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Política e Ética: a
Sociologia Urbana
e da Violência
Profª. Silvana Braz Wegrzynovski
Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Profª. Silvana Braz Wegrzynovski
W412e
ISBN 978-85-515-0422-2
CDD 360
Impresso por:
Apresentação
Olá, prezado acadêmico! Sou Silvana Braz Wegrzynovski, professora
responsável por este livro didático. Sou assistente social, especialista em
Gestão Pública e mestre em Desenvolvimento Regional. Tenho experiência
profissional na área das políticas públicas, como assistência social, habitação
popular, meio ambiente, como profissional e como gestora. Fui docente
do curso de Serviço Social da UNIASSELVI e, atualmente, trabalho como
assistente social na área de segurança pública.
Bons estudos!
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
UNI
IV
V
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VI
Sumário
UNIDADE 1 – O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL E SUAS
COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS...........................................................................1
VII
TÓPICO 3 – ÉTICA E POLÍTICA: PARÂMETROS DAS EXIGÊNCIAS DOS
DIREITOS HUMANOS....................................................................................................97
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................97
2 ÉTICA E SUAS RELAÇÕES................................................................................................................97
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................110
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................113
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................116
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................183
VIII
UNIDADE 1
O EDUCADOR SOCIAL NO
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL
NO BRASIL E SUAS COMPETÊNCIAS
PEDAGÓGICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico será discutido o conceito de educador social e quais
as competências pedagógicas do educador social no processo de desenvolvimento
do ser humano, principalmente no que diz respeito à educação social no Brasil.
Destacando primeiramente o conceito, o perfil do educador social e a importância
de uma formação específica para esse profissional no contexto do mercado de
trabalho na sociedade brasileira.
3
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
FONTE: <https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/wp-content/uploads/2017/12/educador-
social_credito-portal-vermelho.jpeg>. Acesso em: 20 jul. 2019.
4
TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS DO EDUCADOR SOCIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO
5
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Caro acadêmico, você pode constatar que a educação não formal trata-
se de atividades que possuem características de intencionalidade, mas que
apresentam um baixo nível de sistematização e estruturação e que acabam
implicando as correlações pedagógicas, mas de maneira não formalizadas. De
acordo com Gohn (2010), a educação não formal é aquela que se adquire “no
mundo da vida”, diante dos caminhos de partilhar experiências, especialmente
com exercícios cotidianos.
6
TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS DO EDUCADOR SOCIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO
É possível perceber que, dessa forma, sempre haverá uma troca entre a
educação formal e não formal, e essas ações podem ser consolidadas por meio de
diversas formas, como a arte, a música, a inclusão social, a educação e a cultura, e,
nesse sentido, da educação não formal, existe o educador social, um profissional
que se torna o sujeito que interage com a sociedade.
Diante das diferenças que são encontradas nas funções do educador social,
tanto no meio externo como no meio interno, é de suma importância destacar
algumas que são comuns em ambos, como a função de elaborar projetos educativos:
estudos de atividades educativas e de integração social; inclusão dos familiares
e dos indivíduos atendidos; atividades com a equipe da própria instituição; o
envolvimento de equipes externas e entidades similares e, por fim, fazer a supervisão
e acompanhamento dos resultados atingidos (TRILLA; ROMANS; PETRUS, 2003).
7
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Para que todas essas funções do educador social sejam realizadas, faz-
se necessário um trabalho investigativo por parte da instituição, devem conter
dados sociogeográficos e econômicos para uma compressão e entendimento da
realidade local em que as ações serão praticadas para que sejam eficazes e que
tragam realmente uma melhoria para todos os sujeitos envolvidos.
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TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS DO EDUCADOR SOCIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Educador Mero executor de suas atividades; sem excessivas esperanças e sem graves
conformista decepções.
“Realista”, porém, não estranho a uma atitude proativa; otimizador; apoia
alternativas inovadoras de melhora; destaca-se por sua atitude construtiva
Educador crítico
e otimista; sempre olha para frente; capta os desajustes e contribui para
melhora do seu trabalho.
DICAS
Com o que foi apresentado até o presente momento neste primeiro tópico, é
importante refletirmos se realmente a prática do educador social está comprometida com
a profissão e se estamos preparados efetivamente para sermos agentes de transformação
na vida dos usuários que atendemos.
Nesse sentido, é importante ressaltar mais uma vez que o educador social
e a família têm significações, representações e contribuições diferenciadas na
vida do educando, crianças e adolescentes. A relação de educando-educador não
pode substituir, por exemplo, a relação pai-filho e mãe-filho, jamais pode ocupar
um espaço na vida do educando que, por algum motivo emocional e psicológico
transfere essa falta no núcleo familiar para a figura do educador social.
10
TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS DO EDUCADOR SOCIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO
Diante desse contexto, faz-se necessário realizar uma análise e uma reflexão
sobre o tipo de relação que o educador social tem com o educando. Sabe-se que
uma das suas competências é de intervir para o fortalecimento, empoderamento,
promovendo a emancipação e a autonomia dos usuários que são atendidos e
jamais criar vínculos de dependências nessa relação.
E
IMPORTANT
DICAS
FONTE:<https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/919nrHBhyvL._AC_UL320_
SR212,320_.jpg>. Acesso em: 27 set. 2019.
12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A educação social se torna uma ponte para combater os problemas gerados por
essas desigualdades.
13
• As funções do educador social como profissional são direcionadas para
equilibrar, coordenar, encaminhar, realizar acompanhamentos, avaliar
resultados, gerenciar administrativa e economicamente a instituição e liderar
os profissionais nas suas devidas responsabilidades e ações.
14
AUTOATIVIDADE
15
Diante da contextualização exposta, produza um texto de, no mínimo
10 linhas, conceituando e apontando exemplos que você conheça da prática
profissional do educador social.
16
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, o Tópico 2 tem o objetivo de apresentar e fundamentar
a necessidade de uma formação consistente para o educador social no Brasil.
A necessidade de uma formação consistente, para o educador social, é uma
intervenção relacionada à teoria e prática, garantindo para toda população
usuária, ou seja, o público com quem o educador social irá intervir, podendo ser:
usuário das políticas públicas, de entidades não governamentais, entre outros,
que conheça as políticas públicas e consiga acessá-las. A atuação do educador
social acaba refletindo no que se refere às demandas da exclusão social.
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
FONTE: <https://cdn.psicologado.com.br/images/2019/05/09/a-atuacao-do-psicologo-no-
contexto-escolar.jpg>. Acesso em: 27 set. 2019.
18
TÓPICO 2 | A NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
E
IMPORTANT
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TÓPICO 2 | A NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO
Segundo Saviani (2008, p. 317), foi na “primeira metade dos anos de 1960
que a concepção de Educação Popular sofreu modificações, admitindo outro
significado”. Para o autor, essa educação popular emergente dos anos 1960
assume em seu entendimento uma preocupação com a participação política das
massas com a tomada de consciência da realidade.
Para Saviani (2008, p. 317), a educação passa a ser vista como um meio de
conscientização “do povo, pelo povo e para povo”, repreendendo uma educação
tradicional e compreendendo como uma “educação das elites, dos dirigentes e
dominantes, para povo, a fim de controlá-lo e manipulá-lo adaptando a ordem
existente”.
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Diante desse contexto, Paiva (1986, p. 28) explica que as “mudanças que
ocorreram na Igreja Católica resultaram em grande parte em ações católicas que
estavam voltadas para a educação não escolar da população adulta, por meio
do financiamento público”, ainda, segundo a autora, “reduziu a importância da
disputa entre escola pública X escola privada” (PAIVA, 1986, p. 29).
Outro fator que deve ser destacado foi que o viés optado pelo Movimento
da Educação de Base (MEB) e dos desdobramentos das ideias e pensamentos que
orientavam os jovens católicos naquele período permitiram uma aproximação
dos princípios pedagógicos de renovação escolar.
