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Uma

Introdução a uma Doutrina


Negligenciada
“É notório, em primeiro lugar, que São Paulo considera esta questão [sobre a cobertura da cabeça]
como algo decisivo, e não a deixa de lado como algo trivial. Há uma maneira correta e outra errada
de cultuar a Deus.” 1)
H.L. Goudge, Professor erudito de Divindade, Universidade de Oxford, 1923-38

A cobertura feminina 2) não é uma doutrina popular. Na verdade, falar isso seria até um eufemismo.
Então, por que eu escreveria um livro sobre ela? Por gostar de controvérsias? Absolutamente não.
Por procurar criar divisões? O oposto. Então, o que me levaria a fazer tal coisa? A resposta curta é:
porque está na Bíblia.
Veja, se “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção
e para a instrução na justiça” (2 Timóteo 3:16), então toda a Escritura merece o tratamento devido.
Além disso, este assunto em específico não apenas é mencionado na Bíblia – ele é defendido. Não
há apenas um ou dois versículos obscuros, mas o tópico ocupa quinze versículos consecutivos.
Podemos debater o que Paulo quis dizer, e podemos debater como isso se aplica ao século XXI,
mas a única coisa que não podemos fazer é ignorar este tópico.
Dr. Daniel B. Wallace, um dos principais críticos textuais e fundador do Centro para o Estudo de
Manuscritos do Novo Testamento, ensina Estudos do Novo Testamento no Dallas Theological
Seminary. Dizer que este irmão conhece bem o Novo Testamento e o texto grego é pouco. Ele disse
o seguinte sobre a visão da “cobertura moderna da cabeça” (posição que eu advogo), com a qual
muitos poderão se identificar:
“O argumento de que uma cobertura de cabeça real está em vista e que tal prática é aplicável hoje é,
em alguns aspectos, a visão mais fácil de defender exegeticamente e a mais difícil de engolir na
pratica. Uma vez que nunca é seguro abandonar a consciência em relação à verdade da Escritura,
eu me ative a esse ponto de vista até recentemente. Francamente, eu não gostei a princípio (é algo
muito impopular hoje). Mas eu não podia, em boa consciência, desconsiderá-la”. 3)
Essa é uma declaração incrivelmente honesta! Porque a cobertura feminina é um símbolo visual, é
impossível escondê-lo ou retardar sua constatação. Esta é a primeira doutrina que as pessoas
sabem que as mulheres acreditam quando as encontram na igreja com um véu, antes mesmo de
apertarem suas mãos. Elas podem se sentir julgadas apenas por você estar usando um véu (porque
elas não estão), e você quer saber se elas pensam que isto é estar presa nos anos cinquenta. Para
completar, seus pastores ou aqueles mais próximos podem estar preocupados com você por estar
abraçando o legalismo.
Estas são as verdadeiras lutas que as pessoas enfrentam quando estão até mesmo ponderando
sobre a visão do uso da cobertura na cabeça. Então, quando o Dr. Wallace observa que a cobertura
feminina é “impopular hoje”, ele tem uma percepção precisa de quão bem esta prática é recebida.
Quando uma mulher usa uma cobertura na cabeça, força todos na igreja a pensarem sobre o
assunto, e alguns simplesmente não estão prontos ou não desejam isso.
Daniel Wallace também diz:
“O verdadeiro perigo, como vejo, é que muitos cristãos simplesmente ignoram o que este texto diz,
porque qualquer forma de obediência a ele é inconveniente”. 4)
Agora, isso não quer dizer que a única razão pela qual as pessoas não abracem a cobertura
feminina seja o medo. Alguns são persuadidos por outras interpretações e, se convencidos pelas
Escrituras, mudariam de ideia. Espero que este seja o seu caso e que você compartilhe do meu
desejo de entender corretamente tudo o que a Bíblia diz e de se submeter a ela. No entanto, estou
preocupado que muitos leiam 1 Coríntios 11 e pensem: “Isso não pode significar o que eu penso que
ele diz. Ninguém que eu conheço usa véu na igreja, e nós todos não podemos estar errados quanto a
isso”. E, em seguida, passem rapidamente para o capítulo 12 [de 1 Coríntios], fazendo uma nota
mental para examiná-lo mais tarde (o que ─ se nós formos honestos ─ raramente acontece).
Se eu acabei de descrever sua resposta, a hora é esta. Vamos nos aprofundar no texto e lutar juntos
para decifrar essa passagem. Mas não se preocupe: este livro não foi escrito para estudiosos,
eruditos. Eu o escrevi para o cristão “intermediário”, leigo e leiga ─ para você.
No próximo capítulo vou lhe dar uma visão geral da historicidade da cobertura da cabeça. Então,
nos seis capítulos seguintes, vou fazer uma defesa bíblica do porque as mulheres devem usar uma
cobertura da cabeça no culto. Da mesma forma, eu argumento que os homens são ordenados a
manterem suas cabeças descobertas (sem chapéus) no mesmo contexto. Farei isso apontando
para as cinco razões que o apóstolo Paulo apresenta em 1 Coríntios 11. Ao explicar essas razões,
não darei tanta atenção a opiniões concorrentes, uma vez que esta será, em grande parte, uma
apresentação positiva. Depois disso, examinaremos algumas das objeções e questões práticas
mais populares. Finalmente, encerraremos o livro com uma exortação pessoal para que você abrace
este símbolo, mesmo que outros não o façam.
O cerne da questão
Antes que esta introdução chegue ao fim, quero trazer uma palavra de cautela: certifique-se de que
seu coração esteja preparado. Eu acho que a maioria das pessoas que lê este livro ou discorda do
uso da cobertura na cabeça durante o culto, ou não sabe como lidar com esta questão. Portanto,
sua guarda está, provavelmente, levantada. Eu sei, também faço isso, e não é algo ruim. Estamos
sempre em uma batalha contra falsos ensinamentos e falsos mestres, por isso é bom ser cético e
manter cautela, filtrando tudo através da Palavra de Deus. Apenas certifique-se de que você não irá
aceitar qualquer argumento antigo contra a cobertura feminina porque você não quer que esta
doutrina seja verdadeira. “O que meu marido ou esposa irá pensar?” “O que os que estão na minha
igreja vão pensar?” “Como irei encontrar um cônjuge se ele /ela souber que acredito nisso?”.
O temor de homens pode ser avassalador, mas devemos temer a Deus e aos Seus mandamentos
acima dos homens. Devemos nos unir ao texto da Escritura e obedecer, por mais desconfortável
que seja o resultado. Portanto, se seu coração não está pronto, certifique-se de parar e buscar ao
Senhor em oração antes de seguir em frente. Então, quando estiver pronto, faça uma boa leitura de
1 Coríntios 11:2-16. Por favor, leia este texto lentamente e torne-se intimamente familiarizado com
ele. Este é o único capítulo da Bíblia que ordena e explica a prática da cobertura da cabeça, então
você deve conhecê-lo bem para ser um bom bereano (veja Atos 17:11).

Leia 1 Coríntios 11:2-16


(2) De fato, eu vos louvo porque, em tudo, vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como
vo-las entreguei. (3) Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem,
o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo. (4) Todo homem que ora ou profetiza, tendo a
cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. (5) Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a
cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. (6) Portanto, se
a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou
rapar-se, cumpre-lhe usar véu. (7) Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser
ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem. (8) Porque o homem não foi feito da
mulher, e sim a mulher, do homem. (9) Porque também o homem não foi criado por causa da
mulher, e sim a mulher, por causa do homem. (10) Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos,
trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade. (11) No Senhor, todavia, nem a mulher é
independente do homem, nem o homem, independente da mulher. (12) Porque, como provém a
mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus. (13) Julgai
entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu? (14) Ou não vos ensina a
própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? (15) E que, tratando-se da
mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha. (16) Contudo, se
alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus.

Diferenças notáveis entre as traduções 5)


Para ajudá-lo em seu estudo, gostaria de apresentar as diferenças de tradução mais significativas
entre a New American Standard Bible e outras grandes versões em inglês.
Versículo 2: A versão King James traduz as “tradições” como “ordenanças”.
Por que isso é importante? Alguns sugerem que as “tradições” são as tradições dos homens.
“Ordenanças” comunicam mais claramente que elas vêm de Deus. Consulte o capítulo 2 para obter
mais informações.
Versículo 3: A versão English Standard traduz “homem / mulher” como “marido / esposa”. Eles
continuam usando “esposa” em todos os versos relacionados a mulheres que cobrem suas cabeças
neste capítulo. Por que isso é importante? Alguns acreditam que a cobertura da cabeça é apenas
para aquelas que são casadas. Usando termos de casamento em vez de palavras genéricas, a ESV
apoia essa visão em sua tradução. Consulte o capítulo 13 para obter mais informações.
Versículo 6: Ao invés de dizer: “se uma mulher não cobre sua cabeça, ela deve ter seus cabelos
“cortados””, a versão ESV diz “cortado curto”. Por que isso é importante? O versículo 6 é uma
passagem chave que mostra um problema com a visão de que o cabelo longo de uma mulher é a
única cobertura que ela precisa. A tradução do ESV de “cutshort” (cortado curto) ajuda a mostrar o
problema exegético com mais clareza. Consulte o capítulo 8 para obter mais informações.
Versículo 16: A ESV, a KJV e a NKJV dizem que não temos “tal prática” ao invés de “nenhuma outra
prática”. Por que isso é importante? Alguns sugerem que este versículo indica que a cobertura
feminina não era a prática da igreja.
Outros apontam para este versículo para mostrar que todas as igrejas praticavam a cobertura
feminina. Consulte o capítulo 6 para obter mais informações.

References
1.

↑ H.L. Goudge, A Primeira Epístola aos Coríntios (Methuen and Co. Ltd., 1926), 97.
2.

↑ Nota do tradutor: Headcovering será traduzido como “cobertura feminina”, mas também pode ser
conhecido como “cobertura da cabeça”, “véu”, “manta” ou “chapéu”.
3.

↑ Daniel B. Wallace, “What is the Head Covering in 1 Cor 11:2–16 and Does it Apply to Us Today?”
(Bible.org, 2004)
4.

↑ Daniel B. Wallace, “What is the Head Covering in 1 Cor 11:2–16 and Does it Apply to Us Today?”
(Bible.org, 2004)
5.

↑ Nota do tradutor: Como a versão original do livro é em inglês, não temos como fazer a exata
comparação que o autor fez. Logo, todas as traduções em inglês da Bíblia citadas acima e ao longo
do livro serão livres. Porém, se o leitor quiser, ainda sim, pode perceber que há diferenças – e até
grandes – nas traduções da Bíblia em português por causa dos diferentes pressupostos dos
tradutores (como há em qualquer parte do mundo), e que em algumas traduções podemos fazer o
mesmo tipo de comparação. Recomendamos o exame do texto de 1 Coríntios 11 em várias
traduções da Bíblia para o português.

Capítulo 1: A História da Cobertura


Feminina Cristã
“Disto eu sei, que até cinquenta anos atrás, cada mulher em cada igreja cobriu sua cabeça… O que
aconteceu nos últimos cinquenta anos? Tivemos um movimento feminista.” 1)
R.C. Sproul Jr., fundador de Highlands Ministries; Presidente da área de Filosofia e Teologia na
Reformation Bible College

A cobertura feminina não é uma nova doutrina. Desde a época dos apóstolos até o século XX, esta
prática foi defendida pela maioria dos cristãos. Na verdade, ainda é a opinião da maioria em grande
parte do mundo oriental. Entretanto, no Ocidente a prática caiu em desgraça e agora é mantida
apenas por uma minoria. Mas nem sempre este foi o caso.
Alice Morse Earle (historiadora americana, 1851-1911) documentou em seu livro “Two Centuries of
Costume in America”, escrito há mais de cem anos:
“Uma coisa singular pode ser notada nesta história, ─ que com todos os caprichos da moda, a mulher
nunca violou a lei bíblica que manda cobrir sua cabeça. Ela nunca foi aos cultos da igreja com a
cabeça descoberta.” 2)
Então, uma historiadora americana nos diz que quando olhamos para duzentos anos de história que
se passou, mesmo com as mudanças de moda, a única coisa que não mudou foi que todas as
mulheres cristãs cobriam suas cabeças na igreja. Agora, antes de explorar o que aconteceu para
que essa prática fosse radicalmente abandonada, precisamos de uma visão geral do que a igreja
tem dito sobre este símbolo ao longo dos tempos. Vamos fazer um tour pela história, começando
pela igreja primitiva, e veremos o que grandes pastores e teólogos influentes disseram sobre essa
prática.
A Igreja Primitiva
Igrejas Pré-Nicenas. 3)
Aprendemos com os escritos de Tertuliano (em cerca de 200 d.C.) que a igreja de Corinto ainda
mantinha a prática da cobertura feminina cerca de 150 anos depois que Paulo escreveu sua carta
para eles. Tertuliano disse: “Assim também os próprios coríntios entenderam [Paulo]. Na verdade, até
nos dias de hoje os coríntios cobrem suas virgens. O que os apóstolos ensinaram, seus discípulos
aprovam.” 4)
Ele também afirmou que a cobertura feminina foi praticada em outras regiões: “Em toda a Grécia, e
algumas de suas províncias bárbaras, a maioria das igrejas mantém suas virgens com cabeças
cobertas. Há lugares, também, sob este céu (africano), onde esta prática é perpetuada.” 5)
Embora seus comentários possam dar a impressão de que algumas igrejas não praticavam a
cobertura feminina, deve-se notar que ele está falando somente de igrejas em que todas as
mulheres cobrem a cabeça, não apenas as que estão casadas. A cobertura feminina para esposas
não era debatida, mas nem todos concordaram com Tertuliano que as solteiras deveriam ter suas
cabeças cobertas também. Assim, como parte de sua apologética, ele aponta para outras áreas
onde a cobertura feminina para virgens era a prática da maioria.
Irineu (130-220 dC), bispo de Lugdunum na Gália (atualmente conhecida por Lyon, França), foi
discípulo de Policarpo, discípulo do apóstolo João. Irineu foi o primeiro pai da igreja a comentar
sobre a cobertura feminina. Ele apenas fez isso rapidamente e, por isso, não articulou sua visão. No
entanto, ele cita 1 Coríntios 11:10 como “Uma mulher deve ter um véu sobre a cabeça, por causa dos
anjos.” 6) Ao dizer “véu” ao invés de “autoridade” Irineu mostra que ele entendeu que se refere a uma
cobertura de tecido, não ao cabelo longo de uma mulher.
Clemente de Alexandria (150-215 dC), teólogo cristão e decano da Escola Catequética de
Alexandria, disse: “A mulher e o homem devem ir à igreja decentemente vestidos… Pois este é o desejo
da Palavra, já que é apropriado para ela ser coberta enquanto ora”. 7)
Hipólito (170-236 dC), presbítero da Igreja de Roma no início do terceiro século, ao dar instruções
para reuniões da igreja disse:
“Que todas as mulheres tenham a cabeça coberta com um pano opaco”. 8)
Tertuliano (cerca de 155-225 dC), escritor prolífico e apologista de Cartago, África do Norte,
escreveu a mais antiga e mais longa defesa da cobertura feminina que possuímos hoje. Ele
disse: “Peço-te, mãe, ou irmã, ou filha virgem ─ dirigindo eu a vós com os nomes apropriados de
acordo com a sua idade ─ cubra a sua cabeça”. 9)
João Crisóstomo (347-407 dC), arcebispo de Constantinopla, escreveu um comentário sobre 1
Coríntios 11. Nisto, ele disse: “O assunto de cobrir a cabeça foi legislado pela natureza (ver 1 Coríntios
11: 14-15 ). Quando digo “natureza”, quero dizer “Deus”, porque ele é quem criou a natureza. Portanto,
anote isto, porque há de ocorrer grande dano caso venham a derrubar esses limites! E não me diga que
este é um pequeno pecado.” 10)
Jerônimo (AD aproximadamente 347-420), um renomado erudito cristão e teólogo, é muito
conhecido por ter traduzido a Bíblia para o latim (a Vulgata). Ele disse que as mulheres cristãs no
Egito e na Síria não “andam com as cabeças descobertas em desafio à ordenança do apóstolo, pois
usam um chapéu bem ajustado e um véu”. 11)
Agostinho (354-430 dC), bispo de Hipona (atualmente conhecida como Argélia), escreveu livros
teológicos, incluindo A Cidade de Deus e Confissões, que ainda são amplamente lidos hoje em dia.
Ele escreveu: “Não é apropriado, mesmo a mulheres casadas, descobrir seus cabelos, já que o
apóstolo ordena que as mulheres mantenham suas cabeças cobertas.” 12)
Durante os séculos: A Idade Média
Concílios da Igreja
Em vários concílios e sínodos durante o início até a idade média, as instruções de Paulo em 1
Coríntios 11 foram confirmadas como vinculativas nos dias atuais. Um véu foi ordenado para as
mulheres que participavam da Eucaristia durante o quinto século e até o sétimo século pelos
conselhos de Autun, de Angers 13) e de Auxerre 14) . O sínodo de Roma em 743 disse que “uma
mulher que ora na igreja sem sua cabeça coberta traz vergonha sobre a sua cabeça, segundo a palavra
do Apóstolo.” 15) Papa Nicolau I declarou “ex cathedra” em 866 que “As mulheres devem estar
cobertas nos cultos.” 16)
Tomás de Aquino (1225-1274), um frade dominicano italiano, sacerdote, filósofo influente e teólogo,
é considerado pela Igreja Católica seu maior teólogo e um dos trinta e três doutores da Igreja. Ele
disse: “Um véu colocado na cabeça designa o poder de outro sobre a cabeça de uma pessoa, existente
na ordem da natureza. Portanto, um homem submisso a Deus não deve ser coberto para mostrar que
ele está imediatamente sujeito a Deus; mas a mulher deve usar uma cobertura para mostrar que, além
de Deus, ela é naturalmente sujeita a outro”. 17)
William Tyndale (1494-1536), erudito bíblico inglês, muito conhecido por ter traduzido o Novo
Testamento e o Pentateuco das línguas originais para o inglês, disse: “Eu respondo que Paulo
ensinou pela boca as coisas como ele escreveu em suas epístolas. E suas tradições eram… Que uma
mulher obedeça a seu marido, tenha a cabeça coberta, fique em silêncio e vá vestida de maneira
feminina e cristã “.18)
Martinho Lutero (1483-1546), teólogo alemão que foi o catalisador por trás da Reforma Protestante,
disse: “A mulher não foi criada da cabeça, para que ela não pudesse governar sobre seu marido, mas
ser sujeita e obediente a ele. Por isso, a esposa usa um chapéu, isto é, o véu na cabeça, como escreve
São Paulo em 1 Coríntios.” 19)
John Knox (1514-1572), um clérigo escocês e líder na Reforma Protestante, com cinco outros
reformadores escreveu a Confissão de Fé da Escócia e estabeleceu a Igreja Presbiteriana
Reformada. Ele citou os escritos de João Crisóstomo defendendo a prática da cobertura feminina e
depois compartilhou seu apoio dizendo: “É verdade, Crisóstomo”. 20)
Charles Spurgeon (1834-1892), pastor batista em Londres, é amplamente reconhecido em inúmeras
denominações e é conhecido como o “Príncipe dos Pregadores”. Ele disse: “A razão pela qual
nossas irmãs aparecem na Casa de Deus com a cabeça coberta é ‘por causa dos anjos’ “. 21)
Resumo Histórico
Como vimos, o atestado para a prática da cobertura feminina é documentado a partir do segundo
século e adiante. Muitos dos teólogos mais brilhantes e influentes do Cristianismo ensinaram que a
prática deveria ser seguida em seus dias e em suas próprias culturas. Essa não é uma nova doutrina
─ é, antes, um ensinamento com uma rica história que só recentemente caiu em desuso.
Por que esta prática foi abandonada?
Na América do Norte, a cobertura feminina foi aplicada em praticamente todas as igrejas até o
início do século XX. Esta data é interessante porque coincide com a primeira onda do feminismo.
Embora a prática continuasse na maioria das igrejas, desse tempo adiante, era um símbolo em
declínio. Então, nos anos 60 e 70, o número de mulheres que o praticavam caiu radicalmente. Mais
uma vez, isso coincidiu com outro movimento do feminismo. Durante a década de 1960, o Women’s
Liberation Movement (Movimento de Libertação das Mulheres) varreu a América.
Você pode estar se perguntando se a ligação entre o feminismo e o declínio da cobertura feminina é
uma mera coincidência. Sabemos que não foi uma coincidência porque as feministas estavam
fazendo esforços organizados para tentar erradicar o símbolo. Elas entenderam que uma mulher
cobrindo sua cabeça era um símbolo de sua submissão à autoridade masculina, e odiavam isso.
A organização nacional para mulheres (The National Organization for Women-NOW) é uma
organização feminista fundada por Betty Friedan (autora de The Feminist Mystique). Em 1968, elas
reuniram suas tropas para terem um “desvelar nacional”. Eis o que elas disseram:
“Porque o uso de uma cobertura de cabeça por mulheres em serviços religiosos é um símbolo de
sujeição por muitas igrejas, a NOW recomenda que todos os departamentos empreendam um
esforço para que todas as mulheres participem de um “desvelamento nacional” enviando suas
coberturas de cabeça para a líder. Na reunião de primavera da força tarefa feminina, esses véus
serão queimados publicamente para protestar contra o status de segunda classe de mulheres em
todas as igrejas “. 22)
A NOW reuniu seus vários departamentos para “empreender um esforço” para dar um fim à prática
da cobertura feminina. Eles estavam tão enojados com o símbolo, e com o que ele representava,
que fizeram uma queima pública de véus femininos. Infelizmente, seus esforços alcançaram o que
esperavam.
O New York Times também publicou um artigo mostrando como o feminismo foi, em grande parte,
responsável por fechar a indústria de chapelaria (fabricação de chapéus e outras coberturas para
cabeça). Eles disseram: “Mas como o penteado “beehive” 23) ganhou popularidade nos anos 60 e o
movimento feminista tornou aceitável que as mulheres deixassem seus chapéus em casa, a indústria
desapareceu”. 24)
O Teólogo R.C. Sproul Sr. observa a conexão perturbadora também: “O que me incomoda é que a
tradição da mulher que cobre sua cabeça na América não morreu até que nós vimos uma revolta
cultural contra a autoridade do marido sobre a esposa “. 25)
Não podemos ser ingênuos ao fato de que somos influenciados pela cultura que nos rodeia. O
pensamento igualitário permeou a igreja, popularizando as crenças de que: homens e mulheres não
tem nenhuma diferença funcional no lar; o homem não tem uma responsabilidade dada por Deus
para liderar; a mulher não precisa se submeter ao marido; e, dentro da igreja, todos os ofícios estão
abertos às mulheres.
Este sistema de crenças, juntamente com a pressão da cultura, fez o símbolo de cobertura feminina
ser desprezado até que foi abandonado. A cobertura feminina não foi perdida inocentemente na
América do Norte, mas está ligada à rejeição dos papéis bíblicos dos homens e das mulheres.

