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Óptica Geométrica

Parte III – Óptica Geométrica


Tópico 1 – Fundamentos da óptica
Tópico 2 – Reflexão da Luz
Tópico 3 – Refração da Luz
Tópico 4 – Lentes esféricas
Tópico 5 – Instrumentos ópticos e óptica
da visão.

Professor Guilherme S. Kaeser


Formado em Física (Licenciatura) – UFMG Especialização
em Ensino de Ciências e Gestão em sala de aula. - UFMG
Propriedades da Luz
Óptica é a parte da Física que estuda a luz e os fenômenos
luminosos. Seu desenvolvimento se deu a partir da publicação
da Teoria Corpuscular da Luz, por Isaac Newton, teoria que
admitia que a luz era
formada por um feixe
de partículas.
Define-se luz como
sendo o agente
físico que sensibiliza
nossos órgãos
visuais.

Luz → não é onda nem partícula. Ela se constitui de fótons,


partículas cujo comportamento tem natureza ondulatória.
1. A Luz é uma onda eletromagnética e sua velocidade no
vácuo é de aproximadamente 3,0 x 105 km/s ou 3,0 x 108 m/s.

1 ano luz = Distância percorrida pela luz no vácuo no período de


1 ano.
2. Em meios homogêneos e transparentes a Luz se propaga
em linha reta.
Por que as estrelas cintilam e os planetas não?
Por estarem muito distantes, não importa o tamanho que tenham, nossos
sentidos as perceberão como pontos no céu, Ou seja, estrelas são
visualmente objetos muito menores do que os planetas. Assim, o feixe de
luz que chega aos nossos olhos é muito estreito. E como esse feixe passa
por uma atmosfera turbulenta, a posição que ele ocupa em nossa retina
varia gerando um “pisca-pisca”.

Já os planetas, estão muito mais próximos. Por menores que sejam, nossos
sentidos não os registram como pontos, mas sim como diminutos discos. O
feixe de luz também é refratado várias vezes por nossa atmosfera, mas
justamente por se tratar de um feixe mais largo, a área que ele atinge na
retina permanece virtualmente a mesma. O cérebro interpreta isso como um
brilho constante, sem “pisca-pisca”.
3. Princípio da independência
Um raio de luz se propaga independentemente dos demais.
No encontro há uma superposição, após o cruzamento os
raios continuam a se propagar como se nada tivesse
acontecido. Fato semelhante ao encontro de dois pulsos
formados em uma corda que viajam em sentidos opostos.
4. Principio da Reversibilidade
Esse princípio diz que a trajetória seguida pelo raio de luz, em
um sentido, é a mesma trajetória quando o raio de luz troca o
sentido de percurso.

Por exemplo, é em razão desse princípio que o motorista de


um automóvel pode ver um passageiro que está sentado no
banco de trás do carro e o passageiro pode ver o motorista
utilizando o mesmo espelho.
Raios de Luz
São linhas que representam a direção e o sentido de
propagação da luz. A ideia de raios de luz é puramente
teórica, e tem como objetivo facilitar o estudo.

Um conjunto de raios de luz, que possui uma abertura


relativamente pequena entre os raios, é chamado de Pincel
Luminoso.

O conjunto de raios luminosos, cuja abertura entre os raios é


relativamente grande, é chamado Feixe Luminoso.

Os Feixes Luminosos ou os Pincéis Luminosos podem ser


classificados em:
Fontes de Luz
Se as dimensões de uma fonte de luz forem desprezíveis, isto é,
se puder ser representada graficamente por um ponto, a fonte é
considerada pontual. Se isso não é possível, a fonte é extensa.
Esse conceito é relativo: a mesma fonte pode ser considerada
extensa ou pontual, dependendo das dimensões envolvidas na
situação.
Formação das Sombras
A formação da sombra, entendida como a formação de uma região
destituída de luz, é uma consequência do princípio de propagação retilínea
da luz.
Isso ocorre porque a luz ao encontrar o objeto será impedida de prosseguir,
produzindo uma região na qual não existe luz (a sombra). Os demais raios ao
se propagarem pelo espaço em linha reta atingirão o piso ou outro objeto
criando regiões iluminadas e regiões destituídas de luz (onde existe sombra).
Se a fonte de luz for extensa (não for puntiforme), o caso mais comum, então
teremos regiões não atingidas pelos raios luminosos (regiões de sombra) e regiões
atingidas por alguns raios luminosos (mas não todos). Essas regiões, de diferentes
graduações em função da quantidade de luz, são as regiões de penumbra.
Câmara Escura
Uma câmara escura de orifício consiste em um equipamento
formado por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo
que no meio de uma das faces existe um pequeno orifício.
Ao colocar-se um objeto, de tamanho o, de frente para o orifício,
a uma distância p, nota-se que uma imagem refletida, de
tamanho i, aparece na face oposta da caixa, a uma distância p',
mas de forma invertida. Conforme ilustra a figura:
Desta forma, a partir de uma semelhança geométrica pode-se
expressar a seguinte equação:

