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GLOSSÁRIO.......................................................................................................................................58
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................59
MÓDULO II........................................................................................................63
AULA 3 : Alcoolismo.........................................................................................................................89
Alcoólatra ou alcoolista?.............................................................................................................................90
Mecanismo de ação do álcool no corpo..................................................................................................91
Problemas físicos........................................................................................................................................93
Problemas sociais.......................................................................................................................................97
Tratamento farmacológico........................................................................................................................98
Resumo.....................................................................................................................................................100
GLOSSÁRIO.....................................................................................................................................130
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................130
MÓDULO III....................................................................................................135
AULA 1 : PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE DOS USUÁRIOS DE DROGAS..........................136
Prevenção do uso e abuso de Substâncias Psicoativas (SPA)...........................................................137
Fatores de Risco e de Proteção...............................................................................................................139
Promoção de Saúde na perspectiva da Prevenção aos problemas relacionados
ao uso de drogas.......................................................................................................................................142
Níveis de prevenção..................................................................................................................................144
Intervenções em fatores de risco e proteção ao uso de drogas na perspectiva da Prevenção....145
Modelos de prevenção baseados em evidências.................................................................................147
Análise crítica sobre os modelos de prevenção....................................................................................149
Prevenção na lógica de Rede..................................................................................................................151
Prevenção Combinada: um novo paradigma na prevenção do HIV/AIDS........................................153
Resumo.....................................................................................................................................................160
GLOSSÁRIO.....................................................................................................................................217
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................218
CRÉDITOS........................................................................................................219
MÓDULO I: CONCEITOS,
PRINCIPIOS E O CENÁRIO
NACIONAL DA REDUÇÃO DE DANOS
Olá Cursista!
Bons estudos!
Curso
CAPACITAÇÃO EM
REDUÇÃO DE DANOS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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AULA 1: POLÍTICAS PÚBLICAS DE REDUÇÃO DE DANOS
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
1. Conceitos a respeito de Redução de Danos (RD)
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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•• Não julga, não pune e não exclui o paciente;
•• Enxerga o usuário como pessoa que precisa de cuidados de saúde e não
como criminoso ou degenerado;
•• Opõe-se à “Exigência de Abstinência” para todos os usuários;
•• É comprovadamente eficiente no tratamento para dependência do álcool,
da nicotina e de heroína;
•• É a mais eficiente estratégia de cuidado para os pacientes com comorbi-
dades graves
•• Diminui as barreiras para adesão ao cuidado;
•• Amplia o universo dos pacientes atendidos;
•• É compatível com as psicoterapias e busca a responsabilização pessoal e
a autonomia.
Fonte: autor
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
único serviço, uma única saída. A RD fundamenta-se na necessidade de
uma diversidade de ofertas de atenção ao usuário, pois compreende que
as pessoas são diversas e necessitam de estratégias diversificadas, que
mais se aproximem de suas necessidades naquele momento, ou seja, com
ações que sejam efetivas para o conjunto de usuários e ao mesmo tempo
contemplem a particularidade de diferentes formas de consumo e de vul-
nerabilidades e a forma como o álcool e/ou outras drogas se inserem na
história de vida de cada sujeito.
•• Vinculo: A aposta da RD está no estabelecimento de vínculo com o usuário
em uma relação de respeito e confiança, onde ele pode falar de si mesmo,
ser escutado, não julgado, mas acolhido em sua queixa, problemas e ne-
cessidades.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Quadro 1.1.2 Quadro comparativo redução de danos
Fonte: Autor
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
O Relatório Rolleston (UNITED KINGDOM, 1926), como ficou conhecido, recomen-
dava a administração de morfina e heroína, sob supervisão médica, como estraté-
gia para diminuir o sofrimento decorrente da brusca retirada destas drogas, que
em casos mais extremos pode levar até mesmo à morte. (PETUCO 2016 p.112)
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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No Brasil, a experiência mais conhecida, a
da cidade de Santos, no final dos anos 80,
experimentou projetos de troca de seringas
para reduzir os danos entre usuários de dro-
gas injetáveis, já que essa cidade tinha a maior taxa de contaminação por HIV/AIDS da épo-
ca. Os anos eram do processo de abertura política, mas ainda em um contexto com grande
viés repressivo, principalmente no campo das drogas, e esta experiência, junto com outras,
como a de Itajaí e de Balneário Camboriú em SC, embora bem sucedidas, sofreram grande
resistência para se consolidarem como política pública. De acordo com PETUCO (2016):
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
A Política Nacional de Saúde Mental Álcool e outras Drogas do Minis-
tério da Saúde, nos anos 2000, passa a agregar serviços voltados espe-
cificamente ao cuidado dos usuários com uso problemático de álcool
e outras drogas, por meio dos Centros de Atenção Psicossocial para
o Álcool e outras Drogas, os CAPS AD (assunto que será tratado na
Aula 3), abordando as drogas como uma questão de saúde pública. A
Redução de Danos passa a ser vista, neste contexto, como diretriz para
o cuidado em álcool e outras drogas. Atualmente, alguns municípios in-
tegram em suas políticas públicas as estratégias e práticas de Redução
de Danos e pesquisas são realizadas no sentido de fundamentar essas
ações e produzir evidências de sua efetividade.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Foi em 2002 que o Ministério da Saúde passou a considerar a Re-
dução de Danos como uma de suas estratégias de prevenção ao uso e
abuso de drogas, incorporando-a através de serviços específicos, como
os Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS AD), mas
foi em 2003 que o governo brasileiro, através do Ministério da Saúde,
assumiu o desafio de prevenir, tratar e reabilitar os usuários de álcool e
outras drogas como um problema de saúde pública, apoiando, através
do SUS, mais de 150 Programas de Redução de Danos, que estavam em
funcionamento nos municípios. A partir daí vários instrumentos norma-
tivos e legais passaram a incluir a RD nas políticas públicas e principal-
mente no SUS.
Com a Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Dro-
gas do Ministério da Saúde, em 2003, o foco passou a ser a constituição
de ações de promoção, prevenção e cuidado que transversalizassem,
isto é, estivessem presentes nas várias políticas e redes de atenção e
se capilarizassem, ou seja, que se distribuíssem nos diversos pontos de
atenção do SUS, como os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, e nos
serviços de Atenção Básica, como a Estratégia de Saúde da Família (que
veremos com mais detalhes na Aula 3).
Em 2005 a Coordenação de Saúde Mental Álcool e outras drogas do
MS institui a Portaria GM 1.059/2005 ,que destina incentivo financeiro
para o fomento de ações de Redução de Danos em Centros de Aten-
ção Psicossocial para o Álcool e outras Drogas – CAPS AD - e dá outras
providências e a Portaria 1.028/2005 que normatiza, no Art.4º, o esta-
belecimento de conteúdos necessários para as ações de informação,
educação e aconselhamento em RD, entre eles:
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
VII- divulgação dos princípios e garantias fundamentais assegurados
na Constituição Federal e nas declarações universais de direitos.
Em 2009, com o aumento dos problemas relacionados ao uso de cra-
ck no país, se institui o Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao
Tratamento e Prevenção em Álcool e Outras Drogas (PEAD 2009-2010).
As Escolas de Redutores de Danos surgiram, então, no âmbito do PEAD
em novembro de 2009 e nos termos da Portaria GM 1.059/2005. Tra-
tava-se de um projeto de fomento e qualificação das ações de redução
de danos municipais e intermunicipais, voltado para a capacitação te-
órica e prática de segmentos profissionais e populacionais da comuni-
dade, na forma de treinamento em serviço, para atuação em ambiente
de consumo de álcool e outras drogas, e de convívio com a população
usuária, especialmente em contextos de vulnerabilidade.
No decorrer do ano de 2010, o cenário de gravidade do consumo de
álcool e outras drogas - em especial o crack, associada à expansão de
importantes dispositivos do SUS, como os Consultórios de Rua, CAPS
AD, CAPS AD 24hs (você verá mais sobre eles na Aula 3) - bem como a
demanda para intensificar as Ações de Redução de Danos, levaram o
Ministério da Saúde à urgente ampliação das Escolas de Redutores de
Danos do SUS.
O Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack pelo Decreto n. 7179,
de 20 de maio de 2010 possibilitou a ampliação das Escolas de Redução
de Danos com recursos financeiros em dezembro de 2011, por meio da
II Chamada para Seleção de Projetos de Escolas de Redutores de Danos
do SUS e de estratégias de indução direta para Ações de Redução de
Danos previstas nos termos da Portaria GM 1.059/2005.
Assim as estratégias e a lógica de RD foram sendo incluídas nas po-
líticas públicas de saúde do SUS no Brasil e, até hoje, influenciam os
modelos de atenção, as concepções e práticas dos profissionais neste
campo (como veremos no módulo 3).
A Redução de Danos está presente nas diretrizes das políticas públi-
cas, desde a prevenção ao HIV/Aids e hepatites virais até a promoção
de saúde entre as pessoas que usam drogas, bem como na diminuição
da violência associada a este campo buscando a articulação de ações
entre as redes e serviços e o protagonismo dos usuários. Mesmo as-
sim, as Estratégias de Redução de Danos têm enfrentado problemas
e resistências em sua implementação no âmbito do SUS e em outras
instâncias de governo, encontrando forte tensionamento com setores
sociais e institucionais, os quais são posicionados contra a RD e a favor
de uma política focada na abstinência e nas internações.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Importante destacar que as ações
de Redução de Danos se originaram
da organização e protagonismo dos
usuários, principalmente das pessoas
com HIV e AIDS, que provocaram o po-
der público a incluir em suas políticas
as diretrizes e ações de RD, como me-
didas de saúde prevenção e cuidado!
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
em cumprimento ao Decreto n 5.912/06.
•• Incentivar a promoção da saúde, a prevenção primária e o diagnóstico pre-
coce pelas unidades Básicas de Saúde, através da ESF, para abordagens de
redução de danos.
•• Compor a equipe dos CAPS com, no mínimo, um profissional redutor de
danos como referência para a equipe de Saúde da Família.
•• Que a estratégia de Redução de danos deixe de ser programa regulamen-
tado por portaria e passe a ser Lei Federal, passando a ser efetivamente
uma política pública da saúde (Saúde Mental e Saúde Geral) nos diversos
serviços como: CAPS, UBS/ESF, SAE, entre outros.
•• Que a Redução de danos deixe de ser regulamentada por portaria e passe
a ser Lei Federal, sendo, efetivamente, uma política pública da saúde nos
diversos serviços: CAPS, UBS/ESF, SAE, entre outros.
•• Implantar o programa de redução de danos nos municípios garantindo o
financiamento, custeio e sustentabilidade, em parceria com o terceiro se-
tor, adequando à realidade de cada município.
•• Estender a formação em redução de danos aos profissionais que atuam
em abordagem com criança e adolescentes em situação de rua, integrado
com o Consultório de Rua e outros serviços in loco.
Estas são diretrizes que podem servir para que os municípios e esta-
dos programem seus projetos de Redução de Danos.
Ministério da Saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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AULA 2: LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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1. As convenções internacionais a respeito das drogas
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Atualmente, alguns países e ONGs questionam os resultados atin-
gidos por uma abordagem proibicionista, fundada basicamente na re-
pressão. Outras convenções da ONU, especialmente relacionadas a Di-
reitos Humanos e a Direitos à Saúde, serviram como fonte para novas
propostas de abordagem sobre o assunto.
O Brasil, através da Lei n.º 11.343/2006, mantêm o caráter criminal
da punição, mas sem a previsão de pena de prisão para o usuário – é
a despenalização do uso de drogas. Outros países, por sua vez, como
Portugal, transformaram o uso de drogas em uma infração administra-
tiva, sem a intervenção da justiça criminal – é a descriminalização do
uso de drogas. Outros países, ainda, como o Uruguai está experimen-
tando a legalização com regulação do cultivo da compra e da venda de
algumas drogas.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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2. A legislação nacional a respeito das drogas
Fonte: Autor
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
A principal alteração desta Lei foi em seu aspecto repressivo com
a despenalização do porte para uso de drogas, o que significa que a
conduta permaneceu criminalizada, mas sem pena de prisão aos usu-
ários. Tal inovação seguiu a tendência internacional de reconhecer a
diferença entre usuários/dependentes químicos e aqueles envolvidos
no tráfico de drogas, e oferecer sanções jurídicas diferenciadas.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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A ANVISA realiza análise técnica e pode incluir novas substâncias na lista
de uso proibido no Brasil ou ao contrário liberar o uso de uma substância até
então considerada proibida.
Por fim, é fundamental que Leis vigentes sejam sempre avaliadas, para que
seja possível analisar seus resultados e, se for o caso, propor alterações. A Lei
de Drogas de 2006, por exemplo, provocou, de forma paradoxal, um grande
aumento no número de presos por crimes relacionados ao tráfico de drogas,
contribuindo para a crise do sistema penitenciário.
Comparando os dados do INFOPEN, de 2006 a 2012 o número de presos
por tráfico passou de 47.472 para 138.198, o que representa um aumento de
191% em 6 anos. A proporção dos presos por tráfico de drogas em relação ao
total de presos no País dobrou. Assim, o tráfico de drogas ultrapassou o crime
de roubo qualificado como o tipo penal mais comum nas prisões, e a popu-
lação carcerária feminina cresceu significativamente. Em 2006, 5.800 mulhe-
res foram presas por tráfico; no entanto, esse número passou, em 2012, para
14.900. Em 2016 havia 45.989 mulheres presas no Brasil, sendo que 62% das
prisões de mulheres está relacionada ao tráfico de drogas. Já em relação aos
homens presos, essa taxa é de 26%.
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
A questão do álcool é uma preocupação
central para às Políticas Públicas sobre
Drogas. Um exemplo disso é que, desde
1990, o Estatuto da Criança e do Adolescen-
te (ECA) proíbe a venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes. Além disso, esforços
têm sido realizados para restringir a propaganda de bebidas alcoólicas no país. Atualmente,
somente a propaganda de alguns tipos de bebidas (aquelas com maior teor alcoólico) não é
permitida nos horários de maior audiência de jovens.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Em alinhamento com o que foi proposto no caso do crack, as polí-
ticas sobre drogas começaram, nos últimos anos, a desenvolver abor-
dagens mais complexas, retirando o foco somente da repressão, pois,
como vimos, essa abordagem não produz, de forma isolada, a redução
do consumo, e tem enfrentado problemas relacionados ao aumento da
violência e da população carcerária no país.