References
1.

↑ R.C. Sproul Jr. “Should Christians only sing Psalms in local churches?” (Christianity.com video,
2012) http://bit.ly/sproulpsalms
2.

↑ Alice Morse Earle, Two Centuries of Costume in America, vol. 2, 1620–1820. (New York:
Macmillan, 1903), 582.
3.

↑ Isso se refere ao tempo antes do Primeiro Concílio de Nicéia em 325 dC.


4.

↑ Tertullian. “On the Veiling of Virgins.” ed. A. Roberts, J. Donaldson, and A. C. Coxe, trans.S.
Thelwall, Fathers of the Third Century: Tertullian, Part Fourth; Minucius Felix; Commodian; Origen,
Parts First and Second, vol. 4. (New York: Christian Literature Company, 1885), 33.
5.

↑ Ibid
6.

↑ Irenaeus of Lyons. “Irenæus against Heresies” in A. Roberts, J. Donaldson, and A. C. Coxe


(Eds.), The Apostolic Fathers with Justin Martyr and Irenaeus, vol. 1. (New York: Christian Literature
Company, 1885), 327.
7.

↑ Clement of Alexandria. “The Instructor” in Fathers of the Second Century: Hermas, Tatian,
Athenagoras, Theophilus, and Clement of Alexandria, vol. 2, ed. A. Roberts, J. Donaldson, and A. C.
Coxe (New York: Christian Literature Company, 1885), 290.
8.

↑ Hippolytus, and Easton, B. The Apostolic Tradition of Hippolytus. (New York: Macmillan, 1934), 43.
9.

↑ Tertullian, “On Veiling of Virgins”, 37.


10.

↑ Judith L. Kovacs, 1 Corinthians: Interpreted by Early Christian Medieval Commentators (The


Church’s Bible). (Michigan: Eerdmans, 2005), 180.
11.

↑ Jerome, “The Letters of St. Jerome,” in St. Jerome: Letters and Select Works, vol. 6, ed. P. Schaff
and H. Wace, trans. W. H. Fremantle, G. Lewis, and W. G. Martley (New York: Christian Literature
Company, 1893), 292.
12.

↑ Augustine of Hippo, “Letters of St. Augustin,” in The Confessions and Letters of St. Augustin with a
Sketch of His Life and Work, vol. 1, ed. P. Schaff, trans. J. G. Cunningham (New York: Christian
Literature Company, 1886), 588.
13.

↑ John McClintock e James Strong, Cyclopedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature,
vol. 10, (New York: Harper and Bros, 1891), 739.
14.

↑ Alvin J. Schmidt, Veiled and Silenced, (Macon, Georgia: Mercer University Press, 1989), 136.
Schmidt’s source is Carl Joseph Hefele, Counciliengesshichte, vol 3. (Freiburg: Herder’she Verlag,
1877), 46.
15.

↑ Sínodo de Roma, Canon 3, Giovanni Domenico Mansi, Sacrorum Conciliorum Nova et Amplissima
Collectio, 382.
16.

↑ Alvin J. Schmidt, Veiled and Silenced (Macon, Georgia: Mercer University Press, 1989), 136.
17.

↑ Thomas Aquinas, Super I Epistolam B. Pauli ad Corinthios lectura, (608) acessado em:
http://dhspriory.org/thomas/SS1Cor.htm#111.
18.

↑ William Tyndale, Doctrinal Treatises and Introductions to Different Portions of the Holy Scriptures,
ed. H. Walter, vol. 1, (Cambridge: Cambridge University Press, 1848), 219.
19.

↑ Martin Luther, “A Sermon on Marriage” (January 15, 1525) WA XVII/I. in Susan C. Karant-Nunn and
Merry E. Wiesner, Luther on Women: A Sourcebook (United Kingdom: Cambridge University Press,
2003), 95.
20.

↑ John Knox, “The First Blast of the Trumpet Against the Monstrous Regiment of Women” em
Selected Writings of John Knox: Public Epistles, Treatises, and Expositions to the Year 1559 (Dallas,
Texas, Presbyterian Heritage Publications), 1995
21.

↑ Charles Spurgeon, Spurgeon’s Sermons on Angels, (Michigan: Kregel Academic, 1996), 98.
22.

↑ National Organization for Women, Dec. 1968. Declaração retirada de The Power of the Positive
Woman de Phyllis Schlafly (New Rochelle, NY: Arlington House, 1977), 207
23.

↑ Nota do tradutor: “Beehive” significa colmeia de abelha. É um penteado feminino que se faz um
topete alto na parte superior da cabeça.
24.
↑ Carrie Budoff, “Headgear as a Footnote to History” (New York Times, April 6, 1997).
25.

↑ R.C. Sproul, “To Cover or Not To Cover” (das séries “The Hard Sayings of the
Apostles”), http://bit.ly/sproulcover.

Capítulo 2: Tradição Apostólica:


Sustentando o que nos foi entregue
“Quando os apóstolos falam sobre tradição… eles não estão falando sobre tradições humanas, eles
estão falando sobre aquilo que foi entregue pelos apóstolos à Igreja. Estas não eram tradições que
deveriam ser negociadas, pois eram tradições de Deus.” 1)
Dr. R.C. Sproul Sr., fundador do Lingonier Ministries

Quando ouvimos a palavra “tradição”, nós geralmente pensamos que se refere a invenções
humanas que não são encontradas na Escritura. As tradições podem ser benéficas (ou pelo menos
não prejudiciais), mas porque Deus não as ordena, muito menos nós devemos ordená-las. Quando
se trata do entendimento da cobertura feminina, nós precisamos questionar: é uma tradição ou uma
ordenança? Vamos examinar nosso primeiro verso:
De fato, eu vos louvo porque, em tudo, vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las
entreguei. 1 Coríntios 11:2
Apesar das “tradições” não serem explicitamente definidas, nós podemos seguramente concluir que
a cobertura feminina é uma delas. Por que nós acreditaríamos nisto? O ensino sobre a cobertura da
cabeça (1 Coríntios 11:3-16) está entre duas declarações contrastantes. No verso 2, Paulo diz “eu
vos louvo”, e logo depois introduz o assunto sobre a cobertura da cabeça. Já no verso 17, ele diz
“não vos louvo”, e em seguida adentra no ensino sobre a Ceia do Senhor e dons espirituais (os quais
estavam sendo usados inapropriadamente). A estrutura da sentença de 1 Coríntios 11 usa os
versos 2 e 17 como títulos dos textos.

“Eu vos louvo” (1 Co 11:2) “Eu não vos louvo” (1 Co 11:17)

A Ceia do Senhor (1 Co 11:17-34)


Cobertura da cabeça (1 Co 11:2-16) Dons Espirituais (1 Co 12:1- 14:40)

O que vem imediatamente depois de cada um desses versos é o ensino sobre as práticas de cada
tópico; o primeiro para instruir (quando ele os louva) e o último para corrigir (quando ele não os
louva). Se a cobertura da cabeça não estivesse sendo praticada pelos coríntios, eles teriam sido
abordados pelo tópico “eu não vos louvo”. Portanto, o caso não era de que os coríntios não estavam
praticando a cobertura da cabeça. Nós sabemos que eles estavam pois Paulo disse “permanecei
firmes” a isso. O que faltava aos coríntios era o “entendimento”, o que significa que eles precisavam
de mais ensino sobre esse assunto.
Agora antes que você dispense a cobertura feminina como uma invenção humana, vamos deixar
que a Bíblia nos conceda nossa definição de tradição. A palavra grega usada é “paradosis”, que é
usada no Nova Testamento trinta vezes. Ela é usada oito vezes por Jesus e toda vez que ele usava,
se referia claramente a “tradições humanas”. Paulo também usa o termo desta forma, mas não
exclusivamente com esse significado. Às vezes ele usa em referência ao ensino apostólico
autoritativo. Vamos verificar duas situações nas quais ele faz isso:
Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por
palavra, seja por epístola nossa. 2 Tessalonissenses 2:15
Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que
ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes 2 Tessalonissenses 3:6
Você percebeu o padrão? Quando Paulo usa “paradosis” para se referir ao ensino apostólico, ele diz
“isto vem de nós”. Então como nós sabemos se a cobertura da cabeça é uma tradição humana ou
uma tradição dos apóstolos? Paulo não nos deixa especular. Em 1 Coríntios 11:2 ele diz “Eu vo-las
[as tradições] entreguei”. Isto significa que a prática da cobertura da cabeça é um ensino apostólico
autoritativo.
Para ajudar a visualizar isso, imagine-se abrindo uma correspondência. Você recebe dezenas de
cartas diferentes, cada uma entregue a você. Uma em particular chama a sua atenção porque vem
da Receita Federal. Você dá uma atenção especial a esta carta pela importâcia do remetente. Você
entende que o que eles dizem na carta tem autoridade, pois lhes foi dada pelo governo. Enquanto
você lê, você percebe que eles estão te dando instruções para seguir. Isto não pode ser ignorado.
Da mesma forma, essa carta aos Coríntios é importante porque foi enviada por um apóstolo com
instruções para a igreja se apoiar. Este apóstolo está revestido de autoridade por Jesus para
estabelecer o fundamento da igreja (Efésios 2:20). Mais do que isso, quando ele fala pela Escritura,
Deus está falando (2 Timóteo 3:16).
Imagine-se abrindo a carta de Paulo pela primeira vez. Você reconhece sua importância e começa a
lê-la. Ele te diz nesta carta que a razão para tê-la escrito a você é para que você tivesse o
“entendimento” sobre a doutrina da cobertura da cabeça. Ele quer que você conheça o que símbolo
significa, o porquê as igrejas o praticam e o que o ignorar dessas instruções comunica sobre nós.
Você também vê que ele nos louva se nós “permanecemos firmes” a ensinos como este. Vamos
continuar examinando a carta do apóstolo juntos para que saibamos tudo que ele quer que
entendamos. Nesse próximo capítulo nós vamos observar o fundamento desse símbolo, que
pertence à ordem da criação.

References
1.

↑ R.C. Sproul, “To Cover or Not To Cover” (das séries “The Hard Sayings of the
Apostles”), http://bit.ly/sproulcover.