NOTA
Foi nesse contexto que a maioria das ações católicas viram na obra de Paulo
Freire o grande respaldo e fundamento para ser colocado em prática.
22
TÓPICO 2 | A NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO
Nas décadas de 1970, 1980, 1990, no período que vai da Ditadura Militar ao
processo de redemocratização do país, discussões características foram surgindo,
atrelando a educação popular a processos escolares.
Desse modo, Streck (2006, p. 67) afirma que “a educação popular passou,
assim, a aproximar-se do lugar onde se gera o discurso pedagógico hegemônico,
com todas as vantagens e com todos os riscos”.
23
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
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TÓPICO 2 | A NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO
escolas públicas, oferecida nas redes municipais, estaduais e até federais. Existe
também uma educação que é oferecida por instituições conveniadas, como
exemplo, isso ocorre quando uma escola é mantida por recursos públicos e com
recursos e trabalhos civis, particulares, empresariais ou de Organizações Não
Governamentais (ONGs).
E
IMPORTANT
a perceber que a educação popular não está mais centralizada e restrita apenas
aos sindicatos, às igrejas, às entidades e aos grupos com objetivo alternativo e
popular. A educação popular passa a ser incorporada ao fluxo da política e da
pedagogia em sua totalidade. Com isso, pode-se afirmar que a pedagogia social,
por meio de suas finalidades, começa a atender a essas demandas, e é possível
perceber que ela surge com as novas práticas políticas pedagógicas.
Ainda citando Streck (2006), faz-se necessário perceber que esse autor
destaca uma nova identidade por meio da refundamentação ou refundação
da educação popular, com a busca de uma linguagem que venha de encontro
às novas realidades, sendo uma ponte entre a pedagogia social, que com suas
propostas começa a ser identificada com a educação popular.
E
IMPORTANT
Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido (1978), defende que é por
meio da comunhão entre homens e de sua conscientização crítica da realidade que o
oprimido deixa de ser oprimido e opressor deixa de ser opressor.
No Brasil, vem crescendo cada vez mais as práticas educativas que são
voltadas e desenvolvidas em diversos espaços públicos e não governamentais,
por exemplo, podemos citar: o Centro de Referência de Assistência Social
26
TÓPICO 2 | A NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO
Com isso, pode-se afirmar que o grande desafio colocado para esses
trabalhadores é o reconhecimento como profissional e da própria profissão, sendo
que o número de sujeitos que estão envolvidos nesses processos é considerado
alto, nos mais diversos grupos e classes sociais.
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
DICAS
Para saber mais sobre o documento COB, você pode acessar este link: http://
www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf.
28
TÓPICO 2 | A NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO
DICAS
FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51k5kvkE%2BZL.jpg>.
Acesso em: 27 set. 2019.
O autor propõe um método abrangente, pelo qual a palavra ajuda o homem a tornar-se
homem. Assim, a linguagem passa a ser cultura. Através da decodificação da palavra, o
alfabetizando vai-se descobrindo como homem, sujeito de todo o processo histórico. O
método de Paulo Freire não possui qualquer atitude paternalista em relação ao analfabeto.
Ele aplica pela primeira vez no campo da pedagogia as palavras Conscientização/
Conscientizar, que em seu conteúdo vernacular específico se incluem no vocabulário
de idiomas como o francês e o alemão, tidos como acabados e, em consequência,
totalmente infensos à aceitação de neologismos. Quando o Brasil aceita o grande desafio
do desenvolvimento, nada mais necessário que atentar para seu processo de civilização.
O livro é um rumo neste caminho, pois não é possível supor êxitos no campo econômico,
sem o alicerce de um povo que se educa para civilizar-se.
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Escola Nova no Brasil possuía suas bases na teoria de John Dewey, sendo
assimilados principalmente por Anísio Teixeira.
• A educação passa a ser vista como um meio de conscientização “do povo, pelo
povo e para povo”.
• A educação popular, a partir dos anos 1960, teve no grande educador popular
Paulo Freire o seu principal idealizador, como também nos movimentos de
cultura popular, sendo a sua agência prioritária de criação de ideias e de
realização de experiências.
• Nos dias de hoje, essa “classe popular” pode participar da educação formal, ou
seja, a educação oferecida nas escolas públicas, oferecidas nas redes municipais,
estaduais e até federais.
30
• A pedagogia social, através de um próprio movimento de legitimação, vai
em busca de um reconhecimento enquanto área de formação profissional,
acadêmica e de pesquisa, no que diz respeito às questões pedagógicas
tradicionais no país.
• No Brasil, vem crescendo cada vez mais as práticas educativas que são voltadas
e desenvolvidas em diversos espaços públicos e não governamentais.
31
AUTOATIVIDADE
32
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, o terceiro tópico tem o objetivo de apresentar a você
quais são as perspectivas da formação profissional do educador social no Brasil.
Neste tópico, será apresentada a legislação que foi aprovada e que regulamenta
a profissão do educador social no país, sendo esse um marco de referência para
esse profissional na sociedade brasileira.
2 EDUCADOR SOCIAL E O
RECONHECIMENTO PROFISSIONAL
Então, caro acadêmico, o que é ser educador social? Quais são suas
competências e atividades profissionais? Seria um profissional da área da
educação? O que diz a legislação sobre essa atividade profissional? O que está
escrito na LDBEN nº 9.394/96? Com certeza esses questionamentos estão sendo
constantes no decorrer de seus estudos.
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
FONTE: <https://editalconcursosbrasil.com.br/wp-content/uploads/2019/05/o-que-faz-um-
educador-social-287x189.jpg>. Acesso em: 27 set. 2019.
34
TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
E
IMPORTANT
35
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
36
TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
dos sujeitos; segundo, em sentido restrito, como o autor afirma: “[...] formação
(Bildung) do homem pela sociedade, [sendo um] processo pelo qual a sociedade
atua constantemente sobre o desenvolvimento do ser humano no intento de
integrá-lo no modo de ser social vigente e de conduzi-lo a aceitar a buscar os fins
coletivos” (PINTO, 1993, p. 30).
Nesse sentido, Castoriadis (1982, 1992, 2007) nos faz ter uma melhor
compreensão desses dois aspectos da educação quando afirma que eles se
asseguram na contradição, sendo então: buscar libertar os sujeitos e também
inserir neles as instituições sociais.
Citando ainda Castoriadis (2007, p. 178), o autor afirma que é por meio
da educação que ocorre “[...] a autonomia do indivíduo — e essa autonomia tem
condições estabelecidas historicamente, tanto na história do indivíduo, quanto
naquela coletividade onde ele vive —, dizemos que é preciso educar o indivíduo
para que ele seja autônomo”.
Para Castoriadis (2007), isso não significa caso não haja solução desse
impasse. Para ele, ao contrário, afirma a necessidade de anular a antipedagogia que
oprime e aliena para uma pedagogia da autonomização capaz de libertar subjetiva
e objetivamente os sujeitos. Aborda ainda que essa libertação decisivamente se
inicia no processo de autonomia individual para a coletiva das pessoas. Com isso,
a educação deverá ser explorada como práxis e não mais somente como uma
técnica de internalização de conhecimentos.
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Pereira (2011, p. 52) ressalta que a educação social está presente em diversos
setores da vida social das pessoas, e que sua intencionalidade é “[...] resolver as
questões sociais que se apresentam e tomando as populações oprimidas como
sujeitos de sua prática”.
