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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná


Campus Pato Branco
Coordenação do Curso Manutenção Industrial

Entre flores e Dores:

Juventude Amarga
Minha vida entre os “hippies”

Clarence Mason
Editora Monterrey Ltda.
Data (1965)

Este é um livro raro, do tipo pocket (de bolso), capa dura, com marcas de uso, páginas amareladas e
quebradiças devido ao tempo; que conta a fantástica história da juventude do protagonista e narrador
Clarence Mason, que põe grandes questionamentos em jogo, “no decorrer deste livro, o leitor chegará
a mesma conclusão a que cheguei: Ser hippie é assumir uma atitude (hipócrita) de inconformismo e de
revolta contra os preconceitos e as regras de uma sociedade dedicada a devorar-se a si mesma. Ora, se
o hippie é um revoltado, não pode ser feliz. Não pode haver felicidade no ódio. E o amor livre,
primitivo, apregoado pelos membros da juventude “psicodélica”, tem sabor de raiva, de ódio
disfarçado. Em última análise, as flores coloridas dos hippies servem apenas para mascarar o seu
desespero interior e para coroar o seu próprio funeral — o funeral amargo de seu futuro, de suas
aspirações, de sua dignidade humana.”
No capitulo primeiro, Clarence diz que sempre foi uma criança rebelde e mimada pela família, que
teve pais que não se entendiam e viviam em discussões terríveis. Quando fez dez anos, seus pais se
divorciaram (amigavelmente). Seu pai era formado em Direito, mas nunca chegou a exercer a
profissão; depois de casado, abriu uma farmácia na avenida, uma pequena loja que cresceu e se
transformou num dos maiores supermercados de Los Angeles. Quando divorciou o pai já era
considerado um dos maiores capitalistas da localidade e principal acionista de uma rede de
supermercados que ia do norte de Los Angeles e beirava a fronteira do México.
Tudo começa quando Clarence visita uma feira hippie e conhece Maddy (Madelon Lesage), Maddy
após minutos de conversa diz a ele que o mesmo está envenenado pela “sociedade de consumo” —
“você estuda, forma-se numa porcaria qualquer, entra na fila dos pretendentes, escraviza-se num
emprego, trabalha como uma besta, ganha um dinheiro suado, consome coisas eletrônicas e, por fim, é
consumido por elas... Por que não larga isso tudo e não vem com a gente?”
Clarence retruca e nega o convite, e diz que eles não serão nada sem estudar. Porém no fundo ainda
pensava a respeito daquelas palavras.
Mason continua após esse dia a frequentar o local e iniciar relações amorosas com a hippie francesa
Maddy, que por sua vez o atraia cada vez mais para o acampamento hippie e o afastava de sua família.
Mason conhece mais algumas personalidades do meio, um deles Gus Shapiro, um guru dos hippies que
abusa de entorpecentes e alucinógenos. O tempo vai passando e Clarence acaba conhecendo Grosso
Stuart, o líder da tribo, Grosso manipulava seus discípulos, organizava protestos e traficava drogas,
também mantinha relações sexuais com Maddy, sem que Clarence soubesse.
Então Clarence era não somente manipulado pelo líder, mas também pela companheira que o fez abrir
mão da vida tranquila que vivia com sua família.
No clímax da história, Clarence foi convidado por Grosso a uma “reunião” em uma capela, onde foi
drogado e acabou adormecendo, em seguida conduzido a um bangalô, onde foi tirado um adorno de
seu pescoço e levado até uma mansão onde um casal de professores seriam vitimas de assassinato, com
teor de sacrifício.
Sendo Clarence Mason o principal suspeito, o protagonista se vê como culpado, mas ainda em dúvida
se seria capaz de cometer tais atrocidades. Dando sequência Mason reflete “Afinal pude raciocinar.
Lembrei-me daquela horrível Missa Negra na capela de Verdugo. Eu tinha sido drogado!”. Então sua
família o procura e consegue provar sua inocência e que tudo passava apenas de uma emboscada.
Ao final do livro Clarence diz que após os fatos serem esclarecidos para as autoridades, formou-se em
direito como sua mãe queria. Casou-se e herdou parte das ações do pai. Em seguida expõe seus
aprendizados dos quais simpatizo, e alguns esclarecimentos, “Continuo achando que devemos por a
liberdade acima da autoridade, a criação acima da produção e a cooperação acima da competição. Mas,
para isso, é preciso lutar e não cruzar os braços e fumar marijuana. Também acho que é preciso
reformar a sociedade, limpa-la das hipocrisias morais, conhecer a guerra e defender o amor — não o
amor livre e a promiscuidade selvagem, mas o amor espiritual, o amor inteiro, todo o amor do mundo.
Grosso e seus asseclas são exceções, entre aquela gente ingênua e vulnerável; é preciso que pessoas
como nós ajudem os hippies a limpar as ervas daninhas de seus acampamentos, prevenindo-os contra
os lideres infiltrados entre eles. Grosso Stuart e Jimmy Row foram condenados a morte e Madelon
Lesage (Maddy) apanhou 40 anos de prisão;
Temos pena dessa pobre juventude amarga. Virar as costas para a realidade, tendo consciência de que
o mundo está cheio de preconceitos estúpidos e erros grosseiros, é uma atitude cômoda, mas covarde;
o que é preciso é enfrentar os problemas sociais e lutar pela sua solução. Já conhecendo os erros de
seus pais, que sentem na sua própria carne, a nova geração tem maiores probabilidades de acertar.
Mas, se a juventude voltar ao primitivismo e for colher as flores dos campos, em vez de se armar pela
cultura e pelo trabalho, nunca estará em condições de comandar os destinos da humanidade. Deixar
também o futuro nas mãos dos velhos guerreiros, teimosos e arrogantes, é defraudar as esperanças de
Deus! Os santos podem proteger os autoritários, mas Deus está sempre ao lado dos justos! E estes é
que dirão a última palavra!”
Para terminar, é possível notar que nas ultimas páginas torna-se irracional discordar das palavras do
narrador, sua história transborda emoções e traz o leitor para dentro do seu cenário, o leva a
ingenuidade e a capacidade de se influenciar pelos hippies de Los Angeles, em contraste ao final o
leitor acaba concordando com suas conclusões, que foram devidamente colocadas.

¹Ismael Neto é aluno do Curso de Tecnologia em Manutenção Industrial, da Universidade Tecnológica


Federal do Paraná, campus Pato Branco.

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