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J. WELLINGTON P. MARQUES.
Em 07 agosto de 2022

O Pioneiro e Grande Líder: Julião Tomaz Ramos


(Foto: Reprodução/Arquivo)
"Mestre Julião", como era conhecido,
nasceu em Macapá, no dia 9 de janeiro de
1880, filho de Tomaz Agrávio Ramos e de
D.Felícia Agrávio Ramos.
Estudou na escola primária o suficiente para ler e
escrever. Julião Tomaz Ramos ainda muito jovem
despontou como lider da comunidade negra do Amapá,
notadamente após a criação do Território Federal do
Amapá no ano de 1943. A residência de seus pais ficava
entre o barranco da antiga Praça Euclides
Figueiredo (localizada na parte baixa da residência
governamental, em frente à cidade) - atual Jacy Barata
Jucá,  e a então estreita Rua de Trás, que já
foi Independência e hoje tem o nome de Benedito
Uchôa. Os entendimentos do primeiro Governador com
os negros foi feito através do "Mestre Julião", que na
época tinha 54 anos, para a transferência dos barracos
para uma área mais distante, por trás do "Poço do Mato",
que denominavam "Campos do Laguinho". Houve uma
reação dos negros, pelo fato de terem suas áreas de
terras plantadas de árvores frutíferas e até pequenas
roças, mas houve uma oferta de indenização vantajosa e
o compromisso de o Governador mandar construir casas
confortáveis.
Julião Tomaz Ramos era casado com D.
Januária Simplício Ramos, que lhe deu 6 filhos: Felícia
Amália Ramos, Alípio de Assunção Ramos, Apolinário
Libório Ramos, Benedita Guilhermina Ramos e Joaquim
Miguel Ramos. Foi servidor público municipal,
encarregado de zelar pelo Campo de Aviação (1º
aeroporto de Macapá, que situava-se no centro da
cidade, área hoje ocupada pela Av. FAB). Formou,
com Raimundo Ladislau, a dupla de maior expressão no
rnarabaixo, tendo Raimundo como compositor
e Julião como cantador.
Mestre Julião Tomaz Ramos morreu em Macapá, em 24
de junho de 1958, aos 78 anos de idade.
(Fonte: Livro Personagens Ilustres do Amapá Vol. I, de Coaracy Barbosa
- edição 1997)
Matéria devidamente revista e atualizada em 05 de junho de 2020.
às quarta-feira, maio 11, 2011   
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Marcadores: fotos antigas, Macapá antiga, Memórias, Pioneiros
Local: Macapá, AP, Brasil

(Foto: Reprodução/Arquivo, Tom D.C.)


O primeiro foco de povoamento essencialmente para o Amapá, com inclusão do negro,
aconteceu a partir de 1771, quando cerca de 114 famílias de colonos lusos oriundos da
costa africana, em decorrência de conflitos político-religiosos gerados entre portugueses e
mulçumanos, foram transferidas, juntamente com seus escravos, para Nova Mazagão,
atual município de Mazagão.  
Da herança colonial, surgiram diversas vilas, principalmente nos municípios de Mazagão,
Macapá, Santana e Calçoene, sendo a base da economia desses lugares a agricultura e a
criação de animais para a subsistência.

Comunidades Negras: Memória, Mito e História

Curiaú
A comunidade do Curiaú situada ao norte da
cidade de Macapá tem sua população formada predominantemente por negros
descendentes de escravos. Trata-se de uma comunidade constituída por dois pequenos
núcleos populacionais denominados Curiaú de Dentro e Curiaú de Fora, separados por
uma distância de 1 Km.
A origem histórica da comunidade do Curiaú tem sido alvo de controvérsias por parte de
historiadores, sociólogos e outros profissionais que arriscam um conhecimento sobre o
sentido originário da vila e seus habitantes.

Para alguns pesquisadores, o Curiaú é apresentado como sendo um quilombo formado a


partir da oposição dos negros ao trabalho escravo por ocasião da construção da Fortaleza
de São José de Macapá (1764-1782).

Mas o fato é que sobre a origem do Curiaú, pode-se concluir que a definição desse
povoado como um quilombo começa a partir da legítima resistência dos negros ao trabalho
escravo na construção da fortificação portuguesa.

Bairro do Laguinho

Segundo a tradição, o local era conhecido como "Poço da Boa Hora", onde morava um
senhor descendente de escravos. Nas horas do meio-dia e das seis da tarde ninguém se
atrevia a passar pelo local, pois esse senhor fazia malvadezas. A referência do nome do
morador (Pretinho) está na obra de Fernando Canto "Telas e Quintais".  Até os dias de
hoje não se sabe ao certo o local exato onde ficaria localizado o tal "Poço da Boa Hora".

O primeiro governador do então Território do Amapá, capitão Janary Nunes, depois de


instalar seu governo, desejando a expansão urbana de Macapá e de áreas nobres para
construir edificações públicas e residências para o funcionalismo e também para a própria
residência governamental, entrou em contato com os moradores da praça Barão do Rio
Branco, a fim de convencê-los a aceitar uma transferência de local.