As tendências passam então a considerar o uso, abuso e a depen-
dência de drogas como um fenômeno que exige a compreensão dos di-
versos setores das políticas públicas, bem como, os aspectos familiares,
subjetivos e sociais envolvidos. De acordo com Maximiano, Vitore e De
Paiva, Luiz Guilherme (2014):
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
denominado de Luta Antimanicomial alimentou-se das experiências
exitosas de países europeus na substituição de um modelo baseado
na internação em hospitais psiquiátricos, por um modelo de atenção
psicossocial em serviços inseridos na comunidade.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, de acordo com
suas necessidades;
II - ser tratado com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de be-
neficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na famí-
lia, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegido contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a
necessidade, ou não, de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de
seu tratamento;
VIII - ser tratado em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos
possíveis;
IX - ser tratado, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Resumo
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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AULA 3: ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS NA ATENÇÃO
BÁSICA E NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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1. As Redes de Atenção do SUS (RAS)
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Rede de Atenção à Saúde - RAS
Atenção Contínua
e Integral
APS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Objetivos específicos da RAPS:
•• Promover cuidados em saúde especialmente para grupos mais vulneráveis
(criança, adolescente, jovens, pessoas em situação de rua e populações
indígenas);
•• Prevenir o consumo e a dependência de crack, álcool e outras drogas;
•• Reduzir danos provocados pelo consumo de crack, álcool e outras dro-
gas;
•• Promover a reabilitação e a reinserção das pessoas com transtorno mental
e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas
na sociedade, por meio do acesso ao trabalho, renda e moradia solidária;
•• Promover mecanismos de formação permanente aos profissionais de saú-
de;
•• Desenvolver ações intersetoriais de prevenção e redução de danos
em parceria com organizações governamentais e da sociedade civil;
•• Produzir e ofertar informações sobre direitos dos usuários e familiares,
medidas de prevenção e cuidado e os serviços disponíveis na rede;
•• Regular e organizar as demandas e os fluxos assistenciais da Rede de Aten-
ção Psicossocial; e
•• Monitorar e avaliar a qualidade dos serviços por meio de indicadores de
efetividade e resolutividade da atenção.
Diretrizes da RAPS:
•• Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das
pessoas;
•• Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;
•• Combate a estigmas e preconceitos;
•• Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado inte-
gral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;
•• Atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas;
•• Diversificação das estratégias de cuidado;
•• Desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão
social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania;
•• Desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos;
•• Participação dos usuários e de seus familiares no controle social;
•• Organização dos serviços em rede de atenção à saúde, com
estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do
cuidado;
•• Promoção de estratégias de educação permanente;
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
•• Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos men-
tais e com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas,
tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular.
SAMU 192;
Atenção de Urgência Sala de Estabilização;
e Emergência UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgên-
cia/pronto socorro
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Como este curso tem o objetivo de abordar as IST, o HIV/AIDS e as
hepatites virais, vale chamar a atenção para o fato de não se ter inclu-
ído na RAPS os serviços especializados nestes agravos: os Serviços de
Atendimento Especializado (SAE) para pessoas vivendo com HIV/AIDS
SAE e os Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) - que são servi-
ços de saúde que realizam ações de testagem e prevenção das IST, Aids
e hepatites virais - destinados, prioritariamente, a segmentos popula-
cionais considerados em situação de maior vulnerabilidade e à popula-
ção em geral (CTA).
A epidemiologia dos agravos entre pessoas que usam drogas é ele-
vadíssima. Sendo assim, não há como pensar nas “necessidades decor-
rentes do uso de crack, álcool e outras drogas” sem incluir, na rede, os
SAE e CTA, não apenas como serviços de referência para os usuários,
mas também com função matriciadora (veja seção seguinte) para com
o restante da rede.
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
3. O cuidado na Atenção Básica
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Estes pontos de atenção são grandes potenciais para operar com a
lógica de Redução de Danos como forma de acolhimento e para contri-
buir para a prevenção das IST, HIV/AIDS e HV, realizando ações de saú-
de sob esta perspectiva, pois estão no território e são as equipes mais
próximas dos usuários.
A Redução de Danos não é uma estratégia isolada e deve ser incor-
porada nas ações cotidianas do acolhimento, da escuta, do aconselha-
mento, das ações de prevenção e de cuidado, vendo o usuário como
protagonista. Os serviços e ações devem fortalecer novas atitudes de
vida, no qual o vínculo é o elemento principal pois a RD na Atenção Bá-
sica e nos CAPS buscam a autonomia dos sujeitos.
A Atenção Básica tem um grande potencial para a prevenção e o
cuidado das pessoas que fazem uso problemático de Álcool e outras
Drogas e que também possuem agravos associados, pois as Equipes de
Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde conhecem o territó-
rio, os grupos familiares e os fatores de risco e proteção que existem na
comunidade e podem ser manejados em uma estratégia de cuidado. O
trabalho implica uma via de mão dupla, ou seja, o usuário tanto pode
procurar o serviço, quanto o serviço pode realizar busca ativa no terri-
tório, promovendo o vínculo:
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
trabalho e dos fluxos de acesso e atenção. Vejamos como isso se dá por
meio do matriciamento.
3.1 Matriciamento
O que é Matriciamento?
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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problemático de álcool e outras drogas e são portadoras de HIV/AIDS e/
ou possuem outros agravos, torna-se mais importante ainda as discussões
de casos (ver Módulo 3), e os atendimentos compartilhados, promovendo
a continuidade do cuidado, de forma responsabilizada, pelas equipes da
atenção básica, dos serviços especializados do campo das IST, do HIV/
Aids e das hepatites virais, os SAE e CTAs e da saúde mental pois, de outra
forma, “perde-se” muitos usuários nas entranhas dos encaminhamentos e
das lacunas das redes, na fragmentação dos serviços.
4. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
•• CAPS I
•• CAPS II
•• CAPS III
•• CAPS AD e CAPS AD III
•• CAPS AD IV
•• CAPS infanto-juvenil (CAPSi)
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
As modalidades de CAPS I, II e III referem-se ao tamanho (crescente)
da população referenciada e das equipes que os compõem. No caso
dos CAPS tipo III, há a oferta de vagas de acolhimento noturno para as
situações de crise e/ou maior vulnerabilidade, eles funcionam 24h e
todos os dias da semana e podem ser do tipo CAPS III para transtornos
mentais em geral ou específicos para problemas relacionados ao Álcool
e outras drogas (CAPS AD III).
O CAPS AD IV tem como atividade principal a Atenção Psicossocial e
atendem pessoas com quadros graves e intenso sofrimento decorren-
tes do uso de crack, álcool e outras drogas (dependência de substâncias
psicoativas).
Os CAPS específicos concentram seu atendimento para determina-
dos grupos, como crianças e adolescentes (CAPS i) e usuários de drogas
(CAPS AD). O CAPS Infanto–juvenil funciona em municípios com popula-
ção acima de 150.000 habitantes, das 8 às 18h, de 2ª a 6ª feira, e pode
ter um terceiro período, funcionando até às 21h
Nos locais em que não há CAPS especializados para esses públicos,
todos devem atender o conjunto das situações clínicas que se apresen-
tam, em qualquer idade.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
37
Embora os CAPS-AD, CAPS AD III e CAPS AD
IV sejam os Centros de Atenção Psicosso-
cial específicos para usuários de álcool e
outras drogas e tenham a missão de cui-
dar e promover possibilidades de vida com estes usuários, não devem ser os únicos CAPS a
se responsabilizar pelo cuidado dos usuários: os CAPS I também são responsáveis, pois estes
encontram-se em maior número e nos menores municípios do país.
•• O acolhimento qualificado
•• Os atendimentos singularizados
•• Os grupos de apoio e terapêuticos
•• As ações de redução de danos
•• Os atendimentos domiciliares
•• O acolhimento às famílias
•• As articulações intersetoriais
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
dos casos e sobretudo exercer uma postura acolhedora, dialógica e de
escuta. Precisam estar abertos e receptivos a todos os sujeitos, sem
discriminação. Disponibilizar-se no momento em que o sujeito procura
o atendimento pode fazer toda a diferença para o vínculo e o cuidado.
Nesse sentido,
é necessário ressaltar que o ato de acolher não está restrito ao processo do primei-
ro contato. Essa tecnologia está presente nos processos do cotidiano dos encon-
tros e é um compartilhamento de cuidado e saberes, dúvidas, anseios e intenções.
(BRASIL, 2010)
MINISTÉRIO DA SAÚDE
39
A estratégia Consultório na Rua foi instituída pela Política Nacional
de Atenção Básica, em 2011 para ampliar o acesso da população em
situação de rua aos serviços de saúde, ofertando, de maneira mais pró-
xima, atenção integral à saúde para esse grupo populacional, o qual se
encontra em condições de vulnerabilidades e com os vínculos familia-
res interrompidos ou fragilizados. Em municípios ou áreas em que não
haja Equipe de Consultório na Rua, a atenção deve ser prestada pelas
Equipes de Saúde da Família e ACS.
Outros projetos
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CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
além de outros, e com encaminhamentos direcionados para a rede SUS
E SUAS e demais políticas setoriais
O Programa CORRA PRO ABRAÇO, é uma iniciativa do Governo do
Estado da Bahia, através da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e
Desenvolvimento Social (SJDHDS), que tem como objetivo promover ci-
dadania e garantir direitos de pessoas que fazem uso abusivo de drogas
em contextos de vulnerabilidade, ou afetadas por problemas relaciona-
dos a criminalização das drogas, baseado nas estratégias de Redução
de Danos físicos e sociais, aproximando seus beneficiários das políticas
públicas existentes uma vez que o estigma e as desigualdades inter-
ferem em suas capacidades de busca, acesso e acolhimento pelos ser-
viços públicos. Nosso papel é promover uma maior aproximação das
pessoas que fazem uso de drogas à serviços públicos, prioritariamente
nas áreas de saúde, assistência social, educação e justiça
Fonte: autor
MINISTÉRIO DA SAÚDE
41
As práticas de Redução de Danos têm como
princípio fundamental a saúde, acima de
qualquer juízo moral sobre os comporta-
mentos e crenças dos usuários e estão a serviço da defesa da vida, dos direitos humanos e
da inclusão social. Essas são as finalidades do cuidado aos usuários, seja na Atenção Básica,
seja nos CAPS e na comunidade. O objetivo das políticas públicas que articulam esse cuidado
é a construção e garantia da cidadania. A interrupção do uso de álcool e de outras drogas
quase sempre é também um dos objetivos, mas outros avanços são valorizados, como evitar
colocar-se em risco, melhorar o relacionamento familiar e recuperar a atividade profissional.
Assim, o sucesso de tratamento não é avaliado apenas pelo critério de parar ou não de usar
drogas. Muitas outras dimensões da vida como o relacionamento familiar e no trabalho, a
inclusão na escola, as condições clínicas e psíquicas, as relações com a lei e outros fatores
são usadas para a avaliação do resultado das ações. Vejamos alguns dados em relação a isso:
42
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Resumo
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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AULA 4: A RELAÇÃO SUJEITO/DROGA/CONTEXTO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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1. Sujeito
Um aspecto importante do sujeito é a sua relação com o seu próprio corpo, que
tem uma dimensão biológica dada, mas que, ao mesmo tempo, se organiza so-
cialmente sobre a base das emoções experimentadas pelo sujeito em seus diferen-
tes sistemas de relações. (BRASIL 2014 p. 49).
46
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
A visão aqui colocada compreende o Sujeito como um ser históri-
co-social-cultural situado na complexidade das relações intersubjetivas
que o constituem como condição existencial.
Sujeito e subjetividade não se separam. A subjetividade é o processo
de subjetivação e objetivação permanente dos Sujeitos. Não nascemos
prontos e a Subjetividade, assim como a personalidade, não nasce já
dada. O Sujeito se constrói a partir de suas ações e sua Subjetividade
é este constante movimento de fazer-se no mundo. Subjetividade” e
“processos de subjetivação” no sentido atribuído por Foucault (1987), e
Guattari (1986), indicam processos de produção histórica, o que nos leva
a pensar cada sujeito singular como sujeito contextualizado, coletivo.
Temos uma condição humana e não uma natureza humana, e é
através das experiências vividas, seus significados e sentidos que nossa
subjetividade se concretiza. Assim a subjetividade não é natural, é
construída, a invenção de formas de vida nada mais é que a produção
de subjetividade.
A subjetividade não está dada, não seria interior ao indivíduo e nem
uma entidade no cérebro, mas é produzida pelos mais diversos âmbi-
tos de nossa vida presentes no contexto de nossa existência. Para Guat-
tari, a subjetividade é essencialmente fabricada e modelada no registro
do social (Guattari, 1986). A subjetividade inclui não apenas o con-
teúdo cognitivo de nossas funções psíquicas, mas também nossas
experiências afetivas, perceptivas e imaginárias.
A subjetividade, então, é compreendida como um processo no qual
existem múltiplos componentes, resultantes da relação que cada ser
humano estabelece, permanentemente, a partir de uma heterogenei-
dade de elementos do contexto social. Os valores, as ideias e signifi-
cados são construídos e subjetivados na expressão singular de cada
Sujeito de forma singular.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
47
Inserido nesse cenário de múltiplas singularidades que se entrecru-
zam, o sujeito, ao realizar sua história, também realiza a dos outros, na
mesma medida em que é realizado por essa mesma história, sendo,
por isso, produto e produtor da sociedade e participante ativo de sua
própria vida e de seu tempo histórico.
•• O que vai diferenciar um usuário ocasional de um dependente são outros fatores que
não têm nada a ver com a droga.
•• Os adolescentes de classe média também abusam de drogas, mas, as variáveis determi-
nantes para a dependência estão associadas mais aos conflitos familiares e relacionais
do que à situação de vulnerabilidade social.
•• A dependência de drogas não é um ‘privilégio’ da classe desfavorecida.
•• Na situação extrema de crianças em situação de rua, o risco é altíssimo. A droga muitas
vezes aparece como um recurso para suportar a vida.
•• Se pessoas com problemas psíquicos associados, como depressão e ansiedade, por
exemplo, começam a usar o álcool e a cocaína para resolver seus problemas, ou para
enfrentar situações de muito stress, elas poderão mais facilmente se tornar dependen-
tes.
•• O sofrimento psíquico pode provocar e/ou agravar a dependência de drogas.
•• Assim, os Sujeitos têm suas próprias razões e sentidos para agirem, sentirem e se en-
volverem com drogas. O importante é compreender estes sentidos e buscar apoiar
cada pessoa em sua busca, em seu projeto de vida, em sua autonomia.
48
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
2. As Drogas
MINISTÉRIO DA SAÚDE
49
prevenção até para que as pessoas que usam drogas se aproximem
dos serviços e tenham acesso aos profissionais e às ações de redução
de danos e cuidados. As pessoas que usam drogas vivem sob o estigma
de serem usuários de drogas supostamente criminosos ou perigosos.
50
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
erradicação das drogas, as políticas de redução de danos foram deci-
sivas para recolocar os termos do debate, principalmente no cuidado
com o consumidor.