H h
=
D d
Exemplos:
1. [FEI] Uma câmara escura de orifício fornece a imagem de
um prédio, o qual se apresenta com altura de 5 cm.
Aumentando-se de 100 m a distância do prédio à câmara, a
imagem se reduz para 4 cm de altura. Qual é a distância
entre o prédio e a câmara, na primeira posição?
a) 100 m
b) 200 m
c) 300 m
d) 400 m
e) 500 m
Reflexão da luz
Quando a luz incide em uma superfície verifica-se que ela
pode ser refletida, voltando a se propagar no meio original.
Na maioria das vezes esta reflexão é difusa: o feixe refletido
não é bem definido.
Se o feixe incidente encontra uma superfície bem lisa e
polida, o feixe refletido será bem definido, e a reflexão é
chamada de especular.

A característica mais importante


da reflexão da luz é tornar
iluminado qualquer corpo,
transformando-o em fonte de
luz.
Leis da Reflexão
Quando um feixe de luz incide em uma superfície ele sofre
reflexão (difusa ou especular).
As leis da reflexão da luz, válidas para qualquer superfície, são
as mesmas de qualquer propagação ondulatória:
1. O raio incidente, o raio refletido e a reta normal à superfície, no ponto
de incidência, são coplanares;
2. O ângulo de reflexão (r ou î) é igual ao ângulo de incidência (î ou r).
Formação de imagem no espelho plano

Os espelhos são
superfícies
polidas que
produzem
reflexão regular.
A forma
geométrica da
superfície
determina as
propriedades do
espelho.
Características da imagem conjugada:
➢ A distância entre o objeto (Do) e o espelho, é
igual à distância da imagem (Di) ao espelho:
Do = Di.

➢ A imagem é virtual, ou seja, formada pelos


prolongamentos dos raios refletidos pelo espelho.

Conjugar → “unir ou ligar juntamente”. A imagem


não é produzida, fornecida, criada nem gerada
pelo espelho. A imagem existe porque existe o
objeto e existe o espelho. E o espelho conjuga
um com o outro.
Campo Visual do espelho plano
objeto

campo visual
d

imagem

A região entre os raios refletidos nos extremos do espelho


é a região do campo visual do observador O.
Ao olhar para a superfície refletora de um espelho, um
observador O vê, por reflexão, uma certa região do
espaço. Esta região é chamada campo visual do
espelho, em relação ao observador O. O campo visual
depende das dimensões do espelho e da posição do
observador.

Para se obter o
campo visual deve-se
determinar a imagem
O’ do olho do
observador e unir
O’ com os extremos
do espelho.
Características das imagens formadas
pelos espelhos planos
➢ Virtual: formada pelo prolongamento dos
raios refletidos (formada “dentro do espelho”);
➢ Direita (ou direta): não está de cabeça para
baixo (antônimo: invertida);
➢ Igual: é do mesmo tamanho do objeto;
➢ Enantiomorfa: a “direita” vira “esquerda” e
vice-versa.
https://youtu.be/DlDk84OAVuM
https://youtu.be/OZ6XO_Ktw5s
Imagem Formada por Dois espelho
Quando usamos apenas um espelho plano observamos
uma única imagem de cada objeto. Porém se
colocarmos o objeto entre dois espelhos que formam
um ângulo entre si, poderemos notar mais de duas
imagens. O número
de imagens nada mais
é do que o resultado de
sucessivas reflexões nos
dois espelhos, que
aumenta
a medida que o
ângulo entre os
espelhos diminui.
De maneira geral,
podemos utilizar
uma expressão
matemática que
relaciona o
número de
imagens n com o
ângulo entre os
espelhos a.
Exemplo.
1. [UFMG] Uma vela está sobre uma mesa, na frente de um
espelho plano, inclinado, como representado nesta figura:

