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Macroeconomia: Teoria e Prática Simplificada

Book · April 2015

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Micaela Moreira Pinho


REMIT - Portucalense University
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Micaela Moreira Pinho, licenciada em Economia pela Universi-
dade Lusíada do Porto e Doutora em Economia pela Escola de MICAELA
Economia e Gestão da Universidade do Minho. Docente na PINHO
Universidade Portucalense desde 2011 onde leciona as unida-
des curriculares de Microeconomia, Análise Microeconómica de
Mercados e Macroeconomia ao nível dos 1º ciclo de estudos.
Presentemente, leciona também na Universidade de Aveiro. Ao MICAELA PINHO

MACROECONOMIA
longo dos seus 18 anos de ensino, lecionou na Universidade
Lusíada do Porto, no Instituo Português de Administração e Marketing e no Instituto
Superior de Espinho. A sua investigação académica traduzida em revistas nacionais

MACRO
e internacionais é prosseguida na área da Microeconomia aplicada à Economia da
Saúde.

A Macroeconomia é uma área da Economia que estuda o fun-


cionamento da economia em termos globais, nomeadamente, a
inter-relação, em termos agregados, dos agentes económicos inter-
venientes na economia. O seu caráter técnico confere-lhe alguma
complexidade que este manual procura simplificar. A matéria com-
pilada em cinco capítulos é exposta de uma forma sintética e prag-
mática. Os conteúdos de cada capítulo são expostos teoricamente,
ECONOMIA
recorrendo-se sempre que oportuno a representações gráficas
com o intuito de ajudar a visualização e compreensão das maté-
rias. Os conhecimentos teóricos são também testados num vasto Teoria e Prática
conjunto de exercícios resolvidos e propostos.
Esta obra destina-se, sobretudo, a estudantes do 1º ciclo dos
cursos de economia e gestão ou de áreas afins que incluam na
Simplificada
sua estrutura curricular, conhecimentos de macroeconomia. No
entanto e, dado o conteúdo das matérias abordadas, servirá certa-
mente àqueles que prosseguem os estudos ao nível do 2º ciclo.

Simplificada
Teoria e Prática
MACRO
ECONOMIA
Teoria e Prática Simplificada

ISBN 978-972-618-800-1
502

9 789726 188001 EDIÇÕES SÍLABO


Macroeconomia
Teoria e Prática Simplificada

MICAELA PINHO

EDIÇÕES SÍLABO
É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer
forma ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões
serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.

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www.silabo.pt

Editor: Manuel Robalo

FICHA TÉCNICA:
Título: Macroeconomia – Teoria e Prática Simplificada
Autora: Micaela Pinho
© Edições Sílabo, Lda.
Capa: Pedro Mota
1ª Edição – Lisboa, abril de 2015
Impressão e acabamentos: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda.
Depósito Legal: 391394/15
ISBN: 978-972-618-800-1

EDIÇÕES SÍLABO, LDA.


R. Cidade de Manchester, 2
1170-100 Lisboa
Tel.: 218130345
Fax: 218166719
e-mail: silabo@silabo.pt
www.silabo.pt
Índice

Prefácio 11

Capítulo 1
Estudo da Macroeconomia
1. Objetivos da macroeconomia 15
1.1. Crescimento económico – medição do produto 15
1.1.1. Produto interno bruto (PIB) 15
1.1.2. Produto nacional bruto (PNB) 15
1.1.3. Produto potencial 15
1.1.4. Produto efetivo 16
1.1.5. Produto interno bruto nominal 17
1.1.6. Produto interno bruto real 17
1.1.7. Taxas crescimento anual/global 18
1.1.8. Taxas crescimento anual/global médias 19

1.2. Estabilidade dos preços 20


1.2.1. Índice de preços no consumidor ou índice de Laspeyres 22
1.2.2. Deflator do PIB ou índice de Paasche 22

1.3. Pleno emprego 23


1.4. Fomento do comércio internacional 24
1.4.1. Balança de pagamentos 24
1.4.2. Taxa de câmbio 28

2. Políticas macroeconómicas 29
2.1. Política orçamental ou fiscal 29
2.2. Política monetária 29
2.3. Política cambial 30