Capítulo 3: Ordem de Criação:


Masculinidade e Feminilidade
simbolizadas
“A doutrina cristã da ordem da criação envolvendo submissão requer a prática cristã de manifestar
esta ordem na adoração pública por meio da cobertura das mulheres.” 1)
Dr. Charles Ryrie, editor, The Ryrie Study Biblie; ex professor em Dallas Theology Seminary

Quando um novo convertido é batizado, isto simboliza a morte para uma vida passada e o começo
de uma nova vida em Cristo (Romanos 6:4). Esta prática do batismo é significativa principalmente
por causa do significado atribuído a ela. Da mesma forma, a cobertura feminina também simboliza
algo extraordinário. Vamos ver o fundamento desta prática para descobrirmos o que se comunica
quando os homens adoram a Deus com suas cabeças descobertas e mulheres com suas cabeças
cobertas.
Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e
Deus, o cabeça de Cristo. 1 Coríntios 11:3
Deus criou homens e mulheres iguais em valor e excelência. Ambos precisam um do outro, ou,
como dizem as Escrituras “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o
homem, independente da mulher” (1 Coríntios 11:11).
Contudo, o fato de homens e mulheres serem iguais não significa que eles tenham os mesmos
papéis, autoridade ou função 2) . Essas diferenças podem ser vistas através da Criação, nos anjos e
até mesmo no próprio Deus. A doutrina da trindade é de que há somente um Deus, revelado em três
pessoas diferentes: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essas três pessoas são todas plenamente Deus
e completamente iguais, mas elas são distintas em função, autoridades e pessoa. Como nós vimos
no verso acima, “Deus é o cabeça de Cristo”. Esta submissão de Jesus ao Pai não se limitou a sua
encarnação. Mais tarde as Escrituras dizem:
Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. (1 Coríntios 15:28)
Portanto, mesmo que agora o Pai tenha “sujeitado todas as coisas de baixo dos seus pés[de Cristo]”
(1 Coríntios 15:27), depois do retorno de Jesus, Ele ainda estará sujeito ao Pai. Não se esqueça: o
Filho vai se submeter ao Pai por toda eternidade.
Jesus não é menos valioso do que o Pai. O Espírito Santo não é menos valioso do que Jesus, ainda
que Seu papel não seja falar sobre Si mesmo, mas antes é glorificar o Filho (João 16:13).
Papéis diferentes não necessariamente significam diferença em valor ou excelência. Este ponto não
pode ser suficientemente enfatizado. Por acaso um policial tem autoridade concedida por Deus?
(Romanos 13:1) Sim! Este policial é mais valoroso do que você como homem comum? Não!
Crianças se submetem aos seus pais (Efésios 6:1); servos se submetem aos seus senhores
(Efésios 6:5); esposas se submetem aos seus maridos (Efésios 5:22); cidadãos se submetem ao
governo (Romanos 13:1); os membros da igreja se submetem aos seus líderes (Hebreus 13:17); e
Jesus se submete a Deus (1 Coríntios 11:3). Há até diferentes hierarquias entre os anjos, como
Miguel é chamado de arcanjo (Judas 9), que significa “chefe”.
Nós não precisamos temer a autoridade. Haverá pais rudes, líderes ferozes, maridos machistas,
pastores que abusam do poder e governos impiedosos até o fim. Isto por causa do pecado, não
porque a autoridade seja algo ruim. Vamos olhar para a Trindade como nosso modelo e exemplo.
Sendo assim, nossa razão fundamental para a cobertura feminina é a ordem da criação. Isto
significa que a mulher se submete ao homem, o homem se submete a Cristo e Cristo se submete ao
Pai. Esta é a estrutura de autoridade que Deus ordenou e, por causa disso, ela é boa. Esta é a
mensagem de Paulo quando ele diz “Eu quero que vocês entendam” (1 Coríntios 11:3).
Antes de examinarmos o próximo verso sobre a ordem da criação, eu gostaria de desafiar meus
amigos complementaristas. 3) Eu conheço os argumentos que vocês usam para o ministério
masculino e para a liderança dos maridos. Eu concordo inteiramente com vocês. Em 1 Timóteo 2,
Paulo explica porque uma mulher não pode “ensinar ou exercer autoridade”, certo?
E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. 1
Timóteo 2:12
“A razão é baseada na Criação”, você me diria. “Portanto, não é cultural”. Concordo. Mas agora eu
quero te desafiar a permanecer consistente enquanto nós examinamos o próximo verso.
Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a
mulher é glória do homem. Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem.
Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade. 1
Coríntios 11: 7-10
Paulo explica porquê as mulheres devem ter o símbolo de autoridade em suas cabeças – por causa
da ordem da Criação. Onde você encontra o homem sendo diretamente criado à imagem de Deus?
Em Gênesis 1. Onde você encontra a mulher sendo criada do homem, ou sendo “a glória do
homem”? Em Gênesis 2. Onde você encontra que a mulher foi criada para o homem, e não o
contrário disto? Mais uma vez, em Gênesis 2. E quando você encontra o pecado adentrando este
cenário? Não até Gênesis 3.
Portanto, esse fundamento não é somente baseado na Criação, é baseado na perfeição da Criação
de Deus antes do pecado. Liderança e autoridade é o propósito original de Deus. Não é um desastre
pós-queda, mas sim uma obra-prima pré-queda.
Alguns argumentam que submissão e autoridade são a maldição da queda, baseado em Gênesis
3:16, que diz, “o teu desejo será para o teu marido e ele te governará”. Este verso não está
introduzindo papéis pós-queda, e sim explicando como a queda afetará negativamente os papéis de
cada um. Agora, as esposas lutarão contra um desejo pela posição de autoridade do marido, e os
maridos serão tentados a liderar suas esposas tiranicamente. Esta maldição é uma distorção da
ordem de Deus, contra a qual devemos lutar.
Há inúmeras indicações da liderança de Adão presentes nos primeiros dois capítulos de Gênesis.
Lembre-se, isso foi antes do pecado entrar no mundo. Quando Deus disse que Ele iria criar a mulher,
Ele se referiu a ela como “auxiliadora idônea (para o homem)” (Gênesis 2:18). Isto mostra a criação
da sua função. Ela estava ali para auxiliar, e não para governar.
De igual modo, foi Adão quem nomeou Eva “varoa” (Gênesis 2:23). Nós entendemos que aquele
encarregado de nomear os seres tem uma autoridade sobre os que foram nomeados. Nós
mostramos isso quando nomeamos nossos filhos, e Adão mostrou isso quando ele nomeou os
animais e Eva. Finalmente vemos que apesar de ambos, Adão e Eva, terem pecado, e igualmente
ambos receberem a punição, foi Adão quem foi responsabilizado. As Escrituras declaram que “em
Adão todos morremos” (1 Coríntios 15:22) e “por um só homem entrou o pecado no mundo”
(Romanos 5:12). O pecado nunca é mencionado como advindo de Eva, pois ela não tinha a
liderança. O líder é quem carrega a responsabilidade, mesmo se alguém submisso a ele comete um
erro.
Aqui está um resumo das diferenças criadas entre homens e mulheres. Esta é a razão pela qual um
gênero deve vestir o símbolo de autoridade (a cabeça coberta) e o outro não deve.

Homem (Descoberto) Mulher (Coberta)

A mulher se submete a autoridade


masculina devida, como seu cabeça. 1 Co
O homem é o cabeça da mulher. 1 Co 11:3 11:3
O homem foi criado diretamente da A mulher foi criada por Deus da costela do
mulher, da terra e é a “glória de Deus”. 1 homem e é a “glória do homem” 1 Co 11:7-
Co 11:7-8 8

O homem não foi criado para a A mulher foi criada para o homem. 1 Co
mulher. 1 Co 11:9 11:9

Deus em sua infinita sabedoria selecionou símbolos perfeitos para mostrar essa diferença na
ordem da criação. Nosso Deus ama a comunicação através de símbolos: Ele nos deu o cordeiro
sem mácula, o pão não levedado, a água do batismo, o pão e o vinho, a oliveira, o casamento, o
templo, as festas e assim por diante. Não se pode deixar de pensar em Ezequiel tendo que
permanecer deitado de lado por 390 dias (Ezequiel 4), Isaías caminhando nu e descalço por três
anos (Isaías 20:3) ou Oséias tendo que se casar com uma prostituta (Oséias 1:2). Deus poderia
simplesmente declarar sua mensagem por estes profetas, mas Ele desejou usá-los como símbolos
vivos também.
Cada símbolo na Escritura foi escolhido por Deus para um propósito específico, para apontar para
uma realidade maior. No livro de Hebreus nós vemos isso em relação à tenda que Moisés foi
ordenado a construir.
“(…) assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois
diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.” Hebreus
8:5
O autor mais tarde destaca que a tenda é um símbolo “da época presente” (Hebreus 9:9). Mesmo
sendo um símbolo, Moisés recebeu instruções bem específicas e foi ordenado a seguí-las. A razão
é que, se o símbolo é alterado, ele não reflete mais precisamente o que Deus estava se utilizando
para apontar. Assim é como a cobertura da cabeça.
O Dr. Bruce Waltke sabiamente avisa:
“Uma mulher que ora ou profetiza na assembléia dos santos deve cobrir sua cabeça como um símbolo
de sua submissão para a absoluta vontade de Deus, que foi quem criou Seu universo de acordo com
Seu bel-prazer. A imagem da Sua ordenança não deve ser manipulada pelos crentes nas suas próprias
mãos para moldá-la segundo seu próprio prazer.” 4)
Portanto o homem reflete a glória de Deus e sua submissão a Cristo através da prática da oração e
profecia com a cabeça descoberta. A mulher reflete a glória do homem e sua submissão à devida
autoridade masculina na sua vida através da prática da oração e profecia com a cabeça coberta. Se
nós mudarmos o símbolo ou abandonarmos tudo isso, nós perdemos a oportunidade de mostrar
aos homens e aos anjos a sabedoria de Deus na criação.
No próximo capítulo nós vamos tentar determinar o que Paulo quis dizer quando ele disse que as
mulheres cobrem suas cabeças “por causa dos anjos”, e eu também vou mostrar o que este
argumento significa para a visão cultural.

References
1.

↑ Charles Ryrie, The Role of Women in the Church, 2nd ed., chap. 8, (Nashville: B&H Publishing, 2011).
2.

↑ Estou defendo uma visão chamado complementarismo. A visão oposta é chamada de


igualitarismo. Para saber mais sobre isso, leia Men and Women: Equal Yet Different: A Brief Study of
the Biblical Passages on Gender de Alexander Strauch (Colorado Springs: Lewis e Roth Publishers,
1999).
3.

↑ A visão de que homens e mulheres se complementam através de suas diferenças em papel,


autoridade e função. Esta é a posição que eu defendo.
4.

↑ Bruce K. Waltke, “1 Corinthians 11:2–16: An Interpretation” (Bibliotheca Sacra 135:537, Jan. 1978),
56.
Capítulo 3: Ordem de Criação:
Masculinidade e Feminilidade
simbolizadas
“A doutrina cristã da ordem da criação envolvendo submissão requer a prática cristã de manifestar
esta ordem na adoração pública por meio da cobertura das mulheres.” 1)
Dr. Charles Ryrie, editor, The Ryrie Study Biblie; ex professor em Dallas Theology Seminary

Quando um novo convertido é batizado, isto simboliza a morte para uma vida passada e o começo
de uma nova vida em Cristo (Romanos 6:4). Esta prática do batismo é significativa principalmente
por causa do significado atribuído a ela. Da mesma forma, a cobertura feminina também simboliza
algo extraordinário. Vamos ver o fundamento desta prática para descobrirmos o que se comunica
quando os homens adoram a Deus com suas cabeças descobertas e mulheres com suas cabeças
cobertas.
Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e
Deus, o cabeça de Cristo. 1 Coríntios 11:3
Deus criou homens e mulheres iguais em valor e excelência. Ambos precisam um do outro, ou,
como dizem as Escrituras “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o
homem, independente da mulher” (1 Coríntios 11:11).
Contudo, o fato de homens e mulheres serem iguais não significa que eles tenham os mesmos
papéis, autoridade ou função 2) . Essas diferenças podem ser vistas através da Criação, nos anjos e
até mesmo no próprio Deus. A doutrina da trindade é de que há somente um Deus, revelado em três
pessoas diferentes: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essas três pessoas são todas plenamente Deus
e completamente iguais, mas elas são distintas em função, autoridades e pessoa. Como nós vimos
no verso acima, “Deus é o cabeça de Cristo”. Esta submissão de Jesus ao Pai não se limitou a sua
encarnação. Mais tarde as Escrituras dizem:
Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. (1 Coríntios 15:28)
Portanto, mesmo que agora o Pai tenha “sujeitado todas as coisas de baixo dos seus pés[de Cristo]”
(1 Coríntios 15:27), depois do retorno de Jesus, Ele ainda estará sujeito ao Pai. Não se esqueça: o
Filho vai se submeter ao Pai por toda eternidade.
Jesus não é menos valioso do que o Pai. O Espírito Santo não é menos valioso do que Jesus, ainda
que Seu papel não seja falar sobre Si mesmo, mas antes é glorificar o Filho (João 16:13).
Papéis diferentes não necessariamente significam diferença em valor ou excelência. Este ponto não
pode ser suficientemente enfatizado. Por acaso um policial tem autoridade concedida por Deus?
(Romanos 13:1) Sim! Este policial é mais valoroso do que você como homem comum? Não!
Crianças se submetem aos seus pais (Efésios 6:1); servos se submetem aos seus senhores
(Efésios 6:5); esposas se submetem aos seus maridos (Efésios 5:22); cidadãos se submetem ao
governo (Romanos 13:1); os membros da igreja se submetem aos seus líderes (Hebreus 13:17); e
Jesus se submete a Deus (1 Coríntios 11:3). Há até diferentes hierarquias entre os anjos, como
Miguel é chamado de arcanjo (Judas 9), que significa “chefe”.
Nós não precisamos temer a autoridade. Haverá pais rudes, líderes ferozes, maridos machistas,
pastores que abusam do poder e governos impiedosos até o fim. Isto por causa do pecado, não
porque a autoridade seja algo ruim. Vamos olhar para a Trindade como nosso modelo e exemplo.
Sendo assim, nossa razão fundamental para a cobertura feminina é a ordem da criação. Isto
significa que a mulher se submete ao homem, o homem se submete a Cristo e Cristo se submete ao
Pai. Esta é a estrutura de autoridade que Deus ordenou e, por causa disso, ela é boa. Esta é a
mensagem de Paulo quando ele diz “Eu quero que vocês entendam” (1 Coríntios 11:3).
Antes de examinarmos o próximo verso sobre a ordem da criação, eu gostaria de desafiar meus
amigos complementaristas. 3) Eu conheço os argumentos que vocês usam para o ministério
masculino e para a liderança dos maridos. Eu concordo inteiramente com vocês. Em 1 Timóteo 2,
Paulo explica porque uma mulher não pode “ensinar ou exercer autoridade”, certo?
E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. 1
Timóteo 2:12
“A razão é baseada na Criação”, você me diria. “Portanto, não é cultural”. Concordo. Mas agora eu
quero te desafiar a permanecer consistente enquanto nós examinamos o próximo verso.
Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a
mulher é glória do homem. Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem.
Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade. 1
Coríntios 11: 7-10
Paulo explica porquê as mulheres devem ter o símbolo de autoridade em suas cabeças – por causa
da ordem da Criação. Onde você encontra o homem sendo diretamente criado à imagem de Deus?
Em Gênesis 1. Onde você encontra a mulher sendo criada do homem, ou sendo “a glória do
homem”? Em Gênesis 2. Onde você encontra que a mulher foi criada para o homem, e não o
contrário disto? Mais uma vez, em Gênesis 2. E quando você encontra o pecado adentrando este
cenário? Não até Gênesis 3.
Portanto, esse fundamento não é somente baseado na Criação, é baseado na perfeição da Criação
de Deus antes do pecado. Liderança e autoridade é o propósito original de Deus. Não é um desastre
pós-queda, mas sim uma obra-prima pré-queda.
Alguns argumentam que submissão e autoridade são a maldição da queda, baseado em Gênesis
3:16, que diz, “o teu desejo será para o teu marido e ele te governará”. Este verso não está
introduzindo papéis pós-queda, e sim explicando como a queda afetará negativamente os papéis de
cada um. Agora, as esposas lutarão contra um desejo pela posição de autoridade do marido, e os
maridos serão tentados a liderar suas esposas tiranicamente. Esta maldição é uma distorção da
ordem de Deus, contra a qual devemos lutar.
Há inúmeras indicações da liderança de Adão presentes nos primeiros dois capítulos de Gênesis.
Lembre-se, isso foi antes do pecado entrar no mundo. Quando Deus disse que Ele iria criar a mulher,
Ele se referiu a ela como “auxiliadora idônea (para o homem)” (Gênesis 2:18). Isto mostra a criação
da sua função. Ela estava ali para auxiliar, e não para governar.
De igual modo, foi Adão quem nomeou Eva “varoa” (Gênesis 2:23). Nós entendemos que aquele
encarregado de nomear os seres tem uma autoridade sobre os que foram nomeados. Nós
mostramos isso quando nomeamos nossos filhos, e Adão mostrou isso quando ele nomeou os
animais e Eva. Finalmente vemos que apesar de ambos, Adão e Eva, terem pecado, e igualmente
ambos receberem a punição, foi Adão quem foi responsabilizado. As Escrituras declaram que “em
Adão todos morremos” (1 Coríntios 15:22) e “por um só homem entrou o pecado no mundo”
(Romanos 5:12). O pecado nunca é mencionado como advindo de Eva, pois ela não tinha a
liderança. O líder é quem carrega a responsabilidade, mesmo se alguém submisso a ele comete um
erro.
Aqui está um resumo das diferenças criadas entre homens e mulheres. Esta é a razão pela qual um
gênero deve vestir o símbolo de autoridade (a cabeça coberta) e o outro não deve.
Homem (Descoberto) Mulher (Coberta)

A mulher se submete a autoridade


masculina devida, como seu cabeça. 1 Co
O homem é o cabeça da mulher. 1 Co 11:3 11:3

O homem foi criado diretamente da A mulher foi criada por Deus da costela do
mulher, da terra e é a “glória de Deus”. 1 homem e é a “glória do homem” 1 Co 11:7-
Co 11:7-8 8

O homem não foi criado para a A mulher foi criada para o homem. 1 Co
mulher. 1 Co 11:9 11:9

Deus em sua infinita sabedoria selecionou símbolos perfeitos para mostrar essa diferença na
ordem da criação. Nosso Deus ama a comunicação através de símbolos: Ele nos deu o cordeiro
sem mácula, o pão não levedado, a água do batismo, o pão e o vinho, a oliveira, o casamento, o
templo, as festas e assim por diante. Não se pode deixar de pensar em Ezequiel tendo que
permanecer deitado de lado por 390 dias (Ezequiel 4), Isaías caminhando nu e descalço por três
anos (Isaías 20:3) ou Oséias tendo que se casar com uma prostituta (Oséias 1:2). Deus poderia
simplesmente declarar sua mensagem por estes profetas, mas Ele desejou usá-los como símbolos
vivos também.
Cada símbolo na Escritura foi escolhido por Deus para um propósito específico, para apontar para
uma realidade maior. No livro de Hebreus nós vemos isso em relação à tenda que Moisés foi
ordenado a construir.
“(…) assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois
diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.” Hebreus
8:5
O autor mais tarde destaca que a tenda é um símbolo “da época presente” (Hebreus 9:9). Mesmo
sendo um símbolo, Moisés recebeu instruções bem específicas e foi ordenado a seguí-las. A razão
é que, se o símbolo é alterado, ele não reflete mais precisamente o que Deus estava se utilizando
para apontar. Assim é como a cobertura da cabeça.
O Dr. Bruce Waltke sabiamente avisa:
“Uma mulher que ora ou profetiza na assembléia dos santos deve cobrir sua cabeça como um símbolo
de sua submissão para a absoluta vontade de Deus, que foi quem criou Seu universo de acordo com
Seu bel-prazer. A imagem da Sua ordenança não deve ser manipulada pelos crentes nas suas próprias
mãos para moldá-la segundo seu próprio prazer.” 4)
Portanto o homem reflete a glória de Deus e sua submissão a Cristo através da prática da oração e
profecia com a cabeça descoberta. A mulher reflete a glória do homem e sua submissão à devida
autoridade masculina na sua vida através da prática da oração e profecia com a cabeça coberta. Se
nós mudarmos o símbolo ou abandonarmos tudo isso, nós perdemos a oportunidade de mostrar
aos homens e aos anjos a sabedoria de Deus na criação.
No próximo capítulo nós vamos tentar determinar o que Paulo quis dizer quando ele disse que as
mulheres cobrem suas cabeças “por causa dos anjos”, e eu também vou mostrar o que este
argumento significa para a visão cultural.

