda saúde de forma empresarial,privilegian-do,.por.con-
uma articulaçãoe uma intensamobilizaçãodas classessubalter- *"güintu, o estudo das doenças de massas,através das disci-
nas, mesmo no seio do chamadopopulismo,principalmenteno pliãas ditas de área preventiva..Osegundoemerge num mo--
períodode Goulart(Í961-19641, levandode certa forma a classe mento em que a economiabrasileiracomeça.a tender paÍa um
e, dessa forma,
burguesaa temer a perda de sua hegemoniae o controle do fróó"."o excludentee concentradorda renda
processoreformista,tão reclamadono início dos anos 60. Com coincidentemente a preocupação primordialdo currículo de en-
isso o pacto anterioré rompidoem 1964e um outro aliadoentra fermagem incide agora sobre as clínicas especializadas,de
em cena - o capital monopolistainternacional,que passa a carátei curativo.:r?À saúde pública, antes consideradatão bá-
exercera direçãodo processoeconômicoe político,sob a égide sica, já não aparece como disciplina obrigatóriado .currículo
de um Estadomi litar autoritário. mínimo, mas como especialização, caso pretendao aluno con-
O desenvolvimento dependentee associadoé o que passa tinuar os estudos após graduar-se.
a vigorar, consolídando-se, portanto, a internacionalização da
economia,particularmenteincentivadae aceleradano qoverno Assim prosseguiuo ensino de enfermagem,sendo coroado
Juscelino Kubitschek (1956-61).Visando proteger o plocesso com novo Parecer- o de n'" 163/72,e Resolução4/72 do CFE
acumulativo,o país adota, a partir de 1964,um rigoroso siste- que surgempor força da Lei 5.540de 28 de novembrode 68 [Re-
ma de repressãopolítíca e é aperfeiçoadoum modelo econô-
mico concentradorde renda.sí
16. Ver a propósito FREITAG, Bâtban. Escola' Estado e Sociedade'
35. Em 1960, os 50Vo mais pobres da popuÌaçãodetinham 17,4o/oda renda, os
diminuição
10Vo mais ricos detinham J9,6o/oe la/o dos mais ricos detinha 7l,9Vo; em 1970, )7. A partir da segunda metade da década de 60, observa-se uma
os mesmosgrupos detêm 14,9Vo,46,7Voe I4,7Vo; em 1912, 11,3o/o,52.6Vo do, grrú, estatais Jm Saúde Pública, reduzindo-se o orçdmento do Ministério
e 196I' a
l9]Vo; em 1976, I3,5Vo, 50,4Voe 77,4Vo;em 1980, 12,6%o,50,9oto e 76,9Vo. .ta Saúde em relação âo orçâmento global da União de 4,57Vo, em
doen-
Observe-se,portânto, que nos anos de L972, t916 e 1980, lVo da população 0,g0vo em 197.1. Todos o, p.ogru^^, dirigidos ao controle das chamaóas
red,.çõei e quase paralísações com a opção polítíca de
mais rica concentravamais renda do que 50Vo d,a populaçãomais pobre. OLI- ças de massa sofreram
A indtis'
VEIRA FILHO, Gesner,utilizando dados do censo de 1980 e de Almeida T. S. rliminuir os gastos em Saú<lePública. CORDEIRO, Hésio; citando Braga.
tria da Saúde do Brasil. P. 160.
C. Â Distribuição da Renda. Folha de São Paulo" 28-03-1982.
qq
38
forma Universitáría).
ni sim, a medicinae a enfermaqemcura_
tivas encontravam-setotalmente fortalecidas com u"m capita- carenciais,parasitárias,doenças endêmicas em cada região,
lísmo favorávelao consumodesmedídode medícamenïos-, além da tuberculose,presenteem todas as regiõesdo Brasil.a"
0",
-funda-
como a indústria de equipamentosmédico-cirúrgicos, Enquantoos problemasde saúde encontram-secentrados'
mentais às empresasde saúde.,,* portanto,no âmbiio da saúde pública,os currículosda área da
EsseParecer,163/22",com vigênciaaté os dias atuais,veio saúde, não só da enfermagem,têm concentradouma densa
aprimoraro existente,em nadacontribuindopara uma preocupa_ cargahorárianas disciplinasaltamenteespecializadas no campo
Veja-se
da ãredicinacurativa. o que explicitaa citação a seguir:
ção maior com os.problemasbásicosde saúde.ao contiãrio,o
mesmo foi antecedidopor uma introduçãocuidadosa,mostrando
a necessidadedo enfermeirodominarCadavez mais as iãcnicas ,,os problemas Drédicos fundamenrais neste país são demasiadamente
rl t-
avançadasem saúde,em razáoda evoruçãocientífica.Assim, si mpl es. E l cs sc encontri ìm nrrs i nfec ç òes bi l c l eri àni ì\. n,rs enrl c trti ;ts
a pasto nos organi s mc l s debi l i trdc ' s pel a, s ub'
formação do enfermeiro tem servido muito bem a práÌissao rai s, quc encoutram f érti Ì
que nos Ìcvâm
médicaque, por sua vez, necessitade uma enfermagemtãrUe, nutrição. Iemos então qllc nos concentrar nas pesqulsas
ao conhecimenrtt profunclo das patoÌogias comuns eÌÌ nosso nrcìtr' c
especializada parajuntos atuaremnos centroscirúr!icos sofisti-
não às espccLrl ,rçi ,es stl br.e crrÍermi rl ad..s t i ìf.rs c . i ìl r(\' dl no-nos n qtral i '
cados e nas clínicas médícasrequíntadas ;;;õ;árr--"irrr- f i c,1-l as,burgtte.rts".I Ì
gias cárdio-vasculares,^doenças "o cirurgias piasti-
degenerativas,
cas, enfim uma assistênciacurativã.Besta salientai qú"
atendimentoé. praticamenterestrito a uma minoria,às camadas Em síntese, pode-sedepreenderque. em decorrência. da
"r."
privilegÍadasda sociedade. monopolização da economia,as práticasde saúde e o exercicio
da medicinae da enfermagem,em particular,sofrera!'num pro-
Ouanto ao aspecto Saúde pública, não houve mudança cesso acentuadode privatizaçãoe de especializaçãoexcessivas.
,
s,ubstancial;
passoude especializaçáo para habilitrçào,tu*Ue,.n Essa privatizaçáodiz respeito à crescente organização.empre-
de forma optâtiva; assim, o estudanie de enfer.ãó", poa" sarial de que se reveste a prestacãoda assistênciamédica,na
concluir seu curso legalmentesem que tenha estudãdo a En- atualidade.Em urn tal contexto,os serviçosde saúdesão tran.ç-
fermagemde Saúde pública,o que pareceaté um absurdo.Sa- formadosem mercadoriasque, pelo seu alto preço, só podem
be-se,por outro lado,que, isolada,eia não resolveo, próút"r* ser consumidos pelas classes dominantes. Assìm conforme
de saúde de uma popuÍação,já que esses se articulam dire_ afÌrma Landman.
tamente com a estruturasocial; apenasa tÍtulo de ilustração,a
quedada mortalidadeinfantil da cìdadede são paulo, " r ìs aâ:i r s c l c s .r ú.l c pal a a c Ì i t c s ã t r c rì t g e ra l l t e q L re n a s , L l c L n t rt )n t a '
plo,.sedeu principalmenteentre os anos de 1g56e tSOt,óòiã*",".
( . . . ) , D c s ti nam - s e posses quc podcm
quanao das aos c l c l e n t e s c o m n a i o re s
subia.o poder aquisitÌvodo salário mínimo.lÌeruo entà,ito, uo
lado de outros fatores,o ensino da saúde púbricanaó
óóJã
dispensadoou consideradosecundário,num país onde crescem "u' 40. N o capítuìo i nti tul ad6 (ì rnâp:ì nos qgráfi c o tìo B ras i Ì c as mul ti uac j onai s
assustadoramenteos índices de morbidaàe e mortaúãade, fatmacêuti cas, encontram-S e os s c gtti ntes dados : as doenç as trans mi s s ív ei s no
principalmenteno grupo infantil, doenças infecto-contãgiã"ur, Brasil são causatlctras de l0aô dos cíbitos, as cloenças infecciosas repfesentam
cerca rje )i)oó tlos óbitos rro g:'rrpo de nìL-notes de unl ano Lle idade, pesando
Itssi m de i qrma {cci si vrt nl s cl c v ndas ti rx as de mtl rtel i c l ade i nfanti l . O s arampo
pl.ovocoL! mais e 42 mil casos de motte em 1971 nas capitais brasileiras; a tuber-
18. A indústria farmacêuticaque domina o rnercaclobrasileiro Íaturou cul ose ul trapassa a ci Íra de 500 mi l c as os em ati v i c l ade, A c ári e c l ental , na
em 197.{ i cl ade escol ar, ati rl ge em dctel mi nadas i íreas a 85oi ' de dentes c ari i rdos ' l oda
a quantia de Cr$ 6 bilhões; em 1975, cinqü€nra po, cento mais,
ou seja, Crg perdidos t 5%, r'estalrrados. Dadtrs dc 1c)7.1ret'elam que o Brasil ?lparece conro
9 bilhões; e em 1976 atingiu a marca do primeiro bilhão c1eclólares.pÂcÍlEco,
Mfuio Victor de Assis. A Mália dos Renédìos p. 41. vi ce-carnpeãocl a rrrçrtal i dade i nf anti l na A méri c a L;ìti nâ, s omc nte v enc i do pel c r
IIai ti . Â presentr ai ncl a enl scu nrapa i ros ográ{ i c o, l 0 nri l hôes dc es qui s tos s omír-
)9. CUPERTINO, Fausro. Populaçãoe Saúde púbtica no Brasil. p. [ì0 milhões cle vcrminóticos ( ). PACHECO
o como novidade, 4). ticos, 12 milhõrescle chagásicc,s,
o Parecer 76)/72 rcìnttoduziu no currículo as disciplinas rìe Mário V j c r o r d e A s s i s .O p . c i t. p. 69-71.
Sociologiae Psicologia,denonrinando-as
tle Ciênciasdo Comportamento.
41. Os Méeiicose o País. Folhe de São Paulo l)'06-78. p. 2
40
41
r'lancraf os artos c,stos do ttatâmento rnédico atuaì
e têm como frc No âmbito da escola, observando-se as medidasde ordem
6iucsia médicos e clientes de alta posição social,,.a!
legal, verifica-seuma organizaçãocurricuÌarvoltada prioritarìa-
O alto custo dos equipamentosleva a constttuiÇãode rnentepara os problem asde saúdeda minoriada população,em
presas médicase a separaçãodo médico em- detrimentodas graves questoesda maioria,das chamadasclas-
aos in"iiJÃ"nìà" oe ses subalternasda sociedade;acrescente-se ainda o tipo de en-
trabaÍho,tornando-oassaraiiado.A preservaçãodesse
afarato sino que vem sendo ministrado nas escolas de enfermagem,
requintadosó é possívelatravésdo consumoque
as elítes eco- mesmo quando se trata da saúde públÍca.A propósito,veja-se
nômicase dirigentesfazemdas clínicassofisticadai-u
á.r o que afirma Rodriguesem recentetrabalhointituladoAvaliação
oe repouso.O Estado., por outro lado, compra parte desses "rru"
viço.s.E como expandÍr?A partir dos anos 70 ser_ do Ensinode SaúdePúblicana RegiãoNordeste:
[coìncidindocom
a crise mundiarde arimentos),foram intensificàdãi apesar de os cLìrso s (referi ndo-s e aos obj eti v os dos c urríc ul os )
l"
de extensão de cobertura {-PranoDecenar ae sáuJe óãriti"r, vi sarem formar r.rnt proti ss i c l nal genc raìi s ta ou pol ìv al ente, r' oÌtac l o para
ïáiu u"
Amérícas - 1972,rV HeuniãoEspeciarde Mi;isì;;s ìJêa,ioe a comunidade, eles parecem en{atizar mais a formação do enfermeiro
das Américas- washington,tgzz, conferênciatnlernacionat vol tado para a assi stênci ac url ti v a no ânrl -ri tohc ,s pi tal ar". "Os di s c entes
ae se consi deram prepara<bs pârd atrÌi l r { . ) nrai s rl r âni bi to hos prtal ar
flma.Ata - URSS,1929,Vil ConferênciaNacionalde Saìde * do que na comuni ,ìrrl t'.
BrasíÍia,1980,apenaspara citar algumas),
Essa expansãopassa a eÍetuar-seatravés de uma simpli- Referíndo-seainda ao local onde se realízamas oráticas de
-
ficação saúdepública,as unidadessanitáriasgovernamentais
do atendirnento,contandoincrusivecom a coIaboração aparecem
dos assistid.os. Expande-sea assistência com maior destaque.ra
, agoranão somente à
classetrabalhadora, mas tambémàs popuracães ditas ,uióinui., Vê-se,portanto,que os programassão desenvolvidosatre-
como forma de se manter a imagem do Estadocomo lados incondicionalmente
deíensor às políticas de saúde implementadas
da sociedadee do interessede tõdos, contribuindocom pelo Estado,sem maior questionamentode seus objetivos.Por
o arívio
das tensôes sociais. o Estado de paz social vai utilizai outro lado, constata-setambérn,na prática,nâo serem as açoes
u ,.,.,u-
dicina comunitáriacomo técnica simprifícadaque, no preventivas,mesmo na saúde pública,aquelasde maior realce.
conte*to
capitalista,não pode ser confundidacom o feldscher Além dessesaspectos,apresenta-se um outro agravante;a visão
na me-
dicina soviétícaou pero médico de pé descarçona da doença e não do indivíduoé reproduzida,na saúde pública,
china. trtão
obstante, pela vìsão da doença coletiva e não da populacão,assim assi-
nala Joaquim Cardoso de Melo.r:'O mesmo autor, ao tratar
"dirigindo-se a categorias sociais excruídas do cuicrac-ro
a nova especificamentedo ensino da saúde públìca.,chama a atenção
prática se institui na seqüência dr., processo 'édico, para sua total desvinculaçãodo social, portantoos Íenômenos
de rneciicalização e responclc
a seus determ.inanres econônrìcos c, políric.s (. . .
). Nesre *;rì;;,';;; são consideradosao nível da aparência,do meramentefactual.
visa basìcamenre à íorça de trabalhã integrâda
ao processo procìurivo
sob a modalida<le dorr:inante n1 estrutrrrâ tla procr.çâo.
não visa ime-
diatamente à obtenção do valor. RepresentancJo
um projeto de extensão 3. A AssociaçãoBrasileira de Enfermagem-
da assistência rnédica â caregonâs sociais cuja signiiicaçao
polí t ic a ( . . . ) a M e d icin a Co m u n itr ír ia co m p o *â
A ,oS..iuao Contribuiçõesao Ensino de EnÍermagem
Ío r m as, l L_nrâti vasde
recomposição dos rneios de trabalho, co'figurando
umâ nova modaliclade
de organização interna da prítica, pore,lcìalmente Associação Brasileira de Enfermagem IABEn) e Educação
capaz t.Ìe compatibì-
lizar o aumenÌo do consumo de serviços e â quesrão em Enfermagem encontram-se de tal maneiratão intrinsecamente
dos ctrsros mé.
orc os . .

{4. R OD R IGU E S , A bìgai l Moura. À tal ìaç ão,to E ns uto dc E nÍtrmagern t)e
.laúde Públìca na Região Nort/es/c (Dissertaçiro cle r.r.resrlado.)p. ij6.
+z LANDMANN. l',ryme. Euiíando a Sat)dc e pror4ç1.gnde a Doença p. l l l
45. /\{ELO, Joaquin Aìberto Cardoso dc, A Prúttca da .\aúàt ,. a Eàut,tlào.
43 DONNÁNGELO. Maria C. F Saúde e SocìadatJc ú, e4 R evi sta .taúl e en D ebatc n.' 1 , Out,,rD ez 1976 p 11.

ttt
4J
relacionadasque, para compreendera evoluçãodo ensino, é nal de EnfermeirasDiplomadasBrasileiras,atendendo,portan'
precìso também se conhecerum pouco da história da ABEn e to, a umâ das exigênciaspara consecuçãodesse objetivo Tratou
o centro de suas preocupaçõesno decorrer de sua história. a nova diretoria de registrar primeiramentea Associação' para
em seguidaÍiliá-la ao lCN. Assim, no Cartóriodo 1.'Ofício, no
A idéia da criação de uma associaçãoque congregasseas
enfermeiras recém-graduadas Rio de Janeiro,
da Escola Ana Néri súrge por
volta de 1925,quandoa escola diplomoua primeira turma; po- ,,consra
sob o n.' 6, o registro da AssocitrçÍo Nacionai de Enfertneiras
rém, sua consolidaçãoocorreu somente aos doze dias do mês D i pl omadas B rasi l ei ras, fei ro a t.' de j unho-1929 c tr;r tnes nri tdata apot-r-
de agostode í926, por ocasiãoda primeira reuniãoda entidade, tado sob o n." 820 ci o P roroc ol o, O Il s tatuto da rc teri c l a l )c s s oa -l urí'
então denominadaAssocíaqãoNacionalde EnfermeirasDiplo- dica Íoi publicado pof cxüâro enr o rÌ.o 105, do Diário oficial de 0-i
madas,extrapolando, portanto,a iniciativade reunir enfermeiras de mai o de 1929".{i
que fossem formadassomentena Ana Néri.
Portanto,nesse meslrìoano (1929),tornou-semembrodo Conse-
Nessa mesma reunião foi eleita sua diretoria provisória.
ficando assim constituída: lho lnternacionalde Enfermeiras.Bem mais tarde (1955)'por
iniciativade um grupo de enfermeirascatólicasda associação,
Presidente:RimÍdia Bandeirade SouzaGayoso integra-seao Comitê lnternacionalCatólico de Enfermeirase
AssÍstentesMédico-Sociais(CICEAN/S). Em 1970,passa a per-
Secretária:lsolinaLossio
tencer também à FederaçãoPan'Americana de Enfermeiras/os.**
Tesoureira;Izaura BarbosaLima.
Aprovado e regrstradoo primeiro estatuto da Associação
Um ano mais tarde, essa diretoriacedia lugar à definitÌva, de 1g29,conformefoi mencionado,houve a primeira reÍormula-
de cuja composição,apesarde opinioescontrovértidasde suas ção,dez anos depois,etr 1939,sem que modificaçõessubstan-
sócias, fez parte, na condiçãode presidente,uma enfermeira ciais tenham sido registradas;na reformulaçãoseguinte,a de
brasileiraformada nos EstadosUnidos.Vê-se logo que a prer- 1944,foram feitas várias alterações,dentre as quais a mudança
rogativa de não aceitar enÍermeirasÍormadas no exterior ou do nome de AssociaçãoNacionalde EnfermeirasDiplonradas
em outras escolas não foì à Írente. Assim, a primeira diretoria Erasileiraspara AssocìaçãoBrasileirade EnÍermeirasDiploma-
definitiva contou com Edith de MagalhãesFraenkelna presi- das (ABED).Aprovadoesse estatuto, foi enviado ao Departa-
dência,como seoretária- Maria FranciscaFerreirade Almeida rnentode lmprensae Propaganda IDlP) e, a'7 de agosto desse
Reis e como tesoureira- Heloísa Maria CarvalhoVeloso.a6 mesmo ano, registrado sob no de Ordem 4'482 do livro K'
Tinha como principal objetivo,conÍorme refere o seu Dri- Cartóriodo 6.' OfÍcio, Rio de Janeiro.ul'
meiro estatuto,elevar o padrãoda população. Em 1g45,foÍ criada a AssociaçãoBrasileirade Enfermeiras
Embora tenha permanecidopor algum rempo em caráter de São Pauloe, ern 1946,o núcleo do Distrito Federal,que vie-
informal,qeq a_organizaçãoe registros devidos,a Associação ram a constituiras atuaìsSeçoesde São Pauloe do Rìo de Ja-
Nacíonalde EnfermeirasDiplomadasrecebeu todo o apoio do neiro,'"seguindo-sesucessivanrente a criaçaode seçõescongê'
Servi ço cie Enfermeirasdo DNSP.na pessoa de sua superin- neres nos dernaÍsEstados.
tendente,a enfermeiranorte-americana Ethel parsons.Juntamen- A partir de entâose fez necessárioa introduçãode emendas
te com a presÍdenteda assocíação,trabalharam,desde logo, naqueleestatuto de 1944,para adequá-loà nova sítuação'bem
no sentido de buscar filiação a um dos organismosinternacio- como possibilitaro registro da ABED conro órgão de utilidade
nais, no caso, ao ConselhoInternacionalde Enfermeiras(lCN).
Para que isso ocorresse,tiveram que reorganizara Associação,
passandoesta em fins de 1928 a chamar-seAssociacãoNacio-
47. Ibidem, p 20-25
48. Ibidern,p. 406.
46. CÂRVALHO, Anayde Cotrêa de Associttção Brusileira de
49. Ibidem, p.
Enfermagen,
1926/1976 Documentário.p 20-2'. t0. Ibidem, p, )4,

44 45
públicae, assim,auferir verbasdo Ëstado,pois,de conformídade
com exigênciado Ministério da Justiça, teria que ,.constarem tentativâsanteriores,somenteem 1956foi possívela criaçãodo
seu estatuto que os cargos de Diretoria e conselho Fiscal não Centro de Levantamento, que representoua força maior para a
eram remunerados."i,l Por essa razão,em 7 de abril de 1g52,foi concretização dessa idéia. Assim, sob a responsabilidade
direta
realizadaassembléiageral extraordináriapara inclusão dessa da ABEn e através do seu ConseíhoDiretor, contou o Centro
cláusula,e, no mesmo aÍlo, em g-g-52,passavaa ABED à con_ com a participaÇãode diferentes Instituições- OMS, Repre-
dição de entidadede utilidade pública pelo Decreto n.. 31.417 sentantes dos Ministérios da Saúde, Educaçãoe Cultura, da
da Pr esidênciada Bepública;J Campanhade Aperfeiçoamentodo Pessoalde Nível Superior
Entre 1952-1954foram inúmerasas emendaspropostas,den- (CAPES),Ministériodo Trabalho,IBGE,além de inúmerosespe-
tre as quaisa criaçãode comissoespara estudosespecíÍicosdas cialistas- convidadosna qualidadede colaboradores.Delimi-
diversasáreas da profissão,mudancano mandatoe inclusãode tou seu ânrbitode estudo,cuja abrangêncÌaatingiaas seguintes
novos membrosà diretoria,mudançado nome da Revista,(...1, áreas: EnÍermeirosem Atividadee lnativos,EnfermagemHospi-
culminandocom a mudançada própriadenominaçãoda associa- talar, EnÍermagemde SaúdePública,Escolasde Enfermageme
ção que, em AssembléiaGeral de 21 de âgos tode 1g54,durante Escolasde Auxiliar de Enfermagem."" Paratal empreendimento,
o Vll CongressoNacionalde EnÍermagem,realizadoem São pau. solicitou e recebeuajuda financeirada FundaçãoRockefeller.'i
lo, passa a designar-seAssociaçãoBrasileira de Enfermagem
(ABEnl. Dos resultadosdo Levantamentodestacam-seinúmerasre-
comendaçõesdestinadasaos Ministérios da Educação,Saúde,
O anteprojetode RegimentoInterno,que vinha sendo estu- ConselhoFederalde Educação,Secretariasde Saúde,Universi-
dado desde 1952,foi f inalmenteaprovadoem 1g58.A presidente dades,EntidadesMantenedorasde Escolase Cursos de Enfer-
da ABEn na época (1954-i958),Maria Rosa S. pinheiro,afirma magem,de Auxiliares,entre outras Instituições.Mas, enquanto
em seu reiatóriodesse período,referindo-seao Begimento: essas apontavampara as questõesmais gerais da profissão,o
"st-ra acciraçlìtr r,'rrii trlzcr inestintiír'cl estudo também significoua identificaçãode alguns dados que
bcnt tício ì rro:s,r virla ,rsstr.ìa
t ir', t, p c l o q L r c s i q a i i i cd d e o r d e m , .b je r ivid :ltle c cscli .ìfeci Íììcnr(ì
dc porì.
servíramde parâmetropara uma análisedas própriascondições
t os ( l ( i x r ì d ( ) s s e n r c 1 cÍin içã op clo Ììstltu 1 1 r " i:t de saúde da populaçãoe da situaçãodos proÍissionaisr.ìoexer-
cício de suas funções.SegundoOliveira, citando dados do Re-
Dentre os diversos feitos da ABEn,ao longo de sua histó- latório da ABEnsobre o assunto,apenas38,4ouo das instituições
ria, destaca-seo Levantamento sobre os Recursose Necessida- hospìtalaresmantinham,à época, serviços organizadosde en-
des de Enfermagemno País, realizadono período 1956-1g5g, o fermagem; B3o/odos leitos disponíveispertenciam,em 1957,a
gue, segundo Oliveira, "talvez tenha sido o mais importante hospitais estatais gerais e especialìzados,
tendênciainversa à
documentoaté hoje produzidopela ABEn".i, Tal documentore- que ocorre na atualidade,onde a rede privada concentra um
sultou de uma recomendação do Vll CongressoNacionalde En- elevadoÍndicede leitos.'^
fermagem,realizadoainda em 1g54.Como primeiraprovidêncra,
foi criado um ConselhoDiretor que definiu,além de suas diver-
sas funções,o objetivo central do levantarì.ìenÌo
- "contrìbuir
para o desenvolvimento da enfermagemno Brasil".'i Apesardas 16. Ìbi dcm, p i 01.