Gadotti (2012) considera também que a educação social possui uma forte
relação com as outras formas de educação e pedagogias, e incorpora, de forma
harmoniosa, construindo uma relação ao contexto de opressão dos educandos,
visto que:
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TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
Santos e Paulo (2017) afirmam que a educação popular é um viés que serve
de inspiração para uma pedagogia social brasileira, visto que ela já nasce nos
meios acadêmicos europeus. Os autores dispõem que elas convivem no mesmo
espaço educativo e se mostram de maneira contraditória, mas são, na dialética,
um projeto de emancipação das classes oprimidas.
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UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Paula (2017) afirma em seus estudos que a educação popular é uma prática
de resistência historicamente concretizada pelos grupos sociais, visando à busca
da emancipação social, e, com isso, se torna para a pedagogia social a principal
referência, pois traz os estudos de Paulo Freire para uma educação emancipatória.
Para Graciani (2006), existe uma relação próxima com essas educações
com a base freiriana. A autora afirma ainda que a educação social é uma
prática educativa revolucionária porque tem uma teoria e ação emancipadora,
ela acontece no interior das classes menos privilegiadas, assumindo assim um
diálogo com Freire, dando a possibilidade de transformação do educador e do
educando; nesse sentido, é uma prática orientada por uma pedagogia libertadora
que parte do protagonismo das classes populares.
E
IMPORTANT
A luta por esses direitos não é uma tarefa fácil e requer a presença efetiva do
educador social como trabalhador, profissional, orgânico da educação.
40
TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
O educador social enfrenta uma outra luta, que é a de ver a sua profissão
ser reconhecida legalmente para que possa desfrutar de todos os direitos próprios
do seu trabalho. Para esse profissional, um dos desafios está na definição do seu
campo de atuação profissional de educação ou de trabalho social. A sua atuação
profissional tem evidenciado um pertencimento educativo, indicando que se trata
de um profissional da área da educação, mesmo não sendo, em tese, contemplado
na LDBEN n° 9.394/96.
E
IMPORTANT
Para Pereira (2019), esse artigo evidencia também que esses profissionais
podem ser formados em cursos que não necessariamente sejam o de pedagogia,
mas que contenham conteúdos pedagógicos, porque a educação trabalha com o
que é pedagógico em todas as suas dimensões e instituições.
41
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Diante desse contexto, essa questão deve ser levada em conta pelos
pesquisadores e estudiosos dessa área e que ainda não centralizaram suas
pesquisas somente no foco com o docente e acabam esquecendo dos outros e
novos trabalhadores da educação.
Gatti (2013, p. 52) fica próxima a esse conceito, mesmo que reconheça
que a educação seja uma ação para além do âmbito escolar, afirmando que é
papel dos docentes educar as gerações futuras e que caso isso ocorra deve gerar
uma representação positiva a favor da formação pedagógica qualitativa desses
profissionais da educação, pois:
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TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
Pereira (2019) afirma ainda que é uma atividade central em uma sociedade
que cada dia produz situações de vulnerabilidade para crianças, adolescentes,
jovens, adultos e velhos. Diante disso, ao afirmar que o trabalho educativo precisa
de um profissional com formação ampla e crítica, mas que precisa ser reconhecido
legalmente como um profissional da educação; sem isso não tem como garantir
para as populações oprimidas uma ação educativa e social eficaz, a ponto de elas
alcançarem outras condições de vida que sejam protagonistas do processo.
43
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Assim, Gadotti (2012, p. 15) afirma que é necessário “ser mais atuante
nos espaços não escolares, mesmo porque os seus educandos tiveram o direito à
educação negado”.
44
TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
De acordo com o quadro anterior, contata-se que Paiva (2012) dirige para as
competências que são focadas na escuta sensível do educando, da problematização
de sua prática e das condições de vida dos educandos, de dialogar com eles, de
maneira que possam compreender a situação opressora em que se encontram.
45
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
NOTA
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TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
48
TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
DICAS
Para saber mais sobre os dados técnicos da profissão, acesse o link: https://
www.salario.com.br/profissao/educador-social-cbo-515305/.
49
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
FONTE:<https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4427478&ts=15592454969
94&disposition=inline>. Acesso em: 25 jul. 2019.
50
TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
DICAS
Esta obra é uma contribuição significativa para a Pedagogia Social e Educação Social, pois
historicamente essa área se desenvolve e se fortalece em contextos de crise buscando
dar respostas aos problemas sociais. A autora percorre vários Estados do Brasil, Finlândia
e Angola na perspectiva de produzir um conhecimento emancipador, fundamental para a
formação do educador. Recomendamos a leitura!
FONTE: PAIVA, J. S. Caminhos do Educador Social no Brasil. São Paulo: Paco, 2019.
51
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
Vamos tentar demarcar melhor essas diferenças por meio uma série de
questões, que são aparentemente simples, mas nem por isso simplificadoras da
realidade, a saber:
CONCLUSÕES E DESAFIOS
55
UNIDADE 1 | O EDUCADOR SOCIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
E SUAS COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
56
TÓPICO 3 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL NO BRASIL
FONTE: GOHN, M. G. da. Educação não-formal na pedagogia social. 2006. Disponível em:
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092006000100034&script=sci_
arttext&tlng=pt. Acesso em: 27 set. 2019.
57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A educação deverá ser explorada como práxis e não mais somente como uma
técnica de internalização de conhecimentos.
• O educador social enfrenta uma outra luta, que é a de ver a sua profissão ser
reconhecida legalmente para que possa desfrutar de todos os direitos próprios
a seu trabalho.
58
• A formação é o somatório qualitativo da educação escolar, com isso não pode
ser negligenciada pelos estados e municípios que têm a responsabilidade pela
qualificação de todo o corpo funcional escolar.
59
AUTOATIVIDADE
60
UNIDADE 2
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
61
62
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Diante da importante tarefa de interpretar o discurso constitucional e
buscar fundamentar a seriedade desta para a consolidação da cidadania no Estado
brasileiro, este tópico buscará apresentar, através de uma visão metodológica,
a possibilidade de averiguação do sentido e da importância dos princípios
que regem a dignidade do ser humano para interpretação constitucional. Com
a promulgação da Constituição Federal de 1988, aconteceram significativas
mudanças paradigmáticas que afetaram diretamente fatores culturais, além de
mecanismos institucionais e práticas sócio-políticas enraizadas na sociedade
brasileira.
A Constituição Federal de 1988 constitui um legado inovador para toda
população, dando respaldo a todos os segmentos sociais e para os três poderes:
judiciário, legislativo e executivo; a concretude e efetividade das conquistas e
direitos contidos na Constituição. A ética permeando a efetivação da cidadania
deve ter seus princípios fundamentalmente na garantia dos direitos humanos.
FONTE: <http://sustentahabilidade.com/wp-content/uploads/2017/03/%C3%89tica.png>.
Acesso em: 6 nov. 2019.
63
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
Por ora, vamos nos ater a uma definição mais genérica: compreendem
o terceiro setor todas as entidades que não fazem parte da máquina
estatal, não visam lucro e não se afirmam com discurso ideológico,
mas sim sobre questões específicas da organização social. Se o aspecto
negativo da definição é claro – sabemos que não é terceiro setor –,
o lado afirmativo deve ser particularizado. Ou seja, uma vez que o
terceiro setor engloba um sem números de entidades com origens e
finalidades diversas, a compreensão só acontece no âmbito de cada
categoria (PINSKY; PINSKY, 2003, p. 565).
DICAS
65
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
66
TÓPICO 1 | ÉTICA NO COTIDIANO, UMA REFLEXÃO PENSANDO NO OUTRO
67
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
15 Uma ética científica com vista à formação de uma consciência das prioridades de
conhecimento e de aplicação tecnológica do país, bem como com vista à implantação de
programas de auxílio às atividades de pesquisa em todos os setores do conhecimento
humano, como forma de garantia o crescimento intelectual e a formação de pesquisas
documentadas em torno das necessidades regionais e culturais brasileiras (art. 218).