4. Os tipos de clínica
MINISTÉRIO DA SAÚDE
51
Desta forma, precisamos
compreender a relação que
cada usuário estabelece com o
uso de drogas, a função que as
drogas tomaram em sua vida,
a historicidade desta relação e SUJEITO
os sentidos e significados que
adquiriram no decorrer de sua CONTEXTO
história. Cada sujeito faz parte
de uma família, tem relações DROGAS
com diferentes pessoas no con-
texto em que vive e possui um
organismo com características
únicas, portanto cada sujeito é
singular.
A Clínica ampliada
52
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
política pública de saúde que reúne essas perspectivas e concepções
para uma abordagem clínica com o Sujeito.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
53
Outros conceitos de Projeto Terapêutico Singular
Para Onocko & Gama (2008) o Projeto Terapêutico Singular é um dispositivo que
tem como objetivo traçar uma estratégia de intervenção para o usuário, levando-
-se em conta os recursos da equipe, do território, da família e do próprio sujeito.
1. Coprodução da problematização
2. Coprodução de projeto
3. Cogestão / avaliação do processo
1. COPRODUÇÃO DA PROBLEMATIZAÇÃO
54
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
saber-fazer enquanto oferta, não enquanto olhar armado, mas da
construção de diálogo e pactuações para a detecção e enfrentamento
dos problemas. Busca:
•• Fazer junto e não pelo outro;
•• Buscar resoluções com e não para o outro;
•• Ofertar contatos, encontros, momentos de conversa, seja nos espaços dos
serviços, na rua ou no domicílio das pessoas.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
55
preciso avaliação constante e redefinição de objetivos e metas, de acor-
do com o movimento da vida, as ações que foram possíveis ou não, os
sentidos que mudaram. Os profissionais precisam estar abertos a este
movimento e não apenas “cobrar” o que foi estabelecido, mas escutar
e compreender as mudanças necessárias. O importante é manter o vín-
culo terapêutico e acompanhar o Sujeito em suas tentativas, fracassos
e sucessos.
A clínica da atenção psicossocial do Sujeito desafia as Equipes a cada
dia, a cada intervenção. É uma clínica que se faz no cotidiano, junto com
os usuários, construindo coletivamente as intervenções e os projetos
terapêuticos. Lancetti (2006) defende a ideia de uma “clínica peripaté-
tica” onde as conversações e pensamentos ocorrem no movimento da
vida, durante um passeio, caminhando, em outros espaços não forma-
lizados. Nisso reside a potência das ações de cuidado nos territórios, na
comunidade, que se realizam, na experiência de um cuidado em movi-
mento, que pode modificar qualitativamente as relações entre os usu-
ários e os profissionais, entre os usuários e entre eles e a comunidade.
Nesse sentido, a clínica não pode ser vista separada do processo de
trabalho dos profissionais, da forma como o trabalho está organiza-
do e da subjetividade de seus agentes. As práticas terapêuticas serão
mais efetivas na medida em que os profissionais trabalharem juntos e
compartilharem seus saberes e intervenções. Quanto mais acirrarem
as divisões entre categorias e níveis profissionais e o fechamento em
núcleos, mais empobrecidas serão suas práticas.
Convêm ressaltar que esta estratégia de cuidado já é utilizada em di-
ferentes contextos e pontos de atenção das redes e pode ser ampliada
na Atenção Básica, com as Equipes de Saúde da Família (ESF), com os
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e nos CAPS, e que vai pra
muito além da utilização de dispositivos da política pública de saúde,
envolvendo arte, cultura, lazer e esporte. Além disso, é fundamental
a participação dos serviços especializados na questão das IST, do HIV/
AIDS e das hepatites virais entre pessoas que usam álcool e outras dro-
gas na construção de seus PTS.
O PTS na atenção em saúde e com sujeitos que usam drogas e que
vivem com AIDS e/ou hepatites virais pode ser um dispositivo potente,
uma vez que estes sujeitos apresentam diversas vulnerabilidades
em comum, que precisam de um olhar ampliado. O PTS possibilita
a ampliação da gestão do cuidado, num exercício corresponsável e
compartilhado. Um processo produtivo na injunção de trabalhadores
56
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
de diferentes formações e núcleos e usuários, com o compromisso em
subverter lógicas pré-estabelecidas, permitindo a dimensão inventiva e
criativa dos caminhos e produções para a redução de danos e o cuidado.
Resumo
MINISTÉRIO DA SAÚDE
57
GLOSSÁRIO
AULA 1:
REDUC. http://pbpd.org.br/membro/rede-brasileira-de-reducao-de-da-
nos-e-direitos-humanos-reduc/Acessado em junho de 2018..
VAN DEN HOEK, J.A.R.; VAN HAASTRECHT, H.J.A. & COUTINHO, R.A. Risk
reduction among intravenous drug users in Amsterdam under the in-
fluence of Aids. American Journal of Public Health, v. 79, 1989. p. 1355-
1357. / BLOK, G. Pampering “needle freaks” or caring for chronic ad-
dicts? Early debates on harm reduction in Amsterdam, 1972-1982. The
Social History of Alcohol and Drugs, v. 22, n. 2, 2008. p. 243-261.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
59
AULA 2
60
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
______. Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas. Viena (AUT):
ONU, 21 de fevereiro de 1971. Disponível em: http://www.obid.senad.
gov.br/portais/OBID/biblioteca/documentos/Legislacao/ONU/329618.
pdf . Acesso em: 4 mar. 2014.
AULA 3:
AULA 4:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
61
_______. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Prevenção dos
problemas relacionados ao uso de drogas: capacitação para conselhei-
ros e lideranças comunitárias / Ministério da Justiça, Secretaria Nacional
de Políticas sobre Drogas. – 6. ed. – Brasília, DF : SENAD-MJ/NUTE-UFSC,
2014.
62
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
MÓDULO II
Olá! Agora que você já aprendeu um pouco mais sobre a política de
Redução de Danos – incluindo os seus principais conceitos, diretrizes e
fundamentos e seus aspectos éticos, bem como a Política de Atenção
ao Álcool e Outras Drogas, a estratégia de RD no contexto da atenção
primária em saúde no Brasil e, principalmente, como o abuso de subs-
tâncias está relacionado aos sujeitos de forma individual - é hora de
conhecer um pouco mais sobre como lidar com a apresentação dos
agravos nos indivíduos.
Curso
CAPACITAÇÃO EM
REDUÇÃO DE DANOS
AULA 1 : HIV/AIDS E OUTRAS INFECÇÕES SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS
64
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
O que são Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)?
Transmissão
Pode ser transmitida por meio de relação sexual sem camisinha com
uma pessoa infectada, ou para a criança durante a gestação ou parto.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
65
Sinais e sintomas
Primária
- 10 a 90 dias após o contato, em média
três semanas
- A lesão desaparece se cicatriz em duas
a seis semanas com ou sem tratamento
Fonte: DDAH/SVS/MS.
Sífilis primária
66
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Sífilis secundária
Sífilis terciária
Diagnóstico
MINISTÉRIO DA SAÚDE
67
Para saber como ter acesso aos kits
e ao treinamento para aplicação dos
testes consulte a secretaria de saúde
da sua instância do SUS.
Tratamento
68
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Sinais e sintomas
Quadro 2.1.2 - Manifestações clinicas de acordo com a evolução e
estágios da sífilis congênita.
Precoce
Tardia
Fonte: DDAH/SVS/MS.
Diagnóstico
MINISTÉRIO DA SAÚDE
69
Prevenção
Tratamento
2. GONORREIA
70
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Sinais e sintomas
Diagnóstico
Prevenção
Tratamento
MINISTÉRIO DA SAÚDE
71
3. HEPATITES
Pode ser causada por vírus , uso de alguns remédios, álcool e outras
drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. São doen-
ças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas, mas quando estes
aparecem podem ser cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos,
dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Como veremos na aula sobre alcoolismo, a hepatite pode resultar
do consumo excessivo de álcool. Dentre as hepatites virais, no Brasil,
as mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C, cada um diferente
do outro. O vírus A tem contágio fecal-oral e está relacionado principal-
mente a condições precárias de saneamento básico e água, de higiene
pessoal e dos alimentos. O vírus B é transmitido principalmente por
relação sexual desprotegida e da mãe para o filho. Para ele há vacina
disponível na rede pública. O vírus C tem a principal forma de transmis-
são sanguínea, sendo que pode acontecer por compartilhamento de
seringas, realização de tatuagens, piercings e manicure/pedicure com
ferramentas não esterilizadas.
Devido à especificidade do modo de transmissão de cada uma delas,
e do público alvo das ações de redução de danos, nesta aula falaremos
mais especificamente das Hepatites B e C.
Sinais e sintomas
72
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
de fígado, fazendo com que o HCV (vírus desse tipo de hepatite) seja,
hoje em dia, responsável pela maioria dos transplantes hepáticos
no Ocidente. O uso concomitante de bebida alcoólica, em pacientes
portadores do HCV, determina uma maior propensão para desenvolver
cirrose hepática.
Diagnóstico
Prevenção
Tratamento
MINISTÉRIO DA SAÚDE
73
O próprio paciente deve definir a sua dieta, de acordo com seu ape-
tite e aceitação alimentar. Deve-se suspender o consumo de álcool e
medicamentos não devem ser administrados sem recomendação mé-
dica especializada, para não agravar o dano hepático. O tratamento do
quadro crônico das hepatites B está previsto no Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas das Hepatites Virais e os medicamentos são
distribuído pelo Ministério da Saúde.
4. HIV e AIDS
Sinais e sintomas
74
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
da doença! Mas a capacidade de o paciente transmitir o HIV nessa fase
é maior, devido à grande quantidade de vírus (carga viral) na corrente
sanguínea.
Com o passar do tempo, na maioria dos casos, o sistema imunológi-
co consegue diminuir a quantidade de vírus no corpo a níveis estáveis.
Nesse momento, a contagem das células CD4 começa a aumentar, mas,
geralmente, não retorna aos níveis da pré-infecção.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
75
sobrevivem de três a cinco anos. Uma vez que o paciente apresente
uma doença oportunista grave, a expectativa de vida sem tratamento
cai para um ano.
Diagnóstico
Tratamento
Prevenção
MINISTÉRIO DA SAÚDE
77
Resumo
78
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 2 : DEPENDÊNCIA QUÍMICA E ABORDAGEM
NEUROQUÍMICA DA DEPENDÊNCIA.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
79
1. Fatores que envolvem a dependência neuroquímica
80
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
tivas e motivacionais do uso da substância. Além disso, projeções para o
córtex pré-frontal também são ativadas (via mesocortical), sendo respon-
sáveis pela experiência consciente dos efeitos da droga, bem como pela
fissura e pela compulsão ao uso. Veja seção a seguir para entender melhor
o sistema de recompensa e sua relação com a dependência.
b. Fatores genéticos: vários estudos envolvendo famílias com casos de de-
pendência química vêm evidenciando a importância do fator genético no
desenvolvimento do quadro. Todos os estudos, no entanto, são unânimes
em apontar que apenas parte do fenômeno pode ser explicada pelos ge-
nes, sendo que os demais fatores são determinantes de sua expressão ou
não. O gene responsável pela codificação do receptor dopaminérgico D2
parece ter papel-chave, uma vez que sua expressão está reduzida nos pa-
cientes dependentes químicos. Assim, para compensar esse hipofunciona-
mento dopaminérgico, esses indivíduos procurariam formas de estimular
tal via.
c. Fatores psicodinâmicos: o dependente químico pode ser compreendido
como um indivíduo que não completou adequadamente seu processo de
individuação, como se, no momento de se perceber como pessoa, o fizesse
frente a um espelho quebrado, no qual várias falhas e lacunas de seu ego
são expostas. Diante dessa situação, a substância atua como um fator de
estruturação do ego, gerando, assim, a sensação de profundo bem-estar,
que leva ao impulso incessante de consumo.
•• Substância: devemos considerar sua forma de apresentação, acessibili-
dade e custo, seu modo de uso, suas características químicas, como o po-
tencial para gerar dependência, e seus efeitos fisiológicos. Assim, o grau
de lipossolubilidade da substância está intimamente relacionado com a
capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica. Rápido início de
ação e intensidade dos efeitos correlacionam-se com o maior ou menor
potencial de abuso. Substâncias com menor meia-vida, em geral, desenca-
deiam síndromes de abstinência mais intensas. As substâncias podem ser
classificadas em três tipos, de acordo com os efeitos que causam:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
81
e do espaço, bem como da realidade à volta daqueles que as consomem. O
LSD, a maconha e os cogumelos, além do ecstasy (droga com duplo efeito),
fazem parte dessa categoria.
d. Entendendo a complexidade da dependência química, qualquer tipo de in-
tervenção deve vir acompanhada de conhecimento destes elementos. Por
isso, é de fundamental importância que o profissional conheça as substân-
cias e mecanismos de ação das drogas no corpo (assunto que será aborda-
do na Aula 2 e na Aula 3 deste módulo) , bem como sua disponibilidade e
acessibilidade na sua área ou território de atuação. Para conhecer melhor
o indivíduo a estratégia é a anamnese, que é a caracterização detalhada
do consumo, questionando o paciente sobre todas as drogas consumidas,
quais as suas as motivações para o uso, a quantidade utilizada, o padrão
de uso, os aspectos circunstanciais do uso, os efeitos obtidos e o sentimen-
to pós-uso.
82
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Quadro 2.2.1 Recompensa cerebral
SISTEMA DE
RECOMPENSA CEREBRAL
Córtex cerebral
Corpo caloso
Córtex frontal
(funções na
personalidade)
Postenor
(nuca)
Antenor
(testa)
Núcleo accumbens
Amygdala
Cerebelo
Tegmento ventral
Hippocampus
(funções na memória) Tronco
encefálico
MINISTÉRIO DA SAÚDE
83
As drogas de abuso agem sobre muitas estruturas do SNC, mas a
ação sobre o sistema mesolímbico e o sistema mesocortical, que
juntos constituem o sistema de recompensa cerebral, é de fundamen-
tal importância. O sistema mesolímbico é composto por projeções
dopaminérgicas que partem da área tegmentar ventral e chegam,
principalmente, ao núcleo accumbens. A área tegmentar ventral é
onde se localizam os corpos neuronais dopaminárgicos; a mesma tam-
bém é responsável pelas projeções desses neurônios para as demais
estruturas do sistema de recompensa e o núcleo accumbens é respon-
sável pelo aprendizado e pela motivação, bem como pela valorização
de cada estímulo. É importante salientar que existem projeções dopa-
minérgicas para outras estruturas cerebrais, tais como o hipocampo,
estrutura associada com aprendizagem e memória espaciais; e a amíg-
dala, estrutura responsável pelo processamento do conteúdo emocio-
nal de estímulos ambientais. O sistema mesolímbico está relaciona-
do ao mecanismo de condicionamento ao uso da substância, bem
como à fissura, à memória e às emoções ligadas ao uso.
