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Artigo Técnico

CONSTRUÇÃO MODULAR – A ESTRUTURA


DO MÓDULO
Autor: Felipe Savassi Coautores: Rosane Bevilaqua
Carolina Ponce
Humberto Resende

1 ESTRUTURA DO MÓDULO

A execução das estruturas dos módulos off-site é feita simultaneamente à execução das
fundações, sendo esta a etapa com maior quantidade de atividades e insumos envolvidos.
Isso se deve ao nível de acabamento dos módulos - que chega a 80% - de conclusão de
acabamentos estruturais, elétricos, hidráulicos, revestimentos e acabamentos. (O’BRIAN
et al., 2000; KAWECKI, 2010; KAMALI e HEWAGE, 2016).

1.1 Chassi

Uma das etapas fundamentais de uma construção modular é a estrutura de sustentação


dos módulos, também chamada de frame ou chassi.

A esta estrutura, formada por vigas e pilares, serão conectados os demais elementos e
subsistemas que compõem um módulo.

Fonte: Rosane Bevilaqua

Podemos fazer um paralelo entre a estrutura de um módulo e o chassi de um veículo na


indústria automotiva. Assim como na produção de um veículo, na construção modular é
possível se trabalhar com diversos materiais e sistemas construtivos, que podem ou não
ser produzidos no mesmo local onde os módulos são fabricados. Independentemente
dessa condição, o chassi é a peça fundamental do sistema, pois nele são conectados
todos os sistemas, como lajes, vedações, sistemas prediais... Assim, o chassi precisa ser
extremamente preciso, leve e resistente.
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Chassi em aço produzido na fábrica. Fonte: Brasil ao Cubo (2019)

Por este motivo, o material com maior utilização para a estruturação dos módulos é o aço. Perfis
metálicos são leves, permitem uma industrialização totalmente off-site e 100% a seco.
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Além disso, o aço é um material que permite um excelente aproveitamento em ambiente de fábrica,
reduzindo as perdas de materiais no processo produtivo. A capacidade de resistir a altos
carregamentos com seções reduzidas é outro ponto importante a se considerar quando é feita a
escolha do material para o chassi. Peças de dimensões reduzidas consomem menos material e
ampliam a área útil da edificação, além de facilitar o processo de logística, içamento e acoplamento
dos módulos no canteiro, uma vez que, como já dito anteriormente, o peso dos módulos é fator crítico
na construção modular em função das capacidades de içamento dos equipamentos – fator ainda mais
importante quando se trata de construção modular de múltiplos pavimentos.

A fabricação do chassi é um processo que pode ou não ser executado dentro da fábrica de construção
modular. As peças em aço são dimensionadas por um engenheiro estrutural a partir das demandas do
projeto de arquitetura. Uma vez definida a qualidade do aço e a seção transversal das peças, é hora de
criar o projeto de fabricação, no qual todas as peças, ligações e conexões serão detalhadas para
posterior beneficiamento. Depois de cortadas, furadas e pintadas, as peças são unidas formando o
frame estrutural, ou chassi.
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Modelo em BIM de um chassi em aço. Fonte: CMC módulos

Deve-se dar atenção especial aos nós, ou conexões entre os módulos, pois é através dessas
ligações que os esforços serão transmitidos de um módulo para outro e, posteriormente, às
fundações, garantindo a estabilidade dos módulos individualmente e também da edificação
como um todo.

O material mais comumente utilizado nas construções modulares brasileiras é o perfil


estrutural, também conhecido como perfil W, pela sua facilidade de aquisição e simplicidade

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das conexões, além do excelente desempenho na função de vigas e pilares.

Após a montagem dos perfis metálicos, o módulo já ganha o formato 3D, seguindo para a
inspeção da estrutura com relação a prumos, nivelamento, esquadros soldas e/ou parafusos. A
próxima atividade é executar a proteção da estrutura contra a corrosão, (quando necessário) e,
assim, finalizar o chassi metálico

1.2 Lajes/Coberturas

Após a finalização do chassi, inicia-se a atividade de laje e cobertura. Para a execução das lajes,
o material mais utilizado é o painel tipo Wall (chapa compósita de madeira e/ou fibrocimento).
As placas são parafusadas nas estruturas de sustentação (geralmente compostas por vigas
metálicas com espaçamento predeterminado). Este tipo de painel de piso tem a característica
de baixo peso, além de proporcionar uma construção a seco. É possível utilizar diferentes
materiais para a composição das lajes, inclusive lajes úmidas como steel deck ou mesmo lajes
pré-fabricadas de concreto. Nesses caso, deve-se atentar para o aumento do peso dos
módulos causado pelas lajes úmidas.