16 Uma ética da comunicação social, com vista à criação de órgãos controlados pelo Poder
Público, vedada a formação de monopólios ou oligopólios de comunicação, de difusão
de cultura, de dispersão de informações e de veiculação de notícias e dados, relevando-
se o fato de que os meios de comunicação, salvo algumas restrições éticas e jurídicas,
devem possuir total liberdade de atuação para que se possa cogitar da implantação do
ideário democrático em solo nacional (Artigos 220 e 221).
17 Uma ética da ordem econômica e do equilíbrio das relações de consumo, com vista ao
desenvolvimento do país, à estruturação de setores primário, secundário e terciário
estáveis (art. 192, art. 170, caput, até o art. 181).
68
TÓPICO 1 | ÉTICA NO COTIDIANO, UMA REFLEXÃO PENSANDO NO OUTRO
69
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
70
TÓPICO 1 | ÉTICA NO COTIDIANO, UMA REFLEXÃO PENSANDO NO OUTRO
NOTA
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito
(BRASIL, 1988).
71
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
DICAS
NOTA
Ter uma posição ante a modernidade não significa desistir das conquistas
modernas, mas sim de valorizá-las sobre o foco das experiências pós-modernas,
visando romper com a modernidade injusta que se aflora sobre a sociedade,
ou seja, exploradora, alienadora, acumulativa, individualista e outras, deve-se
efetivar os aspectos positivos da modernidade justa, dos direitos sociais, da ética,
da solidariedade da proteção social etc.
72
TÓPICO 1 | ÉTICA NO COTIDIANO, UMA REFLEXÃO PENSANDO NO OUTRO
DICAS
FIGURA – LIVRO
FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51gFvxA5GCL._
SR600,315_SCLZZZZZZZ_.jpg>. Acesso em: 5 dez. 2019.
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
74
• As reivindicações pós-modernas, de certo modo, influenciaram repensar a
modernidade, isso não significa abdicar das conquistas e dos valores.
75
AUTOATIVIDADE
FONTE: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 349.703-1. 2008. Disponível em: http://redir.
stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=595406. Acesso em: 5 dez. 2019.
76
I- A recepção da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de
San José da Costa Rica – pelo ordenamento jurídico brasileiro acarretou
impedimento legal à prisão civil do depositário infiel.
PORQUE
II- A previsão constitucional para prisão civil do depositário infiel foi revogada
por força do status normativo supralegal dos tratados internacionais de
direitos humanos subscritos pelo Brasil.
77
78
UNIDADE 2 TÓPICO 2
EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A
CONSTRUÇÃO DO SABER
1 INTRODUÇÃO
Frequentemente, ouvimos falar em “cidadania europeia”, “cidadania
multicultural”, “cidadania para planetária”. O que seriam esses tipos de cidadania
persiste numa “educação para a cidadania” e numa sociedade democrática. Sem
perceber, estamos insistindo de certa forma em afirmar uma “falta de cidadania”,
argumentando e explicando a nossa ausência de participação e de organização
enquanto cidadãos.
79
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO
PROCESSO DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
FONTE: <https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.
com/6G5kKfgN42XDSrF9NY4NdhKbEb4nDSYtHBbGEfvsBJVFb5yJsXRxspZaXP5Y/orientador-
educacional-blog-aluno-em-foco.png>. Acesso em: 5 dez. 2019.
80
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A CONSTRUÇÃO DO SABER
Oliveira Martins (1992, p. 41) afirma ainda que a escola tem o papel de
proporcionar a “cultura do outro”, através da “necessidade de compreensão
de singularidades e diferenças”, possibilitando a responsabilidade pessoal e
comunitária, oferecer o conhecimento metódico da vida e das coisas e buscar a
compreensão de culturas, de nações, do mundo.
81
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
NOTA
82
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A CONSTRUÇÃO DO SABER
A família, vista num sentido mais amplo, como, por exemplo, uma
comunidade, pode ter diferentes formas: famílias tradicionais, famílias
monoparentais, famílias de acolhimento e outras. Deve ser um exemplo de
participação na vida cívica, atenta ao meio que a cerca, um instrumento de
abertura e solidariedade.
83
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
84
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A CONSTRUÇÃO DO SABER
FONTE: A autora
85
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
O autor Bruner (1996, 2000) afirma que é preciso educar para se ter uma
deliberação individual, o que se chama de uma cultura mais alargada, tornando-
se fundamental numa educação que se quer construir cidadania entre as pessoas.
Universalidade
Aqui declaro que não tem fronteiras.
Filho da sua pátria e do seu povo,
A mensagem que traz é um grito novo
Um metro de medir coisas inteiras
Redonda e quente como um grande abraço
De polo a polo, a sua humanidade,
Tendo raízes e localidade,
É um sonho aberto que fugiu do laço.
Vento da primavera que semeia
Nas montanhas, nos campos e na areia
A mesma lúcida semente,
Se parasse de medo no caminho
Também parava a vela do moinho
Que mói depois o pão de toda a gente.
(Miguel Torga, Nihil Sibi)
86
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A CONSTRUÇÃO DO SABER
Chauí (1997) afirma que para um direito existir, não basta apenas a mera
declaração do cidadão. É necessário que se criem condições para sua existência
e isso acontece por meio de reivindicação por parte da sociedade para que tal
direito seja de fato um direito real.
87
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
De acordo com o senso comum presente nos meios acadêmicos, nos meios
de comunicação e até nos meios populares, estamos vivendo atualmente num
mundo completamente diferente daquele delineado pela visão iluminista da
modernidade, constituindo assim uma nova ordem mundial.
Essa situação leva Ianni (1998, p. 28) a afirmar que: “o que está em causa
é a busca de maior e crescente produtividade, competitividade e lucratividade,
tendo em conta mercados nacionais, regionais e mundiais. Daí a impressão de
que o mundo se transforma no território de uma vasta e complexa fábrica global
e, ao mesmo tempo, em shopping center global e disneylândia global”.
88
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A CONSTRUÇÃO DO SABER
Toda essa nova condição requer um novo pensar nas práticas mediadoras
de sua realidade histórica, sejam o trabalho, a sociabilidade e a cultura simbólica.
Nesse sentido, requer, da educação, a mediação como uma dessas práticas, com
capacidade de enfrentar os grandes desafios impostas no Terceiro Milênio. Sendo
alguns deles: o investimento sistemático nas forças construtivas dessas práticas,
de modo a cooperar com mais eficaz na solidificação da cidadania, tornando-se
essencial a educação do ser humano mais social. Para Severino (2000, p. 65):
89
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
Com isso, podemos concluir que a prática humana esboça seu modo
de ser, de agir e de pensar, não é apenas uma prática mecânica, transitiva. Ao
oposto, é considerada uma prática intencionalizada, que está marcada desde
suas origens pela simbolização. É que, instaurando-se como uma extensão das
forças energéticas espontâneas, a subjetividade forma-se como um equipamento,
modificando-se em um instrumento de ação dos humanos. Para Severino (2000,
p. 69):
90
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A CONSTRUÇÃO DO SABER
Severino (2000) afirma que a educação deve ser entendida nesse contexto
histórico social como uma prática técnica e política, transversal por uma
intencionalidade teórica, fertilizada pela significação simbólica, intercedendo a
integração dos sujeitos educandos na tríplice do universo Mediando a integração
dos sujeitos educandos nesse tríplice universo das mediações existenciais: no
universo do trabalho, da produção de material, das relações econômicas; no
universo das mediações institucionais da vida social, lugar das relações políticas,
esfera do poder; no universo da cultura simbólica, lugar da experiência da
identidade subjetiva, esfera das relações intencionais. A educação só se legitima
internacionalizada à prática histórica dos homens.
