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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

“Reportagem: Os casos João Hélio e Galdino Pataxó e a barbárie midiática.”

MACEIÓ
2020
“Reportagem: Os casos João Hélio e Galdino Pataxó e a barbárie midiática

Trabalho requisitado pelo professor para aquisição de


nota parcial na disciplina Fundamentos Sociológicos, na
turma “A” do 2° período matutino do curso de Direito.

MACEIÓ
2020

A reportagem intitulada “Os casos do João Hélio e Galdino Pataxó e a barbárie


midiática”, redigida pelo jornalista alagoano Jorge Vieira, verifica a patologia social
persistente na sociedade brasileira onde um corpo social doente intervém no comportamento
individual na comunidade. Ademais, fatores externos como a implementação de um sistema
capitalista, o individualismo exacerbado, a desigualdade social e até mesmo, a inexistência de
empatia nos corpos sociais resultam em comportamentos repugnantes advindos dos diferentes
interesses pregados por meio de uma ideologia midiática e até mesmo, advindos de costumes
e tradições vigentes nas instituições familiares.

A transição da modernidade para o período contemporâneo, trás consigo uma nova


concepção sociológica desenvolvida de por Auguste Comte de uma nova ciência construída
para as novas demanda do mundo moderno, na qual, anseia estabelecer o conceito de
superação de uma etapa anterior que será superada por uma etapa futura, de caráter
irreversível. Ou seja, na concepção Comteana a patologia social e o funcionamento claro da
coesão social, seriam superados através do progresso da raça humana para melhor harmonia e
convívio no Estado.

Deste modo, quando analisamos o caso do João Hélio, vítima de um crime de


latrocínio, evidencia-se que, a teoria citada anteriormente vive uma crise ontológica do ser
social. Os indivíduos da sociedade vivem de maneira contraria a teoria do filósofo francês
Auguste Comte, de modo que, ao invés de buscar o progresso, a sociedade retroage. Como
prova, podemos citar os assassinos do menino João Hélio, quando explicitam a realidade dos
moradores da classe baixa, os quais, desprovidos de oportunidades e bem como, vítimas do
racismo e do preconceito social por residirem em periferia tornam-se vítimas do mundo do
crime, diferentemente da comunidade da classe alta que usufrui das melhores condições de
vida proporcionadas pelo sistema capitalista.

Para Émile Durkheim, a generalidade ocorrida na tragédia citada à cima, retrata as


características do fato social no Brasil. Ou seja, o crime do João seria algo comum, onde todos
os membros de um determinado grupo social agem de uma forma coletiva e unívoca. Como
também, para Durkheim, o menor que esteve presente na tragédia, representaria a
coercitividade de um grupo sobre o individuo e por fim, a exterioridade compactuaria a
escolha dos autores do crime em realizá-lo, uma vez que, sofreram influências dos meios
externos em sua realidade.

Para Marx, o homem é um ser social responsável por sua própria produção. Entretanto,
a produção do conhecimento não é uma produção tão objetiva quanto se pense e por isso, o
pensamento pode manter ou transformar o mundo. Com o modelo capitalista, surge a
alienação que não se faz presente apenas nas propagandas em massa ou até mesmo nas
vitrines de lojas que prezam a aparência e a necessidade do produto ofertado. Ademais, a
alienação se constitui no modo de pensar dos indivíduos desde o modo de vestir até na
escolha dos candidatos nas eleições e principalmente, nas atitudes escolhidas pelos indivíduos
de outras classes sociais. Sendo assim, nota-se que, as ações designadas pelos autores da
morte do João Hélio são reflexos de uma classe burguesa que menospreza e inferioriza as
comunidades de baixa renda que nas diversas vezes não possuem outra escolha de vida.

Por fim, o caso do líder indígena Galdino Pataxó Hã-Hã-Hãe, exemplifica


explicitamente a situação social, política, econômica e étnica no Brasil. Diferentemente do
caso de João Hélio, um garoto branco, filho d pais de média classe alta, o índio Galdino vivia
uma realidade extremamente distinta, na qual, lutava por seus direitos como líder indígena e
também, como um dos milhares de brasileiros de baixa renda que tragicamente obteve a perda
de sua vida em virtude de um crime bárbaro, um delito na qual teve sua vida perdida pelo
simples fato de não pertence a uma classe burguesa e por sofrer o tratamento desigual pelas
famílias de classe alta.

São diferenças sócias como estas que Augusto Comte, anseia estabelecer a função da
sociologia como uma resposta cientifica para um novo mundo com interpretações pura e
plenamente humana para a sociedade e por isso, sugere soluções para os problemas sociais
vigentes. Ou seja, é necessário que a coesão social obtenha eficácia plena, para que assim,
quando houver a existência de normas para a sociedade, esta funcione regulamente, de modo
a que, os corpos sociais funcionem de acordo com o papel estabelecido, tal como, o Estado e
sociedade possam vir andar paralelamente.

Apesar de a reportagem retratar casos distintos, é possível observar certas semelhanças


entre eles, como por exemplo, mais uma vez, o crime se torna uma generalidade na concepção
de Émile Durkheim e que a consciência e a vontade pretendida por seus autores são vistas
como reflexos da exteriorização coletiva de um pensamento narcisista e individualista. E por
fim, nota-se a interferência da coerção de certos grupos na constituição de princípios e
ideologias na vida dos menores de idade que, diversas vezes, são induzidos a praticarem atos
sem o conhecimento total de sua vontade própria.

Mais uma vez, pode-se citar a influência do capitalismo na visão de Marx, e como este
sistema interfere na vida e no funcionamento de uma sociedade, especialmente, quando
grandes partes da população possuem seus direitos e bens negados, uma vez que, anseiam a
constituição de uma vida digna e a participação da cidadania. Por isso, faz-se necessário que a
sociedade desconstrua pontos de vistas individualistas e descriminalizante social, a fim de
colocar em prática o pensamento de Comte, em promover uma nação de progresso com
crença na realidade técnica.

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