3. Exercícios resolvidos 30
4. Exercícios propostos 50
5. Questões de escolha múltipla 55
Soluções exercícios propostos 58
Soluções das questões escolha múltipla 59

Capítulo 2
Contabilidade Nacional
1. Agentes económicos e suas inter-relações 63
1.1. Famílias 63
1.2. Empresas 64
1.3. Estado 64
1.4. Exterior 64
1.5. Instituições financeiras 64

2. Agregados macroeconómicos 65
2.1. Amortizações (A ) 65
2.2. Balança rendimentos ou rendimentos líquidos do exterior (RLE) 66
2.3. Impostos indiretos líquidos (Ti – Z) 66

3. Óticas de cálculo do produto 67


3.1. Ótica da produção 67
3.2. Ótica do rendimento 68
3.3. Ótica da despesa 69

4. Outras identidades 71
4.1. Rendimento disponível das famílias (Rdf) 72
4.2. Saldo orçamental (SO) ou poupança do governo (Sg) 72
4.3. Poupança interna (Sint ) 73
4.4. Rendimento disponível bruto da nação (RDBN) 74

5. Contabilização por contas consolidadas dos agentes 74


5.1. Conta consolidada das famílias 75
5.2. Conta consolidada das empresas 76
5.3. Conta consolidada do Estado 76
5.4. Conta consolidada do exterior 76
5.5. Conta consolidada das instituições financeiras – operações capital 77

6. Exercícios resolvidos 77
7. Exercícios propostos 93
8. Questões de escolha múltipla 99
Soluções exercícios propostos 101
Soluções das questões escolha múltipla 102

Capítulo 3
Teoria Keynesiana – Modelos de Keynes
1. Modelo clássico – abordagem sintética 105
1.1. Função produção global 106
1.2. Mercado trabalho 106
1.3. Mercado de capitais 109
1.4. Conclusões modelo clássico 111

2. Modelos de Keynes 111


2.1. Modelo simples de Keynes – famílias e empresas 114
2.1.1. Função consumo das famílias 114
2.1.2. Função poupança das famílias 116
2.1.3. Função investimento 117
2.1.4. Forma reduzida do modelo simples 118
2.1.5. Modelo alternativo 120
2.1.6. Multiplicadores 121

2.2. Modelo de Keynes com introdução do governo 122


2.2.1. Gastos públicos 122
2.2.2. Função imposto 122
2.2.3. Transferências governamentais 123
2.2.4. Forma reduzida do modelo com governo 123
2.2.5. Multiplicadores 125

2.3. Modelo completo de Keynes 128


2.3.1. Exportações 128
2.3.2. Função importação 128
2.3.3. Forma reduzida do modelo completo 129
2.3.4. Multiplicadores 131

3. Exercícios resolvidos 135


4. Exercícios propostos 159
5. Questões de escolha múltipla 165

Soluções exercícios propostos teoria Keynes 168


Soluções das questões escolha múltipla 169
Capítulo 4
Modelo IS-LM – Equilíbrio Interno
1. Mercado de bens e serviços – Modelo IS 173
1.1. Pontos fora da curva IS 177
1.2. Deslocação da curva IS versus deslocações sobre a própria curva IS 179

2. Mercado monetário 180


2.1. Procura de moeda 181
2.2. Oferta de moeda – Ms 183
2.2.1. Agregados monetários 183
2.2.2. Multiplicador monetário 183
2.2.3. Mecanismos de controlo da oferta de moeda 185

3. Modelo LM 187
3.1. Pontos fora da curva LM 189
3.2. Deslocação da curva LM versus deslocações sobre a própria curva LM 190

4. Equilíbrio simultâneo do mercado de bens e serviços e monetário – IS-LM 191


4.1. Multiplicadores do modelo IS-LM 192
4.2. Política orçamental/fiscal no modelo IS-LM 192
4.2.1. Política orçamental/fiscal expansionista 192
4.2.2. Política orçamental/fiscal contracionista 194