J r-. Ibi dcm, p 299-)02.

t 1, lbid e r r r . p . ì 8 58. S cgunrl o a i rurori ì ci rrda, ern l gJ l os hos pi tai s c i a rec ìc públ i c a nrarnri nharl r
5 2. P A Ì X Â O , W I a Ì es k a . Histó r ìu d a En f tr tta g t' r n p tJ ì l 0tì,71) l ei tos, contra ó7.0]6 d rr rec l c pri v ac l a; enr Ì97Ì. erìquarìto ()s pri merros
5). C, , \R V A L F I O , Á n a v d e Co r r .ê a cle . Op . cit. p . { ( } conri ì\Ì:ìm cont.12'{.(r01 l ei tos. os s egundos ati ngi anr a c i l ra tl c 2' 12.c )21l erros .
54. O Ì -Ì\ ' E I R A . N 4 a r i a Ive tc Rib e ir o d c. h ln ft.r n u g ,' r t t. j :.:trutrutr.l oci al tl OLIV E IR A . Mari a Ìvetc l Ìi bei ro c l e. Op. c i t. p t> .
lr.
{ mrmeo). E m 1977. conforme assi nal a Ì)o s .ç asc, i tando datl os rìo ìl ì(ìÌ:. os c s tabc ìc c i l ntnl os
55. CAÌì \ r A Ì - Ì { O . ( lo r r i.a tjc. Op . cit. p . } tr t públ i ccrs cl cti nham 12 t 019 l e i ros , c ontra J 24.291 c Ìos c s rubeìeti l Ìì!' rìto5pfl v l r
'\nirvde
dos, P OS S A S . C ri sti na. S aú,i t t Tr,thal ht, p.211
46
À1
Ouanto aos profissionaisde enfermagem,o Relatórioevi-
Esse dia, 12 de maio, que marcavatambém o nascimento
denciavanão só o déÍicit de enfermeirose auxiliares,mas tam-
de Florence,foi escolhido para o início da celebraçãoda Se-
bém o desviode função,principalmentedos primeiros,além dos
mana, enquantoa daïa 20 de maio para o término, por ser o
baixos salários pagos, concorrendoambos para o agravamen- aniversáriode Íalecimentode Ana Néri. FlorenceNightingalee
to da situação. Ana Néri, como símboios da enfermagem,são cada vez mais
Com base nos dados levantadose suas recomendações, utilizadaspara os interessesdominantes.Assim sendo,não é à
o ConselhoDiretor sentiu necessidadede um órgão que desse toa que em meio à ditadura do EstadoNovo é que as figuras
continuidadee coordenassea execuçãodessa tarefa, ocasião heróicas,patrióticas,resignadase obedientes,que simbolizam
em que surge a Comissãode Seguimentodo Levantamento. a enfermagem,são institucionalizadas pelo Estado, principal-
Essa comissão funcionou enfrentandosérias dìficuldaoes mente a brasileira Ana Neri. O espaço histórico de atuação
financeirasna consecuçãodos seus propósitosque seriam man- dessas duas figurae,entretanto,é esquecido:a Guerra da Cri-
ter atualizadosos dados nas cinco áreas selecionadaspelo es- méia, no caso de Florence,e a Guerra do Paraguaì,no caso
tudo inicial, já citadas. Recorre em 1961 à FundaçãoRocke- de Ana Néri.i")
feller e recebe ajuda durante um ano, ou seja, até 1962.Após
esse período,sem condiçãode sobreviver,tendo em vista os
precáriosrecursos,transforma-sepor volta de 1g63em Comis- (r0. ,{ c'nfermagem n:ocÌcrnir nasccrr. irrcqrrivocamentc, ìigada à Grrt'rra. Tal qual
são de DocumentaÇão e Estudosda ABEn, na modalidadede A na N éri 11811-1880).o símboìo da r:nferrnagembras i l c i ra e que s e proj etor.r c l u-
especi al,integrando-se,mais tarde, àquelasde caráter perma- rànl e â sangrc'ìti ì (ìr:erl i t i l o P arrrguai , Il k rrenc e N i ghti ngal e (1ÍJ 201910). rons i '
nente; diminuiu,por conseguinte,sua amplitudede informações, derada a prccrrrs()râcl a enl crnrag c rr.:nroc l erna. tambént obtc v e prrj eç ão c ìurante
restringindo-sea divulgaçãoe coleta de dados relacionados uma [Ìt)crra i ntl ,et'i al i srtì i t (l ucrro t]ri C ri múi a, erì.ì que a Ingl atel ra c a Franç a
mais diretamenteao ensino de enfermagemno país. Essa co- rìeferrcl cranr u tntegrtl adc Jo l tztpttri o ()l on,no (ontrd u;rpas ão R us s a. (r\QU l N O,
missão permaneceassìm denominadaaté o ano de 1976,quan- l Ìrrbi nr S antos l -ci o cl u, ct ttl ìt. Lli s tri ri t dus \oc ìc tl atl rs . p. 170t. Toc l os c om i ntc -
do houve nova reformulaçãodo estatuto da ABEn, alterando, l ('sses('((rnul Ììi \(ts( l ì\)l íti a\ìsrìrr i t(' J . pri nc i pal tttc nte rÌrì qLìc \c Ìc l (r( i l (ì: v s ttc i (tt:
portanto,o quadro de suas comissões. de D ardancÌos e do l l ci si <l to. i n rportantes parâ a ndv c !{ i rç ão c ,r c oml j rc i o nc )
fvl edi terrrìneoC l l i enraÌ. i 'r-i ghti rrgal c ,rmbor,r c ons i < 1c ra.ìapor ntuìtos rmd t,erc J ,t-
Conforme vem sendo analisado,muitas foram as realiza- tl ei ra escrau,ttl o IJenr c do l usttt ((IA R V A LII(), Gi l berro rl a C os ta. Irl orc nc e N i gh-
ções da ABEn, aÍgumasjá mencíonadasno tópico referente à ti ngal e. Ii nr tl B l :r n-" 2 - l L)60. p l tt), p()r rc ì ubanc l onadorr r.,j tl uri c a e c on-
Enfermagemno Brasil; no entanto,dentre outras, ressaltam-se fortrír'eÌ propotci onarl l por srÌa fam íl i a,1;ara s c -de.ìi c ar ì c rus a dos c nfernros e dos
hunri l dct, ternri norr p()Ì' scÌ', i gual nrentr-,unra c ol abr.rratl orac l o i nrpc l i aÌi s nro i ng)és .
ainda a criaçãoda Semanada Enfermageme do Boletim Infor-
Ìsso não soÍÌrcntc pcl :r sr:,r pal ri c i paç i ro nr (l uc ru i .l a (l ri mói a, c ui danc l o dos
mativo. sol dados bri rrrnrcos,,rntl c cmpree nc l eLrr,ári os c s tLìc l oss obre probl c mas t' Ìc s aúde
A primeira Semana surge em 1940, na Escola Ana Néri, tto exérci to. uras tanrbém pel a sr ra c < rl aboraç ão,ì c i onri naç ãoc oìoni z l tìora que a
por iniciativade sua diretora,Laís Neto dos Beys.Já havia sido Ingl aterrrr exerci a ni r ínrl i a. "l :l ,trotc c N ì1qhtìngal ed p,ttti t' l c 1862 (()t/t(ç ' ou a
planejar Ltnta ralornu ç,trrìtirir ptra ri c,.rértìto inglis u,t ínJta' tLlNlA, Laurônio
i nstituído por força do Decreto n..2.g56 de 10 de agosto de Li ns, Iìl trrence N i ghri ngal c. A ,'\rl n ri rrj s l rarÌota-- Iìr: tl R I-n, n)' 1, 1951. y > .215).
í938, da Presidênciada República,portanto,ern pleno Estado Tratava-sc, pt.ri s,.Ìc ttab,ri hrtr p.(ra (ì (\(l rc i l (Ì (l Lrd ?Ìs \(ìB l l rar,,t rt c ìortri ttaç i tl c < tl o'
Novo,o Dia do Enfermeiro.De acordo com o teor desse, o dia ni al na Índi a, nrui tt' rrrtl tor,t tenha trnrhc rn [)!' ()c l l râd(ì' ìni l nìr ptutt Qu€ tt | .)
popul ação daquel c p.i i t.Ìtl ,l ('tcÌ/c ol t' ìJ o l os .;c l z enel i c i ,t,l d L' on neJ ìdus s ani -
"será ceÌebrado a 72 de maìo, devendo nesrâ dâta ser prestada home- tári as excepci onai s..." l l hi dem. p 215). O c erro é que a c ol aboraç ão de Fl o-
nagens especiais:ì memória de Ana Néri. em rodos os hospirais e escolas rcnce Nigl-rtingale' com o coLrnianismo foi mais adjante, pois " ott pouco lem,
de enfermagem do paí5" itl po erít um experl nd rnaleria e nenhuma autorìdade inglesa partìtt para a Ín-
di a sext prìntei ro consul tti -l a sobte os probl enas J o pai s ". íÌbi dem, p. 215). E n-
tl l ranto i sso, a popul ação da i ndi a era v i l mente ex pl orada pel os i ngl es es , que en-
tre 1769 e 1770. segundo Marx, ".lubrìcttram na íntíia una epitlemia de lonte, açam-
l ,arcando todo o arroz L'reÍardLtndo poìs s ua t,enda, de nodo a obter preç os
E nle r m a g c n , L c g i s l a ç ã o e Assu n to s Co n e la to s, r ' o l. L p. 111
labulosos". Salienta ainda o mesmo âutor que quase um século depois "em 1866,

48
De início,os objetivosde tal semanaprendiam-sea home- Ëssa escola a que se refere o artìqo erâ a Ana Néri.'ìr
nagensaos ídolos da enÍermagem,estímuloao aperfeiçoamento Observa-se.portanto, que a preocupaçãoda ABEn com a
da profissão, congraçamentodos profissionais,entre outros. EducaçãonasceLrdesde o seu prirìeiro mornento.O realce dado
Atualmente,além de permaneceremalguns daqueles citados ao assunto é c0rlprovadoatra\,,ésdos seus diversos estatutos,
objetivos iniciais, a Semana é consideradatambém um exce- das reconrerrdações de corrgressos, dos docr.rmentos de comis-
lente momento para divulgacãoda profissão e reivindicaçãode sões especiais,das publicaçõessobre a ABËn e, principalmen-
te, do seu rnais irnportanteórgão de dìvulqaÇão que é a Revista
seus interesses."lEm 1960,Íoi a Semanada Enfermagemofi- já
Brasileirade Enfermagem mencionadaneste trabalho.Alnda
cializada,conforme o Decreto n." 48.202do Presidenteda Re-
com o nome de Anais de Enferrnagern1532-1954 são inúmeros
pública.
os artigos clLretratarn da educaçãoerx enfermagem,corrpreen-
Quanto ao Boletim InÍormativo,surge, bem mais tarde, por dendo: estrutLrracão das escoias,ensino em diferentes níveis,
volta de 1958,como continuidadeao que havi a sido tentado em currículos,qualificaçãode docentes, seleção de campos de
1957pela diretoriada ABEn.É tanrbémum ins trumentoutilizado estágio,ieis do ensino e, sobretudo,a etica que deve ser ensi-
para propagaros feitos da associação,sendo mensalmenteen- nada llas escoias. A partir de 1955, com a denominaçãode
viado a todas as seçõesestaduais,com o objetivo de mantê-las Revista (REBEnì,persisterÌìas preocup€ìcões com a educacão,
informadasacercadas notíciasmais significativassobre a pro- porém,sendo e.:sse período.ou seja, 1955-1980, objeto de estudcr
f issão. deste trahralho,será analrsadorro capitulo seguinte.Ainda por
volta de 1938,surge na ABEn a idéia de se organizaruma co-
Mas, dentre as prioridadesda ABËn, a questão da educa- rnissãode educacão,mas sua concretizacão efetiva-seum pouco
ção merece um destaqueespecial.Seu primeiro estatuto,que mais tarde, quando em 1944,â partir de discussõessobre o
data de 1929, logo no primeiro capítulo - "ps nome, sede, assunto.piarreja"se e aí ocorre,de Íato, a criaçãode um órgão,
duraçãoe fins da associação",na letra "a" do art.2,,, lê-se: cuja f inalidadeera estudar os problemas ligados ao ensino.
Assim, em nlaio de 1945 organiza-sea Liga de Educação;em
" Tra b a Ì h a r i n c e s s a n te m e n tcp e Ìo p r o g r e sso cla cclu ca ç ão cìc entermei ras
setembrodo mesmoano recebeuma outra designação- Divisão
de Ensinode Enfermagem.Estabiliza-se definitÍvamenteem fins
e peÌo estabelecimento dc csrrrlas de rnfetmagcrl cque tenhanì os l.Ìres,
de 1946sob a denorninação de Divisão de EducaÇão. Essa teve
mos lequisitos da E,scoÌa Ofrcial do (;overÌlrl."'il
sua primeira diretoria constituídapelos seguintes rnembros:

Presidente:Edith de MagalhãesFraenkel
m orlerí ln l d a l o m a r t u t s d t u * n ìL h ã a ,lc h tn d ts ttu ' ,tu !ìrÌtL,t [,tt)Li r! i t, a dt, Vice-presidente:Laís Netto dos Reys
O riSSa. N à O O b s ! a t t e , l t o ( u r t) t! Sf r .t!ttq u ( ,L L ì| 0 n t OS p r e ÇOSd que S e L:<:U di A üOs 1." Secretária:Celina Viegas
g êt eros à s u a g a n / e Í t t n i n ta ' ' iN{ AIìX, Ka r l O ( tp ito l L . I. V 2, p. g71). para
2." Secretária:Glete de Alcântara
N ight inga l e , t r â t â \ ' r ì - s en ã o clc co n r e sta r o in .r p e r ia lisn r ob r itâni co. r'rns cl c "pl anej ar
rna relorma sonì/,iria pítr(1 o ( xir.i/o inglês na i ndìa ' c dc rcntar " ìnllttr para Tesoureira:Josefa Jorge Moreira.
que ,i ( . . ) poi,tilação daqutlt pri.r ( .1 f t,stt henelitiudt tor,; ntìttlas sdttittí.
rì as (. . ) " . A d o m i n a ç ão p cr u r r n e ci.t in r cir r n r cn r e in to c:rda.

ó1. Nos úÌrimos iìnos âs cornernoraçôes da Sei.nana vêm sofrcndo um qrada,


í.]. A E scol a A na N óri foi o c enfto dc ri nra s éri c c l c píonc i ri s mos ; pri -
tivo processo do polirização: ao hclo dc um rrabalho de divuigação sobr:e rrrt'i ra cscoÌl ofi ci al cl e enl ernl ru c rn tìo país c c ons i c l c rac ìaofi c i al mc ntc c s c oÌa
d ados in e r e n t e s i ì p r o f i ssã o , a r r a r ,é s d o r ' á d io , r e le visão, j ornai s, dcscnvol ve
l xrcl rão por mui Íos anos; surgi rr Jc l ri a i c l c l i a tl a c l i l ç i ìtr c l c Lrnra A s s oc i aç :rodc
paraÌ elam e n r e L ' r ' ì c o n r r o s.jo r n a r ìa s, scn r in á r io s, co n Ícr ô n cias, aros públ i cos, com l ',rrfcrmei ras; ccl cbroLr-seni r r\r'r N ír' i a pnnrc ìrrr S c rnana c l a Infc l i r]ar:c nr en.Ì
o intuito de ìnf()rr'ì.Ìrìracercr dirs corì(ìiç(ics de r,ida u saú.ìc clir popLtlaçã() bra. l 'l .l (ì. Foi tantl rt:nr a E scol ri r)rììâ c Ìi Ìs pr-(' r' Ìrrs oràs .l oc rrs i ni r rl e l )ti s -gtai l rr:rç i Ornr
silc ira, be m c < r u r o s o b r c ' a sir u r çr ìo p r o fissio n a l d o p cssoal cl e c.n[ermagenr l rrrfcrmagerl . concl Lri ncl o-sc.Lì(ìr tl Ì' ìt(ì, s r:r c l ,t Lrnr dos pri r.rc i pai s c c ntros c ìc
l ()r'mâçãod,:s i ntcl r-ctuai s dc cnl 'c rnragc m nrr pai s .
62. CAR V A L I Ì O , , \ n a v d c ( .o lr ê ' r r lc. Op . cir . p . - { tì( ) .

61

Tinha a Divisão,ao se estabelecer,os seguintesobjetivos:
r;ionado às questões específicas de educaçãolensino'InÚ-
1. " e s t u d a r t o d o s o s .lssu r lto s .cla cr o n a d .s Ineras vezes chegam a atingir índices de 60o,'o , 70o/oe até
ilo cn sin () de [-.nfermagenr;
2. procufâr melhorar .s padrôcs de Lì,nfermagem a fim
B1o/o,como ocorreu, por exemplo, no ano de 1967.Para uma
m e l h o r a s s i s t ê ncia r o Ir ú b l.ico .
de prestar. visão global de tal afirmação, é importante urra leitura da
Iabela 1.'r
) cooperar com a ABED no seuticìo crc dcsen'orver . scrrso cre
res-
p o n s a b r Ì i d a c ì cc in r e r e ssc p e lo s a sslr n r o s r e fe r e n res
i ì E 'fermarem A partir de 1955,ano que representouum marco no que
( n l ( ' , ' . m t . r r rh r r r > q u c sc J,:Jic.r n r ì a d r n in is rração
çÌc crcol as. se refere à mudançade denominaçõesna associação,a Divi'
a c e n s i r ì o c à sr r p cr vis:- r o< 1 e 9 s1 1 r d ;1 n çs5 r ìr.' , são de Educaçãotambém passa a designar-seComissão de
Educação.O mesmo aconteceucom as outras divisoes.
Urra das primeirasgrandestarefas da Divisão,afora a per_
manente ínsistênciaem cursos para fonxação de enfermeiros- Ao realizar-seo XXVII Congresso Brasileiro de Enferma'
gem, que teve lugar na cidade de Salvador-BA, no ano de 1975,
-cheÍese instrutoresde alunos,Íoi no sentido de contribuirna
foi criadaoficìalmentea tão esperadaAssociacãoBrasileirade
elaboracãoe discussãodo projeto gue deu origem à Lei 775-
-1949,já aludida neste trabalho,cujo teor dispõã..sobre o en- Educaçãoem EnfermagemIABEE),em AssembléiaGeral de 1.''
de agosto,com total apoio da ABEn, através de sua Comissão
sino de enfermagemno país".
de Educação,betn como do COFEN.A idéìa, etnbora muito
M uito colaboroucom esse projeto a Comissâode Legis_ antiga,reporta-seainda ao ano de 1954,com a organizaçãoda
lacâo qire seiïpre prestou assessoramentoa várias outras co- Comissãode Diretoras de Escolasde Enfermagemda Divisão
nrissoes.sobre essa, é justo le'rbrar o nome da professora de Educacão,coÍìcretizando-se somente nesse período por ini-
HaydéeG. Dourado,que relevantesservicos vem plestandoà ciativa cle docerrtesda EscolaPaulistade Enferrnagem,a exerÌl-
enfermagembrasileira. plo de associaçõesdas outras escolas da area da saúde.
Para rnelhor estudar e coordenaros aspectos do ensino, A primeira diretoria, eleita ern agosto desse mesmo ano
a Divisãode Educaçãose distribuiuem váriassubdivisÕes, cada em assernbléiageral extraordinária,fìcou assim composta:
LuÌìacot-Ììum papel específico a desernpenhar;dentre essas
destacanr-se:crrrrículo.publrcidade,financas,bibliografiadidá- Presidente:FranciscaNogueiraSoares
tica pós-graduacão, erltre outras. Algumas tìveram suas deno. 1," Vice-presidente:Nylza Rocha Medeiros
rrriirâcÕes posteriormerrtealteradaspor nrudanÇado reqimento
ir'Ìtri!'no:rì0 er'ìtantQ,
os obletrvospermâneceraínpratiiamenre Clara Wolfovitch
2,' Vice-presiderrte:
irrallera<ios SecretáriaGeral: Maria Dolores Lins de Andrade
Por ocasiãodo I CongressoNacionalde Enfermagem,rea. 1." Secretário:Luiz Cieto
lizado em são Paulo,erìì nìarÇode ig47, a Divisão ie Educa.
1." Tesoureiro:Mariana Augusto
çâo. bem como a Divisão de saúde púbricadispensaràmrere.
vante corrtribuicàoà então ABED, entidade promotorado con. 2." Tesoureiro.Eloita PereiraNeves,alérn cle um Conselho
clave. Reverdo-seos trabalhosaí apresentudos, Fiscal""
em númerode
catorze ao todo. sete reteriam-seà educaçãoem enfermagem,
enquantoos demai s dividiarrr-seentre saúrdepública,adminis.
tração e psiquiatria.Mas essa preocupacâonão se rinritouape-
nas a esse primeiro congresso;tomando-seos dadosdas reco- 65. A t,rbcl a. rì quc se rcÍere o trab.rl ho. Íoi c Ìabol ac Ìa totl l antl o-s e por bas e
rrs resol uçi 'rcs,'reco'1ìe rì(Ìi ìçòcs publi c rr.l i rs rut c l oc rrntc tttii or i rrti r' .rl ac k r- .11 anos
mendaçoesdos demais. rro período compreendidoentre 1g47, pul r)i eati t' < rrl i 9õ1, a i (.1' i ç 1,; ,\ndi s dc
.i <t C ortgr.'ss,,Ìi r.rsrl ci rLrJc Lrtl i r-rrììrìg(ttr,
-1982, verifica-se um elevado percentual diretamente rela- . Ir. J. tìo rìi l () (ìc l 9j 2 e D oc Lrntc ttto el rl  ìJ l ;n s ol rrc l )ec ìaraç ões
l :.nl ettna.qr',1
c Recomcndaçrics do XXXÌV CIlEn, reaìizado na ciriaJc dc P<rrto Alcgre no
rno de Ì982.
61. CARVÂLIIO, Anavde Corrêa c{e Op. cit. p. 121 66. C Á R V Á LI{O. A navde C orrêa de. Op. c i r. p. 47-1.