E
IMPORTANT
É bom sempre lembrar que o trabalho pode degradar o homem, sua vida
social pode de certa forma oprimi-lo e a cultura pode acabar alienando-o e idealizando-o.
DICAS
92
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A palavra “cidadão” é uma pessoa com plena posse dos seus direitos civis e
políticas com um estado livre, sujeito a todos os direitos e obrigações próprias
dessa combinação.
93
• O termo cidadania vem sendo abordado cada vez mais em diversos segmentos
da sociedade, no meio político, e como significados diferentes. Nesse sentido
se justifica ao abordar alguns conceitos do termo cidadania e seus direitos
constitutivos, para relacioná-los ao processo de democratização escolar, formal
e não formal.
• A existência verdadeira e real do ser humano é marcada pelos fatores, pois essa
dimensão econômica é entendida como uma referência condicionante para
outras dimensões da vida humana, uma vez que está ligada à vida material.
94
AUTOATIVIDADE
FONTE: CUNHA, P. F. da. O ponto de Arquimedes: natureza humana, direito natural, direitos
humanos. Coimbra: Almedina, 2001. p. 94.
95
e) ( ) Os direitos humanos são, em todas as suas manifestações, garantias
negativas da cidadania, por isso não carecem de nenhum tipo de
prestação econômica por parte do Estado.
96
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A formação do educador no Brasil vem sendo alvo de discussões
historicamente, desde a segunda metade do século XX, através dos primeiros
cursos de formação de educadores, legitimando a maneira que se apresenta a
preocupação constante em relação ao conhecimento adquirido e a pouca atenção
que se dá à formação ética e política do educador.
Este tópico tem como foco compreender uma análise qualitativa, qual o
conceito e o papel do educador perante a constituição histórica desses profissionais
e o retorno à tradição para uma crise na formação ética e política.
98
TÓPICO 3 | ÉTICA E POLÍTICA: PARÂMETROS DAS EXIGÊNCIAS DOS DIREITOS HUMANOS
E
IMPORTANT
Diante dessa visão, o modo com que a educação se desenvolve não é neutra
em relação ao tipo de cidadania que se almeja.
O que era tradição sobre as ideias do ser humano era acatado, já que o
novo, ou seja, o que fazia as pessoas cogitarem sobre suas ações fora da situação
de onde estavam inseridas, sendo vistas com desconfianças.
Para falar de ética é necessário fazer a distinção entre ética e moral, pois as
duas palavras são empregadas com frequência e indicado um significado comum
do outro. Comparato (2006) afirma que ética é a busca da felicidade de como a
recompensa de um esforço constante do ser humano, sendo este o que se tem de
mais valioso na vida do ser humano. Para ele, ainda é relevante investigar sobre
o que é bom ou sobre o que é mau para se alcançar a felicidade.
99
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
porque o objetivo já foi almejado e existe outro a ser alcançado, mesmo que o
convívio e interação comum nos tragam percepções diferentes a cada momento.
Para Caetano e Silva (2009), a ética gira em torno de princípios e valores, orientando
a ação do estabelecimento de regras para o bem.
Por ser considerada uma ação reflexiva, a ética possui um caráter teórico.
Não se limita o gesto da reflexão por mera vontade de fazer um “exercício de
crítica”. A crítica é gerada, instigada, por problemas, e variáveis assuntos que se
encaram diariamente.
E
IMPORTANT
Pode-se concluir que tanto a ética como a moral vem sendo cada dia mais
objeto de discussão nos meios acadêmicos e nos diversos ramos da ciência e da
filosofia. Mesmo sendo muito comum no dia a dia, serem igualados os significados
de ética e moral.
Esses conceitos são distinguidos através de uma análise, a ética que várias
vezes é vista como uma “[...] daquelas coisas que todo mundo sabe o que são,
mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta” (VALLS, 1993,
p 7). É importante considerar que a ética é um vocábulo a ser interpretado e
compreendido considerando a cultura em que questão.
Rodrigues (2001) afirma em sua obra que as crianças estão sendo encaminhadas
cada vez mais cedo, precocemente, para a escola e nesse ambiente permanecerão
por um logo período de suas vidas. Para ele, “cada vez mais a escola exercerá ou
poderá exercer um papel que a ela jamais foi atribuído em tempos passados: o de ser
a instituição formadora dos seres humanos” (RODRIGUES, 2001, p. 253).
101
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
Quando a criança inicia a fase escolar já deve ter uma noção dos conceitos
básicos de respeito, não que esses sejam completos para sua formação, pois não
atingiram ainda a sua maturidade. Porém, é um processo de oportunidade e
adequação para efetivar as tarefas que estão por vir, sendo estes, seres humanos
em desenvolvimento ético. Nessa fase precisam de proteção, afeição e de todos
os cuidados especiais, como afeto e atenção, mas sabemos que a realidade não é
bem assim, que nem todas as crianças recebem essa proteção. Muitas famílias não
conseguem dar conta de realizar o papel de formação primária, para que criança
consiga ter uma convivência em sociedade.
102
TÓPICO 3 | ÉTICA E POLÍTICA: PARÂMETROS DAS EXIGÊNCIAS DOS DIREITOS HUMANOS
103
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
E
IMPORTANT
“A cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são
demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a
cabeça, para o total” (João Guimarães Rosa).
104
TÓPICO 3 | ÉTICA E POLÍTICA: PARÂMETROS DAS EXIGÊNCIAS DOS DIREITOS HUMANOS
Num gesto político, sempre existe a afirmação de uma vontade, que sugere
uma determinada responsabilidade. Com isso, somos responsáveis e acabamos
respondendo e nos comprometemos com nossas escolhas. O comprometimento
é um ato que se torna próprio da essência das pessoas. Só elas podem prometer,
comprometer e entender.
NOTA
A resposta a essa pergunta remete o que se considera uma boa vida, por
meio do espaço de afirmação dos direitos garantidos e na construção do bem
comum da sociedade. Devemos ter cuidado ao fazer referência ao bem comum,
porque essa expressão está distinta e marcada ideologicamente. Muitos conceitos
são usados indevidamente por diferentes concepções e ideologias presentes na
sociedade contemporânea.
106
TÓPICO 3 | ÉTICA E POLÍTICA: PARÂMETROS DAS EXIGÊNCIAS DOS DIREITOS HUMANOS
aquilo que a sua essência é impossível, mas sim, é o que ainda não permanece
ao rumo do que temos que nos mobilizar. Segundo Galeano (1999, p. 328): “em
língua castelhana, quando queremos dizer que ainda temos esperança, dizemos:
abrigamos a esperança. Bela expressão, belo desafio: abrigá-la, para que não
morra de frio nas implacáveis intempéries dos tempos que correm”.
DICAS
FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/lvarol-m-valls-oquetica-110710194427-
phpapp01/95/lvaro-lm-valls-o-que-tica-1-728.jpg?cb=1310327101>. Acesso em: 5 dez. 2019.
108
TÓPICO 3 | ÉTICA E POLÍTICA: PARÂMETROS DAS EXIGÊNCIAS DOS DIREITOS HUMANOS
Não existe povo ou lugar que não tenha noções de bem e mal, de certo e errado. Da
Grécia Antiga aos nossos dias, a ética é um conceito que sempre esteve presente em todas
as sociedades. Mas apesar disso, as dúvidas são muitas. Seria a ética apenas um conjunto
de convenções sociais? Teria ela um princípio supremo que atravessa toda a história da
humanidade? E numa sociedade capitalista, qual a relação entre ética e lucro?
109
UNIDADE 2 | ÉTICA, EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Ética e cidadania são conceitos que devem estar na base de qualquer espécie
de sociedade humana. Eles têm a ver com as atitudes tomadas pelos indivíduos e
como eles interagem em sociedade, ou seja, como se tratam e convivem.