4.3. Política monetária no modelo IS-LM 195


4.3.1. Política monetária expansionista 195
4.3.2. Política monetária contracionista 196

4.4. Combinação de políticas no modelo IS-LM 197


4.5. «Casos extremos» de IS e LM 199
4.5.1. Curva IS horizontal → b = ∞ 199
4.5.2. Curva IS vertical → b = 0 200
4.5.3. Curva LM horizontal → h = ∞ → armadilha da liquidez 202
4.5.4. Curva LM vertical → h = 0 → caso clássico 203

5. Exercícios resolvidos 205


6. Exercícios propostos 240
7. Questões de escolha múltipla 248

Soluções exercícios propostos IS-LM 250


Soluções das questões escolha múltipla 251
Capítulo 5
Equilíbrio Global: Procura e Oferta Agregadas
1. Procura agregada 255
1.1. Determinantes da procura agregada 257
1.2. Deslocação sobre a procura agregada versus deslocações
de toda a procura agregada 257

2. Oferta agregada 258


2.1. Determinantes da oferta agregada 259
2.2. Tipologias da oferta agregada 259
2.2.1. Análise de curto prazo 259
2.2.2. Análise de longo prazo 260
2.2.3. Análise de médio prazo 260

2.3. Deslocação sobre a oferta agregada versus deslocações


de toda a oferta agregada 261

3. Equilíbrio global 262


4. Alterações ao equilíbrio global provocadas pelas autoridades económicas 262
4.1. Variações da procura agregada: política orçamental
e/ou política monetária 262
4.1.1. Consequências a curto prazo: AS horizontal 263
4.1.2. Consequências a médio prazo: AS ascendente 263
4.1.3. Consequências a longo prazo: AS vertical 264

4.2. Políticas regulamentares favoráveis (desfavoráveis) aos empresários 266

5. Alterações ao equilíbrio global devido a fatores exógenos 266


5.1. Choques positivos e negativos da procura agregada 266
5.2. Choques positivos e negativos da oferta agregada 266

6. Exercícios resolvidos 268


7. Exercícios propostos 275
8. Questões escolha múltipla 277

Soluções exercícios propostos 280


Soluções das questões escolha múltipla 280

Bibliografia 281
Prefácio

A redação deste manual surgiu como decorrência da minha experiência de lecio-


nação da unidade curricular de macroeconomia no decurso dos últimos 18 anos aos
cursos de economia e gestão. Um conjunto vasto de material acumulado ao longo
destes anos e a crescente convicção da dificuldade sentida pelos estudantes em
lidar com algumas questões de caráter mais técnico serviram de motivação para
compilar num só livro as matérias teóricas e os seus complementos práticos.
O livro destina-se aos estudantes de economia e gestão ou de áreas afins que
tenham um primeiro contacto com a macroeconomia. No sentido de simplificar a
interpretação dos conteúdos da macroeconomia e, consequentemente, estimular o
interesse dos leitores, as matérias teóricas são expostas de forma clara e sintética,
acompanhadas, sempre que possível, de visualizações gráficas. No seguimento de
cada capítulo teórico, os estudantes podem solidificar os conhecimentos apreendi-
dos resolvendo exercícios. A componente prática das matérias é constituída por um
vasto conjunto de exercícios, nomeadamente, exercícios resolvidos, exercícios pro-
postos e por questões de escolha múltipla.
O manual não apresenta, por razões de limitação de espaço, todas as matérias
que compõem a macroeconomia mas compreende os cinco principais capítulos que
revestem a formação básica de qualquer estudante desta unidade curricular. O pri-
meiro capítulo apresenta uma abordagem genérica aos objetivos da macroeconomia
e aos seus fundamentos. O segundo capítulo aborda a medição da atividade eco-
nómica através da contabilização dos principais agregados. O terceiro capítulo apre-
senta os pressupostos do modelo de pensamento defendido pelos clássicos em
contrapartida do pensamento keynesiano. Em profundidade são desenvolvidos os
diferentes modelos Keynesianos. Segue-se o capítulo que, dando continuidade ao
anterior, acrescenta o mercado monetário. Aqui são apresentadas as condições que
garantem o equilíbrio simultâneo entre dois mercados, o de bens e serviços e o
monetário. Por fim é exposto o equilíbrio global da macroeconomia através da rela-
ção entre a procura e a oferta totais da economia.
Os meus sinceros e especiais agradecimentos vão para todos os meus antigos
estudantes, para os atuais estudantes e, naturalmente para os vindouros. Sem
vocês este livro não faria sentido. Em segundo lugar, agradeço à editora Sílabo a
oportunidade de publicar este material. Por fim, agradeço aos amigos que, acredi-
tando em mim, me encorajaram nesta redação.
Capítulo 1