52 53
Ï48ËLA 1 para a Co
DO S CO NG RESSO S
R ËCOMENDAçÕE S BRASI LEI R O D
SE ENFERMAGEM Tinha como obietivos os mesmos delineados
PËRIODODE 1947.1982 rrìissãode Educação,em seguidatranscritos:
o ensino nos diferentes ní-
RECOMENDAçOES l. "Estudar os problenas relacionacios com
prepafo do corpo docente;
veis de enfermâgem e com.a seleção ç
ANOS ËSPEC'FICASDE dos cursos de enfermagem' re'
OU TR A S
ÁBEAS 2. Atender às solicitações das escolas e
EDUCAçÃO.ENSINO
ferentes à elaboração de regimentos e à seleção dos campos de prá-

1947 43qo 57Vr, ti ca;


ârnbito nacionâl e
1948 6tJC"a 40% J. Promover reuniões de diretores e professores, de
de assuntos relacionados ao et-rsino de enfer'
ì9.19 66V+ )4Vo regional, para o estuãtl
1950 41Vr 57% magem, em seus diferentes nívets;
de
r9ï | )"4 27Vo .:l- Iüanter entrosamento com as seções no que se refere âos assuntos
1952 6)ú7o )7% educação e en{ermagem;
1954 4$!o 56Vct
). Manter-se vigilante em tudo que diz respeiro
à legislação dct ertsrnrt
1955 50Ao 50Vo de enfermagen "
6?
r956 59Qc 4IVo
t957 65Vo
Não se pode negar. portanto'apos essas breves conside'
35Çt,
1958 70, iUVo
ly)9 604o 10Vo rações,a decisivainiluênciaque ex-erceue continuaexercendo
Embora
l 960 604r, 40Vo a ABEn na história do ensino de enfermagemno Brasil'
é
pareçajusta sua pieocupação,lão^ .poisivel' por outro lado'
1962 50Vo 50Vo
súa existência' seu apoio no sentido
196t TtJQc )0Vo ãn."Li""ut, ao longo de
r964 J2Vo 48%-; ã;-i;s'ti;;, ,s poiiiicãs de educaçãoe de saúde oriundasdo
necessìda-
l9ó) 70üa J0Vo Estadobrasileiro' nem sernprecondizentescom as
da população..e a inf.luên-
I 966 27Vc 73Vo rles básicas dos seiores su'balternos
\96i SI Vo 19Vo políticas na f ormaÇão e prática dos profissionais de
r968 65Va 35Vo "à,J.rru,
1969 17Va 8)Vo
enfermagem.
da vida
I 9 70 60Ço 10%t Confirma-seisso, não somente pelas evidências
1 97Ì 28Va I Z"/O profiisionalmas, sobretudo,através de suas publicaçõesì assim'
ilustração,observe-se o que diz uma
1912 60qo 40Vo
ããi ã-"*óro, a iítulo de Brasileirode EnÍerma-
r971 6JVo t7%
ãã. i".orn"ndações do XXVII congresso
I 9 71 60% 40?a às diretoras de escolas:
tgi 5 14Ço 56o/rt õËnl iigzsi. diiigtda diretamente
a
r976 56Vo 44uto "que promovânl a orgarrização das atividadcs curriculares de modo
r97i 5)Vo "I7Vo atender às cliretilzes gïu.rrr.-"ntnis clestinaclas à assistência das popula-
"sim''.tltaneamente
r 97 8 5)q,i 17so formar profissionais capazes de
fõ., ,,rrrir, visar-rdo
1979 464o 54Qa " tix
atuâr em pfollrtìnas dessa natttreza
i980 otJVc, 409r,
55% no eclodir
Seria bom lembrar que essa recomendaçãoaparece
1 98 1 15so
1982 )BVa 62 .{rL cobertura, e desen-
incentivados
ãã, pÃíru*as de eiúsao de
ÏOTAT 5/t o:u tt60,à

FONTE Lìuro sobre Cungrt'ssostle Ent'ernayun - Anais de Ent'ertnagon n." 1, ABEn ent reLaçãoao preparo dtt
1952 e Docrmenio da ABEr sobre Declaraçõest'R ecomt'ndaç'i sesl u 61. CARVALHO, AmáÌiaCorrêa cle. Posìção ,ta
no jais. Reuista Brasileira de Er,Ïermagem n'" 1' 2-71)7i'
XXXIV CBEn Ptssoalde enlernugcm
Ano XXVI. P. 91
NOTA Não houve Congressos nos dnos de l95l e 1961. OP. cit. P' 145
6lJ Jl anos .lo Congtesso Brasileiro de EnÍermagem

54
governamentale desconhecendo
volvidos pelo Estado,como forma de aliviar as tensõessociais; nssumindoassìm o discurso
enguantoisso, no mesmo período,no Congressode 1977,rea- rr dura realidadedo p a í s . ? 1
enfermeirosé exercida
lizado em Santa Catarina,recomenda-setambém às dìretoras A direção política e cultural dos
através do intenso tra-
prÍncìpal.mente
e coordenadorasde curso de enfermaqem: ,l,,.sa Í"iÃ; pe'laABÉn,
pela Revista oficial da entidade
balho de educaçãouãiótifuao
" r c v i s ã o r l o s c u r r i c u lu s. I' iìr d q Ìr c scjir m .r sscg u r r r Jo st j ç rnodt' mai s cn j ;i - e semináriosque promove.
o pelos congressos,encontros
Ì ic o r r s a s p e c Ì o s d t r e a b ilita çã tl n o e n sin o r le F ìn fe r magcrl "'l l Ì

comprovando-se, portanto,a exigênciade um ensino, cuja ên'


fase deve recair na assistênciacurativa,de conÍormidadecom
a direçãoque o desenvolvimento do capitalismono Brasil,após
1964.imoôs à área de saúde.por ser a mais lucrativa.i''
Assìm, pode-se depreenderque a ABEn, através de sua
ação, busca a adesãode seus âssociados,no sentidc de forta'
lecer as políticas do Estado no setor saude, concorrendopor-
tanto para legitÌnrara hegernoniaburguesa.
lsso pode ser comprovadoquando se observa a homena-
gem e o apoio que a ABEn,em sua Hevista,prestou,por exem
plo, a governose prograrìâsgovernamentaispós 1964.Obser-
ve-se o editorial clue a REBEnpublrcouem seu n.''1, de 1967:
"O nome do ÌrÍarechaÌ Casrelo Branco e de seus coÌaboradores ( . j é
inscrito com Ìoda a gratidão pela Retìsta da A:sociação Brasiletrd de
Enterryagert.'

pelo simples fato de ter assinadoum Decreto-Leique alterava


os níveis dos auxiliares de enfermagemvinculados ao Ser-
viço Público Federal.Não se tratavâ, portanto, de uma con-
quista da associaçãorepresentativada categoria,mas de uma
dadiva concedidagraciosamentepelo poder. Em íg25, em outro
editorial.aplaudiao Sistema Nacionalde Saúde e assegurava
que

"se o país nâo c-stivesse no bom nír,eÌ de scu desenvolvimento, pode"


ríamos a.ilrtir: que seria csia Ììmtì .Ìaqtrclas leis feitas sem esperança de
s e r ' e r nc t r n r p t i J a s . "

69. Ibidem, p, 1ó4.


Ano XXVIII' n'' 4' out-dez'
11. Editorial em ReoistaBrasileirade Enlermagem
70. Enrbora os âspccros de raafujllyaçio possam e <]evlm ser esrendidos à área
que naquele exato momento constâta-seuma
pt ev enti v a , a q u i n ã o é r r a ta cll co n l e sse e n fo clu c. Ba sra veri fi car que de 71 Ì975 (grifos nossos).Vale ressaltar infantil' confor-
Je m'rrtaÌiJade
(setenta c um) te*as li,.'res, aprescntados ro al.did<r congresso, 62vo alsordavam brutal concentraçãode renda e um Jr*. orrA- CaPítulo I'
J ao ao item 2 do
âs s unt o se s p e c í f i c o sd e á r e a cr Ìr ir r ivâ .Ìh id e r r , p 162-64. me foi demonstrado nas notas 15
57
56
CAPTT'ULOII

A REVISTA BRASILE,IRA
DE EA/FtrRMAGEM

1. Histórico da Revista
Após o estudo das condiçõesem que surgiu e se desen-
volveu a enfermagemno Brasil, compreendendo o exercícioda
profissãoe a criaçãodas primeirasescolas,parte-seagora para
uma análise da Revista,porta-vozoficial da ABEn.
A RevistaBrasileirade Enfermagemsurgiu no ano de 1932
com o nome de Anais de Enfermagem,quando o número de
enfermeirosno Brasil ainda era inferior a uma centena.A ini-
ciativa de criar uma Revista partiu dos primeiros líderes de
enfermagemda época,tendo como marco principalo Congresso
do ConselhoInternacionalde Enfermeirasem Montreal-Canadá,
em 1929. Durante esse Congresso,teve lugar um jantar-reu-
nião de todas as redatoras das revistas de enfermagemdos
países membros do Conselho,tendo o Brasil sido convidado,
na pêssoade Edith MagalhãesFraenkel.Uma das organizadoras
do Congresso,também superinten,dente do Serviço de Enfer-
magemdo HospitalGeral de Filadélfiae Diretorada Escolade
Enfermagemdo mesmo hospital, Miss Lilian Clayton, que a
convidou,"consideravaa existência de uma revista indispen- A Revista não tinha apenascomo principal propósito esta-
sável para o desenvolvimentoda profissão"t e, portanto,acon" helecerum elo de comunicaçãoentre os profissionaisde enfer-
selhava gue a Associaçãode Enfermeiros,no Brasil, partisse rììagem,como também "servir de depositáriadas concepções
para a sua publicação,mesmo de pequeno porte. Parece ter que vão plasmando, moldando e dando existência à enferma.
sido esse o incentivo maior para a criacão da Revista, uma gem nacional".:'
vez que, mesmo antes do retornodas congressistasbrasileiras
- Edith Fraenkei . Laíra Cintra Vidal e Rachel Haddock Lobo Inicialmente,Anais de Enfermagemteve sua publicação
já estudavam,em Montrear,a possibilidadeda sua f undacão. rnuito irregular,saindo o seu segundonúmero somenteem de-
Voltandoao Brasì1,passara;Ìiartrabaihar,a envidaresforçosno zembrode 1933,mais de um ano e meio após a publicacãodo
sentido de ievar a idejiaa {rente; esse processo não Íoi tão númeroum. Os núrnerostrês, quatro e cinco saíram em 1934;
financeirasda Associação
fácil, tendo enì vistü as ciificirìdades em 1935, apenas dois nún:erosforam publicados,seguindo-se
Nacionalde EnferrneirasDipiornadasBrasileiras,órgão de rtraior assim unra publicaÇãoirregular.pelo menos um número anual-
apoio à criação da Hevista. mente, quando em 1941 sua pubiicaçãof oi interrompidaaté
1945.por absolutafaita de condicÕesfinanceiras,motivadapelo
Apesar de todos r:s obstáculosenfrentados,como escas- alto custo do g;apei.errrdecorrênciada ll Guerra Mundial.Volta
reduzidortúirrerocie profisstortais
sez de recLrrsosÍinarrceirr-rs, a ser reeditadaem 1946.iá conr sede publicitáriaem São Pau-
com dedicaçãoa essÊ iÌpo de tarefa, nìesmü assirn, o grupo lo, pelo Íato de a AssociacãoBrasileirade EnfermeirasDiplo-
que trabalhavaerï funcàr: desse objetivo nunca esmoreceu, madas.-sustentáculonraior da Revista.encontrar-senessa oca-
tendo concretizadoa idéizrsomêntetrês anos depoìs,em maio sião conr sede nessa cidade, aí permanecendoaté o ano de
de 1932.quandoseu prinreironrìrrrero foi impresscrnas oficinas 1952,quando retonrâ rnais uma vez ao Rio de Janeiro,funcio-
gráficasdo Jornal do Brasil,rro Rio de Janei ro.
nando senÌpre junto à Associaçãode Enfermeiras.Teve sede
O grupo r"es ponsável por essa publicação se organizou própria somente a partir de 1955.O editorial do primeiro nú-
numa diretorla. assiin constituida: mero, dessa fase [1946),mais uma vez conclamaa todos para
o irxfiortantepapel da Revista,enquantoinstrumentode divul-
Redatorachefe: Rachel HaddockLobo gação de rrovosconhecimentosprofissionaise como elemento
Secretária:Célia Peixoto Alves unifÌcadorentre os enfermeirosdispersospor todo o território
Redatorarevisora:Zaíra Gintra Vidal nacìonal.De 1946até nossosdias, a publÍcaçãose manténìsem
ïesoureira: EdméaGabralVelho. interrupção,emìrora irregular quanto ao número de revistas
editadoa cada ano: em alguns períodosteve publicaçãobinres-
Além desses elementos,a Revistacontou ainda com gran- tral - isso ocorreu de 1961 a 1963, quando recebeu ajuda
do número de colaboradores. A AssociaçãoNacionalde Enfer- financeìra por parte da FundacãoRockefeller;semestral -
meiras Diplomadas Brasileiras,que todo o apoio prestou ao durante os anos de 1969 e 1970; e, por fim, trimestral, com
evento,tinha na sua presidênciaa enfermeiraEdith de Maga- predominânciadeste ao longo de sua publicação.Mais preci-
lhães Fraenkel.A mesma associaçãoem 11 de abril de 1934 samente,de 1971até o presentemomento,a Bevistavem sen-
solicitou o regístro de Anais de Enfermagem,como seu órgã'o do publicada,com rigor, t rimestralmente.
oficial - e assim se efetÌva,de acordocom o talão n.'4, página A partir de 1946,nota-setambém um insistenteapelo aos
33 - BibliotecaNacional.Direitos Autorais - a fls.231 e 231 enfermeirospara que colaboremcom a Revista,não apenas no
verso do livro 4, sob o número5.514.:

1. RESENDE, Marina de Andrade. Em: ReuistaBtasileìra de Enlermagern.Ãnct ). Editorial da Reuista BrasìLeìrade Enlermagcm n." 5, Ano XV, out-I962.
p. 401 (grifos nossos).
p. 19ó.
XV, n." 6, clez-1962.
2. CARVALI{O, Anayde Corrêa de. AssociaçãoBrasìleirade Euleqmagem,1926- 4. A AssociaçãoBrasileira de EnÍermeitas Diplomadas (ABED) substituiu a
AssociaçãoNacional de EnfermeirasDiplomadas Brasileiras,a partir de 05-1944,
-1976. Documentário,p. 36L
conforme Documentáriocitado. o. 1l

61
sentido de divuloá-la,mas principalmenteescrevendo Em AssembléiaGeral de 16 de agosto de 1954' por oca-
artigos
bem etaboradosã de qúál,o"aó.À.";;;'"-prËrru rrlirodo Vll CongressoNacionalde EnfermaS.eTrealizadoem
-etevaia
presidente da comissão u i,io párfo, a preõidenteda ABED, Glete de Alcântara,"fez um
redação,Glete de Alcântara, em En-
.de .
assembléiageral de 04 de dezem'brode í950,-quàÀJo,-ràrurin- up.lo ar" congressistas para que não deixassem Anais de
do-se.aoassunto,soricita "trabarhosde varor p"iá-"ã"1, iËrtn"g"tn deõaparecer".!Depreende-se, portanto, que a Revista
pubri.
cados".r' r;0ntinuaem crise e são muitas as comprovações- incentivo
Em assembléiaimediatamenteposterior,de 0B ,',,s anrncios, a fim de angariarrecursos; modificaçãoda capa
bro de 1gS0,foram_aprovadas
de dezem- para torná-la mais atraentã aos leitores; mudançade s.eupró-
as seguintesrecomendaçõesda 21 de agostode 1954'
comissão de redação: lrriotítulo. Então,em assembléiageral.de
iambém no Vll Congresso Nacional de Enfermagem'
I . "Que se forme em cada seção e Distrito
cra ABED uma comissâo "foi proposto e votaclo por unanimidade que o nome da Reuìsta Anais
d e R e d a ç ã o A f i n a lid a ,e d e sia se r á : Ìn g a r la r a ssr n anres,
anunci antes, de EìÍeìnagen seja modificado para Reuista Brasileìra de Enlermagent",!
co Ì a b o r a ç ã o e n o tícìa s p a r a a r e vista .
2 Que as presidentes das conrissões <1cRccraçãocras Seções e .os Dis- surgindoentão a exigênciade novo registro; no entanto'tem-se
tr i r o s c o n s t i t u a m o s n r e m b r o s d a Co r n issa o d c Re daçao
cl a A B E D , .oticia de que novo pedido foÌ encanrinhado entre 1954e 1955,
pr e s ì d i d a p e l a s e c r e tá r iad e An a ìs d e En fe r "m a g e r n . '
iì r e p r e s e n r c e s e j a m o e Ìo d e lig a çã o e n r e a s
o u pel a pessoa que cm virtude da mudança do nome, embora date somente de
de Anais de Enfermagenr
Co m is sões. u r.,1uçãu
1958 a certezado seú registro na Alfândega,sob o número
375- Havia,na época,uma ôrientaçãopara registrá-lano Minis-
ie.io do Trabalhó,mas isso não foi possívelpelo fato de a Re'
i. Que a redação de Anais cle Enfermagem só aceite colaborações
en-
vìstã nao ser fundação independente,e sim órgão oficial da
caminhadas através das comissões de reclação
estacluais ou distritais.,,6
AssociaçãoBrasileirade Enfermagem(ABEn)'10 lsso levou seus
Observa-se, portanto,nessafase um esboçode organizacão dirigentása elaborarem um plano para transformá-laem socie-
por parte do corpo administrativoda Revista, por de 1960' Mas tudo permaneceu-ao nr-
iáÃlãï dadó anônima, volta
pareça bem clara a crise financeiraque "ruoru" de conseguir fundos
atravessava.São cons_ vel do plano,e, até mesmo as tentativas
tantes os apelos para que seja aumentadoo númerã pãra mãnutençãoda Revista, como foi o caso do documento
oã so.ior,
visto que até então não havia uma correspondência
o encaminhadoã FundaçãoKellog, não obteve resposta afirma-
númerode sócios da ABED e assinantes.A átreçao "ntru
qu" tiva, pelo fato de ser a ABEn entidadeparticular'
esse núrrero extrapoleo dos associadosda ABÉo, "rpÀrâ
consideran- Voltando à questão do registro do novo título da Revista,
oo.q.ueoutros profissionaispodem tornar-seassinantes
e assim há informaÇõesde que
colaborem para o crescimentoda Revista.
No relatórioda presidente,referenteao período presidente cla ABEn, em fevereiro de 196-], de posse de um Jor-
percebe-seurna certa euÍoria com reraçào 1g50_195í, "a
Nacional de Pro-
ao crescímentodas mulário da SeçãÒ tlt cìomunicações do Dcparlan'ìento
assinaturas,embora, a certa altura, mats uma pri cdade Industri rtl , Termo t l " 178 ' 710' c l e 19 de mai o de
195ti '
vez insísta na
idéia de exi stcntenosàrqLtl voscl aA ssoc i aç ão,reti ranoMi ni s téri odaLndús tri a
cuio paga-
e comércio o ccrrificado cle Registro de Marca n." 27J.0-17,
"conseguir que toclas as a 26 de de 7962" 1r
sócias da ABED compreendam que devam mento de taxa havi rr si do ci etuado l unho
ser
âsslnantes de Ánais de Enfernragent, rct,ìsta
técnìca, cuia linalìztade é
atualtzar os cothecinentos !ét.nìco_proltssionaìs,ìas
enlermeìro, Urjui;tri_
ras" i
Í1. Ibidem, P. 510 (griios nossos)
9. lbidem, P. 514.
CongressoNacio-
5. RESENDE, Marina de Andracle.Op. cir p.
508. 10. A ABED passaâ denominar-seABEr por ocasiãodo VII
em São Paulo em 19í'1, Documentáriocitado' p 38
6. Ibidem, p. 508-09, nal de Enfermagefrrealizado
7 . Ìbidem, p. 5 10 . íg rifosnos s os ) . 11. CÂRVALHO, Anavde Corrêa de. Op' cit p' 361'

62
63
Percebe-se,portanto, a estreita dependêncÌada Revista
com a ABEn, nâo só Talvezfosse importantecomentar,ao término desse bi'eve
lo que se refere a sua produçãocienti
fico-literária,mas também lristórìco,o papel da Revista desde sua fundação'quando os
quanto ao provimentode recursos necessárioà urrifi-
fi,nanceirospara sua manutenção.Foi por essa razãoque, i,i,rr"it* ã foncebiam como instrumento por todo o
apos ,',,çaôdos profissioÃaisde enfermagem dispersos
algumasponderaçõesda diretoria da'Bevista, fÌcou rãsolvidc divulgaÇão de novos
Itrasil e principalmente como elemento rle
que ela deveria deixar de constituir órgão independente de depositá-
finan ;;;,;ì;'.';;;;i;': ;';Ìi';ionais, servìndo, sobretudo,
ceira e estruturarmentee passar a integrar o orçamento e dando exis-
ABEn.Dessaforma,garantìriasua tiragem,uma vez que o preço
da ril das concepçõesque vão plasmando,rnoldando
tôrrcia à enfermagem nacional, conforme foi citado anterior-
do exemplar já seria incruído na própria anuidade da ABEn
a partir de outubro ae igOs, a Revista, quu ;;';;;. Ê È;; veráadeque, enquantoveículo de comunicação'
f^.:i*,sendo, um papel de grande impo.rtância' por-
0ependente administrativarnente ,,t, uut desempenhando
da ABEn desde 1g55, passur "ru territorial para o dis-
também a dependerfinanceiramente rlrrantose não bastassea vasta'extensão
da mencionadaAssociaçâo tíìnciamentooos profissionais, ainda se agYaua' sobremaneira'
c_omefeito-,cada presidentetem como uma das que não favorecem outras
suas atribui. ii"rãt sócio-econômicas
ções a de figurar como membro responsávelpela nevístá,pos profis-
teriormentedenominadodiretor responsáver, írlrmas de comunicaçãocomo. por exemplo' encontros
"onaìçÕes
cargo de desiaque sionais mais constantes
na diretoria; os demais membrosseriam eleitosïu u"o-rdo
a renovaçãode cada diretoria da ABEn, sem necessariamente "o* DopontodevistadasconcepçÕesquesãoveiculadas'nota'
pertenceremà diretoria.daAssociação,conformefoi
dito; ape- -se,ao longo do períodoestudado,uma certa relaçãoentre essas
país.
nas o presidentede cada nova diretoria da ABEn é, por deter- ,,""..pçãuï ã cada momento político-socialvigente no
minação dos estatutos,diretor responsávelda Bevista. Sobre a nota treze, onde a autora cítada se refere à colabora-
científico-literárìodas
vencendo todos os obstáculos,a Revista Brasileirade En- õã" .iãrtiiiãa da Reüista,aliando valor nesses anos
publicaçõesao desenvolvimento da enfermagem
fermagem ainda é na atualidadeo único veículo de
comunica- cle progresso,em todos os ramos do conhecimentoe desenvol-
çãor: dos profissionaisde enÍermagem,com circuraçaoem toao vimentó do país, parece evidente,entretanto' que o
processo
o território nacional; daí a razãode sua utilizaçãopelos profis_ que o país experimentou nos
de desenvolvimentocapiialista
sionaís-deenÍermagemde todo o Brasiíe sua inegáverinfruên- apÓs 1964, não confirma o que
últimos anos, especialmente
cia na Íormaçãodos enfermeiros,tendo em vista sua aceitaçâo al'
à"frur.u a mencionadaautora' O crescimentoeconômico
e recomendação, na época do milagre' sig-
especialmentepor parte das escorasde enfer- caïãá; em alguns períodos,como
e
magem. O documentárioda ABEn,publicadoem 1976,quando nificou um intenso processode monopolizaçãoda economia
se refere à colaboraçãocientífica da Revista, inicia a urtoru renda social' E a enfermagem por. sua vez
Ju con..ntração da
às
com o seguinteparágrafo: mergu{hounuma onda tecnicista, como que responden.do
que tratou de. privilegiar
à*ìgén"ia. do novo modelo econômico
curativa.
"o arual vaÌor científico-literáriodas publicações e, ranro o reÍlexo umã medicinaempresarial,com ênfase na assistência
do desen'olvimentoda Enfermagemnessesânos cle progressoem todos
os râmos do conhecimento,qu'ãnto das reformas institucionais que se
processaramcom o desenvolvimentodo país, como um todo."rg
2. ïemática abordadapela Revista -
ïentativa de caracterização