References
1.
↑ Charles Ryrie, The Role of Women in the Church, 2nd ed., chap. 8, (Nashville: B&H Publishing, 2011).
2.

↑ Estou defendo uma visão chamado complementarismo. A visão oposta é chamada de


igualitarismo. Para saber mais sobre isso, leia Men and Women: Equal Yet Different: A Brief Study of
the Biblical Passages on Gender de Alexander Strauch (Colorado Springs: Lewis e Roth Publishers,
1999).
3.

↑ A visão de que homens e mulheres se complementam através de suas diferenças em papel,


autoridade e função. Esta é a posição que eu defendo.
4.

↑ Bruce K. Waltke, “1 Corinthians 11:2–16: An Interpretation” (Bibliotheca Sacra 135:537, Jan. 1978),
56.

Capítulo 4: Os Anjos: Considerando o


Anfitrião Celestial
“A Escritura ensina que quando os cristãos se reúnem, e quando se reúnem em oração, então os
anjos de Deus estão presentes e as mulheres devem cobrir-se quando participam na oração pública
por causa da presença dos anjos. É uma coisa tremenda e notável” 1)
Dr. Martyn Lloyd-Jones, ex-ministro da Capela de Westminster em Londres

Quando se trata de versículos que os cristãos admitem que não entendem, 1 Coríntios 11.10 é o
versículo que está no topo da maioria de nossas listas. Aqui está o que essa passagem diz:
“Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade.”
O apóstolo Paulo nos disse que as mulheres devem cobrir suas cabeças por causa dos anjos.
Portanto, não importa o que este versículo significa em sua plenitude, o que sabemos é que temos
uma de suas razões para praticar este símbolo.
Este ponto deve ser levado em alta consideração. Nós não procuramos entender o que este
versículo significa para que ele se torne evidência para a cobertura da cabeça. Pelo contrário, por
ser uma razão, buscamos, portanto, compreendê-la.
A dificuldade para nós é que Paulo diz isso de passagem, sem explicar o que ele quis dizer. Uma
razão provável para isso é que a igreja em Corinto compreendeu o que Paulo queria dizer, portanto,
uma explicação seria desnecessária. Em sua carta aos tessalonicenses, ele disse que havia
explicado detalhes sobre a Segunda Vinda de Cristo a eles quando estava com eles (2
Tessalonicenses 2.5). Isso também pode ser uma dessas doutrinas articuladas enquanto estavam
em sua presença.
Uma vez que este é um versículo muito curto e vago, não há nenhuma maneira para podermos
saber, com absoluta certeza, o que isso significa. No entanto, não ficamos totalmente no escuro. Há
uma indicação no grego que nos ajuda a identificar a quais anjos Paulo estava se referindo. Há
também outros textos na Escritura sobre esses seres que acredito que possam lançar uma luz
sobre esta passagem. Comecemos por identificar se Paulo estava falando sobre anjos bons ou
maus.
Anjos: Bons ou Maus?
Na gramática, o artigo definido é usado para modificar um substantivo. É preciso uma pessoa, lugar
ou coisa para indicar que você não está se referindo ao substantivo em geral, mas sim que você
tem uma referência específica em mente. Este artigo definitivo mostra-se, em português, como a
palavra “os”. Assim, como um exemplo, se eu dissesse “ela ama chocolate,” é um uso muito amplo
e poderia se referir todo o chocolate. Entretanto, adicionando o artigo definido, transformamos a
frase em “ela ama o chocolate.” Isto indica ao leitor que o chocolate ao qual se refere é um tipo
específico.
Na língua grega também há o artigo definido 2) e em 1 Coríntios 11.10 é usado quando Paulo diz
“por causa dos anjos”. Isso indica que Paulo não está falando de todos os anjos, mas tem anjos
específicos em mente.
De acordo com o Dr. David E. Garland, “Paulo nunca usa a palavra ‘anjos’ com um artigo definido
para se referir a anjos maus” 3) . Da mesma forma, Robertson e Plummer afirmam que “anjos maus
não podem ser inseridos no texto. O artigo é contra eles: ἄγγελος, que sempre significa anjos
bons.” 4) . Portanto, quando Paulo diz que mulheres deveriam usar um símbolo de autoridade sobre
suas cabeças “por causa dos anjos”, é provável que ele tivesse os anjos santos em mente.
Para o Seu benefício
O propósito da cobertura da cabeça é fornecer um símbolo visual da ordem criada por Deus à igreja
reunida. Se os anjos são uma razão pela qual obedecemos a este mandamento, pressupõe-se que
eles devem estar nos observando enquanto adoramos a Deus. Uma compreensão do por que
praticamos a cobertura da cabeça é para que possamos justamente simbolizar a ordem criacional
para todos os presentes, tanto os visíveis como os invisíveis.
Paulo disse: “para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos
principados e potestades nos lugares celestiais” (Efésios 3.10).
Esses principados e potestades são os anjos de Deus (Colossenses 1.16; 1 Pedro 3.22). Vemos
nessa passagem o que o nosso Senhor está fazendo através da igreja e isso demonstra como Ele é
incrivelmente sábio. Pedro descreve que os anjos “anelam perscrutar” o que Deus está fazendo (1
Pedro 1.12). Eles são cativados pelo que Deus está fazendo e querem ver mais dEle. Creio que este
é um desejo que Deus teria prazer em cumprir. Permitir que os anjos nos observem adorar a Ele
poderia ser uma forma de cumprir esse desejo.
Eu amo pensar sobre o que os anjos devem estar pensando, até porque eles têm uma perspectiva
única. Os anjos foram os primeiros da criação de Deus. Sabemos que viram toda a história se
desdobrar porque Deus disse a Jó que os anjos se alegravam de vê-Lo fazer o mundo (Jó 38.4-7).
Os anjos passaram todas as suas vidas na presença de um Deus santo e perfeito. Eles O viram criar
um mundo perfeito, onde não havia pecado, morte ou sofrimento. Esses conceitos eram
desconhecidos para eles. Então um dos seus, Satanás, rebelou-se contra Deus. Deus o colocou fora
de Sua presença para sempre, juntamente com os anjos que o seguiram (Judas 6). Não há
oportunidades para o arrependimento [para eles] e ninguém para interceder em seus nomes. Os
anjos sabem que o pecado tem um custo muito alto.
Então, como uma repetição, o primeiro casal que Deus criou também pecou. No entanto, há uma
torção neste enredo. Deus mata um animal em seu lugar e lhes promete um Redentor. Ele, então,
separa um grupo desses humanos pecaminosos para mostrar Seu amor e carinho. Isso culmina
com o próprio Deus entrando no mundo em carne humana. O Salvador vive uma vida perfeita e
depois a estabelece como um sacrifício sem mácula. O Pai o abate, o Cordeiro de Deus, para que os
filhos do diabo, que merecem o mal, possam ser totalmente perdoados e adotados em Sua família.
Que história! Não é de admirar que os anjos anseiem olhar para isso.
Agora, coloque-se no lugar deles enquanto eles observam as pessoas reunidas de Deus adoração.
Eles veem inimigos de Deus, agora, adorando-O porquê foram perdoados e redimidos. Eles veem
judeus e gentios adorando juntos como membros de um corpo em unidade. Eles veem machos e
fêmeas adorando juntos como iguais [em seu ser]. Além de tudo isso, através da cobertura da
cabeça, nossas mulheres mostram a todos os presentes que sua posição como mulher também é
redimida. Já não estão em guerra, usurpando e desejando a posição de autoridade do homem
(Gênesis 3.16). Em vez disso, elas estão satisfeitas com o papel que Deus ordenou para elas em
Gênesis 2.
Os homens, da mesma forma, por suas cabeças nuas, comunicam que exercerão autoridade em
seus respectivos papéis. No entanto, já não será através da dominação (Gênesis 3.16) ou por
passividade, como o primeiro Adão. Sua posição como homem também é redimida.
Ao observarem isto, os anjos devem clamar: “Eis a multiforme sabedoria de Deus!”.
Não vamos esquecer que, como seres sem pecado, eles seriam muito mais sensíveis ao pecado. Se
somos desonrosos e vergonhosos em uma perspectiva humana (1 Coríntios 11.4-6), como
devemos olhar para os anjos, se desobedecermos a este mandamento? Se não orarmos e
profetizarmos como Deus disse, a única coisa que podemos estar simbolizando para eles é a
distorção do papel de Gênesis 3!
Para o nosso benefício
As Escrituras também parecem sugerir que anjos podem estar relatando a Deus se estamos ou não
obedecendo a Ele. Deixe-me explicar o que quero dizer. No dia do juízo temos que dar conta de tudo
o que dissemos (Mateus 12.36) ou fizemos (1 Coríntios 3.13).
Então Deus deve estar mantendo um registro. Além disso, há versículos que falam dos modos de
como as nossas orações são impedidas, como, por exemplo, negligenciar os pobres (Provérbios
21.13) ou ser um mau marido (1 Pedro 3.7). Esses são pecados que devem ser observados,
registrados e relatados.
Bem, Deus é onisciente, então Ele conhece todas as coisas. No entanto, Ele pode optar por usar
meios específicos para receber essa informação se Ele desejar. Por exemplo, Deus escolhe julgar
os mortos “conforme o que se achava escrito nos livros.” (Apocalipse 20.12).
Ele não precisa de um livro, mas escolhe usar um para registrar as ações das pessoas. Do mesmo
modo, Deus não precisa de ninguém nem de nada para deixá-Lo saber quem está sendo obediente
aos Seus mandamentos, mas há uma implicação bíblica para que o Pai escolha ter essa informação
apresentada a Ele por anjos. Aqui está o que Jesus disse:
“Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos
céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste.” (Mateus 18.10).
Quando alguém comete um pecado contra um “pequenino”, Deus não apenas diz: “Eu sei sobre
isso.” Ele diz que seu anjo vem até Ele. A implicação é que o anjo estaria relatando a Deus o que
tinha acontecido.
Vamos dar uma olhada em outro versículo:
“Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem
prevenção, nada fazendo com parcialidade.” (1 Timóteo 5.21)
Quando Paulo deixou as suas ordenanças com Timóteo, ele lembrou-lhe que o que foi ordenado, foi
feito “na presença dos anjos eleitos.” É como se ele estava dizendo “os anjos são testemunhas do
que eu te mandei e eles estarão assistindo.”.
Entender que estamos sendo observados e responsabilizados serve para nos humilhar em nossos
esforços em obediência. Nossas vidas não são privadas, mas vividas diante de um público
cósmico.
Enfim, mesmo que eu tenha falhado em minha explicação, a razão ainda é clara: devemos obedecer
“por causa dos anjos”. As crianças podem imaginar por que seu pai pediu para fazer tal e tal coisa,
mas o ponto principal não deve ser desperdiçado. Independentemente da razão, tanto a ordenança
quanto a pessoa que deseja obediência são muito claros.
Obtendo o público certo
Quero terminar com um último ponto. Mais adiante (no capítulo 9) discutiremos a visão popular de
que a prática da cobertura da cabeça era apenas para aquela cultura. Esse argumento baseia-se na
premissa de que este símbolo é apenas para os seres humanos e que era importante para não
ofender seus costumes locais. Mas aqui Paulo contradiz diretamente esse sentimento mostrando-
nos que nós o fazemos para um grupo de seres completamente diferente.
Esta prática não é apenas uma testemunha para as pessoas, mas para os anjos, que não mudam e
não têm práticas culturais. Esta, então, é uma razão forte de porque a cobertura feminina é
atemporal e transcultural.
À medida que avançamos através da carta de Paulo, voltemos nossa atenção para o que ele diz
sobre a natureza e como isso atesta, através do comprimento dos nossos cabelos, que a prática da
cobertura da cabeça é correta.

References
1.

↑ Martyn Lloyd Jones, Great Doctrines of the Bible, (Carol Stream, Illinois: Crossway Books, 2003),
110.
2.

↑ Em português há artigos definitivos e indefinidos. Em grego, tal distinção não existe; por isso é
realmente apenas um “artigo”.
3.

↑ David E. Garland, First Corinthians (Baker Academic, 2003), 527.


4.

↑ Archibald T. Robertson and Alfred Plummer, A Critical and Exegetical Commentary on the First
Epistle of St. Paul to the Corinthians (T&T Clark, 1911), 233. (Quando eles mencionam “ἄγγελος
sempre significa anjos bons”, isto deve ser entendido como quando a palavra é usada com o artigo
grego nas cartas de Paulo.)

Capítulo 5: Natureza: O que o nosso


cabelo nos ensina sobre a cobertura da
cabeça.
“O cabelo comprido é uma indicação da ‘natureza’ da diferenciação entre homens e mulheres, pelo
que a cobertura da cabeça requerida está de acordo com o que a ‘natureza’ ensina. 1)
John Murray, professor, Westminster Theological Seminary, 1930-66
O argumento de Paulo sobre a natureza é provavelmente o mais confuso e mal compreendido de
todas as suas razões. Ele apela para o bom senso de uma pessoa do que é certo, com base no que
a natureza nos ensina sobre nossos comprimentos de cabelo. Aqui está o que ele diz:
“Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu? Ou não vos ensina a
própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, tratando-se da mulher,
é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha.” (1 Coríntios 11:13-15)
Uma pergunta retórica, de acordo com o Merriam-Webster Dictionary, é “feita para fazer uma
declaração ao invés de obter uma resposta”. Isto é o que Paulo está fazendo quando pergunta: “É
apropriado?” Sabemos disso principalmente porque ele acabou de terminar uma longa defesa
apologética do porquê devemos praticar a cobertura feminina. Ele não iria, então, derrubar isso tudo,
permitindo que outros escolhessem se desejam obedecer a uma doutrina enraizada na Criação.
Pelo contrário, Paulo está declarando que o debate está encerrado. Ele está dizendo: “Vocês todos
sabem que esta é a única opção correta.” Ninguém diria que é apropriado para uma mulher orar
descoberta na igreja. A razão pela qual todos concordariam é porque entenderam que uma
cobertura de cabeça neste contexto é um sinal de feminilidade bíblica. Ela proclama visivelmente
que uma mulher alegremente aceita a estrutura de autoridade vinda de Deus para sua vida.
Algumas pessoas pensam que quando Paulo diz “julgai entre vós mesmos” ele está dizendo que
temos a liberdade de decidir se as mulheres devem ou não orar cobertas. Para mostrar que isso não
é o que ele quis dizer, vamos examinar algumas passagens semelhantes.
“Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo. Porventura, o cálice da bênção que
abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do
corpo de Cristo?” (1 Coríntios 10:15-16)
Quando Paulo pede aos coríntios que “julgueis vós mesmos”, ele está dizendo que existem duas
opções perfeitas e que só precisam escolher aquela que funciona melhor para elas? Aquele que
toma da Santa Ceia participa do sangue e do corpo de Cristo, mas o outro não? Ou melhor, a
resposta implica que a Santa Ceia é participação em Cristo?
Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros
do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. (Atos 4:19-
20)
Quando Pedro e João pedem ao conselho da igreja que “julguem”, eles estão dizendo que há duas
opções perfeitamente corretas? Um escolhe obedecer a Deus, mas o outro escolhe atender a
instrução do homem? Ou, melhor dizendo, a resposta implica que, sim, devemos obedecer a Deus e
não ao homem? Julgai por vós mesmos.
Então, assim como os outros exemplos, Paulo não está dando duas opções iguais. Ele acabou de
dizer “toda mulher que tem a cabeça descoberta enquanto ora ou profetiza desonra sua cabeça” (1
Coríntios 11: 5). A resposta à pergunta de Paulo está implícita: não é apropriado para uma mulher
orar descoberta, e é por isso que ele disse: “cumpre-lhe usar véu” (1 Coríntios 11: 6).
Definindo a Natureza
Agora Paulo passa da sua pergunta retórica a uma discussão sobre o que a “natureza” nos ensina.
Para entender corretamente seu argumento, primeiro precisamos definir o que significa a palavra
natureza (no grego: physis).
O léxico do BDAG 2) diz que é a “ordem regular ou estabelecida das coisas”, 3) e o léxico Abbott-
Smith diz que é “a ordem regular ou a lei da natureza”. 4) Então estamos falando de coisas que são
intrínsecas. Em seguida, eu quero levá-lo um pouco mais fundo nesta questão e realmente olhar
como Paulo usa esta palavra em outra passagem.
Ele diz:
“Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza [physis], de conformidade com a
lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu
coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente
acusando-se ou defendendo-se,” (Romanos 2:14-15)
Aqui, Paulo ensina que os seres humanos, por “natureza”, têm um sentido inato de certo e errado.
Ele diz ainda que a “natureza” se alinha à Lei escrita de Deus. Dado que esse é o caso, seria errôneo
defini-lo como uma opinião cultural, porque muitas vezes é contrário ao que Deus declarou. No
Novo Testamento, “physis” aparece catorze vezes, e, sempre que é usada, ela se refere a uma parte
da Criação de Deus ou à ordem estabelecida. Isto significa que os homens com cabelos curtos e as
mulheres com cabelos longos não é uma invenção cultural, mas uma parte da ordem natural, que se
destina a distinguir entre os sexos.
O que os nossos cabelos nos ensinam
Agora que entendemos que a “natureza” é a ordem estabelecida por Deus, precisamos descobrir
porque Paulo começa a falar sobre comprimentos de cabelo e como ele vê isso como ajuda ao seu
argumento 5) para a cobertura feminina. Vamos dar uma olhada em nosso verso novamente:
Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu? Ou não vos ensina a
própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, tratando-se da mulher,
é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha. (1 Coríntios 11:13-15)
Paulo diz que sabemos que é correto que as mulheres orem cobertas até porque a natureza já
mostrou que é apropriado dar às mulheres uma cobertura natural de cabelo. Assim, o mandamento
para uma cobertura artificial (em momentos específicos) está em conformidade com o que ela já
possui (uma cobertura para o tempo todo). Da mesma forma, é correto para os homens orarem
descobertos porque a propriedade natural determinou que os homens devem manter seus cabelos
curtos, para que isso não se torne uma cobertura.
Este mandamento de orar descoberto (em momentos específicos) está de acordo com o que a
natureza determinou para eles (o tempo todo). Além disso, os comprimentos dos cabelos servem
para distinguir os sexos, e Paulo diz que quando desconsideramos isso – com homens com
cabelos longos e mulheres com cabelos curtos 6) – traz-se desonra a uma pessoa. Isso também
está de acordo com o seu ensinamento sobre como devemos adorar, uma vez que as mulheres que
oram descobertas e os homens que oram cobrindo suas cabeças ambos desonram suas cabeças
(1 Coríntios 11.4,5).
Como o O que acontece
comprimento de quando alguém
Como alguém deve cabelo da pessoa desobedece a essas
se vestir enquanto deve ser distinções de
“ora e profetiza” (1 naturalmente. (1 gênero (1 Cor
Gênero Cor 11.4,5) Cor 11.14-15) 11.4,5, 14,15)

