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Muito temos refletido sobre o comportamento cristão e as redes sociais, levando em

conta as inúmeras mudanças ocorridas no mundo desde que experimentamos uma nova

forma de comunicação por meio de dispositivos móveis e mídias sociais.

Talvez uma pergunta que ecoe na mente da liderança cristã seja: será que a igreja deve

orientar as pessoas em como fazer o uso das redes sociais ou essa deve ser uma decisão

pessoal? 

Tendo em vista os inúmeros casos de exposições negativas e a falta de controle do tempo

gasto em aplicativos sociais, a igreja deve agir como uma prestadora de serviços à

sociedade, promovendo o uso consciente das mídias, neutralizando possíveis danos na

vida das pessoas e que muitas vezes são irreparáveis. 

Há um evento silencioso que acontece incessantemente entre o usuário e as redes sociais,

e que pode gerar muitos estragos se não for levado a sério. É o fascínio por telas. Em

todo lugar há alguém com a cabeça inclinada e seus dedos deslizando na tela de seu

celular, aficionados por algo a mais. 

O único problema é que “os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv. 27.20), e isso

tem levado muitos ao vício da nomofobia, doença mental acarretada pela dependência
do celular. Sem falar de outras consequências que afetam relacionamentos, trabalho,

estudo etc. 

De acordo com os dados apresentados pelo relatório We Are Social da Hootsuite, o

brasileiro passa em média 9 horas ao dia conectado à internet, sendo que, 3 horas e

31 minutos são dedicados às redes sociais. 

As redes sociais afetam a vida espiritual?

E quanto à vida espiritual das pessoas? Será que sobra tempo pra Deus nessa agenda tão

comprometida com as redes sociais? Tony Reinke, em seu livro A Guerra dos

Espetáculos (2020), aponta que esses momentos de intimidade com Deus estão sendo

roubados pela mídia digital e que a culpa da falta de oração certamente não é das mídias,

mas do coração das pessoas.


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“Nas pequenas brechas de tempo em meu dia, com minha atenção

limitada, estou mais pronto a conferir ou alimentar minhas redes sociais

mais do que estou disposto a orar. Por causa da minha negligência, Deus

fica cada vez mais distante da minha vida.” Tony Reinke 

Talvez aqui esteja o ponto mais crítico de todo esse cenário e que merece nossa atenção,

pois o esfriamento espiritual abre uma lacuna enorme para diversas obras da

carne (Gl.5:19-21). É por isso que temos visto tantos cristãos sendo sucumbidos e

ministérios desmoronados. 

Casos chocantes como do pastor africano que cometeu suicídio após ter enviado fotos

íntimas para a amante no grupo de whatsapp da igreja; a cantora gospel que teve um

áudio vazado nas redes sociais por seu namorado revelando sua dependência do uso de

drogas; a filha da pastora famosa que se declarou gay publicamente; o líder de uma

grande igreja pentecostal tendo a sua intimidade exposta por uma garota de programa.
Esses são alguns entre tantos outros casos que temos assistido no camarote e não só

assistimos como colaboramos com a proliferação da triste mensagem até alcançar

o trending topic, ou seja, os tópicos mais comentados da internet. Seria essa uma nova

forma de julgamento conforme escrito em Mateus 7.1? (“Não julgueis, para que não

sejais julgados”).

Como julgamos? julgamos quando compartilhamos a mensagem revelando a queda do

irmão, julgamos quando lotamos o campo de comentários das redes sociais manifestando

nossa repulsa pelo pecado alheio, julgamos quando condenamos as pessoas por seus

atos. 

Ao nos depar com essa triste realidade, não podemos nos omitir. A igreja tem, sim, um

papel importantíssimo na educação cristã das pessoas, incentivando-as ao uso

consciente das mídias e ao exercício do domínio próprio (Gl.5.22). 


Como o cristão deve se comportar nas mídias? 