12. E-xistem ou*as publicações na área de enfermagem, como, por


2.1 . Introdução
exempìo, a
Reoista Paulista de Enlernagem. Reuista da Escora de
EnlerÃagem tra usp,
Enfermagr"m Atual, enffe outras, mas com circulação
restrita, sem a abrangência
Após elaborar um breve histórico da REBEn,cabe agora
da Reuista Brasileira de Enlermagent Íazer uma caracterizaçãode suas publicaçoesno período com-
tentandoconcomitantemente
preendidoentre 1955-80, empreen'
13. CA R V A L H O , A n a yd e Co r r ê a d e . Op . cir . p . ) 4 : . na medida do
der uma análise dãsses dados, ralacionando-os'
64 65
possível,conì os momentos históricos determinados.Para tal ôj^
o
análise,os assuntos serão distribuídospor qüinqüênioTabela
ff,
é
2, com o objetivo de Íacilitar a leitura dos mesmos. Essa pe- f\
c. oì
riodização,no entanto, constitui um artifício de análÌse,utíÍi g
N
N
ìâ
ôl
zado no presenteestudo,o que significa dizer que nem sempre
a política social e, em particular,a poíítica de saúde do país ã
tu
tenham sofrido rupturas de um qüinqüêniopara outro. Entre-
T
tanto, para efeito de exposiçãoe com vistas a tornar mais in- E Í\
teligível, será empreendidauma análise compreendendodois ú 3
r
UJ o
tJ.
diÍerentesmomentos- 1955-64 e 1965-80,que conÍigurama pró- zgJ
pria evoluçãohistóricado país.Até 1964,o populismopredomina
na vida polÍtica do Brasil. De 1964 em diante inaugura-seo
ciclo dos governos militares, instaura-seum intenso processo É
Él
de repressãodas forças oposicionistas,instala-sea ideologia 4
o
da segurançanacional fsegurançae desenvolvimento)e ace-
lera-sea monopolização da economia.
Mesmo assim procurar-se-ápôr em destaque os pontos 9
v.
-.
mais importantesidentificadosem cada qüinqüênio.A esse res- a\
^l

peito, cabe menção especial à ïabela 2, a seguir transcrita,a


qual expressauma síntese das publicaçõesda REBEn,ao longo ia z Í t\ €
de todo o período,ou seja, de 1955-80. As Tabelas4 e 5, cons- G.utü
tll
tantes no final do presentecapítulo,serão mencionadascomo a ío
F

Tabela2, nos dois momentosaqui referidos 1955-64e 1965-80. I õ


Contudo, a ïabela 3, constante também no final do capítulo, ú

será objeto de referência somente na análise do período de ê. â\
1955-64. v, 5
3
Tratando-sede um trabalhoque analisa as publicaçõesda
ú ..
\
'ur
Revista, é óbvia a necessidadede comparaçãoentre dados
dos diferentesperíodos.Por essa razão,ao ser analisadaurna ã ?
C
v, _o*
determinada tabela, far-se-á referência, ocasionalmenÌe,ã
qualqueroutra o !t
õ Ë9 ã
o
r<
õ i ,e . =
i* rE -
9 l<
(} Z t\1 t
U
ú
7 n. --

2.2. Periodo 1955.64 ccc J --*r,IYâ


e ." c.^ È
;

E ' =: .'-. õ * ïi
=
u
i
t,
o it-vY X ì
lrl i.v n tr F r
Tomando-seo primeiro qüinqüênio1955-59referido na Ta, CL
tt> *=-:;-,.-
,Y,Ì,4 -Ã!- t
l!
bela 2, evidencia-seuma preocupaçãosignificativacom a edu- t4 t'J C 7

cação e formação profissional(compreendendoaqui o ensino


'? - - ,r ;i - F.2 Ë
de enfermagempropriamentedito, o currículo,a ética e o his- '2"
f-

:'i = ;ç
tórico das escolasJ,chegandoa extrapolarinclusìveo segundo : Y ' rí 1
-
-.1:::5
c

a-< 2*
item, no qual reúne todas as áreas de assi stênciada enferma-
b/
66
gem.'n Enguanto isso, desponta também nesse período um
Com efeito, as políticas sociais implementadaspelos go-
certo interes,sepor problemas relativos a proÍrssãoe à virJa
vcrnos da época (períodojuscelinistae depois Jânio Ouadros,
associativa;rino período seguinte 1g60-64,esse aspecto se
.foáoGoulart,* particularizandoaqui as questões de educação
sobrepõe a todos os demais assuntos,apresentandoo mais
c saúdeJforam, sem dúvida,alvo de melhor atençãocom rela'
elevado percentual daquela f ase 30,4olo,conforme poã" ."l,
r;iio aos governos pós-64, quer ao nível do discurso, quer
verificadona Tabela2. Assim sendo,chegaa ultrapassaraté mes-
mo o período 1975-90gue corresporrde no carreamentode recursos para tais áreas, embora nunca
a seis anos de publica- suÍicientesoara as necessidadesda população
çoes, porém atinge um percentual somente de 16.ZoioAinda
na mencionadacategoria,conforme a Tabela 3, destacam-se, No oeríodo de Juscelino, por exemplo, que corresponde
nesse momento (1960-64),os temas pertinentes à profissão, lrasicamenteneste trabalho ao primeiro qüinqüênioestudado'
à legislação, específica, brerncomo as associaçõesrepresenta- íoram documentadasitnportantesalusões, não só à educaçâo
tivas da enfermagenì.E bastantesintornática,em tar ocasião, rnas tambérnà saúde pública Basta ver que
a preocupaçãomarcanteda errtermagemcom assuntosque tra,
"o ensi no l rl i m,íri o no B rrrsil . c l e 1955-60. pas s ou por c rc s c i met.ìtode 29Ç o
tarl de Ìnteressesbem específicosde seus profissionais.
do roral .l e ntarríci rl rrs."
Merece também especialdestaque,referindo_se novatnenre
a tireaassistenci al(Ìabela 4J,o fato de, nos cloisprirneirosqüin, sem esquecero enstno médio, cuja ampliaÇãofoi na base de
qüí;nios (1955-641, as áreas materno-infantile saúde pública durante esse nresrnoperÍodo e o ensino superior, de
51,80,o,
(ditas preventivas),somadas,perfazeremunr total 30,19o.1iOuantoà saúde pública,embora as despesasfederais
superiora en-
ferrr aqerrr'rédico-cirúrgica,área essencialm"nt".urãiiuã. rnotu. tenham sido reduzidas,'*o governo,no seu prìmeiro ano, esta'
'se airda que no período 'i960-64esse dado aparece belecia como Ílontos fundarnentais:
ainda mais
acentuadr:--- 43,l ou !rara 19,0o/orespectivamente.
Nesse sentido, numa apreciacãoainda que sumária dessa
fase da história hrasireira (19s5-64),vai-se'observar qr.
uo urbdnoS t)ti i tD tÌÒ tc'ìt"tdnt subsli l tri l a oLìgarquìunas l uttç tttt tl e domi nn pol i l i ta
lado das conturbadasporíticasde inediacão entre os grupos
Je ut]t l ,,ti t ,:..;Jì;ìrtrt,tl ntntt' J È r;rto, nhtnd (l dl )Lt t' )t: LÌtl ( fJ rLL' tdt)Ì(x Iç l ìr üs
dominantese as classessubalternas,alime'tadas por rrã iduo_
t,ps.çìbi l ìl tríts,l t upt tÌescnuo Ìuìrn4tt6 c api tal i s ta ndc i ott,rl . E l ot s obratudo a
logia desenvolvi nrerrtista e nacionarista,que configuravanra txD tessàtttu,tìs t'oml tl tta da ctte rgêntìa das c l as s c spopti art' s no boi o do des enuol -
política populista,r"abre-se tambenr um espaço às reivíndica
t,tttetì!o i rrl .Jtr,, , i nl tt.çl rìaÌ uc rtl ìta,l o nas tas dt' c êni rs se da nec es s ìdade,s enti da
ções e às interpelaçoespopulares por ,ìyt,,:, ,l n; ttot ui R l ttf(tt J ttmt' Ì.trtl rt. J r i ttc orporaç ao das ntas s a: ao i ogo
"o P (ìP ul ìs mo íoì un modo
Tol i ti r:,,r" R r'ss,ìl Ìâ,;ti ncl ,r..t,tl e,l c i on,t.l tr ìutol ' c ìuc
ìt'terryti tta,l rt( l ()tl (t'(!t),i ç tn,t trìottl tç ' aoJ as c Ìa.ç ç esp()rul drc ' s mds foi l ambérn
J 'l ( - on to rn rc i ,i csrabelcciclo nesr c rrD t rt!Ò,1r.,.1(, Jt' i t',i ç ) nt,ttrs l tl òas " \üE FFOR T. Irranc i s c o.() P opul ìs no
r'\/)r(,.ç.Ìàí)
tr abalhr ,. siìr ' us s egLr i 'tes as i i r eas rlc
a s s t s t ê nci a d a c'Irfe rl tta g c nr : Enfer m agenr Nklr ìito,Cir úr .gica. ra P ol i t);,; B r,;trl eìra p.61-2.
l i nfc r r nagc nr r nr D .t- r .r
l ' f l ]Ì.Ìsn l i ssír't'i s
^ Â pnr:rrr cl c cntão. referi ndo- s e ro período.l âni o-Lìoui ' trt. s c rá menc i onado ape-
çirs L -rtl enr ,r genr Psicluir ltr jcd. EnfL' r nr :ìgt- nr N Íar c r r r e- l s íanr i l . ljl-
í c r n l a g cn r Jc S rrL i tl c Ì)L i lr Ìic.r . lJr r ícr nr ager u clo - fiaballr ,r c,.\dm i r .Ìj s tfi Ìç tìs nas o gÕvÈ rÌìrrGoU l art, consi derantl o .r reduz i do períoc ì0 rl e Ìâni o Qurdros no
Apl i c adr r
à En f c r ma g cn r
1nder.
l5 L)s i tsstl tttr-s Ie Ì.tci t' tt,tdos r i plr r f issatr r ì r ' jtla lr - ss c ) c i r r ti y i r r .c s pn.ìeD ) - s e
nos 17. V IE IIì,,\, E val l o. E stado e ,\tl ts t:rìdS onuÌ n,t B rus tl p 105-í)6.
s c ' g t : i t l te s i ìsl ìcrro s (-r)Jl gr ( ' 5s( ) s. Ctr r tir r Jsos.
LL' gisìr çio str br- r Lnfc t.nl l ger l . As s ç c r i r .
18. N o período de 1956-19ó0 , quc c orrc s ponde ao Gov c t' rto K trbi ts c hc k , as D c s -
ç i ; c s Rcp rc5 (,1 1 ti rtl \ a s rl (. 1..ììf( .l.llìilgr r Jì. Pr ..,fjss.ìt, r ìc Lnfcr r nege nr .
pcrds Ja Ll r;r,l o, segrrndo os Ì\Íi ni s térìos e orgãos Fetl trni s , c om B c m-E s tar S oc i al
l6 P a l a \\'c1 ío rt. t) r \;ltllt!ttjo. a( ) illo ( \tilo ìa loL.( t n( ) , ) ( ,j ) Ìpr ( : (Mi ni stéri o da P revìdênci a e As s i s rênc i a S oc i al , Mi ni s téri o da S aúde, Mi ni s réri o
ç ( ,Ìt.tí1,( l àr
p r c s s ò c -\ P a P i l i ìi (t, ()/t.t)nlr ) poÌittc,t,Ìi' n,tr s- r is, iltta bHs( .o,- d r ou,l ìt:tt., l tar r ìpuÌr t1 rl o Trabal ho) foram cìa orcl em de 5.J c om referênc i as às c l es pes l s gl obai s . E n-
ilo . ç l a .ç n sp tr.i \a )(.\' 1 1 i ,o' r ,f, !( ' t \t) ,ÌÌ!tt' ( Ir fttlti ttO t' ttit/c.x /tt tl 0 pr oc es s ,, J r i tr ìs t, (l uânto no período anteri or. l950-1954, qÌÌe c orres pon.l e ao s egundo Gov erno
p o l i t i c d e d i ,ri tst',tt,.,i r',.,r ì( !Ìl( ) ( ' iotl( ) tu/( .t) tltt( ,.\L,tthr (
aoll t tÌ 1.t,1) r l ?/Ç r i oJ c 1( ) J ( t Getúl i o V argas. {orap.r apÌi cados 7,\V c t c l as referìdas des pes as no i tem c hamado
F o i t Ì c'xp r(ssti r; cÌo i ,L ,t,t.lo dt' ,r i.st cjt pliç,ir t/t1d r d6 l l em-E star S oci al . V er, a propó s i to, A FON S O, C arl os Á . c S OU ZA , Il erbert de
l ìber ,tl ts ,nr .t ( . . . ) F r .ti
l a m l r t |i l t tt,7 ÌJ i !!t 'l Ì,;'/i tt it,tiì) t i ,i,tt ,l,.í,r it,Ì,,,!,,, ,,r , i ìir :t ,l i t; qr t,pt,l ,l or tìr .!l Ì1,:. O E stodo t o D esenuoÌt,ìme'nl oC api l al ì.ç tttno B ras ìl p 7).

68 69
"i . Â ç ã o d e c i s i v a n a lu r a co n Ir a iìs e n d e r n ia s rurai s: doenças c1e l ' rrl â Ì s
I Am pl i aç ão c ìa r s s i s r êttc ta Inétllta ' l o s rs i l l ì rr:
m a s s â s .. , t ' rl â d i c a ç ã o (i e e Í l
2 pr ov i dênc i as pr :er 'enti v as I ì . Ì h L l t c l t l o L t rt ì l t rrl ' r
Il. c o n r i n u a ç i r o . se m d e .sía le cin le ' r o .tla Ca in p a n h a roÌl rri ì i ì N 4aÌári a.. .
I II . fermi cl ades endúl nrcas;
A C a m p a n h a Na cio n ll Co n r r a ,r T r r b e r cu lo s e conti nuará a me,
Iìu\ o\ s c rv i ç os J e i gua
f c c c r t u d r t u a p o ir ' . .1. medi cl as parâ sanei l r o nrei o' i ns tal atl c i o' s c
e csg()to. rettt'rç.ìtt tìç Ìi r' r t' hi rÌ> i tec i ortal :
lV . E s t u d o d l s i tu a çã o tla a ssisr é n cirm é cìico - h o spi ral ar, pri nci pal mente "' tl l l rrri ' ì
das cornunidades menos Íavorecirlas. pàr-iÌ (.rrgânizxçãode unr plano atcnção espe ci i tl rì C ampl nha i l c P l oreç ão t r\s s j s ténc i a à Mater'
4
o r g â n i c o c e r a l_ . . ni d:rtj c r à l nfi nci 'r.
c ur-ri Íi c ando
V. E x e c u ç ã o d e u m a p o lítica d c. a lin r e r r ta çâ o . 5. rcestrtrtti t'açãocìo N l i rri stÚ ri o c ìa S aúc l c ' tc -tl rgatl i z atrdo
VÌ. Conrirruídl.Ìe dos plar.ls cle saneanrcrrto dos rrúcleos rìe populaçrìcr 1!
sdâs âÌi vi dàdcs."
m ' ì i { r l e n s o \ .."1 !}
de
Por ocasião da abertura da lll ConÍerência Nacionaì
No governo de Goulart (1961-64)ocorre um progressivo Goulart assìÌn se expressava:
Saúde,em dezembrode 1963,
crescimentonas despesaspúblicas destinadasaos programas
de educaçãoe saúde s i trnr (l c s perdi c i o dc
''o tnvcsti mento púl bl i co 11 o s c IOÌ 5x [14 l l rrtti r
e cìe elevadcl
rec(lrsos qr-tancìo cnlpl'cs'ì(ìos cnl scrviço' cspeciaìiz'rtìtls
"Dc tc)6i-6'tr a perccnÌasenr dos gastos Íecìerais com o cnsrno arìmenrou nútlero dc ptsstlirs' e no nìiris das vezes
alrrro, ,u,irtorendo a pcqr-reno
dc 1 9 1 , . 7 t c p r e s e n r.ìn L l( 1 ) 4 8 ,2 5 ( - ìô:lo iìn o { . . . ) . Do a trans{eri'nciit pârrì () tes()rlri"ìe tìespesas qr'te cìeviln.t
P ()ntL)dc vi sta ci ts representantÌo
r' ti s s c rv i ç os "' :j r
Est a c l t r sb r a s i l c ' i r o s ( ..) a s d csp csa sco m o cn sin o a trngi rarn )3l ,j qLt si g_ aoìaa, po, conta tl i rquel esque real mente rrs am
nif i c a n r l o 8 2 , 8 7 % ; i ì ( ) a n ( ) í ) . A r e sp cit. cio s N,ÍL r ni cípi .sbresi l ei ros, .s
por governos'
gast o s c ( ) n ì ( ì e n s l n o sa Ìta r a m p a r a ) 5 5 d .o , e xp r e ssa n d o gg]i ol o ao ano."l
Com efeito, os esforçosempreendidos esses
partiõularmenteno período Joãô Goulart' foram insuficientes;
tran.sformaÇoes
As pretensõesde Goulartquantoà saúde públicaparecianì lignificaram ainda pouco no que diz respeítoa
extrapolaras próprias condiÇõesde recursosdestinadosa tar quer na saúde' persistindo em es-
ótËfunáu",quer na educação, doenças in-
Íim.t' Eis parte de sua mensagemao CongressoNacionai,no sência os proolemasfunáamentaìs:analfabetismo' morta-
ano de 1963,no que se referia à saúde públìcar doenças endêmicas, altos índices de
;;;i;;"*rãioiur, na
iúããu- úorbidade (rãgistrou.seum ligeiro decréscimo
"
À-ìãriarau infantil) entrê outros tantos males'
que o período
A essa altura, torna-seimportanteassinalar
Ir) V IEIRA. EvaÌd o, Op. c it . p. 114
por uma crise econô'
20 Ibidern, p. 168-ó9. compreenJidoentre 1961'64foi marcado que
ri"á política.A propósito,salienta lanni
21 4 r e s p e ì t . d a s d e s p e sa sd o Esta d o n o p e r í.ci. cJe r 9 6 1-r96,1,que
ao Goverr. (ìoulart, salientam Afclnso e Souza que ,,os
corrcsponcìc " (ì
forrnrt: rtduz i u-s e ín-
tlatlo.ç po,ro ,r* períodct ". . .a cri se econômi ca manifes tou-s eda s c gui nte
indìcan i' tontinujJa,lr dd /enJ,:t;ìd (ì (on(-(rttr,tção do potìer
eronônììco ,tt, ìnvesrlmentos' climinuiu a entrada de capiral externo' calu â ta-
dice de
Estaào (. . ), os titts..oscÒj71Ílou(,/tlo e ,tdmìuislraçtt{t se al<,tararn, (,ill
ntédit), }9%, xa de lucro e agravou-se a inflação"':tt
d,o orçanauro lteÌt'ru| As tÌaspesur Jo cdpitil s.cial
inJìcam um contínuo cres
c ì ment o t n r e l t t ç ì o a . t p e r io r lo s tn r e r iu r t:s ( n t!< r iu , n o p e ri odt,71,1ai t). de intensapoli-
A s des Do pontode vista político,esse foi um momento
pesds tor. o bent'esrar social .t'.çt-arau Ìigeiranent? e também de profundas
em reLu ç ã <dt o p e r i o d 0 Ktb tttt' h e k" Re ssr r Ìta m .e n r r cta n r o , que
(pdt.ú 6,5qb tlo orÇdnento)
tizaçãoe organizaçãoãot trabalhadores
a "dìl erençu ntar contradiçõesentreasclassessociais'Poroutrolado'enfrenta-
cante ( . ) deu'se enÌ ri'lL1Çato
va o governoum grande problema-
)s ,Jcs2rsas cont tlclasa ( segur.tn<:' (rl,-7vo tlrt
orça/t'1elxto.menor p(r(eil/ual mtt,liu iltJ!Lt (.ontrt tto periodo
lc) j0_197.j)',. Acres.
Cenlam OS âUtores qUc, "dp(Súï ,lr o (,Òur.rilO GotrÌarl
opr(S(,rtl(ìt.cürdcl(ristrc(r:
populis ta s e ' r e l o r t n i s t a s , a h ip ó r e st q il( o r ( ld Jo s
s,g e r e tt é quc a esrl utrta e tl
t et dênc ì a d o s g a s t o s d o Esr a d o L ' m se * ctttjr n to n ã t 22. VIEIRA, Evaldo. OP' cit' P' 174'
soi reram untd mud.a,ça
tle ortenluçào. Ao cott!rá'tìo, operan basicailtenta D. Ibidem, P' 115;16
tu lunção do capìtar e não Econórnìcono Btasil, 19)0-1970,
do t raba l h o í . . . ) " ( A F ONSO, ca r lo s Á, e So u Z A, He .r b ert 24. IANNL Octavío. Estado e Planelamexto
de. op, ci t, p. 59) p. ie2