Descoberto (nada
artificial sobre sua Descoberto (cabelo
Homem cabeça) curto) Desonra
Coberta (alguma
coisa artificial
cobrindo sua Coberta (cabelo
Mulher cabeça) longo) Desonra

Homossexualismo e cabelo
Agora eu sei que você provavelmente está pensando: “poderia haver algo menos significativo à vista
de Deus do que como usamos nossos cabelos?” É verdade que, comparativamente falando, isso é
algo pequeno. Mas quero encorajá-lo a não tratar algo como insignificante se a Palavra de Deus diz
que é desonroso caso você desobedeça este mandamento (1 Coríntios 11.4,5).
Também precisamos tratar a questão com seriedade se quisermos ser consistentes em defender a
heterossexualidade como algo natural. Este exemplo é importante para esta discussão, porque o
apóstolo Paulo condenou tanto a homossexualidade como os homens que tem cabelos longos
usando as mesmas palavras gregas. Ele diz que ambos estão contra a natureza (physis) e ambos
são desonrosos ou vergonhosos (atimia). Olhe essas duas passagens lado a lado, prestando muita
atenção às palavras gregas entre colchetes.
“Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames [atimia]; porque até as mulheres mudaram o
modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza[physis]; semelhantemente, os
homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua
sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida
punição do seu erro.” (Romanos 1:26-27)
“Ou não vos ensina a própria natureza[physis] ser desonroso[atimia] para o homem usar cabelo
comprido? E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar
de mantilha.” (1 Coríntios 11:14-15)
Nestas duas passagens temos o mesmo autor (Paulo), fazendo o mesmo julgamento moral
(desonroso = atimia), apelando à mesma razão (natureza = physis). Portanto, se quisermos ser
consistentes, devemos tratar os dois da mesma forma. Bem, para esclarecer, isso não quer dizer
que ambos são igualmente desonrosos. Paulo também nos ensinou que existem diferentes graus
de pecado, com o pecado sexual tendo seu próprio nível (1 Coríntios 6.18).
No entanto, o que não podemos dizer é que uma dessas passagens se refere a uma invenção
cultural enquanto a outra é estabelecida por Deus. No mundo ocidental de hoje, o homossexualismo
tornou-se culturalmente aceitável, assim como tem sido o cabelo curto em mulheres e cabelos
longos em homens. No entanto, só porque a cultura permite certo tipo de prática, isso não quer
dizer que ela esteja correta.
Resumo
Então, enquanto a cobertura da cabeça é ensinada explicitamente nas Escrituras, ela é confirmada,
também, pelo que a natureza ensina silenciosamente. Ela demonstra-nos que o cabelo dado a cada
sexo confirma a adequação da cobertura da cabeça, uma vez que os dois estão em linha um com o
outro. Ela também nos ensina que é desonroso quando desconsideramos uma distinção de gênero.
Assim como é impróprio fazer isso com nossos comprimentos de cabelo, assim é com cobertura de
cabeça enquanto “oramos e profetizamos”.
Agora, enquanto continuamos a mover-nos através da carta de Paulo, descobriremos que a
cobertura da cabeça não se limitava à congregação de Corinto, mas era a prática de todas as
igrejas.
References
1.

↑ John Murray, “Head Coverings and Decorum in Worship: A Letter to Mr. V. Connors” acessado em
27/04/2015: http://www.headcoveringmovement.com/articles/head-coverings-and-decorum-in-
worship-a-letter-by-john-murray.
2.

↑ BDAG significa Bauer, Danker, Arndt e Gingrich. Este é o Léxico grego-inglês deles do Novo
Testamento.
3.

↑ W. Arndt, F. W. Danker, and W. Bauer, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other
Early Christian literature, 3rd ed. (Chicago: University of Chicago Press, 2000), 1070.
4.

↑ G. Abbott-Smith, A Manual Greek Lexicon of the New Testament (New York: Charles Scribner’s
Sons, 1922), 476.
5.

↑ Alguns acreditam que Paulo não está apoiando seu argumento, mas sim o definindo. Isso
significa que eles discordam que Paulo estava sempre falando sobre uma cobertura artificial e só
tinha comprimento de cabelo em mente. Eu darei argumentos contra esta objeção no capítulo oito.
6.

↑ ”Longo” deve ser entendido como em contraste com o comprimento dos penteados curtos dos
homens onde quer que se viva. Assim como vestir modestamente, existem alguns equipamentos
que claramente não se encaixam no rótulo, não importa a cultura. Da mesma forma, existem alguns
penteados que não poderiam ser chamados de “longos” não importa onde se vive. No entanto, há
uma quantidade razoável de subjetividade para ele também. Quando o cabelo de uma mulher é
chamado uma cobertura (1 Coríntios 11.15), a palavra grega usada é “peribolaion”. Esta palavra
indica algo que pode ser “envolvido ao redor.” Assim os homens devem manter seus cabelos curtos
o suficiente para que não possam ser envolvidos em torno de suas cabeças.

Capítulo 6: Prática da Igreja: A visão


exclusiva das primeiras igrejas
“Paulo ensinou a todas as igrejas este costume e esperava que o seguissem. Nesta declaração final
ele corta todos os outros argumentos apelando ao uso cristão universal [da cobertura feminina]”. 1)
Mary A. Kassian, professora de estudo de mulheres, Southern Baptist Theological Seminary

A palavra final de Paulo em relação à cobertura da cabeça fornece um dos argumentos mais fortes
a favor dele: a prática uniforme de todas as igrejas. Aqui está o que ele diz:
“Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de
Deus.”(1 Coríntios 11:16)
Enquanto a maioria das pessoas na igreja de Corinto realizava a prática da cobertura da cabeça,
havia obviamente alguns que tinham problemas com ela. Paulo diz a essas pessoas que, se elas
são contenciosas, elas estão sozinhas. Todos os apóstolos e todas as igrejas locais praticavam a
doutrina da cobertura feminina.
Tal costume?
Você pode se perguntar, por que eu digo que eles seguraram a prática de cobertura da cabeça
quando o que ele realmente diz é que eles não têm “tal prática”? A fim de resolver esta aparente
discrepância, devemos definir “prática”, olhando para o seu mais próximo antecedente. Entendemos
que se eu disser: “Ele não quer ir lá”, você só pode saber quem “ele” é e onde “lá” é olhando para a
frase anterior para encontrar os antecedentes dessas palavras. Da mesma forma, só podemos
saber o que a “prática” é olhar para os versos anteriores. Essa é a chave para interpretar
corretamente esta passagem. Vamos começar no versículo 13 para que você possa ver isso por si
mesmo.
“Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu?Ou não vos ensina a
própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido?E que, tratando-se da mulher, é
para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha.Contudo, se alguém quer ser
contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus.”(1 Coríntios 11:13-16)
O início deste verso onde ele diz “julgue entre vós mesmos” é o começo de um novo pensamento.
Ele está dando um novo argumento, que vem da natureza, e ele faz isso perguntando retóricamente:
“é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu?” Esta é a questão em discussão. Ele então
prossegue para fazer seu argumento apontando para comprimentos de cabelo antes de chegarmos
ao verso que estamos falando. Deve-se notar que o antecedente mais próximo para a “prática” não
é a cobertura da cabeça, que não foi mencionada desde o versículo 10, mas sim a prática de
mulheres orando descobertas (1 Coríntios 11:13).
Assim, Paulo está dizendo que, se alguém está sendo polêmico, as igrejas não têm “tal prática”
como a que a pessoa contenciosa está defendendo (ou seja, as mulheres orando com cabeças
descobertas). Paulo não está dizendo que não há uma posição oficial sobre a cobertura da cabeça
– ele acabou de dar essa defesa. É por isso que outras versões tentam tornar este versículo mais
legível ao traduzi-lo: “Não temos outra prática, nem as igrejas de Deus” (1 Coríntios 11:16). É menos
literal, mas tenta trazer para fora o significado verdadeiro mais claramente. 2)
Tertuliano, um apologista cristão que viveu entre cerca de 155 a 220 dC, escreveu muitos livros
teológicos. Em um deles, O Véu das Virgens (The Veiling of Virgins), ele argumentou a partir da
Escritura e da tradição que todas as mulheres devem ter suas cabeças cobertas, não apenas
aquelas que estão casadas. Há uma declaração muito útil que ele fez sobre a igreja em Corinto em
seu dia, aproximadamente 150 anos depois que Paulo escreveu sua primeira carta para eles. Ele diz:
“Assim também os próprios coríntios entenderam [Paulo]. Na verdade, até nos dias de hoje os coríntios
cobrem as suas virgens com véu. O que os apóstolos ensinaram, seus discípulos aprovam.” 3)
Tendo observado a igreja de Corínto do terceiro século, Tertuliano, em essência, diz: “Eles
entenderam que Paulo queria dizer que todas as mulheres devem usar véu para a cabeça. Isso é
evidenciado pelo fato de que até hoje é praticado por elas.”
Este ensinamento continuou sendo a prática padrão da maioria das igrejas ao longo da maioria da
história da igreja. Como R.C. Sproul Sr. nota: “O uso da cobertura feminina na adoração foi
universalmente a prática de mulheres cristãs até o século XX. O que aconteceu? De repente,
descobrimos alguma verdade bíblica para a qual os santos por milhares de anos eram cegos? Ou será
que nossas visões bíblicas de mulheres foram gradualmente corroídas pelo movimento feminista
moderno que se infiltrou na Igreja de Jesus Cristo, que é “o pilar e o fundamento da verdade”? 4)
A cobertura feminina não é uma doutrina nova e estranha. Esta é uma velha doutrina, baseada na
Bíblia e compreendida dessa maneira pela maioria ao longo da história da igreja. A cobertura
feminina foi praticada em todas as igrejas através dos séculos, e nós somos a exceção de hoje.
Está na hora de mudarmos isso!
Temos uma última consideração antes de terminar o respaldo bíblico para a cobertura da cabeça.
Vou mostrar a você cinco razões pelas quais esta prática é um mandamento bíblico, não uma
questão de liberdade cristã.

References
1.

↑ Mary Kassian, Women, Creation and the Fall (Crossway Books, 1990), 100.
2.

↑ As notas de rodapé da NASB (New American Standard Bible) afirmam que “tal prática” é a leitura
literal. Eles dão uma tradução menos literal para a legibilidade. Assim, essa tradução assume que a
prática é cobertura da cabeça.
3.

↑ Tertullian, “On the Veiling of Virgins,” 33.


4.

↑ Greg Price, “Head coverings in Scripture,”


http://www.albatrus.org/english/living/modesty/headcoverings_in_scripture.htm, acessado em 23
de agosto 2015.

Capítulo 7: Prescritivo: Por que esta


prática não é relativa à liberdade
cristã?
“Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos.”(v. 10). A palavra
traduzida ‘deve’ tanto aqui como no versículo 7 é um termo forte que expressa obrigação ou dever;
consequentemente, não há opção ou escolha no assunto “. 1)
Dr. Michael Barrett, professor, Puritan Reformed Theological Seminary

A liberdade cristã é o direito de um cristão de tomar uma decisão sobre algumas questões que não
são ordenadas por Deus. Com esses tipos de questões, existem parâmetros bíblicos que limitam
nossas escolhas e princípios bíblicos que devem informar nossas escolhas, mas não há apenas
necessariamente uma resposta correta para todos os cristãos. Esta ideia é ensinada em Romanos
14, onde o apóstolo Paulo diz:
“Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o
recebeu por seu.
Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme,
porque poderoso é Deus para o firmar.
Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente
seguro em sua própria mente.
Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O
que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come,
e dá graças a Deus.”
Romanos 14:2-6
Paulo diz que Deus não controla uma determinada dieta nem nos pede que guardemos certos dias.
Portanto, uma pessoa pode ser vegetariana enquanto outra pode comer carne. Pode-se observar
um dia como especial enquanto outro pode tratar todos os dias. Ambos podem manter suas
opiniões contrárias enquanto vivem para a glória de Deus. Algumas outras áreas que são
consideradas como liberdade cristã, seriam seu estilo de moda, em questão de mídia (televisão,
música, notícias) e como eles votam nas eleições. Essas questões terão parâmetros e princípios
escriturísticos para ajudar a orientar nossas escolhas, mas não há nenhuma ordenação explicita
que permita apenas uma visão em certas questões relativas.
Assim, resumindo, na área de liberdade cristã, primeiro: não é comandada por Deus, e segundo:
permite que os cristãos ocupem posições diferentes enquanto ainda glorificam a Deus.
A cobertura feminina é uma liberdade Cristã?
Em 1 Coríntios 11, a cobertura feminina é defendida como um imperativo bíblico para trazer a
conformidade na prática (versículo 16). Por isso, não acredito que seja correto classificá-la como
uma questão de liberdade cristã. Aqui estão cinco motivos do porque eu acredito que a cobertura
feminina é uma ordenança:
1. A cobertura da cabeça é um ensinamento que foi “segurado firmemente” pela igreja
porque foi entregue com autoridade apostólica (1 Coríntios 11: 2). Questões de liberdade
são deixadas geralmente para o cristão individualmente, não entregue às igrejas para que
elas guardem isso.
2. Paulo diz a quem não concorda com a cobertura feminina que as igrejas têm apenas uma
visão, e essa é a sua prática (1 Coríntios 11:16). Questões de liberdade são marcadas por
várias visões diferentes, e não como uma posição exclusiva.
3. A estrutura da frase ordena uma ação: “Portanto, se a mulher não se cobre com véu,
tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que
ponha o véu.” (1 Coríntios 11:6). Questões de liberdade são marcadas pela ausência de
um comando de ação direta.
4. Paulo diz que não praticar a cobertura da cabeça é desonroso, vergonhoso e comparável
a uma mulher com cabeça raspada (1 Coríntios 11: 4-6). Os problemas da liberdade são
marcados por uma pluralidade de escolhas que podem trazer glória a Deus, enquanto
Paulo diz que, neste caso, apenas uma escolha pode ser feita.
5. Paulo defende a cobertura Cristã apelando para a ordem de Criação, a natureza e os
anjos. As questões da liberdade são marcadas muitas vezes pelo silêncio nas Escrituras,
não por uma defesa bíblica.
Por estas razões, acredito que a cobertura feminina é uma ordem bíblica que deve ser praticado por
todos os cristãos.
Nós “devemos” praticá-la.
Alguns sugeriram que a cobertura feminina não é um mandamento bíblico porque Paulo nos diz que
“devemos” praticá-lo, e não somos obrigados.
A palavra grega por trás do “dever” é opheilō, e ocorre trinta e cinco vezes no Novo Testamento. Em
suas várias ocorrências é traduzido como devedor, obrigado, deve e até mesmo mandado (com
algumas outras palavras que estão intimamente relacionadas). Em todos os casos, opheilō é
destinado a levar a pessoa a uma prática apenas. Não traz a conotação de escolha, mas de
obrigação.
Por exemplo, Paulo diz: “Maridos também devem amar suas próprias esposas” (Efésios 5:28), e
João diz: “Também devemos nos amar uns aos outros” (1 João 4:11). Esses são mandamentos
bíblicos, e não questões de liberdade. Não se pode reter o amor de uma esposa ou de outros
cristãos enquanto queremos ainda glorificar a Deus. Quando Paulo nos diz que um homem “não
deve cobrir a cabeça” (1 Coríntios 11: 7) e que ” a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio…”
(1 Coríntios 11:10), ele está falando de algo que precisamos fazer, não algo que possamos escolher
se quisermos fazer.
Que diferença faz?
Tendo defendido um caso do por que a cobertura feminina deve ser entendida como um
mandamento, vejamos agora a diferença que isso faz. O que queremos dizer (e não queremos
dizer) quando chamamos algo de mandamento?
Um Mandamento Bíblico:
• não significa que você não pode discordar da interpretação (e, portanto, não guarda-lo).
• não significa que ele deve ser aplicado por uma outra pessoa (embora isso possa ser
perfeitamente aceitável, dependendo da circunstância, ou seja, um pastor sobre sua
congregação).
Dito isto, há algumas diferenças importantes para a forma como interagimos com um mandamento
em contraste com uma questão de liberdade cristã.
Um Mandamento Bíblico:
• significa que se você está convencido de que a interpretação está correta, você é obrigado a
observá-lo.
• significa que você pode persuadir e exortar os outros a observá-lo sem ser legalista.
Eu entendo que chamar isso de um mandamento pode ser desconfortável com alguns que leem
isso. Afinal, não estamos sob Graça e libertados da Lei? Não estou sugerindo um retorno salvífico
da Lei, do qual fomos libertados (Romanos 7: 6). No entanto, estou enfaticamente afirmando que o
cristianismo não é uma religião da ilegalidade (Mateus 7:23). Paulo disse que estamos sob a “lei de
Cristo” (1 Coríntios 9:21), e Jesus disse: “Se você me ama, você guardará os meus mandamentos”
(João 14:15). Isso significa que o cristianismo e os mandamentos não são antitéticos.
Embora a captação da cabeça tenha sido ensinada por Paulo (e não por Jesus), somos informados
de que “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16), e o apóstolo Pedro considerou os
escritos de Paulo como também as Escrituras (2 Pedro 3: 15- 16). Isso significa que as letras
negras não são menos inspiradas do que as vermelhas. Desde que 1 Coríntios 11 é escrito por
Deus, os crentes devem estudar esta passagem com o mesmo vigor que eles fazem com o resto
das Escrituras. Se eles estão convencidos de que uma cobertura cristã está à vista e é um símbolo
intemporal, eles são obrigados a guardar este mandamento e podem ensinar e exortar outros a
fazer o mesmo.