Com a ajuda do líder, Mestre Julião (Julião Tomás Ramos), os moradores da praça
formavam uma comunidade negra chamada vila Santa Engrácia. Esta vila era o local onde
se manifestavam as tradições folclóricas amapaenses.
Os membros da comunidade aceitaram a proposta de Janary Nunes e tiveram suas
residências transferidas para os campos do Laguinho, onde o governo havia construído
uma série de casas. O local se chamava campo dos Laguinhos porque tinha suas terras
cercadas por  pequenos  lagos.

O Laguinho era limitado, ao norte, pelo antigo campo de aviação onde o cantador de
Marabaixo, Raimundo Ladislau, escreveu estes belos versos, daquele que pode ser
considerado o Hino da Nação Negra do bairro do Laguinho:

"Aonde tu vai, rapaz


Por  estes campos sozinho?
Vou fazer minha morada
Lá nos campos do Laguinho..."

Mais tarde o Laguinho mudou de nome, passando a se chamar Julião Ramos. Após um
plebiscito realizado entre a população do bairrro, o local voltou a ser chamado de
Laguinho. Lá se encontra a Escola Estadual General Azevedo Costa, a sede da União dos
Negros do Amapá, além da Praça Julião Ramos.

Bairro do Goiabal

Outra referência para as comunidades negras do Amapá é a Lagoa dos Índios, que está
presente na memória dos mais antigos como lugar de origem de alguns de seus
descendentes. Localizada próxima à área urbana de Macapá, com acesso  pela rodovia
Duque de Caxias, a Lagoa dos Índios dá nome à comunidade remanescente de quilombo,
que é tão antiga quanto à do Curiaú. O lugar  que veio ser habitado  pela comunidade
negra foi inicialmente povoado por grupos indígenas; daí o nome “Lagoa dos Índios”. Pelos
relatos dos moradores mais antigos, é possível identificar que a presença de negros
oriundos da escravidão na área ocorreu mais fortemente a partir da primeira metade do
século XIX.

A partir dos anos de 1980, com o aumento significativo da entrada de pessoas que não
faziam parte da comunidade quilombola e com a instalação de uma fábrica de
beneficiamento de goiaba (atualmente desativada), parte da área recebe o nome de bairro
do Goiabal.

Apesar do conflito e do parcelamento de seu território, a comunidade do Goiabal resiste e


possui um patrimônio cultural específico. Sua história é constitutiva da história de diversas
outras comunidades, seja através do Seu Chico da Lagoa, que faz a ladainha em diversas
comunidades, seja pelo grupo de Marabaixo, que se apresenta nas festas de santos e em
outros eventos.

O Marabaixo: A dança típica do Amapá

Murta, festeiro, ladrão, assim nasce uma


tradição. Uma forma de esquecer a tristeza e a dor. Um povo africano uma cultura criou. O
Marabaixo é uma dança que faz parte da história e cultura do Amapá. Resgata a auto-
estima do povo negro. Nasceu da saudade, da distância e do isolamento vivido pelos
africanos que por volta de 1771 chegaram ao Amapá para povoar uma vila programada,
hoje conhecida como Mazagão Velho.

Carregado de gingado, o Marabaixo surgiu quando


em uma viagem um poeta negro que vinha doente faleceu. Não havendo como enterrá-lo,
seus companheiros resolveram jogar seu corpo ao mar abaixo, pois de acordo com a
crença africana o mar era bento e o corpo do poeta estaria agasalhado e protegido.
Seguindo viagem para o Brasil, prometeram que quando avistassem terra firme fariam
uma homenagem ao companheiro morto.

Em terra, fizeram uma batucada com um instrumento chamado caixa e se despediram do


poeta cantando e dançando. A partir daí a dança foi batizada de Marabaixo e passou a
fazer parte das manifestações folclóricas do povo amapaense que homenageia ao Divino
Espírito Santo e a Santíssima Trindade dos Inocentes.
O Ciclo do Marabaixo é realizado em quatro locais
em Macapá, dois na Favela, antigo Santa Rita, e dois no Laguinho, que são bairros
tradicionais, inicialmente povoados por negros. Nos últimos anos a comunidade de
Campina Grande, zona rural de Macapá, também realiza as homenagens.

Grandes nomes da cultura negra do Amapá

É inestimável a contribuição da população negra para o


desenvolvimento do Amapá. Grandes nomes dessa gente trabalhadora que fizeram e
continuam fazendo parte da cultura e da historia de nosso Estado, nos remete à Tia Biló,
ao Sacaca, ao Mestre Pavão, ao Mestre Julião Ramos, à Tia Zefa, Tia Chiquinha, Tia Luci,
Maria Libório do Marabaixo, Mãe Luzia, Verônica dos Tambores, cantor Zé Miguel entre
outras tantas importantes personalidades.
NOSSA REVERÊNCIA

Mestre Ladislau e Mestre Julião


Ramos, tocando

Mestre Ladislau e Mestre Julião


Ramos, tocando a caixa (1948).

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