70 71
' 'c ( - Ì n c j ' h â Ç ã o
c n l r c i de o l( ) g ìa r Ìa cio ü a listâ
ide o l o g i a n a c i o n a l i sr a c ca p r la lisn r ,r
c câ p itâ lism o nàci urìal ou erìtrú preocupação da Revistacom o assunto,pois, no desdobramento
r ssu ciü d o ( . .,,,,:;
rIrssa categoria (Tabela 5), constata-seque recaem sobre o
sem que no entanto tivesse condicões trrrsinoproprìamentedito os mais elevadospercentuais.
para solucionartal impasse. políticas e ecor.ÌomÍcas
Passa-seentão a questionara qualidadedos profissionais
Nesse contexto,os trabalhadores rlre vêm sendo formadospara atender à sociedadeem desen-
urbanos,através de sua volvimento.Coincidentemente que a temáticacen'
e aí (1965-69)
crescentecapacidadede organização
e mobitizaçãò,-piocr"ruu* lrirl dos Congressos Nacionais de Enfermagemdirige-se pa-
a todo custo evitar.queo ôús clatrise
caisse
Acrescerrte'seai.da que esse ioi o'rìorunto nos seus ombros. rir tal preocupação.Apenas, a título de exemplo, observe-se
lhadores rurais e os carxponeses, em qLreos traba- rrlr;unsdesses temas: A Enfermagemnuma Sociedadeem De-
notacJamente no Nordeste, trcnvolvimento,Enfermagemno Processode Desenvolvimento
cornecararìa se organizarcorìr.,t:rasse
ponesáse dos SindicatosRurais atravésdas Ligas cam_ Sricìo-Econômico, Oualidade da Assistência de Enfermagem,
IcndênciasModernas na Formaçãoda Enfermeira.'"Elevam-se
Certamentea
fermagemcomo práticu_lutade classes Íez eco no interior da en- tirrnbém,nesse qüinqüênio,os artigos classificadosna catego'
.o.iuiï.ãmã profissao. Assim sendo, ria Enfermageme Sociedade,com percentualde 7,6% (Tabela
nesse período (1960-64J,a Revista 2), que, emborapouco expr essivoem relaçãoas outras catego-
gem vaí apresentarum volume Brasileira de EnÍerma.
maior de artigosvoltadospara a rias, apareceaqui com mais destaquedo que nos demais perío'
chamadaárea preventiva,Íicando
a al rlos estudados.
plano. ú"-to.rãi" aosassuntos
de
e n v o l vemn a tur a ímente :i;:ft;l: A Tabela2 também evidenciauma tendêncianos doís últi-
organizaçãó à";:ï":ï:"JIj,
reivindic a ç ãdoa c a t e g o - nros qüinqüêniosà pesquisa,elevando o percentualde 3,6olo
qü in q ü ê nio
foi pïOaigálup*."ntund o ig u a t'ó"iìoao,
il l ; . 9 - . t"maior
vorume me n t uem rro oeríodo de 1965-69oara 11,6o/oêrÌì 1970'74e 10,0oro,entre
de maté,rias uÃ.,,."iufao
-'"Y! ,o, ouiìJ,
analisados neste trabalho. 1975-80.Contudo é importante ressaltarque a grande maioria
rlessaspesquisaspublicadasna REBEnatém-seà enfermagem
cnquantoprática técnica,privilegiandoa área assistencial,pre-
dominantementeos aspectosmédico-cirúrgicos e administratì-
2.3. perÍodo í965-g0 vos.,A ênfase, nesse sentido, reflete a tendênciaprìvatizante
Após análise sï^c]ntadas publicações que vigora na area da saúde e com ela a intensificaçãodo con'
primeiros qüinqüênios estudados, da REBEnnos dois trole da racionalização em busca da eÍiciêncìaempresarial,em
,utu,
eïetuar uma apreciaçãosobre p"riãio' a partir de agora, total acordocom as teorias da administração. Destaque-se ainda
o
já consignadonas ta'netas-JiãAã"'"""' .Ës;;t"'*]"rúb-go, rlueo surgirnentode matériasreìativasà pesquisacoincidecom
o incentivoà pós-graduaÇão, explicitadoa partìr do Plano Na-
A Tabela2, que contém o resumo en-
na Bevista, demonstra, das matérias publicadas cional de Pós-GraduaÇão, elaboradoem 1974.Esclareca-se,
,oor.9*"rüá,"un,ru 1965_69
ênfase nos assuntos educacionaÌs, acentuada tretanto,que desde 1972 íoi criado na Escola de Enfermagem
alcançando,nessa fase _ Ana Néri da UFRJo primeiro curso de mestradoem enfermagem
36'9o/o'índice superior a todas
ã"'aJ,tìuir categorÍasreferidas, rro Brasil, seguindo-seem'l 973 a criação de curso do mesmo
sobrepondo-se inclusive à área ae-Ãsìstencia,28,4o/o.
um mornentoem que a educação Esse e nível na Escola de Enfermagemda USP, e, a partir de então,
em unfermus"Ã,'rãiràu.,no_ várias universidadesimplantaramas suas respectivaspós-gra-
meras transÍormaçõe.s_,tendo em vista agaptár_Je
vas da Lei n. s.s40l68 de 28 d" J"ïulrïgu,,- duaçõesem enfermagem.Essefato naturalmenteconcorreupara
;;;;;Ërã'ã""ïs6ã,";;;'ï;*o"
normas e organizaçãodo ensino
superior; dai provãveìrn"unr" a publicaçãode relatos de pesquisasna REBEn.
u

IANNI, Octávio.Op cit ?.6 SCHÀ,IARCZEK,À{ariÌenc-et alii. )3 ,utos clo Congressct l\va5ilgrro de Enler
ÀBErr. p ,71,104.
zraga,rzRetltrspcctiv;t.
72
Afirmou-setambém neste mesmo capítuloque os artigos (1974-1979],evidenciando-se,assim, o desenvolvimentodo
sobre a vida associativae interesseprofissionaldestacam-se no
qüinqüênio 1960-64- capitalismono Brasil, e do Estado enquanto expressãodesse
30,4o/o[Tabela 2); coincidentemente, desenvolvimento, na medidaem que o capitalé contempladocom
essa é uma fase rica em reivindicaçõese lutas populares.Da
latias cada vez maiores do orçamento.Basta verificar que as
mesma forma, seu mais baixo percentualsobre o assuntoocor_
Despesasde Capital Social apresentarama seguinte evolução:
re entre 1970-74(í4,6o,,o1,
períociode forte repressãopolítica.:i
1950-54- 54,}ota;1956-60- 64,0oio;1961-63- 71,0o/o,ale
Era a épocado governoMédici,augedo milagrebrasileiro.Esses
alcançar no período 1974-75- 82,9o/o,enquanto as despesas
dados elevam-se,como pode ser observadò,logo em seguida
(1975-80)para 16,2o,o, com Bem-EstarSocialseguiramum caminhoinverso: 1950-54-
momento em que a socieìade civil bra- 7,}oio;1956-60- 5,3o/o;1961-63 - 6,so,b,até atingir a inexpres-
sileira começa a reorganizar-see a classe trabalhadoravolta a siva cifra de 2,7otono período 1974-75"^
aparecerna cena política do país, realizandogreves e mobili-
zações [greves dos metalúrgícosem São paulõ, greve dos ca_ Fica configurado,portanto, que a tendênciamarcante na
navieiros em Pernambuco,greve de professoresde 1." e 2." estrutura orçamentáriado Estado brasileiro é voltada para a
graus e do ensino superior em todo o país.J,dando conta de centralização e concentraçãodo poder político e econômico,em
que os setores subalternoscaminham no sentido de avançar função do capital.Ante tal situação,a política de saúde,como
no processode organizaçãoe, por conseguinte,redefinicãodo iniciativa do Estado,vai expressar também os interessesdo
quadro político nacionat. capital, passandoa privilegiar toda uma assistênciacurativa,
onde a indústria farmacêuticae de equipamentostem lugar
A enfermagemassistencialassume,a pârtir dos anosseten-
ta, proporcõessigniÍicativas,sobrepondo-sejá no qúinqüênio especial.:t'Esse é uÍn momento, conforme verifica-seno prê'
1970-74às demais categorias,com percentualde 44,}oio,quan_ sente estudo,em que a ABEn,através de sua Bevista,difunde
intensamentematériasque versamsobre a assistênciacurativa,
do a imediatarïenteinferior IEducaçãoe Formaçãoprofissio- por exemplo,que demandam
na.ll atinge apenas 22,2o/oNo período seguinte (igZS-gO)essa sobre práticas médico-c irúrgicas,
relação é ainda mais tììarcânte- 51,4o/o(assistêncìai1 elevado consumo de mercadorias Imedicamentose equipa'
para mentosì.
16,690(educação)respectivamente(Tabela2). TenÍando-sepor,
menorizaro estudo da categoriaassistência(Tabela4ì, verifi Observa-setambém,ao mesmotempo, no qüinqüênio1975-
ca-se que a enfermagem médico-cirúrgica(área curativa) 80 (Tabela4) um percentualelevadona area materno-infantil
-
ultrapassa acentuadamenteas demais Àesses dois últimos inferior apenasà enÍermagemmédico-cirúrgica.
26,3o/o, lsso vem
qüinqüêniosreÍeridos,chegandomesmo a extrapolaro somato. demonstrar a importânciaque o Estado passou a dispensar,
rio das duas áreas ditas preventivas- enfermagemmaterno- principalmenteapós a ConÍerênciade Alma Ata (URSS-19781,
-infantile saúde pública;entre j 9T0-74,a proporcããe de 44,goto
para 27,6oto;no período seguinte, 1975-80,é de 43,6ouo rrara
38,3olo, reduzindo-seportantoa diferença entre as duas áreas 28. AFONSO, Carlos Á. e SOUSA, Herbert de. Op. cit. p. 73. Para os referidos
segundoo volume e a distribuiçãode matériaspublicadaspera àulores "capital social é delinido cotTtoo total de despesasdo Estado reque-
REBEn'Relacionando os dados encontradoscom o contextohis- rido pela acumulaçãopriuada de capital". p. 16. Logo, as despesasde capítal
tórico brasileiro,dessa fase, torna-seoportuno fazer uma re- social significam os gâsros efetuados peÌo Estado em Íunção da acumulaçãode
ferência à estrutura dos gastos do Estado,desde o segundo capital. Enquanto isso, as chamadasdespesascom bem-estarsocial dizem res-
Governo de Vargas [19s1-54)até o início do Governo õeisel peito aos gasrosdos seguintesMinistérios: Previdênciae AssistênciaSocial, Saú-
rle e Trabalho.p. 73
29. "O complexo nédico-industrtal, lormado pelos médìcos pertenceníes às
2i A repressão implantacla nesse país no período pós-1964, pocle ser rìime. rlassesA ou B, pelos hospitais prìuados, pelas companbiasnêdicas indusntats,
sionada através de atos purrìrivos, como, por exemplo, ocorreu no govern., Ca,
que labricam drogas e equipamentos,coinciãem na promoção de uma tecnolo-
t elo B r a n c o q u e b a i x o u J.7 4 7 d e sse s a to s; d o AI- 5 b a ixado no gou.rno costa r
gia médica das mais caras (...) O capital ìnaestìdo neste mercado de consumo
silva, defendiclo e reÍorçado por goveÌnos posteriores como Íoi o câso (lo cr) í suprido pelo Goterno atraués do INAMPS, de outrcs autarquias, de outras
verno Médici,
utiuidadesgouernarnentais,tnds o luoo tai todo para a área prioada" LANDMANN,
VIEÌRA. Evaldo. p. 19.1-98.
)ayme. Euitando a Saúde e Pronorr'nrla a Doença p. 171
74 75
às denominadaspopulaçoes marginais ou carentes, onde a r;incoqüinqüêniost1955-80J. Assim sendo,ela f igura em segun'
área materno-infantilaparece com destaque.Os discursos go- rlo lugar, inferior apenas à enfermagem médico-cirúrgicaque
vernamentais,em relação à saúde, passam agora a enfatizar: lideraa área de assistência.Possivelmenteisso decorre do ca"
extensãode cobertura,descentralização dos serviçosde saúde, ráter de disciplinae controïe gue marcam a proÍissão de en'
transferênciade recursos da Previdênciapara as Secretarias f ermagem.
de saúde,participaçãoconrunitária,simpliÍicaçãodo atendimen-
to, entre outros.""Emergedesse contexto o ProgramaNacional Enquantoisso, ao lado da administraçãoaparece'.aindaque
de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAUDE), de forma reduzida,a chamadaenÍermagemdo trabalho ou in-
com participa-
tiustrial.Trata-sede uma área que em essência procura rela-
ção do Ministério da Saúde,Ministério da P revidênciae Assis.
tência Social, Ministério do lnterior e Secretariade Planeja- cionar enfermagem e capital' ou seja, como a enfermagem
mento da Presidênciada República.Esse Programaque de certa deve cooperarcom o capital, dispensandoatenção à força de
forma chocava-secom os interessesdo setor privado,não só, trabalho para que ela produza melhor' Castro' por exemplo'
por exemplo, pela perda de controle da Previdênciasobre o *ãtirntu que o lema da irrdústriaé "produzir o rì'ìelhorÍrêlo me'
"ocupa uma
sistema, mas principalmentepelo significado da participação uor custo", e no contexto da Íábrica,o enfermeiro
comunitária;nunca,portanto,se efetivou.Após inúmerosdeba- posiçãoestratégica( . . . ) pela sua estreita relaçãol]essoalcom
os empregados'-,'"' ficando patenteadoque em certas situaÇões
tes em torno da matéria, a redação inici al do PREVSAUDE
chega a ser reelaboradaaté sua quinta versão, quando então o enfermeiroexerce um papel de intermediacãoentre a direçào
desaparececomo proposta e como ação.31 rla empresae os etnPregados
A Tabela4 mostra ainda uma percentagemelevadaquanto
ao aspectoadministraçãoaplicadaà enfermagem,ao longo dos

)0. É importante ressaltar que o capitalismoJ como modo de produção, penerra


progressivamente nos mais diferentes setores da sociedade. Nessa perspectiva a
prática médica produz não somente renda mas também capitaÌ e, além clisscr,
o fato de utilizar um vasto e so{isticado coniunto de instrumentos de trabalho
conduz a uma realização da mais-valia produzida pela indústria de equipamentos
médicos e cirúrgicos. Dessa mirneira, fica cada vez mais câro o cusro dos serviços
médicos, O que fazer. então, para estender o consumo da medicina a cainadas
mais amplas da população, como forma de aliviar as tensões sociais? Ora, sabe-
se que o alto custo cìos equipamentos leva a constituição de empresas, médicas
e a separação do rnédico cios instrumentos dc trabalho, tornantlo-se assalariado.
A preservação desse aparato requintado sri é possível através do consumo que
as elites econômicas e dirigentes fazem das clínicas sofisricadas e das casas tlc
repouso. O Estado também comprâ pârre desses serviços. E como expandír? A er-
pansão pode ser efetrrada através de rrma simplificação do atenrliurcnto, sirnpli
ficação essa que deve contar, incÌusive) com a colaboração dos assistidos. Ex-
pande-se o atendimento, âgorâ, não somente à classe trabalhadora, mas também
às populações diÍas carentes ou rnargìnais, como forma de manter a imagcm clo
Estado como defensora do intercsse dc todos. Por isso o Estado vai utilizar-sr-'
da medicina comunitária, como técnica simplificada, às vezes conr êxito, às veze'
como simples tentativa como ocorreu com o Prevsaúde. A propósito da chamada
medicina comunitária ou simplificada, ver DONNANGELO, Maria Cecília F
Saude e Sociedade.

ll. O L I V E I R A , J a i m e A. d e Ar a ú jo . Em d e le sa d o Pr e u saúàe.R evi sra S aúde em )2 cA S TR O, l ecl a tj arrei ra. E nl erntagen ert Il i gi t' i c l udus ttìal R tuts l t ur,ttt
Debat e, n . " 1 1 , 1 9 8 i . p . ) 8 - 4 6 . Iri ra de E nl erntagen n." 1, j an-1958. p. 221-12

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(J 1. A estrutura material da produção e difusão
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ul intelectual da Revista: Escolas.
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Instituições,Intelectuais
Precedendoa análise das bases conceptuaisda Bevista
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r<l Brasileira de Enfermagem, no período compreendido entre
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1955-80,é importantetecer consideraçõesacerca da estrutura
( JI
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{F material de elaboraçãoe difusão da produção intelectualtda
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3,i I
c-
ê .l. Para Gramsci. a estrÌrtura material se subdivide em dois níveis: "O níuel da
produção ideológica, a cargo da unioersìdade e dos dilerentes centros de inuesti)
-:C (j
.9 gação, e o níuel da difusão, a c(trgo de oáüas ìnstituições corn ualor desigual, en
-=
í.v ,! F
z lunção da sua capacidade de penettação e de enraizamento flos uários grupos so.
riarr." SANTOS,
-l-Ì:
;L
-ìoão Agostinho. A. Gramsci. ldeologia, lntelectuais Orgânìcos e
Ilegemonia. 1,61 Temas de Ciências Hananas n.' 9. p. 59.
80
81
mencionadaRevista,bem como da hierarquiade seus intelec uma Íunção primordial,uma vez que a própria diretoria central
tuais,: elementosorganizadorese difundidoresda direcão cLri que a edita é responsáveltambém por sua distribuiçãoe cir-
tural, moral e ideológica,no caso, da enfermagemcomo pro culação,em todo o território nacional,efetuadasatravés das
f issão. respectivasseções estaduaisda Associação.Esclareça-seque
Fica bastanteclaro, no estudo ora empreendido,o peso drr rr c'ondiçãode sócio da ABEn asseguraautomaticamenteo di-
Universidadeatravés de suas várias escolas de enÍermagem(l reito de receber a Revistapor ela publicada.Mas não somente
da ABEn, na elaboraçãoe difusão da produçãointelectual drr lsso; como órgão de comandoe de direção intelectuale polí-
Revista. tica dos profissionaisde enfermagem,a ABEn cria espaçosde
difusãodessa produçãoquandopromove,por exemplo, os Con-
A chamadaestrutura material indica a existêncÌade ins gressosNacionais,:r para'onde convergemenfermeiros,p-rofes-
tâncias - escolas e instituições,encarregadasda elaboração ãor"s e estudantesde enfermagemde todo o Brasil.Em dimen-
intelectuale de sua difusão, e instânciasque se encarreganì são mais restrita, mas não menos significativa,ela ainda rea'
sim plesmenteda difusão.lsso configura,sem dúvida,uma hie- fiza, através de suas seções regionais,seminários,jornadas'
rarquia entre as instituições,porquantoessa gradaçãoacarreta encontros,entre outros, ínstânciastambém de diÍusão do sa-
uma verdadeiradivisão do trabalho entre elas. Nesse sentido. ú"i, .onótituindo-se,portanto, no principal organizador da
existem algumaspoucasescolas*e Ìnstituiçôeslocalizadasnos categoria.
grandes centros que se destacamao nível da produçãointe-
lectual para a REBEn,na medida em que o maÌor volume das Pareceser ainda importanteexplicitar'mesmo já se tendo
matérias publicadasao longo do período investigado(19SS-80) feito menção no capítulo l, a iniciativa da ABEn, na década
procede dessas escolas, conforme mostra a Tabela 6. As qe- de 1950,de realizaro Levantamento de Recursose Necessida-
des de Enfermagem no Brasil, com repercussão-até os dias
mais escolasatuanrno âmbito da difusãodas matériasveicula-
das pela cìtadaRevista.Essetrabalhode difusãoé intensoe se atuais; a criação do Conselho Federal de Enfermagem
estende por todo o país, pois, de acordo com levantamento COFENt1973),da AssociaçãoBrasileirade Educaçãoem En-
realizadopara esta pesquisa,significativonúmero de escolas, fermagem (1975) e do Centro de Estudos e Pesguìsasde
situadas nos mais diferentes Estados,responderamunanime- Enfermagem- cEPEn (1979).lsso possibilitaque se constate
mente ser a REBEnobjeto de estudo em sala de aula, utilizada a dimensãoassumida pela direção da ABEn, ao difundir uma
também em consultas,pesquisas,preparode aulas,entre outras concepçãode mundo, e, portanto,ao influenciara prática de
formas. numerosamaSSade pessoasque atuam cOmo profissionaisou
Por outro lado,a ABEn,ao lado das escolas,atua igualmente estudantesna área da saúde,em particularna de enfermagem.
no mesmo sentido,isto é, quer na produçãointelectual,apare- ConÍorme pode-se depreender,a ABEn exerce o comando da
cendo em segundo lugar entre os articulistasda Fevista (Ta- enÍermagemno Brasil atravésde diversosaparatos,instânciase
bela 7), quer na difusão dessa produção.Aqui, a ABEn tem instrumentosgeridos por ela, de forma direta' como o CEPEn,
as comissôesespecíficas,as seções estaduais,congressos,a
Revista,entre outros; ou indireta,como o COFEN,a ABEE,sem
falar nos sindicatos.
2. A respeito, salicnta Gramsci: "De lato, a atiuìdade ìnrelectual det,e ser dila-
renciada em Erats, incltsiue do ponto dc t,isttt inlrinseco; ( , . ..) no maìs allo Torna-sesignificativoassinalaraindaque a própriaestrutura
grau, deuen ser colocatlos os crìadores das uárias cìências, da
lilosolia, da arte, ett, da ABEn é hierarquizada, Ial qual a das escolas.Com efeito, o
no maìs baixo, os adntìnistradores a diuulgadores nais nodesl<ts da riqueza in-
telectual iá existente, tradicional, acumulada"- GRAMSCI, Antonio. os intelec.
tuais e a Organização da Cultura. p. Il-12.
). A ABEn, {undada em 1926, realizou seu primeiro ccrngressoNacional de
'! Para efeito de composição da tabela, foram consideradas as escolas que ha, Enfermagemcm 19'{7, em São Paulo, somando, até o ano de 1982, 14 Con-
viam produzido pelo nrcnos um artigo em cerda qüinqüênio, exceto a Escola de
gÍessos,distribuídos nos seguintesEstados- São Paulo e Rio de Janeiro - 1l
Enfern-ragem do ÌJospìtal são Paulo q'e, mesmo sem atencler esse requisito, apre- sÃ, Ì\4c, RS, PE, PR, CE, PA, DF, ÂM, PB, SC -
óong..rror. seguindo-se:
sentou umâ produção significativa nos dois prirreiros qüinqüênios.
SCHMARCLIIK. l!{arileneet nlii Op cit p l0