References
1.

↑ Michael P.V. Barrett, “Head Covering for Public Worship: An Exposition of 1 Corinthians 11:2–16,”
http://www.headcoveringmovement.com/Michael-Barrett-Head-Covering-for-Public-Worship.pdf
(Faith Free Presbyterian Church, 2003), acessado em 03/05/2016.
Resumo: Um Caso Bíblico para Cobrir a
Cabeça em Tempos Atuais
Agradeço que considere o caso positivo que apresentei para a cobertura de cabeça como um
símbolo atemporal e transcultural. Alguns de vocês podem estar convencidos e ter apenas dúvidas
sobre a aplicação prática. Outros ainda têm objeções, que abordaremos nos próximos capítulos.
Antes de prosseguirmos, porém, acho que seria útil revisar os principais pontos que abordamos até
agora.
Tradição Apostólica
“Eu louvo-vos porque você se lembra de mim em tudo e se apega firmemente às tradições, assim
como eu as entreguei a você.” (1 Coríntios 11:2)
A palavra “tradições” neste contexto refere-se ao ensino que vem de Deus, e não dos homens.
Examinamos a estrutura das frases e determinamos que cobrir a cabeça era uma dessas práticas.
Isso significa que cobrir a cabeça durante o culto é um ensinamento apostólico que foi planejado
para que “nos apeguemos firmemente”.
Ordem da Criação
“Cristo é a cabeça de todo homem, e o homem é a cabeça da mulher, e Deus é a cabeça de Cristo”. (1
Coríntios 11:3)
“Porque o homem não deve cobrir a cabeça, porque é imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória
do homem. Pois o homem não se origina da mulher, mas a mulher do homem; pois, de fato, o homem
não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve ter um
símbolo de autoridade na cabeça”. (1 Coríntios 11:7-10a)
A cobertura da cabeça é um símbolo que reflete a ordem de autoridade fundada na criação pré-
Queda. O homem com a cabeça descoberta mostra visivelmente que possui a liderança espiritual;
ao passo que a mulher com a cabeça coberta mostra que se submeteu a um homem como sua
cabeça espiritual. Quando Paulo aponta para Gênesis como uma razão pela qual devemos praticar a
cobertura da cabeça, ele vira todos os argumentos culturais de cabeça para baixo.
Anjos
“Portanto, a mulher deve ter na cabeça um símbolo de autoridade, por causa dos anjos”. (1 Coríntios
11:10)
A cobertura da cabeça não é apenas um símbolo para a igreja reunida, mas também para os anjos.
Como fazemos isso por eles, pressupõe que eles se juntem a nós em adoração ou pelo menos
assistam. Embora não possamos saber com certeza tudo o que Paulo quis dizer com esse
versículo, podemos reduzi-lo com segurança a algumas opções. Pode ser 1) um apelo para não
ofender os anjos por nossa desobediência, ou 2) um mandamento para mostrar-lhes com precisão
uma imagem da ordem criada (Efésios 3:10; 1 Pedro 3:22), ou 3) uma advertência como meio de
prestação de contas (1 Timóteo 5:21). Paulo nos mostra neste versículo que sua preocupação não é
o que a sociedade pensa, mas o que os seres angélicais pensam.
Natureza
“A própria natureza não te ensina que se um homem tem cabelo comprido, é uma desonra para ele,
mas se uma mulher tem cabelo comprido, é uma glória para ela? Pois seu cabelo lhe é dado como
cobertura.” (1 Coríntios 11:14-15)
Embora a cobertura da cabeça seja ensinada explicitamente nas Escrituras, também é confirmada
pelo que a natureza silenciosamente nos ensina. A natureza nos mostra que o cabelo dado a cada
sexo confirma a adequação da cobertura da cabeça, pois estão alinhados entre si. Também nos
ensina que é desonroso quando desconsideramos uma distinção de gênero. Assim como é
inapropriado fazer isso com o comprimento do cabelo, também é com a cabeça coberta enquanto
“oramos e profetizamos”.
Prática da Igreja
“Se alguém está inclinado a ser contencioso, nós não temos tal prática, nem as igrejas de Deus.” (1
Coríntios 11:16 ESV)
Paulo nos diz que entre todas as igrejas, nenhuma tem a prática de mulheres orando descoberta.
Quando Paulo escreveu 1 Coríntios, essas assembléias estavam espalhadas geograficamente por
milhares de quilômetros em muitos países e culturas diferentes. Apesar disso, eles tinham uma
prática uniforme de cobrir a cabeça. Isso mostra que este era um símbolo cristão universal e não de
uma cultura específica.
Prescritivo
As questões que são de liberdade cristã não são ordenadas por Deus, e permitem que
mantenhamos posições contrárias enquanto ainda O glorificamos (Rm 14:2-6). Demos uma olhada
na estrutura de 1 Coríntios 11 e apresentamos cinco razões pelas quais a cobertura de cabeça não
se encaixa nessa descrição. Isso significa que este ensinamento é um comando que precisa ser
praticado. Também vimos que quando Paulo disse que a mulher “deveria ter na cabeça um símbolo
de autoridade” (1 Coríntios 11:10) que a palavra “deveria” indica obrigação.
Espero que este resumo tenha sido uma recaptulação útil dos principais pontos que abordamos.
Gostaria agora de passar a lidar com três das objeções mais comuns a essa prática.

Capítulo 8: Cabelo Longo: Nossa


Cobertura Natural como Única
Cobertura?
““Verso 15 tem sido grandemente mal entendido por muitos. Alguns tem sugerido que já que para a
mulher o seu ‘cabelo lhe foi dado como cobertura’ – ‘cabelo lhe foi dado em lugar de véu’ não é
necessário que ela tenha nenhuma outra cobertura. Mas tal ensinamento causa grave violência a essa
porção da Escritura. A menos que se veja que duas coberturas são mencionadas neste capítulo, a
passagem se torna irremediavelmente confusa” 1)

A visão de que a cobertura de cabeça refere-se ao longo cabelo de uma mulher é uma crença
popular defendida por muitos cristãos de hoje. Vem de 1 Coríntios 11: 14–15, que diz:
“Nem a própria natureza lhe ensina que se um homem tem cabelos compridos, isso é uma desonra,
mas se uma mulher tem cabelos compridos, isso é uma glória para ela? Pois lhe são dados os cabelos
para cobertura.” (1 Coríntios 11: 14–15)
Agora, ninguém contesta que nesses dois versículos Paulo está falando sobre comprimentos de
cabelo. Isso está claro. Os homens devem ter cabelos curtos, e as mulheres devem manter os seus
longos. O que é discutido é como essa passagem se relaciona com o restante do argumento de
Paulo sobre cobertura. Conforme discutido no capítulo 4, esta passagem apela para o que a
natureza nos ensina sobre os comprimentos de nossos cabelos como uma razão pela qual as
mulheres devem usar uma cobertura artificial. No entanto, aqueles que adotam a visão de “cabelos
longos” dizem que isso não é uma razão, mas uma passagem explicativa sobre o que é a cobertura.
Isso mostra que Paulo estava preocupado com os comprimentos de cabelo o tempo todo. Vamos
levar algum tempo para examinar seus argumentos.
Passagem Sem Tecido
Um dos principais argumentos para a visão de “cabelos longos” é que em 1 Coríntios 11 Paulo não
diz às mulheres que usem uma cobertura artificial. Eles apontam que a palavra “véu” não é usada
aqui. Isso é verdade, já que Paulo diz às mulheres para cobrirem a cabeça sem nunca lhes dizer o
que usar como cobertura. Portanto, o argumento é, como no versículo 15, que o “cabelo comprido”
de uma mulher é o que será uma cobertura para ela.
Antes de responder a essa afirmação, vamos primeiro olhar historicamente para essa interpretação
e ver o que a igreja acreditou sobre esse tópico ao longo dos tempos.
Uma Nova Interpretação
A. Philip Brown II (PhD, Universidade Bob Jones) é um dos defensores mais proeminentes e
articulados da visão de “cabelos longos”. Ele diz:
“No geral, os interpretes modernos se desviam pouco da identificação da cobertura que Paul exige
como véu ou cobertura material até meados do século vinte. Embora a visão de que a cobertura que
Paulo exigia ou proibia fosse em si mesma cabelos longos tivesse sido mantida popularmente por
vários grupos ao longo do século vinte, Abel Isaakson [em 1965] foi o primeiro a oferecer à
comunidade acadêmica por impresso um argumento extenso para essa posição.” 2)
Então, o Dr. Brown identifica o ponto de partida dessa visão (que ele próprio considera) como o
século XX. Consegui traçar a visão um pouco mais longe até o final do século vinte,3) mas o ponto é
que a visão de “cabelos compridos” é uma nova doutrina. É diferente de como a igreja entendeu
essa passagem por mil e novecentos anos. Embora a história da igreja não seja a autoridade final,
nós devemos sempre ter cuidado com visões totalmente novas. Como diz o velho ditado: “Se é
novo, provavelmente não é verdade.”
O atestado de que a cobertura da cabeça é um véu real é muito recente. Irineu (130-220 DC) foi um
bispo e apologistas do início do cristianismo. Irineu (130-220 dC) foi um dos primeiros bispos e
apologistas cristãos. Irineu cita 1 Coríntios 11:10 como “A mulher deve ter um véu sobre a cabeça,
por causa dos anjos”. 4) Observe que ele diz “véu” em vez de “autoridade”.
Isso nos mostra que Irineu entendeu esta seção das Escrituras como uma cobertura de tecido, não
o cabelo comprido de uma mulher. Deve-se notar também que Irineu era cidadão romano e nativo
de fala grega (o idioma em que Paulo escreveu). Então seria pouco provável que ele entendesse mal
a escolha de palavras de Paulo, pois essa era sua área e idioma nativos. Outros pais notáveis da
igreja que disseram que cobrir a cabeça de tecido foi o que Paulo ordenou inclui: Clemente de
Alexandria (150–215 dC), Hipólito (170–236 dC), Tertuliano (aprox. 155–220 dC), João Crisóstomo
(347 dC –407), Jerônimo (347–420 dC) e Agostinho (354–430 dC). 5)
Uso do Grego
Em 1 Coríntios 11, o apóstolo Paulo usa algumas palavras diferentes para se referir à cabeça de
alguém estando coberta ou descoberta. Por favor, me acompanhe enquanto fazemos um estudo
sobre essas palavras. Será um pouco mais técnico, mas acho que você achará benéfico. Vou
mostrar a você como as palavras gregas que Paulo usa para “cobrir” e “descobrir” são usadas em
outros escritos. É assim que os estudiosos determinam o que as palavras antigas significam.
Você pode procurar a palavra em um léxico grego (um dicionário para palavras gregas) e ela
indicará o que uma palavra significa. Mas quero mostrar como os léxicos surgem com suas
definições. Então vamos fazer uma transição e observar o uso relevante dessas palavras em outros
escritos gregos. Por relevante, quero dizer que eles precisam estar falando sobre uma cobertura
para a “cabeça” e também precisam ter sido escritos perto de quando o apóstolo Paulo escreveu
sua carta (aproximadamente 54 dC). Esse critério é importante, pois as palavras mudam de
significado ao longo do tempo.
Kata Kephalē Echōn
As palavras gregas traduzidas “algo em sua cabeça” em 1 Coríntios 11: 4 são kata kephalē
echōn. Kata é uma preposição que provavelmente indica uma direção descendente. Não é traduzido
no NASB, entretanto eles adicionam a palavra “algo” para mostrar seu amplo escopo. Kephalē é um
substantivo e é traduzido como “cabeça”. Por fim, echōn é um verbo que significa “tendo” e é
traduzido nesta tradução como “dele”. A maneira como podemos determinar o que Paulo quis dizer
com a frase é ver como ela é usada em outro lugar. Agora, essas palavras aparecem apenas aqui no
Novo Testamento, mas há outros dois casos relevantes que devemos levar em consideração.
O primeiro uso é na Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento. Esta foi a Bíblia
usada pelos apóstolos. Em Ester 6:12, diz: “Mas Hamã correu para sua casa, de luto e com a cabeça
coberta”. As palavras traduzidas como “cabeça coberta” são kata kephalē em grego. Essas são as
palavras usadas em 1 Coríntios 11: 4. Esta é uma passagem que obviamente se refere a uma
cobertura material da cabeça, porque você não pode crescer cabelos compridos enquanto corre
para casa.
Outro uso notável dessas palavras é por Plutarco, que era historiador grego e cidadão romano. Ele
também viveu durante os mesmos anos em que Paulo escreveu suas cartas. Plutarco, escrevendo
sobre um homem com uma toga na cabeça, disse: “Ele estava andando com a toga cobrindo a
cabeça [kata kephalē echōn]” (Regum 82.13). Esta é exatamente a mesma frase que Paulo usou em
1 Coríntios 11. O fato de Plutarco ser contemporâneo de Paulo, vivendo na mesma região e falando
a mesma língua, significa que a maneira como ele usou as palavras é muito útil para comparação.
Quando Plutarco quis falar sobre uma cobertura material da cabeça, ele usou kata kephalē
echōn para descrevê-la.
Katakalyptō and Akatakalyptos
Enquanto o kata kephalē é usado apenas uma vez na passagem da coberta de cabeça, as
palavras katakalyptō (cobertura) e akatakalyptos (descoberta) são usadas no total cinco vezes. Esta
é a mesma palavra, mas a última está na forma negativa. Vamos também dar uma breve olhada em
como essas palavras são usadas em outros lugares.
Ambas as palavras aparecem apenas no Novo Testamento em 1 Coríntios 11. Fora do Novo
Testamento, ambas as palavras se referem consistentemente a uma cobertura material quando
usada em referência à cabeça de alguém. O Dicionário Teológico do Novo Testamento confirma
que “fora do NT [katakalyptō] é encontrado no sentido de ‘cobrir’ ou ‘cobrir a si mesmo’ ‘. Vamos
agora examinar alguns dos usos relevantes dessas duas palavras.
Plutarco (46-120 dC) usa katakalyptō para falar de um costume local de casamento quando diz:
“Na Boeotia, é costume, quando cobrem a noiva virgem, pôr sobre sua cabeça uma grinalda de
aspargos selvagens.”
No livro apócrifo de Susanna (século 1 a 2 aC), katakalyptō é usado para se referir à sua cobertura
material. Diz:
“Agora Susanna era uma mulher de grande requinte e aparência bonita. Como ela foi coberta, os
homens maus ordenaram que ela fosse revelada, para que se alimentassem de sua beleza.”
(Susanna 31-32 RSV)
Philo (20 aC a 50 dC) falando sobre uma mulher acusada de adultério diz:
“E o sacerdote pegará a cevada e a oferecerá à mulher, e lhe tirará a túnica na cabeça, para que seja
julgada com a cabeça nua, e privada do símbolo da modéstia, que todas aquelas mulheres que estão
acostumadas a vestir completamente sem culpa. ” (Leis especiais, III, 56)
Então ele continua alguns parágrafos depois:
“Quando todas essas coisas estiverem preparadas previamente, a mulher com a cabeça descoberta
[akatakalyptō tē kephalē], carregando a farinha de cevada na mão, como já foi especificado, deve
avançar.” (Leis especiais, III, 60)
As palavras gregas usadas para “cabeça descoberta” são akatakalyptō tē kephalē, que é a escolha
exata das palavras de Paulo em 1 Coríntios 11: 5.
Apenas para que não haja mal-entendidos, o katakalypto por si só não se refere exclusivamente a
véus. Muito parecido com o verbo inglês “cover”, exige contexto para saber o que se entende. Para
mostrar uma variedade de usos, no Septuaginta, o katakalypto descreve a água que cobre o mar
(Habacuque 2:14), gordura que cobre partes de um animal (Levítico 4: 8) e palavras que estão
ocultas (Daniel 12: 9). No entanto, quando katakalypto ou akatakalyptos são usados para se referir à
cabeça humana, sempre se refere a uma cobertura de material. Toda vez. 6) Como esse é o caso,
fica claro que, quando Paulo falou de kata kephalē, katakalyptō ou akatakalyptos, seus leitores o
entenderiam como se referindo a uma cobertura de tecido, não ao cabelo de alguém.
Peribolaion
Analisamos cinco das seis referências para “cobrir” e “descobrir”. E vimos que, quando Paulo se
refere a “cobertura”, ele chama kata kephalē ou katakalypto e descobrir” akatakalyptos. Agora,
vejamos a última palavra grega traduzida como “cobertura”, que vem do versículo 15.
“Nem a própria natureza lhe ensina que se um homem tem cabelos compridos, isso é uma desonra,
mas se uma mulher tem cabelos compridos, isso é uma glória para ela? Pois o cabelo dela lhe é
dado para uma cobertura [peribolaion].” (1 Coríntios 11: 14–15)
Na única passagem que realmente fala sobre os cabelos longos de uma mulher, Paulo diferencia
entre isso e a cobertura pedida no restante do capítulo usando uma palavra grega completamente
diferente. No versículo em que ele está claramente falando sobre cabelos, ele chama a cobertura
de peribolaion, enquanto no resto do capítulo, quando ele fala sobre como as mulheres devem
adorar, ele usa katakalypto. Então, se o versículo 15 era um verso explicativo e Paulo estava
realmente falando sobre comprimentos de cabelo o tempo todo, ele não chamaria de katakalypto o
cabelo comprido de uma mulher?
Alguns objetam que a razão da diferença seja porque o peribolaion é a primeira instância nesta
passagem em que “cobertura” é referida como substantivo. Embora esse uso da gramática seja
verdadeiro, deve-se notar que peribolaion é de um grupo de palavras completamente diferente. Se
Paulo estivesse se referindo à mesma cobertura e quisesse mencionar a forma substantiva, ele
provavelmente a chamaria de kalymma. Essa é a forma substantiva do mesmo grupo de palavras, e
o próprio Paulo usa essa palavra em outra de suas cartas para se referir a um véu (ver 2 Coríntios 3:
12-16).
Portanto, embora as versões em inglês da Bíblia traduzam ambas as palavras como cobertura,
Paulo diferencia as duas coberturas usando palavras gregas diferentes.
Em vez de uma cobertura?
O segundo argumento principal para a visão de cabelos longos vem da palavra anti em grego. Em 1
Coríntios 11:15, isso é traduzido como a palavra “para”, onde diz “seu cabelo é dado a ela para uma
cobertura”. O argumento é que “para” é uma tradução ruim e deve ser traduzida como “no lugar de”.
Então eles interpretariam essa passagem como dizendo que o cabelo de uma mulher é dado a ela
em vez de uma cobertura de tecido para a cabeça. Ou seja, se ela tem cabelos compridos, não
precisa de mais nada. Embora seja verdade que a preposição anti possa se referir à substituição,
esse não é seu significado exclusivo. O léxico grego BDAG indica que “anti” tem vários tipos de
significados “da substituição à equivalência”.
O Dr. Thomas Schreiner, professor de Interpretação do Novo Testamento, Seminário Teológico
Batista do Sul, afirma:
“A preposição anti em 11:15 não precisa se referir à substituição. Também pode indicar equivalência.
Este último faz mais sentido no contexto.”
Para provar que isso é verdade, deixe-me mostrar alguns outros exemplos em que anti não se refere
à substituição:
João 1:16 diz: “Porque de sua plenitude todos temos recebido, graça sobre [anti] graça” (ESV).
Em Atos 12:23, Lucas diz. “Imediatamente um anjo do Senhor o golpeou porque [anti hos] ele não deu
a Deus a glória.”
Finalmente, em 1 Tessalonicenses 5:15, Paulo diz: “Veja que ninguém retribui a ninguém o mal por
[anti] mal” (ESV).
Em cada um dos três exemplos apresentados, anti não é usado para indicar substituição.
Agora que analisamos os principais argumentos para a visão “cabelos compridos”, voltemos nossa
atenção para algumas razões adicionais pelas quais vejo duas coberturas distintas nesta
passagem.
Cabelo Curto sendo Encurtado
Se o cabelo comprido é a única cobertura mencionada neste capítulo, o versículo 6 tem um grande
problema. Deixe-me mostrar o que eu quero dizer.
Se o cabelo comprido fosse o mesmo que ser coberto de acordo com Paulo, o que seria
descoberto? Significaria ter cabelo curto, certo? O oposto de coberto é descoberto, e o oposto de
cabelo comprido é cabelo curto. Portanto, se é isso que Paulo tinha em mente, vamos fazer uma
substituição de palavras no versículo 6. Onde vemos a palavra “cobrir a cabeça”, vamos substituí-la
por “ter cabelos compridos”.
Se uma mulher não [tem cabelos compridos], deixe-a também ser cortado o seu cabelo.” (1 Coríntios
11: 6)
Vamos ver novamente em outra tradução da Bíblia.
“Porque, se uma esposa não [tem cabelos compridos], então ela deve cortar o seu cabelo curto.” (1
Coríntios 11: 6 ESV)
Se uma mulher se recusar a ter cabelos longos, ela deve cortá-los curtos? Mas ela já teria cabelo
curto! Este argumento não faz nenhum sentido. Paulo deve estar falando sobre uma cobertura
artificial.
Alguns então se opõem à tradução da ESV de “cortar curo”. Eles entenderiam “cortar fora” (NASB)
como sinônimo de raspado, tornando esse argumento menos absurdo. O argumento de Paul seria
então transformado em “se uma mulher tem cabelo curto, ela deve raspar tudo”. O problema com
esse argumento é que “cortar fora” não pode significar raspado nesse contexto.
A palavra grega traduzida como “cortar fora” é keirō. Esta palavra é usada novamente mais tarde
nesta mesma passagem, e é diferenciada de “raspado”, que é a palavra grega xuraō.
Aqui está o que diz: “mas se é uma vergonha para uma mulher ter o seu cabelo cortado
fora [keirō] ou a sua cabeça raspada [xuraō]“. Percebeu? Ele disse “ou” raspada. Portanto, enquanto
“cortar” [keirō] pode ser usado para descrever uma cabeça raspada, Paulo não poderia ter isso em
mente aqui. Se entendermos dessa maneira, o argumento dele se torna “se é vergonhoso para uma
mulher ter o cabelo [raspado] ou a cabeça raspada”. Raspado ou Raspado? Mais uma vez isso
simplesmente não faria sentido.
Nem Todo Tempo
Paulo se preocupa em cobrir apenas durante períodos específicos. Ele diz:
“Todo homem que tem algo em sua cabeça enquanto ora ou profetiza desonra sua cabeça. Mas toda
mulher que tem a cabeça descoberta enquanto ora ou profetiza desonra sua cabeça.” (1 Coríntios 11:
4-5)
Ele deixa claro que não está falando sobre o que acontece o tempo todo, mas está falando sobre o
que acontece em um momento específico. É sobre o que se veste quando se envolve em atos de
adoração. Portanto, o próprio fato de ele limitar a cobertura a um momento específicos indica que
ele tem uma cobertura removível em mente. Isso é algo que você pode colocar e tirar, não o que é
permanente como o nosso cabelo.
Gloria Coberta
No versículo 15, o cabelo comprido de uma mulher é chamado de sua glória, enquanto
anteriormente, no versículo 10, Paulo diz que uma mulher deve usar um “símbolo de autoridade” em
sua cabeça. O fato de esses dois propósitos serem antitéticos mostra que mais de uma cobertura
está sendo discutida. Cabelos longos são a glória de uma mulher, enquanto o véu encobre a glória e
é um símbolo de autoridade. Essas não são a mesma coisa.
O estudioso de Grego Dr. Daniel Wallace diz sobre este ponto: “Os versículos 10 e 15 teriam que dizer
a mesma coisa se o cabelo comprido fosse o mesmo que cobrir a cabeça. Mas isso dificilmente pode
ser o caso. No v. 10, uma mulher é obrigada a usar um ‘símbolo de autoridade’. Esse símbolo
representa sua submissão, não sua glória. . . Uma tradução literal seria: ‘é uma glória para ela’ ou ‘uma
glória que se acumula para ela’ ou ‘para sua vantagem’. Com certeza esse não é o objetivo do v. 10!” 7)
Conclusão
Enquanto afirmamos que o cabelo comprido de uma mulher é sua cobertura natural, vemos duas
coberturas diferentes sendo discutidas neste capítulo. Um deles é o cabelo dela, que é natural,
permanente e uma glória para ela (1 Coríntios 11: 14–15). O outro seria uma cobertura de tecido
artificial, removível (1 Coríntios 11: 5) e um símbolo de autoridade (1 Coríntios 11:10). Uma mulher
deve usar essa última quando “orar e profetizar”.