Cidadania, assim como sua origem latina, diz respeito ao cidadão, aos
direitos e deveres aos quais está sujeito em uma vida em sociedade. Assim como
ética, cidadania também tem a ver com agir de maneira correta.
Cidadania também tem a ver com nacionalidade, pois cada país possui
diferentes direitos e deveres do cidadão. É possível ter cidadania dupla, o que
quer dizer ter a cidadania do país onde nasceu e de algum outro, no qual more ou
de onde tenha tido família imigrante. Basta um processo judiciário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
112
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O educador tem um papel importante na vida das pessoas, pois ele tem o poder
de lapidar as ações de seus educandos.
• Uma educação voltada à cidadania não precisa estar moldada somente no meio
escolar, deve ultrapassar limites, através de diferentes práticas profissionais,
como exemplo podemos citar o educador social, na sua ação prática.
• Por ser considerada uma ação reflexiva, a ética possui um caráter teórico.
• A ética, como a moral, vem sendo cada dia mais objeto de discussão nos meios
acadêmicos e nos diversos ramos da ciência e da filosofia.
113
• O ser humano, por sua essência, é um ser moral, um indivíduo que avalia
sua ação a partir de valores para instituir regras e princípios legitimando ou
determinando cada indivíduo como único, ou de uma comunidade específica.
• A ética é algo essencial que necessita ser adotado no cotidiano, tanto na vida
profissional, como na vida pessoal.
• A ética no nosso dia a dia é vista como um desafio, pois ao mesmo tempo
em que as pessoas se referem a ela com determinada frequência, percebe-se
descrença em relação à probabilidade de sua interferência.
• Como seres humanos, temos nossas relações sociais, nossa essência humana
é assegurada na relação, na convivência e na confiança. Justifica-se pensar
quais as formas dessa convivência, quais são os valores que a amparam e nos
princípios que a norteiam.
114
• A cidadania passa a se caracterizar através do acesso aos bens aí produzidos,
pela possibilidade livre de participar da forma que diariamente acontece nesse
país, pelas maneiras que se têm de reconhecimento do direito de dizer sua voz
e ser ouvido pelos outros cidadãos.
CHAMADA
115
AUTOATIVIDADE
a) ( ) ser consciente de si, mas não precisa reconhecer a existência dos outros
como sujeitos éticos iguais a si.
b) ( ) saber o que faz, conhecer as causas e os fins de sua ação, o significado de
suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais.
c) ( ) não precisa controlar interiormente seus impulsos, suas inclinações e
suas paixões, deixando-as fluir livremente.
d) ( ) dizer o que as coisas são, como são e por que são. Enunciar, pois, juízos
de fato.
e) ( ) ser responsável, mas não precisa reconhecer-se como autor da sua
própria ação nem avaliar os efeitos e as consequências dela sobre si e
sobre os outros
FONTE: <https://descomplica.com.br/blog/filosofia/questoes-comentadas-moral-e-etica/>.
Acesso em: 25 ago. 2019.
FONTE: <https://descomplica.com.br/blog/filosofia/questoes-comentadas-moral-e-etica/>.
Acesso em: 25 ago. 2019.
116
UNIDADE 3
CONCEITOS, TEORIAS E
TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA,
VIOLÊNCIA URBANA E SEUS
REFLEXOS NA SOCIEDADE
ATUAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
117
118
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste Tópico 1, o principal objetivo é oferecer a você uma
visão geral do conceito de violência e de sua contextualização na realidade da
sociedade do nosso país. Este tópico apresentará e descreverá várias questões
da violência. Para compreender e enfrentar as diferentes formas de violência,
devemos relacionar a sua discussão no contexto e no conjunto dos problemas dos
diversos problemas sociais, quais condições, quais situações e o estilo de vida das
pessoas envolvidas.
FONTE: <https://st2.depositphotos.com/1610517/10130/i/950/depositphotos_101301644-stock-
photo-violence-cup-word-cloud.jpg>. Acesso em: 30 ago. 2019.
• Violência natural: ninguém está livre dela, ela é própria de todos os seres
humanos.
• Violência artificial: é um excesso de força de uns sobre os outros.
E
IMPORTANT
120
TÓPICO 1 | CONCEITOS E FORMAS DE VIOLÊNCIA
Outro exemplo importante para citar é a pena de morte, seja ela legal ou
ilegal, mas que sempre implica um sentido ético-moral para quem quer analisar
sua existência de maneira radicalizada. Muitos outros exemplos distinguem as
relações existentes entre a violência, a ordem social e a ordem legal, ou com a
consciência moral de cada pessoa.
121
UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
Para Paviani (2016), com exceção de Foucault, Hanna Arendt, Eric Weil,
Zizek, Aganbem e, no Brasil, além de Marcelo Perine e Marilena Chaui, são poucos
os que se dedicaram a analisar a violência como um fenômeno. Paviani (2016)
afirma que na história da filosofia encontra-se teorias implícitas da violência,
pois podemos classificar que, desde Platão até Marx, passando por Aristóteles,
Hobbes, Locke, Rousseau, Kant, Nietzsche, Russel e outros, são defensores de
uma violência subjetiva invisível.
O conceito de violência é um dos mais amplos que existe, com isso torna-
se difícil abranger todas as formas. Mesmo assim, os tipos de violência podem
ser úteis para considerar suas modalidades. Diante das formas de violência que
existem, destaca-se:
122
TÓPICO 1 | CONCEITOS E FORMAS DE VIOLÊNCIA
• Teorias sociológicas.
• Psicológicas.
• Psicanalíticas.
• Biológicas.
• Jurídicas.
• Feministas.
124
TÓPICO 1 | CONCEITOS E FORMAS DE VIOLÊNCIA
125
UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
Para Paviani (2016), o ser humano não resiste à natureza, mas à luta contra
o mundo exterior, da sociedade. A natureza exterior, a violência primeira, não
é a luta do indivíduo. Ele não pode resistir à natureza. A luta contra o mundo
exterior é o da sociedade.
128
TÓPICO 1 | CONCEITOS E FORMAS DE VIOLÊNCIA
129
UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
NOTA
Para Chauí (1998), a ética existe pela e na ação de cada sujeito individual
ou sociais, resultado das formas de sociabilidade criadas pelas próprias ações
do ser humano em determinadas condições históricas. Com essas observações, a
autora Chauí determina algumas características da violência. Segundo a autora,
a violência pode ser considerada tudo que age usando a força para ir contra a
natureza de algum ser; é todo ato de força contrário à espontaneidade, à vontade e
à própria liberdade de uma pessoa; é considerado todo ato de violação de alguém
ou de alguma coisa valorizada de forma positiva pela sociedade; é todo ato de
transgressão contra aquelas coisas e ações que alguém ou uma determinada
sociedade definem sendo justas e com um direito.
DICAS
FONTE: <https://img.travessa.com.br/livro/BA/47/47fa512c-cae3-41c0-9756-
74caabfa3887.jpg>. Acesso em: 6 dez. 2019.
131
RESUMO DO TÓPICO 1
• O termo “violência” tem sua origem do latim, violentia, que propaga o ato de
violar.
132
• Não existe um governo que seja exclusivamente baseado nos organismos da
violência, nem mesmo os governos totalitários são baseados exclusivamente
na violência que utilizam a tortura e necessitam de uma base de poder, de um
policiamento secreto e até de informantes.
• Como ser humano, e com o poder de decidir, o homem pode se recusar à razão.
• A violência se opõe à questão ética pelo motivo que trata de seres racionais e
sensíveis, dotados de linguagem e de liberdade, ou seja, não são coisas.
133
AUTOATIVIDADE
FONTE: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/gabaritando_enem/2017/
gabarito_comentado_gabaritando_enem.pdf>. Acesso em: 2 set. 2019.