82 83
nível_daelaboraçãoe da produçãointelectualé exercido pela
a produziremartigos para a Revista. Assim, verifica-se,pelo
direção nacionalda Associação,que sempre se localizouentre
estudo da Tabela 6, que a Escola de Enfermagemda USP -
o Rio de Janeiro e são pauro, muito embora a sede centra!
São PauloÍoi a que apresentouo maior volume de publícações
se encontre localizadaem Brasíliadesde 1975.ro nível da di
na REBEn,ao longo do período considerado(1965-80).Nesse
i-r_.qo,portanto, é feito pelas seções estaduaise distritos dzr
mesmo lapsode tempo,a direçãonacionalda ABEn permaneceu
ABEn,ao lado das escolas.por outro lado, as escolasque mais
em São Paulo,com exceçãoapenasde duas gestõesadministra-
escrevem, coÌncidentemente,concentram-seentre Rio de Ja e, posteriormente,entre 1976-
tivas,' justamenteentre 1958-62,
neiro e são Paulo.Naturalmente,além da tradição intelectuar, -80, quándo a aÌudidadireção nacional localizou-seno Bio de
há de se consideraro nível de desenvolvimeniodos Estados
Janeiio.Por coincidência,a EscolaAna Néri da UFRJpublicou,
onde essas escolasse localizam,acrescidoainda da proximida- no qüÌnqüêniode 1975-80,quase três vezes mais do que no
de das diretoriascentrais da ABEn, responsáveispeia editora-
oeríodoanterior (1970-7 4).
ção da Revista.
No qüinqüêniode 1960-64, a Escolade Enfermagemde Ribei'
Particularízando, três são as escolas que vêm exercendoa rão Preto (USPJassume a liderançana produção,basícamente
liderança{ess9 produçãointerectuar,ao iongo do período es
triplìcandoseus índicesem relaçãoao períodoanterior,passan-
tudado; a Escolade EnfermagemAna Néri da"UFRJ,õriãJu pârâ 3,59b.Nessafase, a diretorada escolafoi eleita
dode 1,30/o
1922,a Escola de Enfermagemda universidade de são paulo, ", presidente da comissãode educaÇãoda ABEn central'
também
criada em 1942,e a Escolade Enfermagemde Fibeirão preto,
Volta a mesma escola a destacar'seentre 1970-74,ocasiãoem
que data de 1951,É importanteressaltaiaindaque a Escolade passandode 3,2o/o em 1965-69para
que duplicasuas publicações,
Enfermagemda universidadeFederalda Bahia,criada em 1946 período citado, coincidindo com o momento em gue
6,4% no
mesmo obtendo o quarto lugar em produçãoÌntelectual,entre presidência ABEn encontra-se na cidade de São Paulomas
a da
as escolasde enfermagemdo Brasil,em âlguns momentosche-
ga a produzirmais do que a EscolaAna Néri da UFRJ.5Assìm, com marcanteinfluênciasobre a Escolade RibeirãoPreto,uma
conforme demonstr aa Tabela6, isso ocorreu nos qúinqüênios vez que a presidenteassumiua direçãodessa escola por quase
de 1955-59e de 1965-69. vinte anos. Na fase seguinte, 1975-80,quando nessa cidade
instala-seo Centro de Estudos e Pesquisasem Enfermagem
Na mesma tabela pode-severificar que, embora se registre - CEPEN(1979),órgão vinculado à ABEn nacional,o percen-
uma elevaçãogradualnos percentuaisde produção, tual de produçãoda Escola de Enfermagemde RibeirãoPreto
cimento não se deu de forma progressivaern ielaÇão "rr"".r"r-
escola particularmente.
a cada [USP) iguala-seà Escola de Enfermagemda USP - São Paulo
(6,49o),quando na verdade nos dois qüinqüênios anteriores
Em virtude da estreita relação que a ABEn sempre man_ t1965-69- 1970-74), conformea Tabela6, registra-seuma diÍe-
teve com as escolas de enfermagem,torna-seimportanteob- rença signiíicativa
servar ate que ponto a proximidadeda direção nacÌonal,da
Todos esses dados confirmam a força que representaa
mencionadaassociação,tem influenciadodeterminadasescoras
ABEn, como centro material de produçãoe difusão do saber
na enfermagem,quer através de sttas próprias instâncias-
congressos,encontros,seminários,quer pelas grandesescolas,
4. A pes a r d e i n a u g u r a d a e ' 1 9 7 1 a se d e d a ABEn e m Brasí1i a i l .. oarte rl a que também produzeme difundem esse saber, e ainda outras
construção), sua rransferência deÍiniriva ocorrelr em 1975. cARV^Lllo,
Corrêa de. Op. cit. p. 403.
Anaycic menores que contribuem sistematicamenteno processo de
difusão.
t. A E s c o l a A n a N é r i , p or m u ìto r e m p o co n sid e r a d a Escoìa pacrrão e pi onei ra
na formação de enfcrmeiros Brasil, não conscgui' ljrìerar a pnrclução intclcc-
tual da REBEz no períoJo dc 'c'
lc)5),1ì0 Confot.me se coílsrirra, as escolas da USÌ)
(são Paulo e Ribeirão Preto) assumem essa liderança
c a Escola <Ìe EnÍetn-ragcn
d a uF B a p . r d o i s q ü i n q i i ê n io s co n se g u in su p lâ r r a r e m p u bri cl ções, para '. vale ressaÌrar que a gestão correspondenre ao período de 1972-76, iniciada com
a R c, a presi dênci a em S ão P aul o. tran s feri u-s e ettt 1974 para o R i o de J anei ro por
u t s t a, a Es c o l a A n a N é r i .
motivo da nrortc tle sua ptesidente (Glete .le Alcântara)

84
Resta agora índagar como se configura
seus Íntelectuaís, a hierarquíado:; saúde do Brasil, esses aparecem de forma pouc'o expressiva
o lugar quu ocupurnno interior d;r
-segundo
divisão do trabalho, Ãa área da"ànfdrmagem. no que diz respeito à produção intelectual veiculada pela
BEBEn,configurando-se assim a divisão do trabalho no interior
A Tabela 7. oue.trata especificamente da enfermagem,de acordo com a formação de uma hierarquia
culistas da BEBEn,OeÀon"iã;;;;;'os da função dos artr
professores(40,0ozol t: intelectualno sentido apontadopor Gramsci.
diretores de escolas {8,4v"), q*lrn,o.
somam 4|o/o,ao lad<t
da direção da ABEn,ü2,2"Á), *
produção interectuarda óïi""ipai s responsáveíspetr,
'sàguindo-se
serviços(11,20/o)' -Bevista,
Nas chefias
dos chefes d. 2. TendênciasÍundamentais da Bevista enquanto
nu"ío*i", conformedadosobtidos
na pesquisa,destacam-sea Funrlaçaoseúio Ë;p";;ìï""Saúde veiculadora de uma Ética e de uma Prática
Pública (FsEsp) e a Campa"h;ï;;i.;at
Contra a ïubercutose, Profissional:a direção cultural, moral e ideológica
ambas vincutadas ao Mínistéri; -à;
saúdó- bb";;;;-;; que
todas.essas funções referidasnã; A Revista Brasileira de Enfermagem,como porta'voz oficial
são significativâsapenasno
que diz respeitoà produção_, da AssociaçãoBrasileira de Enfermagem,tem como uma das
etas tamb"ém;;iê;JËãiu, o"
difusão na medida em que esses intelectuais
exercem uma po- suas principais preocupações,conforme iá Íoi dito, "servir de
destaque no interior da hierarquíaintelectual depositáriadas concepçõesque vão plasmando,moldando e
:]:1"^_1:
rerrnagem. da en_
dando existênciaà enfermagemnacional",Tservindo, ao mes'
Por outro lado,.fica pa.tenteado mo tempo, como elemento unificadorentre enfermeirosdisper-
que a produçãode conheci- sos por todo o território nacional.sTrata'se,pois, de enfatizara
mento divurgado,através da Revista'Brasireira
aã rir"r.i"gr-, formaçãode uma ética, de uma concepçãode mundo e, portan-
é monopóliodaquelesque
_desemp*Ã-u, as chamadas funçÕes to, no sentido apontadopor Gramsci,ede uma ideologia que
intelectuais,,'
como os. professorur,à. cheÍes norteie a prática social dos enfermeiros.
dirigentesda ABEn.Arém disso,-;;;-;" á"-.u_içï, o.
intel ectuaisconcentram_se
a ressartarque esses Sendo assim, após a análiseda estrutura material da pro'
em algurna, poucas dução intelectualda Revista,segundoas escolas e as institui'
zadas principalmenteno eixo nio-saã paulo, escolas locali-
saÍram as diretor ias da ABEn wacionãt.
de onde sempre ções a que se vinculam, bem como da hierarquia existente
.-quero trabarhode dífusão ãntre os intelectuaisque constituem o seu corpo de colabora-
figa a cargo de todos os a"rui,
sejam professores e dores e articulistas,torna'se importante investigar,agora' as
administradoresde escolas de menor ditas bases conceptuaisda enfermagemno Brasil. Dessa ma-
todo o país, quer sejam peros ditos espalhadaspor
-porte,
enfermeiros assistenciais neira, tentar-se-áidentificarqual é a noção de sociedade(e do
que, emborana grandemaioria
trnçoes ãe;ü;;;;;""-
to, coordenaçãoe supervisão,"*"rfuÃ
estão mais próximos do traba-
lho manual.ïendo em vista, portanto,
o numerosocontingente 7. Editorial da Reuista Brasileira de Enfermagem. n." 5, Ano XV, out. 1962.
de enfermeírosem atuação nos rui" p. 401.
diÍerentes ."*ìràï a"
8. A propósito, ver RESENDE, Marina de Andrade. Em Reuista Brasìleira de
Enfernagem. n.' 6, Ano XV, Dez. 1962. p 508.
6 A propósito, assinala Gramsci: ',Todos
os houteus çìin inrotprtr,.,j" t^s.
9. A propósito, assinalaSantos que "o significadoconceptualque está prcsente
a;tr,,)ntio;)ilr"iìr)ï'ï",a"1..,::
bor,.ro,
ur,r*.,r,!,ïï'r)':r'::'::ï":';:;rÍi,!,ï;':;,: no desenuoluimentoteórico da problemátìcaideológica e que, conseqüenlemetle
intelecruais Quando se dìstingue .desempenha o papel principal na teoria gramscìana,é o que identilica ideologia
cnlrc ìntarec!uuìs e não interecrunis,
réncia' na realidade' tão-sotttente
à irtedìara rançao so-ciaÌ da
faz,se refe- como concepçáode mundo (...), no duplo sentido teórico'prático,isto é, como
sional dos interectuais, isro é, categoria proris- mundiuidênìiu elaborada e organizatlasìstemalìcamen!e, que investe e enforma
ruta-se er?t coú1r11-'AarreÇ(to sobre
peso a quar ìncide o sìgnit'icatiuamente,inplícita oa explicitamente todas as práticas sociais indioiduais
da atiuìdade profissional especilica,
"tt)|or sc t.ttt eloboraçlut intelectual ou
se no eslorço muscurar neruoso".
cnar'l'scr,
e"coietiuas,sob lorrnì de normas de conduta que impelem à ação...". SANTOS,
Antonio. os Inte'ractudir--)"'ì'orgn- e Hegemonia.
ntzação da Cultart. p. 7. João Agostinho - A. Gramsci: Ideologia, Intelectuais otgânicos
Em: Temas n." 9 p. 44. (grifos do autor).
86
87
socìal), de Estado (mais especificamente,qual
a relação d;r artigo intitulado "O Problemada Enfermagemna Socialização
ABEn com o Estado),de edubação,Ju piin.ìplir"n,,,
de enfermag€m., presentesnos'textos da "uúa" " e quê expres. da Medicina",onde a autora salientaque
REBEn
sam, sem dúvida, uma concepçãode mundo. "a medìcina, como sacerdócio cientílico, é a mais bela das profissões, mas
A con"epóaoo,
lo.nceReões, gue 9 ABEn veicula através da sua nãí:,r"ü'" qu., as vicissitudes a que estão suieitos os que â exercemÌ pot vezes, cons-
chegamàs mãos (e à,cabeça)dos mais diferentes'pioiiJ*ionri, trangem aqueles que a ela se dedicam, olhando-a como uma ciência
de. enfermagem:desdu o"' .huÀãaãs granoes e uma arte, e se veiam tolhidos a exercê-la com lealdade e desinteresse
interectuaisdr,
enfermagem(os que escre_vem, artigos u riurãr, di;ígu; ;; grun monetário, devido a concorência desleal que lhe faz a própria sociedade
des escolas e a AssociaçãoNacioãar,os professoi"i a que eles servem e defendem, pois se verifica unlâ qu2lse incompatibilì'
vadostítulos acadêmícosetc.ì até os mais .ãr dade entre a medìcìna e a sociedade àeleìtuosa dos nossos tenpos (. ')
simpresenÍermeiros "r"
-ini"rio,. A sociedade deles tudo quer [referindo-se âos médicos, dentistas e enfer-
assístenciais,confinadosem rugarejosrongínduo.
s '-'-- oo meirosl - abnegação, espírito de renúncia, humanitatismo - enfim um
educa-ose impele-osà ação.
rosário de deveres infindável, porém pouco ou nada lhes dá'"
Por considerar-se"uma profissãode caráter
te social",10tarvez seja Ìnteressantecomeçar essenciarmen- da medicina,ressaltaque
Ouanto à socializaÇão
por indagar ern
que sentido o sociar e a sociedade "nós enfermeiros que somos parte integrante dessa legião de abnegados
são eniend'idosóãrJJ rnt".
lectuais da enfermagem. que se espalham pelo Brasil afora, a praticar o bem e a cuidtr do me-
íhoramenn da raça, pela cura das doenças endêmicas que nos assolam' o
Para Forjaz,a enfermagemé uma,profissão lrì
"a sua.fínalidadeprecípua social porque movimento de socialização não poderia nos ser indiferente"
ã; servii à rrumanidadesegundo as
necessidadesdo individuo e da sociedud;;;;ï;;ü'*fïçr" Além do tom religiosoque classificaa medicinacomo um
o socíal significa servir à humanídaaã, sacerdóciocientífico,o que provavelmentesignificadesinteres-
uteÀaenaox ï"ïïïia.
des do indivíduoe da sociedade;tai e a se material, dedicaçãoe abnegaçãoà causa da ciência, este
maneÍravaga
com que é definido.Assim sendo, o indivídúó;p;;;";e abstrata texto, de resto muito confuso, revela uma completa incompre'
desgarradode quarquervíncuroaã õtasse ìJJr.oo,
e a sociedadedespo- ensãoda articulaçãoentre a prática médicae a estruturasocial.
jada da sua determinaçãohistórica Dessa maneíra,d-omesmo modo que a sociedadeaparecedes-
específica,concreta. Tratar
a sociedadede forma inespecíficae abstratu
pur"""-a"r'rn.'u vinculadada sua base econômica,daí a ausênciado modo de
constantenos textos da REBEne que configura produçãoe das classes sociais, nessas análises'igualmentea
uma-ten;ência
oriunda do pensamentoconservadorque procura medicinae a práticamédicafiguramcomo algo que tem existên-
ocurtar a so- cia autônoma e que é perturbadano seu funcionamentopor
ciedadecivil, como campo em que a luta
de classes se desen-
volve ao apresentara sociedade como ,,;r; uma outra entidadechamadasociedade,que está impedindoo
Ë g";na" exercício dessa missão sacerdotal.Existe uma incompatibili-
indivíduo coletivo".12observe-se o texto ";ü;i; extraído
a seguir, do dade entre a medicinae a sociedadedeÍeituosa,onde acabam
por prevalecer,entretanto,os interessesda última. Esse des'
ra
10. FORJÁ,, Marina de Vergueiro. O Aspecro confrecímentoda determinaçãohistórica da prática médica
Social da Enfermagem.Em: Re
tista Brasileira de Enfermagem. n." 2, Áno VIII,
Jun. 1955. p. nì
11. Ibidem. l). ANCHIETA, Rosima. O Problema da Enfermagemna Socializaçãoda Me-
dicina.Em: ReoistaBrasileirade Enfermagem.n." 2, Ano VIII, Jun 1955. p' 149'
12' A respeito,assinarachauí: ""fe a história
é htstória da ruta de crasses,entã<t -150. (Grifos nossos).
a sociedadeciail não é a sociedade, isro ê,
uma espéciede gra,de indiuíduo core_ 14. RessaltaGarcia " .. . que la prúctìca médica está ligada a Ia translotmación
tiuo, um organìstzofeito de..partesou de órgãos bistórica del proceso de producción económica.En otras palabrus,ld estfuctura
luncionais que oru estão em hat-
monia e ora estão em coxflito, ora estão
ben ,egatados, ora estão em crise. A económìcadetermifiael lugar y la lortna de articulaciónde la medicinaen la estruc'
sotiedade cìoil concebida como um izdiaíduo
corettuo é sma das grand.esidéias tura social. La concepciói di la uedìcina estará dada, por conseguiente,por las
d1 i(lolozia burgaesa para ocartar que a sociedade
cia, é a produção e reprodução relacionesque estaestabelecect:m las dilerentes inslanciasque integtan la estruc'
da di'isão em classese é rata de ìrasses". tara. Estas alirnaciones nos aleian del enloque funcionalista qtte 1)een Ia enfer-
CHAUI, Marilena. o que é ldeorogia.
p. 76" med.adun elementodisluncional de! sistema social y un intetés luncioxal de Ia
sociedad en su control. Es decir, coloca a la práctica médica como un compo-
88
89
conduz,sem dúvida,a autoraa assumir uma posturamaniqueis. mundo é elaboradaàs vezes de forma fragmentada,às vezes
ta, em que o bem é a medicina,e o mal é a socíedadeque ai de forma coerente.É o que ocorre com o texto, a seguir examì-
está (sem contudo indicar qual a sociedade- capitalistaou nado, que se intitula Papel Social da Enfermeira,cuja autora,
nãoì e, ao rnesmotempo, a assumir uma posiçãoconservadora, Josefinade Mello, procurou ser coerente ao pautar a sua in-
pois não fala em transformara sociedadedefeituosa,porénr terpretaçãodo social e da sociedadenos marcos teóricos da
em cuÌdardo melhoramentoda raça (qual raça?)pela "cura das correntefuncionalista,ao assumir explicitamenteessa postura.
doenças endêmicasque nos assolam", e, por essa razão,"o
movimentode socializaçãonão poderianos ser indiferente".A Logo no início desse artigo, a autorachama a atençãopara
preocupação,portanto,"dessa legião de abnegadosque se es- a importânciada "missão da Enfermeirana comunidadecon'
palha pelo Brasil afora a praticar o bem", não é voltada para temporânea".Paraque isso aconteça,salientaadiante:
uma transformaçãoou mesmo para uma reforma da sociedade. "há necessidade de termos noções firmes e basilares de sociologia e psi
mas no sentido de cologia, para entendermos o homem como unidade bio-social, dentro da
sociedade, como o seu vasto campo de culturas, processos sociais, grupos
"nos congregarem torno daquelesque propugnam pâfa nos auxiliar nessa sociais, organização social, problemas sociais e todo um conjunto panorâ'
obra benemérita que viria melhorar a ação dos que lidam pela defesa mico de sociologia, inclusive da sociologia aplicacla, tão em voga nos Esta-
da saú de da h um anidade. . . " dos Unidos; esta diferentemente da ftancesa, que é de caráter teórico
e doutrinário, e da alemã, de tendência filosófica e metafísica, se otienta
E aqui mais um equívoco: para ela, a defesa da saúde da mais pata os trabalhos de canpo, investigações estatísticas e soluções
humanidadeé competênciade profissionaise não, como seria de problemas práticos".
cor reto, decorrênciada melhoria das condiçõesde vida e de
trabalhoda imensa maioria da população,constituídade traba. E prosseguea autora a repassarconceitoscomo: herança
lhadoresdespojadosdos meios de produção. social, interaçãosocial, divisão do trabalho,status social tudo
Evidentemente,esse é um discurso inteiramenteDermea- de conformidadecom a sociologiafuncionalista.A certa altura
do pelo senso comum, conforme os diferentes níveis de ela do seu trabalho,salienta Mello que na
"associação humana distinguimos quaro campos de intetâção: ecológico,
boraçãoapontadospor Gramsci.lãDessa forma, a concepçãode
econômico, poiítico e moral, sendo mais ampla a área de interação ecoló-
gi ca, em que i mpera a l ut a pel a v i da..."

ponente necesário d.e ana socìedad abstracta". Entretanto, ,,la estructura econtt Ouantoà divisãodo trabalho,escreveque:
mica no solo determina el lugar t)e la práctica médica en la estructura social,
sino también el rango y la importancia de tod.os los elenientos que cottpoflct; "E. Durkheim versou magisralmente sobre a divisão do trabalho, anali-
el todo social (...). La medìcina se articula, entonces, en lorma diÍerente en Lo sando as funções sociais dessa divisão. Verificou que nâs modernas socie-
estructuto social según el modo de producción econónìco". GÁRCIA, dades, ao conrário das primitivas, essa divisão constitui elemento deci
Juan cesar.
La Educacción Médica y la Estructura Social. Em: Saúde en Debate, n." 2, sivo de coesão e solidariedade social. Distinguiu dois tipos de solidarie-
Jan..
Mar. 1977. p. 12. Por outro lado, a relação entre trâbalho médico e sacerdócitr dade: a mecânica e a orgânica, que associou as duas ieis - a repres-
constitui um dos lugares-comuns da ideologia dominante e que é incorporadr, si va e a resti tuti va".
pof âutores funcionaÌistas tipo Parsons, por exemplo. Observe-se o que ele escre
ve: " . . . EI motiuo o ónìmo de lucro se supone que está absolutaniente excluìdt, E acrescenta:
d.el mundo médico. Esta actìtud se conpante, desde luego, con las otras prclL,
siones, pero está quizá más acentuada en el caso de los méd.icos que en qualquier,L "A divisão é um imperativo da -diversificaçãodas classessociais e da
otra, excepto acaso el sacerdocìo". Parsons, Talcott citado por CASTELLS, Ma- especializaçãona mesma profissão, como no caso da Enfermagem, ha'
nuel e IPOLA, Emilio de, Práctica Epistemológica y Cìencias Sociales, o Como vendo Enfermeirasdas várias especiaüdades."
Desarrollar la Lucha de Clases en el Plano Teórico sin Internarse en la Meí,t
fisica. p. 149.
Gramsci e o Bloco Histórico, p. 24. No tocante ao sensô comum) "seu traço fun'
15. Para Gramsci, a ideologia se expressâ em diferentes graus: ,,na cúpula, d damental mais catacteristico é o de coxstìtuir (...) uma concepção fragmentária,
concepção de mundo mais elaborada: a lilosofia; no níuel baìxo, o incoerente, inconseqüente...". Gramsci, Antonio, citado por PORTELLI, Hugues.
folclore. Há
efltre esses dois extremos o senso comuti e a relìgião". PORTELLI, Hugues Op. cit" p. 26.