Com relação à cobertura, é comum se utilizar telhas termopainéis de PIR e telhas sanduíches
com EPS fixadas em uma estrutura secundária formada usualmente por terças em aço.
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1.3 Fechamentos Internos/Externos

Nesta etapa são realizadas as atividades relativas aos serviços e aos trabalhos internos. Iniciam-se
pela execução dos fechamentos internos, divididos em duas fases. Isso é feito para evitar rasgos em
paredes para as instalações. Uma vez terminada a primeira fase do fechamento, que é seguida pela
execução e pelo teste das instalações, passa-se para a segunda fase, finalizando as paredes internas e
externas.

O sistema mais utilizado na construção modular é a combinação de drywall + OSB. Essas vedações são
compostas por um frame em aço leve, que é fixado sobre o chassi, como mostra a figura abaixo.

Fonte: Amarco Au http://amarco.com.au/wp-content/uploads/2015/08/Building-Design-using-Modules.pdf


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Fonte: Avelox - http://www.avelox.com.br/


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Vale ressaltar que os materiais utilizados nas vedações de uma construção modular são
amplamente conhecidos e testados nos mercados brasileiro e internacional e são devidamente
testados para o atendimento da norma de desempenho. Esses sistemas permitem que sejam
executados sobre eles os mais diversos tipos de acabamento, a depender da definição do
projeto de arquitetura e disponibilidade de materiais locais.

No detalhamento as vedações, já serão embutidos os sistemas elétrico e hidráulico, evitando


retrabalhos e garantindo a perfeita compatibilização entre os sistemas.

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Compatibilização das vedações com os sistemas complementares. Fonte: CMC modular

Com a finalização das vedações, são instaladas as esquadrias e os revestimentos internos e


externos. Para essa atividade existem projetos que planejam a paginação dos revestimentos,
permitindo o encaixe de peças inteiras na junção de módulos, para que não haja recortes no
meio de cômodos, por exemplo. Como os módulos são transportados individualmente, todas as
peças são posicionadas de forma a garantir essa paginação, mas aquelas situadas no espaço
da junção não são executadas em fábrica, e sim no canteiro. Finalizados os revestimentos, são
executadas as atividades de acabamento (instalação de louças, metais, pedras, etc).

Ao fim dessa etapa, encerra-se a produção dos módulos em fábrica e eles ficam prontos para o
transporte.

2 Montagem ou Acoplamento

Esta etapa se inicia imediatamente após o recebimento dos módulos em seu local de
instalação. Os módulos são transportados da fábrica para o canteiro, onde são içados e
posicionados na localização exata de acordo com o projeto. Para essa movimentação,
normalmente são utilizados guindastes ou caminhões munck. Este içamento pode ser feito
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através de olhais fixados na parte superior dos módulos, como também pode ser feita através de
cintas passadas no piso de cada módulo com uso de barras estabilizadoras ou balancim.

Após o içamento, os módulos são posicionados conforme sua localização no projeto. Em seguida é
feito o seu nivelamento e sua fixação com parafusos, conforme projeto específico.

O planejamento da etapa de içamento é chamado de Plano de Rigging e tem como principal finalidade
simular a operação de movimentação de carga por meio do estudo do içamento, dos equipamentos e
acessórios utilizados, das condições do solo e da influência do vento na operação,

2.1 Instalações

Após feita a acoplagem dos módulos, iniciam-se as conexões hidráulicas e elétricas. As instalações
elétricas são fabricadas já com conectores (também conhecidos como chicotes) e chegam à obra para
apenas serem feitas as conexões, conforme imagem abaixo.

Os quadros elétricos são ligados com a energia local, de acordo com o quadro abaixo:
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Foto - Quadro de Junção entre Módulos Foto - Montagem quadro elétrico


do quadro elétrico
O Autor autor
Próprio O Autor autor
Próprio

Além disso, é nessa etapa que as junções entre módulos recebem tratamentos, ou seja, atividades de
vedação térmica, acústica e de impermeabilização. Após essa atividade, calhas e rufos são instalados
para garantir o escoamento adequado da água.

Para finalizar a etapa de instalação e, consequentemente, o processo executivo modular, são


executadas eventuais atividades não realizadas em fábrica, como alguns revestimentos externos,
acabamentos elétricos (geralmente luminárias), instalação de louças, metais, marcenaria e
marmoraria. Além disso, também são executados reparos de eventuais danos causados aos
acabamentos do módulo durante a etapa de transporte, como reparos de pintura e de trincas de gesso.
Por último, são conferidas as atividades desenvolvidas em canteiro.
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3 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO/MONTAGEM

Nos últimos 30 anos, a produção enxuta é estudada e introduzida em vários locais de trabalho,
independentemente do local ou escala industrial. O trabalho padronizado é considerado a
espinha dorsal dos processos enxutos e a base para a melhoria contínua e a qualidade. Se um
processo está sempre mudando, qualquer esforço de melhoria apenas cria mais uma variação,
que é ocasionalmente usada e quase sempre ignorada.