134
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
A violência urbana é, hoje, um assunto de extrema importância no debate
brasileiro. A violência, tanto no campo como nas cidades, sempre teve uma
postura e formas específicas de acordo com o momento histórico, atingindo as
camadas subalternas da população brasileira, sendo praticada diretamente pelo
Estado, por seus agentes, por grupos dominantes ou até por facções criminosas,
sempre deixando cicatrizes intensas.
135
UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
FONTE: <https://domtotal.com/blog/robson/wp-content/uploads/sites/11/2015/09/012.jpg>.
Acesso em: 4 set. 2019.
136
TÓPICO 2 | O CENÁRIO DA VIOLÊNCIA URBANA
E
IMPORTANT
Para Bourdieu (2007), o poder simbólico é um poder que aquele que lhe
está sujeito dá àquele que o exerce um crédito com que um credita o outro, uma
fides, uma auctoritas, que se lhe confia, depositando nele sua confiança; é algo
como a potência mágica, o crédito, o carisma, a crença, o credo, a obediência ao
divino de onde se espera a proteção.
E
IMPORTANT
138
TÓPICO 2 | O CENÁRIO DA VIOLÊNCIA URBANA
NOTA
NEOLIBERALISMO
Mas o que significa dizer que o Estado não deve intervir na economia?
Outra expressão do modelo econômico neoliberal são os cortes dos gastos públicos. A
fim de desonerar de impostos a população e, principalmente, as grandes empresas (que,
ao menos em tese, seriam responsáveis pela geração de empregos), o governo deveria
evitar gastos com políticas sociais e de infraestrutura, além de reduzir investimentos em
educação e saúde. Para os neoliberais, esses setores da sociedade são melhor oferecidos
pela iniciativa privada e a presença do Estado só atrapalharia o lucro dos empresários e a
geração de empregos por eles oferecida.
139
UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
FONTE: A autora
Para Pedrazzini (2006), a violência urbana deve ser analisada como parte
de um sistema socioespacial dinâmico cujos elementos estruturantes seriam a
economia liberal globalizada e a cidade como modelo ambiental hegemônico.
Mediante esses dois elementos considerados fundadores da nossa civilização,
outros elementos completariam:
140
TÓPICO 2 | O CENÁRIO DA VIOLÊNCIA URBANA
141
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Os espaços que são mais afetados pelos conflitos gerados pela globalização
são os bairros mais pobres das cidades, independentemente do seu porte, pois estes
estão mais expostos aos efeitos negativos da política liberal, ou seja, da globalização.
E
IMPORTANT
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TÓPICO 2 | O CENÁRIO DA VIOLÊNCIA URBANA
número de casas com cercas elétricas, porta com grades de proteção, câmeras de
segurança ou placas que identificam empresas de segurança que monitoram vinte
e quatro horas por dia algumas residências, como forma de impedir que estas
sejam invadidas por pessoas que escolham o crime como forma de sobrevivência
no contexto social em que estão inseridos.
Nos centros das cidades, em suas ruas, as pessoas andam com pressa
e agarram suas bolsas e suas pastas, é difícil alguém parar para dar uma
informação, e, quando isso acontece, estão sempre com um olhar atento ao que
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De acordo com Pedrazzini (2006), houve tempos em que a cidade era vista
como um “bem” para o ser humano (a promessa de um futuro melhor), sendo
considerado um crescimento importante para as pessoas e para o território, pois
representa um progresso da civilização, da cultura, elevação e ampliação do
mercado e das oportunidades.
Porém, esses tempos decorreram para quem, nos dias de hoje, vê a cidade
como um espaço de sobrevivência em condições que são consideradas relativas
e aceitáveis. Atualmente, estamos vivendo em uma época em que as cidades
são consideradas duais. Isso significa que a insegurança, o medo, o pânico, a
violência e o tráfico são tidos como conteúdos chamados duplos, ou seja, duais.
Pedrazzini (2006) afirma que a cidade contemporânea é perigosa na medida em
que a globalização a divide em fragmentos antagônicos, transformando-a em um
conflito de forças e interesses.
Nesse sentido, Santos (2009) afirma que esses atores adquirem, através de
atividades ilegais e internacionais, uma cultura cosmopolita que não corresponde
ao contexto e cultura de um determinado bairro ou cidade onde estão residindo.
Diante dessa realidade, vem aumentando um número de jovens e adolescentes
que criticam a política neoliberal, através da ilegalidade e da violência. Ao
entrarem no mundo do crime, como o tráfico, eles acreditam manter o comando
e a probabilidade de estarem inseridos na modelo de vida que envolve o mundo
globalizado.
144
TÓPICO 2 | O CENÁRIO DA VIOLÊNCIA URBANA
por esse meio de sobrevivência tem uma ascensão social, que é interrompida de
maneira bruta. Pesquisas já realizadas estimam que 60% dos jovens envolvidos
com o tráfico acabam sendo presos ou mortos.
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FONTE: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2018/05/cercas-muros-e-
guaritas-o-medo-da-violencia-que-encheu-porto-alegre-de-grades-cjgr5ky9z02c801payt6shuuv.
html>. Acesso em: 6 set. 2019.
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FONTE: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2018/05/cercas-muros-e-guaritas-
o-medo-da-violencia-que-encheu-porto-alegre-de-grades-cjgr5ky9z02c801payt6shuuv.html>.
Acesso em: 6 set. 2019.
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DICAS
FONTE: <http://lojasaraiva.vteximg.com.br/arquivos/ids/2137184/963235.
jpg?v=637007506222970000>. Acesso em: 6 dez. 2019.
Este é um livro para quem busca entender a cidade e o que ela representa para diversas
sociedades, e que não faz distinção de nível social. Não poucas vezes, a chamada “visão
do pobre” é de extrema importância e abre novos caminhos neste território. – Porque
o urbano assusta e encanta a muitos, esta obra aborda com amplitude os estudos e
as observações dos aspectos inerentes a sua história e rotina. Diante de problemas
catastróficos, a atribuição de responsabilidade à classe mais desfavorecida é constante.
Mas é preciso estar alerta para combater isso. Seja por medo ou fascínio, não há indivíduo
que ignore por completo o ambiente em que vive, pois conhecê-lo é uma forma de
conservá-lo. Não se pode mais pensar em urbanização como uma composição de favelas
e castelos. entre as classes e caracteriza a vida nas cidades. Não se pode mais pensar em
urbanização em uma atmosfera de favelas e castelos. Essa obra promete aprofundar todos
estes pontos, com destaque para a insegurança urbana e a globalização. Em suas páginas
se encontram diversas abordagens e aponta uma sadia desobediência aos modelos
impostos, para solucionar os grandes e muitas vezes desafiadores problemas do meio
urbano. Yves Pedrazzini é pesquisador do Laboratório de Sociologia Urbana da Escola
Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça.
150
RESUMO DO TÓPICO 2
• A desestruturação dos centros urbanos, nos aspectos mais visíveis, que são a
informalidade espacial, econômica e social, institui, no decorrer dos tempos,
novas maneiras de reprodução social, que acabam sendo ligadas pelos três
eixos da socialização.
151
• As primeiras pessoas a entender que ninguém se responsabilizaria de cuidar de
suas adversidades foram os que se encontram em situação de vulnerabilidade
social.
• Os jovens dos bairros mais pobres das cidades se tornam um problema social
para as autoridades e para a polícia. Pois, para esses jovens, com um pré-
conceito de estilo de vida formado, são excluídos da sociedade e a violência
se torna uma resposta imediata e cômoda para um mundo em permanente
mudanças.
152
AUTOATIVIDADE
1 Escreva um texto sobre a sua visão de violência urbana. Ele deverá ter no
mínimo 20 linhas.