90 91
No tocante ainda à hierarquizaçãosocial, ressalta que Faz desaparecero antagonismosocial, porquanto as pessoas
são distribuídasao longo de um continuum,estandomuito pró'
"o status social é um dos principais tipos de estratificaçãosocial, reve-
ximas umas das outras e não em posiçõesdicotÔmicassegundo
lando a posiçãodo indivíduo no grupo, ou do grupo noutro maior. Todo
homem possui o seu sratus social que é o somatório dos status parciais
o lugar que assumemno processoprodutivo,lsconforme deter-
dos grupos de que participa, sendo variados os critérios para o julga-
minãção histórica, evidenciando-seassim a diferença entre
mento: Títulos individuais, proÍissão, talentos, capacidadede trabalho estraio e classe, Por isso, assinalaCueva que o marxismo não
e condiçõesde liderança, além de outros dererminantes."l6 aceita que
,,Ìa
esüuctura de clases consiste en les simpÌes diferencias de ingresos,
Como se vê, tudo de conformidadecom a ótica da estrati- nivel educativo, prestigio, etc. Desde luego tales dados refìejan, a gros-
ficação social e não da estrutura de classes. so modo, posiciones sociales distintas, pero se trata de los eÍectos más
visibles de determinaclas estructuras de clases v no de elementos funda-
Com efeito, tem-se aí um discurso nitidamenteconserva.
dores de tales estructuras"lg.
dor,17porquantoé o prisma da sociologiaacadêmicae funcio-
nalista que o permeia.Em primeiro lugar, pela forma abstrata Enfim, o social aparece num duplo sentido: enquantoex'
e a histórica com que trata a sociedade,a qual aparececomo pressãode uma sociedadeabstratae vazia,portanto,de conteú-
comunidadecontemporânea, onde fica implícita a idéia de har- do histórico ou enquantosinônimo de relações interpessoais
monia social ou simplesmentecomo modernassociedades,sem que a enfermeiramantémcom os pacientese com os colegasde
que seja conhecidoo seu caráter histórico,.sem que nenhuma trabalho,de conformidadecom o que foi demonstradodurante
referênciaseja feita à sociedadecapitalista,por exemplo. este estudo.
Em segundolugar,ao adotar o ponto de vista de Durkheim Cabe agora indagar quais são as relações que a ABEn,
para explicar a divisão do trabalho,bem como a estratificação como entidade máxima de representaçãodos enfermeiros,
social, e não a estruturade classes,para explicar a hierarqui- mantém com o Estado: como este é defirridosegundo as pu-
zação social, acaba por desconhecero antagonismo,o conflito blicaçõesda REBEn.E a respostaé evidente:A ABEn tem man-
e a contradiçãoque caracterízamas sociedadesde classes,em tido uma relação de colaboraçãoe de subordinaçãocom o Es-
virtude da existênci ada propriedadeprivadados meios de pro- tado no Brasil,qualquerque tenha sido a forma assumidapor
dução. este - democraciapopulista ou ditadura militar - ao longo
do período investigado(1955-80).
Desse modo, a posturaestratificante,que classificaas pes-
soas ao longo de uma escala social segundo os "títulos indi- lsso fica claro, por exemplo, nas palavras de Carvalhoe
viduais, profissões,talentos, capacidadede trabalho e condi- colaboradoresquando afirmam,em trabalhoapresentadoduran-
te o XXll CongressoBrasileirode Enfermagem,realizado na
ções de liderança",com base nos quais se estabelecemempi-
ricamenteos diferentes status individuais,Íornece uma visão cidade de São Paulo em 1970,portanto,em pleno ciclo de ex-
estáticae descritivada sociedadeao trabalharcom os efeitos da
estruturasocial e não com a determinaçãoestruturaldas classes. 18. Para Lênin, "as classessão grandesgrítpo! de bornens que se dilerencìam
pelo lugar que ocupaffi xum sistema historicamentedeterninado de prod.ução
'socìal,
jor sias relaçõescom os meios de produção(na maioria das uezesestabele'
cìd.ase lormuladaspor leìs),pelo papel que desempenhamna organizaçãosocial do
16. MELLO, Josefina. Papel Social da Enfermeira. Em Reuista Brasileira de trabalho, e, conseqüenterrente pelo modo como obtêm a palte da riqueza social àe
Enfermagetn.n.' 4. Ano XXV, Jul.-Set. 7972. p. L7l, 17)-4. 'que dispõem e pilo tananho desta. As classess-aogrupos de bomens,/65; quais
11. É o próprio Durkheim, consideradoo pai da sociologiaacadêmícae funcio- uns podem apropriar-sedo ftabalho de outros por ocupar posiçõesdilerentesnum
nalista, que assinalao caráter conservadordo seu método. Observe-se:"... nosso regìme determinadode economiasocial". Y.I' Lênin, citado por STAVENHA-
'método não tem pois nada de reoolucionário,ele GEN, RodolÍo. ClassesSociaise EstratificaçãoSocial.Em: FORACCHI, Marialice
é rnesmo,nuftt certo sentido,
essencialmente conseruador, pois considera os latos sociais como coisas.. ." Mencarini e MARTINS, José de Souza.Socìologiae Sociedade.p. 288.
DURKHEIM, Emile, citado por LO!íY, Michael. Método Dialético e Teoria Poli- 19. CUEVA, Agustin. La ConcepciónMarxista de las ClasesSociales Em De-
tica. p. L4. bate t Critica, n, l. Ìul. 1914.p. 81.

92 93
pansãodo capital e em meio ao chamado milagre brasileiro, longe são mencionadasas necessidadesdaquelesque consti-
no GovernoMédici, que a política das instituições,na qual se tuem a maioria da população- os trabalhadores,as classes
inclui a ABEn,era de,participarefetivamenteno processoglobai subalternas- atende tão-somenteaos requisitos e necessida-
de desenvolvimento do país,segundoa filosoÍiadominantã,que des do mercadode trabalho.Nesse sentido,torna-seimportante
na época não era outra, senão a ideologiada segurançanacio ressaltarque esse é um período [1970-75)em que se registra
nal, onde pontificavao denominadobinômio Segurançae De. uma acentuadatendênciaà privatizaçáodo atendimentomédico.
senvolvimento.As autoras chegam mesmo a recónhecera Íal. Em conseqüência,a formação de profissionaisde enfermagem
ta de autonomiae a capitulaçãodiante do Estado,tendo antes teria que refletir a mercantilizaçáoque avançavacada vez mais
o cuidadode despolitizaras entidadesrepresentativas, quando na área da saúde.E isto de fato ocorreu,segundose pode verifi'
destacamque associaçõesde classe que no passadoexìstÍam car pela última legÍslaçãodo ensino de enfermagem:l Parecer
mais em função dos propósitosculturais,no presente 163I72-CFE, que õonsolidoua exclusão da saúde pública, con-
"adquirem mais relevo pela contribuição que podem prestar aos órgãos forme já estabelecìaa legislaçãoanterior (Parecer271/62'CFE)t
governamentais no equacionâmento e solução dos problemas específicos e assim privilegioucada vez mais as disciplinasditas.curativas,
de cada proÍíssão, r'isanclo o aperfeiçoamento de seus membros, e com o pois são essas que requerem um maior consumo de equipa-
fim último de melhor contribuírem para a elevação dos nír,eis <ìe vida
das populações.':0
mentos médicos e medicamentos,conforme as exigênciasdo
capital.
Nesse sentido o Estado é encarado como algo paternal,
Desse modo, a ABEn seguiu concedendoapoio decidido e
um guardiãodo bem comum e não como instânciade domina_
incondicÍonala diversas medidastomadas pelo Estadobrasilei-
ção, na acepçãode Gramsci.:rNum momentoem que se intensi- ro, elogiando,atravésdos editoriaisda REBEn,iniciativascomo:
ficou a exploraçãodo trabaÍho,acarretandouma òrutal concen-
a Lei 5.540/68 que instituiu a reforma universitária;Lei 6'229/
tração de renda no país, num processocomandadopelo próprio
75 que dispõe sobre a Organizaçãodo Sistema Nacional de
Estado,a solução dos "problemas específicosde cada'profis-
"elevaçãodos níveis de vida das populaçóes';eram Saúde,acontecendoo mesmo com relaçãoà criaçãodos centros
s.ug" do Programade
".a a esse mesmo Estado,desconhecendo-se
delegados sociaisurbanos(1976),com a institucionalizaçáo
e desesti- Interiorizaçãodas Ações de Saúde e Saneamento[PIASS-1976);
mulando-se,assim, a organizaçãoe a capacidadede luta de
em 1980, repete-sea aprovaçãoentusiásticaa mais uma ini-
tais popuÍações.Abdica-seem favor do Estado e este age em
ciativa do Estado; trata-se da criação do Programade Ações
função do capital.
Sócio-Educativas e Culturaispara o Meio Bural,a ser desenvol-
Segundo ainda as mesmas autoras, entre os objetivos e vido pelo MEC. Ao legitimar as iniciativas do Estado,a ABEn
prioridadesda ABEn, inclui-seo de concorre decisivamentepara obter a aceitaçãoe o consenso
"promover os meios para a reformulação dos cumículos dos cursos de dos seus associadospara projetos governamentais.lsso tem
enfermagem,níveis médios e superiores,de modo que o preparo do sido um dos principais papéis políticos e intelectuais.Não se
pessoalde enfermagemseja adequadoàs necessidades do País, tendo em trata pois de questionar,mas de aceitar as políticase as ações
vista as característicase a demanda do mercado de trabalho."22 do Estado.23
Uma reformulaÇão
curricularassim compreendida,
onde nem de
2t. Ê importante mencionar que a ABEn, apesâf de colaboradoraconstante
20. CARVALHO, Judith Feitosa de et alii. Política da AssociaçãoBrasileira do Estado, ern algum momento chega a esboçar críticas às suas poÌíticas; pelo
de Enfermagem, ReuistaBrasileirade Enfermagem. n. ),4,5 e 6. Jul. Dez. 1970. menos Íoi o que ocorreu em 1962 quando Íoi aprovado o Parecer 271-62 do
p. 109. cFE que retirou do currículo Mínimo de Enfermagem a disciplina Saúde Pública
21. Gramsci define o Estado como sendo o "ctmplexo global de atiaìdadeprá- . .- i968 com relaçãoao Plano Nacional de Saúde,do Ministro Leonel Miranda.
tica e teórica pela qual a classe dominante não apenas iustilica e mantém a sua As restriçõesda ABEn quanto âo Plano prendiam-seprincipalmenteâo fato de
dominação,tTtasconseguepreteruat o cofisensoatiuo daquelesque são gouerfla- que a partir da ênfase dada à privatização dos serviços de saúde, limitaria o
dos". Grumsci, Antonio, citado por GERMANO, José \X/illington. Lendo e mercado de ffabalho para a enfermagem.veja-se que a crítica, embora proce-
Aprendendo - A Campanba de Pé no Cbão. p. 4L. dente, não extrapola os estreitos limites dos interessesprofissionais.Ver a res-
peíto ReaistaBrasileirade Enlermagemnf 1,2,3, Ano XXI, Jan' Jun 1968'
22. CARVALHO, Judith Feitosa et alii. Op. cit. p, 115. (Grifos nossos).
p. 64 e n." 5, Ano XXI, Out. 1968"P' 374.
94
95
. f o próprio Estadoagindo como educador,desempenhando outros. Conforme pode-seobservar,tem-se aí um espectro de
funçõesétícas atravésdf ABEn.r,
temas que refletem as orientaçõesde setores da sociedadee
Evidentementeque o apoio ao Estadonão ocorreu do Estado populista.
somente
noperíodo pós i964, uma vez que tem sido uma
ABEn se amoldar às orientaçõesestatais.
constanteda Deve-se mencionar,por fim, que a ABEn teve por vezes
de fazer também a apologiadireta do capital e do lucro. com
Em editorialde dezembrode 1960,por exempro,intiturado
"Os Enfermeirose a política',, efeito, em retribuiçãoa uma ajuda recebida,a BEBEn,que é a
expressa a ABEn, atruué. do porta-vozoficial da ABEn,assim se pronunciaa respeitode uma
mesm o,.,apreocupaçãoque deve ter os enfermeiros grande multinacionalda indústriade medicamentos:
brasileiros
na escolhade seus dirigentese, ao concluir,afírmì,- --
i nv es ti ndo em v ão; faz um
"A Johnson e Jobnson do B ras i l não es tá
"Devemos ser ativos participantes nas ereiçôes as
como cidacrãosconscientes. negócio cujo risco é nnlo poís investe em proì da cultura' Saibam
O d e s e n c a n t oc o m a p o lítica n ã o é a titu d e r e co m e n d á v el eni ermei ras ti rar das pági nns dc R et,i s ta os ens i namenÌos e o es tímul o
(...). O pocl er
tende a co*Õmper os seres humanos. Mas nem por que recìrrn<.ìenr em prestaçã() clc mclhores serviços; c o lucro da lohnson
isso ;;;, ;.I;;;
rar os poderes constituídost nem vâmos nos (onsumo mdtor
manteÌ neutros.,,l' e lobnson será u nelhoria da s,tútla dtt pttuo, será trtt
por urTt ntínc'r't t(npr( cl(vdJu brtsìleiros" !'i
'lc'
Nesse mesmo editorial a ABEn faz uma saudação
ao pre_
sidente e vice-presidenteda RepúbricÀ, bu- ."r;-;;; ãão,u,. Nessaperspectiva,os lucros da Johnsone Johnsonnão sig-
detentoresde.cargoseletivos qu" empossadosno ano se- nificam a exploraçãoe a mais'valiaextraídade milharesde tra-
guinte e se dispõe pâra um trabalho,
"uruonum esforço organizado, balhadoresbrasileiros,porém a melhoriada saúde do povo, não
junto a outras esferas,com o objetivo mediantea elevaçãodas suas condiçõesde vida e de trabalho,
d" contribüí nu'loirçao
dos diferentesproblemassociais.somente a títuro de
irustração, porém medianteo aumento do consumo de medicamentos.E,
vejam-sealgunsartigospubricadospeÍa REBEnu p.itì, assim, é a própria ABEn que propagaa medicalização da socie-
o"ïrã p"-
ríodo, ou seja, íg60-64:t'A EnÍermageme a Reforma dade.z7Não é à toa que, a partir de 1968 aÏé 1973,a Johnsone
Agrária;A
Enfermagem,um Instrumentode Juãtiçasó.iul;tìt*çàï
sl"i" Johnsonpremiaa Enfermeirado Ano, em solenidadepúblicarea-
-Econômicado Nordeste; Aspectos de EnferÃaó;;i;
õàra" lizada anualmentenos CongressosBrasileirosde Enfermagem'
Públíca do Nordeste; lntegração dos Aspectos"Sociãis
ì au Por outro lado, ainda no que diz respeito à formação de
saúde no currículo das Esãorásde Enfermagem;paper
da En- uma ética "a fim de obter a compacticidadeinterna e a homo-
fermeira de Saúde pública no Combate à Lepra, entre
tantos

26. Editorial da Reuisttt Brasileìrtt de Enlcrmagen t|' 3 e 4, Ar.ro XVII JuI'


24. segundo Gramsci, "o Estado obrém e exige o co,senso,
nas rdmbém educit A gc. 196.1.p. 81. (C ri fos nossos )
este contenso, com as associações poritìcas e sindicais
que porém são orkanisrtos
prìaados, deixados a iniciatiua priuada 27. Ressalta Mário victor qur, "a base inliscutiuel da saúde é a aLìrnentaç'ào
da classe dirigente (...),,E
"Todo o Estado é ético na medida
,.ì.....r,", adequada (...). Mas païa sc tet üma c oreta al ìmentaç -aoi mpõe' s e tambèm ( ' )'
em que uma das funções mais importantcs é (.. -) acompanhada da indìs-
a de cducar a grande massa de popuração p!Ìra ilm cerro Á REMUNERAÇÃO IUSTA DO TRABALHADOR
niucr turtur)r e norar, peasiiuel jusrìça socìal nd distrìbuìção das rìquezas prodaziàas. Por ostto lado,
níoel (ou tipo) qae corresponde às necessidades
de desenuoruimento das lorças impõe-se tattbén d certezd, t conuicção ìnabal,áuel de que as doençds inlecciosas
produtiuas e por conseguiflte aos interesses das
classesdominantes. A escola, cotno lransmìssíucis, oütta prdg(i nct Brasil, só serào ertadicalas com o desenaoluinento
uma lunção educatira positioa, e os tribunais, c.mo
t'unção eLructtriua.repressiua econômìco que possìbìlitarú obras de saneanento básìco e não crtm os antibióticos
e neg.tlua, são as maìs importantes atiuidades Llo Estado
nestc senrido; m(,s fia que flen tempte curdtn e iamais acabam com as doenças"' PACHECO, Mário Vic-
realidade tendem pâra este fim uma murtiplicidade "A neài c a-
de ourras iniciativas e de i or de  ssi s. A ÌvIál i u dos R emé di os , p.74. A propós i to c s c rev e l l l i c h:
outras atividades diras privadas que formanr o aparerho
<Ja hegemonia porítica lização do orÇamento é ìndicador de uma lorma de iatrogênese social na ntedida em
e cultural das classes dominantes". GRAMSCI Anronio. Obras Escolhidas; p. que rellete a ìdentilicação d.o bem-estar com o níuel de saúde nacional bruta c
2 11. (G riÍ o s n o s s o s ) . à ilusão de que o grau de cuidados no canrpo da saúde é representado pelas curoat
<le distribaìção tlos produtos da instìtuição médìco-farntacêutica". ILLICI{, Ivan-
25. Editorial da Reuista Brasìleira de Enfermagem. n..4,
Âno XIIL Dez. 1960.
A Expropriação da Saúde (Nêmesis da medìcina). p. 50.

96
97
geneidadenecessáriaspara alcançaro objetivo"2sinstitucional,
torna-seagora importantetentar captaro sentidoque é atribuído E concluindo,afirrnâ:
à educação,à enfermageme à saúde,segundoos conteúdosvei- "Â Ética nas escolas deve set objt'to de cuidadoso ensino, elaborando-se
culados pela REBEn. para isso bons programas quc respeitem e desenvolvam os princípios da
A idéia de que a educação,a enfermageme a saúde ocor- moral natural e cristã." 30

rem sem qualquer vinculaçãocom a realidadesocial histori-


camente determinada,é uma constantenas publicaçõesda Re- No mesmo ano, em palestra sobre Ana Néri, pronunciada
vista, com raríssimasexceções.Tudo acontecenum mundo abs- na Sociedadede Higienedo Recife,Waldemarde Oliveira,reÍe-
trato e a enfermeÌradeve pautar suas ações dentro de um espí- rindo-seàs qualidadesda enfermeira,ressaltao regulamentodo
rito cristão, com bondade, abnegação,resignação,disciplina hospitalde Edimburgo(lnglaterra),onde se lê:
e obediência.2e ''Enfermeiras (. . . ) devem ser pontuais e cxatâs, honratlas e lronestas,
Observando-se, portanto,os artigos sobre formaçãodo en- verídicas e responsáveis, silenciosas e metó<licas, asseadase prolixas. pa'
-
fermeiro, pode-sedepreendertal afirmação.Assim, em traba- ci entes e constantes, suaves c s oc i áv ei s .' B l
lho apresentadono Congressode Belo Horizonte-MG, em 1g56,
Waleska Paixãoexpressavaque: O código de ética do ICN de 1953,em seu primeiro ar'
tigo diz:
"A grande e sólida base de uma filosofia de vida para umâ escola de
enfermagem só pode ser o espírito de serviço que decorre de nossa "A enfermeira cuida do doente responsabilizando-se pela manutenção de
f iliaç ã o d i v i n a e d a c o n se q ü e n te fr a te r .n id a cleh u m a n a ( ...). C abe aqui um ambiente Íísico, social e espiritual favorável à recuperação cla saúde;
lembrar que, sc Íoi errcr antigo considerar. alguém capaz de exercer a incentiva a prevenção da doença e a promoção cÌa saúde por meio do
enfermagem só pela sua bonda<le e crrpacidade de dedicação, é ainda mais ensino e do exemplo; prestâ âssistência sanitária ao inclir'íduo, à família
grave o erro moderno de hiperfroÍiar. o aspecto técnico e científico da e à coletividade, coordenando os seus esforços com os de membros de
prof iss ã o . . " profissões afins."

Foriaz"comentandoo artigo, diz que está aí


28. GRAMSCI, Ântonio. Os Intelectuois e a Organização da Cultura. p. 167.
"o conceito moderno de en{ermagem, significando a conservaçào da saúde
29' Apesar do espírito de abnegação, de obediência e, portanto, de humildade,
no seu sentido mais lato: não só o cuidado dos docntes' dos velhos, dcs
a ABEn, através da REBEn, sempre expressou <lescontentâmento com o stdrus
aleiiados e incapazes, mas a prevenção da doença por todos os meios
e o prestígio profissional dos enfermeiros conr relação às outras categorias univer-
que a ciôncia põe ao nosso alcance c a promoção da saLide e vigor na'
sit árias , pr i n c i p a ì m c ' n r e a s q u e iìtu a m n a r ír e a d a sa ú d e . C) bsen,e-sco cl ue di z t,
quel es que estão bem, . . "32
editorial: "No Plano de cLassilìcação, ( . . .) todos os en.lt,rmairos esrào até hojc
no s eruì ç o P r o l ì s s ì o n a l e n à o b á n e n h u n ca r g o d e e n le r n ei ro,o seruìço Téc-
nìco-Cientllico. No Técnìco-Cientílico cstão <ts pnrtad.r_tresde giraus uniuersitá. Ëm artigo publicadoem 1958,sobre a seleçãode enfermei'
rios, médicos, farmut'ëutìcos, t'tc. No erl!ttnto, no salárìo propriamenle é assa; ras, Schott enfatiza:
pequeflit d diferença efltre o níuel náximtt do Seruiç'o ProlissioaaL e o ìnicia!.
d o' I 'éc nit 'o - c i e n t í f ì c o "aparência geral da candidata, incluindo: aspecto Íísico. atítude reÌigio-
M uito m a is d o q u e b e n e licia r u a t eri al nente. enl er,
me t ro (. . . ) sâ, (ìaráter éti co (...); voca bul ári o da c andi c i ata (.' .); apti dões es c o-
t e m , n e t t e c d s( ) , o co n d ã o d e d a r o p r e stíg io que a cl asse pro-
cura atdentenente. ora, no BrasiL u Associação Brasìleira tle Enlennagen busc,r
para o t'nlermeiro o pres!igio que essa profissão alcanÇou nos EsraJos unidos.
caudá' cbina e en nuitos outros países". Eclitorial da Reuìsta Brasireira tÌe LASCIO, Cecília Sanioto. En{ermagemem Ascensão.RettistaBrasileira de Enler'
Enfermagem. n.' -l p. 301. No ano seguinre, Di Lascio perguntâ: ,,Se a prolissão magem.n." .J, Ano XI, Set. 1958. p. 272.
de enlernta g e m e x i g t ' l o r m a çã o e sco la r tJe n íu e l su p e r io r p or qi l e não desl ruta 10. PAIXÃO, Waleska.A Êtica Profissionalnas EscoìascÌe Eniermagent.Ern:
de status social cotrespondente"? E Íaz um apelo:,,Prcstigienos a prolissio,
ReuìstaBrasileirade Enfernagen, n."'1, Ano ÌX, Dcz. 1916.p.226')O'
eduquemos o público a dttrJhe o tterecìdo oalor orientando elementos capazes 11. OLIVEIRA. lü/alelemarde Ana Néri. Em: Rettìsta Brasileìra de Enfer'
a escolherem a prolìssão. A profissão de enfermagem em ascensão sìgnilìcarú a nagem, n." 2, Ano IX. P. 5ó,
dtceilsão de nossrs pnJrão sanitririo,, asttnsão tJo ben-estar de nosso pouo,, DI. l2 FORJAZ. Marina de vergueiro, código Inrernacional de Ética de Enfer'
masem Em: ReuisraBrttsilc'irtrl,'Enlernragctttrt.''1. Ano X, Set' 1956'p 252'55
98 VY
lás t i c a s ( ' - ) ; v e r i f i ca çã o d o se u se n s( ) d e r e sp o n sa bi ìi dacre
e d. rn'ti - E. de São Paulo,e ainda inspiradano tema oficial do ll Con-
v o r e a l d e s r r a c s ç olh a í. .) .' ,
gresso Latino-Americanode Enfermagem,realizadono Rio de
E acrescentaa seguir: Janeiro nesse rnesmo ano - "O Sentido Cristão de Servir e
a Enfermagem",Anacleto destaca:
"As professoras devem saber determinar
os padrões de cartura e interi-
gêxcia da futura enfermeira (. . . .),,:r:r "Viver para servir tem sido realçado como o lema do enfern.reiro. Ncr
lGrifos nossos).
entânto, foi oportuno o temâ escolhido pelo congresso, pois o ideal de
Ainda em 1958,sobre a tarefa do ensíno de Enfermagem servir só será completo, se for realizarlr tlenrro do espír'ito cristão "36
Freemanassim se pronuncia:
A educaçãoidentifica-senesse contexto com um profundo
"O produto do ensino da enfermagem sentimentode religiosídade,de espírito de servir, baseadosna
é um profissional que esteja pre-
parado, por instrução geral e profissional, den[o
da .rr..rìu.u ,o.iui d" moral cristã; a importânciadispensada,portanto, ao aspecto
comunidade em que
_vive,
para participar como um membro da equipe técnico não deve vir em detrimentode tais princípios.Contra-
de saúde, nos cuiciados do doente. na
çrrevenção da doença. nu'pio- ditoriamente,o espírito dessa educaçãoé por demais elitista,
moçãr: da saúde."
discriminadore autoritário,a partir dos próprios critérios que
devem nortear,segundouma das autorascitadas,a seleçãodos
E prosseguindo,
alunos para o curso de enfermagem:"aparênciafísica, vocabu'
" a en f e r m e i r a m o d c r n a d e ve e sta r ca p a cita d a
â u sa r su a i magi nação (...7;
lário da candidata,aptidõesescolásticas[...J", sem esquecera
deve estar capacitada a aceitar a disciplina exigicla por
i*o'f.ofi.ráo
atitude religiosa,e aindao exageradoculto à disciplina.A trans-
que requer exatidão; cleve ter uma atitude analítica
ao resol..er proble- missão pura e simples de conhecimentossem qualquercritÌci-
mas surgidos no uabalho, e. âo mesmo tempo, recebe,
u, o".r,r* ao* dade é o que se verifica no teor dos textos.
compreensão e sensibilidade (. . ).,'3{
ïomando-seagora o fenômenosaúde-doenÇa, o mesmo não
Em discurso de instalaçãodo Xlll CBEn, a presídenteda é entendidocomo resultantedo viver dos indivíduos,viver esse
ABEn, entre outras considerações,rembravaaos 'particúunt", que se relacionadiretamentecom a própria inserçãodos ho-
mens no processoprodutivo.Assim compreendido,a promoção
"no mundo do sofrimenro que é a doença, em seus múrtipros
âspectos da saúde não dependeda simples vontadedos profissionaisda
físicos e mentais, no mundo da prevenção da <ìoença dr, ìrrortrà
,o* área, nem tampouco do ensino e exemplo, como afirmava o
ignorância, "
a a enfermeira precisa mais do que conheciment.s técnicos, artigo primeiro do código do l.C.N.,em 1953,já aludido,refe'
do que sólida base científica. do que atirucle àe apreço pera virra
humana
e de respeito às liberdades do incrivíduo. Era precísa de uma uìda dir:ina
rindo-seà responsabilidade da enfermeira.
no seu coração se o qrìer aberto a rodos e impermeár,el a n)a!".:rt A Enfermagem,de acordo com o pensamentoexpresso
nos textos, é uma distâncianeutra a serviço de uma sociedade
Em trabalho realizadoem i962 para a cadeirade currícuro abstrata:assim, se dedicaà comunidade,à coletìvidade.enfren-
de Escola de Enfermagemdos cursos o" pài_ãruorãçããju t tando a ignorância,rÌïmas alicerçada no saber, no seu espírito