References
1.

↑ William MacDonald, Comentário Bíblia do Crente (Thomas Nelson, 1995), 1786.


2.

↑ A. Philip Brown II, Um Exame da História da Interpretação de 1 Coríntios 11:2-16 ( Fórum de


Aldersgate, 2011) Página 12.
3.

↑ O primeiro defensor que pude encontrar foi Karl Christian Johann Holsten (1825–1897), um
teólogo liberal alemão. Mais informações
em http://www.headcoveringmovement.com/articles/where-did-the-long-hair-view-come-from.
4.

↑ Irenaeus de Lyon, “Irenaeus contra Heresias” em O Pai Apostólico com Justin Martyr e Irenaeus,
vol. 1, ed. A. Roberts, J. Donaldson, e A. C. Coxe (Buffao: Companhia da Literatura Cristã), 327
5.

↑ Para ler essa citação, por favor ver Capítulo 1 “Uma História da Cobertura de Cabeça Cristã”
6.

↑ Em Isaias 6:2 Onde lemos sobre anjos no céu. Lá diz os “Serafins estavam sobre Ele, cada um tendo
seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés, e com duas voavam.” Nessa
passagem vemos que os serafins usavam suas asas como uma coberta para seus rostos. A palavra
usada para “cobriam” na Septuaginta é Katakalypto. Ainda que isso não se refere a uma coberta
material, se refere a um véu removível. Os anjos podem mover as suas asas para a frente ou longe de
suas faces a fim de cobrir ou descobrir. É também uma instância única já que se refere a anjos no céu
e não a humanos aqui na terra.
7.

↑ Wallace, “O que é a cobertura de cabeça em 1 Cor 11:2-16 e Isso se Aplica a Nós


hoje?” https://bible.org/article/what-head-covering-1-cor-112-16-and-does-it-apply-us-
today, acessado 27, Abril 2016
Capítulo 9: Cultura: Prostituição,
Casamento Romano e uma Situação
Localizada
“Toda razão que Paulo dá para a cobertura da cabeça não é cultural e, no entanto, os evangélicos
frequentemente dizem: ‘bem, isso é uma coisa cultural; não precisamos nos atentar a isso.’ As razões
não são culturais. Criação. O próprio cabelo da mulher. A própria natureza. Seres angelicais estão
olhando para nós. Essas não são razões culturais.” 1)
Dr. S. Lewis Johnson Jr., professor at Dallas Theological Seminary for 30+ years; pastor for 50+
years
A objeção mais popular contra a prática de cobrir a cabeça é que as instruções de Paulo eram
apenas sobre uma situação local. Isso sugere que sua intenção não era que todas as igrejas
tivessem mulheres cobrindo suas cabeças, mas apenas aquelas que tinham os mesmos costumes
locais de Corinto. Alguns especulam que, nos dias de Paulo, apenas as prostitutas usavam cabelos
curtos e não cobriam a cabeça. Outros proclamam que cobrir a cabeça era sinal de uma mulher
casada fiel na cultura romana. Como a situação era local, eles concluem que hoje não é necessário
cobrir a cabeça.
Embora observar a cultura da época muitas vezes possa ser útil, torna-se perigoso quando
começamos a atribuir razões para um comando diferente do que o autor dá.
Dr. R.C. Sproul Sr. diz,
“Se Paulo apenas dissesse às mulheres em Corinto que cobrissem a cabeça e não desse justificativa
para tal instrução, estaríamos fortemente inclinados a fornecê-la por meio de nosso conhecimento
cultural. Nesse caso, no entanto, Paulo fornece uma razoável que se baseia em um apelo à criação e
não ao costume das prostitutas coríntias.” 2)
Ele continua a dizer,
“Devemos tomar cuidado para não deixar nosso zelo pelo conhecimento da cultura obscurecer o que
realmente é dito.” 3)
Em 1 Coríntios 11, Paulo apela à ordem da criação, ao testemunho da natureza e aos anjos, todos
os quais transcendem a cultura. Ele nos diz que a cobertura da cabeça faz parte do ensino
apostólico oficial e é a prática de todas as igrejas em todos os lugares. Portanto, isso significa que
uma situação local em Corinto não pode explicar a cobertura da cabeça, pois também era a prática
padrão fora de Corinto. Anteriormente, na carta de Paulo, quando ele emitiu um comando por causa
da situação da época, ele mencionou. Ele recomendou não se casar “em vista da atual angústia” (1
Coríntios 7:26). Paul poderia ter feito o mesmo com a questão da cobertura da cabeça, mas não o
fez, porque o que estava acontecendo na época não era o motivo do comando. Além disso, o fato
de ele ordenar que os homens removam suas coberturas na mesma frase não pode ser explicado
por uma situação que lida apenas com mulheres.
One Thousand Cult Prostitutes
Além dos fundamentos exegéticos, também existem sólidas razões históricas para rejeitar uma
explicação cultural do uso da coberta. Conforme mencionado, alguns acreditam que uma mulher
com a cabeça descoberta significava que ela estava se anunciando como uma prostituta. A
referência mais procurada em apoio a essa posição são as mil prostitutas de culto no templo de
Afrodite em Corinto.
Antes de examinarmos essa afirmação, precisamos de uma breve lição de história sobre a cidade
de Corinto. O Dr. Dirk Jongkind (Universidade de Cambridge) diz: “A cidade de Corinto teve um
glorioso passado helênico antes de sua destruição pelos romanos em 146 a.C. No entanto, quando
foi refundada em 44 a.C, não foi reconstruída como uma cidade grega, mas como uma colônia
romana. ” 4)
Assim, a Corinto grega foi destruída e reconstruída cem anos depois como colônia romana.
Passaram-se mais cem anos quando Paulo escreveu a carta de 1 Coríntios.
A principal fonte citada para aprender sobre essas prostitutas de culto é o geógrafo grego Estrabão
(64/63 a.C.-24 d.C.). Estrabão viajou muito e registrou o que viu, como lemos em sua obra
Geographica:
“E o templo de Afrodite era tão rico que possuía mais de mil escravos do templo, cortesãs, que ambos,
homens e mulheres, haviam dedicado à deusa.” 5)
Anote o pretérito da citação. Estrabão escreveu isso cerca de trinta anos antes de Paulo escrever 1
Coríntios. Estrabão não se referia ao seu tempo presente, mas aos tempos antigos do passado de
Corinto. Posteriormente, ele declarou: “A cidade dos Coríntios, então, sempre foi grande e rica”. 6) As
palavras-chave são “então” e “era”. Em nítido contraste, em sua época ele viu no cume “um pequeno
templo de Afrodite” 7) , não o “templo de Afrodite [que] era tão rico que possuía mais de mil escravos
do templo“. 8)
O Dr. David W. J. Gill (Universidade de Oxford) escrevendo sobre “A Importância do Retrato Romano
para Coberturas de Cabeça em 1 Coríntios 11: 2-16” diz:
“Alguns sentem o desejo de que as mulheres usem véus como Paulo, garantindo que não sejam
confundidas com prostitutas ou hetaira. Parte da razão para essa visão está na interpretação de
Corinto como uma cidade “obcecada por sexo” com prostitutas vagando livremente pelas ruas. Os
1.000 hetaira ligados ao culto a Afrodite, e à correspondente notoriedade de Corinto, pertencem à
cidade helenística varrida por Múmio em 146 aC. Em contraste, o santuário romano era muito mais
modesto. ” 9)
Dr. Gill concorda que Corinto tinha uma reputação selvagem de ser obcecada por sexo e mil
prostitutas de culto no templo de Afrodite. No entanto, esse pertencia a Corinto grega, que foi
destruído cerca de duzentos anos antes de Paulo escrever 1 Coríntios.
Mistaken Identity
Alguns se abstiveram de fazer a ligação com a prostituição, mas em vez disso dizem que cobrir a
cabeça indicava que a mulher era fiel, modesta e casada. Eles argumentam 10) que uma mulher
respeitável nunca apareceria em público sem um véu sobre a cabeça. No entanto, esta afirmação é
contrária às evidências arqueológicas. O Dr. David W. J. Gill mais uma vez explica:
“Retratos públicos em mármore de mulheres em Corinto, presumivelmente membros de famílias ricas
e prestigiosas, são mais frequentemente mostrados com a cabeça descoberta. Isso sugeriria que era
socialmente aceitável em uma colônia romana que as mulheres fossem vistas com a cabeça
descoberta em público. ” 11)
Dra. Cynthia L. Thompson (Yale), escrevendo sobre evidências arqueológicas na Corinto romana,
diz:
“Como a maioria dos retratos femininos apresentados aqui retratam mulheres com a cabeça
descoberta, pode-se inferir que a cabeça descoberta em si não era um sinal de um estilo de vida
socialmente reprovado.” 12)
Finalmente, a Dra. Kelly Olson (University of Chicago), que escreveu o livro “Dress and the Roman
Woman” (Vestimentas e a Mulher Romana), escreve:
“A grande maioria dos bustos de retratos femininos que possuímos mostra a mulher com a cabeça
descoberta, provavelmente para mostrar seu penteado elaborado ao espectador.” 13)
Como eles apontam, as evidências arqueológicas apóiam o fato de que era normal as mulheres
serem vistas com a cabeça descoberta. Esta não é uma evidência isolada, mas sim o que é
“mostrado com mais frequência”.
E os Homens?
Visto que o apóstolo Paulo também ordena aos homens que removam a cobertura para a cabeça ao
orar ou profetizar (1 Coríntios 11: 4), vejamos também se os homens que têm algo na cabeça
estariam culturalmente desalinhados. O Dr. Richard E. Oster Jr. (Seminário Teológico de Princeton),
escrevendo sobre o “Uso, Uso Indevido e Negligência de Evidências Arqueológicas em Algumas
Obras Modernas em 1 Coríntios”, diz:
“Este costume romano [de cobertura de cabeça litúrgica masculina] pode ser documentado por várias
gerações antes e depois do advento do cristianismo em Corinto. Esse costume é claramente retratado
em moedas, estátuas e monumentos arquitetônicos de toda a Bacia do Mediterrâneo.” 14)
O Dr. Oster está dizendo que os homens que cobrem suas cabeças durante esse período (não-
cristão) de adoração têm um forte apoio arqueológico. Visto que Paulo instrui os homens a irem
contra uma prática cultural comum, a explicação cultural deve ser rejeitada. O Dr. Oster então
conclui:
“A prática de os homens cobrirem suas cabeças no contexto de oração e profecia era um padrão
comum de piedade romana e difundido durante o final da República e no início do Império. Visto que
Corinto era em si uma colônia romana, não deve haver dúvida de que este aspecto da prática religiosa
romana merece maior atenção dos comentaristas do que tem recebido.” 15)
Paulo também chamou os cabelos longos dos homens de “desonrosos” (1 Coríntios 11:14).
Aqueles que defendem uma visão cultural do comprimento do cabelo presumem que o cabelo
comprido dos homens seria visto como vergonhoso nos dias de Paulo. No entanto, existe aquela
evidência literária sólida que sugere o contrário.
A Dra. Cynthia L. Thompson cita Dio Crisóstomo (40-115 DC) para mostrar que havia exceções
notáveis para os homens que usavam cabelos curtos. Ela diz:
“Paulo estava em harmonia com os costumes greco-romanos gerais observados na iconografia. Seu
argumento de que a “natureza”, com suas implicações universais, ensina os homens a ter cabelo curto,
no entanto, ignora exceções importantes que, como um cidadão romano com reivindicações de
alfabetização em grego, deveria ser conhecido por ele. Filósofos, padres, camponeses e bárbaros são
mencionados como exceções à regra do cabelo curto masculino por Dio Crisóstomo, que critica os
filósofos por fazerem uma conexão entre seus cabelos longos e superioridade moral: ‘Eu ainda
sustento que o cabelo comprido [koman] não deve por qualquer meio ser considerada uma marca de
virtude. Pois muitos seres humanos o usam longo por causa de alguma divindade; e os fazendeiros
usam cabelos compridos, sem nunca ter ouvido a palavra filosofia; e, por Zeus, a maioria dos bárbaros
também usa cabelo comprido, alguns como cobertura e outros porque acreditam que é apropriado. Em
nenhum desses casos um homem é submetido ao ódio ou ao ridículo.” 16)
Crisóstomo diz que havia muitos homens que usavam cabelos compridos e não eram “submetidos
ao ódio (ódio) ou ao ridículo”. Essa é outra maneira de dizer que era normal. Não apenas isso, mas
eles não estavam fazendo isso para se rebelar contra a sociedade porque viam isso como uma
“marca de virtude”. Isso é realmente importante porque o argumento cultural assume que o Corinto
de Paulo tinha uma visão completamente diferente sobre essas questões do que o mundo ocidental
moderno. A opinião deles é propagada dizendo que se um homem fosse visto com cabelo comprido
naquela cultura, as pessoas teriam ficado de queixo caído em estado de choque com a exibição
pública de vergonha. Como vimos, essa imagem simplesmente não se encaixa nas evidências.
Paulo estava falando sobre a ordem de Deus, não o sentimento de Corinto.
Cynthia Thompson parece achar isso preocupante ao presumir erroneamente que algo ensinado
pela “natureza” seria universalmente praticado. Não acredito que devamos nos surpreender quando
homens e mulheres pecadores fazem o que é certo aos seus próprios olhos. Homens e mulheres
costumam fazer o oposto do que a revelação natural e a especial nos ensinam.
Conclusão
Paulo não nos deixa sem saber por que as mulheres devem cobrir a cabeça e os homens se conter.
O fato de ele dizer “por esta razão” (1 Coríntios 11:10 NKJV) significa que a resposta será
encontrada na exegese, não na análise cultural. Dito isso, quando examinamos as práticas culturais
romanas naquela época, vemos que: 1) os homens cobriram suas cabeças no culto não cristão, e 2)
as mulheres sendo vistas sem cobertura não era um ultraje ou uma associação com um
socialmente estilo de vida reprovado. Uma vez que os argumentos culturais para cobrir a cabeça
devem ignorar a própria explicação de Paulo, eles devem ser rejeitados.