Estudo
da Macroeconomia
ESTUDO DAS ESTRUTURAS DE MERCADO 15

A macroeconomia estuda, ao contrário da microeconomia, a inter-relação entre


todos os agentes intervenientes numa economia. Ao invés de se focalizar no estudo
de apenas um agente, como por exemplo, os consumidores (estudado pela microe-
conomia na teoria do consumidor) estuda antes a relação destes com os demais
agentes. São cinco os agentes intervenientes numa economia: (i ) Famílias; (ii )
Empresas; (iii ) Estado; (iv ) Instituições financeiras e (v ) Exterior. As relações
económicas entre estes agentes serão, oportunamente, desenvolvidas

1. Objetivos da macroeconomia
O estudo da macroeconomia centra-se em quatro objetivos principais:

1.1. Crescimento económico – medição do produto

Falar em crescimento económico pressupõe que a riqueza gerada num período é


superior à riqueza gerada no período anterior. Aqui importa distinguir alguns concei-
tos fundamentais:

1.1.1. Produto interno bruto (PIB)

Corresponde ao conjunto de bens e serviços produzidos dentro das fronteiras de


um país, não importa por quem – critério da territorialidade.

1.1.2. Produto nacional bruto (PNB)

Corresponde ao conjunto de bens e serviços produzidos por nacionais de um


país, não importa onde – critério da nacionalidade.

1.1.3. Produto potencial

Corresponde à capacidade produtiva de um país. Equivale ao conjunto de bens e


serviços que podem ser produzidos quando todos os recursos (naturais, trabalho e
capital) estão a ser eficientemente empregues. O produto potencial equivale ao
pleno emprego dos recursos. O PIB potencial apresenta uma trajetória ascendente
16 MACROECONOMIA

ao longo do tempo no suposto que os recursos de uma economia aumentam de ano


para ano. O aumento de recursos pode ocorrer, por exemplo, através de avanços
tecnológicos ou crescimento demográfico. O PIB potencial representa a tendência
evolutiva a longo prazo da economia. Este conceito de PIB potencial pode ser, na
microeconomia, traduzido pela fronteira de possibilidades de produção (FPP).

1.1.4. Produto efetivo

Corresponde à riqueza gerada no país, em cada momento.


Graficamente, o crescimento económico pode visualizar-se como:

PIB
real
PIB efetivo

PIB potencial
A

Tempo

À diferença entre o PIB potencial e o PIB efetivo chama-se Hiato. Os hiatos


podem ser (i ) positivos, se o PIB efetivo está acima do potencial, o que pode
acontecer se houver recurso, por exemplo a horas extras ou ao uso intensivo de
equipamentos (laboração em vários turnos) ou (ii ) negativos, se o PIB efetivo está
abaixo do potencial. Aos pontos assinalados com A e B (ou C), chamam-se de
«pico» e «cava», respetivamente.
A oscilação do PIB efetivo em torno do potencial é conhecida por ciclo econó-
mico. Essas flutuações vão desde a «cava» ao «pico». Os ciclos económicos podem
ser de:
• Recessão – período de decréscimo do PIB efetivo pelo menos durante dois ou
três trimestres consecutivos com um hiato negativo pequeno (ponto B);
ESTUDO DAS ESTRUTURAS DE MERCADO 17

• Depressão – período de decréscimo do PIB efetivo com um hiato negativo


grande (ponto C); e
• Expansão – período de crescimento do PIB efetivo com um hiato positivo
(ponto A).

O cálculo do produto, requer a agregação das produções. Esta agregação faz-se


em termos monetários, convertendo as produções físicas de bens e serviços em
unidades monetárias (por exemplo €). Neste processo de medição surgem dois
novos conceitos de produto:

1.1.5. Produto interno bruto nominal

Corresponde ao somatório das produções físicas de um determinado ano avalia-


das aos preços correntes desse mesmo ano.