3). scHorr, Gladvs. Responsabilidadena sereçãode Enfermeiras.Em: Razrrsra


Brasileìrade Enfermagem.n." 2, Jun. 195g, Ano XL p. 11g.
)6. ANACLET'O, Rurh. A Fotmação clo L-nfermeiro. Em: Iìeulsla Brasileira de
J4. FREEMAN, Ruth. Princípios de AclministraçãoAplicados Erfermagen, n.' ), Ano XV. Out. 1962. p. 406.
ao Ensino de
Em: ReuistaBrasileirade Enlcrmagetn n." J, Ano XI, Set. 1958.
-Enfermagem.
p . 18. 37. Segundo Melo, Boltanski analisa a dívisão da populaçào em trabalhadores
)J RESENDE, Marina de Andrade. Discurso da Sessãode rnsraraçãodo XIII domésticos e sclvagens. r\queìes conheccdores das boas regras tìe higiene e pos-
cBEn. Em: Reuista Btasileira de Enfermagem.n." 3, Ano XIII, slt. 1960. p. sui dores dos comportamentos cl es ej áv ei sde pueri c ul tura rc ntam trans formar os
298. (Grifos nossos), selvagens em domesticados. MELC), Joaquim Alberto Car,loso de, A Prática da
S aúde e a E ducação. E m S aú,l e em D ebate, n" 01. l t)76. p. l l .

100
101
de bondade,de amor e de fraternidade.Aqui nâo se
trata, entr() altamente vaÌorizadas são as de conformísmo e de obediência irrestrita
tanto, de exercer uma crítìca à moral cristã e à
fraternidade e que o grau obtido é tanro rnelhor ou mais altcl quanto melhor cor-
porém de uma crítica à forma como aparecem
no discurso d;, responder a estudante à expectativa cla pessoa em autoridade, muitas
enfermagem,desconhecendoa exploraçãodo traUatÀõ-e,
po vezes, distante da expectativa da própria estudante e das exigências da
conseguinte,a situaçãoconÍlitivadecorrentede uma enfermagem moderna."
sociedadr
de classes,como a capitalista.
Essa é a idéia que prevalecena quase totalidadedos E aínda ressalta:
gos da Revista que versam sobre a profissao. artr
Ãrg;ãs" criti "O método democrático em educação, que se esboça em a.lgumas de
cas a essa postura conservadorae autoritaria apaíecêÍâlrÌ nossas escolas surge como uma tentativâ de se aÍastar dos programas
poucos trabalhos;entre esses, destaca-se €rÌ:
um artigo de prepato de enfermeiros que estabelecidos por Florence Nighringalle
"Conceito de Autoridade intituladc
e Democraciaem Ação,'; escrito por f<.rramcristalizados e nos quais às estudantes era negada a liberdade de
Maria de Lourdes Verderese em í952. someÁte escoÌher enÌre as experi ênci as que o c ons ti tuíâm".:l e
bem dãpors
por volta de 1980,vão surgir artigos semelhantes.3* Essa longa cÍtação,que representaum pensamentoextre.
Observe-senessa publicaçãode jg57 o que afirma mamente avânçadona época, não encontra eco entre os inte-
Ver.
derese, referindo-seao ensino de enfermag";i- lectuais da enfermagem,tanto é assim que permanececomo
" As . . a t i t u d e s e x i g i d a s da e stu d a n te
voz isolada em meio ao pensamentoconservadorque predo-
sã o a s m csm u s clu e h erdamos de uma mina na REBEn.
t"adição nriÌírar c q(Ìc, sc fc.ìranÌoperarÌtes hrí
J0 anos drriís, ralvez, íá
não se aclaprcm às siruações complexas rle unra
civilízaçà. ;,rì ;..;j;ç;, Sem perder de vista "o sentido cristão de servir", tâo pre.
c arac r e r i z a d ap e l o g r a n d e a va n ço cie n tífico e
te cn o Ìó g ico (...). A própri a sente nas publicaçõesdos anos 50, nas décadas seguintes,
forma em que se realizam os ex:ìmes erÌr
nossas escolas, fala de unra 60 e 70, a enfermagemvolta-se para a formação dos proÍis-
concepção autocr'ática em cclLrcação.Elcs não
apclam para a inteÌigôn, sionais, com vistas ao desenvolvimento.lsso não significa
c ia. an á l i s c c r í t i c ; r c p . cle r cr ir r ch r rd l e stu cl,r n r c.
dade d e r e p e t i ç ã o v e r b a tin r d o q r r c io i d ir o
n liìs s' Ìì par:ì a capa(.t- dizer que somente aí os íntelectuaistenham, na REBEn,feito
e m cla sse . É . .rtu,l nnr. menção à educação e saúde corno propulsorasdo desenvol-
é râilto mclhor. quânto mâior for a sua capaciclacle
cle rtremorizar r
quanto maior for a sua capacidadc para vimento, mas Íoi nesse período onde a ênfase foi mais acen-
a obe<Jiênciae não oposicão.,,
tuada"
E acrescentaa autora: Em trabalho sobre "A Formação Profissional no Mundo
" Releia m , n o s s a s c o l e g as, co m e sp ír ito Atual", apresentadono XIX CBEn,Alvim, referindo-seao papel
cr ítico , o r cla tó r io mensal que e
dado às nossas estudanres e ârravés c{ele verio da educaçãono desenvolvimentoafirma:
que as qualidades mais
"A cducaçâcr é hoje considerada instrumenro básico pâra u progresso
sócio-político-econômico (. . . )."
J8' I J r. anr e o p ü r í ( ) d o l g t t g 0 a IlF .BEn p r a r ica m cr r tc
n ã . pu'ri c.u arti gos rl ur:
faç an: unra a n á l i s c c r ' í t i c u < 1 a e n Íe r ' a g e r r ' ,
,Ur - d o te .r r o d e V erderese (r957),
acìn rrrc it ac kt , a p ( ) n t â Í n - s es o Í n e n tc cju a s o u tr a s
r n :tté r ir s, p r r b lic ,rcl asem 1980: pÌl -
Com essa visão e aludindo a necessidadede uma retor-
DRAZZANI, João CarÌos - Formaçtìo clo proiissitrnal
cle Saúclc; c NUNES, Evc_
ma universitária,acrescenta;
rardo Ribeiro ._ AntoÌogia cìe Ex1;eriências "Â. saúde e o bcm-estar passârâm a set encaraclus como o objetivo
em Ser'iço e D.cênc.ia em .Enfer
magem na Âmérica Latina (este último *ata,se fundanental a ser visado e as dclenças como uma inrercorréncia a ser
na verclade cre uma resenha da
Revista Eàrcación àlédica t' sarur). EntrerànrÒ. corri gi da e preveni da, quando pos s ív el ". i ..t
torr.râ-sc srgniÍìcativo assinarar,
q ue rec enre m e n t e t é ' n - Ì s t r r g id o e stu d io so s
in te r e ssa d o s a o , urna anáÌi se E a seguirfinaliza:
crítica da crfermagem como profissão e conlo "r*ra",
social conscqücntemente. ''Â enfermagem, tradicionaÌmente conservâdora c isoiacionista nào pode
os quais têm sitlo os principais .espons:íveis peia 'rática
e.raboraçâ., ,1" r.oburh.,, .on.,
e.ssa preocupação crítica. Enrre esses estudios.s poig-5e estar ausente desre movimento, Ireforma r-rniversitária] sendo indisperrsá-
mencionar Maria cecília
l 'unt c i d(' À l m c r d d . G r a c i e t Lc lìo r g e s d a
Sir vr r c cu Ìr r b ,r r a cr orcs 1E . E . R i berráo
Preto,-^USP), Stella Maria p. F.,1.- Br.r.,s c crìabora<.lores (ì1. Iì. UFIIa _-
Jâlvâdor-ttâ | t9. VERDERESE. Ìúaria de Lourdes. Conceito .le Autoridade e Ì)emocracia em
A ção. E nr: R eai sto B rasi l ei ra dt E n i c rmag(n n' ' + , Â no X , ì)ez . 1957. p.3i l -74.
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v el q u e s e s i t u e c l c u m [a d ., cle n tr o d a p .Ìitica d e e ducação como um
instrumento de desenvolvimenro c de c,utr., denfo tlas rentjências
tos publicadosna REBEnno perÍodo(1S55-80i, exceto os artigos
at uai s d e Í o r m a ç ã o d os p r o fissio n a is d o ca m p o d a sa ,de".qr) já indicados.Trata-se,portanto,de uma constataçãograve
Em outro trabalho,também sobre formaçãodo pessoalde Essa tendênciaà não criticidadeé confirmadapor Pedraz-
enfermagem,publicado em 1g70,pontes e côlâboradoresassi zani quândoafirma que
nalam: .'quânto
à formação de pessoal evidencia-sc unÌ.I pleoculìÌção donrinanrc
(especialistas)
com o ensino e não com a aprendizagen-r,conì as profissóes
"A enfermeira rem um dupÌo compromisso: primeiro, deve atender enãocomaequi pedesaúde,co l nodomíni odatéc ni c aes pec ífi c aenão
a
urgente necessidade de preparar um maior número de pessoal que possâ cont a capacidade crírica e ctiadora {rente à realidade "ì:
contribufu pdrd os planos de desenuciuìmento t)o país; segun.Jo, abàr,lar
o problema de qualidade dos serviços de enÍermagem. (Isto requer a É, portanto,a prática bancária,conservadorae não a prática
formação de um corpo alramente qualificado e responsável de enfermeiras problematizadora, quest ionadora,que se Íaz presente na for'
nos diversos setores operacionais da adminisrração e planejamento de
mação dos profissionais de enfermageme nessa perspectiva,
pes qu i s a e e n s i n o ) . " + 1
ou seja, da educação como prática bancária,no dizer de Paulo
Freire, é mais um elemento a contribuir na reproduçãodas
desigualdades sociais.43
, A preocupaçãonos últimos anos consiste, portanto, na
eficáci a da competênciatécnica como meta a sei perseguida Enfim, a direção intelectualque a ABEn imprime através
por todos os profissionaisde enfermagem,con'ì vistas a con,
da Revista e que é diÍundida entre professores,enfermeiros
tribuir com o avançotecnológico,com ó desenvolvimento. Não e estudantes de todo o Brasil consiste essencialmente:em
fica claro porém em que consiste esse desenvolvimento,e a primeiro lugar, em conceber o social e a sociedadede Íorma
quem serve. Entretanto,torna-sesignificativoas-sinalar que enl abstrata,dõspojadosde conteúdohistórico e de conflitos so-
um só momento a enfermagem,através da ABEn-REBEn, se ciais, como algo em permanenteharmoniaou ainda como sinõ'
coloca ao lado das classes exploradas,porém não perde opor_ nimo de relaç-õesinterpessoais.Em segundo lugar, o Estado
tunidade para se posicionara favor das iniciativasdo Estado é concebidoôomo uma entidade paternal,inquestionávelafi'
ao partilharcom este as tarefas do chamadodesenvolvimenro, nal como um autêntico guardião do bem comum e não como
assumindo,muitas vezes,posturasgrandiloqüentes, mesmo em uma instânciade dominação;por isso mesmo a ABEn mantén"t
rnomentosde crise. o tema central do XXXV congresso Brasi. com o Estado relação de colaboraçãoirrestrita e tambénr de
l eiro de EnÍermagem,realizado em São paulo, em setembro subordinação.Em terceiro lugar, a noção de educaçãoe de
de í983, constitui um exemplo patente: "O que a Enfermagem enfermagemse pauta por conceber a primeira, como ensino
pode Íazer por você e pelo Brasil", tal foi o ,mencìonado rígido, autoritário, elitista e pouco criativo; enquanto a se-
tema. gúnda é concebida,ao mesmo tempo, sob o prisma do espírito
Por outro lado, a formaçãode uma consc iênciacrítica em õristão,da obediênciae do tecnícismo.Por último, embora a
educaçãoe saúde, portanto,não tem sido objeto de reflexão, enfermagemseja consideradauma profissãosocial, a saúde é
por parte dos intelectuaisda enfermagem,pelo menos nos tex_ encaradã,muito mais do ponto de vista biológico do que en'
quanto determinaçãosocial; e a promoçãoda saúde da popu'
lação é condicionadaà existênciade profissionaisque possam

40 ALVIÌ\4, Ermengardade Faria. A Formação Profissi.nal no Mundo AtuaÌ


Em ReoìstaBrasileirade Enfermagem.nÍ 4, Ano XX, Ago. 1967. p. ll;l)). 12. PEDRÂZZÂNI, .ìono Carlos. Formaçãodo ProfissionaÌrle Saúde - estru-
Ë,nr: Rc1r.r/aBrasìleir,t,1e Enlernagen'
e tlcnran|asecìucacignais.
rura ocrrpacicrnal
4r. PONTES, clélia de er a.lli. Formaçãodo Pessoalde Enfermagem,tenclênci:rs Ano XXXIIL Out. Dez. 1980. P. 478.
atuais.Em ReuistaBrasileirade Enfermagetn.
n." 1 e 2. Ano XXII, Ian.-Ìun.1970.
(Grifos nossos), $. Ver a respeito FREIRE. Paulo Pedagogiado oprìnìtlo t' Açãct cuLturaL
Dara a Liberdade

104 105
prevenire curar as doenças,entre as quais se destacao papel Y a rÍÔ{ ,"- X } Ë
c. s. \ttu a o)
do enferrneiro como educador que é por exceÍêncía. Ê4 -
lr
an

Além disso, cabe mencionarque os interessesdos enfer r


meiros, enquantocategoriaprofissional,não são colocadoso. z tu,:õls F'
forma autônoma.Nessesentido,as reivindicaçõesaparecemsem
pre como apeÌos dirigidosà sensibilidadee à boa vontadedos =
governantes,através dos quais se invoca a tutela do Estaoo u
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â+o. rô trumento de educaçãode estudantes,professorese profissio-
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nais de enfermagem,constitui uma extensão da Associação
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<â Brasileirade Enfermagem{ABEn),da qual é Órgãooficial' Assim
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E s N lOccj-^^ (Y) sendo, é principalmenteatravés da Revistaque a ABEn, como
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uma instânciada sociedadecivil, imprime uma direção intelec-


t, O! tual visando a formaçãode uma concepçãode mundo que uni-
E
aa z :3= & i^Xô^r"no í) oo fÌque e enforme a ação dos enÍermeirosespalhadospelo Bra-
sil inteiro.ïrata-se de homogeneizaro pensamentoe a ação de
I 'f^ O^ c)
^lvìC- r "ï_1*r 1
q tais profissionais,desde os grandes intelectuais Ios que es-
o o ? !- N
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J :- ^NNsNÍ o
o crevem, os que dírigem as grandes escolas,os que são diri-
E
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È gentes da ABEn, os que têm títulos acadêmicosimportantes
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cc{- etc.ì até os mais simples enfermeirosdo interior, o que con-
3- . oiì ì Vì y tn
a - po figura uma verdadeirahierarquiaintelectuaÌ.
at Por outro lado,estudara BEBEnimplica estudaras Escolas
de Enfermagem,porquantoos articulistasda Revistae os diri-
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."t -s3 gentes da ABEn são, em sua esmagadoramaìoria, vinculados
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às chamadas grandes escolas do eixo Rio-São Paulo. Além
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intensamentelido, estudado,debatido.lmplica estudar sobre-
tudo a ABEn, como entidade de representatividadedos enfer'
meiros, através da qual é feita a articuÌaçãoda categoriacom
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!+ ( JJ Uq.l:l<ÊC7
F
z a sociedadee com o Estado.Portanto,a ABEn e as Grandes
Ã
v Escolasse confundem e a Revista nada mais representado

í08 109
que a conjugaçãodessasduas forças. Estudara Revista,enfim, magem médico-cirúrgica, que Ìnduz, naturalmente,ao manu-
signìfica empreenderuma análise da própria enfermagemno seio e consumo de equipamentosmédicos e de medicamen-
Brasil,conformeo contextohistóricoem que s urgiu e se desen- tos. É interessantenotar que a tendênciaobservadanas publi-
volveu.E o que se observafoi que a enfermagemsempre esteve cações da Revista é idêntica ao que ocorre na área da pes-
vinculadaaos interessesdominantes,fazendoao mesmo tempo quisa ao nível de pós-graduação, pois, entre 1975-79,50% das
de Ana Néri e de FlorenceNightingaleexpressõesmáximas de teses correspondemà área de assÌstência,abordandosempre
bondade,de abnegaçãoe de competência. aspectos internos da prática. O estudo da enfermagem,en-
Nesse sentído, é inegável,por exemplo, que a chamada quanto prática social, que se articula ^'com as outras práticas
enfermagem científica surgiu com a criação da Escola Ana sociais na estrutura econômica, política e ideológica do pais,
Néri em 1923, com o objetivo explícito de contribuir com a não tem sido objeto de estudo".l
saúde pública do Hio de Janeiro,cuja populaçãona época era Enquantoisso, ao se analisaremas bases conceptuaisque
acometídapor constantesepidemias de febre amarela.Entre- configurama direção intelectual,cultural e ideológícano pe-
tanto, o objetivo real foi assegurara manutenÇãodas relações ríodo 1955-80,conforme os textos publicadosna REBEn,cons-
comerciaisentre o Brasil e as potênciasestrangeiras,ameaça- tata-se que ela é f undamentalmenteconservadora,porquanto
das de serem suspensaspor estas, caso os portos não fos- não chega sequer a mencionara existêncÌade uma sociedade
sem saneados. concreta no Brasil, regida pelo modo de produçãocapitalista.
Se não chega a mencionar, náo questiona e, portanto, está
Criada então a primeíra escola em 1923, logo em 1926 ausente,das formulaçõesda REBEn,a transÍormaçãode uma
seria f undada uma Associação Nacional de Enfermeiras Di-
sociedade cujo conteúdo histórico desconhece.Diante disso,
plomadas e, em 1932,surgia também a Revista Anais de En-
a postura assumida é de conservaçãosocial, de colaboração
fermagem.Em 1954,a AssociaçãoNacionaltransformou-seem
com o Estado,diÍundindo as suas políticas e as suas ações,
Associ açãoBrasileirade Enfermageme os Anais foram subs- principalmentena ârea da saúde, a fim de obter o consenso
tituídos pela Revista Brasileira de Enfermagemque, a partir
entre os associadosda ABEn para tais iniciativas.Ante esse
de í955, passou a ser publicadacom maior regularidade.ln- quadro, os intelectuaisda enfermagemdesempenhamo papel
tensifica-se,portanto,o elo de ligaçãoentre a ABEn e os seus
de verdadeiros intelectuais orgânicos das classes dominan-
associadosmediantea citada publicação,firmando,assim, uma
tes,z cujo espaço de atuaçãoé a ABEn,como uma organização
autêntica direção cultural.
No tocante à temática abordadapela Revista, o que se
observa é a existêncìade uma certa articulaçãoêntre os tex- i . À LÌ\ÍE ID A , Mari a C ecíÌi a PunteÌ de, er al l i . A P rodrrç ão do C onhec i mento
tos e os artigos publicadose as diferentes conjunturasque na Pós-gla<luaçào em Enfc'rmagem no Brasil. Em: Anaìs do XXXIII Congresso
têm marcadoa história do país, nos últimos 25 [vinte e cinco) Brusileiro de Enfermagem. p. 1.25.
anos. Assim sendo,a preocupaçãocorn a educaçãoe o ensino 2. Para Gramsci, "os intelectuais são os comtssários do grupo doninante paru o
[em sentido estritoJ foi particularmenteacentuadaentre a se- exercício das tunções subalternas da hegetnonia social e do gouerno politico".
gunda metade da década de 50 e toda a década de 60, época Salienta ainda que "cada grupo sociaÌ, rascendo fio terleno origìnúrio de lunção
essetcial to mundo la produção ecttnômìca, criu para sì, ao ntestto tettpo, de
em que o desenvolvimentismo e o populismo pontificavamna um nodo orgáni<o. unld ott naìs camadds de intelectuais que lbe dão hamoge-
vida política do Brasil. As mudançaseconômicase políticas, neidatJe t const-iência du própria funçào, não dpenas no canpo econômìco, mas
ocorridas após 1964, vão repercutir diretamente na área da tanbén na socìal e n,L polílicci'. (GRAMSCI, Antonio. Os Intelactuaìs e a Orga-
saúde com a penetraçãodo capital neste setor, acarretando nìzação da Cultuta. p. )-19). Esses intelectuais orgânicos, entretânto, não se
uma privatizaçãodos serviços. Dessa maneira, na virada da deliaem "tanlo pt'lt.via origem e situação le cLassecomo pela posição ie cldsse
que assumem, pelo lug.tr que acup(tttl e pel,t lunçãct tltte desenpenl:am tas supe-
décadade 60, época do milagre brasileiroe por toda a década
restrult./ras. A sua r.trganicitlade traduz-se tia inÍegração num blc,co intelectual,
de 70, verifica-seo predomínioabsoluto de uma literatura de orgaúcancnte ligaào, por Ìua uei, a una classe (de cujos inleresses I represen-
natureza técnica, principalmentena chamada área da enfer- tdnte),4u1'tL'r/t.ott(r l unçJo l undaw enl d < l ar ' : es ti t c l as s e homogenei dade e,

110 111
da sociedadecivil. através da qual educam
uma considerável
massa de pessoase para a qual a Revistaé principal
o instru.
mento pedagógico.

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