Gramáticas textuais: as primeiras gramáticas textuais representaram um
projeto de reconstrução do texto como um sistema uniforme, estável e abstrato.
Muitos autores dessa linha de análise, entre os quais Dressler (1972,
1977), Dijk (1972, 1973), consideram que (i) não há uma continuidade entre frase e texto porque há, entre eles, uma diferença de ordem qualitativa e não quantitativa, já que a significação de um texto, segundo Lang (1972), constitui um todo que é diferente da soma das partes. Além disso, consideram que (ii) o texto é a unidade linguística mais elevada, a partir da qual seria possível chegar, por meio de segmentação. Por último, consideram que (iii) todo falante nativo possui um conhecimento acerca do que seja um texto, conhecimento este que não é redutível a uma análise frasal, já que o falante conhece não só as regras subjacentes às relações interfrásticas, como também sabe reconhecer quando um conjunto de enunciados constitui um texto ou quando se constitui em apenas um conjunto aleatório de palavras ou sentenças.
Assim, todo falante possuiria, segundo Charolles (1989), três
capacidades textuais básicas, a saber:
a) capacidade formativa; b) capacidade transformativa; c) capacidade qualificativa.
Segundo Fávero e Koch (1983), se todos os usuários da língua possuem
essas habilidades, que podem ser nomeadas genericamente como competência textual, poderia justificar-se, então, a elaboração de uma gramática textual que deveria ter basicamente as seguintes tarefas:
a) verificação do que faz com que um texto seja um texto;