PORQUE
153
3 A sua cidade, o seu território, também está inserida no contexto da violência
urbana. Relate através de um texto (mínimo 20 linhas) e de forma crítica um
fato que ocorreu nos dois últimos anos em sua região.
154
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Este terceiro tópico tem como objetivo refletir a existência de novos
sentidos e significados do fenômeno da violência no Brasil. Também busca
argumentar que o seu aparecimento está vinculado às mudanças da natureza da
atual sociedade brasileira e está, por sua vez, inserida nos contextos das mudanças
que são consideradas mais abrangentes, ajustando os processos da globalização
de fragmentação.
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FONTE: <http://www.ateuracional.com.br/2014/02/como-pode-o-sentido-sincero-de.html>.
Acesso em: 7 set. 2019.
E
IMPORTANT
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TÓPICO 3 | VIOLÊNCIA E A EXCLUSÃO SOCIAL
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UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
Esse fato também está junto à percepção que tal mudança se semelha
simultaneamente com o despertar de uma suscetibilidade coletiva, em que, por
mais duvidosa que essa noção possa ser, mais afiada intercede como inaceitável a
estruturação das demandas sociais pelo fenômeno da violência.
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TÓPICO 3 | VIOLÊNCIA E A EXCLUSÃO SOCIAL
E
IMPORTANT
Existe uma primeira relação fundamental para ser analisada que está
evoluindo, conecta-se à ocorrência que, no Brasil, a sociedade não está ausente
das mudanças científicas e tecnológicas que ocorrem mundialmente. A maneira
que o modo se concretiza foge dos objetivos deste tópico, pois o estudo dessa
questão exige um estudo com análises empíricas e específicas.
• Da economia.
• Da social.
• Da política.
• Da cultual.
• Da religiosa, entre outras.
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Podemos citar que o Brasil está cada vez mais inserido na cultura
consumista, através dos shoppings centers, de espaços que são tecnologicamente
organizados e controlados, tanto nos aspectos que dizem respeitos à segurança
e aos mecanismos de sociabilidade que estão em discussão nos espaços urbanos.
NTE
INTERESSA
TUROS
ESTUDOS FU
163
UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
E
IMPORTANT
FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/images/1-mile-durkheim.jpg>.
Acesso em: 6 dez. 2019.
David Émile Durkheim nasceu em 15 de abril de 1858, no seio de uma família judia, na região
francesa de Lorena. Deixou de lado os estudos numa escola rabínica e posteriormente
optou por uma educação secular, seguindo um caminho em alta numa França marcada
pela ascensão do discurso da modernidade e da corrente positivista. Foi aprovado para
ingressar na École Normale Supérieure, grande centro de formação da elite intelectual
francesa.
Ao equiparar os fatos sociais como “coisas”, Durkheim afirmava que o mundo social
era passível de ser estudado da mesma forma que o mundo natural, com objetividade
e independente das ações individuais, buscando observar suas regularidades da mesma
maneira que um químico observa um fenômeno no laboratório.
O sociólogo deveria deixar de lado suas pré-noções para poder tratar os fatos sociais
com imparcialidade, como fenômenos exteriores ao universo psíquico dos indivíduos e
assim obter resultados válidos, elaborar leis e até prever ações. A obra de Auguste Comte
exerceu forte influência na construção desses pressupostos.
FONTE: <https://medium.com/paiol/a-sociologia-de-%C3%A9mile-durkheim-cc8a5be292ca>.
Acesso em: 9 set. 2019.
164
TÓPICO 3 | VIOLÊNCIA E A EXCLUSÃO SOCIAL
Diante das argumentações que foram abordadas até agora, a violência não
pode ser analisada fora do campo social e que está inserida. Se a natureza do social
muda, as maneiras de manifestações da violência e seus significados também
mudam. O social, sem uma categoria ou um ponto fixo de referência, fica passível
a vários arranjos societários, uma decorrência que pode ser possível é a explosão
de diversas lógicas de ação como também de organização e reorganização do
espaço e do contexto social.
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UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
E
IMPORTANT
No outro fato, cinco jovens, sendo um menor, jogaram álcool e atearam fogo no índio
Pataxó, Galdino Jesus dos Santos, que dormia em um ponto de ônibus, queimando-o
vivo e gerando sua morte. O fato aconteceu a 20 de abril, véspera da data em que se
comemora o Dia do Índio, no Brasil.
Como no caso dos jovens de Brasília, uma brincadeira que acabou dando errado
e resultando em morte.
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UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
DICAS
Com muita honra aceitei o convite do amigo e colega Salah Khaled, para prefaciar a obra que
o leitor tem em mãos, de grande relevo para o debate criminológico contemporâneo, em
especial no que se refere à Criminologia Cultural. O que justifica para nós o conhecimento
e os estudos da Criminologia Cultural, como produto importado, é a busca necessária
de um novo paradigma de pesquisas e análises, que leve em consideração as emoções
humanas e seja sensível às demandas e avanços sociais. Um modelo de pensamento mais
produtivo que as abordagens criminológicas tradicionais, conservadoras e retrógradas;
uma alternativa realista e viável ao discurso simplório e violento do punitivismo de cunho
fascista, que especialmente hoje, domina o debate nacional, principalmente na mídia, cuja
ação, segundo a Criminologia Cultural, é hoje estudo indissociável e obrigatório a qualquer
abordagem mais abrangente do sistema penal, do crime e do controle da criminalidade, no
mundo inteiro. Apesar de as suas principais obras de referência ainda estarem sem versão
em português, alguns intelectuais brasileiros, como o autor dessa obra, contribuem com
produção e publicações que fazem uma excelente aproximação dos conceitos, abordagens
e métodos inovadores propostos, dentro do objetivo de perturbar intelectualmente, ou
"manter girando o caleidoscópio das maneiras pelos quais pensamos sobre o crime e,
mais importante, sobre as respostas jurídicas e sociais à quebra de regras.", nas palavras
de Hayward. Para essa atingir essa meta, um bom começo é se dedicar à proveitosa
leitura das páginas que seguem, de modo a obter uma ideia muito clara do que é e o que
pretende essa proposta de revisão conceitual e metodológica dos estudos sobre crime e
controle de criminalidade. Trata-se, portanto, de leitura instigante e prazerosa, uma vez que
os capítulos são autônomos, dinâmicos, bem escritos e fundamentados, produzidos em
prosa madura e cuidadosa. O que resulta é a inspiração ao debate e à pesquisa, [...]
171
UNIDADE 3 | CONCEITOS, TEORIAS E TIPOLOGIAS DE VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA URBANA E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE ATUAL
LEITURA COMPLEMENTAR
A CARTA DA TERRA
PREÂMBULO
A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As
forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a
Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.
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TÓPICO 3 | VIOLÊNCIA E A EXCLUSÃO SOCIAL
Desafios Para o Futuro A escolha é nossa: formar uma aliança global para
cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade
da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições
e modos de vida.
PRINCÍPIOS
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TÓPICO 3 | VIOLÊNCIA E A EXCLUSÃO SOCIAL
O CAMINHO ADIANTE
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência
face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação
da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.
• O Brasil, pode-se dizer, que imergiu de maneira mais radical do que os países
considerados avançados, na chamada “era das novas tecnologias”.
179
• O mundo virtual interfere o mundo real, são os aplicativos de relacionamentos,
ou se viaja no espaço interplanetário ou sentem os horrores da guerra através
dos computadores ou dos jogos eletrônicos. Já em outro contexto, consegue
transformar o real em um espetáculo, através dos meios de comunicação de
massa.
• A violência não é um fato recente que surgiu na sociedade moderna, isso quer
dizer que sua presença insinua continuidade do fenômeno, ou seja, é o novo
que dá essas características a violência.
180
AUTOATIVIDADE
181
182
REFERÊNCIAS
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