1.1.6. Produto interno bruto real

Corresponde ao somatório das produções físicas de um determinado ano avalia-


das aos preços de um ano base, ou seja, mantendo constantes os preços.
Vejamos um exemplo:
O quadro sintetiza a produção dos bens A e B e C de uma economia:

Produto Ano 2011 Ano 2012

Quantidade Preço unitário Valor Quantidade Preço unitário Valor

A 100 15 1500 95 18 1710

B 150 8 1200 140 12 1680

Total 2700 3390

Da análise do quadro é possível concluir que o PIB desta economia foi no ano de
2011 avaliado em 2700 u.m. e em 2012 avaliado em 3390 u.m. Estes resultados
parecem indicar que a economia registou um crescimento económico. Esta conclu-
são está errada porque só existe crescimento económico quando o que se produz
em termos reais ou físicos aumenta (exemplo, se na economia são produzidas mais
unidades do bem A ou do bem B). Olhando para as colunas das quantidades nos
dois anos percebe-se que a quantidade produzida de ambos os bens diminuiu de
18 MACROECONOMIA

2011 para 2012. Enquanto em 2011 se produziam 100 unidades do bem A em 2012
só se produziram 95 unidades. Então se em termos físicos a produção diminuiu o
que explica ainda assim o aumento do PIB (de 2700 u.m. para 3390 u.m.)? Este
aumento do produto é explicado pela inflação. Deste modo a redução da produção,
em termos de volume, foi compensada por um aumento mais que proporcional dos
preços.
Apresentamos de seguida alguns cálculos do produto real e nominal:

PIB nominal de 2011 = Q2011 × P2011 = 2700

PIB nominal de 2012 = Q2012 × P2012 = 3390

PIB real de 2011 = Q2011 × P2011(ano base) = 2700. No ano base e só neste
ano o PIB real = PIB nominal.
PIB real 2012 = produto das quantidades produzidas em 2012 e dos preços do
ano base (2011): PIB real 2012 = Q2012 × P2011 = 95 × 15 + 140 × 8 = 2545.
Constata-se assim que o PIB calculado em termos nominais incorpora sempre
dois efeitos:
• Efeito crescimento físico, real ou em volume – Quantidades.
• Efeito variação dos Preços.

1.1.7. Taxas crescimento anual/global

Para calcular as variações podemos recorrer a taxas de crescimento anual ou


global1:
• Taxa crescimento nominal da economia (in):

PIB nominal 2012 − PIB nominal 2011


in = × 100
PIB nominal 2011

• Taxa crescimento real da economia (iR):

PIB real 2012 − PIB real 2011


iR = × 100
PIB real 2011

• Taxa crescimento preços (iP) ou Deflator:

PIB nominal 2012 − PIB real 2012


in = × 100
PIB real 2012

Valor Final – Valor Inicial


(1) Taxas de crescimento calculam-se sempre pela fórmula: × 100
Valor Inicial
ESTUDO DAS ESTRUTURAS DE MERCADO 19

Estas taxas de crescimento nominal, real e de preços podem ser sintetizadas


pela identidade:

( 1 + i n ) = ( 1 + iR ) × ( 1 + iP )

1.1.8. Taxas crescimento anual/global médias

Para além de taxas de crescimento anual podemos calcular taxas de cresci-


mento anuais ou globais médias. Para tal deveremos recorre à seguinte fórmula:
• Taxa crescimento nominal média:

t − ( t − 1)
PIB nominal t
in = −1
PIB nominal (t − 1)
ou:

i n = ( t − ( t − 1) (1 + i n ) ) − 1

• Taxa crescimento real média:

t − ( t − 1)
PIB real t
ir = −1
PIB real (t − 1)
ou:

i r = ( t − ( t − 1) (1 + ir ) ) − 1

• Taxa crescimento preços média entre períodos t e n:

PIB nominal t
iP = t −n −1
PIB real t
ou:

i P = ( t − ( t − 1) (1 + i P ) ) − 1

Apresentamos de seguida cálculos destas taxas para os dados iniciais (no qua-
dro):
3390 − 2700
in = × 100 ⇔ i n = 25, 55%
2700
20 MACROECONOMIA

Em termos nominais a economia registou um crescimento de 25,55%. Este valor


pouco nos diz pelo que temos de calcular o crescimento real ou crescimento econó-
mico:

2545 − 2700
iR = × 100 ⇔ i R = − 5, 74%
2700

Em termos reais a economia não registou um crescimento económico. A produ-


ção em volume em 2012 reduziu-se em 5,74%. O crescimento económico é medido
pela taxa de crescimento real do produto.
Assim o crescimento nominal foi explicado pela inflação:

3390 − 2545
iP = × 100 ⇔ i P = 33, 2%
2545

Esta economia registou uma inflação de 33,2% entre 2011 e 2012.