Assinale a alternativa cujo diagrama representa


CORRETAMENTE a formação da imagem do objeto, nessa
situação.
X
O vendedor de churros havia escolhido um local muito próximo a um poste de
iluminação. Pendurado no interior do carrinho, um lampião aceso melhorava as
condições de iluminação.
Admitindo que o centro de todos os
elementos da figura, exceto as finas
colunas que suportam o telhado do
carrinho, estão no mesmo plano vertical,
considerando apenas as luzes emitidas
diretamente do poste e do lampião e,
tratando-os como os extremos de uma
única fonte extensa de luz, a base do
poste, a lixeira e o banquinho, nessa
ordem, estariam inseridos em regiões
classificáveis como
a) luz, sombra e sombra.
b) luz, penumbra e sombra.
c) luz, penumbra e penumbra.
d) penumbra, sombra e sombra.
e) penumbra, penumbra e penumbra.
Espelhos Esféricos
Espelho esférico é qualquer
superfície ou calota esférica
espelhada. Se a parte
espelhada for interna, o
espelho é côncavo; se for
externa, o espelho é convexo.
Os espelhos esféricos têm
inúmeras aplicações práticas e
tecnológicas, tanto diretas,
como a ampliação da imagem
do nosso rosto ou a
construção de antenas, como
indiretas, na construção de
Côncavo equipamentos ópticos. Convexo
Representação
tridimensional.

Representação
bidimensional, no
plano que contém
o eixo principal.
Elementos importantes dos espelhos esféricos

➢ C → centro de curvatura:
➢centro da esfera que
➢contém a calota esférica;
➢ V → vértice: centro
➢geométrico da calota
➢esférica;
➢ R → raio de curvatura:
➢ raio da calota esférica (distância entre C e V);
➢ s → eixo principal: reta que contém C e V;
➢ → abertura: ângulo contido no plano que contém o eixo
principal, formado pelas semi-retas com origem em C e
extremidades na borda da calota esférica.
Quando um feixe de raios paralelos incide sobre um espelho esférico de
Gauss, paralelamente ao eixo principal, origina um feixe refletido
convergente, nos espelhos côncavos, e um feixe refletido divergente nos
espelhos convexos. Esses raios refletidos ou seus prolongamentos se
encontrarão em um ponto chamado foco principal.

Espelho côncavo Espelho convexo


Se esse feixe for paralelo ao eixo principal, esse ponto
se localiza nesse eixo e é chamado de foco principal ou
simplesmente de foco F, localizado à distância f do
espelho, denominada distância focal.
Para o espelho esférico côncavo, o foco é real; para o
espelho esférico convexo, o foco é virtual.
Dentro das condições de Gauss, para qualquer espelho
esférico de raio de curvatura R, o foco principal está à
distância focal f do vértice desse espelho tal que:

R
f=
2
Raios Notáveis (Espelho Côncavo)
Raios Notáveis (Espelho Convexo)
Formação de imagem no espelho convexo
(Caso único)

Objeto Imagem

Características da imagem formada:


Menor, virtual, direita, entre F e espelho.
Formação de imagem no espelho Côncavo
Objeto a uma distância maior que o raio de Curvatura

Imagem
Objeto

Características da imagem formada:


Menor, Real e Invertida.
Objeto a uma distância Igual ao raio de Curvatura

Objeto

Imagem

Características da imagem formada:


Igual, Real e Invertida.
Objeto entre o centro e o foco do espelho

Objeto

Imagem

Características da imagem formada:


Maior, Real e Invertida.
Objeto no foco principal do espelho
Objeto

Não há formação de imagem


Objeto entre o Foco e o vértice do espelho

Imagem

Objeto

Características da imagem formada:


Maior, Virtual e Direta
EQUAÇÃO DOS PONTOS CONJUGADOS ou
EQUAÇÃO DE GAUSS
1 1 1
 =  '
f Do Di
EQUAÇÃO DO AUMENTO LINEAR TRANSVERSAL ( A )

Grandezas
Do Distância do objeto ao espelho
Di Distância da imagem ao espelho
f Distância focal
Ho Altura do objeto
Hi Altura da Imagem
A Aumento Linear
Convenção de Sinais
Grandeza (+) Positivo (-) Negativo
Do Sempre

Di Imagem Real Imagem Virtual

A Imagem Direita Imagem Invertida

f Espelho Côncavo Espelho Convexo

Tamanho da Imagem

A < 1 Imagem Menor

A = 1 Imagem Igual

A > 1 Imagem Maior


Exemplo 1
Num anteparo a 30 cm de um espelho esférico forma-se a imagem
nítida de um objeto real situado a 10 cm do espelho. Determine:
a) a natureza do espelho;
b) a distância focal e o raio de curvatura do espelho.
Exemplo 2
Um espelho esférico conjuga, de um objeto situado a 30 cm dele, uma
imagem direita três vezes menor que o objeto. Determine:
a) o tipo de espelho;
b) sua distância focal;
c) a distância da imagem ao espelho.
Exemplo 3
No esquema, AB é um objeto real e A’B’ é sua imagem fornecida por
um espelho esférico de eixo principal XX’. Determine graficamente a
posição do espelho, do centro de curvatura e do foco principal.

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