O sistema mesocortical é composto pela área tegmentar ventral,
pelo córtex pré-frontal, pelo giro do cíngulo e pelo córtex orbitofron-
tal. O córtex pré-frontal é responsável pelas funções cognitivas supe-
riores e pelo controle do sequenciamento de ações. O giro do cíngulo,
por estar localizado acima do corpo caloso, tem conexões com diver-
sas outras estruturas do sistema límbico e tem as seguintes funções:
atenção, memória, regulação da atividade cognitiva e emocional; o cór-
tex orbitofrontal é responsável pelo controle do impulso e da tomada
de decisão. Portanto, as alterações que ocorrem no sistema meso-
cortical em decorrência do consumo de substâncias psicoativas estão
relacionadas com os efeitos de substâncias psicoativas, compulsão
e perda do controle para o consumo de drogas.
Ambos os sistemas, mesolímbico e mesocortical, relacionam-se, fun-
cionando paralelamente entre si e com as demais estruturas cerebrais
e configuram o sistema de recompensa cerebral.
A dopamina é o principal neurotransmissor presente no sistema
de recompensa cerebral, porém não é o único responsável por sua
ação. Neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina, glutama-
to e o GABA são responsáveis pela modulação do SNC e também estão
presentes no sistema de recompensa.
84
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Assista ao vídeo disponível aqui a respeito
do Sistema de Recompensa, pois ele pode
ajudar você a entender melhor esse conte-
údo teórico.
2. Diagnóstico da dependência
MINISTÉRIO DA SAÚDE
85
1. Forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância;
2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância, em
termos de início, término e níveis de consumo;
3. Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou
foi reduzido, como evidenciado por síndrome de abstinência característica
para a substância, ou o uso da mesma substância com a intenção de aliviar
ou evitar sintomas de abstinência;
4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância
psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos
por doses mais baixas;
5. Abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos, em favor do
uso da substância psicoativa, aumento da quantidade de tempo necessá-
rio para obter ou ingerir a substância ou para se recuperar de seus efeitos;
6. Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de con-
sequências manifestamente nocivas, tais como: danos ao fígado, por con-
sumo excessivo de bebidas alcoólicas; estados de humor depressivos,
consequentes a períodos de consumo excessivo da substância; ou com-
prometimento do funcionamento cognitivo, relacionado à droga. Nesse
caso, deve-se fazer esforço para determinar se o usuário estava (ou se po-
deria esperar que estivesse) realmente consciente da natureza e extensão
do dano.
86
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
que foi desenvolvido com o apoio da Organização Mundial de Saúde e
serve principalmente para identificar dependentes mais graves.
Cage
O(a) Sr (a). se sente culpado(a) pela maneira com que costuma beber?
O(a) Sr (a). costuma beber pela manhã (ao acordar), para diminuir o
nervosismo ou a ressaca?
Fonte: autor
MINISTÉRIO DA SAÚDE
87
Resumo
88
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 3 : ALCOOLISMO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
89
1. Alcoólatra ou alcoolista?
90
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
2. Mecanismo de ação do álcool no corpo
MINISTÉRIO DA SAÚDE
91
único fator que determine, de forma definitiva, que pessoas ficarão de-
pendentes do álcool, mas uma combinação de fatores contribui para
que alguém tenha maiores chances de desenvolver problemas com re-
lação a essa substância.
Entre esses fatores, podem-se contar os efeitos que a bebida causa
fisicamente na pessoa e que não são idênticos para todos. Como esta
substância deprime o sistema nervoso central, deixando a pessoa mais
relaxada, é possível que, após passar o seu efeito, por exemplo, o or-
ganismo sinta falta do álcool e ela volte a beber, para voltar a “se sentir
bem”. Tal necessidade diz respeito a fatores de natureza biológica.
Os fatores psicológicos associados ao desenvolvimento do alcoolis-
mo podem incluir características de personalidade, como a tendência
à ansiedade, insegurança, medo ou angústia, para os quais o indivíduo
busca alívio por meio da bebida. Há pessoas mais frágeis para enfren-
tar adversidades e problemas e podem, diante deles, desenvolver pa-
drões inadequados de consumo de álcool.
Existem também os fatores ambientais que interferem nos padrões
de consumo de álcool, entre os quais os hábitos familiares, a cultura da
sociedade, estimulando ou restringindo o consumo, os rituais e costu-
mes da comunidade, a oferta de bebidas, a informação, a propaganda
e várias outras influências no desenvolvimento das relações da pessoa
com a bebida.
Enfim, é a interação desses fatores - biológicos, psicológicos e sociais
bem como as decisões e comportamentos do indivíduo, que podem
determinar o processo no qual a pessoa ficaria, gradualmente, ao longo
dos anos, dependente do álcool. A dependência alcoólica tem quatro
sintomas:
92
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
A seguir veremos como a dependência do álcool pode afetar o indi-
víduo de forma física, psico e socialmente.
3. Problemas físicos
Fígado
MINISTÉRIO DA SAÚDE
93
•• cirrose: é o resultado de diversas doenças crônicas do fígado, que levam
a destruição gradual das células com a formação de cicatrizes, que vão se
acumulando até que a estrutura do fígado esteja deformada, com a forma-
ção de nódulos;
•• hepatite: inflamação e morte das células do fígado que pode ocorrer pelo
uso maciço de álcool. A hepatite também pode resultar de infecção viral
(hepatites virais) que correm mais frequentemente em usuários de drogas
(veja este assunto na unidade correspondente). Os sintomas agudos nos
dois casos são semelhantes, como dor e desconforto na região superior di-
reita do abdome, febre e icterícia (cor amarelada nos olhos, pelo aumento
das bilirrubinas, substâncias hepáticas), mas, muitas vezes, a inflamação
pode ocorrer de forma gradual e assintomática.
Pancreatite
Síndrome Disabsortiva
Sistema Cardiovascular
94
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Sistema Nervoso
MINISTÉRIO DA SAÚDE
95
Sistema Endócrino
EFEITOS DO ALCOOLISMO
Coração
Cérebro Batimento irregular
Perda de memória Acidente vascular
Mudança de humor Aumento da pressão
Demência sanguínea
Musculatura
Esôfago Fraqueza
Sangramento nas Perda de massa
varizes do esôfago muscular
Pulmões
Dificuldade para respirar
Baixo nível de óxido nítrico
Pâncreas
Pancreatite
Fígado
Inchaço Estômago
Cirrose Úlceras estomacais
Hepatite Gastrite crônica
Vomitos
Fonte: autor
96
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
mentais. Também nesse caso pode ser difícil identificar o que é causa
e o que é consequência, pois pessoas que sofrem de problemas psíqui-
cos tendem a usar mais álcool ou drogas, os quais, por sua vez agravam
os problemas mentais. São chamados de comorbidades os quadros que
ocorrem ao mesmo tempo.
5. Problemas sociais
MINISTÉRIO DA SAÚDE
97
da dependência, enquanto que as estratégias de redução de danos (RD)
serão abordadas na próxima aula, quando falaremos das estratégias de
RD para outros tipos de drogas também.
6. Tratamento farmacológico
•• Dissulfiram: tem sido utilizada desde a década de 40, apesar de sua efi-
cácia não estar comprovada. Inibe a metabolização do álcool, causando
reações desagradáveis quando consumido álcool. Essas reações vão desde
rubor facial, suor, náuseas e palpitações até reações mais intensas, como
falta de ar, diminuição da pressão arterial, tontura e convulsões. Reações
graves podem ocorrer, como infarto do miocárdio, perda da consciência,
insuficiência cardíaca e respiratória e morte. A intensidade das reações irá
depender da dose da medicação, da quantidade de álcool consumida e da
vulnerabilidade individual. O efeito perdura por até sete dias;
•• Naltrexone: foi aprovada para tratamento da dependência de álcool, em
conjunto com intervenções psicossociais (ex.: psicoterapia, orientação indi-
vidual e familiar). Os estudos iniciais mostraram que a medicação diminuía
os efeitos prazerosos do álcool e, com isso, também diminuía a vontade de
beber. Os resultados dos testes em pacientes alcoolistas mostraram que o
98
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Naltrexone, quando combinado com intervenções psicossociais, diminuía
em 50% a chance de recaída, diminuía a vontade de beber e o número de
dias bebendo. A medicação é geralmente bem tolerada e os efeitos adver-
sos mais comuns são náuseas, dor de cabeça, ansiedade e sonolência;
•• Acamprosato: é uma das medicações recentemente aprovadas para tra-
tamento do alcoolismo, sendo efetiva na redução da recaída de pacientes,
além de aumentar o número de dias de abstinência de álcool. Não interage
com álcool e pode ser utilizado mesmo que o paciente tenha recaído.
•• Topiramato e Baclofeno: tratamento experimental, principalmente em ou-
tros países. Tem demonstrado promissores resultados clínicos para o trata-
mento do alcoolismo, porém ambos podem induzir a tolerância (Baclofeno)
e perfil de efeitos colaterais (Topiramato), o que pode limitar a sua utilização.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
99
Resumo
100
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 4 : PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO E SEUS EFEITOS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
101
1. Benzodiazepínicos
Efeito imediato
Uso prolongado
102
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
•• ansiedade e depressão;
•• tolerância e dependência, após um período relativamente curto de uso;
•• sintomas significativos de abstinência, na sua retirada abrupta;
•• overdose e morte, se usados com álcool, opiáceos ou outras drogas de-
pressoras.
Dependência
2. Solventes ou inalantes
MINISTÉRIO DA SAÚDE
103
São substâncias inaladas para obter alterações psíquicas, chamadas
popularmente de “barato”. Essas substâncias são comuns e existem em
grande variedade e são utilizadas para vários fins domésticos ou in-
dustriais. São exemplos de solventes: colas (cola de sapateiro, cola de
madeira), anestésicos, produtos de limpeza que contêm nitritos (limpa-
dores de cabeça de videocassete, limpadores de couro, aromatizadores
para carro), lança-perfume (cloreto de etila), combustíveis (tíner, aguar-
rás, e outros removedores, gasolina, gás de isqueiro etc.), produtos de
beleza (fixador de cabelo, acetona, esmalte, removedor de esmalte,) e
de papelaria (corretor líquido).
O uso de tais produtos é bastante comum em população de bai-
xa renda, de rua e em crianças, por serem de baixo custo, de fácil
aquisição e grande disponibilidade, além de causarem menos proble-
mas legais do que outras substâncias, pois não há legislação específica
para sua venda,
Efeito imediato
Uso prolongado
•• rinite crônica;
•• sangramento do nariz repetidamente;
•• mau hálito, feridas no nariz e na boca, conjuntivite e bronquite.
104
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Além disso, falta de apetite (anorexia), irritabilidade, depressão,
agressividade; paranoia e neuropatia periférica são alguns sintomas
decorrentes da ação dos solventes no SNC.
Dependência
3. Drogas Opiáceas
Efeito imediato
MINISTÉRIO DA SAÚDE
105
período de agitação, analgesia, deprimem o centro da tosse, diminuem
o peristaltismo intestinal e estomacal, causam sonolência, diminuição
da frequência cardíaca e respiratória, diminuição da pressão arterial, e
contração acentuada da pupila.
Uso prolongado
Dependência
106
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
4. Cocaína
Efeito imediato
MINISTÉRIO DA SAÚDE
107
contato com este usuário: fissura e paranoia. A fissura é identificada
pelo desejo intenso de usar drogas, fazendo com que o usuário neste
estado não esteja disponível para contato ou nenhuma outra atividade.
Ela também faz com que ele utilize (injete) a droga muitas vezes ao
dia, buscando eliminar esta sensação de ansiedade. Na paranoia, o
usuário sente-se perseguido e teme qualquer aproximação, julgando
ser prejudicial a ele naquele momento.
Uso prolongado
Dependência
5. Anfetaminas
108
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
São substâncias sintéticas que foram usadas inicialmente para dimi-
nuir o cansaço, afastar o sono e reduzir o apetite. Existem várias subs-
tâncias sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas. A principal
forma é por via oral e o efeito dura de 8 a 10 horas.
São exemplos de drogas “anfetamínicas”: o fenproporex, o metilfeni-
dato, o manzidol, a metanfetamina e a dietilpropiona. Seu mecanismo
de ação é aumentar a liberação e prolongar o tempo de atuação de
neurotransmissores utilizados pelo cérebro, a dopamina e a noradre-
nalina.
Efeito imediato
Uso prolongado
MINISTÉRIO DA SAÚDE
109
e memória. Também pode se instalar um quadro psicótico paranoide,
dependendo da quantidade e do tempo de uso.
Dependência
6. Crack
Efeito imediato
110
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
sensação de prazer intenso. A droga é, então, velozmente eliminada do
organismo, produzindo uma súbita interrupção da sensação de bem-
-estar, seguida, imediatamente, por imenso desprazer e enorme von-
tade de reutilizar a droga. Esta sequência é vivida pelos usuários com
um comportamento compulsivo em que os indivíduos caem, com frequ-
ência, numa espiral em que os atos de usar a droga e procurar meios de
usar novamente se alternam cada vez mais rapidamente. Os sintomas de
abstinência começam a aparecer de 5 a 10 minutos após o uso. Os sinto-
mas principais são: fadiga, desgaste físico, desâni-mo, tristeza, depressão
intensa, inquietação, ansiedade, irritabilidade, sonhos vívidos e desagra-
dáveis e intensa vontade de usar a droga (fissura). O auge da abstinência
ocorre em 2 a 4 dias. As alterações do humor podem durar meses.
Uso prolongado
Dependência
MINISTÉRIO DA SAÚDE
111
7. Maconha
Efeito imediato
112
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
individual, podem ocorrer perturbações mais evidentes do psiquismo,
com predominância de delírios e alucinações. Hiperemia conjuntival (os
olhos ficam avermelhados); diminuição da produção da saliva (sensa-
ção de secura na boca); taquicardia com a frequência de 140 batimen-
tos por minuto ou mais.
Uso prolongado
Dependência
MINISTÉRIO DA SAÚDE
113
8. LSD - Dietilamida do Ácido Lisérgico
Efeito imediato
114
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
distorções perceptivas (cores e formas alteradas); sinestesia (fusão dos
sentidos, ex.: “ver um som”, “ouvir uma cor”); perda da discriminação de
tempo e espaço (minutos parecem horas); delírios, aumento da frequ-
ência cardíaca; dilatação da pupila; sudorese; náuseas e vômitos.