References
1.

↑ S. Lewis Johnson, “Cobrindo a Cabeça em Adoração,” acessado em http://sljinstitute.net/pauls-


epistles/1corinthians/covering-the-head-in-worship.
2.

↑ R.C. Sproul, Knowing Scripture (Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 1977), 110.
3.

↑ Ibid.
4.

↑ Dirk Jongkind, “Corinth In The First Century AD: The Search for Another Class,” Tyndale Bulletin
52.1, 139.
5.

↑ Strabo, Geographica, Book 8, Chapter 6, accessed May 1, 2016,


on http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/8F*.html.
6.

↑ Ibid., 204.
7.

↑ Ibid., 193.
8.

↑ Ibid., 191.
9.

↑ David W. J. Gill, “The Importance of Roman Portraiture for Head-Coverings in 1 Corinthians 11:2–
16,” Tyndale Bulletin 41.2.
10.

↑ The most scholarly defense of this view comes from Bruce Winter in his book Roman Wives,
Roman Widows. I have written a few critiques of this book, which you can find at
www.headcoveringmovement.com/articles-series.
11.
↑ Ibid.
12.

↑ Cynthia L. Thompson, “Hairstyles, Head-coverings, and St. Paul: Portraits from Roman Corinth,”
Biblical Archaeologist, June 1988, 112.
13.

↑ Kelly Olson, Dress and the Roman Woman (New York: Routledge, 2008), 34.
14.

↑ Richard E. Oster Jr. “Use, Misuse and Neglect of Archaeological Evidence in Some Modern Works
on 1 Corinthians” in Zeitschrift für die Neutestamentliche Wissenschaft und die Kunde der Älteren
Kirche, vol. 83, issue 1–2 (published online 10.1515/zntw.1992.83.1-2.52, October 2009) 52–73.
15.

↑ Ibid.
16.

↑ Thompson, “Hairstyles,” 104.

Capítulo 10: Legalismo: Focando nos


Detalhes e um Distração de Coisas Mais
Importantes
“Admitido, ‘deixe que ela cubra a cabeça’ (1 Coríntios 11: 6) pode não ser tão importante quanto
‘derramasse pelos famintos’ (Isaías 58:10) – se você pode chamar qualquer parte da Palavra de Deus
de sem importância. Mas imagino que se o rei mandar você conquistar o sertão um dia e lhe mandar
ferrar o cavalo no dia seguinte, você deve fazer os dois sem afrouxar. Ele é o rei.”
Andrée Seu Peterson (escritor sênior, WORLD Magazine)

A passagem de cobrir a cabeça (1 Coríntios 11: 2-16) é frequentemente classificada na categoria


“obscura” nas Escrituras. Um teólogo disse: “o véu aqui e o homem do pecado em II
Tessalonicenses são duas das três passagens mais obscuras do Novo Testamento”. Mas é assim
mesmo? Esta seção das Escrituras é discutível, e há boas objeções à prática que requerem muito
pensamento e estudo. Mas obscuro? Um versículo verdadeiramente obscuro não é expandido,
explicado ou defendido. O significado não pode ser facilmente discernido por causa de sua
imprecisão. Bons exemplos de versículos obscuros são 1 Coríntios 15:29 (batismo pelos mortos), 1
Timóteo 2:15 (mulheres salvas durante a gravidez) e 1 Coríntios 11:10 (cobrindo “por causa dos
anjos”). Embora haja um versículo obscuro na passagem que cobre a cabeça (1 Coríntios 11: 10b), a
seção como um todo não é.
• Uma passagem obscura provavelmente ocuparia apenas um versículo ou dois. A cobertura
para a cabeça é ensinada em quinze versos consecutivos.
• Uma passagem obscura seria mencionada, mas não explicada. Cobrindo a cabeça, Paulo
diz: “Quero que entendam” (1 Coríntios 11: 3), e então revela o significado do símbolo.
• Uma passagem obscura seria ordenada, mas sem nenhuma razão quanto ao motivo. Com a
cobertura da cabeça, Paulo dá razões pelas quais devemos praticá-la, incluindo a ordem
da criação (versículos 3, 7–10), o testemunho da natureza (v.14-15) e os anjos (v.10). Ele
nos diz que cobrir a cabeça é parte do ensino apostólico oficial (v.2) e é a prática de todas
as igrejas, em todos os lugares (v.16).
Em vez de ser obscura, a cobertura para a cabeça é o símbolo mais bem defendido no Novo
Testamento. Nenhum outro símbolo nas Escrituras tem mais razões para praticá-lo, nem qualquer
outro possui uma defesa tão longa.
Mencionado apenas uma vez
Uma objeção semelhante é que a cobertura para cabeça só é mencionado uma vez na Bíblia. Isso é
verdade. Mas quantas vezes algo precisa ser mencionado nas Escrituras antes de levarmos a sério?
A resposta tem que ser apenas uma vez, por causa de quem é o Autor.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para o ensino, para a repreensão, para a correção e
para o treinamento na justiça, para que o homem de Deus seja competente, equipado para toda boa
obra.” (2 Timóteo 3: 16-17 ESV)
Toda a Escritura é proveitosa. Não algumas e não apenas coisas que são mencionadas muitas
vezes, mas todas. Não apenas isso, mas “toda a Escritura é. . . proveiosa para o ensino. ” Isso
significa que a discussão e o ensino sobre a cobertura de cabeça não é uma distração, mas uma
resposta adequada à crença na inspiração das Escrituras.
Também é importante notar que o apóstolo Paulo dedicou essencialmente a mesma quantidade de
tempo para cobrir a cabeça como ele dedicou à Ceia do Senhor. Em ambos os tópicos, ele sentiu a
necessidade de abordá-los em apenas uma de suas cartas. Se a repetição determinasse a
importância, então o apóstolo Paulo via a cobertura de cabeça e a Ceia do Senhor como igualmente
importantes. Ele também veria se cumprimentar com um beijo santo (que ele mencionou quatro
vezes) como mais importante do que se as mulheres pudessem ser pastoras (que ele mencionou
apenas uma vez). Claramente este não é o caso.
Mandamentos Menores
Alguns pensam que a discussão prolongada sobre este tópico (e certamente um movimento
dedicado a ele) está nos distraindo dos mandamentos mais importantes, como alimentar os pobres
e compartilhar o evangelho. Primeiro, esses comandos são mais importantes do que cobrir a
cabeça? Bem, sim. Sim, eles são. Espero que isso não te surpreenda. Cobrir a cabeça está longe de
ser o comando mais importante. Mas, mais uma vez, acreditamos que Deus é o Autor de “toda a
Escrituras” e, portanto, toda a Escrituras merece ser levada a sério.
Vamos dar uma olhada em como Jesus lidou com “mandamentos menores”.
“Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas! Pois vocês pagam o dízimo da hortelã, do endro e do
cominho, e negligenciam as questões mais importantes da lei: justiça, misericórdia e fidelidade. Isso
você deveria ter feito, sem negligenciar os outros.” (Mateus 23:23 ESV)
Jesus disse aos fariseus que o dízimo não é tão importante quanto a justiça, misericórdia e
fidelidade. Os fariseus acertaram nas pequenas coisas, mas negligenciaram os mandamentos mais
importantes. Como Jesus respondeu? Ele os repreende severamente e lhes diz para começarem a
cumprir “as questões mais importantes da lei“. No entanto, Ele não diz a eles para parar de fazer os
mandamentos menos importantes. Ele quer que eles façam as duas coisas. Ele diz a eles: “Isso
você deveria ter feito, sem negligenciar os outros.”
Em outra instância, ao falar sobre as leis do Antigo Testamento, Jesus diz:
“Portanto, quem quer que relaxe um dos menores desses mandamentos e ensine outros a fazer o
mesmo será chamado o menor no reino dos céus, mas quem os cumprir e ensinar será chamado de
grande no reino dos céus.” (Mateus 5:19 ESV)
Como podemos ver, Jesus não viu comandos menores como opcionais. O mínimo deve ser
observado junto com o maior. Eles precisam ser distinguidos e mantidos em seus devidos lugares,
mas ambos devem ser observados.
Legalismo
Muitos dos que cobrem a cabeça hoje são considerados legalistas. Para comentar essa cobrança, é
importante primeiro definir o termo. A palavra “legalismo” não é encontrada em nenhum lugar da
Bíblia, nem ninguém nas Escrituras é referido como “legalista”. É uma palavra cunhada para se
referir a uma visão incorreta da observância da lei. De modo geral, quando alguém é legalista, está
fazendo uma de duas coisas:
1. Eles acreditam que sua observância da lei os torna (ou os mantém) em uma posição
correta para com Deus.
2. Eles fazem leis a partir de questões que os cristãos têm liberdade para decidir por si
próprios.
Para a primeira definição, é possível ser legalista sobre qualquer ensino nas Escrituras. A cobertura
de cabeça não deve ser destacado, pois nenhum mandamento está imune a esse erro. Qualquer um
pode pensar que a obediência de alguém merece o favor justificativo de Deus, não importa o
problema. Mas, deixe-me ser claro, essa é uma visão herética. Nenhuma quantidade de boas obras
ou cumprimento da lei pode nos tornar (ou nos manter) justos para com Deus. Nossa salvação é um
presente gratuito, baseado na vida e morte perfeitas de Jesus em nosso lugar. A fé em Cristo é o
que nos salva, não a obediência a Cristo. Obedecemos a Deus por amor a ele (João 14:15), para não
sermos amados por ele. Portanto, pode-se praticar a cobertura de cabeça sem ser legalista nesse
sentido.
A última definição de legalismo é transformar questões de liberdade cristã em mandamentos. A
cobertura para a cabeça só poderia ser legalista nesse sentido se a prática em si não fosse
ordenada nas Escrituras. Vamos revisar várias razões do capítulo 7 sobre porque acreditamos que
este símbolo não é a liberdade cristã:
1. Cobertura para a cabeça é o ensino que foi “sustentado com firmeza” pela igreja porque
foi entregue com autoridade apostólica (1 Coríntios 11: 2). As questões de liberdade são
deixadas para os cristãos, não entregues às igrejas para que eles se apeguem.
2. Paulo diz a qualquer pessoa que discorde do uso da cobertura de cabeça que as igrejas
têm apenas um ponto de vista, e essa é sua prática (1 Coríntios 11:16). As questões de
liberdade são marcadas por múltiplos pontos de vista, não uma posição exclusiva.
3. A estrutura da frase ordena uma ação: “Mas, visto que é vergonhoso para a mulher cortar
o cabelo ou rapar a cabeça, cubra a cabeça” (1 Coríntios 11: 6 ESV). Os problemas de
liberdade são marcados pela ausência de um comando de ação direto.
4. Paulo diz que não praticar a cobertura da cabeça é desonroso, vergonhoso e comparável
a uma mulher que tem a cabeça raspada (1 Coríntios 11: 4-6). As questões de liberdade
são marcadas por uma pluralidade de escolhas que podem trazer glória a Deus
(Romanos 14: 6), enquanto a escolha de linguagem de Paulo sugere que, neste caso,
apenas uma escolha pode.
5. Paulo defende o uso da cobertura de cabeça apelando para a ordem da criação, natureza
e anjos. As questões de liberdade são marcadas por seu silêncio nas Escrituras, não por
uma defesa.
Visto que cobrir a cabeça não é um símbolo que as pessoas podem escolher se quiserem obedecer,
não acredito que esta definição de legalismo se aplique. Seria como dizer: “É legalismo da sua parte
dizer a uma nova cristã que ela deve ser batizada”. Isso seria uma acusação mal aplicada, pois o
batismo é um mandamento, não uma prática da qual você decide se deseja participar ou não.
Quando alguém é exortado a aderir a uma ordem das escrituras, isso não é legalismo; é o
cristianismo bíblico.
Conclusão
O ensino da cobertura para a cabeça não está envolto na obscuridade. A Bíblia fornece uma longa
explicação com muitas razões pelas quais devemos praticá-la. Visto que é assim, é injusto
comparar isso com aqueles que constroem uma doutrina a partir de um versículo fora do contexto
ou de uma declaração vaga e passageira da Bíblia. Embora seja mencionado apenas uma vez, uma
vez é suficiente porque Deus é o Autor. Além disso, pode-se usar a cobertura de cabeça sem atribuir
um nível de importância que a Bíblia não dá.
Colocar diferentes mandamentos bíblicos uns contra os outros é uma falsa dicotomia. Não é cobrir
a cabeça ou alimentar os pobres; é cobrir a cabeça e alimentar os pobres. Não é preciso parar de
servir para estudar e praticar este ensino bíblico. Finalmente, embora a cobertura de cabeça possa
ser praticada legalisticamente, a fonte do legalismo estaria no coração de quem o pratica, não no
símbolo em si.

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