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Fonte: EMP Engenharia

3.1 Fabricação de Módulos em Aço

Há várias formas de fabricação industrial de módulos em aço, sendo o mais importante. Para
que isso aconteça, um layout bem desenvolvido é de suma importância. Também a implantação
de automação de processos aumenta significativamente as operações de fabricação. Ao se
escolher a melhor forma de produção, deve-se levar em conta o equilíbrio de aumento de
produtividade e o valor de capital investido, juntamente com a flexibilidade do projeto para
atender ao mercado pretendido.
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Fonte: Mckinsey & Company - Capital Projects & Infrastructures

3.2 Instalação

Pontos de elevação dos módulos em aço


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Fonte: Innovate Steel Org.

Outra vantagem do sistema modular é que, ao final da linha de montagem, toda a edificação pode ser
temporariamente montada na fábrica. Essa pré-montagem garante que os sistemas e acabamentos
sejam devidamente coordenados e se alinhem sem problemas quando montados no local final, além
de permitir que o proprietário, o arquiteto e os demais profissionais envolvidos no projeto tenham a
oportunidade de realizar um passo a passo preliminar para resolver quaisquer problemas, bem como
inspeções e testes.

As duas formas mais comuns de contratação de uma obra modular:


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1. Solução turnkey - a fábrica faz todo o trabalho, desde a fabricação dos módulos, obra civil no
terreno (fundação, infraestrutura elétrica e hidrossanitária, fechamentos, etc), instalação,
acabamento e entrega da obra pronta com chave na mão.
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2. Solução mista - a fábrica fica responsável por produzir e instalar os módulos; a parte civil da
obra é feita por uma construtora.

4 DURABILIDADE E MANUTENÇÃO

Assim como qualquer outra edificação brasileira, a construção modular deve seguir as
diretrizes da NBR 15757, que define que a vida útil do projeto deve ser no mínimo de um ciclo de
50 anos. Ao contrário do que muitos podem pensar, a construção modular não possui uma
durabilidade menor do que outros sistemas construtivos. Na verdade, o ciclo de vida de uma
edificação modular pode até ser mais longo, já que podemos considerar a possibilidade de
reutilização de edificações em amplo uso – até se for necessário o deslocamento da
construção para outro terreno.

Porém é necessário que se preste atenção sobre alguns pontos desde o processo de design e
concepção do projeto. Um planejamento cuidadoso que aborda aspectos como a expectativa
de uso do edifício e as possíveis necessidades de manutenção é extremamente necessário
para essa tipologia construtiva. Isso porque é possível prever que a manutenção de um edifício
seja feita de maneira limpa, rápida e sem grandes intervenções, com acessos e possíveis
modificações previstas na etapa de concepção.

Entender que é na concepção de um projeto que podemos garantir um ciclo de vida mais longo
ou não para a nossa edificação é um ponto crucial para evitar não só gastos e desperdícios,
mas também uma eficiência maior da edificação e do processo de construção.

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CASES:
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Fonte: Danny Foster & Architecture


Projeto: Modular AC Hotel Nomad - Rede Marriot
Arquitetos: Danny Foster & Architecture
Executora / Montadora: Skystone, Epstein & DMD Modular
Área: 9.300 m²
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Localização: Nova York


Ano: 2018
Tipologia de Uso: Hotelaria
Descrição do Arquiteto: Esqueça os sobrados. Uma torre modular não tem que parecer caixas
empilhadas ou dormitórios flutuantes no céu. O fato simples é que hotéis substanciais requerem
simetria duplicada e eficiência operacional; a construção modular - eficiente em termos de custos e
com controle de qualidade - atende perfeitamente a essas necessidades. No projeto da Danny
Foster & Architecture para este Manhattan Modular AC Hotel by Marriott, a consistência de alta
qualidade alia-se à expressão arquitetônica inovadora, com uma sofisticada estratégia de varanda,
que coloca em cheque o estigma do sobrado barato pré-fabricado. Isto é o que pode ser chamado de
modular, expresso no hotel modular mais alto dos Estados Unidos.
A planta baixa do DF&A, inclinada, mas hipersimétrica, aproveita todas as eficiências que se obtêm
ao se construir em uma fábrica. O design ainda permite variações - King, Queen/Queen, ADA-
Compliant e Connecting Rooms -, mas com larguras consistentes de compartimento e detalhes
prototípicos que capturam grandes economias de custo. E com uma fachada que captura o olhar.

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Ao utilizar matéria-prima reciclada na confecção deste
folder, contribuímos com o desenvolvimento sustentável
da sociedade. “Reciclamos sem fim” é uma iniciativa que
nos mobiliza e está presente em nosso dia a dia.
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