Uso prolongado
Dependência
MINISTÉRIO DA SAÚDE
115
Resumo
116
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 5 : AÇÕES DE PREVENÇÃO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
117
1. Redução de Danos para Drogas Injetáveis
118
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
2. Redução de Danos para Drogas Ingeridas
•• risco de dependências;
•• efeitos problemáticos (“bad trips”);
•• intoxicação aguda;
•• risco de desencadeamento de quadros psicóticos e de outros quadros psi-
quiátricos;
•• evitar de fazer uso desacompanhado;
•• procurar atendimento de emergência em caso de mal-estar físico ou psí-
quico e informar ao profissional de saúde que fez uso da substância;
•• evitar uso concomitante de outras drogas e/ou álcool.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
119
Para o uso crônico, a redução de danos estimula uma diminuição
gradativa do uso para reduzir as consequências prejudiciais do álcool
ou das drogas. Medicamentos que auxiliem neste processo podem ser
sugeridos. A redução de danos não é uma estratégia que se oponha
à abstinência, mas sim complementar a esta, e que pode funcionar,
inclusive, como meio para se chegar a um estágio em que a abstinência
seja possível. A característica principal dos tratamentos é uma atitude
inclusiva e sem preconceitos, o que se reflete em uma maior flexibilidade
para estabelecer as metas a serem atingidas na atuação terapêutica
e também em uma maior capacidade de atrair, para o tratamento,
pessoas que rejeitem tanto o rótulo de alcoolistas, como a proposta de
abstinência total.
120
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
4. Redução de Danos para Drogas Inaladas e/ou Aspiradas
MINISTÉRIO DA SAÚDE
121
em casos de mal-estar, sempre informando ao profissional do pronto-
socorro quais foram as substâncias consumidas.
Para a maconha especificamente, deve-se considerar que, embora
seja uma substância cujos riscos são menores quando comparados aos
danos provocados pelo crack e pela cocaína, não se pode deixar de in-
formar ao usuário sobre os riscos e prejuízos advindos do uso dessa
substância e estimulá-lo à diminuição ou parada.
Em se tratando de crack, várias estratégias de redução de danos sur-
giram nos últimos anos, a exemplo do uso do cachimbo, e a substitui-
ção do crack por drogas que causem, comparativamente, menor dano,
como o “mesclado” ou “freebase” (cigarro de maconha com crack) e a
maconha. O uso do cachimbo para usuários de crack é uma estratégia
empregada que surgiu como uma alternativa de evitar que o usuário
consuma a droga em recipientes nada higiênicos, como latas e copos
usados, os quais oferecem risco de intoxicação com resíduos de cer-
tos materiais, tais como plástico e metal. Dessa forma, são distribuídos
cachimbos e orienta-se o não compartilhamento dos mesmos ou, ao
menos, dos bocais removíveis.
Em relação ao tabaco, por se tratar de uma droga lícita e cujos efei-
tos deletérios demorarão muito para aparecer na grande maioria dos
casos, seu uso é muito mais tolerado em nosso meio. Desse modo, as
principais estratégias de RD existentes dizem respeito à proposta da
diminuição de consumo enquanto não se atinge a abstinência e restri-
ções no ambiente, como proibir seu uso em lugares públicos, fiscalizar
a venda para menores e oferecer tratamento aos que desejam aban-
donar o uso. Nesse sentido, existem programas estruturados para o
tratamento do tabagismo oferecidos pelo Ministério da Saúde.
6. Prevenção combinada
122
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
populações chave, como é o caso dos usuários de drogas, o Departa-
mento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das
Hepatites Virais tem trabalhado na Prevenção Combinada como uma
estratégia mais eficaz.
A Prevenção Combinada é uma estratégia que faz uso simultâneo
de diferentes abordagens de prevenção (biomédica, comportamen-
tal e estrutural) aplicadas em múltiplos níveis (individual, nas parcerias/
relacionamentos, comunitário e social) para responder a necessidades
específicas de determinados segmentos populacionais e de determina-
das formas de transmissão do HIV.
As intervenções biomédicas são ações voltadas à redução do risco
de exposição, mediante intervenção na interação entre o HIV e a pessoa
passível de infecção. Essas estratégias podem ser divididas em dois gru-
pos: intervenções biomédicas clássicas, que empregam métodos de
barreira física ao vírus, já largamente utilizados no Brasil; e interven-
ções biomédicas baseadas no uso de antirretrovirais (ARV). Como
exemplo do primeiro grupo, tem-se a distribuição de preservativos
masculinos e femininos e de gel lubrificante. Os exemplos do segundo
grupo incluem o Tratamento para Todas as Pessoas (TTP); a Profilaxia
Pós-Exposição (PEP); e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Falaremos um
pouco mais de cada uma delas mais adiante.
As intervenções comportamentais são ações que contribuem para
o aumento da informação e da percepção do risco de exposição ao HIV
e para sua consequente redução, mediante incentivos a mudanças de
comportamento da pessoa e da comunidade ou grupo social em que
ela está inserida. Como exemplos, podem ser citados: incentivo ao uso
de preservativos masculinos e femininos; aconselhamento sobre HIV/
Aids e outras IST; incentivo à testagem; adesão às intervenções biomé-
dicas; vinculação e retenção nos serviços de saúde; redução de danos
para as pessoas que usam álcool e outras drogas; e estratégias de co-
municação e educação entre pares.
As intervenções estruturais são ações voltadas aos fatores e
condições socioculturais que influenciam diretamente a vulnerabilidade
de indivíduos ou grupos sociais específicos ao HIV, envolvendo
preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de
alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana.
Podemos enumerar como exemplos: ações de enfrentamento ao racis-
mo, sexismo, LGBTfobia e demais preconceitos; promoção e defesa dos
direitos humanos; campanhas educativas e de conscientização.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
123
Vejamos, a seguir, as ações de prevenção combinadas de forma mais
detalhada.
124
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
TRATAMENTO COMO PREVENÇÃO – TASP
MINISTÉRIO DA SAÚDE
125
O medicamente utilizado na PrEP já está
disponível em vários estabelecimentos de
saúde, e você pode saber em quais no site
oficial do governo.
Informações para o público em geral tam-
bém podem ser obtidas aqui.
O gel lubrificante, que deve ser sempre à base de água para não
danificar o preservativo, tem papel na prevenção da transmissão sexual
do HIV, dado que sua presença nas relações sexuais diminui o atrito e
a possibilidade de provocar microlesões das mucosas genitais e anais,
já que tais lesões podem funcionar como porta de entrada para o HIV
e outros microorganismos. Recomenda-se o uso do gel associado ao
preservativo, potencializando a prevenção, ou uso isolado, na lógica da
redução de risco.
REDUÇÃO DE DANOS
126
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Por isso, recomenda-se não compartilhar os equipamentos (serin-
gas, cachimbos, piteiras, etc.) para o uso de drogas. Essas recomenda-
ções fazem parte das estratégias de redução de danos do Ministério
da Saúde, que busca reduzir os prejuízos sociais e aqueles à saúde de
quem usa álcool e outras drogas. Este curso, que você está tendo opor-
tunidade de realizar, é uma das maneiras de qualificar os profissionais
de saúde para executar as ações da melhor forma possível.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
127
TESTAGEM PARA DIAGNÓSTICO DE HIV, OUTRAS IST
E HEPATITES VIRAIS
128
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
IMUNIZAÇÃO
Resumo
MINISTÉRIO DA SAÚDE
129
GLOSSÁRIO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
131
de substâncias psicoativas -módulo 3, 11th edn. Brasília - DF, 2017 ht-
tps://www.supera.senad.gov.br/@/material/mtd/pdf/SUP/SUP_Mod3.
pdf (accessed June 30, 2018).
Belem IC, Rigoni PAG, Dos Santos VAP, Vieira JLL, Vieira LF. Associação
entre comportamentos de risco para a saúde e fatores sociodemográ-
ficos em universitários de educação física. 2016 DOI:10.6063/motricida-
de.3300.
132
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 4:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
133
MÓDULO III
Neste módulo iremos debater a respeito da Redução de Danos na
prática, levando em consideração as normas nacionais e internacionais
que sintetizam as evidências científicas atualmente disponíveis nesta
área, iniciando pela prevenção e promoção da saúde dos usuários de
drogas e abordando assuntos correlatos como: intersetorialidade e in-
tegralidade da assistência; entrevista motivacional, abordagem, acolhi-
mento, atendimento e reinserção social; vínculo ao tratamento e assis-
tência ao usuário de drogas portador do HIV/AIDS/HV.
Curso
CAPACITAÇÃO EM
REDUÇÃO DE DANOS
AULA 1 : PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE DOS USUÁRIOS
DE DROGAS
136
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Espero que, analisando essas Normas Internacionais em conjunto
com experiências brasileiras bem sucedidas, possamos discutir ferra-
mentas potentes que, de fato, impactem no cenário de práticas de cada
um de vocês, na construção e no desenvolvimento de programas, polí-
ticas e sistemas que funcionem como um investimento sólido e eficaz
no futuro de crianças, jovens, famílias e comunidade.
1. Prevenção do uso e abuso de Substâncias
Psicoativas (SPA)
MINISTÉRIO DA SAÚDE
137
Promoção de saúde implica o forta-
lecimento da capacidade individual e
coletiva de lidar com a multiplicidade
dos determinantes e condicionantes
de saúde, buscando redução de riscos
ou vulnerabilidade e fortalecimentos
da proteção integral.
138
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
muito tempo, os programas de prevenção ao uso de drogas foram
demasiadamente concentrados no fornecimento de informações sobre
os malefícios do consumo dessas substâncias, com pouco ou nenhum
impacto sobre o comportamento destes programas. Na atualidade,
porém, as estratégias de prevenção baseadas em evidências científicas,
trabalhadas em conjunto com famílias, escolas e comunidades, podem
garantir que crianças e jovens cresçam e permaneçam saudáveis e
seguros até chegarem à vida adulta e à velhice.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
139
É importante ressaltar que os fatores de
risco mencionados muitas vezes fogem ao
controle de cada pessoa,(ninguém escolhe
ser negligenciado por seus pais, por exem-
plo), além de estarem vinculados a vários comportamentos de risco e transtornos de saúde
afins, tais como o abandonoescolar, agressividade, violência, comportamento sexual de ris-
co, depressão e suicídio. Além disso, um fator de risco nunca determina um comportamento
nem é sua causa, apenas indica que há maior chance de que o comportamento ocorra em
um grupo. Portanto, é uma operação matemática de comparação e probabilidade.
140
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
pessoas ao uso e/ou abuso de drogas e a outros comportamentos de
risco (UNODC).
Pesquisa X Prevenção
Ainda neste sentido, outro desafio sugere que muitas vezes os estudos
não produzem informações suficientes para identificar de forma conclusiva os
“princípios ativos”, ou seja, o componente ou componentes que são realmente
necessários para que uma intervenção ou política seja eficaz ou efetiva, inclu-
sive no que diz respeito à aplicação das estratégias (questionando quem deve
aplicá-las e qual a formação e competências necessárias para tanto, e quais
métodos devem ser empregados, etc.).
MINISTÉRIO DA SAÚDE
141
É sabido que faltam recursos e oportunidades para realizar avaliações rigo-
rosas em determinados locais, principalmente em países como o Brasil. Isso
não significa que o trabalho realizado seja ineficiente. Algumas das avaliações
qualitativas realizadas refletem indícios promissores. No entanto, até que es-
sas estratégias sejam testadas de maneira científica e precisa, não é possível
afirmar se são eficazes ou não.
O que pode ser feito nesse meio tempo? Os governantes devem esperar
que as lacunas sejam preenchidas antes de implementar iniciativas de pre-
venção? O que pode ser feito para prevenir o uso e abuso de substâncias, e
garantir que crianças e jovens cresçam saudáveis e seguros HOJE?
Dentro deste cenário, é recomendado ter cautela com as lacunas na ciência,
mas isso não pode impedir o profissional da saúde de agir. Uma abordagem
de prevenção baseada em uma experiência bem sucedida em uma parte
do mundo é, provavelmente, uma opção mais eficaz que aquela criada
localmente na base da boa vontade e em suposições.
Além disso, as abordagens que falharam ou que até mesmo tiveram impac-
to negativo em alguns países são excelentes candidatas para o fracasso e para
efeitos iatrogênicos em outros lugares. Profissionais na área de prevenção,
formadores de políticas e membros da comunidade envolvidos na prevenção
às drogas e prevenção do abuso de substâncias têm o dever de levar em con-
sideração tais exemplos.
142
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
[...]”. Essa conferência culminou na promulgação da Carta de Ottawa,
documento no qual se defende a promoção da saúde como fator fun-
damental para a melhoria da qualidade de vida das populações. O refe-
rido documento salienta, ainda, a intersetorialidade desse processo,
por entender que a promoção da saúde deve ser uma responsabilidade
compartilhada por diversos setores sociais e não exclusiva do setor da
saúde.
Além disso, a promoção da saúde precisa atingir toda a população
e não apenas aqueles considerados “de risco”, emponderando-os por
meio de oferecimento de alternativas para uma vida digna e saudável.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
143
população na perspectiva da promoção da saúde e da prevenção de
agravos e doenças nas áreas adstritas da Estratégia Saúde da Família
(ESF). O PSE sugere uma série de ações para serem desenvolvidas na
escola pela equipe de saúde.Dentre elas, está incluída a prevenção do
uso de álcool e de outras drogas.
Assim, integra-se a prevenção do uso de drogaspautada na lógica
da promoção da saúde como política educacional. Notemos que a pre-
venção do uso de drogas que se baseia em promoção da saúde deve
se concentrar na criação de ambientes saudáveis, bem como em pes-
soas saudáveis, por meio do uso de estratégias personalizadas para
diferentes fases do ciclo de vida, reconhecendo as diferenças culturais
dos grupos. Nesse contexto, os resultados positivos não apenas redu-
zirão os problemas associados ao uso de drogas, mas também outros
riscos, como o suicídio de jovens, gravidez na adolescência, transtornos
alimentares, problemas relacionados com as ISTs, HIV, hepatites virais,
o crime e a violência.
144
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
risco de exposição às drogas de abuso. Nessa classificação, um progra-
ma de prevenção pode ser universal, seletivo ou indicado:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
145
No âmbito da prevenção primária é possível compreendermos a di-
nâmica dos conceitos de fatores de risco e de proteção por meio de
uma balança de dois pratos, representando a relação do ‘peso’ de risco
contra o ‘peso’ de proteção, inferindo-se que a determinação do consu-
mo seria norteada pelo lado mais pesado da balança (Imagem 3.1.4).
Imagem 3.1.4: A balança dos fatores de risco e proteção: qual prato pesa mais?
