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Prémio Ciência Viva


Montepio Media 1 UAciência UAciência

Coordenação de Armindo Rodrigues Coordenação de Armindo Rodrigues

Ciclones Tropicais 


– Hiperatividade no Atlântico
Autora:
Maria Gabriela Meirelles

A temporada  de ciclones tropicais no


Atlântico continua a surpreender os cientis-
tas, principalmente devido à intensidade e à
frequência dos eventos. Até ao dia 1 de
novembro foram registados 1 furacões, 1
tempestades tropicais e uma tempestade sub-
tropical. Considerando as últimas  tempora-
das (1/), verifica-se que a temporada
 pode considerada histórica, Figura 1.
Ciclone tropical é o termo genérico atribuído
a um sistema de baixa pressão à escala sinó-
tica (dias a semanas), não frontal, que se
origina em águas tropicais ou subtropicais
com convecção organizada e vento ciclónico Figura  – Atividade verificada em número de ciclones tropicais no Atlântico – 1//
à superfície, apresentando uma trajetória de Fonte: Satélite GOES-1 – NOAA. a 1 de setembro
difícil previsão Figura . Aos ciclones tropi- Figura 1 – Número de ciclones tropicais no Atlântico para o período entre
cais estão associados os mais devastadores 1 e novembro de  artigo publicado na Nature (), Kossin refere que, a velo- do o Índice ACE, prevê-se uma probabilidade de % da pre-
desastres naturais, tanto por causa da perda cidade de translação dos ciclones tropicais diminuiu global- sente temporada de furacões ser acima do normal, 1% próxi-
de vidas humanas, como pelas perdas económicas induzi- nidas as condições propícias para que os furacões venham mente em torno de 1%, quando considerado o intervalo mo ao normal e % abaixo do normal. Neste ano de , a
das. A vulnerabilidade a estes fenómenos está sendo agra- ao longo do tempo ganhando mais energia, tornando -se temporal 1-1, possivelmente devido ao aquecimento época dos ciclones tropicais foi iniciada mais cedo com a for-
vada, em parte, pelo aumento da população a viver em mais fortes. Em suma, a intensificação dos fenómenos ocor- global. Compreender a resposta dos ciclones tropicais às mação do “Arthur” a 1 de maio. A Figura  documenta uma
zonas costeiras. Contudo, a probabilidade de ocorrência de re devido ao facto de estarmos a viver em um clima global- mudanças climáticas tornou-se um tópico de grande interes- imagem de satélite gerada pelo GOES-1 da NOAA a 1 de
ciclones tropicais de grande intensidade/furacões no mente mais quente, como resultado da alteração antropogé- se e pesquisa. setembro. No Atlântico havia  sistemas meteorológicos ati-
Atlântico, tornou-se cinco vezes maior nas últimas décadas. nica da composição da atmosfera. Para o período 11-1 ocorreram em média por temporada vos, sendo  furacões (Sally, Paulette e Teddy) e, duas tempes-
Com a temperatura da água do oceano a aumentar em con- O conhecimento da velocidade de translação destes fenóme- 1 ciclones tropicais,  furacões e  furacões de grande inten- tades tropicais; Vicky e Rene.
sequência das alterações climáticas; em média ela já é neste nos é um recurso importante para as medidas de prevenção, sidade. A atividade dos ciclones tropicais de cada temporada A lista com os 1 nomes a serem atribuídos aos ciclones tro-
momento 1, graus superior, em relação ao início do século porque quanto mais lentos os ciclones tropicais se movem, (1 de junho a  de novembro) pode ser avaliada, com base picais nesta época não foi suficiente. Houve a necessidade
XX e como a humidade na atmosfera, também está aumen- maior será o tempo de influência sobre uma determinada nas projeções do Índice ACE (Acumulated Cyclone Energy), o de recorrer ao alfabeto grego para nomear os restantes e, a
tando, devido a uma maior evaporação da água, estão reu- área, resultando em um impacto mais severo. Segundo um qual se baseia na intensidade e na duração de todas as tem- época de furacões no Atlântico ainda não terminou. Até à
pestades nomeadas em cada estação. A  de agosto deste primeira quinzena de novembro já se tinham formado 1
Tempestades tropicais ano, o National Hurricane Center (NHC) divulgou que segun- ciclones tropicais no Atlântico.
e subtropicais: - Kts

Furacões: - Kts


National Hurricane Center (NHC) – Monotorização
dos Ciclones Tropicais na Bacia do Atlântico Norte
Furacões de grande intensi-
dade: maior do que  Kts
Os ciclones tropicais são fenómenos previsão e alerta precoce cada vez
meteorológicos que apresentam diver- mais precisos. Um conhecimento ante-
Depressão, Perturbação
sos riscos associados, como a veloci- cipado da trajetória destes fenómenos
dade do vento, a sobrelevação do mar é de extrema importância, para o
de origem meteorológica (storm estabelecimento de atividades opera-
Figura  – Trajetórias dos ciclones tropicais – Desde 1 no Pacífico e desde 11 no Atlântico Norte surge) e inundações costeiras ou con- cionais adequadas à situação, para sal-
Fonte: National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) tinentais. O NHC fornece serviços de var vidas e bens.

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 de dezembro de   de dezembro de 

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