1.2. Estabilidade dos preços

Numa economia os preços devem evidenciar um padrão evolutivo estável ao


longo do tempo. A economia não deve registar surtos de subida generalizada do
nível de preços – fenómeno conhecido por inflação, nem episódios de descidas
generalizadas dos preços – processo conhecido por deflação.
A inflação pode ser de diferentes graus: (i ) moderada (preços sobem poucos pontos
percentuais anualmente); (ii ) galopante (elevadas taxas anuais de crescimento dos
preços); (iii ) hiperinflação (preços crescem mensalmente a taxas elevadas).
A existência de inflação acarreta vários problemas:
• Funciona como um imposto que retira poder de compra – penaliza sobre-
tudo as classes com rendimentos fixos (com salários ou pensões não ajusta-
dos/as).
• Favorece os devedores em detrimento dos credores – em clima de infla-
ção, é mais arriscado conceder empréstimos (taxa juro nominal = taxa de juro
real + inflação). Num processo de concessão de empréstimo é negociado a
taxa de juro nominal. Mas o valor que, efetivamente, interessa, que é recebido
(ou pago) por quem concedeu o empréstimo (pediu o empréstimo) é a taxa de
juro real.
• Alteração nos preços relativos e eficiência económica – a inflação distorce
a perceção dos agentes económicos quanto aos sinais emitidos pelos preços
ESTUDO DAS ESTRUTURAS DE MERCADO 21

 decisões distorcidas  ineficiência económica  inflação causa


«ruído» na informação emitida pelos preços relativos e gera incerteza.
• Ilusão monetária – fenómeno que faz com que os agentes tendam a cometer
erros sistemáticos ao compararem variações nominais com variações reais.
Ex. Comparação do salário do ano anterior com o do ano corrente.
• Custos de «Menu» – os custos de menu são custos associados ao ajusta-
mento de preços por parte das empresas. São o caso do custo de:
⎯ Decidir sobre os novos preços.
⎯ Imprimir novas listas de preços e catálogos.
⎯ Enviar essas novas listas para os clientes.
⎯ Anunciar esses novos preços.
⎯ Lidar com o aborrecimento dos clientes com a mudança dos preços.

• Shoe-Leather Costs («custo de sola de sapato») – custo de reduzir a deten-


ção de liquidez (idas consecutivas ao banco desgastam as solas dos sapatos).
Na presença de inflação, cada unidade monetária comprará menos bens, pelo
que a forma de evitar a erosão do poder de compra será levantar menores
quantidades de dinheiro e, consequentemente, ir mais frequentemente ao
banco. O custo real de reduzir a quantidade de moeda mantida em mãos não é
(evidentemente) o desgaste dos sapatos mas sim o tempo e a comodidade
sacrificadas para ter menos moeda que teria se não houvesse inflação.
• Distorções tributárias – a inflação exerce um sistema erosivo sobre o sistema
tributário. Na elaboração das leis tributárias a inflação é, frequentemente, des-
curada. Os economistas denotaram que a inflação tende a aumentar, por
exemplo, a carga fiscal sobre o rendimento obtido das poupanças (exemplo,
tributação das mais valias)  as taxas de imposto incidem sobre valores
nominais, e como estes crescem com a inflação  a receita nominal dos
impostos aumenta.