- Timidez excessiva;
- Comportamento
agressivo frequente;
- Convívio com amigos
que fazem uso
de drogas;
Vale ressaltar que há fatores que certamente são de risco para algu-
mas pessoas e de proteção para outras, já quedependem da cultura, da
faixa etária e do gênero. Por exemplo, o que é fator de risco para meni-
nas adolescentes do Afeganistão pode não o ser meninos adolescentes
canadenses. O que é fator de proteção para os adolescentes pode não
o ser protetor para os adultos.
Os fatores de risco e de proteção costumam ser divididos em
domínios, ou seja, são agrupados em algumas categorias que viram
pauta de intervenção preventiva. Os principais domínios da prevenção
146
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
são a família, a sociedade/comunidade, a escola e a pessoa. No que se
refere a cada pessoa, são exemplos de fatores de risco: insegurança,
busca descontrolada de prazer, insatisfação com a vida e genética.
Nesse mesmo domínio, são fatores de proteção: habilidades sociais,
autonomia, autoestima desenvolvida, capacidade de resolução de
problemas, etc.
Em geral, programas que abordam apenas um domínio não são efi-
cazes na prevenção, pois o comportamento de risco é resultado de uma
combinação de diversos fatores e das mais variadas interações sociais,
não se resumindo somente a um aspecto isolado da vida de cada pes-
soa. As intervenções preventivas mais promissoras abordam, portanto,
vários domínios de prevenção.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
147
Quadro 3.1.5 - Programas de prevenção: categorias e base teórica
Fonte: autor
148
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Análise crítica sobre os modelos de prevenção
Fonte: autor
MINISTÉRIO DA SAÚDE
149
Nesta perspectiva, os projetos eficazes de prevenção ao consumo
de drogas apresentam princípios básicos que os sustentam, os quais
são destacados pelo National Institute on Drug Abuse (NIDA). Elencados
a seguir:
1. Aprimorar os fatores de proteção dos alunos e reduzir os fatores de risco;
2. Ter como objetivo focar todas as formas de abuso de drogas, incluindo o
consumo de tabaco e de álcool;
3. Incluir estratégias para resistir ao oferecimento de drogas e aumentar a
competência social (exemplo: na comunicação e relação com os pares, au-
toeficácia e assertividade);
4. Quando dirigidos aos adolescentes, incluir métodos interativos, tais como
grupos de discussão de colegas, e não apenas oferecer informação no mo-
delo de “aulas expositivas”;
5. Incluir atividades com pais, gerando oportunidades para discutir na família
o uso de drogas;
6. Ser de longo prazo (contínuo), com repetidas intervenções para reforçar as
metas originais;
7. Os esforços de prevenção centrados na família têm maior impacto que as
estratégias que são centradas unicamente nos professores;
8. Quanto maior o nível de risco da população-alvo, o esforço preventivo de-
verá ser mais intensivo e começar antes;
9. Os programas de prevenção devem ser específicos para a idade das pesso-
as às quais é dirigido e apropriado ao nível de desenvolvimento intelectual
e emocional da população-alvo;
10. Trabalhar o ajuste familiar e treinar os pais no enfrentamento diário da
educação dos filhos.
150
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
O ideal é mapear o perfil do grupo que re-
ceberá a intervenção e, assim, estruturar
um programa que abarque o máximo pos-
sível de abordagens. O que importa é ofe-
recer ao grupo um programa que tenha capacidade de mudar o comportamento de maneira
contínua e que englobe diversos domínios de prevenção. Cabe lembrar que a prevenção
será tanto mais eficaz quanto melhor planejada esteja e quanto mais agentes preventivos
implicados no processo.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
151
As habilidades para a vida trabalhadas nesse programa compreen-
dem o desenvolvimento de pensamento crítico, a tomada de decisões,
a solução de problemas, o pensamento criativo, a comunicação eficaz,
a habilidade interpessoal, a autopercepção, a empatia e o manejo de
emoções. É importante destacarmos que esse programa está, ainda,
sendo adaptado à cultura brasileira e sua eficácia avaliada em nosso
contexto.
Entendendo a importância da articulação da rede de atenção à saú-
de (RAS) -assunto que foi abordado no primeiro módulo deste curso)
- para o sucesso das estratégias de prevenção, tanto do abuso do álcool
e outras drogas como das ISTs, HIV e hepatites virais, é necessário refle-
tir sobre o mapeamento da rede de saúde, principalmente partindo
da perspectiva territorial.Para tanto,é preciso considerar os seguintes
aspectos:
152
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
são as Organizações da Sociedade Civil (OSC) com experiência em
ações de prevenção do HIV e/ou abordagem comunitária, bem como as
lideranças comunitárias que atuam no território, ou outras estratégias
como alcoólicos anônimos(AA) narcóticos anônimos (NA)? Quais são os
determinantes sociais que impactam os índices epidemiológicos locais?
Quais são os segmentos populacionais mais afetados localmente pelas
ISs, HIV/AIDS e hepatites virais, além do uso e abuso das Múltiplas
Substâncias Psicoativas (MSPA)?
Nesse sentido, destaco, também, os contextos de vulnerabilidades
sociais tão caros na lógica da prevenção e identifica-los torna-se impe-
rativo para abordagens bem sucedidas, tais como: os espaços de socia-
bilidade do território adstrito das Unidades de Saúde, incluindo o con-
texto relacionado ao uso de drogas, com suas dinâmicas, tipos e formas
de uso, dentre outros aspectos, atividades de prostituição, violências
nas suas diversas dimensões e demais vulnerabilidades apresentadas
pela população vinculada às equipes da Atenção Básica e a rede sócio
assistencial de cada território.
Para uma visão mais ampliada, na perspectiva intersetorial, pode-
mos citar além dos serviços de saúde, outros equipamentos da rede
intersetorial presentes no território, como, por exemplo,na assistência
social - Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CRE-
AS), Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro POP,
abrigos e albergues; na educação - Educação de Jovens e Adultos (EJA),
ensino noturno e instituições que acolhem os alunos no contra-turno;,
no trabalho - iniciativas de geração de trabalho e renda e formação
profissional;, e na cultura - atividades culturais, oficinas de criatividade,
etc,, dentre outras políticas públicas.
A partir do exposto, é necessário aprofundar a discussão sobre uma
outra dimensão da proposta preventiva, que é a prevenção combina-
da, além de elucidar questões relacionadas às ISTs, HIV/AIDS e Hepati-
tes virais, que são temas centrais neste curso assim como o uso e abuso
das SPAs.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
153
de diferentes ações de prevenção, tanto em relação ao vírus HIV quanto
aos fatores associados à infecção, sendo este o ponto de partida para
sua conceituação. Nesse sentido, o termo pressupõe a combinação das
três abordagens possíveis na formulação de estratégias de prevenção
do HIV: a abordagem biomédica, a abordagem comportamental e a
abordagem estrutural.
A união de tais abordagens não encerra, contudo, todos os signi-
ficados do termo “Prevenção Combinada”.Ampliando está perspectiva
em relação ao termo, diferentes aspectos devem ser considerados em
estratégias de prevenção do HIV: a combinação de ações centradas nas
pessoas, em seus grupos sociais e na sociedade em que vivem. A pre-
missa básica estabelecida, assim, é a de que estratégias de prevenção
abrangentes devem observar, de forma concomitante, esses diferen-
tes focos, levando sempre em consideração as singularidades de cada
pessoa e as especificidades dos meios em que estão inseridas. A par-
tir dessas duas perspectivas, o Ministério da Saúde define “Prevenção
Combinada do HIV” como:
(...) uma estratégia de prevenção que faz uso combinado de intervenções biomé-
dicas, comportamentais e estruturais aplicadas no nível dos indivíduos, de suas
relações e dos grupos sociais a que pertencem, mediante ações que levem em con-
sideração suas necessidades e especificidades e as formas de transmissão do vírus.
Intervenções Biomédicas
154
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Figura 3.1.7 – As intervenções biomédicas na Prevenção Combinada do HIV
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
Métodos de barreira
MINISTÉRIO DA SAÚDE
155
e objetiva, enfatizando as medidas que preservem a sua integridade
e promovam o seu uso. É importante ressaltar que, em setembro de
2016, o Ministério da Saúde lançou a “Nota Informativa Conjunta SVS/
SAS nº 67/2016” (BRASIL, 2016d), que orienta sobre a oferta e o acesso
aos preservativos femininos na rede de serviços de saúde.
Entre outros aspectos, a Nota especifica que a dispensação desse
insumo deve contemplar todas as mulheres, considerando as necessi-
dades declaradas pela usuária e a disponibilidade do insumo nos ser-
viços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao mesmo tempo, a
Nota ainda reforça a priorização da oferta do preservativo feminino aos
seguintes públicos:
•• Mulheres trabalhadoras do sexo;
•• Mulheres que usam drogas e parceiras de usuários de drogas;
•• Mulheres em situação de violência doméstica;
•• Mulheres vivendo e convivendo com HIV;
•• Mulheres privadas de liberdade; e
•• Mulheres adolescentes e jovens.
Circuncisão masculina
156
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
de epidemia generalizada. Considerando que no Brasil a epidemia é
concentrada em determinadas populações (chave e prioritárias), a cir-
cuncisão masculina não é recomendada como intervenção para preve-
nir a infecção pelo HIV.
Profilaxia Pré-Exposição
MINISTÉRIO DA SAÚDE
157
PrEP reduz em mais de 90% o risco de infecção pelo HIV. A indicação
de PrEP requer a avaliação do risco de exposição, o que inclui abordar:
•• Práticas sexuais;
•• Contextos de vulnerabilidade;
•• Populações com maior prevalência de HIV;
•• Parcerias sexuais.
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
Imunização
158
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
meninas e, a partir de 2016, está preconizada também para meninos na
mesma faixa etária, de 9 a 13 anos.
Em relação às PVHIV, há recomendação da Organização Mundial de
Saúde (OMS) e do Comitê Consultivo em Práticas de Imunização (ACIP),
do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos
(CDC), que indicam a vacinação para o HPV na rotina de adolescentes
e adultos jovens de 9 a 26 anos infectados pelo HIV, conforme previsto
na Nota Informativa Conjunta nº 046/2016 – CGPNI/ DEVIT-DDAHV/SVS/
MS (BRASIL, 2016f).
MINISTÉRIO DA SAÚDE
159
para níveis entre 1% a 2% com a aplicação de todas as intervenções
preconizadas para a prevenção da transmissão vertical, quais sejam:
diagnóstico precoce, utilização de TARV na gestação, manejo obstétrico
por meio de cuidados específicos durante o parto vaginal e o parto
cesário, utilização do AZT injetável no parto, manejo clínico do recém-
nascido exposto e aleitamento artificial.
Neste cenário, o Brasil é signatário junto à Opas/OMS para a elimi-
nação da transmissão vertical do HIV e da sífilis nas Américas. Uma das
iniciativas brasileiras para alcançar essa meta foi a criação da Rede Ce-
gonha (2011). Entre as ações previstas no âmbito do componente pré-
-natal, encontram-se a prevenção e o tratamento das IST, do HIV/AIDS
e das hepatites virais, com disponibilização de testes rápidos de HIV e
sífilis para todas as gestantes.
Resumo
160
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 02 : REDUÇÃO DE DANOS ASSOCIADOS
AO USO DE DROGAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
161
Estratégias de Redução de Danos
162
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
A esse respeito, já vimos no Módulo I a relação entre a perspectiva
da RD a visão que comumente se tem do uso de drogas. Vamos, agora,
retomar esse assunto e refletir um pouco mais sobre o cenário do uso
de drogas no Brasil e trazer para discussão duas filosofias que orientam
as políticas públicas sobre drogas, destacando que ambas são norte-
adas pelo caráter punitivo, em contraponto com a perspectiva da RD.
Quadro 3.2.2 Filosofias que orientam políticas públicas brasileiras
MINISTÉRIO DA SAÚDE
163
fracasso, ainda há continuidade nas propostas de cunho repressivo na
realidade brasileira.
Dentro da lógica embasada por tais filosofias que orientam as po-
líticas públicas, é comum observar certo grau de pressão, geralmente
exercida pela família, ao incentivar as pessoas com problemas decor-
rentes do uso de drogas a iniciarem o tratamento. vinculando-o com a
internação. Desta forma, os significados, indicações e objetivos desta
prática geralmente conflitam entre as equipes e os familiares. Tal con-
flito nos remete à terceira perspectiva, que é a da religião, essa está na
cultura de cada família, além de ser uma perspectiva mais antiga.
A perspectiva religiosa, no entanto, não percebe o usuário como cri-
minoso e nem como doente, mas sim como um pecador. Nesse senti-
do, o tratamento para a pessoa com problemas relacionados ao uso de
drogas não é a clínica psiquiátrica, não é o hospital geral e nem mesmo
a punição, mas sim a conversão. Portanto, “se você se converter, estará
curado e os problemas com o abuso das drogas resolvidos”.
Está perspectiva filosófica/religiosa tem implicações importantes na
orientação das políticas públicas sobre drogas, colocando em discussão
um dualismo no cuidado e tratamento para pessoas que abusam de
SPA, resultando a abstinência e a RD como dois paradigmas que dispu-
tam o mesmo campo.
Dentro desse contexto, outro aspecto observado nos últimos anos
é a aproximação das Comunidades Terapêuticas (CT), que são espaços
religiosos com o Ministério da Justiça, por meio da Secretária Nacional
de Políticas Sobre Drogas (SENAD). As Comunidades Terapêuticas são
ambientes de caráter residencial especializados, que oferecem progra-
mas de tratamento estruturados e intensivos, visando o alcance e ma-
nutenção da abstinência das drogas, inicialmente em ambiente prote-
gido, com encaminhamento posterior para internação parcial e/ou para
o ambulatório, conforme as necessidades de cada pessoa.
Essa aproximação vem acontecendo de forma gradual nos últimos
anos, implicando mudanças neste cenário. Um exemplo, disso foi o fato
de, em 2001, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), apro-
var a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 101/2001, que estabe-
leceu o Regulamento Técnico para o Funcionamento das Comunidades
Terapêuticas, serviços de atenção a pessoas com transtornos decorren-
tes do uso ou abuso de SPA, conforme modelo psicossocial.
Neste sentido, as mudanças propostas no modelo das CT’s pelas en-
tidades, Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT),
Federação Evangélica de Comunidades Terapêuticas (FETEB), Cruz Azul
164
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
do Brasil e a Federação Norte e Nordeste de Comunidades Terapêuticas
(FENNOCT), implicaram em 2011, a revogação a RDC nº 101/2001 pela
ANVISA e a criação da RDC nº 29/2011, com o intuito de se aproximar
do Modelo de CT proposto pelas instituições citadas. Desta forma, as
CTs deixaram de se adequar às normas gerais de um serviço de saúde,
tal qual um hospital ou centro de tratamento, em favor de seu caráter
residencial e de convívio familiar.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
165
A diversidade é contemplada ao compreender que cada pessoa
estabelece uma relação particular com as substâncias e que a utilização
de abordagens padronizadas como pacotes prontos e impostos para
todos é ineficaz e excludente, especialmente porque muitos serviços
que trabalham com a lógica da exigência da abstinência excluem
usuários que não querem ou não conseguem manter-se abstinentes.