Não creio que as pessoas que tiveram seus ministérios desmoronados por um vacilo nas

redes sociais fizeram tudo premeditado. Na verdade, elas foram vítimas de seus próprios

pecados, da falta de domínio próprio, de não apertar o botão stop no momento certo. 

Penso que diversos eventos anteriores à queda poderiam ter sido evitados. Lembro de

uma garota que me procurou certo dia para contar uma fraqueza que quase culminou no
fim do seu casamento. Devido a um problema conjugal e à falta de diálogo com o

esposo, ela supria a “falta de carinho” postando fotos suas nas redes sociais. As imagens

refletiam sua carência e necessidade de aprovação. 

Não demorou muito para que um “amigo” começasse a assediá-la e ela foi permitindo

um elogio aqui, um bom dia e boa noite ali e quando menos esperava, lá estava ela

completamente envolvida pelo amigo virtual. 

Aconselhei que colocasse um fim nesse caso e resolvesse com urgência o problema com

o seu esposo. Por pouco, aquele casamento não vai para as estatísticas dos inúmeros

casos de divórcios que ocorrem por infidelidade nas redes sociais. 

A pergunta que fica é: e se ela tivesse rejeitado a primeira mensagem do amigo virtual?

Ou melhor, e se ela não tivesse publicado aquelas fotos revelando a sua vulnerabilidade

no casamento? E se, ao invés de buscar aprovação nas redes sociais ela tivesse

investindo o seu tempo em oração para o Senhor restaurar o seu casamento e em atitudes

para se aproximar do seu marido? Percebe como a queda é uma consequência de uma

série de eventos anteriores?

Como cristãos precisamos ficar atentos, porque o inimigo das nossas almas conhece o

nosso ponto de vulnerabilidade e certamente vai investir toda a sua sagacidade para nos
derrubar. “Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor

ter cuidado para não cair.” I Co. 10.12

Isso não significa que o cristão deve se distanciar das mídias, mas sim usá-la com

sabedoria e para a Glória de Deus. É importante lembrar que as redes sociais podem ser

um instrumento de bênção ou de maldição, vai depender de como cada pessoa faz uso

delas. 

Questões a serem refletidas por qualquer usuário das


redes sociais: 

•Quanto tempo do meu dia gasto olhando vídeos e mensagens em aplicativos como o

whatsapp? Elas são importantes? Precisam ser vistas naquele momento ou posso dedicar

um horário do meu dia só para ver as mensagens? 

•Quando acesso as redes sociais, quanto tempo gasto olhando imagens, vídeos e a vida

do próximo? Será que realmente é necessário acessar a rede social a cada 5 minutos ou

melhor seria definir um horário do dia e um tempo máximo de uso? 

•Com qual finalidade tenho usado as redes sociais? 

•Tenho glorificado a Deus com o que entra e sai do meu celular?


•As minhas postagens nas redes sociais têm transbordado a imagem e semelhança do

Criador ou revelam a minha vulnerabilidade e necessidade de aprovação? 

•Quando estou só, meu olhar é direcionado para conteúdos que preservam uma vida

santa e irrepreensível diante de Deus ou tenho me permitido experimentar conteúdos que

alimentam as obras da carne? 

•E se ao invés de eu gastar a maior parte do meu tempo assistindo vídeos que não

edificam eu passe a criar vídeos com mensagens edificantes e enviar para amigos? 

•E se eu aproveitar o tempo livre para ouvir palestras que edificam minha vida espiritual

e me encorajam a prosseguir na caminhada com Cristo? 

•E se o meu celular for usado como um instrumento para alcançar muitas vidas para

Jesus? 

E para encerrar, lembre-se que todos estamos imersos na era da mídia. Novos tempos e

novos comportamentos precisam ser gerados em nós e através de nós para que nossa

vida espiritual seja preservada e possamos transbordar a vida abundante do Senhor nas

redes sociais e fora delas.

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as

vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mt.5:16

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