A deflação é um problema tão ou mais grave que a inflação porque pressupõe


um adiamento das decisões de compra por parte dos consumidores desencadeando
um ciclo vicioso de recessão económica.
Para medir a inflação usam-se médias ponderadas dos preços ou Índices de
Preços. Os índices mais usuais são o Índice de Preços no Consumidor ou Índice de
Laspeyres e o Deflator do PIB ou Índice de Paasche.
22 MACROECONOMIA

1.2.1. Índice de preços no consumidor ou índice de Laspeyres

Reflete as variações de preços de um cabaz fixo de bens adquiridos pelo con-


sumidor. Fazem parte desse cabaz, bens onde o consumidor gasta a maior parte do
seu rendimento, nomeadamente, alimentação, habitação, vestuário, saúde, educa-
ção, lazer. As variações de preços dos diferentes bens são ponderadas pelo peso
económico e proporcional à despesa de cada produto no cabaz. Estas ponderações
são fixas (quantidades do ano base). A composição do cabaz é revista a longo
prazo. Este índice mede o nível de preços de um determinado ano relativamente ao
nível de preços do ano base (para o qual se define um índice 100).

IL =
 ( Pa × Qb )
= IPC
 ( Pb × Qb )

Pa – preços ano atual


Pb – preços ano base
Qa – quantidades ano atual
Qb – quantidades ano base

O índice de preços no consumidor (IPC) ou índice de Laspeyres (IL) sobrestima a


inflação pois ao usar uma ponderação fixa (quantidades do ano base) não comporta
a substituição que os consumidores tendem a fazer dos bens mais caros pelos mais
baratos.

1.2.2. Deflator do PIB ou índice de Paasche

Reflete as variações de preços de um cabaz não fixo de bens (quantidades do


ano corrente). O deflator mede os preços de todos os bens produzidos no território
nacional, abrangendo um leque maior de produtos que o IPC. O cabaz de bens no
Deflator varia anualmente ao contrário do cabaz usado no IPC que só varia de temos
a tempos.

IP =
 ( Pa × Qa )
=
PIB nominal
= Deflator
 ( Pb × Qa ) PIB real

Pa – preços ano atual


Pb – preços ano base
Qa – quantidades ano atual
Qb – quantidades ano base
ESTUDO DAS ESTRUTURAS DE MERCADO 23

O Deflator ou o índice de Paasche (IP) subestima a inflação porque usa as quan-


tidades do ano atual.
Numericamente, os dois índices distinguem-se pelas quantidades que empre-
gam. Enquanto o índice de Laspeyres utiliza as quantidades do ano base o índice de
Paasche utiliza as quantidades do ano atual ou corrente. Adicionalmente, o IPC ao
refletir a variação dos preços dos bens adquiridos pelos consumidores incorpora as
variações de preços dos bens importados. O Deflator só reflete a variação dos pre-
ços dos bens produzidos em território nacional. Exemplo: Se os automóveis da
marca Toyota registarem um aumento, essa variação de preços será contemplada
no IPC e não no Deflator porque se trata de um produto importado.

1.3. Pleno emprego

A subutilizar do recurso trabalho pressupõe a existência de desemprego. A taxa


de desemprego mede-se através:

Nº de desempregados (que procuram emprego)


Tx Desemprego =
população ativa

Segundo o INE (2009), a população ativa corresponde ao conjunto de indivíduos


com idade mínima de 15 anos que, no período de referência, constituem a mão-de-
obra disponível para a produção de bens e serviços que entram no circuito econó-
mico. A população ativa compreende os empregados e os desempregados.
Existem vários tipos de desemprego:
• Desemprego Sazonal: desemprego que depende de atividades económicas
sazonais como o turismo. No Algarve há menos desemprego no verão que no
inverno.
• Desemprego Friccional: desemprego temporário de curta duração e, geral-
mente, voluntário. Prende-se comummente com mudanças entre empregos.
• Desemprego Estrutural: desemprego com caráter prolongado, relacionado
com fatores estruturais da economia ou associado a desequilíbrios no mercado
de trabalho. As inovações tecnológicas provocam um desequilíbrio no mercado
de trabalho ao substituírem a mão-de-obra por capital. É o desemprego mais
difícil de combater.
• Desemprego Cíclico: desemprego que se comporta em contraciclo com os
ciclos económicos, isto é, aumenta em períodos de recessão e diminui em
períodos de expansão. O economista Arthur Okun estabeleceu em 1962 uma
24 MACROECONOMIA