166
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
PARA REFLETIR Desafios para o cuidado na perspectiva da
Redução de Danos: estudo de caso
O caso Olavo
Olavo é um jovem de 29 anos, filho único, com história de abuso de múltiplas SPA há mais
de 15 anos, e início precoce aos 13 anos com maconha. Referiu separação dos pais há 16
anos, destacou ter presenciado vários episódios de brigas entre seus pais durante toda sua
infância, referiu pouco vínculo com pai, sem conseguir falar mais detalhes desta relação.
Nos últimos anos vêm abusando do uso do álcool de forma constante, comprometendo seu
rendimento no estudo e no seu vínculo com o trabalho, reforçou ter perdido o emprego
há 3 meses. Com história de uso experimental de várias substâncias, com intervalos de
uso e abuso, principalmente da cocaína, nas suas diversas formas de exposição, reforçou
que consegue estabelecer relações com diversas substâncias, pois escolhe a droga confor-
me a atividade (social) que vai desenvolver ou até mesmo dependendo do seu estado de
humor; reflete que de alguma forma as drogas sempre estão presentes nas suas relações
sociais. Destacou que, em um período de abuso de múltiplas substâncias, envolveu-se em
situações criminosas (assalto, sequestro relâmpago e furto de carros) tudo para satisfazer
o desejo de usar suas drogas de preferência naquele momento da sua vida. As implicações
dessa fase foi passar um período de 1 ano detido no presídio, onde teve inúmeras vivên-
cias. Diz que não têm desejo em cessar o uso das drogas, pois elas apresentam um papel
importante na sua vida. No momento, com medo de ter contraído uma IST por ter tido
relações sexuais desprotegidas com várias pessoas, destacou que esse comportamento
sempre acontece quando está sob efeito das substâncias e nestas situações não escolhe
seus parceiros (as). Entendendo que o CAPS ad pode ser um serviço para auxiliá-lo neste
momento, Olavo procura atendimento.
Resumo
MINISTÉRIO DA SAÚDE
167
AULA 03 : INTERSETORIALIDADE E INTEGRALIDADE
DA ASSISTÊNCIA
MINISTÉRIO DA SAÚDE
169
1. Cuidado integral às pessoas que usam drogas
170
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Fonte: Amritanshu Sikdar Fonte: Projetado por Fonte: Google Imagens
on Unsplash Lyashenko - Freepik.com
MINISTÉRIO DA SAÚDE
171
1.1 A construção do cuidado em rede
172
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
2. Intersetorialidade
RAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
173
O trabalho em rede entre diversos atores sociais, serviços e insti-
tuições se apresenta como um grande desafio apregoado nas últimas
décadas por diversas políticas sociais, entre elas, a saúde. Este desafio
coloca-se frente à configuração fragmentada e desarticulada da im-
plantação das políticas públicas brasileiras, o que por vezes dificulta o
atendimento das necessidades da população em sua totalidade.
O termo rede remete à ideia de conexão, ações complementares e
relações horizontais entre parceiros, para garantir a integralidade da
atenção, isto é, uma ‘horizontalização’ dos dispositivos e profissionais
de saúde, superando a fragmentação das atividades no interior das uni-
dades de saúde. Para isso, a rede requer uma articulação interseto-
rial, ou seja, entre diversos setores, instituições e pessoas, agregando
saberes e experiências, estabelecendo um conjunto de relações inter-
dependentes. Nesse sentido, a rede assistencial em saúde organiza-se
sob os princípios da integralidade e da intersetorialidade.
Para que essa rede possa ser usada da melhor forma possível, faz-
-se necessário: conhecer a rede; estabelecer contatos pessoais; saber o
tipo de atendimento que cada serviço oferece; limites de idade, sexo,
etc.; e qual é o horário de atendimento, da chegada e a forma de enca-
minhamento. Visitar os serviços da rede é uma boa forma de ter, por
conseguinte, essas informações e estabelecer, também, contatos pes-
soais entre as equipes.
O debate sobre a intersetorialidade nas políticas públicas não é re-
cente. No que se refere à política de saúde, esse debate remonta ao
século passado e está associado à questão das determinações sociais
no processo saúde-doença. Em outros termos, isso significa dizer que
já faz algum tempo que se reconhece que a saúde das pessoas é re-
sultado das condições sociais e econômicas em que nascem, crescem,
trabalham e envelhecem e que, portanto, ter saúde não depende ape-
nas de serviços de saúde, mas também de escolas, moradia, emprego,
transporte, entre outros serviços.
Nesse sentido, para se garantir a saúde das pessoas, faz-se neces-
sário integrar os serviços de saúde aos demais órgãos públicos, arti-
culando políticas e programas que impactam na saúde. Isso significa
que, na área que envolve a prevenção e cuidado aos problemas re-
lacionados ao uso de álcool e outras drogas, os serviços de atenção
integral no âmbito do SUS (por exemplo, os centros de atenção psi-
cossocial, consultórios de/na rua e leitos de desintoxicação em hospi-
tais gerais) devem estar articulados aos demais serviços e programas
existentes na política de saúde, como o Programa Saúde da Família, o
174
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Núcleo de Apoio à Saúde da Família, ambulatórios especializados, tes-
tagem rápida para HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Tais serviços devem também estar articulados com outras políti-
cas, como a de assistência social (casas de acolhimento temporário
e auxílio-moradia, por exemplo), de educação (como creches, eleva-
ção de escolaridade e qualificação profissional), de emprego e renda
(a exemplo do PRONATEC), dentre outras políticas, de forma que os
recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos disponíveis
sejam potencializados, se evite duplicidade de meios para os mesmos
fins e possa se dar atenção às diversas necessidades sociais de saúde
e dos usuários de drogas.
Nesse cenário brasileiro, a intersetorialidade se transforma em um
paradigma essencial no desenvolvimento das políticas públicas sociais
e econômicas. Em situações complexas como a de exclusão social bra-
sileira, a intersetorialidade nas políticas públicas é um grande desafio,
mas um desafio necessário e urgente, que deve ser assumido como
compromisso de todos: governantes, gestores, profissionais, usuários,
lideranças e instituições de ensino, no sentido de garantir mais saúde e
melhor qualidade de vida à maioria da população brasileira.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
175
Um bom exemplo de como estabelecer parcerias e articulação en-
tre os serviços é a experiência do Fórum AD do Rio de Janeiro. É uma
reunião mensal em que participam profissionais de quaisquer serviços
que atendem usuários de drogas no estado do Rio de Janeiro. As reu-
niões contam com profissionais de CAPS AD, CAPSi, CAPS gerais, hospi-
tais gerais e psiquiátricos, serviços da assistência social, como os CREAS
e CRAS, Conselho Tutelar, etc. Além disso, muitas vezes profissionais
da justiça, como os promotores, participam do Fórum AD. Geralmente,
são discutidos casos que são atendidos por vários serviços. A discussão
desses casos ajuda a articular a rede e estabelecer contatos.
Resumo
Nesta aula foi abordado o cuidado integral às pessoas que usam dro-
gas, destacando a diversidade de cada pessoa; a construção do cuidado
em rede também foi discutida com uma ferramenta que apoio a lógica
integral, assim como exemplos de práticas intersetoriais na saúde fo-
ram debatidas. Na aula seguinte veremos a respeito da entrevista mo-
tivacional, abordagem, acolhimento, atendimento e reinserção social.
176
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 04: ENTREVISTA MOTIVACIONAL, ABORDAGEM, ACOLHI-
MENTO, ATENDIMENTO E REINSERÇÃO SOCIAL
MINISTÉRIO DA SAÚDE
177
1. Entrevista Motivacional (Em)
Estágio 1: Pré-Contemplação
178
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
com o uso de SPA’s, embora outras pessoas do seu convívio possam estar
cientes disso. Essas pessoas, neste estágio, são atendidas geralmente na
Atenção Primária à Saúde (APS) e nos serviços de assistência social.
É necessário ressaltar que pessoas nesse estágio, primeiramente,
não se mostram dispostas a mudar seu comportamento, porém estão
abertas a receber informações sobre o risco associado ao seu nível e
modo de consumo de drogas. Portanto, é nesse momento que é im-
portante fornecer informações precisas e com segurança, você pode
encorajá-las a refletir sobre o risco do uso nocivo de substâncias e pen-
sar, juntamente com usuário, sobre possibilidades de redução ou até
mesmo interrupção do uso.
Estágio 2: Contemplação
MINISTÉRIO DA SAÚDE
179
e desvantagens mencionadas pela pessoa podem ser melhor trabalha-
das quando escritas em um papel, uma vez que saem do campo verbal
e entram no campo visual do indivíduo.
Quadro 3.4.1 Prós e contras do uso de drogas
Fonte: autor
GANHOS POR
NÃO MUDAR GANHOS COM
A MUDANÇA
Fonte: autor
180
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Estágio 3: Preparação
Estágio 4: Ação
Estágio 5: Manutenção
MINISTÉRIO DA SAÚDE
181
E se houver retornos ao uso, mesmo quan-
do a proposta da pessoa for cessá-lo?
Por outro lado, podem ocorrer também apenas lapsos (ou “deslize”), que é quando uma
pessoa utiliza a substância após um período de abstinência, porém sem voltar ao padrão
de uso habitual. Assim, um lapso remete a um ato isolado, um consumo ocasional, de modo
que a pessoa se mantém no estágio de manutenção, ao invés de retornar aos estágios de
mudança anteriores. Importante neste momento trabalhar os significados deste uso oca-
sional e refletir com a pessoa o que está por trás deste comportamento. Lembre-se sempre:
182
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
concordar com ela. Isso significa acolher, aceitar e entender o que ela diz, sem
fazer julgamentos a seu respeito. Com uma “escuta reflexiva”, “qualificada”,
você deve buscar compreender os sentimentos e as perspectivas de cada
pessoa, sem julgá-la, criticá-la ou culpá-la. A empatia do profissional de saúde
está associada à boa resposta da pessoa à intervenção.
2. Desenvolver discrepância: um dos princípios da Entrevista Motivacional
é mostrar para cada pessoa a discrepância entre o seu comportamento, suas
metas pessoais e o que pensa que deveria fazer. Um bom modo de ajudá-la a
compreender esse processo é fazer uma comparação, mostrando que muitas
vezes existe uma discrepância entre ONDE SE ESTÁ E ONDE SE QUER, OU SE
GOSTARIA DE ESTAR. Muitas vezes, perguntar a pessoa como ela se imagina
daqui a algum tempo (2 ou 3 anos, por exemplo) e o que ela está fazendo para
atingir sua meta, poderá ajudá-la a entender essa discrepância.
3. Evitar a confrontação: A todo o momento você deve evitar confrontar
diretamente a pessoa. Abordagens desse tipo as torna resistente à interven-
ção. Coloque seus argumentos de modo claro, mas sempre convidando a pes-
soa a pensar/refletir sobre o assunto.
4. Lidar com a resistência da pessoa: Muitas pessoas podem se mostrar
resistentes às sugestões e propostas de mudanças feitas por você. Mas lem-
bre-se de que ela não é um adversário a ser derrotado. Ou seja, o que fazer
quanto a um problema é uma decisão dela e não sua. Entenda que a ambi-
valência e a resistência para a mudança de comportamento são normais em
todas as pessoas e sua atitude, como profissional, deve ser no sentido de levar
a pessoa a considerar novas informações e possibilidades, em relação ao uso
da substância.
5. Fortalecer a autoeficácia de cada pessoa: autoeficácia refere-se à cren-
ça de uma pessoa em sua capacidade de realizar e de ter sucesso em uma ta-
refa específica. Existem várias mensagens que promovem a autoeficácia, uma
delas é a ênfase na responsabilidade pessoal (autonomia), ou seja, devemos
mostrar a pessoa que ela não somente pode, mas deve fazer a mudança, no
sentido de que ninguém pode fazer isso por ela. Encoraje-a e estimule a pes-
soa a cada etapa vencida. Ela se sentirá fortalecida.
3. Acolhimento
MINISTÉRIO DA SAÚDE
183
Fonte: Centro de Acolhida de Transexuais SP
184
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
quais, partindo do complexo encontro entre a pessoa profissional de
saúde e a pessoa demandante, possibilitam que sejam analisados al-
guns aspectos importantes neste processo:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
185
4. Abordagem, atendimento e a reinserção social
186
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
4.1 Família e seu contexto social
MINISTÉRIO DA SAÚDE
187
Diante do exposto, é preciso trazer para aprofundar a reflexão sobre
o contexto familiar, que seus membros passam a receber atenção não
só para suas angústias, mas também começam a receber informações
fundamentais para a melhor compreensão do sofrimento que de cada
pessoa afetada nestas relações. Portanto, saber abordar, avaliar, acom-
panhar e tratar a família torna-se imperioso.
4.2 A Comunidade e suas relações
188
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Numa busca mais profunda por estudos que abrangem as relações
sociais, a ideia básica encontrada diz respeito ao fato de que a maneira
como uma pessoa vive depende, em grande parte, da forma com que
ela interage em uma larga rede de conexões sociais. Essa temática, têm
sido objeto de estudo não somente do campo da saúde, mas também
no âmbito da religião, da filosofia e das ciências sociais.
No contexto de redes sociais, a função do apoio e/ou suporte so-
cial é central para pensar processos de intervenção psicossocial, pois
descreve o conjunto de pessoas que oferecem ajuda e apoio de forma
real e duradoura a pessoa ou à família. Cabe destacar que, no âmbito
dos recursos psicossociais, a rede social e o apoio social constituem
constructos diferentes, porém relacionados.
Neste sentido, a rede social pode ou não oferecer diferentes tipos
de apoio, e em graus diversos. Os efeitos benéficos da rede pessoal de
apoio dependem da possibilidade de suprir os auxílios esperados por
cada pessoa. Portanto, rede social pode ser concebida como a estrutu-
ra social por meio da qual o apoio é fornecido. Assim sendo, pensar em
apoio social remete às relações pessoais significativas, constituídas em
forma de redes:
Imagem 3.4.5 Rede social
MINISTÉRIO DA SAÚDE
189
4.4 Reinserção Social
Resumo
190
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
AULA 05: VÍNCULO AO TRATAMENTO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
191
1. Vínculo e afetos
192
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
ganhar mais autonomia e a lidar com o seu problema de modo provei-
toso para ela.
