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J. WELLINGTON P. MARQUES.
Em 07 agosto de 2022
Curiaú
A comunidade do Curiaú situada ao norte da
cidade de Macapá tem sua população formada predominantemente por negros
descendentes de escravos. Trata-se de uma comunidade constituída por dois pequenos
núcleos populacionais denominados Curiaú de Dentro e Curiaú de Fora, separados por
uma distância de 1 Km.
A origem histórica da comunidade do Curiaú tem sido alvo de controvérsias por parte de
historiadores, sociólogos e outros profissionais que arriscam um conhecimento sobre o
sentido originário da vila e seus habitantes.
Mas o fato é que sobre a origem do Curiaú, pode-se concluir que a definição desse
povoado como um quilombo começa a partir da legítima resistência dos negros ao trabalho
escravo na construção da fortificação portuguesa.
Bairro do Laguinho
Segundo a tradição, o local era conhecido como "Poço da Boa Hora", onde morava um
senhor descendente de escravos. Nas horas do meio-dia e das seis da tarde ninguém se
atrevia a passar pelo local, pois esse senhor fazia malvadezas. A referência do nome do
morador (Pretinho) está na obra de Fernando Canto "Telas e Quintais". Até os dias de
hoje não se sabe ao certo o local exato onde ficaria localizado o tal "Poço da Boa Hora".
Com a ajuda do líder, Mestre Julião (Julião Tomás Ramos), os moradores da praça
formavam uma comunidade negra chamada vila Santa Engrácia. Esta vila era o local onde
se manifestavam as tradições folclóricas amapaenses.
Os membros da comunidade aceitaram a proposta de Janary Nunes e tiveram suas
residências transferidas para os campos do Laguinho, onde o governo havia construído
uma série de casas. O local se chamava campo dos Laguinhos porque tinha suas terras
cercadas por pequenos lagos.
O Laguinho era limitado, ao norte, pelo antigo campo de aviação onde o cantador de
Marabaixo, Raimundo Ladislau, escreveu estes belos versos, daquele que pode ser
considerado o Hino da Nação Negra do bairro do Laguinho:
Mais tarde o Laguinho mudou de nome, passando a se chamar Julião Ramos. Após um
plebiscito realizado entre a população do bairrro, o local voltou a ser chamado de
Laguinho. Lá se encontra a Escola Estadual General Azevedo Costa, a sede da União dos
Negros do Amapá, além da Praça Julião Ramos.
Bairro do Goiabal
Outra referência para as comunidades negras do Amapá é a Lagoa dos Índios, que está
presente na memória dos mais antigos como lugar de origem de alguns de seus
descendentes. Localizada próxima à área urbana de Macapá, com acesso pela rodovia
Duque de Caxias, a Lagoa dos Índios dá nome à comunidade remanescente de quilombo,
que é tão antiga quanto à do Curiaú. O lugar que veio ser habitado pela comunidade
negra foi inicialmente povoado por grupos indígenas; daí o nome “Lagoa dos Índios”. Pelos
relatos dos moradores mais antigos, é possível identificar que a presença de negros
oriundos da escravidão na área ocorreu mais fortemente a partir da primeira metade do
século XIX.
A partir dos anos de 1980, com o aumento significativo da entrada de pessoas que não
faziam parte da comunidade quilombola e com a instalação de uma fábrica de
beneficiamento de goiaba (atualmente desativada), parte da área recebe o nome de bairro
do Goiabal.