teoria que relaciona o desemprego com o PIB. Segundo o autor, a taxa de


desemprego é proporcional ao hiato do produto. Dito de outro modo, a taxa de
desemprego desce (sobe) X pontos % por cada ponto % de crescimento
(decréscimo) do PIB efetivo acima (abaixo) do PIB potencial.
• Desemprego Natural: desemprego correspondente ao PIB potencial. Quando
uma economia se diz em pleno emprego, não é sinónimo de que não existe
desemprego. Existe sempre algum nível de desemprego. A este propósito
importa referir que existe em qualquer economia um trade-off (conflito) entre
desemprego e inflação. Quando uma economia regista um aumento (diminui-
ção) do PIB isso geralmente desencadeia um processo inflacionista (deflacio-
nista) [há mais (menos) procura  os preços tendem a subir (descer) ao
mesmo tempo que o desemprego se reduz]. Assim, a taxa natural de desem-
prego equivale ao nível mínimo de desemprego que a economia suporta sem
gerar inflação.

1.4. Fomento do comércio internacional

A promoção das exportações e contenção das importações é um objetivo de


qualquer economia. A diferença entre as exportações e as importações chama-se
exportações líquidas ou saldo comercial e regista-se na balança de bens e serviços
ou balança comercial. A balança comercial é uma das muitas balanças que com-
põem a balança de pagamentos de qualquer país.

1.4.1. Balança de pagamentos

A Balança de Pagamentos consiste num quadro onde são registadas todas as


relações que um país mantém com o exterior ou entre residentes e não residentes.
Fazem parte da sua estrutura a Balança Corrente; a Balança de Capitais e a
Balança Financeira. É considerado residente de um país, aquele que reside no país
há pelo menos um ano ou que tem residência fiscal no país. São considerados
agentes económicos residentes em Portugal, entre outros, os estudantes que estu-
dam fora do país; os diplomatas e militares portugueses no estrangeiro; imigrantes
com residência fixa em Portugal; empresas constituídas no país ainda que proprie-
dade de não residentes; sucursais de empresas estrangeiras.
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Micaela Moreira Pinho, licenciada em Economia pela Universi-


dade Lusíada do Porto e Doutora em Economia pela Escola de MICAELA
Economia e Gestão da Universidade do Minho. Docente na PINHO
Universidade Portucalense desde 2011 onde leciona as unida-
des curriculares de Microeconomia, Análise Microeconómica de
Mercados e Macroeconomia ao nível dos 1º ciclo de estudos.
Presentemente, leciona também na Universidade de Aveiro. Ao MICAELA PINHO

MACROECONOMIA
longo dos seus 18 anos de ensino, lecionou na Universidade
Lusíada do Porto, no Instituo Português de Administração e Marketing e no Instituto
Superior de Espinho. A sua investigação académica traduzida em revistas nacionais

MACRO
e internacionais é prosseguida na área da Microeconomia aplicada à Economia da
Saúde.

A Macroeconomia é uma área da Economia que estuda o fun-


cionamento da economia em termos globais, nomeadamente, a
inter-relação, em termos agregados, dos agentes económicos inter-
venientes na economia. O seu caráter técnico confere-lhe alguma
complexidade que este manual procura simplificar. A matéria com-
pilada em cinco capítulos é exposta de uma forma sintética e prag-
mática. Os conteúdos de cada capítulo são expostos teoricamente,
ECONOMIA
recorrendo-se sempre que oportuno a representações gráficas
com o intuito de ajudar a visualização e compreensão das maté-
rias. Os conhecimentos teóricos são também testados num vasto Teoria e Prática
conjunto de exercícios resolvidos e propostos.
Esta obra destina-se, sobretudo, a estudantes do 1º ciclo dos
cursos de economia e gestão ou de áreas afins que incluam na
Simplificada
sua estrutura curricular, conhecimentos de macroeconomia. No
entanto e, dado o conteúdo das matérias abordadas, servirá certa-
mente àqueles que prosseguem os estudos ao nível do 2º ciclo.

Simplificada
Teoria e Prática
MACRO
ECONOMIA
Teoria e Prática Simplificada

ISBN 978-972-618-800-1
502

9 789726 188001 EDIÇÕES SÍLABO

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