Essas considerações são fundamentais, não somente para que você
comesse a perceber o que está por traz de todo o processo da criação
de vínculo, mas também compreender os sinais que possam de alguma
forma indicar prejuízo nos vínculos estabelecidos entre os atores so-
ciais envolvidos e o próprio serviço.
Nesse processo, o papel da equipe é muito importante, porque a re-
lação de cada membro da equipe com o usuário do serviço e familiares
é singular, permitindo que as possibilidades de apoiar essa pessoa se
multipliquem. Vale destacar que, dentro da própria equipe, estes sen-
timentos inconscientes também podem ser influentes na relação entre
seus profissionais.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
193
Fonte: Policlínica Rodolpho Rocco RJ
194
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Fonte: Projetado por Aopsan - Freepik.com
MINISTÉRIO DA SAÚDE
195
2.1 Auxiliando o assistido a lidar com crises
196
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
a iniciarem tratamento. Essas intervenções comportamentais podem
conter certo grau de persuasão que ajuda as pessoas a mudarem seu
comportamento antes que elas tenham alcançado motivação suficiente
para reduzir ou cessar o uso de drogas (UNODOC).
A disponibilidade de ações de tratamento e cuidados eficazes, aces-
síveis e humanizados que atendam às necessidades clínicas e sociais
variadas de pessoas com transtornos por uso de drogas na comuni-
dade irá facilitar a adoção voluntária de tratamento, além de prevenir
crimes relacionados com as drogas.
Dentro deste cenário, vejo como importante destacar a necessidade
de potencializar a formação e as atualizações dos profissionais que
trabalham em todos os pontos dessa rede, pois o encontrado é o aper-
feiçoamento da assistência, que se dá apenas pela prática, no cotidiano
compartilhado do trabalho e do cuidado, pela participação responsá-
vel dos diversos profissionais e usuários comprometidos na construção
desse cuidado, e pela contribuição das atividades de pesquisa e avalia-
ção permanente sobre a produção de cuidado em curso nessa rede.
Encerrando a aula, entendo que seja necessário, após tudo que foi
dito e dialogado, que oferecer serviços com uma vasta gama de trata-
mentos humanizados e programas de apoio com base em evidências
científicas de efetividade, aumentando a motivação e o empoderamen-
to dos usuários, promovendo vínculos com o terapeuta, a família e a
comunidade, pode ser a melhor maneira de transformar essa rede de
atenção psicossocial em oportunidades para a coesão e recuperação
efetiva baseada em ambientes comunitários (UNODC).
Resumo
MINISTÉRIO DA SAÚDE
197
AULA 06: ASSISTÊNCIA AO USUÁRIO DE DROGAS PORTADOR
DO HIV/AIDS/HV
MINISTÉRIO DA SAÚDE
199
1. Vulnerabilidade
200
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Quadro 3.6.1 Vias de contágio de patógenos em pessoas usuárias de crack e
similares em cena de uso.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
201
podem aumentar os riscos de exposição das ISTs, AIDS/HIV e hepatites
virais, pois certos aspectos dos transtornos mentais (comorbidades)
podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos de ris-
co, como:
202
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
A assistência das pessoas que abusam de
drogas com o diagnóstico das ISTs, AIDS/
HIV e hepatites virais, deve ocorrer na ló-
gica da redução de danos. Para mais infor-
mação, clique aqui.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
203
usuários, informou já ter realizado sexo com parceiro (a) sabidamente
portador de HIV no último ano. Embora pequena, esta proporção é pre-
ocupante devido ao alto risco a que estavam expostos.
Entretanto, a despeito do risco ampliado de contrair o HIV, mais da
metade dos usuários de crack e/ou similares 53,87% nunca havia sido
testada para o HIV. Apenas uma pequena proporção dos usuários,
6,13%, informou já ter ouvido de um profissional de saúde que era por-
tador do vírus de hepatite ou que estava doente em função de alguma
hepatite viral.
É importante ressaltar que não somente estas situações de vulne-
rabilidade social (como, por exemplo, morar na rua), determina o que
foi levantado na pesquisa. As evidencias científicas são robustas com
relação às ISTs, AIDS/HIV e hepatites virais, pois esses agravos podem
atingir pessoas de diferentes classes sociais, etnias e níveis culturais.
Mesmo com o desenvolvimento de novos métodos diagnósticos e no-
vas terapêuticas, as infecções sexualmente transmissíveis (IST) continu-
am um grave problema de saúde coletiva, com grande impacto socioe-
conômico e psicológico em todo o mundo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram mais de
340 milhões de novos casos de IST curáveis (bacterianas e protozoárias)
anualmente, no mundo, acometendo homens e mulheres entre 15 e 49
anos de idade, sendo que quase 80% desses casos ocorrem nos países
em desenvolvimento. No Brasil, a incidência anual estimada das IST é
de 10 a 12 milhões de casos. Além disso, estima-se que uma proporção
significativa de casos de IST não curáveis, tais como a herpes genital,
o papilomavírus humano (HPV), a hepatite B e o HIV, também ocorra
anualmente.
204
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
significados, de acordo com as suas necessidades e o contexto
apresentado, com o cuidado de que essa oferta não torne o processo
prescritivo, burocrático ou rígido.
Testes Rápidos
Os testes rápidos (TR) são ensaios de execução simples e que não ne-
cessitam de estrutura laboratorial, embora, a depender da amostra tra-
balhada, sejam necessários cuidados essenciais de biossegurança. Por
isso, os TR são fundamentais para a ampliação do acesso ao diagnóstico,
sendo recomendados primariamente para testagens presenciais.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
205
Quadro 3.6.3 Orientações pré e pós-teste
206
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
207
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
208
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Vale lembrar a importância dos cuidados
que devem ser observados, com o resul-
tado em mãos: o sigilo, o acolhimento dos
sentimentos despertados pelo resultado
informado (angústias, medos, dúvidas e outros) e orientações sobre prevenção, além do en-
caminhamento e vinculação aos serviços de saúde de referência para o seguimento. A co-
municação do resultado deve ser objetiva e clara, mas sem perder a capacidade de acolher e
escutar. Vale lembrar que esse é um momento importante para o fortalecimento do vínculo,
da adesão à prevenção, e, em caso de resultado reagente, da adesão ao tratamento também.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
209
o fato de que a nova legislação estabeleceu que a elaboração e
atualização dos PCDT será baseada em evidencias cientificas, o
que significa dizer que levará em consideração os critérios de eficácia,
segurança, efetividade e custo-efetividade das intervenções em saúde
recomendadas. Para tanto, a constituição ou alteração dos PCDT foi
instituída pela Portaria GM n° 2009 de 2012, ficando a cargo de uma
Subcomissão Técnica de Avaliação (CONITEC).
Acompanhamento Clínico
210
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Todas as pessoas com hepatite C devem ser imunizadas contra as
hepatites A e B, e, se apresentarem cirrose, devem ser imunizados con-
tra influenza e pneumococo, além de serem orientadas a não doar san-
gue, sêmen ou tecidos. Nesse sentido, as orientações de prevenção às
hepatites virais devem ser compartilhadas com os contatos domicilia-
res e parceiros (as) sexuais. Desta forma, a prevenção requer atitudes
e práticas mais seguras, como o uso adequado do preservativo e o não
compartilhamento de instrumentos perfurocortantes e objetos de hi-
giene pessoal, como escovas de dente, alicates de unha e lâminas de
barbear ou depilar. Essas orientações devem permear todos os mo-
mentos do atendimento, sobretudo, por não existir uma vacina contra
o vírus da hepatite C (HCV).
Trazendo sua atenção para a hepatite B, o objetivo principal do tra-
tamento é reduzir o risco de progressão da doença hepática e de seus
desfechos primários, especificamente a cirrose. Os cuidados e orienta-
ções iniciais vão ao encontro das orientações para a hepatite C, no que
tange orientações de prevenção, vínculo ao tratamento, pesquisas de
comorbidades e coinfecções.
Cabe destacar que, devido às características fisiopatológicas da in-
fecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV), é necessário que as con-
sultas sejam realizadas, no mínimo, duas a quatro vezes ao ano. Essa
periodicidade deve ser individualizada para as pessoas em que a tera-
pêutica tenha sido recém-iniciada ou em que o risco de eventos adver-
sos exija cuidado prioritário.
Para ampliar a proposta de cuidado, facilitar o monitoramento das
pessoas com hepatite B crônica e auxiliar no melhor uso dos recursos
técnicos e financeiros, o Departamento de Vigilância, Prevenção e Con-
trole das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das He-
patites Virais (DIAHV), com o apoio do Comitê Técnico Assessor (CTA),
recomenda exames complementares conforme listados no PCDT para
HBV. Contudo, salienta-se que exames adicionais ou modificações na
rotina de exames poderão ocorrer conforme a presença de comorbida-
des e a consequente instituição ou não de tratamento antiviral.
Finalizando as intervenções e cuidados no tocante às hepatites vi-
rais, chamo sua atenção, neste momento para as ISTs. o PCDT evidencia
que muitas pessoas com IST não buscam tratamento porque são assin-
tomáticas (maioria) ou têm sinais e sintomas leves e não percebem as
alterações. Por outro lado, as pessoas sintomáticas podem preferir tra-
tar-se por conta própria ou procurar tratamento em farmácias ou junto
a curandeiros tradicionais. Mesmo aqueles que buscam atendimento
MINISTÉRIO DA SAÚDE
211
na unidade de saúde podem não ter uma IST diagnosticada ou tratada
corretamente. No final, apenas uma pequena proporção de pessoas
com IST pode chegar à cura e evitar a transmissão.
Todas as intervenções devem ser acompanhadas da promoção da
busca adequada aos serviços de saúde. Os demais passos estão ligados
ao acesso a serviços de qualidade, envolvendo infraestrutura, equipa-
mentos, insumos, recursos financeiros e humanos e educação perma-
nente. Esses serviços devem ter condições mínimas de atendimento,
além de estarem inseridos em uma rede de atenção que possibilite o
encaminhamento para níveis mais complexos, quando necessário.
212
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
1. Diagnóstico oportuno;
2. Vinculação da pessoa HIV positivo a um serviço de saúde;
3. Sua retenção no seguimento, por meio do acompanhamento e realização
de exames periódicos;
4. Início da Terapia Antirretroviral (TARV) e sua promoção para uma boa ade-
são ao tratamento, a fim de alcançar os objetivos finais do cuidado;
5. A supressão da carga viral e o alcance de uma qualidade de vida compará-
vel à das pessoas que não possuem o HIV.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
213
de saúde, respeitando as doses, horários e outras indicações. A adesão
também é um processo colaborativo que facilita a aceitação e a integra-
ção de determinado esquema terapêutico no cotidiano das pessoas em
tratamento, pressupondo sua participação nas decisões sobre a terapia.
•• Você terá que tomar “X” comprimidos por dia, todos os dias. Apesar de
parecer fácil, nós sabemos que as pessoas esquecem. Será mais fácil to-
mar seu comprimido se pensarmos agora sobre como você fará no seu
dia-a-dia;
•• Vamos pensar como você fez para tomar medicações em outras situações
na sua vida: quando você teve que tomar remédio, como fez para se lem-
brar de tomá-lo? Qual foi a coisa mais importante que o fez lembrar-se de
tomá-los?
•• Quantas vezes você perdeu doses de medicação nas últimas quatro (duas
ou última) semanas? Por favor, diga quais dificuldades você teve para
tomá-lo.
214
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
Fatores que Facilitam a Adesão:
•• Esquemas terapêuticos simplificados, como doses fixas combinadas, que
permitam o uso de diferentes medicamentos em um mesmo comprimido;
•• Conhecimento e compreensão sobre a enfermidade e o tratamento; aco-
lhimento e escuta ativa de cada pessoa pela equipe multidisciplinar;
•• Vínculo com os profissionais de saúde, a equipe e o serviço de saúde;
•• Capacitação adequada da equipe multidisciplinar;
•• Acesso facilitado aos ARV, mediante o funcionamento e localização ade-
quados da UDM;
•• Eeducação entre pares, em parceria com Organizações da Sociedade Civil
e apoio social.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
215
Resumo
216
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
GLOSSÁRIO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
217
OMS: Organização Mundial da Saúde
ONG: Organização não governamental
OSC: Organizações da Sociedade Civil
PCDT: Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
PEP: Profilaxia pós-exposição
PrEP: Profilaxia Pré-Exposição ao HIV
PRONATEC: Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
PSE: Programa Saúde na Escola
PVHIV: Pessoa Vivendo com HIV
RAPS: Rede de atenção psicossocial
RAS: Rede de Atenção a Saúde
RD: Redução de Danos
RDC: Resolução da Diretoria Colegiada
SAE: Serviço de Atenção Especializada
SAS: Secretária de Atenção à Saúde
SENAD: Secretária Nacional de Políticas Sobre Drogas
SPA: Substâncias Psicoativas
SUS: Sistema Único de Saúde
SVS: Secretaria de Vigilância em Saúde
TARV: Terapia antirretroviral
TR: Testes rápidos
TTP: Tratamento para Todas as Pessoas
UNODC: Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime
REFERÊNCIAS
AULA 01
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mo de drogas para adolescentes: revisão de sistemática da litera-
tura. Revista Eletrônica de Enfermagem. [Internet]. 2016. Acesso em
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Oliveira de Souza. Modalidades de tratamento e encaminhamento:
módulo 6. – 11. ed. Brasília: Secretaria Nacional de Políticas sobre Dro-
gas, 2017. 144 p. – (SUPERA: Sistema para detecção do Uso abusivo e
dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção
breve, Reinserção social e Acompanhamento. Disponível em: <https://
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AULA 4
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Oliveira de Souza. Intervenção Breve: módulo 4. – 11. ed. – Brasília :
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2017. 118 p. – (SUPERA:
Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias
Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e
Acompanhamento). Acesso em
SALES, Cristiane Martins Baía & FIGLE, Neliana Buzi. Revisão de Li-
teratura Sobre a Aplicação da Entrevista Motivacional Breve em
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repositorio.observatoriodocuidado.org/bitstream/handle/1162/1/
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ção breve, Reinserção social e Acompanhamento). Disponível em:
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Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para he-
patites B e coinfecções.Brasília: Ministério da Saúde, 2018
224
CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
CURSO DE CAPACITAÇÃO EM REDUÇÃO DE DANOS
PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE SANTA CATARINA
Realização
Apoio
Coordenação
Equipe de Apoio
Coordenação
Valmira Dubiela - engeventos@engeventos.com.br
Design Gráfico
Rogério Garcia da Silva Júnior - gerogarciajr@gmail.com
Ilustração (Professores)
Rodrigo Macedo Rizzi - rorizzi.bio@gmail.com